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1 INTRODUÇÃO 2 DESENVOLVIMENTO
acordo com as necessidades básicas percebidas abordagem, faz-se relevante conhecer o con-
pelos profissionais assistenciais, priorizando ceito de comunicação.
sempre as expressas pelo paciente, centrando A origem da palavra ‘comunicar’, vem
atenção na pessoa e não na doença, conside- do latim comunicare, que significa por em co-
rando o indivíduo como participante ativo em mum. Prochet e Silva (2008) apresentam ideias
seu tratamento, cura e reabilitação, respeitan- semelhantes às de Castro e Silva (2001) que se
do sua autonomia, promovendo sua dignida- baseia nos estudos de Stefanelli e Carvalho
de, e buscando sua satisfação. (2005) conceituando comunicação como um
Silva (2002) afirma que cuidar é muito processo de compreender, compartilhar men-
mais do que um ato ou técnica, cuidar é uma sagens enviadas e recebidas, sendo que as pró-
atitude, é o jeito como estamos diante do outro prias mensagens e o modo em que se dá seu
e como conseguimos compreendê-lo enquan- intercâmbio exercem influência no comporta-
to ser humano e não somente enquanto ser mento das pessoas nela envolvidas (sendo esta
doente. É consenso que a importância da co- a base teórica da escuta terapêutica).
municação se dá inicialmente por dois aspec- Pode ser classificada em verbal, não ver-
tos: primeiro, em ser uma necessidade básica bal, para-linguística e fisiológica. Sendo consi-
do ser humano e por tanto inerente às todas derados de maior complexidade e significân-
as pessoas, por possibilitar o relacionamento cia a comunicação não verbal.
a partir do compartilhamento de ideias, va- Para que o entendimento seja válido,
lores, sentimentos, experiências; segundo por o conteúdo da mensagem deve ser o mesmo
ser um instrumento básico do cuidar, que via- para o emissor e receptor, sendo papel do pro-
biliza o processo de cuidar pelo qual haverá o fissional adequar sua linguagem à do paciente.
planejamento, execução, avaliação e partici- Devido aos subsídios advindos das caracterís-
pação da assistência, juntamente aos demais ticas não verbais, as quais são de complemen-
integrantes da equipe profissional multidisci- tar o verbal, contradizê-lo e substituí-lo, é tida
plinar para manutenção, reabilitação e/ou cura como a mais relevante forma de comunicar-se,
do paciente. segura, efetiva, fidedigna e integral, assegu-
Apoiados na Política Nacional de Hu- rando uma melhor compreensão realística dos
manização do SUS e nas ideias de um estudio- sentimentos envolvidos em qualquer relação
so chamado Siebeneichler, para que o processo interpessoal, dentre elas, a interação profissio-
de humanização pela comunicação seja efeti- nal-usuário.
vo, tem que haver numa interação um sujeito Estudos sobre comunicação não verbal
possa expressar um argumento de validade, de Birdwhistell (1989 apud Silva, 2002) apon-
que seja reconhecido pelo segundo sujeito da tam que apenas 7% dos pensamentos (das in-
interação, bem como este último deve proferir tenções) são transmitidos por palavras, 38%
palavras que demonstrem tal reconhecimento. são transmitidos por sinais para-linguísticos
Sendo assim, a humanização depende de nos- (entonação de voz, velocidade com que as pa-
sa capacidade em falar, em ouvir, em interagir lavras são ditas) e 55% pelos sinais do corpo,
com o outro (OSTERMANN; SOUZA, 2009; alertando-nos para o fato de que, apesar de
DESLANDES; MITRE, 2009). muitas vezes valorizarmos mais as palavras, os
Ainda Deslandes e Mitre (2009) afir- sinais não verbais podem estar comunicando
mam que há um desafio para que a humani- muito mais (CASTRO; SILVA, 2001).
zação ocorra a partir desse reconhecimento da Sendo assim, a comunicação não verbal
fala do outro como válida. Se isso não ocorrer, é tida como a mais relevante forma de comu-
não há hipótese nenhuma de entendimento, nicar-se, mais segura, efetiva, fidedigna e inte-
visto que concorda com Silva (2002) em sua gral, assegurando a realidade dos sentimentos
afirmação de que a comunicação pressupõe envolvidos em qualquer relação interpessoal,
o entendimento das partes envolvidas. Nesta dentre elas, a interação profissional-usuário.
hospitalar foi historicamente construído e re- Observou-se que a maioria dos profis-
produzido, observando padrões de otimização sionais de saúde não reconhecem as teorias
da produtividade, sendo este, o motivo trazido da comunicação, principalmente as de caráter
pelo autor como de especial relevância entre as não verbal, afastando-se muitas vezes de uma
dificuldades encontradas na humanização do prática humanística e integralizada do cuidar,
cuidar. resultando na ineficácia da prática assistencial
Muito embora a comunicação, como e na insatisfação do usuário dos serviços de
escuta terapêutica, seja um assunto cuja im- saúde. Para que se efetive o processo de co-
portância tenha crescido em reconhecimento municação, deve-se, considerar suas diversas
entre os profissionais de saúde ao longo dos úl- modalidades: verbais, gestuais, territoriais, fi-
timos anos, são escassos os estudos que enfa- siológicas e emocionais.
tizem esta relação, dificuldade também encon- A produção desta revisão literária possi-
trada por Cardoso, Silveira e Carvalho (2008) bilitou sem dúvidas uma ampliação no campo
na produção de seu artigo. Abordam-nas se- visual referente à comunicação, trazendo en-
paradamente, dificultando o desenvolvimento riquecimento em termos de conhecimento e
do tema proposto por esta revisão bibliográfi- proporcionando subsídios teóricos para uma
ca, que propõe sua correlação. eficaz prática do cuidado humanizado.
Vale ressaltar que quatro dos sete artigos
estudados tinham a participação de uma au- REFERÊNCIAS
tora comum, Maria Júlia Paes Silva, uma en-
fermeira, livre-docente do Departamento de CARDOSO, A.; SILVEIRA, R. C. C. P.; CARVALHO,
E. C. Comunication as a therapeutic instrument for
Enfermagem Médico-Cirúrgica da USP, pes- patients submitted to bone marrow transplantation: a
quisadora estudiosa deste fenômeno chamado review. Online braz. j. nurs., Niterói, v. 7, n. 2, maio/
ago. 2008.
comunicação, que tem contribuído relevante-
mente nas abordagens ao tema. CASTRO, R. C. B. R.; SILVA, M. J. P. A comunicação
não-verbal nas interações enfermeiro-usuário em aten-
dimentos de saúde mental. Rev.latino-am.enferma-
3 CONCLUSÃO gem, Ribeirão Preto, v. 9, n. 1, p. 80-87, jan. 2001.