Você está na página 1de 14

CENTRO UNIVERSITÁRIO NILTON LINS

ENGENHARIA CIVIL

ALUNO: DENIS RUBIM BENTES MATRÍCULA: 13487187

OS DOMINIOS  DO CONCRETO ARMADO , ESTÁDIOS E O QUE ELES INFLUENCIAM


NO CALCULO ESTRUTURAL DE CONCRETO ARMADO

MANAUS-AM
JUNHO 2021
OS DOMINIOS  DO CONCRETO ARMADO , ESTÁDIOS E O QUE ELES INFLUECIAM
NO CALCULO ESTRUTURAL DE CONCRETO ARMADO

Trabalho realizado como requisito para elaboração


de nota institucional na disciplina de Concreto I, na
Instituição de Ensino Superior Centro Universitário
Nilton Lins

Professor: Rubens Filipe Ponte de Castro

MANAUS-AM
JUNHO 2021
SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO..................................................................................4

1.1 Definição .................................................................................4

1.2 Breve Histórico..........................................................................4

1.3 Vantagens e Desvantagens...........................................................5

1.4 Normalização.............................................................................6

2.1 OS DOMINIOS  DO CONCRETO ARMADO................................7

2.2 Domínios............................................................................................9

3.1 ESTÁDIOS DO CONCRETO............................................................13

4.1 CONCLUSÃO.............................................................................15
1. INTRODUÇÃO

1.1 Definição

Concreto Armado é o material resultante da conveniente união do concreto simples com


o aço de baixo teor de carbono, tratando-se, portanto, de um material de construção
composto. Admite-se que exista perfeita aderência entre esses dois materiais, de forma a
trabalharem solidariamente sob as diferentes ações que atuam nas construções de um
modo geral.

Em um elemento estrutural qualquer, sujeito a um conjunto de esforços solicitantes,


cabe ao material concreto a função principal de absorver as tensões de compressão,
sendo normalmente desprezada a sua pequena resistência à tração, que de modo
aproximado poderia ser tomada como 1/10 de sua resistência à compressão. Ao material
aço, chamado de armadura passiva, atribui-se a tarefa de absorver as tensões de tração e
auxiliar o concreto a absorver as tensões de compressão, quando necessário.

A viabilidade do concreto armado como elemento estrutural se deve a três razões


básicas, a saber:

- Trabalho conjunto entre o aço e o concreto, assegurado pela aderência entre os dois
materiais;

- Proteção que o concreto fornece ao material aço dos ataques do meio ambiente,
garantindo assim a durabilidade da estrutura;

- Os coeficientes de dilatação térmica dos dois materiais são semelhantes:

∙ Concreto: α = 10-5 / °C

∙ Aço: α = 1,2x10-5 / °C

1.2 Breve Histórico

A descoberta do cimento tem sua origem nas pesquisas realizadas por Smeaton e Parker,
no século XVIII, sendo que sua produção industrial somente ocorreu no século seguinte,
como conseqüência dos estudos e pesquisas de Vicat e Josef Aspdin, na Inglaterra em
1824.

O concreto armado surgiu na França, em 1849, quando Lambot construiu um pequeno


barco com argamassa e fios de aço de pequeno diâmetro, exibido em Paris em 1855.

Em 1861, o horticultor e paisagista Joseph Monier, constrói vasos ornamentais em


argamassa armada, conseguindo em 1867 patentear essa invenção. Posteriormente,
consegue patentes de tubos, reservatórios, placas e pontes.

Em 1850 tem início uma série de ensaios realizados pelo advogado norte americano
Thaddeus Hyatt, que em 1877 obtém patente para um sistema de execução de vigas de
concreto e aço, no qual as barras previam os efeitos de tração e cisalhamento, sugerindo
o uso de estribos e barras dobradas.
A seguir, apresentam-se outros fatos significativos no desenvolvimento do concreto
armado:

1880 - Hennebique, na França, constrói a primeira laje armada com barras de aço de
seção circular;

1886 - Koenen, na Alemanha, escreve a primeira publicação sobre o cálculo de


concreto armado;

1888 - Döhring, na Alemanha, registra a primeira patente sobre aplicação de protensão


em placas e em pequenas vigas;

1897 - Rabut, na França, inicia o primeiro curso sobre concreto armado, na “École des
Ponts et Chaussées”;

1902 - Mörsch, engenheiro alemão, publica a primeira edição de seu livro, apresentando
resultados de numerosas experiências, tornando-se um dos mais importantes
pesquisadores do concreto armado.

Já a engenharia nacional se destacou no cenário mundial com obras que superaram


diversos recordes mundiais, entre as quais estão as projetadas por Emílio Henrique
Baumgart, considerado por muitos como o pai da engenharia estrutural no Brasil, a
saber:

- Ponte construída em Santa Catarina, em 1928, com vão recorde de 68m em viga reta, e
construída por um processo original, hoje denominado de balanços sucessivos;

- Edifício construído no Rio de Janeiro, entre 1928 e 1930, com 22 pavimentos, o maior
do mundo em concreto armado, na época. Várias outras obras de destaque da
engenharia nacional poderiam ser citadas, como por exemplo, o estádio de futebol do
Maracanã e diversos edifícios públicos.

1.3 Vantagens e Desvantagens

De um modo geral, pode-se apresentar as seguintes vantagens do concreto armado:

- O concreto fresco é facilmente moldável, adaptando-se a qualquer tipo de forma;

- É um material que apresenta boa durabilidade e resistência às intempéries, quando


bem executado;

- O concreto executado convenientemente é pouco permeável, prestando-se bem para


obras hidráulicas;

- Boa resistência ao fogo, choques, efeitos atmosféricos e ao desgaste mecânico;

- As estruturas de concreto são por natureza monolíticas e hiperestáticas, apresentando


maiores reservas de segurança;

- Fácil manutenção e conservação. Como desvantagens do concreto armado podem-se


citar:

- Peso próprio elevado, da ordem de 25 KN/m3 ;

- Transmissão de sons e de calor, exigindo cuidados em casos especiais;


- Facilidade de fissuração aparente, sem prejuízo estrutural, porém podendo
comprometer a estética ou conduzir a um estado limite de utilização;

- Dificuldades de reformas e de adaptações.

1.4 Normalização

Em 1973 foi criado o Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade


Industrial (SINMETRO), com a finalidade de reger as atividades de normalização no
país. Ele é composto por dois órgãos: o Conselho Nacional de Metrologia,
Normalização e Qualidade Industrial Curso de Concreto Armado: Introdução Professor
Jefferson S. Camacho – FEIS/UNESP 6-40 (CONMETRO), que tem a finalidade de
normalizar, coordenar e supervisionar e o Instituto Nacional de Metrologia,
Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO) que é o órgão executivo.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) foi fundada em 1937, pela


iniciativa privada, sendo essa entidade autorizada para a regulamentação e impressão
das normas técnicas no Brasil. A ABNT produz os seguintes tipos de normas técnicas:
Procedimento (NB), Especificação (EB), Método de ensaio (MB), Padronização (PB),
Terminologia (TB), Simbologia (SB) e Classificação (CB).

Quando uma norma é registrada no INMETRO, passa a ser chamada de norma


brasileira registrada (NBR), recebendo ainda um número de identificação. Essas normas
são divididas em quatro níveis:

- Nível 1: normas compulsórias, de uso obrigatório em todo o território nacional;

- Nível 2: normas referendadas, de uso obrigatório para o Poder Público e Serviços


Públicos;

- Nível 3: normas registradas, normas voluntárias que tenham merecido registro no


INMETRO; - Nível 4: normas probatórias, são as registradas no INMETRO em caráter
experimental, com vigência limitada.

Para o engenheiro de estruturas de concreto armado, são de maior interesse as seguintes


normas:

- NBR-6118 : Projeto de estruturas de concreto (2003);

- NBR-14931 : Execução de estruturas de concreto (2003);

- NBR-9062 : Projeto e execução de estruturas de concreto pré-moldado (2001);

- NBR-7187 : Cálculo e execução de pontes de concreto armado;

- NBR- 6122: Projeto e execução de fundações (1996);

- NBR-6119 : Cálculo e execução de lajes mistas (antiga NB-4);

- NBR-6120 : Cargas para o cálculo de estruturas de edificações (1980);

- NBR-6123 : Forças devidas ao vento em edificações (1988);


- NBR-7480 : Barras e fios de aço destinados a armaduras para concreto armado
(1996);

- NBR-8681 : Ações e segurança nas estruturas (2003). Dessas, a que está mais
estreitamente ligada ao engenheiro de edificações de concreto armado, é a NBR-
6118/2003, classificada como nível 3.

2.1 OS DOMINIOS  DO CONCRETO ARMADO

Gráfico da Norma:

A NBR 6118/2014, que rege os procedimentos para projetos de estruturas de concreto,


traz um gráfico com as divisões dos domínios em função do encurtamento ou do
alongamento máximos do concreto armado, e da altura linha neutra:

Como o nosso foco aqui é facilitar as coisas, vamos tentar visualizar as coisas de um
modo diferente:
A linha vertical grifada em vermelho representa o eixo zero do gráfico, de forma que,
do lado esquerdo dela temos os esforços de tração e do lado direito temos os esforços de
compressão.

As linhas diagonais do gráfico representam os limites de cada domínio, mas, como


estamos simplificando, basta entendermos que a altura onde cada uma delas cruza o
eixo zero do gráfico define os limites de cada domínio.

Essas alturas vão servir como base de comparação para a viga em que estamos
trabalhando:

Onde:
d é a altura útil: Distância da borda mais comprimida até o centro de gravidade da
armadura positiva;

x é a altura da linha neutra, que aprenderemos a calcular de forma prática mais a frente
nesse artigo;

h é a altura total da viga.

 2.2 Domínios:

Domínio 1:

É quando uma peça está totalmente tracionada, mas a força de tração não está
distribuída de forma equilibrada, onde a borda superior está sofrendo menos tração que
a borda inferior. Teoricamente a linha neutra fica acima da borda superior da viga;

No Domínio 1, com a armadura beirando a deformação plástica, a ruína ocorre


justamente pela ruptura do aço em função da tração.

Domínio 2:

É quando a borda superior está comprimida e a borda inferior está tracionada, no


entanto a linha neutra está localizada em algum ponto entre a borda superior (onde
x=0*d) e 25,9% de d (onde x=0,259*d);

No Domínio 2 temos: de um lado a armadura beirando a deformação plástica pelo


esforço de tração e, do outro lado, o concreto começando a ser comprimido. A ruína
ocorre ainda em função da tração, como no Domínio 1.

Domínio 3:

É quando a borda superior está comprimida e a borda inferior está tracionada, mas a
linha neutra está localizada em algum ponto entre 25,9% de d (onde x=0,259*d) e
62,8% de d (onde x=0,628*d), no entanto, a NBR 6118/2014 delimita que vigas de
concreto tenham a altura da linha neutra limitada a 45% de d (onde x=0,45*d);

No Domínio 3 temos: de um lado o concreto beirando a ruína pelos esforços de


compressão e, do outro lado, o aço beirando a ruína pelos esforços de tração.

A ruína ocorre em função dos dois tipos de esforços, mas, neste caso em específico, a
peça de concreto “avisa” quando está chegando perto da ruína por meio de fissurações,
o que não acontece nos outros domínios já que, nos domínios 1 e 2 a peça está sofrendo
tração e o concreto já está fissurado muito antes da ruptura e, nos domínios 4 e 5,
quando a peça rompe por compressão, não há aviso.

Domínio 4:

É quando a compressão da peça é maior que a tração, ou seja, a linha neutra está
localizada abaixo de 62,8% de d (onde x=0,628*d). Quando a linha neutra está
localizada entre a armadura positiva e a borda inferior da peça, dizemos que a peça está
no Domínio 4a.
Essa situação, assim como o Domínio 5 são aplicáveis apenas à pilares, justamente
devido à limitação de 45% de d que a NBR 6118/2014 impõe.

Detalhe: 45% de d para concretos com fck menor ou igual a 50 MPa e 35% de d para
concretos com fck entre 50 MPa e 90 MPa.

Domínio 5:

É quando a peça está totalmente comprimida, mas a força de compressão não está
distribuída de forma equilibrada, onde a borda superior sofre mais compressão que a
borda inferior. Teoricamente a linha neutra fica abaixo da borda inferior da viga.

Esse tipo de situação acontece normalmente quando os pilares apresentam


excentricidade, isso faz com que as forças de compressão não sejam distribuídas de
forma equilibrada, fazendo com que o pilar se encaixe no Domínio 5.

Retas A e B:

O gráfico apresenta ainda a reta vertical “a”, localizada na extrema esquerda do gráfico.
Essa reta representa as situações onde a peça sofrerá tração equilibrada, não havendo
linha neutra.

Na extrema direita, o gráfico apresenta a reta vertical “b”, que representa as situações
onde a peça sofrerá compressão equilibrada, também não havendo linha neutra.

Linha neutra:

Podemos achar a altura da linha neutra da nossa viga através da mesma tabela de K6 e
K3 do artigo Laje Maciça, utilizando a fórmula do K6:

Onde:

b é a base da seção da viga (m);

d é a altura útil (m);

M é o momento máximo

Exemplo:
Para uma viga de seção 15×40 cm, com uma altura útil de 37 cm, um concreto de 25
MPa e um momento máximo de 35 KNm:

*59,9 é o número imediatamente superior ao resultado obtido

Sabemos então que a nossa viga está no Domínio 2 e temos que:

Fazendo o caminho inverso da equação conseguimos estipular o momento máximo que


essa viga aguentaria no limite do Domínio 3 (45% de d):

 
Os domínios do concreto se encontram dentro dos estádios do concreto, mais
especificamente dentro do estádio 3, indicando como uma peça irá se romper. Para a
viga do nosso exemplo, podemos concluir que, para o momento de 35 KNm poderíamos
utilizar uma viga menor, economizando em material e peso da estrutura.

3.1 ESTÁDIOS DO CONCRETO

Uma peça de concreto armado submetida a um momento fletor crescente apresenta três
níveis de deformação até a sua ruptura, que são denominados de estádios de
deformação.

Estádio I

No primeiro estádio a seção está submetida a um momento fletor   de pequena


intensidade, de modo que a tensão de tração no concreto é inferior a sua resistência
característica. Dessa forma, a peça ainda não apresenta fissuras visíveis.

Como a resistência a tração não foi atingida, a contribuição do concreto para resistir


esse esforço ainda é considerada.

Em uma peça submetida à flexão, parte da seção estará solicitada a tração e a posição
oposta à compressão. Diante desse fato, uma vez que a viga não está submetida à tração
uniforme, é utilizado o coeficiente α para correlacionar a resistência a tração na flexão
com a tração direta. O mesmo vale 1,2 para seções T ou duplo T, 1,3 para seções I ou T
invertido e 1,5 para seções retangulares.

fct é resistência à tração direta do concreto e, conforme presente pela ABNT/NBR: 6118
(2014), iremos utilizar porções estatísticas diferentes para cada estado limite verificado.

Apenas como exemplo do apresentado acima, para o estado limite de formação de


fissura deve ser utilizado o fctk,inf enquanto para o estado limite de deformação
excessiva deve-se utilizar o fct,m.
Ic é o momento de inércia da seção bruta de concreto. Também pode ser tomado como
o momento de inércia no estádio I com a armação incorporada. Assim sendo, é possível
aumentar a inércia da peça ao considerar a contribuição da armadura.

Por fim, o yt é a distância do centro de gravidade à fibra mais tracionada.

Estádio II

No estádio II a resistência a tração do concreto foi atingida, de modo que a peça
apresenta fissuras visíveis e a contribuição da parte tracionada do concreto passa a ser
desprezada. Nesse momento a distribuição de tensões de compressão no concreto ainda
é linear.

Estádio III

No estádio III a peça já está próxima da ruptura e a distribuição de tensões no concreto não


é mais linear.

Correlação entre estádios de deformação e estado limites

Existe uma relação direta entre os estádios de deformação e os estados limites: normalmente
as verificações em serviço são realizadas com seções nos estádios I e II, atuando as ações
reais, enquanto as verificações últimas de situações extremas são correspondem a seções no
estádio III.

A figura abaixo apresenta um resumo contendo a distribuição de tensões em seções que


caracterizam os três estádios comentados anteriormente.

Estádi
os de deformação de uma seção de concreto.
4.1 CONCLUSÃO

Conclui-se que as seções transversais permanecem planas após o início da deformação


até o estado limite último. As deformações são, em cada ponto, proporcionais à sua
distância até a linha neutra da seção (hipótese de Bernoulli). Admite-se uma perfeita
aderência entre o aço e o concreto, dessa forma, a deformação específica de uma barra
da armadura, em tração ou compressão, é igual à deformação especifica do concreto
adjacente. As tensões de tração no concreto são desprezadas. A ruína da seção
transversal se caracteriza por deformações especificas de cálculo do concreto, na fibra
mais comprimida, e do aço, na fibra mais tracionada, em que uma delas ou ambas
atingem os valores últimos.

Você também pode gostar