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Belo Horizonte
2020
Mayzon Tayrone Q. dos Santos
Belo Horizonte
2020
FICHA CATALOGRÁFICA
Elaborada pela Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
CDU: 711.4(815.12)
Ficha catalográfica elaborada por Fabiana Marques de Souza e Silva - CRB 6/2086
Mayzon Tayrone Q. dos Santos
_____________________________________________________________________
Profa. Dra. Ana Márcia Moreira Alvim (Orientadora)
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Prof. Dr. Alexandre Magno Alves Diniz (Banca Examinadora)
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Prof. Dr. Wagner Barbosa Batella (Banca Examinadora)
Belo Horizonte
2020
AGRADECIMENTOS
A todos que contribuíram, direta ou indiretamente, para que eu pudesse elaborar esta
pesquisa, o meu mais sincero agradecimento.
Gostaria de agradecer em especial:
À Profa. Dra. Ana Márcia M. Alvim, minha orientadora e colaboradora desta pesquisa,
por quem guardo uma imensa admiração pelo seu trabalho, esforço, pelas contribuições e pela
confiança em mim creditada ao me receber como orientando. Gratidão pela condução da
pesquisa e pelas inúmeras correções.
Ao Prof. Oswaldo Bueno Amorim Filho por ser um grande mestre do saber e fazer
geográfico, por sua experiência e dedicação ao nos inspirar a pensar geograficamente.
Ao grupo de professores da Pós-graduação em Geografia – Tratamento da Informação
Espacial, por compartilharem seus conhecimentos com sabedoria e entusiasmo, em especial
ao Prof. Dr. Alexandre Magno Alves Diniz
Ao grupo de professores da Pós-graduação em Ciências Sociais – PUC-MG, pelas
conversas, seminários e discussões em sala de aula, em especial à Prof. Dra. Luciana Teixeira
de Andrade e ao Prof. Dr. Carlos Aurélio Pimenta de Faria.
À Regina G. Bastos pelo acompanhamento e desenvolvimento na elaboração das
produções cartográficas, e pela profunda amizade e dedicação.
Aos funcionários da Pós-graduação em Geografia – Tratamento da Informação
Espacial, em especial à Tatiane Dias pela atenção e gentileza no atendimento.
Aos amigos que fiz no curso de Pós-graduação em Geografia – Tratamento da
Informação Espacial.
Finalmente, à Fundação CAPES pelo fomento da pesquisa e oportunidade de poder
progredir em meus estudos.
“Até pouco tempo atrás, a melhor coisa que eu fui capaz de pensar em favor da
civilização, afora a aceitação irrestrita da ordem do universo, foi que ela tornou
possível a existência do artista, do poeta, do filósofo e do cientista. Mas acho que
isso não é o melhor. Hoje acredito que o melhor é aquilo que entra direto em nossa
casa. Quando se diz que estamos muito ocupados com os meios de vida para
conseguir viver, respondo que o principal valor da civilização é simplesmente que
ela torna os meios de vida mais complexos; que ela exige grande combinação de
esforços intelectuais, em vez de esforços simples e descoordenados, para que a
população possa ser alimentada, vestida, abrigada e transportada de um lugar a
outro. Esforços intelectuais mais complexos e mais intensos significam uma vida
mais plena e mais rica. Significam mais vida. A vida é um fim em si mesmo, e a
única questão sobre o valor da vida é tirar dela o máximo possível.”
Oliver Wendell Holmes, Jr. - (Janes Jacobs - Morte e vida de grandes cidades)
RESUMO
This research aims to compare a set of elements that can generate an understanding of
the morphological and functional structure of urban spaces in the municipality of Santa Luzia-
MG, Metropolitan Region of Belo Horizonte (MRBH), which were generated by an urban
occupation and expansion, and to what today are recognized by its population as two “Santa
Luzia”: the Headquarters District (urban space symbolically constituted by the Historic Centre
and where the public bodies are) and São Benedito District (urban space of commercial
representation located in the vicinity of the capital of Minas Gerais). The study aims to
understand the processes formed over time, through singular spaces and important
representation. In additon, it also stablishes the relationship and distinction between these urban
spaces considering their respective sites and morphological and functional structures–urban
functions and urban equipment distributed over the space.
The choice of Santa Luzia-MG is due to the fact that it has a conurbated space–an urban
space occupied by its proximity to the metropolis resulted from a spread of Belo Horizonte over
the municipality. The research is organized in articulated parts, presenting theoretical and
conceptual discussions that contribute to the understanding of the two urban spaces (the
Headquarters and São Benedito District) in the municipality of Santa Luzia, in order to guide
the reading of the processes that took place in these spaces. Some aspects of historical and
geographical development and studies on the urban layout are presented. Starting from an
identification of centres and sub-centres and analyses corresponding to urban functions. Finally,
the importance that São Benedito District has for the municipality of Santa Luzia is analyzed,
and its polarization due to its proximity to the metropolis Belo Horizonte.
Figura 9: População total, imigrantes, emigrantes, saldo migratório, taxa de imigração, taxa de
Figura 10: Distribuição espacial dos setores censitários segundo o tipo de assentamento - RM
Figura 11: Incremento dos domicílios subnormais em relação aos novos domicílios por
município na RMBH*...............................................................................................................32
Figura 13: Santa Luzia – Distrito Sede e São Benedito – Portais de Acesso...............................34
Figura 15: Divisão político-administrativa e divisão em trechos da bacia do Rio das Velhas....36
Figura 17: Limite do Perímetro da Zona Urbana, Zona de Expansão Urbana e Zona Rural,
Figura 18: Zona de Especial Interesse Social – 1/2 (ZEIS – 1/ZEIS – 2)....................................41
Figura 19: Distritos Sede e São Benedito -Área modificada por novos produtos imobiliários...42
Figura 20: Distrito São Benedito -Áreas modificadas nos períodos 2008/2016/2019................43
Figura 24: Região do povoamento inicial à margem direita do Rio das Velhas – Alto da Colina
Figura 32: Esquemas do Distrito Sede – Funções Urbanas e Traçado urbano: Centro Histórico,
Figura 38: Esquema da Avenida Brasília (e Rua Alvorada) – Trecho 2 - Funções Urbanas........80
Figura 39: Esquema da Avenida Brasília (e Rua Alvorada) – Trecho 2 – Traçado Urbano.........80
Figura 46: Esquemas do Distrito São Benedito – Funções Urbanas e Traçado urbano...............92
Figura 47: Relação dos moradores frente aos espaços urbanos de Santa Luzia..........................97
Figura 48: Relação dos moradores frente aos espaços urbanos de Santa Luzia..........................99
Foto 17: Vista parcial da Avenida Brasília, principal artéria do São Benedito............................72
RM – Região Metropolitana
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................1
2 BASES TEÓRICO-CONCEITUAIS....................................................................................3
3 METODOLOGIA................................................................................................................15
9 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................104
REFERÊNCIAS....................................................................................................................108
1
1 INTRODUÇÃO
2 BASES TEÓRICO-CONCEITUAIS
se à uma complexidade “das estruturas internas e nas suas inter-relações múltiplas, ao pôr em
evidência a realidade das relações sistemáticas do quadro urbano; e a obrigação de ter em conta
o fator tempo, introduzindo no sistema, segundo as circunstâncias, o elemento de evolução
linear complexo ou uma descontinuidade suscetível de modificar sensivelmente o equilíbrio da
combinação” (BEAUJEU-GARNIER, 1980, p. 7).
A abordagem geográfica vem se modificando constantemente, mas mantém como
aspectos de análises significantes o sítio e a localização, o espaço e as formas de ocupação, as
funções e o desenvolvimento urbano que se apoiam em diferentes núcleos urbanos, mantendo
relações muitas vezes hierarquizadas. Toda essa projeção que se tem da cidade e do espaço
urbano retrata condições naturais, historicidades, atividades econômicas, ações cotidianas dos
habitantes, e resulta em uma análise descritiva de uma estrutura sistêmica.
A atribuição exercida pela cidade e pelo espaço urbano varia de acordo com a função, a
dimensão e os equipamentos urbanos, tendo a ver com o importante papel desempenhado na
sociedade. Por conseguinte, a cidade e o espaço urbano não são simples justaposições geradas
ao acaso, porém, tratam-se de organizações do espaço, da paisagem e aportam relações de um
espaço maior (zona de influência), constituindo uma realidade, acima de tudo, geográfica. O
dinamismo criado gera vários núcleos que se apresentam na hierarquia urbana compreendendo
vários núcleos de maior ou menor importância.
A Teoria dos Lugares Centrais, elaborada por Walter Christaller (1933), possibilita
estudar e compreender as funções que motivam a centralidade das cidades e a organização do
espaço geográfico. A compreensão das funções centrais de uma cidade permite definir a sua
posição hierárquica, no contexto de uma região. A centralidade de determinada localidade está
diretamente relacionada às funções que desempenha. A demanda diferenciada pelo consumo,
inerente aos diferentes grupos sociais, tem implicações nos arranjos espaciais com níveis
diversos de complexidade e desigualdade.
Christaller (1933) definiu a hierarquia de uma rede urbana, a partir do número, tamanho,
distribuição espacial e funções econômicas que as cidades desempenham. Para o autor, a
centralidade está focada nos bens e serviços disponíveis, isto é, a “função” é central. Christaller
distingue as “funções” – bens e serviços – em dois tipos: “centrais”, que são oferecidos em
poucos lugares; e “dispersos”, encontrados em muitos lugares. Ao oferecer um conjunto maior
e cada vez mais especializado de “funções centrais”, a cidade reforça sua centralidade e,
consequentemente, sua região de influência se amplia aumentando, assim, o número de pessoas
por ela atendido e reafirmando sua importância no contexto local ou regional.
A ideia de centralidade não decorre necessariamente do tamanho do centro urbano ou
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de sua população, mas das atividades econômicas nele desenvolvidas. Ressalta-se que em um
único centro urbano podem existir vilas e distritos importantes que apresentam uma maior
significância do que a sede do próprio município. Isso pode ser devido à grande densidade de
áreas ocupadas em atividades terciárias que se colocam numa posição de destaque em relação
aos outros elementos do mesmo grupo.
Os diferentes atores entrepostos pelo mercado transformam o espaço urbano em
produto/mercadoria, e, além disso, redefinem a morfologia urbana. Esse conjunto de agentes
revela o estabelecimento de uma forma urbana submetida à ideia de um valor de troca, que
produz na cidade e em espaços urbanos a constituição de centros e subcentros, e de novas
formas e funções que, por conseguinte, geram a valorização de espaços pela concentração
geográfica de atividades. Esses centros e subcentros diferenciam-se pelo tipo de comércio e
serviços, ou seja, essas áreas são geradoras de fluxos e podem ser caracterizadas por: avenidas,
bairros e ruas. Estes influenciam e acentuam diferenciações no espaço.
Os centros e subcentros são incorporadores da dinâmica urbana que reproduz na
sociedade suas relações sociais, históricas, culturais, políticas e econômicas, e também
configuram a paisagem e relações sociais que assumem uma forma única de construção e
reprodução do urbano. Compreende-se que a cidade e o espaço urbano não são somente
condição para a realização da produção – resultado da concentração espacial –, eles constituem
e organizam o consumo necessário à produção. Além disso, concebem a síntese das relações
sociais e, por conseguinte, também são expressão de um jeito de produzir.
Ao se observar a produção de novas formas urbanas, Sposito (1999, p.94) discorre sobre
“a importância da concentração espacial como seu traço principal que é minimizada quando se
produz uma homogeneização dos espaços, no que se refere, não ao papel produtivo desses
espaços, mas ao padrão do seu arranjo e de signos que traduzem o que é o urbano”. As formas
espaciais não só expressam, como também são elementos de redefinição dos processos
econômicos, sociais, políticos e culturais, ao passo que denotam as relações entre o processo de
urbanização e a morfologia da cidade.
Algumas mudanças na morfologia mostram uma concepção de cidade e de espaços
urbanos que demonstram diferenças formais e fragmentações que acarretam diferentes relações
de fluxos e trocas – o espaço urbano e a cidade são frutos de uma sociedade que os produz de
maneira desigual, e deles se apropria. Desta maneira, a cidade e o espaço urbano encontram-se
estruturados não só por práticas urbanas, mas compostos por um sistema constituído de centros
e subcentros – relações intraurbanas e interurbanas que demonstram uma extensão espacial
constituída por concentrações em diversos “nós”. A forma urbana muda historicamente e com
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isso traz em sua historicidade uma relação dialética entre forma e conteúdo, cidade e
urbanização, paisagem e espaço.
Sposito (1999, p.86-7) afirma que “a análise da relação entre urbanização e cidade
permite-nos compreender o espaço urbano, como materialidade presente, mas também como
processo, como acumulação de outros tempos, como expressão das formas como se
organizaram e reorganizaram as cidades, tendo em vista a urbanização e suas determinações”.
Através da análise das funções dadas às formas criadas, percebe-se que existe uma historicidade
e uma dinâmica, pois “a materialidade da cidade, enquanto paisagem produzida, resulta de um
processo social, mas é igualmente imaginada, e que a importância disso resulta do fato de que
o valor dessa materialidade está também na urbanidade que ela suscita. Se essa materialidade
se redefine, em uma morfologia descontínua e extensa, como que definido a dispersão da
cidade, a sua própria urbanidade perde seu conteúdo, ou melhor, se redefine” (SPOSITO, 1999,
p.95).
Entretanto, ao passo que o espaço, que também não é meramente cumulativo, refere-se
à utilização e à construção atual, e a paisagem, condensada nas formas da cidade, deriva da
acumulação de usos e representações simbólicas expostas na cidade e no espaço urbano,
considera-se que a forma urbana relaciona-se com um arranjo espacial que não é,
absolutamente, estimável empiricamente. Evidencia-se que as formas da cidade e do espaço
urbano apontam uma contradição entre novas exigências e possibilidades do progresso e
acumulação do capital. Some-se a isso, a tendência de acentuação de espaços que condicionam
a segregação socioespacial.
A análise de processos de transformação e (re)definição da forma urbana deve
considerar as mudanças funcionais internas da cidade e, ao mesmo tempo, a do recorte regional.
A morfologia urbana demonstra a organização, a dispersão e a aglomeração, e recria “cidades”
policêntricas com muitos centros de conteúdos diferenciados. Portanto, ao se analisar os
diferentes papéis presentes na realidade urbana, acompanha-se um arranjo teórico da cidade e
do espaço urbano que compreende diferentes dimensões, referentes à localização e à articulação
de centros e subcentros na malha urbana.
O espaço urbano resulta de uma articulação dialética entre forma e funções, por
conseguinte manifesta uma historicidade que não apenas resulta como produto das relações
sociais, mas também como determinante dessas relações. A descontinuidade do tecido urbano
propicia formas e espaços de fluxos constituídos e centros e subcentros estratégicos que se
adequam a uma nova escala – espraiamento das funções urbanas. O crescente estímulo ao
consumo resulta em espaços destinados à troca e à reprodução do capital, pois surgem demandas
7
derivam de funções (de produção e de trocas) que um município aporte. A localização de uma
cidade também implica processos que envolvem duas escalas espaciais, a escala local – o sítio
(localização absoluta) e a escala regional – a posição geográfica (localização relativa).
Como afirma Corrêa (2004, p. 317), “A localização absoluta, o sítio, é o chão sobre o
qual a cidade se estende, podendo ser natural, via de regra alterado pela ação humana, ou
artificialmente produzido. A localização relativa ou a posição geográfica refere-se à situação
locacional de uma cidade face a aspectos externos a ela, envolvendo o conteúdo natural e social
das áreas circunvizinhas. Recursos naturais, produção, demanda e acessibilidade estão entre os
principais aspectos da posição geográfica”. Para mais, é importante que se contextualize a
posição geográfica pois expressa de fato o sentido funcional (complexidade de bens e serviços
e a extensão de sua influência).
A posição define-se pela localização da cidade em referência a fatos naturais, de
processos históricos, ao exercer influência em seu desenvolvimento, que trazem um valor
relativo presente nas funções de urbanização. O sítio define-se pelo composto topográfico onde
se desenvolve a cidade (ao que tange sua origem), atendendo à necessidade da época (do
momento em que a concentração de pessoas e atividades ocorreu). Ambas as escalas estão
conectadas ao passo que os benefícios do sítio propiciam a valorização da posição.
Entretanto, o valor do sítio pode decair muito mais rápido que o da posição, pois
relaciona-se à utilização do espaço quanto ao papel desempenhado na história de seu
desenvolvimento morfológico. A respeito de alguns sítios não oferecerem condições favoráveis
à instalação de determinadas atividades, Dollfus (1973, p. 22) esclarece, “Nos setores onde não
se impõe nenhum sítio particular, a posição pode se tornar determinante para a localização das
atividades”. Sendo o sítio um recurso natural, ele oferece ao homem controle territorial,
justificado por sua posição, ou seja, um sítio utilizado e organizado oferece para a sociedade,
vantagens particulares, que são função dos meios de planejamento e de controle do espaço.
Onde nenhum sítio se impõe, a posição pode ser decisiva na localização das atividades.
A importância do conceito de localização, através da análise do sítio e posição, traz a
constatação dos sistemas que organizam o espaço, ou seja, a posição de uma unidade geográfica
deriva da soma de um ou mais sistemas em relação às atividades e funções de tal unidade. Em
vista disso, a cidade e o espaço urbano acumulam em si elementos de estrutura espacial, social
e econômica que se desenvolvem através de uma organização no ambiente (características que
se integram ao meio físico e à ação humana). O ambiente oferece meios naturais (sítio,
vegetação etc) para a ocupação e desenvolvimento de que necessita, pois consiste na
oportunidade da existência da própria cidade e do espaço urbano – é o ressalto da sociedade
10
frente ao meio físico. Esse ambiente urbano constitui o espaço produzido e, assim, leva-se em
conta não somente sua extensão local e/ou regional, mas as dimensões entre espaço-tempo.
A existência de um complexo sistema que possibilite analisar os fenômenos urbanos que
integram vários aspectos espaciais (combinados), permite perceber os fenômenos específicos
de cada lugar. Esses fenômenos criam relações de dependência e interdependência, sendo que
cada elemento constitui uma necessidade de uma organização, resultando em um complexo de
funções internas. Esse sistema cumpre um papel ativo e a ligação entre os elementos
estabelecidos tornam viável o arranjo de processos e dinâmicas necessárias ao desenvolvimento
da cidade. Ressalta-se o papel que desempenham os componentes desse conjunto e as
interrelações que se traduzem através da ocupação do espaço (solo) e das diferentes funções e
atividades urbanas.
Assim, as funções urbanas resultam do poder de ações específicas e “exercem-se num
certo espaço, graças a meios que podem ser definidos. Existirá uma correspondência lógica
entre os meios, a natureza, a intensidade deste poder de ação e o espaço respectivo. [...] Na
realidade, parece que cada cidade responde a uma série de necessidades, que justificam o seu
estabelecimento e o seu desenvolvimento original, e logo em seguida a sua expansão (contínua
ou entrecortada por períodos de estagnação), e lhe oferecem a sua fisionomia” (BEAUJEU-
GARNIER, 1980, p. 49).
Beaujeu-Garnier (1980, p.53) distingue três importantes grupos que caracterizam as
funções urbanas: de enriquecimento, de responsabilidades e de transmissão. Sinteticamente, as
funções de enriquecimento se relacionam à produção do fluxo monetário, aumentando o ritmo
do crescimento através de fluxos de mercadorias/pessoas; porém, seu objeto primordial é a
acumulação monetária. Tem-se neste primeiro conjunto de funções urbanas: a indústria, o
comércio, o turismo, e os serviços financeiros. A indústria tem como papel principal o
desenvolvimento urbano, contendo relações de transformação dos produtos locais e em sua
redistribuição periférica, implicando a contratação de mão-de-obra num certo perímetro.
Também suscita a criação de bairros operários que se transformam em importantes centros ou
subcentros urbanos. Por conseguinte, a atividade industrial gera a função comercial, cuja
característica principal é a de acumulação monetária produzida pelas trocas. Neste caso, “a
cidade pode ser somente o ponto de dispersão dos produtos vindos de fora que, ou atraem a
clientela da periferia, ou são redistribuídos em sub-centros vizinhos” (p.55). A função comercial
é a de gerar lucro, estimulando o crescimento de conjuntos especializados, resultando no
aumento de poder econômico da cidade.
A função turística conecta-se às demais descritas anteriormente, porém, exibe
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produtivas, afirma que “[...] não somente se realiza uma diferenciação funcional, mas ainda
uma diferenciação comandada por um princípio hierárquico, que contribui para ordenar o
território segundo a importância dada pelos indivíduos e/ou grupos às suas diversas ações”.
Sposito (2006, p.187) frisa que “a realidade urbana se transforma, pois as ideias
tradicionais de limite e 'de dentro' e 'de fora' dissolvem-se, inclusive porque a extensão do tecido
urbano se dá sem solução de continuidade, quando se analisam as vias por meio das quais a
circulação se realiza”. Assim, consideram-se os limites impostos no tecido urbano que
caracterizam um “estar dentro” ou “estar fora” no que diz respeito à morfologia urbana, ou seja,
definem-se esses dois conceitos como barreiras físicas que segmentam o espaço urbano,
separando os habitantes em áreas distintas – além das possibilidades econômicas e de hábitos
cotidianos.
A escala, nesse sentido, apreende o dentro e o fora dos espaços urbanos, mostrando a
alteração pela qual a forma urbana (extensa e muitas vezes difusa) apresenta uma morfologia
modificada, pois redistribui aspectos econômicos e sociais de forma mais segmentada, com sua
dinâmica de segregação própria. Dessa forma, não é apenas um movimento em direção à
redefinição de estruturação das cidades, mas profundas transformações.
O que resulta dessas mudanças afeta a produção do espaço urbano e as práticas
socioespaciais, isto é, processos de urbanização que retratam a redefinição da estrutura urbana
e da cidade (espaços internos). As metrópoles e os municípios pertencentes às regiões
metropolitanas crescem em um ritmo acelerado, gerando permanências, estabilidades e
instabilidades, criando espaços urbanos caracterizados por temporalidades diferentes – de
aspectos econômicos, políticos, sociais e culturais.
Essa situação, de certos espaços metropolitanos apresentarem baixos custos do solo,
oferece condições em termos de localização. Dessa forma, as espacialidades caracterizam-se
por um alto grau de mobilidade intraurbana e interurbana, somada às situações geográficas que
definem uma continuidade espacial. A respeito da metropolização, exemplificam-se novos
processos de (des)concentração espacial, populacional e de atividades econômicas. Por isso, é
importante uma análise do crescimento urbano, da organização e de dinâmicas de
(des)integração funcional metropolitana, e de processos socioespaciais em questão.
Ao se tratar das relações das partes e do todo, observam-se diferentes escalas que
definem certas periferias na urbanização contemporânea. A integração acontece no plano das
formas urbanas, com continuidades e descontinuidades, caracterizando a fragmentação urbana.
Observa-se um processo de reestruturação que se caracteriza pela expansão de formas de
concentração urbana, e que gera novas áreas periféricas.
15
3 METODOLOGIA
Benedito vai se consolidando como a nova centralidade de Santa Luzia – e tornando-se bairro
periférico da capital; o segundo período (1980-2000) representou a tendência de ampliação das
manchas, intensificando-se a ocupação nos principais núcleos identificados anteriormente; e o
terceiro período (anos 2000 aos dias atuais) considerou uma ocupação intensificada a oeste de
Santa Luzia, no Distrito São Benedito, ocupando toda a região contígua a Belo Horizonte. Isso
claramente caracteriza o processo de conurbação com a capital mineira, reforçando o papel de
centralidade de São Benedito.
da periferia, cada vez mais distante da área central, marcou distâncias físicas e sociais. Isso
evidenciou diferenciações sociais do território, um intenso fluxo populacional e de mercadorias,
além de descentralização – porém ainda há um forte vínculo com o município-polo, Belo
horizonte.
Fonte: IBGE, 2018 - Elaborado por Mayzon T. Q. Santos e Regina G. Santos, 2020
25
Segundo Souza (2015, p.203-204), o Vetor Norte-Central, no qual Santa Luzia se insere,
apresenta “diferenças que se relacionam às elevadas participações relativas de trabalhadores
no terciário não especializado (prestadores de serviços não especializados; trabalhadores
domésticos; ambulantes e biscateiros) e de trabalhadores no terciário (trabalhadores do
comércio e prestadores de serviços especializados). A grande maioria dos trabalhadores
pendulares da RMBH é formalmente empregada, ressaltando-se que a informalidade – mais
acentuada nos fluxos do Vetor Norte-Central – está associada ao trabalho informal e precário”.
Para autora, o Vetor Norte-Central configura-se como “um espaço de residência principalmente
de população de baixo nível de renda, e os municípios que o compõem estabelecem os mais
altos níveis de integração com o polo, além de serem os principais receptores dos emigrantes
intrametropolitanos de Belo Horizonte” (SOUZA, 2015, p.207).
cidade e faz com que a população de baixa renda procure residir em municípios fora da capital.
Os principais municípios da RMBH (Contagem, Betim, Ribeirão das Neves e Santa Luzia)
reúnem cerca de 60% da população da região metropolitana. Segundo as estimativas do IBGE
para 2018, a população total era de 5.916,189 habitantes.
Souza e Brito (2006, p.3) ainda afirmam que “as taxas elevadas verificadas na RMBH,
no período de 1970 a 1980, podem ser explicadas pelas intensas migrações motivadas pelas
seguintes razões: consolidação dos distritos industriais em Contagem; pela expansão industrial
de Betim, tendo como eixo a inauguração da FIAT em 1976 e pela implantação dos loteamentos
populares em diferentes municípios, particularmente, em Ribeirão das Neves e Santa Luzia.
Apesar do declínio posterior, a taxa ainda continuou alta, próxima de 4% ao ano entre 1991 e
2000”.
Por conseguinte, Diniz (2017, p. 54) afirma que “há na RM um dinamismo peculiar,
relacionado às centralidades e dispersões. [...] Ademais, a análise destes deslocamentos
reafirma a macroestrutura da RMBH que, paradoxalmente, produz por meio das diferenças
socioeconômicas dos municípios e espaços segregados, que corroboram a afirmativa de que a
metrópole é geradora de centros e periferias”. A autora prossegue ao demonstrar que, “Na
RMBH, de acordo com os dados extraídos da amostra do Censo Demográfico de 2010, 365.122
pessoas fizeram migração de última etapa. Ao se analisar as trocas populacionais entre os
municípios da RMBH, três municípios se destacaram por apresentar volumes muito altos de
imigração (34.780 a 58.558): Contagem, Ribeirão das Neves e Betim. Outros municípios se
mostraram com alta atratividade, porém em menor escala (14.791 a 34.779): Belo Horizonte,
Ibirité e Santa Luzia” (DINIZ, 2017, p. 54-55).
30
Figura 9: População total, imigrantes, emigrantes, saldo migratório, taxa de imigração, taxa de
emigração e taxa Líquida Migratória da população dos municípios da Região Metropolitana de
Belo Horizonte, de acordo com os dados da amostra do Censo Demográfico de 2010
Fonte: DINIZ, 2017, com dados extraídos da Amostra do Censo Demográfico 2010, p. 55-56
No caso de Belo Horizonte, Diniz (2017, p. 58) demonstra que “embora tenha atraído
um grande volume de migrantes por sua polaridade, diversificação funcional e oferta de
serviços, expulsou um volume considerável de pessoas (213.908)”. A atratividade de Santa
Luzia é explicada pela concentração de funções industriais desde a segunda fase de
industrialização da RMBH, que ocorreu no período entre 1960-1970, mas também pelo
espraiamento da mancha urbana da capital na direção do município vizinho, que acabou com
uma porção de seu território mais vinculada a Belo Horizonte do que à sua sede.
Sobre a imigração, ressalta-se a questão territorial dos municípios conurbados que
apresentam uma intensa atração populacional desde a década de 1960. Mendonça, Costa e
Borges (2015, p.252) reiteram ao dizer, “[...] o ritmo do crescimento do número de domicílios
31
Figura 10: Distribuição espacial dos setores censitários segundo o tipo de assentamento - RM de
Belo Horizonte e Colar Metropolitano
Para Mendonça, Costa e Borges (2015, p. 245), “O grande aumento no preço da terra
[...] foi resultante de uma expectativa que ainda passa por um processo de acomodação.
Entrevistas realizadas [...] no distrito de São Benedito, em Santa Luzia, no primeiro semestre
de 2010, mostraram casos de famílias adquirentes de moradias que, ao constatarem
incapacidade de pagamento, colocavam o imóvel à venda, mas os preços praticados no mercado
eram menores do que aquele inicialmente pago”. Os autores ainda apontam que, “Em Santa
Luzia, município que abrigou dois grandes conjuntos habitacionais de interesse social
originários dos anos de 1970/1980¹ e que tiveram várias áreas internas e adjacentes ocupadas
irregularmente, 21% dos novos domicílios da última década foram em aglomerados
subnormais” (MENDONÇA, COSTA, BORGES, 2015, p.252).
Figura 11: Incremento dos domicílios subnormais em relação aos novos domicílios por município
na RMBH*
____________
¹ “O Conjunto Habitacional Maria Antonieta M. de Azevedo, mais conhecido como Conjunto Palmital, foi implantado pela
Companhia de Habitação do Estado de Minas Gerais (COHAB-MG) no final da década de 1970. O empreendimento, que
abrange grande extensão da mancha urbana ao norte da Avenida Brasília, compreende cerca de 4.900 moradias que,
originalmente, seriam financiadas pelo Sistema Financeiro de Habitação – SFH/Banco Nacional de Habitação – BNH, por
intermédio da COHAB-MG” (SARAIVA 2012, p.156). Acrescenta-se que “o Conjunto Habitacional Cristina, também
implantado pela COHAB-MG em 1982, apresenta características semelhantes ao Conjunto Palmital, embora a renda de sua
população seja um pouco mais alta, enquanto as condições urbanísticas e o padrão de construção das edificações se apresentam
bastante superiores”. (SARAIVA 2012, p.158)
33
De acordo com Bogutchi e Rigotti (2015, p. 293), a migração “de muitos residentes de
Belo Horizonte se direcionou aos municípios próximos da própria RMBH, especialmente
aqueles que ofereciam opções de moradias de baixa renda, com destaque para Ribeirão das
Neves, mas também Vespasiano, Santa Luzia. [...] Tradicionalmente, a RMBH tem sido o lugar
de escolha para muitas pessoas procedentes de regiões mineiras de baixa renda”. Trata-se,
portanto, de municípios com alto percentual de pessoas que se deslocam diariamente para
trabalhar em outro município, principalmente, em Belo Horizonte.
Fonte: IBGE, 2018 - Elaborado por Mayzon T. Q. Santos e Regina G. Santos, 2020
34
O crescimento de Santa Luzia foi gerado pelos importantes eixos viários, destacando-se
a confluência desses eixos e a importância regional que assumem. Os portais de acesso no
município se apresentam através da MG-020 ou Avenida das Indústrias que corta o município
no sentido sul-nordeste; a MG-010 e MG-434 - Av. Brasília com início na MG-010; a MG-434
– Av. Brasília que estabelece a ligação da região oeste do município, via bairro São Benedito; e
a BR-381 - Av. Beira Rio (AMG-900-0145) que corta o Distrito Sede na sua porção sul, na
direção de Sabará, a leste.
Figura 13: Santa Luzia – Distrito Sede e São Benedito – Portais de Acesso
Fonte: IBGE, 2018 - Elaborado por Mayzon T. Q. Santos e Regina G. Santos, 2020
35
Conforme dados do IBGE, apresentados por Saraiva (2012, p. 171-172), “com uma
vasta rede hidrográfica, Santa Luzia encontra-se inserida no médio curso da bacia do Rio das
Velhas (Figura 15). O Rio das Velhas é o principal curso d'água que atravessa o município e o
divide ao meio [...]. O Rio das Velhas tem sua nascente principal na cachoeira das Andorinhas,
Município de Ouro Preto, numa altitude de aproximadamente 1.500 m e, segundo IBGE, toda
a bacia compreende uma área de 29.173 Km2, onde estão localizados 51 municípios que
abrigam uma população de aproximadamente 4,8 milhões de habitantes, sendo que
aproximadamente 89% residem em distritos e municípios integralmente inseridos na bacia”.
Saraiva (2012. p. 172) acrescenta que, “sendo o principal afluente do São Francisco, o
Rio das Velhas apresenta elevados índices de poluição em Santa Luzia, podendo-se dizer que a
principal causa da poluição das águas da bacia são os efluentes urbanos da Região
Metropolitana de Belo Horizonte, seguido pelos efluentes das mineradoras e indústrias. Neste
sentido cabe ressaltar que, por um lado, ao adentrar o município, o Rio das Velhas já recebeu a
contribuição de seus afluentes Ribeirão Arrudas e Onça, altamente poluídos por parcela
significativa de esgoto de Belo Horizonte e Contagem, sem tratamento e, por outro lado, que a
maioria das indústrias não tem tratamento adequado para seus efluentes e para os resíduos
sólidos gerados”.
O município tem uma “altitude média de 750 metros, suas cotas altimétricas variam de
660 a 1310 metros, tendo seu ponto mais alto na Vargem Bonita (cascalheira), em Água Limpa,
enquanto seu ponto mais baixo encontra-se na foz do Rio Taquaraçu”. (SARAIVA 2012, p.
174).
Fonte: SARAIVA, 2012, p.173/176 (Dados extraídos da base digital do IBGE, 2010a.)
38
O Distrito São Benedito tem seu processo de crescimento marcado pela construção de
conjuntos habitacionais voltados ao atendimento da população de baixa renda. A ocupação
predominante encontra-se a oeste do São Benedito, próxima à MG-10 – Linha Verde, tendo
assim, a MG-434 – Avenida Brasília como eixo estruturador, criando uma forte ligação com a
capital e uma fraca relação com o Distrito Sede.
Figura 17: Limite do Perímetro da Zona Urbana, Zona de Expansão Urbana e Zona Rural,
Macrozona de Proteção do Patrimônio Natural e Macrozona Urbana
Villaça (1997, p.6) trata essa realidade como “contradição entre a cidade como
organismo físico e socioeconômico e a cidade do ponto de vista político-administrativo”, pois
limites político-administrativos não delimitam satisfatoriamente a “cidade” enquanto ente
socioeconômico e físico, frente a complexidade dos processos socioespaciais que se
apresentam, evidenciando-se o “conflito entre, de um lado, os processos socioeconômicos e
físicos da urbanização, e de outro, o processo político-administrativo de delimitação dos
municípios” (VILLAÇA, 1997, p. 7).
Portanto, evidencia-se que Santa Luzia é um município fortemente impactado pelo
processo de metropolização, em função de sua proximidade com a capital. É compreensível
quando os moradores de Santa Luzia se referem a 'Santa Luzia' e a 'São Benedito, pois o Distrito
de São Benedito acaba se mostrando como uma “outra cidade”, devido à segregação de seu
espaço, à homogeneização de suas áreas ocupadas e periféricas da capital. Tudo isso reforça o
meio pelo qual a transformação da paisagem acontece. Mesmo que o município de Santa Luzia
aporte atividades econômicas importantes, que geram emprego, Santa Luzia não é capaz de
manter a população residente que se desloca para trabalhar e estudar em Belo Horizonte – o que
é claro ao se verificar as transformações de sua paisagem.
42
Figura 19: Distritos Sede e São Benedito -Área modificada por novos produtos imobiliários
PÉROLA NEGRA
DISTRITO
SÃO BENEDITO
CHÁCARAS
DEL REY
LIBERDADE
CHÁCARAS
SANTA INÊS
MEGA SPACE
BAIRROS/
LIMITE BAIRROS
ÁREA DE EXPANSÃO
4km LIMITE DISTRITOS
Figura 20: Distrito São Benedito -Áreas modificadas nos períodos 2008/2016/2019
1km
1km
1km
O novo desenho urbano que se configura no município de Santa Luzia perpassa diversas
vertentes de base social, ritmo de produção, transformação do traçado urbano e linguagens
arquitetônicas. A força do mercado firma impulsos que avançam à uma velocidade que leva em
conta as dinâmicas da mobilidade residencial, de novos padrões de consumo (novos, pois o
município não os apresentava), redesenham os contornos do tecido urbano e reorganiza suas
relações funcionais.
Essas novas áreas geradas não apresentam infraestrutura e fomentam a fragmentação
física do espaço urbano, reporta conflitos viáveis de acessibilidade que demandarão ações
públicas posteriores em garantir uma funcionalidade aceitável. É dizer, essas novas iniciativas
residenciais provêm principalmente de empresários privados, porém, em algumas vezes, podem
estar em comum acordo com o poder público. A falta de infraestrutura relaciona-se à saturação
veicular que gera uma crescente sensação de moléstia urbana, já percebida por seus moradores
(relatos de “entrevistas” ocorridas com os mesmos). Acrescenta-se que tudo isso se deve à falta
de informação pública sobre os impactos gerados e da crescente segregação. Essas mudanças
não acontecem de uma hora para outra, mas se desenvolvem lentamente, e geram confusas
fronteiras entre o público e o privado.
O intuito com esta passagem é apenas denotar as conjunturas atuais sobre a oferta de
moradias multifamiliares, assim como a identificação de tensões sociais relacionadas à
urbanização desenfreada e fechada (nem por isso boa). Hoje existe uma propensão a fragmentar,
gerar fronteiras sociais (de classe) com fronteiras edificadas (muros, arames, cercas etc). O que
nos faz pensar que as desigualdades urbanas derivam de um esquema econômico que se agrega
cotidianamente em barreias simbólicas, e que ampliam o processo de exclusão. A vertente social
se conecta à vertente ambiental, e a cidade vai gerando um excessivo consumo de solo e de
recursos naturais sem qualquer busca de equilibro ou a geração de infraestruturas adequadas.
Instituído pela Lei n. 2.699/2006, o Plano Diretor do Município de Santa Luzia é o
instrumento da política de desenvolvimento urbano e de orientação da atuação do Poder Público
e da iniciativa privada, e tem em vista a organização do desenvolvimento das funções sociais
do município de Santa Luzia. Sendo assim, o mesmo institui o desenvolvimento do Município
no aspecto físico, social, econômico, ajustando a ocupação e o uso do solo à função social. O
Plano Diretor fomenta uma adequada distribuição espacial da população e das atividades
urbanas, evitando efeitos negativos sobre o meio ambiente. Entretanto, o processo de
segregação socioespacial no município de Santa Luzia alcançou uma representatividade notável
entre os núcleos urbanos com a implementação de habitações que não visam o interesse social,
além de não preservarem o meio ambiente.
45
DISTRITO
SEDE
DISTRITO DE
SÃO BENEDITO
1km
DISTRITO
SEDE
DISTRITO DE
SÃO BENEDITO
1km
efetivos de controle da terra, o solo acaba sendo um recurso cada vez mais propenso a converte-
se em matéria-prima para a reprodução de capital.
Esses novos empreendimentos residenciais só são bons quando satisfazem a demanda
real, harmoniza-se ao meio ambiente e condizem com o desenvolvimento de infraestruturas e
equipamentos, ou seja, produz-se cidade e cidadania. A sociedade deve alcançar, sim, sua
autonomia para decidir o tipo de cidade que se deseja: ação social juntamente com a
administração municipal. Dessa forma, tem-se um maior controle da expansão urbana que
deverá marcar a atuação no espaço urbano.
1 2 3 4
5 6
4
MONTE CARLO
NOVO
CENTRO 6
10 DISTRITO
SEDE
BAIRROS/
LIMITE LIMITE
7 4k
ÁREA DE EXPANSÃO
BAIRROS DISTRITOS
m 10
8 9
Fonte: Dados extraídos do IBGE, 2018. Elaborado por Mayzon T. Q. Santos e Regina G. Bastos, 2020
50
Constata-se, desta forma, que Santa Luzia se portou como um grande centro comercial
que servia não só a esfera local, mas também a regional. De acordo com Saraiva (2012, p.56),
“com o declínio da mineração do ouro, Santa Luzia reforça seu papel de importante centro
comercial, ponto de parada dos tropeiros que vinham negociar e comprar mercadorias,
chegando a ter na Rua do Comércio [...] um porto para os barcos que navegavam pelo Rio das
Velhas”.
Além do Rio das Velhas, outro elemento que contribuiu para a ocupação de Santa Luzia
foi a antiga Estrada de Ferro Central do Brasil, atualmente concessão da Ferrovia Centro
Atlântica, fez com que o município de Santa Luzia desempenhasse importante papel em relação
à metrópole. A rede ferroviária, instalada em Santa Luzia, em 1893, estimulou a ocupação e
permitiu o transporte de pessoas e mercadorias, garantindo a conexão de Santa Luzia com os
municípios vizinhos e com a capital Belo Horizonte. Seguido do sistema ferroviário, o sistema
rodoviário garantiu a mobilidade urbana e regional, sendo a MG-434 – Avenida Brasília, MG-
020 – Avenida das Indústrias e MG-381 – Avenida Beira Rio, os eixos de maior destaque e
contribuição para a ocupação e expansão urbana.
A instalação de Santa Luzia, em 1856, figurou-se como “o segundo município mais
antigo, perdendo somente para Sabará (1711) [...]; a despeito dos municípios de Sabará e Santa
Luzia disporem de um rico patrimônio histórico, artístico e cultural, esta condição não foi capaz
de impedir que o fenômeno da metropolização se manifestasse através do processo de
conurbação, principalmente nas suas regiões limítrofes com Belo Horizonte, dificultando a
percepção dos seus limites administrativos”, pelo decorrente processo de produção periférica
de loteamentos populares (SARAIVA, 2012, p. 122).
A origem de Santa Luzia está relacionada ao ciclo do ouro, que possibilitou relações
comerciais com outras localidades (municípios vizinhos), o que lhe garantiu a importância
central no contexto ao qual se insere – escalas diferenciadas de prestígio, indo da local a
regional. Assim, a primeira ocupação em Santa Luzia constituiu-se por volta de 1692, às
margens do Rio das Velhas, visando o garimpo de ouro de aluvião. Desta forma, deu-se lugar
aos aglomerados desprovidos de organização e planejamento. Houve também a ocupação de
áreas por pequenas e médias propriedades rurais que tentavam garantir sua sobrevivência
através da agropecuária e do artesanato. Porém, em 1695 uma grande enchente do Rio das
Velhas destruiu todo o povoado, então, o pequeno vilarejo mudou-se para o alto da colina, onde
hoje encontra-se o Centro Histórico da cidade.
51
Figura 24: Região do povoamento inicial à margem direita do Rio das Velhas – Alto da Colina
Cruzamento das Ruas Direita, Serro e Santa Luzia
____________
³ A Companhia Frigoríficos Minas Gerais S.A.(Frimisa) foi instalada no município na década de 1950, com o objetivo de se construir uma
rede de matadouros e armazéns frigoríficos destinados à industrialização da carne e de produtos derivados, no estado de Minas Gerais. Após
um incêndio, em 1955, o frigorífico foi inaugurado, em 1959, e permaneceu até meados da década de 1980.
53
Fonte: Elaborado pelo autor, 2013 - Casas: estilo arquitetônico eclético e colonial/Vista para a Igreja da Matriz (Rua Direita)
Fonte: Elaborado pelo autor, 2013 – Vista da Igreja da Matriz/ Vista para a Igreja da Matriz (Rua Direita)
Fonte: Elaborado pelo autor, 2013 – Rua Direita (Caneta nanquim sobre papel)
O subcentro à margem do Rio das Velhas, denominado pelos habitantes por Parte Baixa,
está localizado na Rua do Comércio. Destaca-se o fato de o Rio das Velhas ter sido o meio pelo
qual os navegantes transportavam e trocavam mercadorias com os municípios vizinhos, sendo
um meio favorável aos fluxos e gerador de desenvolvimento em Santa Luzia. Assim, “nos
períodos de seca o transporte e a navegação ficavam comprometidos. A alternativa para o
problema veio em 1893, com a chegada da Estrada de Ferro Central do Brasil em Santa Luzia,
tendo grande relevância para a economia local a instalação da Estação Ferroviária 'Rio das
Velhas'" (SARAIVA, 2012, p. 148).
Ressalta-se que historicamente o Rio das Velhas e a ferrovia figuraram como elementos
estruturantes da paisagem de Santa Luzia, pois afirmaram a posição geográfica do município
no contexto local e regional ocupando, assim, uma “posição de entroncamento”, que se refere
ao papel desempenhado pelas vias de circulação no desenvolvimento de um lugar ou região.
Neste contexto, essa nova centralidade que se formava às margens da ferrovia e do Rio das
Velhas demandou uma nova organização. Com o surgimento da Rua do Comércio, criou-se o
bairro São João Batista, que se desenvolveu e, até hoje, é um dos mais tradicionais de Santa
Luzia. (A história do bairro está ligada aos primeiros moradores, que trouxeram uma imagem
do santo que batizou Jesus Cristo e ergueram uma igreja em sua homenagem.)
O subcentro Parte Baixa localiza-se na Rua do Comércio, via de mão única. Está
próximo à linha férrea e apresenta tipologias arquitetônicas de épocas (ecléticas, art déco,
ferroviária) de uso residencial, comercial e serviços. Os estabelecimentos comerciais possuem
um caráter mais local (lojas de roupa, lanchonetes, oficinas de automóveis e papelarias). A
exceção fica por conta da presença dos bancos Itaú e Bradesco (caracterizando a Rua do
Comércio como outra centralidade de âmbito local), Correios e butiques, que também atendem
moradores distantes. Neste subcentro convivem (e/ou disputam) edificações de época de uso
comercial. Apesar de apresentar estilos arquitetônicos diversos, principalmente de épocas, há
novas construções que configuram a paisagem urbana neste espaço.
59
Fonte: Elaborado pelo autor, 2013 – Casas à margem da linha férrea/Capela São João Batista
Fonte: Elaborado pelo autor, 2013 – Rua do Comércio (Caneta nanquim sobre papel)
O subcentro Parte Alta encontra-se acima ao Rio das Velhas, conecta-se com o subcentro
Parte Baixa (Rua do Comércio) através de uma ponte sobre o Rio das Velhas, conhecida pelos
habitantes como “ponte velha”. O subcentro Parte Alta localiza-se na Avenida Nossa Sra. do
Carmo, via de mão dupla, e concentra grandes equipamentos e estabelecimentos: Caixa
Econômica Federal, Banco do Brasil, Senai e Cemitério do Carmo – além de comércio varejista.
Há muitas clínicas médicas especializadas: dentistas, fisioterapias. O subcentro é margeado de
um lado pelo bairro Boa Esperança, bairro de classe média-alta, com fluxo médio e intenso de
pessoas – e é bem servido de pontos de ônibus que se mantêm cheios durante todo o dia.
O bairro Boa Esperança (nomeado Boa Esperança, na esperança de encontrar alívio a
tantos problemas causados pelas enchentes) caracteriza a área residencial do subcentro Parte
Alta. São residências de padrão construtivo médio, médio alto, com uma população de renda
média e média-alta. Os estabelecimentos de comércios e serviços (bares, lojas e clínicas
médicas) margeiam toda a Avenida Nossa Senhora do Carmo e ruas laterais/adjacentes. Alguns
moradores distantes frequentam esse subcentro pelos bancos da Caixa Econômica e do Brasil.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2013 – Cemitério do Carmo/ Restaurante Pau terra (Av. Nossa Sra. Do Carmo)
64
Fonte: Elaborado pelo autor, 2013 – Caixa Econômica Federal/ E.E. Geraldo Teixeira (Av. Nossa Sra. Do Carmo)
Fonte: Elaborado pelo autor, 2013 - Vista para o Supermercado EPA e Posto Beira Rio (Av. Nossa Sra. Do Carmo)
Fonte: Elaborado pelo autor, 2013 –Avenida Nossa Senhora do Carmo - Comércios (Caneta nanquim sobre papel)
Figura 32: Esquemas do Distrito Sede – Funções Urbanas e Traçado urbano: Centro Histórico,
Subcentros Parte Baixa e Parte Alta, bairro Frimisa (PMSL)
É necessário ter em mente que toda essa organização intraurbana é também uma
organização social, na qual certos núcleos urbanos mantêm relações de interdependência entre
os elementos singulares. Estes necessitam de uma organização, de um conjunto de funções
internas que são a própria manifestação da vida. Sendo assim, o espaço produzido é resultante
do meio físico e da ação humana que participa em seu desenvolvimento.
Como denota Beaujeu-Garnier (1980, p.34-35) “o sistema urbano desempenha o papel
de um complexo ativo, mas também receptivo e mais ou menos influenciável (...), sendo a
dinâmica necessária à manutenção e ao desenvolvimento da cidade. (...) O essencial é o modo
de ligação entre os diversos elementos. (...) Cada um destes subsistemas pertence a um e a outro
e é exatamente esta combinação local entre os subsistemas que caracteriza o sistema urbano”.
Para a autora, é necessário descrever cada componente do sistema urbano, apontando suas
interrelações, pois cada subsistema está submetido a combinações. Quer dizer, a forma como
cada subsistema se integra em um sistema urbano, participando localmente, estabelece relações
necessárias a seu funcionamento.
Baseando-se na perspectiva da caracterização de cidades médias, levantada por Amorim
Filho (1976, p. 7-8) – tomada aqui para descrever aspectos de espaços intraurbanos –, propõe-
se uma conceituação mais abrangente, baseada na presença dos seguintes atributos: interações
constantes e duradouras tanto com seu espaço regional, quanto com aglomerações urbanas de
hierarquia superior; funcionalidades suficientes para que possam oferecer um leque bastante
largo de bens e serviços ao espaço urbano e ao que a ele se conectam; a diferenciação do espaço
intraurbano, com um centro funcional já bem individualizado e uma periferia dinâmica através
da multiplicação de novos núcleos habitacionais periféricos.
A principal ideia é a de que as (des)continuidades espaciais têm um papel crucial tanto
na evolução temporal, quanto nas diferenciações espaciais. Por mais difícil que seja a
classificação, ela corresponde, entretanto, a uma hierarquia real. Mas, a natureza de espaços
intraurbanos, seu tamanho e seu nível hierárquico são evidentemente ligados à natureza do raio
de influência que eles possuem.
71
A região do São Benedito era o caminho mais curto até a FRIMISA. Desta maneira, as
transformações pelas quais passou São Benedito, que o constituíram no principal centro
comercial da cidade, devem-se ao fato de a Avenida Brasília ter se tornado o principal eixo
que conecta a capital e o Centro Histórico, pelo qual os materiais e animais chegavam do
norte de Minas a FRIMISA.
Foto 17: Vista parcial da Avenida Brasília, principal artéria do São Benedito
O crescimento do Distrito São Benedito atraiu muitas lojas de grande porte, lojas de
departamentos (Casas Bahia, Ponto Frio etc). Mas a partir de 1998, houve a duplicação da
Avenida Brasília, conformando-se assim, o grande eixo linear comercial, com diversidade de
produtos e serviços, que lhe garantiu a condição de centro principal. Todas essas
transformações fizeram com que as duas centralidades iniciais – Centro Histórico e o subcentro
Parte Baixa – perdessem sua influência e impulsão de crescimento e desenvolvimento
econômico. Portanto, nota-se que, a partir da década de 1970 que há um grande crescimento
industrial e populacional, coincidindo com as transformações pelas quais Belo Horizonte
passava, e também com a institucionalização das regiões metropolitanas no Brasil.
A posição estratégica de Santa Luzia em relação a metrópole favoreceu a instalação de
uma população de menor poder aquisitivo no município. Isso é resultado da política de
(re)estruturação da metrópole, ou seja, ao se valorizar algumas áreas na capital, criou-se
formas de exclusão socioespacial. As populações de baixa renda passaram a ocupar os
municípios vizinhos a Belo Horizonte, onde o custo da terra era menor. A região do São
Benedito, em Santa Luzia, caracterizou-se como o destino dessa população que passou a
73
ocupar e a usar diferentes espaços urbanos, além da criação de novos conjuntos habitacionais
(Conjunto Palmital e Conjunto Cristina, ambos de 1980), que fomentaram os serviços e
atividades comerciais ao longo da Avenida Brasília. Esta desempenha o papel de eixo
estruturador da ocupação e expansão urbana da região.
Fonte: Dados extraídos do IBGE, 2018. Elaborado por Mayzon T. Q. Santos e Regina G. Bastos, 2020
75
É através da Avenida Brasília, e por ela, que os moradores dos bairros limítrofes utilizam
de seus serviços dia a dia. Muitas vezes os moradores que não conseguem muita variedade e
diversidade de produtos nos demais subcentros, encaminham-se para a Avenida Brasília, onde
logo conseguem a mercadoria de desejo. Um fato atual e de relevância é a instalação da Cidade
Administrativa no Vetor Norte. Esta se localiza próxima à Avenida Brasília e gerou uma
valorização dos imóveis e alugueis na região. Com isso, acreditou-se que a Avenida Brasília
serviria agora também a um grupo intelectual (secretários, administradores e oficiais), vindos
da Cidade Administrativa. O fato, porém, é que há uma nova “centralidade” no Vetor Norte
(com um ideal mais “organizado”, talvez até higienista), o Shopping Estação BH, que agora
serve de local de almoço e compras do grupo intelectual.
O estudo que se segue teve por objetivo apresentar as diferenciações ao longo da via e
a concentração de diversos tipos de comércios e serviços, além da identificação de bairros
residenciais e galpões industriais. Intentou-se, dessa maneira, obter um estudo apropriado da
Avenida Brasília, de seus grandes equipamentos e estabelecimentos atratores de pessoas, e sua
dimensão funcional, comercial e de representatividade para o município. Entretanto, por ser
uma via longa e segmentada, optou-se por analisar a Avenida Brasília através de cinco trechos.
Essa divisão baseou-se na diferenciação das formas de ocupação do espaço urbano.
2km
Fonte: Elaborado pelo autor, 2013 – Avenida Brasília: vistas ao eixo comercial.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2013 - Avenida Brasília: vista ao eixo comercial e bancos.
77
Fonte: Elaborado pelo autor, 2013 – Comércios - Avenida Brasília – Trecho 1(Caneta nanquim sobre papel)
79
Figura 38: Esquema da Avenida Brasília (e Rua Alvorada) – Trecho 2 - Funções Urbanas
Figura 39: Esquema da Avenida Brasília (e Rua Alvorada) – Trecho 2 – Traçado Urbano
Fonte: Elaborado pelo autor, 2013 – Comércios - Avenida Brasília – Trecho 2 (Caneta nanquim sobre papel)
82
Fonte: Elaborado pelo autor, 2013 – Moradores retornando após as compras/Ambulantes (Caneta nanquim sobre papel)
85
O Trecho 4 compreende o trecho margeado pelos bairros Duquesa I e Duquesa II, que
são ocupados predominantemente por população de baixa renda, em edificações de baixo e
médio padrão construtivo, com alguns comércios locais. É uma via de mão dupla com ausência
de canteiro central em toda sua extensão. O eixo comercial é caracterizado por trailers de
sanduíches, depósito de materiais de construção, banca de jornal e mercearia. Há duas grandes
praças, uma em frente ao bairro Duquesa I, com campo de futebol e outra que se localiza em
frente a Escola Municipal José Augusto Resende, no bairro Duquesa II.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2013 – Praça da Pedra Bonita/Fábrica Café Três Corações
Fonte: Elaborado pelo autor, 2013 – Fábrica Serquip Tratamento de Resíduos-MG /Vista para a E.M. José Resende
86
Fonte: Elaborado pelo autor, 2013 – Moradores retornando após as compras/Ambulantes (Caneta nanquim sobre papel)
88
O Trecho 5 compreende a área que é margeada pelo bairro Monte Carlo, ocupado
predominantemente por população de média renda, em edificações de médio padrão
construtivo, com alguns comércios locais. É uma via de mão dupla com ausência de canteiro
central em uma parte do trecho. O pequeno eixo comercial e de serviço é caracterizado por uma
marmoraria, Centro de Processamento de Merenda Escolar, fábrica Mater Blocos, Motel
Eclipse, oficinas mecânicas, loja de embalagens, moto-escola, posto de gasolina com
restaurante e madeireira. Há a constante presença de vendedores informais, que trazem em seus
caminhões, mercadorias (móveis em bambu/estofados/frutas), onde em cima de caixas ou
usando os espaços vazios, expõem seus produtos, que atraem olhares de usuários de passagem.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2013 – Posto de gasolina Demetrios/Vista para a rotatória onde se finaliza a Av. Brasília
89
Fonte: Elaborado pelo autor, 2013 – Ambulantes montando seu estande/Ponto de ônibus: um morador se protegendo na
sombra feita pelo poste de iluminação pública (Caneta nanquim sobre papel)
91
Figura 46: Esquemas do Distrito São Benedito – Funções Urbanas e Traçado urbano
caracterizar o Distrito São Benedito como destino de ocupações e usos diferenciados do espaço
urbano, podendo-se destacar os novos conjuntos habitacionais e o acréscimo dos serviços e
atividades comerciais conduzidos pelo crescimento populacional.
Assim, a transferência de atividades produtivas para o Distrito São Benedito caracteriza
a apropriação de um novo sítio urbano, na qual suas características e qualidades beneficiam a
posição da cidade em um contexto regional e metropolitano, em relação aos eixos viários
existentes que, por conseguinte, privilegiam a acessibilidade a capital.
Dollfus (1973, p. 31), afirma a importância de “se observar as relações entre o novo sítio
e a posição dos elementos que ocupam o espaço, pois assim será possível conhecer a
organização das estruturas que o compõem e dos sistemas que o regem”. O autor ressalta que
as “questões da localização dos homens e das atividades ocupam papel importante nas ações de
organização do território e do espaço de maneira geral”. Essa organização concretiza-se por
ações e intervenções de diversos agentes do mercado e de atores sociais, tais como o Estado, as
comunidades locais, os proprietários fundiários e os impulsionadores imobiliários.
Os espaços urbanos de Santa Luzia apresentam um processo contínuo de transformações
em ritmos desiguais, e as intervenções advindas dessas ações resultam em transformações que
alteram a paisagem. Algumas descrições da paisagem são acompanhadas de mudanças operadas
nos espaços urbanos municipais, respondendo de forma geral ao modo como o cenário físico
simboliza a passagem do tempo. As análises obtidas em campo permitiram perceber contrastes
do cenário urbano: contraste espacial, de status, de uso, comparações e definições ou elementos
do traçado urbano. Os elementos e atributos apresentados na pesquisa da estrutura morfológico-
funcional tornaram-se perceptíveis em termos de sua inserção no conjunto.
O município de Santa Luzia é dividido em dois distritos que se diferem quanto à imagem
percebida, à função de cada subcentro, à paisagem corporificada através do tempo, e à divisão
de classes sociais que se relacionam com a forma na qual o município é ocupado. A
diferenciação está em que no Distrito Sede temos um centro de representação simbólica para a
população, e dois importantes subcentros comerciais que configuram a forma e a função que o
Distrito Sede apresenta. Existe uma certa homogeneidade estrutural que caracteriza a área, pois
ocupa pouco mais que seus dois subcentros comerciais e seus arredores.
No Distrito São Benedito, entretanto, a Avenida Brasília se configura como uma via
onde em suas margens percebe-se o modo fragmentário e um caráter diverso de ocupação em
toda sua extensão. A Avenida Brasília é intrínseca ao município, onde são percebidos marcos
referenciais associados a ela. Alguns aspectos observados ao longo da via são significativos ao
ponto de gerar atividades centrais ou de importância (extra) local. Mas observa-se também que
95
“Já quis morar no Boa Esperança, porque é um bairro mais próximo dos comércios e serviços;
é um ponto estratégico se você quiser ir pra Belo Horizonte, só seguir pela Avenida das Indústrias. “
“Acho 'Santa Luzia' tranquilo de morar. Meu trabalho é próximo de casa, tenho sossego e
tranquilidade, segurança, o 'direito de ir e vir'. Diferente de quando eu morava em Belo Horizonte.”
96
“Vejo que se preocupam em preservar o Centro Histórico, lá não passa ônibus e carretas; a
cidade está crescendo, muitos condomínios, prédios de conjuntos habitacionais.”
“O trânsito na Avenida do Carmo e Rua do Comércio, está cada vez mais difícil, pela
intensidade de fluxo, muitas pessoas e grande número de carros. As vias são hoje pavimentadas, antes
eram de pedra, mas estamos tendo muitos alagamentos. Se fossem de pedra não seria assim.”
“Eu me sinto segura aqui em 'Santa Luzia', o trânsito não é tão intenso, é mais fácil se deslocar.
Porém, carece de ofertas de bons restaurantes e lugares para frequentar.”
“Eu até gosto de 'São Benedito'. A diferença que se nota está nas pessoas. Elas são mais
simples, mais humildes, e isso me agrada mais do que o comportamento dos moradores de 'Santa Luzia'.
Porém, não me sinto segura em 'São Benedito'.”
“Vejo o 'São Benedito' como um lugar que precisa de muitos investimentos que possam
melhorar a segurança, algo que gere trabalho para as pessoas. Não há lazer em 'São Benedito'”.
“Em 'Santa Luzia' é monótono. Em 'São Benedito' há muito mais movimento, diversos
comércios, mas para mim, é um lugar de passagem. Tudo que eu preciso, recorro a Belo Horizonte, pois
não sinto conforto em comprar em São Benedito... é tudo meio desorganizado.”
“Uma coisa que percebo é que em 'São Benedito' há mais linhas de ônibus do que aqui. 'São
Benedito' é todo diferente, o movimento é intenso, por isso que vamos pra lá.”
“Nossa. Percebo como se lá fosse Belo Horizonte, tem muito comércio e serviços. Lá parece
uma outra cidade, não parece muito um bairro de Santa Luzia. A população cresceu muito.
A gente deixa de comprar em 'Santa Luzia' para comprar em 'São Benedito', porque um mesmo
produto aqui, é por um preço, enquanto lá, sai mais barato. Então, a gente acha variedade e preço.
Antigamente, quem decidia sobre as eleições e os políticos eleitos, era a população de 'Santa
97
Luzia', mas hoje quem decide é 'São Benedito'. Não sei exatamente porque lá cresceu. Se você observar,
não estamos tão distantes de 'São Benedito'. Há áreas, por exemplo, que também estão próximas a Belo
Horizonte, nem por isso cresceram tanto, pois continuam paradas.”
Figura 47: Relação dos moradores frente aos espaços urbanos de Santa Luzia
Os residentes do Distrito São Benedito também denotam a relação que possuem frente
aos espaços urbanos de Santa Luzia. O Centro Histórico, o bairro Boa Esperança (Subcentro
Parte Alta) e o bairro Frimisa, também configuram como lugares desejados da população do
Distrito São Benedito. Vejamos algumas afirmações:
“Eu gostaria de morar no Centro Histórico ou no bairro Frimisa, lá em 'Santa Luzia'; porque
acho que lá é mais tranquilo, não é tumultuado.”
“O bairro Frimisa, parece ser tranquilo: silencioso e calmo. Gosto da Parte alta e do o Centro
Histórico, pela cultura que lá tem e pelo conjunto arquitetônico da parte histórica.”
“Gostaria de poder frequentar a Igreja da Matriz, no Centro Histórico. Não vou porque é longe.
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“Aqui tem mais linhas de ônibus, além da estação do Move. O trânsito também se intensificou
e o comércio em São Benedito aumentou. Hoje tem mais oportunidades de adquirir imóveis.”
“Aqui em 'São Benedito' ficou mais movimentado, veio muita gente para cá. Tem muitos
comércios. É tudo muito feio. É tumultuado. Mas tudo que eu preciso consigo em 'São Benedito'.”
“Vejo 'São Benedito como um lugar que cresceu, tem muitos comércios, trânsito, linhas de
ônibus; pois antes não tinha muito, na década de 1990. Tem muitos assaltos em 'São Benedito' também.”
“'São Benedito' é mais movimentado, uma multidão de pessoas. Acho que em 'Santa Luzia' é
mais tranquilo, pois não tem tantos carros como em 'São Benedito'.”
“A área comercial cresceu, teve aumento de população, asfaltamento das ruas, mudanças de
infraestrutura; outros bairros surgiram. Mas hoje o sossego acabou pois não dá para andar mais sozinha
à noite porque é perigoso, tem muita criminalidade.”
“'São Benedito' já quis emancipar e pertencer a Belo Horizonte. 'Santa Luzia' é mais distante.
Se tivesse emancipado... poderia mudar muita coisa. Eu sinto como se não fizéssemos parte, pois não
frequento o 'lado de lá'.
Quando me perguntam onde moro, dizem: 'Você mora no fim do mundo', 'Você não mora, você
esconde'. Realmente, é muito longe. Desde 1979 tenho trabalhado como 'passadeira' em Belo Horizonte,
porque não tenho nenhuma especialidade. Mas preferiria trabalhar em 'São Benedito', mas grande parte
da população trabalha em Belo Horizonte.”
“Acho muito tenso por conta de crimes, poluição visual. Acho que não tenho muito a dizer. A
cidade não oferece opções interessantes, então quando tenho que sair, vou a bairros próximos, em Belo
Horizonte.”
“Eu percebo a existência de periferias com uma população de renda média-baixa. Noto
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também a diferença de classe, muita poluição sonora e visual. Não se vê muito verde e as casas são
construídas de qualquer jeito, são construções feias.”
“Eu vejo grandes aglomerações. É perigoso em certos horários. Vejo muita miséria. Não vejo
nada bom. O lazer é uma quadra onde jogo bola.”
“Percebo lá como uma área verde, mais tranquila, sem muita poluição e trânsito. Percebo
também que a população lá possui uma renda melhor.”
“Não frequento ‘Santa Luzia’, mas acho que lá tenha mais sossego. O ritmo é mais calmo.”
“Percebo que eles têm a história preservada no patrimônio arquitetônico; mas a população é
mais arrogante, mal-educada no tratamento com o próximo, exigentes. Lá tem bairros mais tranquilos
de morar. Mais áreas verdes do que em 'São Benedito'. Gosto muito da Parte Alta da cidade.”
Figura 48: Relação dos moradores frente aos espaços urbanos de Santa Luzia
Já ao longo dos anos 1990 e anos 2000, segue-se a mesma tendência de ampliação das
manchas, intensificando-se a ocupação nos principais núcleos identificados anteriormente.
Porém, a ocupação intensifica-se na região entorno do Centro Histórico, no Distrito Sede.
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O período dos anos 2000 aos dias atuais é representado por manchas de ocupação
anteriormente identificadas, consolidando uma tendência descrita nos períodos anteriores.
Nota-se, agora, uma ocupação intensificada a oeste de Santa Luzia, no Distrito São Benedito,
ocupando toda a região contígua a Belo Horizonte. Isso claramente caracteriza o processo de
conurbação com a capital mineira, reforçando o papel de centralidade de São Benedito. Outra
ocupação linear a formar, apresenta-se ao longo da MG-020 - Avenida das Indústrias, sentido
Novo Centro. Consolida-se também uma ocupação na região do bairro Frimisa, localizada às
margens do Rio das Velhas, que se desenvolveu ao longo da linha férrea. Destaca-se que o
bairro Frimisa abriga hoje a Prefeitura Municipal de Santa Luzia, o que acarretou a ocupação e
expansão urbana das áreas em ao entorno.
A ocupação avança linearmente ao longo da Av. Brasília, demonstrando todo vigor e
vitalidade dos serviços e comércios que paulatinamente ali se instalam, podendo-se neste caso
observar vazios urbanos em direção ao Centro Histórico, com o qual as ligações são mais
frágeis, fazendo com que o São Benedito assuma uma clara condição de periferia da metrópole,
com a qual mantem intensas relações.
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9 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Santa Luzia, mas não foi capaz de manter-se como elemento indutor de crescimento e expansão
urbana. Ressalta-se que o crescimento do Distrito Sede se relaciona à MG-020 – Avenida das
Indústrias, que passou a apresentar pequenos ocupações que foram crescendo, até tornarem-se
manchas contínuas.
Sendo assim, foi possível identificar também as funções urbanas – bens e serviços – e a
influência dos centros e subcentros distritais, no que diz respeito às influências e
(des)centralização, gerando várias centralidades urbanas – o que cria uma certa
interdependência com a capital. O estudo partiu da representação dessas centralidades
municipais, de forma a perceber a estrutura policêntrica de Santa Luzia, assumindo níveis e
funções hierárquicas diversas, mantidas por suas especificidades e potencialidades.
Dessa forma, foi possível obter uma identidade visual mais geral de Santa Luzia, que
estivesse à altura de sua importância funcional: o estabelecimento das formas potenciais dos
espaços urbanos, os eixos viários estruturadores da expansão e ocupação urbana. A constante
mutação dos espaços urbanos traz consigo a imagem de transformação, ou seja, a construção
de imagens ambientais está aberta a transformações, e essas imagens não podem ser tomadas
(somente) como resultado final das características e elementos identificados. A pesquisa
pautou-se na organização através de diagramas simbólicos que explicassem as relações das
características principais de uma maneira que conduzisse à criação de imagens urbanas.
A mais importante diretriz para estudos futuros tem de levar em conta a compreensão
da imagem urbana como um campo total, as interrelações de elementos, modelos e sequências.
Deve-se levar em consideração a noção temporal, que é um fenômeno que se volta para um
objeto de enormes dimensões. O ambiente tem de ser percebido como um todo orgânico, a partir
da identificação de partes em seu contexto imediato, procurando encontrar caminhos de
entender e lidar com os problemas e indagações. Alguns destes estudos podem ser
quantificáveis, por exemplo, o número de unidades de informação necessárias à especificação
de principais destinos urbanos.
Neste contexto, ressalta-se um referencial importante ao planejamento metropolitano
integrado, visando a criação de um espaço mais integrado socioeconomicamente, contribuindo
à coesão entre os municípios integrantes da RMBH. Assim, demonstra-se a necessidade de uma
abordagem metropolitana a partir do planejamento integrado, que busque uma compreensão da
totalidade, coerente com a realidade contemporânea que tenha a sociedade não apenas como
objeto, mas como sujeito, que integra e legitima os processos de transformação socioeconômica
e ambiental.
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