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Relatório Técnico no 43

Lajes de Edifícios de Concreto Protendido


com Cabos Pós-Tracionados –
Manual de Projeto

Tradução do Relatório N. 43 da Concrete Society, Inglaterra


para uso didático interno à disciplina Complementos de Concreto Protendido

Professor Responsável/Revisor Geral:


João Bento de Hanai

Equipe de colaboradores:
Andréa Prado Abreu Reis
Humberto Correia Lima Júnior
Patrícia Lizi de Oliveira (Coordenadora)
Rodrigo de Azevêdo Neves
Tatiana Bittencourt Dumêt
Tatiana Gesteira Martins de Almeida
Valentim Capuzzo Neto

São Carlos, outubro de 2000


SUMÁR IO

Sumário __________________________________________________________________ 1
1. Introdução_______________________________________________________________ 1
1.1 Vantagens dos pavimentos pós-tensionados ________________________________ 3
1.2 Tipos estruturais considerados ___________________________________________ 3
1.3 Grau de protensão _____________________________________________________ 4
1.4 Cabos com ou sem aderência ____________________________________________ 4
1.5 Técnicas analíticas _____________________________________________________ 5
2. Comportamento estrutural __________________________________________________ 6
2.1 Efeitos da protensão____________________________________________________ 6
2.2 Pavimentos unidirecionais ou bidirecionais __________________________________ 6
2.3 Flexão em pavimentos unidirecionais ______________________________________ 8
2.4 Flexão em lajes planas (comportamento bidirecional) _________________________ 8
2.5 Cisalhamento ________________________________________________________ 16
3. Arranjo estrutural ________________________________________________________ 17
3.1 Distribuição dos pilares ________________________________________________ 17
3.2 Espessura e tipos de pavimentos ________________________________________ 17
3.3 Efeito das restrições ao encurtamento da laje_______________________________ 23
4. Materiais _______________________________________________________________ 26
4.1 Concreto ____________________________________________________________ 26
4.2 Cabos ______________________________________________________________ 26
4.3 Armadura passiva_____________________________________________________ 28
5. Requisitos do Cobrimento _________________________________________________ 29
6. Metodologia de projeto____________________________________________________ 30
6.1 Introdução ___________________________________________________________ 30
6.2 Fluxograma de cálculo _________________________________________________ 30
6.3 Cálculo básico _______________________________________________________ 32
6.4 Disposição estrutural __________________________________________________ 32
6.5 Carregamento________________________________________________________ 33
6.6 Análise de pórticos eqüivalentes _________________________________________ 33
6.7 traçados dos cabos e balanceamento de cargas ____________________________ 35
6.8 Forças e perdas de protensão ___________________________________________ 40
6.9 Efeitos secundários ___________________________________________________ 41
6.10 Cálculo à flexão _____________________________________________________ 43
6.11 Resistência ao Cisalhamento___________________________________________ 51
6.12 Reforço de fendilhamento nas ancoragens ________________________________ 53
6.13 Reforço entre as ancoragens dos cabos __________________________________ 55
6.14 Flecha e vibração ____________________________________________________ 56
6.15 Concretos com agregados leves ________________________________________ 57
7. Detalhamento ___________________________________________________________ 58
7.1 Distribuição dos cabos _________________________________________________ 58
7.2 Espaçamento dos cabos ______________________________________________ 58
7.3 Representação dos cabos _____________________________________________ 59
7.4 Apoio dos cabos _____________________________________________________ 60
7.5 Disposição da armadura passiva_________________________________________ 62
7.6 Perfurações e aberturas em pavimentos ___________________________________ 64
7.7 Detalhes construtivos _________________________________________________ 65
8. Demolição______________________________________________________________ 71
8.1 Geral ______________________________________________________________ 71
9. Referências Bibliográficas _________________________________________________ 72
1. I NTRODUÇÃO

O uso de pavimentos de concreto protendido por meio de pós-tração em edifícios tem


crescido consideravelmente nos últimos anos. A maior aplicação deste tipo de construção
tem ocorrido nos Estados Unidos, sendo que na Califórnia esta é a primeira opção para
pavimentos de concreto. Pavimentos pós-tensionados também têm sido usados na
Austrália, em Hong Kong, em Singapura e na Europa. A aplicação, no Reino Unido, está
crescendo rapidamente.

As aplicações típicas, têm sido efetuadas em:

? Escritórios;
? Estacionamentos;
? Shopping centers;
? Hospitais;
? Apartamentos;
? Construções industriais.

Nas Figuras 1, 2 e 3 são ilustradas algumas aplicações.

Figura 1 – Harbour Exchange Tower


Figura 2 – Estacionamento da Grosvenor Square – Southampton

Figura 3 – New Oxford Street

A Concrete Society publicou três relatórios sobre esse assunto: RT no 8(1) (Projeto de lajes
planas em edifícios de concreto pós-tensionado); RT no 17(2) (Lajes planas de concreto pós-
tensionado com consideração particular ao uso de cabos sem aderência – recomendações
de projeto); RT no 25(3) (Manual de projeto de lajes planas pós-tensionadas). O RT no17 é
uma revisão do RT no 8, e o RT no 25 amplia as recomendações do RT no 17. O objetivo do
relatório atual é atualizar as informações contidas nos RT no 17 e 25, de acordo com a
BS8110, 1985(4) , unindo esses dois relatórios em um único documento e expandindo
algumas das recomendações de acordo com a prática atual.

Este relatório explica o conceito global das construção de pavimentos de concreto pós-
tensionados, assim como fornece recomendações detalhadas para o projeto. A intenção é
simplificar as tarefas do projetista e do construtor, possibilitando a produção de estruturas
eficientes e econômicas. Os pavimentos pós-tensionados não são complexos. As técnicas,
o comportamento estrutural e o projeto são parecidos com os de estruturas de concreto
armado. Os cabos de protensão formam um sistema de suspensão dentro da laje, sendo
que a componente vertical da força de protensão suporta parte do carregamento e a
1. INTRODUÇÃO

O uso de pavimentos de concreto protendido por meio de pós-tração em edifícios tem


crescido consideravelmente nos últimos anos. A maior aplicação deste tipo de construção
tem ocorrido nos Estados Unidos, sendo que na Califórnia esta é a primeira opção para
pavimentos de concreto. Pavimentos pós-tensionados também têm sido usados na
Austrália, em Hong Kong, em Singapura e na Europa. A aplicação, no Reino Unido, está
crescendo rapidamente.

As aplicações típicas, têm sido efetuadas em:

• Escritórios;
• Estacionamentos;
• Shopping centers;
• Hospitais;
• Apartamentos;
• Construções industriais.

Nas Figuras 1, 2 e 3 são ilustradas algumas aplicações.

Figura 1 – Harbour Exchange Tower

1
Figura 2 – Estacionamento da Grosvenor Square – Southampton

Figura 3 – New Oxford Street

A Concrete Society publicou três relatórios sobre esse assunto: RT no 8(1) (Projeto de lajes
planas em edifícios de concreto pós-tensionado); RT no 17(2) (Lajes planas de concreto pós-
tensionado com consideração particular ao uso de cabos sem aderência – recomendações
de projeto); RT no 25(3) (Manual de projeto de lajes planas pós-tensionadas). O RT no17 é
uma revisão do RT no 8, e o RT no 25 amplia as recomendações do RT no 17. O objetivo do
relatório atual é atualizar as informações contidas nos RT no 17 e 25, de acordo com a
BS8110, 1985(4), unindo esses dois relatórios em um único documento e expandindo
algumas das recomendações de acordo com a prática atual.

Este relatório explica o conceito global das construção de pavimentos de concreto pós-
tensionados, assim como fornece recomendações detalhadas para o projeto. A intenção é
simplificar as tarefas do projetista e do construtor, possibilitando a produção de estruturas
eficientes e econômicas. Os pavimentos pós-tensionados não são complexos. As técnicas,
o comportamento estrutural e o projeto são parecidos com os de estruturas de concreto
armado. Os cabos de protensão formam um sistema de suspensão dentro da laje, sendo
que a componente vertical da força de protensão suporta parte do carregamento e a

2
componente horizontal reduz a tensão de tração no concreto. Dois exemplos de projeto são
apresentados no Apêndice A.

Este relatório deve ser lido em conjunto com a BS8110(4). Os assuntos que não são
(4)
tratados na BS8110 são descritos em detalhes no relatório, fornecidas as apropriadas
referências. Os princípios dispostos no relatório também podem ser aplicados em projetos
de acordo com o Eurocode EC2(5), mas alguns detalhes deverão ser modificados.

Duas outras publicações do Concrete Society fornecem informações úteis para o projeto de
pavimentos pós-tensionados. São elas: RT no 21(6) (Durabilidade de cabos para concreto
protendido), e RT no 23(7) (Protensão parcial).

Salienta-se que uma vez que a integridade da estrutura depende de um número


relativamente pequeno de cabos protendidos e de ancoragens, o efeito da mão-de-obra e da
qualidade dos materiais pode ser crítica. Isto deve ser considerado por todas as partes
envolvidas, tanto no projeto quanto na execução.

1.1 VANTAGENS DOS PAVIMENTOS PÓS-TENSIONADOS

As principais vantagens dos pavimentos pós-tensionados em relação aos de concreto


armado moldados no local, são:

• Maiores vão livres;


• Menor espessuras das lajes;
• Estruturas mais leves;
• Redução da fissuração e das flechas;
• Redução do pé-direito;
• Rapidez de construção;
• Maior impermeabilidade.

Estas vantagens podem resultar em significativa economia nos custos globais. Existem
situações onde a altura do edifício é limitada. A redução do pé-direito dos pavimentos
permite a construção de pavimentos adicionais, sem exceder o limite permitido.

1.2 TIPOS ESTRUTURAIS CONSIDERADOS

Este relatório refere-se, primeiramente, aos pavimentos elevados. Porém, as


recomendações são aplicáveis, da mesma forma, em lajes de fundação, a não ser pelo fato

3
de que uma vez que o carregamento é preferencialmente de baixo para cima. O perfil dos
cabos e a posição da armadura passiva devem ser invertidos.

Os tipos de pavimentos variam desde lajes planas até estruturas de lajes com vigas em uma
direção. Há uma distinção importante sobre os tipos estruturais, dependendo se as lajes têm
comportamento unidirecional ou bidirecional. Isto é discutido com mais detalhe na Seção
2.2.

1.3 GRAU DE PROTENSÃO

O grau de protensão aplicado, usualmente, não é suficiente para evitar as tensões de tração
que ocorrem na laje sob as condições de carregamento previstas no projeto. A estrutura
deve, então, ser considerada como parcialmente protendida.

O grau de protensão escolhido afeta os requisitos de armadura passiva. O aumento no


nível de protensão provoca uma redução na armadura passiva necessária. Ao contrário das
estruturas de concreto armado, é possível variações no projeto para uma mesma geometria
e mesmo carregamento. A solução ótima depende do custo relativo da protensão e da
armadura passiva e da relação entre a carga permanente e a carga acidental.

Em média, os níveis de tensão média de compressão no concreto causada pela protensão


variam de 0,7 a 2,5 N/mm2 para lajes maciças e ocasionalmente acima de 6 N/mm2 para
lajes nervuradas. Porém, quando essa tensão excede, aproximadamente, 2 N/mm2, ou
quando pavimento é muito grande, os efeitos das restrições à deformação impostas pelos
apoios podem se tornar importantes. Se os apoios forem robustos, uma parte significativa
da força de protensão vai para os apoios, assim a protensão efetiva da laje é reduzida (ver
Seção 3.3).

1.4 CABOS COM OU SEM ADERÊNCIA

Pavimentos pós-tensionados podem ser construídos tanto com cabos aderentes quanto com
cabos não-aderentes. Os méritos relativos às duas técnicas são objeto de debate. Os
pontos a seguir podem ser relacionados a favor de cada um:

Com aderência:
• é desenvolvida maior resistência última à flexão;
• não depende de ancoragem após o grauteamento;
4
• localiza os efeitos de dano.

Sem aderência:
• provoca maior braço de alavanca;
• reduz perdas por atrito;
• simplifica a pré-fabricação dos cabos;
• não requer grauteamento das bainhas;
• pode ser construído com maior velocidade;
• geralmente é mais barato.

1.5 TÉCNICAS ANALÍTICAS

O processo de projeto é descrito no capítulo 6. Os métodos analíticos são os mesmos


utilizados para estruturas de concreto armado. A estrutura normalmente é dividida em
séries de pórticos equivalentes. Os pórticos equivalentes podem ser analisados utilizando
métodos de distribuição de momentos ou outros métodos, porém hoje é mais comum utilizar
programas de computador para análise de pórticos planos. Além dos programas comuns
para pórticos planos, estão disponíveis programas específicos para o projeto de estruturas
protendidas. Estes programas reduzem o tempo de projeto, mas não são essenciais para o
projeto de pavimentos pós-tensionados. Para lajes planas mais complicadas ou para
aquelas cujo cálculo se repete inúmeras vezes, uma análise de grelha, ou via Método dos
Elementos Finitos pode ser mais apropriada.

5
2. COMPORTAMENTO ESTRUTURAL

2.1 EFEITOS DA PROTENSÃO

Os efeitos primários da protensão são: a pré-compressão do pavimento; e um carregamento


vertical de baixo para cima no vão (carregamento equivalente) que equilibra parte da carga
permanente e da carga acidental. Num pavimento de concreto armado, a fissuração por
tração do concreto é uma condição ao dimensionamento econômico dos níveis de tensão na
armadura. Em pavimentos pós-tensionados tanto a pré-compressão como o carregamento
equivalente reduzem as tensões de tração no concreto. Todavia, o nível de protensão
adotado usualmente não é suficiente para evitar a fissuração sob o carregamento total, no
estado limite de utilização. Sob carga acidental reduzida, muitas fissuras não serão visíveis.

O ato da protensão provoca flexão, encurtamento, deslocamentos verticais e rotação da laje.


Se algum desses efeitos for restringido, serão induzidos efeitos secundários. Como foi visto
anteriormente, se o nível de protensão não exceder cerca de 2N/mm2 os efeitos secundários
devidos às restrições ao encurtamento são usualmente negligenciados. Todavia, a menos
que o pavimento possa ser considerado estaticamente determinado, os deslocamentos do
pavimento provocam momentos secundários que não podem ser negligenciados.

Efeitos secundários são discutidos com mais detalhes na Seção 6.9, e um cálculo desses
efeitos é feito no Apêndice D.

2.2 PAVIMENTOS UNIDIRECIONAIS OU BIDIRECIONAIS

Existem diversos tipos de pavimentos protendidos. Algumas das configurações mais


comuns são mostradas nas Figuras 4, 5, 6, 7 e 8. Uma importante distinção entre os tipos
de pavimentos é se eles se comportam como estrutura uni ou bidirecional.

Laje plana maciça Laje plana com capitéis Laje plana com faixa sobre
os pilares
Figura 4 – Configurações típicas de lajes planas

6
Laje plana nervurada Laje plana nervurada com Laje plana nervurada com
capitéis embutidos faixas sobre os pilares
Figura 4 – Configurações típicas de lajes planas (continuação)

Laje nervurada Laje com vigas

Figura 5 – Configurações típicas de pavimentos unidirecionais

Figura 6 – Laje plana pós-tensionada

Figura 7 – Laje nervurada em uma direção, pós-tensionada

Figura 8 – Laje nervurada em duas direções, pós-tensionada

7
Pavimentos unidirecionais suportam o carregamento aplicado, essencialmente, em uma
direção, e são tratados como vigas ou pórticos planos. Por outro lado, os pavimentos
bidirecionais suportam as cargas aplicadas por meio de mecanismos de sustentação em
duas direções. Porém, para uma estrutura ser considerada bidirecional ela deve atender a
alguns critérios. Estes critérios são discutidos na Seção 2.4.

2.3 FLEXÃO EM PAVIMENTOS UNIDIRECIONAIS

Pavimentos unidirecionais normalmente são projetados como estruturas da Classe 3, de


acordo com a BS8110(4). Embora seja admitida fissuração, é assumida seção de concreto
não fissurada e as tensões de tração hipotéticas podem ser resistidas no estado limite de
utilização. As tensões admissíveis são discutidas na Seção 6.10.1.

O comportamento dos pavimentos unidirecionais sob carregamento inferior à carga de


fissuração pode ser assumido como elástico-linear. A BS8110(4) recomenda que quando as
tensões de tração devido às cargas permanentes forem inferiores às tensões admissíveis
para estruturas da Classe 2, a flecha pode ser determinada utilizando as características da
seção bruta. Em outros casos, o cálculo das flechas deve ser baseado na relação
momento-curvatura para seção fissurada.

2.4 FLEXÃO EM LAJES PLANAS (COMPORTAMENTO BIDIRECIONAL)

No contexto deste relatório, lajes planas são aqueles pavimentos que transferem cargas em
duas direções diferentes para pilares que constituem apoios discretos, com ou sem capitéis.
Esta é a definição de lajes planas da BS8110(4). Deve ser enfatizado que essas estruturas
não são as mesmas que as estruturas bidirecionais de acordo com a Seção 3.5 da
BS8110(4). Lajes bidirecionais em BS8110(4) sempre são apoiadas em vigas ou paredes, isto
é, em apoios contínuos, e não são tratadas neste relatório.

Um conceito errado de alguns engenheiros é considerar o carregamento reduzido quando


analisam a laje em uma direção, usando o método do pórtico equivalente. Uma laje plana,
apoiada em pilares, ao invés de vigas no seu perímetro, podem romper por mecanismos
unidirecionais assim como uma laje armada em uma direção. Ela deve ser armada para
resistir aos momentos devidos ao carregamento total em cada uma das direções ortogonais.

8
Ensaios e aplicações têm demonstrado que lajes planas pós-tensionadas comportam-se
como placas planas, independentemente da disposição dos cabos (ver Figura 9). Os efeitos
dos cabos são, é claro, críticos para o comportamento já que eles produzem esforços na laje
assim como funcionam como reforço. Os cabos exercem forças verticais na laje conhecidas
como carregamentos equivalentes (ver Seção 6.7), e estes carregamentos podem ser
considerados como qualquer outro carregamento permanente ou acidental. Uma vez que o
efeito dos cabos é oposto ao efeito das forças gravitacionais, o carregamento líquido
resultante que causa flexão é reduzido. Um efeito adicional dos cabos é a pré-compressão
axial que combate os efeitos da tração por flexão. Portanto, sob o carregamento permanente
em serviço, o valor líquido da carga para baixo que provoca flexão é normalmente muito
pequena e o pavimento fica, essencialmente, submetido a compressão axial uniforme.

Examinando a distribuição dos momentos fletores para uma laje plana, nas Figuras 10 e 11
nota-se que é formado um pico imediatamente próximo ao pilar e que o momento na face do
pilar é várias vezes maior que o momento no meio do vão. Deve-se notar que as tensões
admissíveis, dadas na Tabela 2 da Seção 6.10.1 são tensões médias para todo o painel.
Elas são inferiores àquelas para pavimentos unidirecionais, para permitir esta distribuição
não-uniforme dos momentos ao longo do painel.

a) Todos os cabos na faixa

Figura 9 – Superfícies de momentos fletores para diferentes configurações dos cabos

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b) Cabos uniformemente distribuídos

c) 50% dos cabos na faixa de pilares e 50% distribuídos uniformemente

Figura 9 – Superfícies de momentos fletores para diferentes configurações dos cabos (continuação)

a) Momentos ao longo da seção na linha b) Momentos no meio entre linhas de


de pilares pilares

Figura 10 – Momentos fletores aplicados em lajes cogumelos sólidas

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a) Momentos na linha de pilares b) Momentos no meio entre linhas de
pilares

Figura 11 – Distribuição dos momentos fletores aplicados na largura de um painel de laje plana sólida

Em contraste, o momento fletor, na região do meio do vão é quase uniformemente


distribuído em todo painel como é mostrada na Figura 11b.

É útil para entender as lajes planas pós-tensionadas, esquecer os conceitos de faixa de pilar
arbitrária, de faixa central e as tabelas de porcentagem de momentos que têm sido
familiares aos projetistas de pavimentos de concreto armado. Em vez disso, o mecanismo
de ação dos cabos deve ser examinado primeiro.

O método de balanceamento de cargas é uma ferramenta mais poderosa para examinar o


comportamento de sistemas bidirecionais que para estruturas unidirecionais. Pelo método
de balanceamento de cargas, toda a atenção é voltada para as forças exercidas pelos
cabos, perpendicularmente ao plano da laje. Assim como nos pavimentos unidirecionais, isto
corresponde a um carregamento uniforme, para cima, ao longo da maior parte do
comprimento central dos cabos, e a um carregamento estaticamente equivalente, para
baixo, atuando no pequeno comprimento com curvatura invertida. Para aplicar um
carregamento essencialmente uniforme, para cima, os cabos deveriam ser uniformemente
distribuídos, e o carregamento para baixo devido aos cabos deveria reagir contra outro
elemento estrutural. O elemento adicional pode ser uma viga ou uma parede no caso de
lajes unidirecionais, ou pilares no caso de sistema bidirecional. Porém, olhando a planta de
uma laje plana (ver Figura 12) nota-se que os pilares provocam reações para cima, numa
área muito pequena. Então, para manter a coerência estática, é preciso adicionar um
segundo conjunto de cabos perpendiculares aos anteriores, para proporcionar forças, para
cima, para resistir às forças para baixo, provocadas pelo primeiro grupo de cabos.
Lembrando que as forças para baixo dos cabos uniformemente distribuídos ocorrem numa
11
largura relativamente estreita, sob a região de curvaturas invertidas e que a única reação
externa disponível, dada pelo pilar, é também relativamente estreita, torna-se óbvio que o
segundo conjunto de cabos deve estar em faixas estreitas ou faixas que passam sobre os
pilares.

Cabos uniformemente espaçados exercendo forças para cima no vão e forças para baixo nas linhas
de pilares

Cabos concentrados nas linhas de pilares exercendo forças para cima, no vão, para balancear as
forças para baixo exercida pelos cabos uniformemente distribuídos e forças para baixo, nos pilares.

Figura 12 – Balanceamento de forças com cabos protendidos para distribuição regular dos pilares

Existem duas maneiras de acoplar estes dois conjuntos de cabos para obter o carregamento
para cima aproximadamente uniforme, a fim de facilitar a análise. No primeiro método, os
cabos são espaçados uniformemente em cada uma das direções e reagem contra os cabos
agrupados em faixas ao longo das linhas de pilares, em cada direção. Isto resulta em alguns
dos cabos em cada direção sendo agrupados em faixas sobre os pilares, e alguns
distribuídos uniformemente entre essas faixas (ver Figura 13). Este método funciona bem
quando os pilares estão arranjados em uma malha retangular.

A Figura 9 mostra os momentos fletores derivados de análises de grelhas de painéis


quadrados com diferentes configurações dos cabos. O balanceamento de forças fornecido
pelos cabos em cada direção é igual ao carregamento permanente. Na Figura 9c é dada a
distribuição mais uniforme de momentos e fornece uma distribuição prática dos cabos. Este
arranjo coloca 70% dos cabos nas faixas dos pilares e os outros 30% entre essas faixas.
Pode-se notar que, desde que a largura da faixa seja 0,4 vezes a largura entre duas faixas,

12
este arranjo é idêntico a colocar 50% dos cabos uniformemente distribuídos em toda largura
entre faixas e adicionar 50% concentrada na faixa. No entanto, como pode ser visto na
Figura 9 a distribuição detalhada não é crítica, contanto que sejam colocados cabos
suficientes na zona dos pilares, para dar segurança adequada contra a punção e o colapso
progressivo.

Figura – 13 Distribuição dos cabos em faixas, em cada direção

Quando o arranjo dos pilares é irregular, ou quando aberturas ou outras considerações


geométricas exigirem, pode ser usado um segundo método. Neste método a distribuição
uniforme dos cabos e a distribuição em faixas podem ser feitas, cada um, em apenas uma
direção (ver Figura 14). O potencial do segundo método torna muito claro quando se
examina pavimentos cujos pilares têm distribuição irregular. Por exemplo, na Figura 15a, os
pilares dos eixos pares são deslocados meio vão em relação aos pilares dos eixos ímpares,
mas os pilares em uma dada linha identificada por uma letra, estão alinhados.

Se o procedimento das faixas sobre pilares, ilustrado na Figura 15b, é considerado da


mesma forma que para pavimentos convencionais de concreto armado, cada vão que
começa numa faixa de pilar termina numa faixa central. Traçando os caminhos das forças,
uma análise racional e o lançamento da armadura tornam-se difíceis se não impossíveis e
obrigam o retorno à idéia básica de balanceamento de forças com cabos de protensão. A
distribuição uniforme dos cabos de protensão (paralelos as linhas da malha marcadas com
letras) pode ser realizada considerando a localização dos pilares. É necessário determinar
apenas os pontos altos dos perfis dos cabos (onde a curvatura é invertida e ocorrem as
forças para baixo) nas interseções dos cabos com as linhas numeradas da malha. Este
sistema então reage contra os cabos localizados nas linhas numeradas da malha como
mostrado na Figura 15c. Por esse processo , a reação da força gravitacional equilibrada
pelos cabos é transmitida diretamente aos pilares, sem nenhum esforço de flexão na laje.
13
Uma vez que a carga de balanceamento é tipicamente uma grande parte da carga
permanente, os erros na análise que se devem a considerações incorretas sobre o caminho
das cargas são função de carregamentos relativamente pequenos, e portanto são
pequenos. As possíveis conseqüências destes erros podem ser investigadas examinando o
comportamento do pavimento sob cargas adicionais.

Figura 14 – Faixa de cabos em uma direção e cabos uniformemente distribuídos na outra direção

As fissuras de flexão são iniciadas nas faces dos pilares e podem ocorrer sob níveis de
carregamento em serviço. Enquanto as fissuras continuam pequenas, elas não afetam o
comportamento da laje. A compressão devida à protensão retarda a formação de fissuras,
mas isto é menos eficiente no controle da fissuração que a armadura passiva situada no
topo das lajes, imediatamente adjacentes e sobre os pilares.

2.4.1 Critérios de lajes planas

Para um pavimento protendido ser considerado como laje plana, devem ser adotados os
seguintes critérios:

A pré-compressão deve ser aplicada em duas direções ortogonais:


Tanto os pavimentos sem fissuras, quanto as lajes com moderada formação de fissuras
funcionam como placas elásticas e homogêneas com comportamento bidirecional. A
localização do cabo num determinado ponto do pavimento não é crítica para o
comportamento bidirecional desde que a pré-compressão, que é um fator decisivo, seja em
geral aplicada ao pavimento no seu perímetro.

A pré-compressão nas bordas da laje é concentrada nas ancoragens, e se difunde


na laje com o aumento da distância à borda. Isto é verdade para pavimentos com
14
espessura uniforme assim como para pavimentos com vigas na direção da pré-
compressão. Pavimentos com faixas pós-tensionadas e pavimentos com vigas
largas e baixas também caracterizam a ação bidirecional nas regiões distantes
das bordas livres onde a pré-compressão é obtida em ambas as direções.

a) Laje plana com distribuição irregular dos pilares

b) Faixas de pilares e faixas centrais

c) Balanceamento das forças com cabos protendidos

Figura 15 - Balanceamento das forças para distribuição irregular de pilares

15
A experiência mostra que para a pré-compressão ser efetiva ela deveria ser de pelo menos
0,7 N/mm2 em cada direção.

A relação entre comprimento e largura de um painel não deveria ser maior que 2,0: isto se
aplica a lajes planas maciças, apoiadas por linhas ortogonais de pilares. Para relações
maiores que 2,0 a seção média tenderá a funcionar como laje unidirecional.

Relação das rigidezes nas duas direções:


A relação entre as rigidezes de uma laje em duas direções ortogonais não deve ser
desproporcional. Isto é mais provável de acontecer com seções transversais não-uniformes
como as nervuras. Para painéis quadrados esta relação não deve exceder 10,0, senão o
comportamento da laje se aproxima mais de estrutura unidirecional.

2.5 CISALHAMENTO

O método apresentado na BS8110(4) para cálculo do cisalhamento em vigas e lajes


unidirecionais pode ser usado. A BS8110(4) não apresenta um método para verificação do
cisalhamento em lajes planas pós-tensionadas. O método dado neste manual (ver 6.11.2)
combina os efeitos da protensão dados na Seção 4 da BS8110 com o método para
verificação de punção em concreto armado dado na Seção 3 da BS8110.

16
3. ARRANJO ESTRUTURAL

3.1 DISTRIBUIÇÃO DOS PILARES

A experiência em muitos países indica um vão mínimo de cerca de 7 metros para tornar a
protensão viável num pavimento de edifício. Entretanto são conhecidos exemplos de
pavimentos protendidos que se mostraram competitivos onde vão menores foram utilizados
por razões arquitetônicas, mas a protensão foi então viável apenas pela escolha da forma
mais adequada para a laje. Em geral a situação ideal é pensar em protensão desde a
concepção inicial da construção e escolher vãos maiores.

Na escolha da distribuição dos pilares e dos vãos para um pavimento protendido, muitas
possibilidades podem ser consideradas para otimizar o projeto, entre elas:

a) Reduzir o comprimento dos vãos externos ou, se as considerações


arquitetônicas permitirem, inserir pilares no perímetro para diminuir os balanços.
Consequentemente, os momentos fletores nos vãos externos serão reduzidos e
será obtida uma configuração mais adequada para os momentos fletores;
b) Reduzir, se necessário, a rigidez dos pilares para minimizar a perda de
protensão devida às restrições ao encurtamento da laje (ver Seção 3.3);
c) Onde os comprimentos dos vãos variarem, ajustar o perfil e o número de cabos
para proporcionar a sustentação necessária para cada vão. Geralmente isto será
igual a uma porcentagem da carga permanente para cada vão.

Uma vez definida a distribuição dos pilares, a consideração seguinte é o tipo de pavimento a
ser usado. Isto é determinado por fatores como comprimento dos vão, magnitude do
carregamento, forma arquitetônica e utilização da construção, exigências especiais como
serviços, local da construção, e custo dos materiais disponíveis.

3.2 ESPESSURA E TIPOS DE PAVIMENTOS

A espessura da laje deve obedecer a duas funções primordiais - resistência estrutural e


deformação. Vibração também poderia ser considerada onde existem apenas poucos
painéis. A escolha da espessura ou do tipo (placa sem capitéis, placa com capitéis, laje

17
nervurada ou laje e viga) também é influenciada pela resistência do concreto e pelo
carregamento. Existem várias alternativas de soluções para o mesmo problema e podem ser
necessários estudos preliminares a fim de determinar a solução mais econômica.

As informações contidas nas Figuras 16, 17 e 18 ajudam o projetista a fazer uma escolha
preliminar da seção do pavimento. A Figura 16 (derivada da Tabela 1) fornece capacidades
de cargas típicas para várias lajes planas e lajes unidirecionais para uma gama de relações
vão/espessura. Estas figuras são baseadas em experiências realizadas. A Figura 16 é
apropriada para todos os tipos de pavimentos protendidos. As Figuras 17 e 18 são
apropriados apenas para lajes planas, mas a Figura 17 não é adequada para lajes
nervuradas que não têm seção sólida sobre o pilar.

Neste estágio deve-se notar que o carregamento superposto usado nas Figuras 16, 17 e 18
consiste de todas as forças (permanentes e acidentais) inclusive o peso próprio. Os
métodos de cálculo utilizados para obter os gráficos das Figuras 17 e 18 são descritos na
Apêndice F.

Nota:
Este gráfico é derivado de valores empíricos dados na Tabela 1 para pavimentos de vãos
múltiplos. Para pavimentos de vão único, a espessura deve ser aumentada em
aproximadamente 15%.

Figura 16 - Seleção preliminar da espessura de pavimentos de vãos múltiplos

18
Figura 17 - Verificação preliminar da espessura de lajes sob cisalhamento, pilares internos

19
Figura 18 - Verificação do cisalhamento último para lajes planas na face de pilares internos

Notas:
1. Para dimensões de pilares diferentes de 300 x 300 a espessura da laje deve
ser multiplicada pelo fator (perímetro do pilar/1200);
2. A máxima tensão de cisalhamento para fcu igual ou superior a
40 N/mm2 é 5 N/ mm2;

Para fcu < 40 N/ mm2 a máxima tensão de cisalhamento é 0,8 fcu ;

Para fcu = 35 N/ mm2 multiplicar a espessura da laje pelo fator 1,06;


Para fcu = 30 N/ mm2 multiplicar a espessura da laje pelo fator 1,14;
3. O valor de d/h é assumido igual a 0,85;
4. A relação de Veff/V é assumida igual a 1,15;
5. Estas curvas não consideram os efeitos de distribuição elástica (ver Seção
6.6).

As lajes planas tendem a ultrapassar os limites das tensões devidas à punção nas áreas
próximas aos pilares, e freqüentemente exigem armadura adicional para combater o
cisalhamento nessas regiões. Os gráficos da Figura 17 proporcionam uma avaliação
preliminar da necessidade ou não de armadura de cisalhamento para seções dos tipos 1, 2,
3, 5 e 6 (todos os tipo de lajes planas) da Tabela 1. Como a resistência ao cisalhamento da
laje depende das dimensões dos pilares ou das cabeças dos pilares, cada gráfico foi traçado
para dimensões diferentes dos pilares.

20
Além disso, a resistência ao cisalhamento na face do pilar deve ser verificada. Isto pode ser
feito usando o gráfico da Figura 18. Este gráfico foi traçado para lajes com pilares de 300 x
300 mm, e para obter a capacidade de carga de lajes com pilares de outras dimensões, os
valores no gráfico devem ser multiplicados pela razão perímetro do pilar/1200.

O procedimento a seguir deve ser usado em conjunto com a Tabela 1, Figuras 16, 17 e 18,
para obter a seção da laje.

a) Conhecendo o vão e o carregamento, a Figura 16 ou a Tabela 1 podem ser


usadas para a escolha de uma razão vão/espessura adequada para o tipo de
seção considerada. A Tabela 1 também fornece uma verificação simples
para efeito de vibração.
b) Se seções tipo 1, 2, 3, 5 ou 6 forem escolhidas, verificar a resistência ao
cisalhamento, usando um dos gráficos da Figura 17 (dependendo do
tamanho do pilar). Obter a capacidade de carga da laje. Se o valor exceder
o carregamento, não será necessária armadura de cisalhamento. Caso
contrário, a armadura será necessária. Se a diferença dos valores for muito
grande deve-se aumentar a espessura da laje ou as dimensões do pilar.
c) Verificar a resistência ao cisalhamento na face do pilar usando o gráfico da
Figura 18. Se a capacidade resistente for excedida, aumentar a espessura
da laje e verificar novamente.

Deve-se notar que a Tabela 1 e a Figura 16 são aplicáveis somente para pavimentos de
vãos múltiplos. Para pavimentos de vão único deve-se aumentar a espessura em
aproximadamente 15%. As Figuras 17 e 18 são aplicáveis para ambos os tipo de pavimento
e forma traçadas usando um fator de carga médio de 1,5 (ver Apêndice F).

As Figuras 17 e 18 são ajustadas para pilares internos. Elas podem ser usadas para pilares
externos, considerando o dobro da área carregada para pilares de borda e quatro vezes
para pilares de canto. Assim considera-se que as bordas da laje estendem-se no mínimo
até a linha de centro do pilar.

21
Tabela 1 – Relações vão/espessura típicos para diversos tipos de seções de pavimentos de vãos
múltiplos
* Exigências adicionais se não for verificada vibração, para condições normais:
A) ou a laje tem ao menos quatro painéis e no mínimo 250 mm de espessura, ou tem ao menos oito
painéis e espessura mínima de 200 mm.
B) ou o pavimento tem ao menos quatro painéis e no mínimo 400 mm de espessura, ou tem ao
menos oito painéis e espessura mínima de 300 mm.

Tipo da seção Carregamento total Relação *


2
(kN/m ) vão/espessura
6 m ≤ L ≤ 13 m
1. Laje plana sólida
2,5 40
A
5,0 36

10,0 30

2. Laje plana com capitel


2,5 44
A
5,0 40

10,0 34

3. Laje plana com faixa sobre os


pilares laje viga
2,5 45 25 A

5,0 40 22

10,0 35 18

4. Laje plana nervurada


2,5 25
B
5,0 23

10,0 20

5. Laje plana nervurada com capitéis


embutidos 2,5 28
B
5,0 26

10,0 23

22
Tabela 1 – Relações vão/espessura típicos para diversos tipos de seções de pavimentos de vãos
múltiplos (continuação)
6. Laje plana nervurada com faixas
sobre pilares 2,5 28
B
5,0 26

10,0 23

7. Laje nervurada
2,5 30
B
5,0 27

10,0 24

8. Laje com viga estreita laje viga


2,5 42 18
A
5,0 38 16

10,0 34 13

Notes:
1. Todos os painéis são assumidos quadrados
2. As relações vão/espessura não são afetadas pela cabeça do pilar
3. + É possível que os cabos de protensão sejam necessários apenas nas seções das
faixas e que a armadura passiva seja suficiente nas nervuras, ou vice-versa
++ Os valores da relação vão/espessura podem variar de acordo com a largura da viga.

3.3 EFEITO DAS RESTRIÇÕES AO ENCURTAMENTO DA LAJE

Deve-se permitir aos pavimentos pós-tensionados ter encurtamento para que a força de
protensão seja aplicada na laje(8,9). O encurtamento ocorre devido a:

a) Encurtamento elástico devido às forças de protensão;


b) Fluência devida às forças de protensão;
c) Retração do concreto.

O encurtamento elástico ocorre durante a protensão dos cabos, mas a fluência e a retração
são efeitos dependentes do tempo.

O pavimento será apoiado em pilares ou em combinações de pilares e paredes de núcleo.


Estes suportes oferecem restrições ao encurtamento da laje. Não existem regras
23
estabelecidas que possam ser usadas para determinar quando uma restrição é significativa.
Como orientação, se a protensão é inferior a 2 N/mm2, o pavimento não é muito comprido e
não existe mais de um apoio rígido, então os efeitos das restrições são usualmente
ignorados.

Um método simples de averiguar a restrição oferecida pelos apoios é calcular as


deformações elásticas, de fluência e de retração provocadas na laje e então calcular as
forças necessárias para deformar os apoios. A Figura 19 mostra dois pórticos simples nos
quais os pavimentos foram encurtados e os pilares foram forçados a deformar. A força em
cada pilar pode ser calculada pelo quanto ele foi forçado a se deformar e sua rigidez. A
rigidez pode ser calculada assumindo que o pilar é engastado nas duas extremidades.

Ponto
imobilizado

(a) Pavimento simétrico apoiado em pilares


Ponto
imobilizado

(b) Pavimento apoiado em pilares e em caixa de elevador de um lado

Figura 19 – Restrições ao encurtamento do pavimento


24
O cálculo das deformações elásticas, da fluência e da retração podem ser baseadas nos
valores dados pela BS8110(4). A deformação elástica pode ser baseada no módulo de
elasticidade no instante da protensão dos cabos. Se isso ocorre sete dias após a
concretagem, o módulo é aproximadamente 80% do módulo aos 28 dias. A fluência
depende da idade do concreto quando os cabos são protendidos, da umidade e da
espessura fictícia. A deformação por fluência é tipicamente 2,5 vezes a deformação
elástica. A retração será, geralmente, da ordem de 100 a 300.10-6, mas em algumas
circunstâncias ela pode chegar a 400.10-6.

Deformações típicas para um piso interno de 300mm com protensão de 2 N/mm2 podem ser:
Deformação elástica - 100.10-6
Fluência - 250.10-6
Retração - 300.10-6
Deformação total - 650.10-6

A análise seguinte é aproximada, mas conservativa e ignora qualquer deslocamento da


base do pilar ou rotação no topo. Uma análise mais precisa pode ser feita usando uma
estrutura plana com deformações impostas.

A força necessária para deformar cada pilar, conforme mostrado no Figura 19, pode ser
assumida como:
δi = εLT ⋅ li

12 ⋅ E c ⋅ Ι i ⋅ δ i
Hi =
(h p ) 3

Para fins de cálculo de Hi, o valor de E c Ι i para o pilar pode ser reduzido pela fluência no
pilar e, em alguns casos, pela fissuração. Uma redução de ao menos 50% para
propriedades elásticas imediatas é normalmente justificável.

A força de tração total no pavimento devida ao encurtamento é a soma de todas as forças


no pilar de um lado do ponto indeslocado. Na Figura 19a, a tração é H1+H2; na Figura 19b,
a tração é H1+H2+H3. Esta tração atua como redutora da protensão do pavimento. Se a
força de tração é pequena em comparação com a protensão, ela pode ser ignorada. Se a
força de tração é moderada, pode ser necessário subtraí-la da força de protensão para obter
a pré-compressão efetiva do pavimento. Mas se a restrição é tão grande que a flexão dos
membros verticais para acomodação do encurtamento não é possível, são necessárias
outras medidas. Isso pode incluir a liberação temporária dos vínculos. Porém, deve ser
lembrado que fluência e retração continuarão ocorrendo por mais de 30 anos.

25
4. MATERIAIS

4.1 CONCRETO

O concreto deve ser misturado, transportado, lançado e adensado de acordo com a


BS8110, Parte 1, Seção 6. A escolha do tipo do concreto e a classe será influenciada pela
durabilidade, resistência requerida nas primeiras idades, materiais disponíveis e fatores
econômicos. Atualmente as classes de concreto C35 e C40 são as mais usadas para pisos
protendidos com pós-tração.

Quando agregados leves forem utilizados, deve-se atender àas exigências especiais da
BS8110, Parte 2, Seção 5.

4.2 CABOS

4.2.1 Cordoalhas

Os materiais dos cabos utilizados em pisos de concreto pós-tensionados são normalmente


cordoalhas de 7 fios. Estas devem ser do tipo 2 (baixa relaxação) como descrito em
BS5896, Tabela 6.

4.2.2 Proteção dos cabos

4.2.2.1 Cabos não aderentes

Cabos não aderentes são protegidos por uma camada de graxa dentro de uma capa
plástica. Um exemplo é mostrado na Figura 20. Estes materiais devem obedecer às
recomendações apresentadas pela Referência 11.

26
Figura 20 – Disposição de cabos não aderentes.

Sob condições normais, as cordoalhas são fornecidas diretamente pelas indústrias, já


engraxadas e com a capa plástica. Em nenhuma circunstância deve-se utilizar o PVC como
capa protetora, uma vez que este material pode liberar íons de cloretos em certas
condições.

4.2.2.2 Cabos aderentes

Cabos aderentes são utilizados dentro de bainhas metálicas que podem ter a forma circular
ou oval. A Figura 21 apresenta um exemplo. Os cabos aderentes são usualmente
formados por 4 cordoalhas dispostas em um mesmo plano, que trabalham em conjunto com
um sistema de ancoragem. Com esta disposição atinge-se a máxima excentricidade.

Figura 21 – Disposição de cabos aderentes.

27
As bainhas são feitas de tiras de metal galvanizados dispostas em espiral. Estas, após a
protensão das cordoalhas, são preenchidas por calda de cimento, que tem como objetivo
proteger o cabo contra corrosão e criar aderência entre a estrutura e o cabo. Informações
adicionais podem ser obtidas na Referência 12.

4.2.3 Ancoragens

Os componentes ds ancoragens devem estar de acordo com a BS 4447. As Figuras 22 e


23 apresentam detalhes das ancoragens. No caso de ancoragens sem aderência, a
proteção contra corrosão estar de acordo com a Classe A definida na Referência 14. Deve-
se também incluir testes de fadiga com forças variando entre 60 a 65% da resistência
característica das ancoragens, com 2 milhões de ciclos.

Figura 22 – Ancoragem típica para cabos não aderentes

Figura 23 – Ancoragem típica para cabos aderentes

4.3 ARMADURA PASSIVA

A armadura passiva deve estar de acordo com a BS 4449.

28
5. REQUISITOS DO COBRIMENTO

O cobrimento nominal é função dos requisitos de durabilidade ou resistência ao fogo,


respeitando-se a condição mais desfavorável.

Cabos aderentes: o cobrimento dos cabos deve estar de acordo com os requisitos exigidos
para concreto protendido na BS8110, Parte 1, Cláusula 4.12.3, onde o cobrimento é medido
a partir da parte externa da bainha. Observa-se que o cobrimento até o centro do cabo será
maior que até o centro da bainha, uma vez que o cabo se encontra pressionado contra à
parede desta.

Cabos não aderentes: Não existem critérios de durabilidade para cabos não aderentes de
acordo com 4.2.2. Proteção contra fogo deve ser adotada conforme BS 8110, Parte 1,
Cláusula 4.12.3.1.3 e o cobrimento nominal até a superfície da capa de plástico não deve
ser inferior a 25mm. O cabo é normalmente especificado por um diâmetro nominal (por
exemplo, 12,9 ou 15,7 mm para cordoalhas com 7 fios); 3 mm adicionais devem ser
considerados para levar em conta a espessura da capa de plástico.

Armadura passiva: O cobrimento para a armadura passiva deve estar de acordo com os
requisitos para concreto armado da BS8110, Parte 1, Cláusula 3.3.

Ancoragens: O cobrimento para as ancoragens devem ser como o especificado para cabos
aderentes na BS8110, Parte 1, Cláusula 4.12.3.1.

Atenção deve ser dada à disposição tanto da armadura ativa como da passiva, respeitando-
se o requisito de cobrimento mais crítico (Seção 7.5)

29
6. METODOLOGIA DE PROJETO

6.1 INTRODUÇÃO

Esta seção considera os detalhes dos vários estágios da metodologia de projeto. Como na
maioria dos projetos de concreto armado e protendido, a metodologia de projeto é
usualmente de natureza iterativa, seguindo o seguinte ciclo:

1. Projeto preliminar;
2. Análise estrutural e verificações;
3. Revisão do projeto na medida do necessário;
4. Repetição dos itens 2 e 3 se necessário.

O cálculo é normalmente baseado em procedimentos semi-empíricos tais como o método do


pórtico eqüivalente. Cálculos mais rigorosos baseados por exemplo no Método dos
Elementos Finitos são raramente adotados. Estes devem ser utilizados em grandes projetos
com formas não usuais, onde o custo do projeto e a não aplicabilidade do cálculo empírico
os justificam.

O cálculo é normalmente realizado de acordo com a BS 8110, com os critérios adicionais


dados neste relatório. Normalmente considera-se primeiramente a resistência à flexão
calculada no Estado Limite de Utilização, sendo em seguida verificada a capacidade
resistente da peça à esforços cortantes e fletores no Estado Limite Último.

6.2 FLUXOGRAMA DE CÁLCULO

O fluxograma típico de cálculo é apresentado na Figura 24.

30
Figura 24 – Fluxograma de cálculo.

31
6.3 CÁLCULO BÁSICO

O cálculo de pavimentos de concreto protendido por pós-tração difere do procedimento de


cálculo do concreto armado pelo efeito positivo que a protensão dá à estrutura. No concreto
armado a armadura apresenta-se inicialmente sem tensões; a tensão na armadura resulta
da deformação e fissuração da estrutura submetida a carregamento. Desta forma pode-se
considerar que a armadura trabalha passivamente. Por outro lado, os cabos nos pisos de
concreto protendido são inicialmente tensionados pelos macacos, assim estes apresentam-
se sob tensão antes da estrutura ser carregada. A força no cabo é escolhida pelo projetista,
e praticamente não varia quando a estrutura esta sob a ação da carga permanente e
variável no Estado Limite de Utilização.

O cálculo através do pórtico eqüivalente pode ser realizado manualmente, usando o método
de distribuição dos momentos ou da flexibilidade, ou utilizando um programa computacional
de análise matricial. Existem no mercado alguns programas computacionais específicos
para sistemas de pisos protendidos. Estes programas não apenas realizam o cálculo do
pórtico sob ação das cargas de protensão e do carregamento aplicado, como também
calcula as tensões normais de flexão. Para uma análise mais complexa ou detalhada é
necessária a utilização do Método dos Elementos Finitos ou das grelhas. Qualquer que seja
a técnica utilizada para o cálculo estrutural deve-se levar em consideração além das cargas
permanentes e variável, as cargas provenientes da protensão.

6.4 DISPOSIÇÃO ESTRUTURAL

A escolha da disposição estrutural e das dimensões dos elementos foi discutida na Seção 3,
e é provavelmente a decisão mais importante do projeto. A não ser quando a experiência
prévia ou fatores determinantes ditarem a forma exata do projeto, várias possibilidades
devem ser estudadas, apesar do projetista poder limitar o número de soluções considerando
as diversas restrições e por um cálculo preliminar mais grosseiro e avaliações de custo.

Com referência à espessura das lajes e à resistência do concreto, as relações entre


disposição estrutural, espessura da laje e carregamento já forma apresentadas na Seção 3.
A determinação da altura de um elemento estrutural deve ser realizada logo na fase inicial
do processo de cálculo. Isto pode ser melhor obtido assumindo o valor de cerca de 70% do
de um elemento equivalente de concreto não-protendido.

32
6.5 CARREGAMENTO

O carregamento para o Estado Limite de Utilização deve considerar a carga permanente e


os efeitos da carga de protensão atuando em combinações com a carga variável que
resultem em tensões máximas. A não ser quando da presença de cargas anormais,
geralmente será suficiente considerar o efeito da protensão combinada com as carga
variáveis como dado na BS8110, Parte 1, Cláusula 4.3.3.

Na transferência da protensão a avaliação das tensões deve ser realizada considerando


apenas o peso próprio agindo em conjunto com os efeitos da carga de protensão sem
considerar o efeito das perdas por fluência, retração e relaxação. No caso em que o
carregamento varia significativamente durante a fase de construção ou no caso da aplicação
da protensão em fases, o limite das tensões devem ser analisados nos vários estágios.

Para o Estado Limite Último a BS8110, Parte 1, Tabela 2.1, Cláusula 4.3.3 apresenta as
combinações de carregamentos. Estas combinações devem ser consideradas no cálculo do
momento fletor máximo e da força cortante máxima em qualquer seção. Efeitos secundários
da protensão (hiperestáticos de protensão) devem ser incluídos no carregamento com um
fator de carga igual a 1.0 (Seção 6.9).

6.6 ANÁLISE DE PÓRTICOS EQÜIVALENTES

É usual dividir a estrutura em subestruturas em cada direção. Cada pórtico usualmente


comporta uma linha de pilares juntos com o sistema de vigas e lajes na largura de um
painel. Os pórticos selecionados para a análise devem cobrir todos os tipos de elementos
da estrutura completa.

As extremidades dos pilares mais distantes do pórtico podem ser geralmente assumidas
como fixas, a menos que uma extremidade articulada seja claramente mais razoável (por
exemplo, no caso de aparelhos de apoio nas extremidades).

O uso do método do pórtico equivalente não leva em consideração automaticamente a


distribuição elástica das cargas nas duas direções. Ele dará diferentes reações de apoio na
análise em duas direções ortogonais, a não ser que a largura escolhida da laje coincida com
os pontos de cisalhamento nulo na outra direção. Normalmente as faixas internas de lajes
terão a largura total do painel. Entretanto para uma painéis de geometria regular, o
penúltimo pórtico terá mais que a metade da largura no lado da faixa de borda (ver Figura
33
25). Uma vez que a reação em cada coluna é tomada com o maior dos valores calculados
nas duas direções, o erro será pequeno. Entretanto, quando o lado e o arranjo dos pilares
das bordas é diferente dos pilares internos, a largura da laje deve ser estimada mais
precisamente. Isto garantirá a correta seleção do número de cabos protendidos, com o
perfil apropriado para o pórtico que está sendo analisado.

Pode-se notar que estes efeitos elásticos são automaticamente levados em consideração
quando o piso é analisado pelo Método das Grelhas ou o Método dos Elementos Finitos.

Independentemente da técnica de cálculo usada, deve-se garantir que as hipóteses


adotadas sejam apropriadas à estrutura analisada. Em particular, a protensão aplicada em
dois pórticos adjacentes não deve ser muito diferente, senão a protensão do pórtico mais
tensionado irá dissipar-se nos pórticos adjacentes.

Figura 25 – Efeitos de distribuição elástica das cargas

34
A BS8110, Parte 1, Seção 3.7.2 apresenta uma definição clara da divisão de lajes planas
em sub-pórticos ou painéis. Outros métodos também podem ser utilizados.

Atualmente é usual analisar estas estruturas usando programas computacionais de pórticos


planos. Entretanto, quando o cálculo é realizado manualmente através do método da
distribuição dos momentos, a rigidez, coeficientes de distribuição e os momentos de
engastamento devem ser calculados. Isto pode ser bastante complicado para seções
variáveis, capiteis e "drop-panels" e, embora seja frequentemente ignorado em cálculos
manuais, o efeito do momento de inércia completo das vigas sobre a rigidez das faixas
sobre pilares pode ser significativo, particularmente para pilares largos.

Pode-se notar que a BS8110, Parte 1, Seção 3.7.2.6 permite a redução do momento
negativo para aquele nas faces das colunas, o que igualmente se aplica aos elementos
protendidos.

6.7 TRAÇADOS DOS CABOS E BALANCEAMENTO DE CARGAS

O traçado do cabo ideal é aquele que produz um diagrama de momentos com a mesma
forma, mas com sinal oposto, do diagrama de momentos da carga aplicada. Isto nem
sempre é possível por causa das condições variáveis de carregamento e das limitações
geométricas (ver Seção 5).

Pode-se notar que nos sistemas de protensão com aderência o centróide das cordoalhas
não coincide com o centróide da bainha. Isto é particularmente verdadeiro no caso de
bainhas circulares. Mais informações podem ser encontradas na literatura.

No caso mais simples, para uma viga simplesmente apoiada sujeita a carga uniformemente
distribuída, o diagrama de momentos fletores é parabólico, assim como é o traçado de cabo
ideal. A flecha total do diagrama parabólico de momento esta relacionado com a flecha do
cabo (ver Figura 26), e é limitada pela altura da seção e pelo cobrimento mínimo do cabo.
Nos apoios o cabo tem excentricidade nula e assim não existe momento fletor devido à
protensão nesta região,.

O traçado dos cabos não são sempre simétricos. Entretanto, o ponto de máxima ordenada
da parábola (flecha) está ainda no centro do trecho entre os pontos de inflexão, mas pode
não corresponder ao ponto de máxima excentricidade do cabo.

35
Figura 26 – Traçado ideal de cabo

As forças aplicadas para cima no concreto pelo cabo com traçado parabólico do cabo, como
apresentado na Figura 26, são uniformemente distribuídas ao longo do cabo. Nas
extemidades do cabo as forças são aplicadas para baixo no concreto pelas ancoragens.
Estas forças estão em equilíbrio assim nenhuma força externa aparece. O conjunto de
forças aplicadas na estrutura pelos cabos são conhecidas como forças eqüivalentes ou
balanceadas, pois as forças para cima contrabalançam uma parte das forças devidas às
cargas permanentes e variáveis.

Para um cabo parabólico a força uniformemente distribuída eqüivalente, w, pode ser


calculada pela seguinte expressão:

w ⋅ s2 8 ⋅ Pva ⋅ a
= Pva ⋅ a ou w=
8 s2

onde,

• s= distância entre pontos de inflexão,


• a= flecha do cabo entre dois pontos de inflexão, e
• Pva= força média de protensão no cabo.

Usualmente, em cabos contínuos, o uso mais efetivo dos cabos na produção de forças
balanceadas é atingido quando o cabo passa pelo ponto mais baixo possível nas regiões de
momentos positivos, e passa pelo ponto maisl alto possível nas regiões de momentos
36
negativos. Desta forma, o perfil, e consequentemente as forças balanceadas, são elevados
ao máximo.

As forças equivalentes ou balanceadas podem ser aplicadas nos pórticos equivalentes de


forma a se obter os efeitos totais da protensão. Os efeitos totais são uma combinação dos
efeitos primários (isostáticos de protensão) e secundários (hiperestáticos de protensão),
como se descreve na Seção 6.9.

Está além do objetivo desta publicação dar um tratado extenso da teoria de protensão ou do
métodode balanceamento de cargas. Mais detalhes podem ser obtidos na Referência 16.

Em projetos com pós tração, é comum balancear (a grosso modo) igual porcentagem da
carga pemanente e das cargas variáveis em cada um dos vãos. Alguns projetistas iniciam o
projeto com uma idéia de qual o valor da carga desejam balancear, como uma fração da
carga permanente ou da carga total. Outros balanceam apenas a mínima parcela de carga,
tal que resultem tensões normais devidas às cargas não-balanceadas mais próximas
possíveis das máximas permitidas.

Este último procedimento é usualmente o mais econômico, entretanto não é sempre o mais
adequado para as flechas ou o congestionamento das armaduras passivas.

A Figura 27 ilustra um traçado ideal de cabo para um elemento com dois vãos e um balanço.
O perfis parabólicos resultam em cargas balanceadas w1, w2 e w3 como mostrado,
calculadas a partir do perfil do cabo e portanto das flechas.

Figura 27 – Traçado de cabo idealizado para dois vãos e um balanço.

37
A Figura 28 ilustra um elemento com dois vãos com perfis de cabos idealizados para gerar
uma carga uniforme para cima no vão 1 e uma concentrada para cima no vão 2. O efeito
concentrado é útil em elementos onde há transferência de carregamento de pilares ou
cargas concentradas similares.

Para os picos de momento nos apoios, é claro que na prática o cabo não pode apresentar
esta geometria e assim alguma aproximação deve ser realizada. Lembre-se que o pico está
onde o cabo está descarregando as cargas que assumiu devido ao seu formato parabólico
(Figura 29). Na prática, os traçados de cabos têm a forma apresentada na Figura 30.

A relação entre L'/L deve ser geralmente a menor possível e é usualmente tomada igual a
0,10. Apresenta-se no Apêndice apresenta informações de a geometria dos cabos
parabólicos pode ser calculada.

As forças balanceadas resultantes são apresentadas na Figura 31.

Figura 28 – Traçado de cabo idealizado para dois vãos e carga concentrada

38
Figura 29 – Forças descarregadas nos picos

Figura 30 – Representação prática de um traçado idealizado

Figura 31 – Forças balanceadas resultantes

Para uma parábola reversa no apoio a carga para baixo é dada por:

8 ⋅ P ⋅ a1
W1 = w 1 ⋅ s1 =
s1

e para o carregamento no meio do vão:

8⋅ P ⋅a2
W2 = w 2 ⋅ s 2 =
s2

39
Tomando-se L'/L igual a 0,10, como sugerido anteriormente:

s 2 = 4 ⋅ s1

Uma vez que as cargas para cima e para baixo devem ser iguais, então segue:

a1 a 2
=
s1 s 2
e assim,

a2
a1 =
4

As forças balanceadas para baixo e para cima devido à protensão podem assim serem
calculadas.

6.8 FORÇAS E PERDAS DE PROTENSÃO

Do instante em que os cabos de protensão são tensionados até o estágio final alguns anos
depois da aplicação da protensão, muitas perdas ocorrem reduzindo a tensão no cabo.
Estes perdas são agrupadas em duas categorias, denominadas:

1 - Perdas imediatas, que incluem

a) Perdas por atrito;


b) Perdas na ancoragem;
c) Perdas devido ao encurtamento elástico do concreto.

Estas perdas ocorrem durante a protensão e ancoragem dos cabos.

2 - Perdas progressivas, que incluem


a) Perdas por retração do concreto;
b) Perdas por fluência do concreto sob efeito da protensão;
c) Perdas por relaxação do aço.

Apesar destas perdas ocorrerem em um período de dez ou mais anos, a maior parte delas
acontece nos primeiros 2 anos. Normalmente as perdas reduzem a força de protensão de
40
aproximadamente 10% na transferência e 20 % após todas as perdas. O cálculo das perdas
é discutido com mais detalhes no Apêndice B.

6.9 EFEITOS SECUNDÁRIOS

Os efeitos secundários da protensão são algumas vezes "efeitos parasitas" mas isso dá uma
idéia de que os efeitos são indesejáveis e danosos. Este não o caso de fato. Para muitas
estruturas o momento secundário é um momento positivo que aumenta o momento devido à
carga aplicada no meio do vão, porém reduz o momento nos apoios. Em algumas
estruturas é possível "afinar" o efeito secundário ajustando a forma do traçado do cabo para
se obter a solução ótima. Este procedimento é mais utilizado em vigas do que em lajes.

As forças e momentos primários de protensão são resultado direto da protensão agindo com
uma excentricidade do centroide da seção. O momento primário numa seção é
simplesmente a soma dos produtos da força de cada cabo pela sua excentricidade; a força
cortante primária é a soma das componentes transversais das forças nos cabos e a força
axial primária é a soma das componentes axiais das forças nos cabos.

Quando um elemento da estrutura é protendido, a sua forma muda. Este sempre encurtará,
e fletirá se o centro de aplicação da força resultante de protensão não coincidir com o
centróide da seção (é possível, entretanto, selecionar um traçado de cabo que resulte em
rotação nula nas extremidades dos elementos)

Se o elemento é parte de uma estrutura estaticamente determinada, então mudanças de


forma não afetarão a distribuição das forças e momentos (Figura 32).

Figura 32 – Elementos protendidos como partes de estruturas estaticamente determinadas

Mas quando o elemento faz parte de uma estrutura hiperestática, a mudança que resulta da
protensão modificará as reações de apoio. Reações adicionais são requeridas para fazer o
elemento protendido passar pelos pontos de apoios e ter inclinação apropriada (Figura 33).

41
Figura 33 – Reações devidas a efeitos secundários em elementos protendidos

Estas reações secundárias resultam em forças e momentos secundários nos elementos.


Estes são tipicamente forças axiais e de cisalhamento constantes ao longo do vão e
momentos fletores uniformemente variáveis. O cálculo dos efeitos secundários pode ser
difícil quando são consideradas as fases de construção, a fluência e a retração (note-se que
os efeitos secundários não podem se desenvolver em balanços uma vez que eles são
estaticamente determinados). Métodos de cálculo dos efeitos secundários são
apresentados no Apêndice D.

As cargas eqüivalentes irão automaticamente gerar os efeitos primários e secundários


quando aplicadas às estruturas.

O cálculo no regime de utilização não requer separação dos efeitos primários e secundários,
e a análise usando as cargas eqüivalente é direta. Entretanto, no Estado Limite Último os
dois efeitos devem ser separados porque os efeitos secundários são tratados como forças
aplicadas. Os efeitos primários da protensão são levados em consideração incluindo-se as
forças nos cabos no cálculo da capacidade última da seção. O efeito primário da força e
momentos da protensão deve desta forma ser subtraído da carga equivalente para dar o
efeito secundário.

Para o cálculo do carregamento último do elemento, as forças e momentos secundários são


combinados com as forças e momentos últimos gerados pelo carregamento permanente e
variável. A BS8110 sugere que o fator de carga para os efeitos secundários deve ser igual a
1,0. O momento último pode ser redistribuído de acordo com BS8110, Parte 1, Seção 4.2.3.

42
6.10 CÁLCULO À FLEXÃO

6.10.1 Estado limite de utilização após todas as perdas

Os momentos fletores calculados nas condições de carga críticas dadas na Seção 6.5, inclui
o efeito dos cabos, geram as tensões de utilização de cada seção dadas por:

P M
Fibra superior: f t = +
Ac zt

P M
Fibra inferior: f b = −
Ac zb

onde,
• zt = Módulo resistente da seção para fibra superior;
• zb= Módulo resistente da seção para fibra inferior;
• M = Momento total não-balanceado;
• M = M A + Ms − P ⋅ e ;
• e = Excentricidade do cabo, tomada como positiva para baixo da linha neutra;
• MA = Momento devido às cargas permanentes e variáveis;
• Ms = Momento devido aos efeitos secundários de protensão.

6.10.1.1 Pisos em uma direção

Cabos aderentes: as máximas tensões de compressão e tração no concreto permitidas nos


pisos com cabos aderentes são apresentadas em BS8110, Parte 1, Seção 4.3.4.2 e 4.3.4.3.
A maioria dos edifícios satisfaz às condições de estruturas de Classe 3 e a natureza das
cargas deve ser considerada para decidir sobre a abertura limite de fissuras de 0,1 ou 0,2
mm (por exemplo, freqüência e duração).

Cabos não aderentes: as máximas tensões de compressão e tração no concreto permitidas


nos pisos com cabos não aderentes são as mesmas dos cabos aderentes e são
apresentadas em BS8110, Parte 1, Seção 4.3.4.2. As máximas tensões de tração no
concreto devem ser tomadas como as dadas para o grupo (b) na Tabela 4.2 da Norma, com
o limite de abertura de fissura de 0,1mm. Estes valores devem ser ajustados para a altura
da seção como dado na Tabele 4.3 da Norma. Se as tensões são elevadas devido o
aumento da armadura passiva como é permitido para cabos aderentes na BS8110, as

43
aberturas de fissuras e flechas devem ser rigorosamente verificadas. Todos os esforços de
tração no concreto devem ser suportados por armaduras passiva (ver Seção 6.10.5).

6.10.1.2 Lajes planas (vãos em duas direções)

As lajes planas podem ser analisadas por qualquer um dos dois métodos. O método mais
comum é analisar pórticos equivalentes em cada direção. Neste caso algumas
considerações devem ser feitas para os picos de momento sobre os pilares, como descrito
na Seção 2.4. A análise resulta em momentos e tensões médias através da largura do
painel. As tensões devem ser limitadas como apresentadas na Tabela 2.

A análise através de grelhas ou o Método dos Elementos Finitos pode ser utilizada, mas isto
é normalmente apenas justificado com pisos de configuração não usual ou onde o projeto
vai ser executado várias vezes (pavimentos repetidos), como em edifícios de grande altura.
Se tais técnicas de análise são usadas, de tal modo a levar em consideração a distribuição
do momentos e tensões através do painel, então é permitida a utilização das tensões
admissíveis dadas para pisos armados em uma direção. Particular cuidado deve ser
tomado na modelagem da ligação piso/pilar e nas interpolações de resultados obtidos.

Tabela 2 - Tensões médias permitidas em lajes planas (vão em duas direções), analisadas
utilizando o Método dos Pórticos Equivalentes
Localização Compressão Tração
Com armadura Sem armadura
aderente aderente
Apoio 0.24 ⋅ fcu 0.45 ⋅ f cu
0
Vão 0.33 ⋅ f cu 0.45 ⋅ f cu 0.15 ⋅ f cu
Nota: armadura aderente pode ser tanto cabos aderentes com armadura passiva.

Na Tabela 2, a zona de apoio deve ser considerada como qualquer parte do vão em
consideração no trecho 0.2 x L do apoio, onde L é o vão efetivo. Fora da zona é
considerado região do vão.

Uma armadura passiva calculada é necessária na zona de apoio de todas as lajes planas, e
no região do vão da laje com cabos não aderentes onde a tensão de tração exceder

0.15 ⋅ f cu . O cálculo desta armadura é apresentado na Seção 6.10.5.

44
6.10.2 Condições de transferência

As tensões durante a transferência devem ser verificadas para todos os pisos. Isto é
aparentemente mais oneroso para pisos com grandes carregamentos impostos.

A armadura passiva deve ser calculada de maneira similar à da armadura no Estado Limite
de Utilização (ver Seção 6.10.5).

6.10.2.1 Pisos com vão em uma direção

A BS8110, Parte 1, Cláusula 4.3.5.1, apresenta, no caso de pisos em uma direção, o limite
para a tensão de compressão no concreto durante a transferência de 0,5.fci na fibra externa
(ou 0,4.fci para distribuição aproximadamente uniforme de tensões), onde fci é a resistência
do concreto na transferência. A Cláusula 4.3.5.2 apresenta limites para as tensões

permitidas de tração no concreto, os quais, para maioria dos edifícios, será 0.36 ⋅ f ci .

6.10.2.2 Lajes planas (vãos em duas direções)

As tensões limites dadas na Tabela 2 para o Estado Limite de Utilização também são
aplicadas na condição de transferência para as lajes analisadas utilizando-se o Método dos
Pórticos Equivalentes, entretanto, fcu deve ser substituído por fci. Para lajes analisadas pelo
método das grelhas ou Elementos Finitos, as tensões permitidas são aquelas dadas para
pisos com vão em uma direção.

6.10.3 Estado limite último

A verificação do Estado Limite Último é necessária em todos os pisos em adição aos


cálculos no Estado Limite de Utilização. Nesta condição, as cargas permanentes e variáveis
majoradas são consideradas em conjunto com o efeito de segunda ordem da protensão (ver
Seção 6.9). Os efeitos primários da protensão são considerados como parte da resistência
da seção. Uma armadura passiva adicional pode ser necessária para proporcionar a
capacidade de momento adequada.

A BS8110, Parte 1, Seção 4.3.7, apresenta um roteiro das hipóteses necessárias para o
cálculo das tensões no concreto e na armadura passiva, e as tensões permitidas para os
cabos de protensão. Na seção anterior, a equação 52 para cabos não aderentes foi

45
desenvolvida a partir de resultados experimentais, nos quais a tensão nos cabos e o
comprimento da zona de inelasticidade no concreto foram determinados. Considera-se o
desenvolvimento no piso tanto de zonas elásticas como inelásticas e o comprimento da
zona inelástica é tomado como 10 vezes a profundidade da neutro.

O alongamento do concreto ao nível dos cabos pode ser considerado desprezível nas zonas
elásticas e o alongamento na zona inelástica é assumido uniforme sobre o comprimento, L,
do cabo. Esta discussão pode ser encontrada em mais detalhes nas Referências 29 e 30.

Assim, para pisos simplesmente apoiados existe apenas uma zona inelástica associada à
ruína, porém nos pisos contínuos o número de zonas inelásticas requeridos para ruína é
mais complexo (ver Figura 34). O comprimento do cabo, L, na equação 52 pode ser
modificado, tendo em mente que se o cabo não é contínuo para todo o comprimento do
piso, ele pode não incluir todas as zonas inelásticas necessária para ruptura. É desta forma
prudente assumir não mais que uma zona inelástica por vão e não mais que duas para o
comprimento total.

46
Figura 34 – Zonas de inelasticidade requerida na ruptura de membros contínuos.

6.10.4 Colapso progressivo

Quando o colapso progressivo envolve o uso de cabos não aderentes em elementos


críticos, a máxima tensão na cabo não aderente não deve exceder 0,85.fpu. Isto assegura
que as ancoragens não estão sobretensionadas, e protege contra a ação catenária.

47
Em elementos não aderentes existe também o risco que se os cabos forem acidentalmente
sobrecarregados existirá uma progressão de falha no comprimento total dos cabos. Isto é
particularmente relevante para elementos com vão em uma direção , tais como vigas,
nervuras e lajes apoiadas em vigas ou paredes.

No caso de elementos com vão em uma direção onde o colapso progressivo horizontal é
preocupante, faz-se necessário o reforço com armadura passiva. Esta deve ser obtida de
forma a satisfazer o carregamento constituído da carga permanente mais um terço da carga
variável (DL+1/3LL) com o fator de majoração de 1,05, e o fator de minoração de resistência
dos materiais de acordo com a BS8110, Parte 1, Cláusula 2.4.3.2, para "efeitos de cargas
excepcionais ou de dano localizado". As armaduras devem esta de acordo com os limites e
disposições normais da BS8110.

As evidências experimentais e práticas nos Estados Unidos da América têm estabelecido


que estes problemas não ocorrem em faixas internas das lajes planas devido ao efeito
global de placa e membrana. A possibilidade de colapso horizontal progressivo nas bordas
e cantos dos painéis de lajes planas deve ser considerada. Estes painéis devem estar
preparados para suportar uma situação onde os cabos paralelos ao lado são
sobrecarregados. Esta providência pode tipicamente ser fornecida por armadura no painel
ou na viga de borda.

6.10.5 Cálculo da armadura passiva de flexão

A armadura passiva adicional deve ser calculada para suportar toda a força de tração
gerada pela adoção de tensões normais de flexão no concreto para os seguintes casos:

• Em todos os locais de pisos com vão em uma direção com armadura não-
aderente;
• Em todos os locais de pisos com vão em uma direção onde as tensões no
concreto durante a transferência excederem 0.36 ⋅ f ci ;
• Nas regiões dos apoios em quaisquer lajes planas;
• Nas regiões dos vãos em lajes planas com cabos não aderentes onde as
tensões de tração excederem 0.15 ⋅ f cu .

A armadura deve ser calculada, com referência à Figura 35, para trabalhar com tensões de
5/8fy, como segue:

48
− f ct ⋅ h
h−x =
f cc − f ct

O valor de fct será negativo na tração.

− f ct ⋅ (h − x ) ⋅ b
Fl =
2
Ft
As =
(5 / 8) ⋅ f y

A armadura deve ser calculada para tensões no Estado Limite de Utilização, após todas as
perdas de protensão e condições de transferências. Esta deve ser posicionada nas regiões
de tensões de tração, o mais próximo possível das fibras externas (ver Seção 7.5). Sob
condições de transferência a armadura geralmente é disposta na face oposta daquela
utilizada após as todas as perdas.

No Estado Limite Último, uma armadura passiva adicional pode também ser necessária (ver
Seção6.10.3). A armadura disposta para o Estado Limite de Utilização pode também ser
utilizada no cálculo do momento máximo no Estado Limite Último.

A armadura calculada deve ser verificada quanto aos requisitos mínimos dados na Seção
6.10.6.

Figura 35 – Tensões na seção utilizadas no cálculo da armadura passiva.

6.10.6 Armadura passiva mínima

Quando resistências ao fogo em incêndios requeridas forem superiores a 2 horas, é


recomendado que uma armadura contra o destacamento seja colocada no teto, quando
nenhum outro reforço estiver disponível.
49
6.10.6.1 Pisos de vão em uma direção

Cabos aderentes: não há requisitos de armadura mínima para cabos aderentes para pisos
com vão em uma direção. É considerado que estes pisos contem com suficiente ação de
aderência entre cabos e concreto para distribuir as fissuras de flexão. Cuidados devem ser
tomados para garantir armadura suficiente contra fissuração antes da aplicação da
protensão, se não houver uma protensão logo nas primeiras idades.

Cabos não aderentes: pisos com vão em uma direção com cabos não aderentes devem ter
uma armadura mínima de acordo com BS8110, Parte 1, Tabela 3.27, Figura 3.24 e 3.25.
Esta armadura deve ser distribuída através de toda a largura da lajes de acordo com as
regras de espaçamento dadas na BS8110, Parte 1 Seção 3.12.11.

6.10.6.2 Lajes planas (vãos em duas direções)

Todas as lajes planas devem ter uma armadura passiva mínima na região dos pilares para
distribuir as fissuras. A área da seção transversal desta armadura será pelo menos 0,075%
da seção transversal bruta de concreto (0.00075.Ac), e deve ser concentrada entre linhas
que estão 1,5 vezes a altura da laje de cada lado da largura do pilar. A armadura deve ser
posicionada o mais próximo possível da face superior do piso, obedecendo-se aos critérios
de cobrimento e à localização dos cabos, e deve se estender no mínimo de 0,2.L para
dentro do vão ou o valor necessário de cálculo (ver Seção 6.10.1 e 6.10.2). O máximo
espaçamento entre fios ou barras deve ser de 300mm.

Na região do vão, não há requisitos mínimos. Entretanto, quando cabos não aderentes são
utilizados, normalmente faz-se necessário calcular uma armadura passiva para a parte
inferior da laje. (ver Seção 6.10.1). Esta armadura deve se estender em uma distância de
no mínimo de 0,2.L, medida do centro do apoio. Ela deve ser disposta com espaçamento de
3 vezes a espessura da laje ou 500mm, prevalecendo o menor dos dois valores.

6.10.6.3 Bordas da Laje

Armadura passiva deve ser disposta ao longo das bordas de todas as lajes. Isto deve incluir
barras em U enlaçadas com pelo menos duas barras longitudinais na parte superior e na
parte inferior, como mostrado na Figura 38. Ver também Seção 6.12. Armaduras devem
ser dispostas na área triangular não protendida entre as ancoragens. Ver Seção 6.13.
50
6.11 RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO

6.11.1 Vigas e lajes com vão em uma direção

O método apresentado em BS8110, Parte 1, Seção 4 deve ser utilizado.

Onde cabos não aderentes são utilizados, o valor de Vc na equação 55 de BS8110 deve ser
reduzido pelo fator 0,9 como recomendado por Regan(19).

6.11.2 Lajes planas (punção)

A BS8110 não apresenta nenhum roteiro para verificar a punção para lajes protendidas
planas. O grupo de trabalho que preparou este manual considerou um conjunto de
diferentes métodos, visando satisfazer às seguintes premissas:

• Diretrizes de projeto de acordo com outras normas internacionais;


• Aumento da resistência à punção para o caso de cabos aderentes;
• Aumento da resistência à punção quando há cabos concentrados na
vizinhança dos pilares;
• Um método de cálculo que complemente a BS8110 sempre que possível;
• Um método de projeto que permita uma transição gradual do concreto armado
para o concreto protendido e permita situações onde a laje é protendida em
apenas uma direção.

O seguinte método atinge essas premissas e é recomendado.

Calcular o efeito da força cortante, Veff, de acordo com a BS8110, Cláusula 3.7.6.

A resistência ao cisalhamento, Vc, é obtida pela adição das contribuições de cada um dos
lados do perímetro de cisalhamento crítico, como dado na BS8110, Cláusula 3.7.7. A
resistência ao cisalhamento de cada lado do perímetro crítico deve ser calculada de acordo
com a BS8110, Cláusulas 4.3.8 e 4.4, com as modificações a seguir.

As lajes planas geralmente não são fortemente protendidas e desta forma serão governadas
pelo cálculo de "seções fissuradas por flexão", usando a equação 55 (BS8110, Cláusula
4.3.8.5). A equação 55, entretanto, não proporciona uma transição suave entre o concreto
armado e protendido por causa do termo:

51
Ppe
1 − 0,55 ⋅
Ppu

Para estruturas pouco protendidas a inclusão do deste termo na equação 55 pode levar a
uma resistência ao cisalhamento menor que a da mesma laje calculada sem protensão. Isto
é obviamente incorreto. A Associação Britânica de Cimento(31) comparou recentemente
várias formas de cálculo do cisalhamento com resultados de ensaios da literatura e concluiu
que a equação 55 seria mais consistente com os resultados experimentais se o termo acima
fosse omitido. Desta forma é recomendado que a resistência ao cisalhamento de cada lado
do perímetro crítico seja calculado pela equação 55 modificada como segue:

V
Vcr = v c ⋅ b v ⋅ d + M o ⋅
M

onde, vc, bv e d são os valores para o lado relevante do perímetro crítico.

O valor de vc deve ser calculado levando-se em consideração as áreas As e Aps para cabos
aderentes de acordo com BS8110, Cláusula 4.3.8.1. Entretanto a presença de cabos não
aderentes deve ser desprezada no cálculo de vc. Nenhuma redução é considerada
necessária (por exemplo, como sugerido na Referência 17, pagina 98).

O momento de descompressão, Mo, deve ser calculado para a largura do lado do perímetro
crítico sob consideração. Deve-se notar que os efeitos axiais da protensão, P/Ac, são
uniformemente distribuídos sobre a largura da lajes, enquanto o efeito do momento da
protensão (Pe+Ms) é concentrado na local dos cabos no perímetro crítico. Assim as duas
contribuições para Mo têm que ser calculadas separadamente como segue (para região de
momentos negativos):

M o = 0.8 ⋅ P ⋅ Z *t / A c + 0.8 ⋅ P * ⋅ e *

onde,

• 0.8 = fator de segurança da protensão (BS8110, Cláusula 4.3.8);


• P = Força total de protensão, sobre todo o painel, após todas as perdas;
• Ac = Área da seção transversal do concreto para toda a largura do painel;
• Z *t = módulo resistente para fibra superior sobre a largura de um lado do
perímetro crítico;

52
• P* = Força total de protensão para todos os cabos que passam através do lado
do perímetro crítico;
• e* = a excentricidade da força de protensão, P*, no perímetro crítico, medido
como positivo para baixo do centroide.

O valor de V/M deve ser calculado para o caso do carregamento sob consideração,
normalmente aquele que gera o maior valor de Veff. V/M deve estritamente ser calculado no
local do perímetro crítico mas pode ser calculado conservativamente no centro do pilar.
Para um pilar interno típico, V/M irá variar de 5.5/L até 6.0/L, dependendo da relação entre
a carga permantene e a variável, onde L é o comprimento do vão.

6.11.3 Aberturas nas lajes

Os cabos devem ser contínuos e desviados horizontalmente para evitar pequenas


aberturas. Se os cabos terminarem em bordas de grandes aberturas, tais como aberturas
para escadas, uma análise deve ser realizada para garantir resistência suficiente e
comportamento adequado. Bordas em torno de aberturas podem ser reforçadas de modo
similar ao das lajes de concreto armado convencionais, no caso de grandes aberturas,
cabos de protensão suplementares podem ser utilizados para aumentar a resistência das
borda em torno das aberturas.

6.12 REFORÇO DE FENDILHAMENTO NAS ANCORAGENS

Uma armadura é usualmente requerida para resistir às tensões de tração causadas pela
concentração de forças aplicadas na ancoragens. A uma certa distância da borda do piso
(ou da ancoragem) é possível assumir que a distribuição das tensões é a distribuição
clássica linear e depende apenas da magnitude e posição da resultante das forças aplicadas
nas bordas do piso.

Entre as bordas e a região onde as tensões já estão regularizadas, as linhas de força são
curvas e proporcionam o crescimento de tensões de tração transversal nas direções
perpendiculares à direção da força aplicada.

As Figuras 36 e 37, adaptadas da Referência 18, ilustram a variação da força de protensão,


manifestando-se ela mesma como uma força de fendilhamento significativa, dependendo da
ancoragem e das dimensões geométricas relativas do piso.

53
Figura 36 – Tensões de fendilhamento em uma viga retangular sujeita a força axial simétrica

Figura 37 – Distribuição das tensões de fendilhamento

Na existência de um grupo de ancoragens, como é comum no caso de cabos agrupados em


faixas, as zonas de tensões de fendilhamento tanto para as ancoragens individuais ou como
para as coletivas devem ser consideradas, e uma armadura deve ser adequadamente
disposta.

Cuidado deve também ser tomado para garantir que a aplicação da protensão em diversas
fases nos grupos de ancoragem não crie condições de fendilhamento que podem ser mais
críticas. Se estas condições não puderem ser evitadas, deve-se adicionar armaduras de
modo adequado.
54
A BS8110, Parte 1, Seção 4.11 fornece o valor das forças de tração por fendilhamento de
cálculo, de modo similar ao da Figura 35, e limita a tensão no aço a 200N/mm2 no Estado
Limite de Utilização. É sugerido que as barras com fy=4600N/mm2 sejam utilizadas nesta
armadura. Alternativamente as forças de fendilhamento e a distribuição podem ser
determinadas por métodos mais rigorosos, como sugerido em Guyon(20). Em alguns casos
pode-se mostrar que o concreto é capaz de suportar o fendilhamento sem a adição de
armadura. No Estado Limite Último para cabos não aderentes, somente, requisitos de
armadura devem ser verificados de acordo com a BS8110, Cláusula 4.11.3. Esta
verificação do Estado Limite Último em geral não é determinante.

Onde as ancoragens são agrupadas ou onde a distribuição das ancoragens não reflete a
distribuição do concreto na seção transversal, pode ser necessário incluir uma armadura de
equilíbrio para prevenir o fendilhamento entre as ancoragens. Também quando ancoragens
ocorrerem no interior da área do piso ao invés do perímetro, pode ser necessário incluir uma
armadura de "continuidade". Esta armadura se estende paralelamente ao cabo passando
pela ancoragem para limitar fissuras adjacentes à ancoragem. Estes efeitos são discutidos
em Manual CIRIA No. 1 (21).

Fornecedores de sistemas de pós tração usualmente testam seus sistemas de ancoragens


em prismas de concreto, reforçados de maneira similar àquela encontrada na prática e
usando um prisma de dimensões similares às espessuras, larguras, etc., comumente
encontradas nas obras. Tais testes podem ser considerados utilizando-se a BS8110, Parte
1, Seção 2.6 para modelar satisfatoriamente as condições de obra e a armadura pode ser
considerada adequada uma vez que se observem fatores de segurança apropriados.

Dois exemplos que mostram o cálculo e o detalhamento da armadura de fendilhamento são


apresentados no Apêndice E.

6.13 REFORÇO ENTRE AS ANCORAGENS DOS CABOS

A Figura 43 apresenta uma área de laje entre ancoragens de cabos, que requer uma
armadura que deve se estender na zona livre de tensões. Quaisquer cabos de protensão
que passem por esta zona, paralela à borda da laje, podem ser considerados juntamente
com a armadura principal, desde que ela esteja na zona de tensões de tração.

55
A área da armadura de tração (e/ou cabos protendidos) colocada paralelamente à borda da
laje deve resistir aos momentos fletores provenientes da carga vertical última calculada para
uma laje contínua de vão La. Esta armadura deve ser regularmente distribuida na largura
igual a 0.70.La , e deve ser contínua ao longo da borda.

A área de armadura disposta perpendicularmente à borda da laje deve ser maior que 0.13%
b.h, ou um quarto da armadura paralela à borda. Ela deve ser colocada regularmente entre
as ancoragens e se estender de La ou 0.70La mais o comprimento da ancoragem dentro da
laje.

6.14 FLECHA E VIBRAÇÃO

6.14.1 Flecha

Este é um limite do estado de utilização relacionado com a estrutura completa. A


deformação da estrutura ou parte dela não deve afeta sua aparência ou seu desempenho.

O flecha final calculada (incluindo os efeitos de temperatura, fluência, retração e


arqueamento), medida abaixo da linha entre os suportes do piso e do teto, não deve
exceder L/250.

Em adição, partições internas, rebocos e fechamentos podem ser afetados pela flecha, os
deslocamentos devem ser limitadas de acordo com a BS8110, Cláusula 3.2.1.2 (4).

Como roteiro para lajes sólidas protendidas, contínuas com dois ou mais vãos em cada
direção, a relação vão/altura da seção geralmente não deve exceder 42 para pisos e 48
para coberturas. Estes limites podem ser aumentados para 48 e 52 respectivamente, se um
calculo detalhado demonstrar comportamento aceitável considerando deformações a curta e
longa duração, empenamento e vibrações. Baixas relações vão/altura serão normalmente
utilizadas em lajes com elevadas relações entre as cargas variáveis/permanentes. A
relação entre o vão e a altura não deve exceder 35 para lajes mistas tipo "waffle".

6.14.2 Vibração

Pisos protendidos são usualmente delgados ou com vão maiores que os pisos não
protendidos. Eles desta forma tendem a ter freqüências naturais mais baixas e maiores
considerações devem ser dadas ao desempenho dinâmico dessas estruturas.
56
O Instituto de Construções em Aço publicou um manual de projeto para vibrações em pisos.
Este manual cobre todos os tipos de excitações em edifícios, reações humanas à vibração,
cálculo das freqüências naturais, resposta de pisos e procedimentos de projeto.

Apesar dele ter sido elaborado para verificação da aceitabilidade de pisos leves de
estruturas mistas com vigas de aço, a maior parte do manual é relevante para qualquer
sistema de pisos. O Apêndice G apresenta procedimentos baseados no manual para
verificar pisos protendidos em malhas retangulares. A vibração não deve ser problema para
edifícios de escritório em geral, se a altura das lajes é maior ou igual aos valores
apresentados na Tabela 1.

Para locais mais sensíveis ou para lajes mais finas que os critérios acima, uma análise da
reposta dinâmica dos piso deve ser efetuada.

6.15 CONCRETOS COM AGREGADOS LEVES

Considerações adicionais para o uso de concretos com agregados leves são dadas na
BS8110, Parte 2, Seção 5(4), e no manual do Structural Use of Lightweight Aggregate
Concrete(23).

As tensões de tração admissíveis dadas na Seção 6.10.1 e 2 podem ser reduzidas pelo fator
de 0,8; entretanto, as tensões de compressão admissíveis não precisam ser reduzidas.

Na BS8110, Parte 2, Cláusula 5.4(4), a máxima tensão de cisalhamento admissível é dada


pelo menor dos seguintes valores: 0.63 ⋅ f cu ou 4N/mm2. Estes valores são 0.8 vezes os

valores dados para o concreto de densidade normal. Entretanto, este limite é relacionado
com o limite de compressão da biela, e não com a tensão de ruptura por tração. Pelo ponto
de vista da Comissão de Trabalho as limitações para o concreto de densidade normal, o
menor dos valores 0.8 ⋅ f cu ou 5N/mm2, pode também ser utilizado para concreto com

agregados leves.

57
7. DETALHAMENTO

(Também deve-se tomar como referência o "Standard method of detailing structural


concrete"(24))

7.1 DISTRIBUIÇÃO DOS CABOS

Vários métodos para a distribuição dos cabos podem ser usados. Estes métodos são
discutidos na Seção 2.4.

Em situações de sobrecargas excepcionais, os cabos que passam pelas interseções


pilar/pavimento são mais efetivos que cabos em outras posições. É portanto recomendável
que no mínimo dois cabos passem por esta região.

Para lajes nervuradas ou vigas, a distribuição dos cabos é ditada pelo espaçamento dos
elementos.

7.2 ESPAÇAMENTO DOS CABOS

O máximo espaçamento para cabos uniformemente distribuídos não deve exceder seis
vezes a espessura da laje para cabos não aderentes ou oito vezes a espessura da laje para
cabos aderentes.

Os cabos não aderentes podem ser posicionados em grupos caso seja necessário. É
recomendável que os cabos agrupados sejam colocados lado a lado e não excedam quatro
cabos por grupos.

A distância mínima horizontal entre bainhas ou grupos de cabos deve ser maior que 75mm
ou a largura do grupo/bainha.

Caso seja necessário arranjar os cabos em camadas verticais em vigas ou nervuras, então
é recomendado que o espaçamento entre as camadas seja pelo menos a dimensão vertical
do cabo ou bainha. No caso de cabos aderentes onde bainhas metálicas ovais são
utilizadas, é recomendado que suas posições sejam deslocadas para facilitar o lançamento
do concreto.

58
Se as tolerâncias no posicionamento dos cabos não são definidas, os valores na tabela 3
podem ser adotados.

Tabela 3 - Tolerâncias no posicionamento dos cabos


Espessura Tolerâncias
da laje Horizontalmente Verticalmente
h < 200mm ± h/40 ± 20mm
h > 200mm ± 5mm ± 20mm

7.3 REPRESENTAÇÃO DOS CABOS

A reconhecida representação padrão dos cabos para desenhos é mostrada na Figura 38. É
recomendado que esta figura seja incluída na legenda de todos os desenhos de disposição
dos cabos.
Quantidade de cabos, comprimento, cor de código, alongamento
Sequência de colocação (quando necessário)
Distância da linha de referência até o
linha central do grupo de cabos
0,40
1
Uma cordoalha
Verde ∆ = 215

0,80
1
Duas cordoalhas
31,5 m

1,20
15 x

3
Três cordoalhas
1,60
5
Quatro cordoalhas
2,00
7
Cinco cordoalhas
1 x 10,67 (adicionado) 2,40
7
Vermelho ∆ = 75 Extremidade
2,80
9
Cordoalhas adicionais

3 x 24,50 (thru)
Azul ∆ = 165
Será marcado com um dos
Nota: símbolos apresentados acima
Quando aparecer mais de um símbolo em um grupo
Borda da laje
de cabos, o número de cordoalhas é igual a
somatória das quantidades designadas pelos

Figura 38- Método de representação para o uso nos desenhos com a disposição dos cabos

A Figura 39a apresenta um exemplo que utiliza este sistema de legenda para mostrar os
grupos de cabos e os tipos de ancoragens, juntamente com a sequência dos cabos,
detalhada. Esta figura tem como base a referência 24 modificada pelas recomendações
apresentadas ao longo deste documento.
59
Os perfis dos cabos nas direções longitudinais e transversais são mostrados utilizando uma
escala exagerada para as dimensões verticais. Estes perfis são usualmente dados da face
inferior da laje até a linha central da bainha(ou duto) e são representados em intervalos de
1m. Seções mais próximas podem ser necessárias para curvas verticais acentuadas. Para
facilitar a colocação no lugar, desenhos esquemáticos são detalhados, dando a posição
vertical do cabo da face inferior da laje até a face inferior do cabo.

7.4 APOIO DOS CABOS

O perfil do cabo é crítico para o desempenho estrutural do pavimento. Portanto recomenda-


se que as distâncias dos apoios não excedam 1 m. Para lajes nervuradas ou vigas, as
barras de suporte podem ser adequadamente presas por arames. Pingos de solda podem
usados, mas isto torna qualquer ajuste difícil.

A Figura 39b mostra uma típica disposição das barras se suporte. A atual disposição pode
ser modificada pelo contratante dependendo do sistema de apoio adotado, desde que o
perfil especificado para o cabo seja atendido e o apoio fornecido seja adequado.

60
Figura 39- Cabos da laje cogumelo e detalhamento da disposição dos apoios

61
Figura 40- Disposição da armadura passiva da laje cogumelo

7.5 DISPOSIÇÃO DA ARMADURA PASSIVA

A Figura 40 apresenta um exemplo da armadura passiva que é sempre necessária nas


bordas e na face superior das lajes cogumelo sobre os pilares. É também mostrada a
armadura necessária na face inferior da laje no meio do vão para algumas aplicações de
projeto. Ver a Seção 6.10 para maiores detalhes.

7.5.1 Nos pilares

A armadura deve ser colocada na face superior da laje sobre os pilares. O cálculo desta
armadura é descrita na Seção 6.10.5 com as exigências mínimas dadas na Seção 6.10.6. A
Figura 41 mostra o típico arranjo dos cabos e da armadura passiva ao redor de um pilar

62
Figura 41- Arranjo da armadura sobre um pilar

7.5.2 Armadura de cisalhamento

A armadura de cisalhamento em lajes cogumelos, se necessária, é usualmente na forma de


estribos ou grampos, embora estejam disponíveis armaduras de cisalhamento
industrializadas. Conectores tipo pino também podem ser usados. Veja Figuras 41 e 42 e a
Seção 6.11 para maiores detalhes.

Figura 42- Armadura de cisalhamento industrializadas.

7.5.3 Nas ancoragens e entre elas

Uma adequada quantidade de armadura deve ser colocada nos blocos de extremidade de
ancoragem para evitar o fendilhamento do concreto. Um exemplo de cálculo para
determinar a quantidade desta armadura é dado no Apêndice F.

63
Outras armaduras devem ser colocadas nas áreas entre as ancoragens determinadas por
planos a 45º (Figura 43).

Figura 43 – Áreas entre os cabos que necessitam de armadura

7.6 PERFURAÇÕES E ABERTURAS EM PAVIMENTOS

Cabos não aderentes podem ser desviados ao redor das aberturas já que são relativamente
flexíveis (ver Figura 44). A mudança de direção no cabo deve ocorrer distante da abertura,
e barras de canto devem ser colocadas para evitar possíveis quebras dos cantos.

Figura 44- Cabos não aderentes desviados ao redor de uma abertura

A bainha oval utilizada em cabos aderentes é muito rígida na direção transversal, e não
pode ser curvada ao redor das aberturas. Neste caso, as aberturas deverão ser limitadas as
áreas entre os cabos.

A perfuração de lajes acabadas não é um problema para lajes nervuradas onde as posições
dos cabos estão, de fato, definidas. Cabos grauteados, contanto que o graute seja efetivo,
podem ser cortados sem perdas significativas de protensão. Entretanto, quando cabos não
64
aderentes são utilizados, deve-se ter o cuidado de locar os cabos antes da remoção do
concreto. Os cabos podem ser cortados e reativados, mas é recomendado que este
trabalho seja realizado por um especialista.

7.7 DETALHES CONSTRUTIVOS

7.7.1 Extensão da concretagem

No caso de cabos aderentes, usualmente as perdas por atrito limitam o comprimento do


cabo a 25m, para protensão por apenas uma extremidade, e a 50 m para cabos protendidos
pelas duas extremidades. A menor perda por atrito para os cabos não aderentes aumentam
estes valores para 35m e 70m respectivamente. Maiores comprimentos são aceitáveis, mas
as perdas por atrito devem ser cuidadosamente consideradas.

Estas limitações usualmente determinam a extensão da concretagem. Os cabos


protendidos podem ser contínuos através de juntas construtivas, permitindo grandes áreas
sem nenhuma junta permanente. Repartições e adaptações devem ser feitas, de acordo
com a boa prática, para acomodar as variações de temperatura prevendo-se de juntas de
dilatação em grandes lajes.

7.7.2 Juntas de construção

Geralmente as juntas de construção devem ser feitas nas vizinhanças de um quarto e a um


terço do vão dos apoios.

A ligação de cisalhamento ,de acordo com a boa prática, deve ser feita pela introdução de
uma tela de chapa expandida, pelo picotamento da superfície do concreto anteriormente
lançada ou pela introdução de uma chave de cisalhamento.

Em lajes longas, podem ser introduzidas ancoragens intermediárias que permitem a


protensão ser contínua através da junta construtiva (ver Figura 45). Alternativamente faixas
intermediárias podem ser utilizados, mas deve-se notar que estas não serão protendidas.
Estas faixas são concretadas depois que a protensão das seções adjacentes é completada
(ver Figura 46). Esta operação deve ser adiada pelo maior tempo possível para reduzir os
efeitos de retração e fluência.

65
Figura 45- Ancoragem intermediária numa junta construtiva

Figura 46- Faixas intermediárias para o acesso do macaco hidráulico

Na avaliação do movimento de dilatação ou retração das juntas das lajes desde o tempo do
lançamento do concreto, uma deformação de 650 x 10-6 pode ser considerada como normal.
O efeito de secagem causado por ar condicionado pode aumentar este valor para
1000 x 10-6.

O uso de pinos perpendiculares à direção de protensão deve ser evitado já que isto pode
impedir que a protensão seja transferida para a laje. Geralmente os pinos devem ser
evitados em lajes protendidas em duas direções.

66
7.7.3 Proteção das ancoragens

Os cabos são normalmente ancorados dentro do terço médio da laje para garantir um
adequado cobrimento da lateral para a ancoragem. As formas dos nichos para as
ancoragens devem ser grandes o bastante para permitir um adequado corte dos cabos após
a protensão, garantindo assim um bom cobrimento de extremidade para a cordoalha. O
corte deve ser realizado utilizando-se disco de corte ou tesoura hidráulica (ver Figuras 47 e
48). Em nenhuma circunstância o cabo deve ser cortado por maçaricos. As fôrmas dos
nichos são normalmente unidades de plásticos ou poliestireno expandido que fazem parte
dos dispositivos de fixação da ancoragem. Ancoragens fixadas nas formas são mostradas
na Figura 49. É recomendável para cabos não aderentes que, após o corte da cordoalha,
as cunhas e a extremidade da cordoalha sejam cobertas com graxa de especificação similar
àquela usada nos cabos e que uma capa impermeável seja aplicada sobre a área
engraxada (ver Figura 50). O cobrimento mínimo de extremidade para esta capa deve ser
de 25 mm.

Figura 47- Corte de uma cordoalha utilizando disco de corte

Figura 48- Corte de uma cordoalha utilizando uma tesoura hidráulica feita para este propósito

67
Figura 49- Ancoragens para cabos não aderentes: fixadas na forma

Figura 50- Capa plástica preenchida com graxa para proteger as cordoalhas e as cunhas de aperto

Os nichos para as ancoragens são particularmente vulneráveis ao ingresso de umidade e


portanto é essencial que eles sejam preenchidos com uma argamassa que não sofra
retração o mais rápido possível após se completar a protensão (ver Figura 51). Antes da
colocação da argamassa nesse nicho, a superfície do concreto deve receber uma camada
de adesivo adequado. Em nenhuma circunstância a argamassa deve conter cloretos ou
outros materiais que possam ser prejudiciais ao aço de protensão.

Figura 51- Bloco de ancoragem selado com argamassa

68
7.7.4 Escoramento

O escoramento pode ser necessário para que as ações construtivas possam ser
seguramente suportadas nos estágios iniciais da construção, e isto deve ser considerado
pelo projetista de maneira similar a uma construção de concreto armado comum.

7.7.5 Procedimentos de protensão

As forças de protensão, os alongamentos e a sequência devem ser especificados nos


desenhos. Isto tem que ser planejado de tal modo que a protensão seja aplicada o mais
uniformemente possível, e que nenhuma sobrecarga ocorra na forma. Os cabos das faixas
são usualmente protendidos primeiro para se assegurar isto, é o caso da Figura 52. Deve
ser evitado, sempre que possível, o uso de diferentes forças para os cabos de mesmo
tamanho.

Figura 52- Protensão das faixas de cabos na extremidade da laje

Em elementos onde uma protensão mais cedo é desejada para reduzir os riscos de uma
fissuração prematura por retração, é comum que a protensão seja feita em dois estágios. O
primeiro estágio é usualmente 50% da força final de protensão, e é aplicada tão logo o
concreto obtenha a resistência adequada para que as ancoragens sejam usadas. Esta
resistência do concreto está geralmente entre 12 e 15 MPa.

7.7.6 Marcação da face inferior da laje

As posições dos cabos em lajes cogumelos não são aparentes após a conclusão da
concretagem. Uma prática recente tem sido marcar locais da face inferior da laje onde o

69
cobrimento do cabo é menor que a profundidade de penetração dos fixadores de elementos
de forro e instalações de serviço. Uma ilustração de uma marcação típica é mostrada na
Figura 53. As regiões não pintadas indicam que não há cabos. As regiões escuras indicam
que os cabos estão próximos à face inferior e a regiões brancas indicam que os cabos estão
próximos à face superior da laje.

Figura 53- Marcação da face inferior da laje para indicação da posição dos cabos

70
8. DEMOLIÇÃO

8.1 GERAL

São necessárias precauções especiais para a demolição de estruturas de concreto


protendido, e é indicado que sejam obtidas recomendações de um especialista em
protensão antes do planejamento da demolição.

Duas referências que fornecem informações úteis são o manual de procedimentos da FIP (25)
e a publicação do PTI (26) sobre a demolição de lajes protendidas.

8.1.1 Estruturas com cabos aderentes

Estas estruturas podem ser normalmente demolidas utilizando os métodos de demolição


reconhecidos. Entretanto, é de fundamental importância que, durante os estágios iniciais,
seja apurado que injeção é efetiva.

8.1.2 Estruturas com cabos não aderentes

Neste caso a energia introduzida nos cabos é apenas suportada pelas ancoragens. A
liberação dessa energia ocorrerá sobre o comprimento total do cabo não importando onde
ele é cortado. A sequência de liberação dos cabos deve ser planejada em detalhes para
levar em conta a capacidade da estrutura suportar as cargas permanentes sem a protensão
e a introdução de apoios temporários onde seja necessário. Precauções de segurança
devem ser tomadas próximo as ancoragens, embora um recente trabalho experimental
tenha mostrado que a maior parte da energia é dissipada por atrito, pelo desencunhamento
e pela quebra do cobrimento de concreto (27).

71
APÊNDICES

MANUAL DE PROJETO DE PAVIMENTOS DE CONCRETO PROTENDIDO

Apêndice A: Exemplos de cálculo


A.1 Laje maciça com cabos não aderentes
A.2 Laje com comportamento unidirecional
com cabos aderentes e não aderentes

Apêndice B: Cálculo de perdas de protensão

Apêndice C: Cálculo da geometria do cabo

Apêndice D: Cálculo dos hiperestáticos de protensão usando


cargas equivalentes

Apêndice E: Cálculo e detalhamento da armadura de


fretagem nas ancoragens

Apêndice F: Hipóteses adotadas para o cálculo da capacidade


portante dada nas Figuras 17 e 18

Apêndice G: Vibração de pavimentos de concreto protendido

NOTA:

Em alguns dos cálculos dados, há casos onde valores arredondados estão


mostrados nas equações, mas os resultados são obtidos com base em valores não-
arredondados.

75
ÍNDICE DOS APÊNDICES

Apêndices ________________________________________________________ 75
Apêndice A: Exemplos de cálculo _____________________________________ 77
Exemplo 1: laje plana maciça com cabos não aderentes __________________ 78
A1.1 Estado Limite de Serviço ______________________________________ 82
A1.2 Estado limite último__________________________________________ 112
A1.3 Armadura passiva mínima (Veja também A1.1.3) __________________ 117
A1.4 Resumo da armaduras ativas e passivas_________________________ 118
A1.5 Verificação da punção _______________________________________ 119
Exemplo 2: Pavimento com sistema unidirecional, com cabos aderentes e não-
aderentes _____________________________________________________ 123
A2.2 Estado limite último__________________________________________ 145
A2.3 Armadura passiva mínima ____________________________________ 151
A2.4 Resumo das armaduras ativas e passivas ________________________ 151
Apêndice B: Cálculo das perdas de protensão___________________________ 153
B.1 Perdas por atrito nos cabos:____________________________________ 153
B.2 Perda por encunhamento ______________________________________ 155
B.3 Encurtamento elástico da estrutura ______________________________ 157
B.4 Retração do concreto _________________________________________ 157
B.5 Fluência do concreto _________________________________________ 158
B.6 Relaxação dos cabos _________________________________________ 158
Apêndice C: Cálculo da geometria dos cabos ___________________________ 161
Apêndice D: Cálculo dos efeitos secundários (hiperestáticos) usando cargas
equivalentes _____________________________________________________ 165
Apêndice E: Cálculo e detalhamento da armadura de fretagem na ancoragem _ 169
Exemplo 1: ____________________________________________________ 169
Exemplo 2 _____________________________________________________ 171
Apêndice F: Verificação simplificada do cisalhamento_____________________ 178
Apêndice G: Vibração dos pisos de concreto pós-protendidos ______________ 180

76
APÊNDICE A: EXEMPLOS DE CÁLCULO

INTRODUÇÃO

Dois exemplos são dados. O primeiro tem como base o uso de cabos não
aderentes em uma laje cogumelo. No segundo exemplo tanto cabos aderentes
como cabos não aderentes são utilizados num sistema laje-viga com
comportamento unidirecional. Os exemplos mostram as diferenças que aparecem
devido as variações da forma estrutural e do tipo de cabos, e ilustram os diferentes
métodos de cálculo que podem ser adotados. Os procedimentos utilizados nos
exemplos são extremamente semelhantes aos adotados atualmente no cálculo de
estruturas semelhantes.

77
EXEMPLO 1: LAJE PLANA MACIÇA COM CABOS NÃO ADERENTES

São utilizados pórticos equivalentes para modelar a laje em cada uma das direções.
Os momentos máximos de cálculo são obtidos por uma combinação das cargas
permanentes e acidentais com as forças equivalentes geradas pela protensão dos
cabos. Neste método de análise, nos lugares onde os cabos estão ancorados
longe da linha neutra da laje ou inclinados em relação a ela (tanto nas extremidades
da laje ou no interior do vão onde alguns cabos sejam interrompidos), seu efeito
pode ser considerado através da introdução de forças concentradas e/ou momentos
nestes pontos.

A planta do pavimento e o esquema de um pórtico transversal da estrutura estão


mostrados na Figura A1. Neste exemplo serão analisados os pórticos dos eixos 5
(transversal) e B (longitudinal). Os cálculos são feitos considerando toda a largura
da faixa.

A estrutura é verificada quanto aos Estados Limites Últimos e de Utilização. Estas


verificações são feitas para três etapas da vida útil da estrutura: na transferência da
protensão, durante a construção (quando geralmente, às duas semanas de idade, a
laje terá de suportar o seu peso próprio, o peso próprio do piso acima do seu que
estará sendo concretado e as cargas de construção) e em serviço.

Propriedades dos Materiais

Propriedades do concreto:

fcu = 40 N/mm2
fci = 25 N/mm2 (resistência na transferência da protensão)
Ec = 28 kN/mm2 (módulo de elasticidade aos 28 dias)
Eci = 21,7 kN/mm2 (módulo de elasticidade na transferência da
protensão segundo a BS8110, Parte 2, Seção 7)

Propriedades da armadura aderente (passiva):


fy = 460 N/mm2

78
Propriedades do aço de protensão:
cordoalhas de 12.9 mm com capa de polietileno de alta densidade ou
polipropileno e com lubrificação e proteção contra corrosão como
detalhado na Seção 4.2.2.

Pk = 186 kN (resistência característica do cabo)


Aps = 100 mm2 (área do cabo)
fpu = 1860 N/mm2 (resistência característica do aço de protensão)
Epe = 195 kN/mm2 (módulo de elasticidade)

Carregamento

Cargas impostas

Acabamentos: divisórias 1,0 kN/m2


revestimento 1,2 kN/m2
instalações 0,5 kN/m2
forro 0,5 kN/m2
Total 3,2 kN/m2
Carga acidental: edifício comercial 4,0 kN/m2
Total de cargas impostas: 7,2 kN/m2

Da Figura 16 vê-se que seria adequado utilizar altura da laje de 210mm. No


entanto, para reduzir a necessidade de armadura de cisalhamento (ver Figura 17),
optou-se por utilizar uma altura de 225mm.

Peso-próprio 5,4 kN/m2


(usando peso específico de 24 kN/m3)
Carga permanente total 8,6 kN/m2
Carga acidental total 4,0 kN/m2

Cargas a considerar durante a construção:

Cargas devidas a construção:


Peso próprio do piso acima 5,4 kN/m2
Carga adicional de construção 1,5 kN/m2
Total 6,9 kN/m2
Dividindo esta carga proporcionalmente entre os dois pisos abaixo do
piso em construção (uso de cimbramento): 3,45 kN/m2

79
Peso próprio do piso em questão 5,40 kN/m2
Carga total durante a construção por piso: 8,85 kN/m2

Pior caso de carregamento:

Caga permanente + carga acidental 12,6 kN/m2

Balanceamento das Cargas

Neste estágio do dimensionamento, é recomendado determinar a parcela do


carregamento que será balanceada pela protensão. A experiência do projetista
pode simplificar esta operação. Neste exemplo, optou-se por balancear toda a
carga permanente (o balanceamento das cargas é discutido com mais detalhe na
Seção 6.7 deste relatório).
A

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

350 350 350 350 350 350 350 350 350 350
A

Pilares externos 30 x 30
700

B
450

Pilares internos 50 x 50
C
Planta do pavimento
A Dimensões em cm
C B A
360

Eixo da laje do próximo piso


360

450 700 Eixo da laje do próximo piso

Seção AA - Pórtico transversal

Figura A1 – Planta do pavimento e esquema do pórtico transversal do Exemplo1

Configuração dos Cabos

Prescrições de acordo com a Seção 5 deste manual para o cobrimento:


para adequada proteção contra corrosão 25 mm
para 1,5 horas de resistência ao fogo 25 mm
Usar cobrimento nominal de 25mm.

80
As distâncias do face superior da laje para os cabos de protensão e para a
armadura passiva estão mostradas na Figura A2. O posicionamento da armadura
deve ser considerado neste estágio de forma a obter um arranjo prático da
armadura nos apoios internos.

Verificação preliminar ao esforço cortante

Tomando-se a altura da laje de 225mm, verifica-se a resistência à punção e a


resistência ao cortante na face do pilar, tanto para pilares internos como externos.

25mm (cobrimento) φ16mm

Cabo longitudinal Cabo e bainha φ16mm


(12.9+3)

(a) Direção transversal

25mm (cobrimento) Cabo transversal φ16mm

Cabo e bainha φ16mm


(12.9+3)

(b) Direção longitudinal

Figura A2 – Posicionamento dos cabos de protensão e da armadura passiva

Pilares internos (500x500)

A carga da laje sobre os pilares internos será maior do que a carga correspondente
à metade do vão devido à distribuição elástica (ver item 6.6). Para este exemplo,
uma estimativa razoável consiste em aumentar em 20% a área equivalente do
pavimento (fator de correção de 1,2).

Área equivalente do pavimento = 1,2 (3,5 + 2,25) x7 = 48,3m2

Da Figura 17b vê-se que, para uma carga imposta total de 7,2kN/m2 e área
equivalente do pavimento de 48,3m2, alguma armadura será necessária para
resistir ao esforço cortante para uma altura de laje de 225mm.

81
Da Figura 18, vê-se que a verificação para a tensão máxima de cisalhamento

( 0,8 fcu ou 5 N/mm 2 ) é atendida.

Pilares de borda (300x300)

As Figuras 17 e 18 foram criadas para pilares internos. Para que estas figuras
possam ser utilizadas para pilares de borda, a área carregada deve ser dobrada.

Área equivalente do pavimento = 2 x 3,5 x 3,5 = 24,5m2

Da Figura 17a vê-se que, para uma carga imposta total de 7,2kN/m2 e área
equivalente do pavimento de 24,5m2, não será necessário armadura para resistir ao
esforço cortante para uma altura de laje de 225mm.
Da Figura 18, vê-se que a verificação da tensão máxima de cisalhamento

( 0,8 fcu ou 5 N/mm 2 ) é atendida.

A1.1 ESTADO LIMITE DE SERVIÇO

A1.1.1 Direção Transversal

Estabelecendo as excentricidades limites dos cabos (Figura A2) e a posição dos


pontos de inflexão – a 0,1 vezes o vão, do centro dos apoios – a configuração dos
cabos pode ser determinada (ver Apêndice C).
C B A

49 25,32
112,5
18,27
225
87,16 87,16
18,27

150 1509 2091 3256 2344


450 450 700 700 150
450 700
Esc Vert = 10 x Esc Horiz

Figura A3 – Configuração dos cabos transversais

82
Determinação da flecha máxima do cabo

Assumindo-se que a configuração do cabo é parabólica, representada pela


expressão:

y = k ⋅ x ⋅ (s − x )

e que sua flecha máxima acontece no meio do vão, pode-se calcular o valor desta
flecha. Do Apêndice C sabe-se que

k = 2,69 x 10-5 e s = 3600mm

Daí, para x = 1800mm, tem-se y = 87,16mm.

Neste estágio, as perdas de protensão são arbitradas como se segue:

• 10% da força aplicada pelo macaco, na fase de transferência da


protensão;
• 20% da força aplicada pelo macaco, na fase em serviço.

Após o cálculo das tensões faz-se uma verificação completa para conferir se essas
hipóteses de 10% e 20% de perdas são aceitáveis. Se não o forem, uma outra
estimativa deve ser feita e o processo repetido.

Protensão Inicial

A força de protensão inicial foi tomada como 70% da resistência característica (ver
BS8110, Parte 1, Cl 4.7).
Para a direção transversal, o cabo será tracionado apenas na extremidade
correspondente ao eixo A.

Cálculo de Pav:

Força aplicada pelo macaco = 130,20 kN/cabo


Força de protensão na transferência (10% de perdas) = 117,18 kN/cabo
Força de protensão em serviço (20% de perdas) = 104,16 kN/cabo

83
Em seguida, o valor da força de protensão necessária em cada vão é calculada.
Isto é feito utilizando-se a carga balanceada escolhida de 8,6 kN/m2 (carga
permanente), a distância entre os pontos de inflexão s, e a flecha a, como mostrado
na Figura A4.

C B A

87,16 87,16

s = 3600 s = 5600

Esc Vert = 10 x Esc Horiz

Figura A4 – Flechas para o balanceamento das cargas

A força de protensão é obtida a partir da equação a seguir, a qual supõe uma


configuração parabólica para o cabo.

w ⋅ s2
Preqd =
8a

Para o vão CB,

8,6 ⋅ 7 ⋅ 3600 2
Preqd = = 1119kN
8 ⋅ 87,16 ⋅ 1000

e o número de cabos,

1119
n CB = = 10,7 tentar 11 cabos por faixa
104,16

Para o vão BA,

8,6 ⋅ 7 ⋅ 5600 2
Preqd = = 2707kN
8 ⋅ 87,16 ⋅ 1000

84
e o número de cabos,

2707
nBA = = 25,99 tentar 26 cabos por faixa
104,16

Como é necessário utilizar um número maior de cabos no vão maior do que no


menor, 15 cabos serão interrompidos no ponto de inflexão do vão CB, próximo ao
apoio B. Quando as perdas forem calculadas mais precisamente, a diferente
configuração da força de protensão nestes cabos mais curtos deve ser
considerada.

O efeito dos cabos na laje é considerado através das forças radiais equivalentes,
como será mostrado a seguir. As forças radiais equivalentes são tratadas com
mais detalhe no Apêndice D e na Seção 6.9 deste manual. Deve-se notar que as
partes dos cabos da extremidade da laje até as linhas de eixo A e C são horizontais
e, portanto, não contribuem para as forças equivalentes.
w

P1 P2

Figura A5 – Cálculo das forças radiais equivalentes devidas aos cabos

A força equivalente w entre dois pontos de inflexão para um número n de cabos é


dada por:

8 ⋅ a ⋅ n ⋅ Pav
w=
s2

onde:
• n é o número de cabos;
• a é a flecha no ponto considerado;
• s é como mostrado na Figura A5;
• Pav é a força média fornecida por cada cabo.

85
Quando os cabos estão ancorados dentro do vão, como neste exemplo, forças
equivalentes adicionais podem ser produzidas pelas condições de ancoragem do
cabo. Isto deve ser incluído na análise dos pórticos para obter os diagramas de
momentos fletores e esforços cortantes. Essas forças são constituídas por uma
componente horizontal e outra vertical aplicadas no ponto de ancoragem.

Tabela A1 – Cálculo das forças equivalentes devidas aos cabos transversais na fase de
transferência e após todas as perdas
C B A

Forças equivalentes na fase de transferência


Cabos com comprimento total (n=11)
n x Pav (kN) 1289,0 1289,0 1289,0 1289,0 1289,0 1289,0
a (mm) 18,3 -87,2 25,3 25,3 -87,2 18,3
s (mm) 900 3600 900 1400 5600 1400
w (kN/m) 232,6 -69,4 322,3 133,2 -28,7 96,1
Cabos curtos (n = 15)
n x Pav (kN) - - 1757,7 1757,7 1757,7 1757,7
a (mm) - - 25,3 25,3 -87,2 18,3
s (mm) - - 900 1400 5600 1400
w (kN/m) - - 439,6 181,7 -39,1 131,1
Total - w (kN/m) 232,6 -69,4 761,9 314,9 -67,7 227,2

C B A
Forças equivalentes após perdas
Cabos com comprimento total (n=11)
n x Pav (kN) 1145,8 1145,8 1145,8 1145,8 1145,8 1145,8
a (mm) 18,3 -87,2 25,3 25,3 -87,2 18,3
s (mm) 900 3600 900 1400 5600 1400
w (kN/m) 206,8 -61,6 286,5 118,4 -25,5 85,4
Cabos curtos (n = 15)
n x Pav (kN) - - 1562,4 1562,4 1562,4 1562,4
a (mm) - - 25,3 25,3 -87,2 18,3
s (mm) - - 900 1400 5600 1400
w (kN/m) - - 390,7 161,5 -34,7 116,5
Total - w (kN/m) 206,8 -61,6 383,3 158,4 -60,2 202,0

A Figura A6 abaixo mostra o efeito da ancoragem em termos de forças equivalentes


adicionais aplicadas na laje.

86
-Psen α P

Pcos α
-e Cabo
Centróide

Figura A6 – Forças equivalentes na ancoragem

A componente vertical da força no cabo é fácil de ser calculada e deve ser aplicada
na laje como uma carga concentrada vertical no ponto onde o cabo é ancorado. A
componente horizontal gera um momento positivo em torno do centróide da seção
devido à sua excentricidade em relação a ele, e deve ser aplicada desta forma na
laje.

Deve-se notar que a posição do cabo na ancoragem pode ser arranjada de forma
que o cabo fique na horizontal (eliminando a componente vertical) e no centróide da
seção (eliminando o momento gerado pela excentricidade). Neste exemplo, as
ancoragens nas extremidades dos cabos de comprimento total atendem a esses
requisitos e não há cargas adicionais geradas.

Força vertical = Psenα

Momento devido à excentricidade no ponto de inflexão = Pcosα x e

Para um cabo parabólico:


dy 2ax
= 2
dx s

e, portanto,

2a
sen α =
s

87
Consequentemente:

2 ⋅ 25,32
sen α = = 0,1125
450
cos α = 0,9937

Excentricidade do cabo = -112,5


+ 25 (cobrimento)
+16 (diâmetro da armadura passiva)
+ 8 (metade do diâmetro do cabo)
+ 25,32 (flecha)
-38,18 mm
Na fase de transferência:

P = 1757,70 kN
Psenα = 197,82 kN
Pecosα = -66,682 kNm

Após todas as perdas:


P = 1562,40 kN
Psenα = 175,84 kN
Pecosα = -59,276 kNm

As forças equivalentes dos cabos e das ancoragens e as cargas impostas são,


então, usadas para calcular os momentos fletores e esforços cortantes de projeto
por qualquer método conveniente de análise estrutural. Isto é normalmente feito
através de um programa de computador apropriado.

Um método elástico deve ser utilizado para a análise das lajes planas pós-
tracionadas no Estado Limite de Utilização. Em casos de muitos vãos,
combinações de cargas padronizadas devem ser usadas (ver BS8110, Parte 1,
Seção 4.4).

88
Resumo das forças de protensão equivalentes

Tabela A2 – Resumo das forças equivalentes uniformemente distribuídas dos cabos


transversais
Forças equivalentes na fase
232,6 -69,4 761,9 314,9 -67,7 227,2
de transferência (kN/m)
Forças equivalentes após
206,8 -61,6 677,3 279,9 -60,2 202,0
todas as perdas (kN/m)

Tabela A3 – Resumo das forças equivalentes adicionais devidas à ancoragem interna


Etapa de carregamento Força vertical (kN) Momento (kNm)
Na fase de transferência (kN/m) 197,8 66,7
Após todas as perdas (kN/m) 175,8 59,3

Resumo dos momentos fletores aplicados

Figura A7 – Diagramas dos momentos fletores aplicados

89
Verificando se a soma das forças de protensão totalizam zero

Cargas para cima = 61,6 x 3,6 + 60,2 x 5,6 + 175,84


= 734,72 kN

Cargas para baixo = (206,8 + 677,3) x 0,45 + (279,9 + 202,0) x 0,7


= 735,18 kN

A pequena diferença entre estes valores se deve a aproximações feitas


anteriormente. Neste estágio, as forças equivalentes foram alteradas de forma que
sua soma fosse igual a zero para permitir o cálculo consistente dos momentos
secundários.

Cálculo das tensões

P P ⋅ e M A Ms
ft = − + +
Ac zt zt zt

P P ⋅ e M A Ms
fb = − + +
Ac zb zb zb

A c = 7 × 0,225 × 10 6 = 1,575 × 10 6 mm 2

Como a seção considerada é retangular e simétrica em relação ao centróide, zt e zb


são iguais e valem:

bh 2
z t = zb = z = = 5,91× 10 7 mm 3
6

Como este exemplo é de uma laje plana, analisada pelo método dos pórticos
equivalentes, as tensões admissíveis são dadas na Tabela 2 (Seção 6.10.1) deste
manual. Para aumentar a facilidade de execução, a armadura não aderente foi

omitida dos vãos, limitando-se as tensões a 0,15 fci (na fase de transferência) e

0,15 fcu (em serviço).

Todas as tensões em serviço são negativas.

90
Tabela A4 – Tensões na transferência para a direção transversal

Tensões (N/mm2)
Trecho Face
Devidas à
Devidas ao Totais Admissíveis
protensão1 peso próprio

Superior 1,364 -0,280 1,084 6,00


C
Inferior 0,272 0,280 0,552 -2,25
CB Superior -0,492 0,534 0,042 -0,75
(convexo2) Inferior 2,128 -0,534 1,594 8,25
Superior 5,406 -1,891 3,515 6,00
B
Inferior -1,538 1,891 0,353 -2,25
Superior 4,755 -1,429 3,326 6,00
B
Inferior -0,887 1,429 0,542 -2,25
BA Superior 2,509 -0,154 2,355 8,25
(côncavo3) Inferior 1,359 0,154 1,513 -0,75
BA Superior -0,862 1,790 0,928 -0,75
(convexo) Inferior 4,730 -1,790 2,940 8,25
Superior 2,504 -0,006 2,498 6,00
A
Inferior 1,364 0,006 1,370 -2,25

1 Estes valores incluem os efeitos secundários devidos à protensão (hiperestáticos)


2 Convexo – Bordo superior mais tracionado ou menos comprimido.
3 Côncavo - Bordo superior mais comprimido ou menos tracionado.

91
Tabela A5 – Tensões após todas as perdas para a direção transversal

Tensões (N/mm2)
Trecho Face
Devidas à
Devidas ao Totais Admissíveis
protensão4 peso próprio

Superior 1,27 -0,77 0,50 -2,85


C
Inferior 0,18 0,77 0,95 9,60
CB Superior -0,23 1,49 1,26 13,20
(côncavo) Inferior 1,68 -1,49 0,19 -0,95
CB Superior 0,83 -1,31 -0,48 -0,95
(convexo) Inferior 0,62 1,31 1,93 13,20
Superior 2,67 -2,67 0,00 -2,85
B
Inferior 0,77 2,67 3,44 9,60
Superior 5,31 -7,04 -1,73 -2,85
B
Inferior -1,88 7,04 5,16 9,60
BA Superior -0,77 4,27 3,50 13,20
(côncavo) Inferior 4,21 -4,27 -0,06 -0,95
Superior 3,13 -2,93 0,20 -2,85
A
Inferior 0,30 2,93 3,23 9,60

Os valores correspondentes aos trechos denominados de “côncavo” e “convexo”


são dados quando estão ambos em um único trecho. Cada vão está dividido em 3
trechos:

2L
 da extremidade a ;
10
2L 8L
 de a
10 10
8L
 de a L.
10

4 Estes valores incluem os efeitos secundários devidos à protensão


(hiperestáticos).

92
Neste exemplo, o carregamento da fase de construção é inferior ao carregamento
em serviço e superior ao carregamento da fase de transferência. Isto significa que
a fase de construção geralmente não leva a uma situação crítica, e por isso as
tensões para esta etapa da vida da estrutura não foram calculadas.

Cálculo das perdas

Neste estágio do dimensionamento as perdas devem ser calculadas precisamente


para verificar se as hipóteses iniciais de 10% de perdas na fase de transferência e
20% de perdas para a fase em serviço são aceitáveis. O método para cálculo dos
diversos tipos de perdas é dado no Apêndice B.

Cabos com comprimento total

Perdas imediatas:

a) Perdas por atrito

Px = Po × e −µx( α '+ ϖ )

Os coeficientes µ e ω são dados na Tabela B1:


µ = 0,06 e ω = 0,05 rad/m

O ângulo de desvio vale:


16 × flecha total
α' =
L2

18,27 + 25,32
Sendo que, para ambos os vãos, flecha total = + 87,16 = 108,96mm
2

16 × 108,96 × 10 −3
Para o vão CB: α' = = 0,086rad / m
4,5 2

16 × 108,96 × 10 −3
Para o vão BA: α' = = 0,036rad / m
72

93
Força de protensão aplicada pelo macaco = 130,2kN

As forças após as perdas por atrito (ver Figura A8) valem:


PA = 130,2kN

PB = 130,2 × e −0,06×7( 0,036 +0,05 ) = 125,6kN

PC = 125,6 × e −0,06×4,5( 0,086+0,05 ) = 121,1kN

b) Perdas devidas à acomodação das ancoragens

Perda de protensão na ancoragem: δPw = 2 × p' × l'

onde:
• p’ = inclinação do diagrama da força de protensão
• l’ = comprimento do cabo afetado pela acomodação das ancoragens

( ∆ × E ps × A ps )
l' =
p'
onde:
• Eps = 195kN/mm2
• Aps = 100mm2

PA − PC 130,2 − 121,07
p' = = = 0,79kN / m
L1 − L 2 7 + 4,5

Considerar o deslocamento por acomodação das ancoragens ∆ = 6mm.

Daí, tem-se:

(6 × 10 −3 × 195 × 100 )
l' = = 12,14m
0,79

Como l’ é maior do que o comprimento do cabo, tem-se:

∆ × E ps × A ps
δPw (na ancoragem ativa) = + p' × l
l

94
∆ × E ps × A ps
δPw (na ancoragem passiva) = − p' × l
l
Daí

6 × 195 × 100
δPw (na ancoragem ativa) = + 0,79 × 11,5 = 19,30kN
11,5 × 10 3
6 × 195 × 100
δPw (na ancoragem passiva) = − 0,79 × 11,5 = 1,04kN
11,5 × 10 3

Forças de protensão após as perdas por atrito e por acomodação das ancoragens:
PA = 130,2 - 19,3 = 110,9kN
PB = 125,58 − (19,30 − 1,04 ) × 4,5 − 1,04 = 117,4kN
PC = 121,07 – 1,04 = 120,0

c) Perda por encurtamento elástico do concreto


δPes = ε es × E ps × A ps

onde:
fco
• ε es = 0,5 ×
E ci

• fco é a tensão no concreto adjacente ao cabo. Como a perda por


encurtamento elástico do concreto é pequena quando comparada
com as demais, não representando um valor crítico, a tensão é
calculada em um ponto representativo e será admitida como uniforme
em todo o comprimento do cabo.
• fco = 1,984 kN/mm2

1,984
ε es = 0,5 × = 4,57 × 10 −5
21,7 × 10 3

δPes = 4,57 × 10 −5 × 195 × 100 = 0,89kN

Forças de protensão na fase de transferência

95
Força de protensão em A = 110,9 – 0,89 = 110,0kN
Força de protensão em B = 117,4 – 0,89 = 116,5kN
Força de protensão em C = 120,0 – 0,89 = 119,1kN

Perdas progressivas:

a) Relaxação do aço

A perda por relaxação do aço δPr é dada pela multiplicação do valor da relaxação
para 1000 pelo coeficiente de relaxação e pela força de protensão na fase de
transferência.

Da Tabela B2 do Apêndice B, para uma força de protensão inicial de 70% da


resistência característica, tiram-se os seguintes valores:

perda por relaxação para 1000h = 2,5%


coeficiente de relaxação = 1,5

Daí
• δPr = 2,5% × 1,5 × Px = 3,75% × Px
• δPrA = 0,0375 × 110,01 = 4,13kN
• δPrB = 0,0375 × 116,50 = 4,37kN
• δPrC = 0,0375 × 119,14 = 4,47kN

b) Retração do concreto
δPsh = ε sh × E ps × A ps

Segundo a BS 8110, Parte 1, parágrafo 4.8.4:

ε sh = 300 × 10 −6

Daí,

δPsh = 300 × 10 −6 × 195 × 100 = 5,85kN

c) Fluência do concreto

96
δPcr = ε cc × E ps × A ps

fco
ε cc = ×φ
E ci

onde

• φ = coeficiente de fluência = 2,0 (ver Apêndice B)


• fco = 1,984 N/mm2

Daí,
1,984
ε cc = × 2,0 = 1,83 × 10 −4
21,7 × 10 3

δPcr = 1,83 × 10 −4 × 195 × 100 = 3,57kN

Forças de protensão após todas as perdas

Força de protensão em A = 110,0 – 4,13 – 5,85 – 3,57 = 96,5 kN


Força de protensão em B = 116,5 – 4,37 – 5,85 – 3,57= 102,7 kN
Força de protensão em C = 119,1 – 4,47 – 5,85 – 3,57= 105,3 kN

C B A

FORÇA NO ATO
DA PROTENSÃO
130,2
125,6

121,1 FORÇA NO ATO DA


119,1 116,5 TRANSFERÊNCIA

110,0
105,3 102,7

96,5
FORÇA APÓS
TODAS AS PERDAS EXTREMIDADE
PROTENDIDA

Figura A8 – Configuração da força de protensão para cabos com comprimento total

Cabos curtos

97
As perdas por atrito e por encurtamento elástico do concreto, bem como as perdas
progressivas são as mesmas encontradas anteriormente para os cabos com
comprimento total. No entanto, o efeito da acomodação das ancoragens é
diferente, visto que o comprimento do cabo é diferente, e deve ser recalculado.

Força na ancoragem passiva = 125,58 × e −0,06×0,45( 0,086 +0,05 ) = 125,14kN

6 × 195 × 100 (130,2 − 125,14 )


δPw (na ancoragem passiva) = − × 7450
7450 7450
δPw (na ancoragem passiva) = 10,64kN

6 × 195 × 100 (130,2 − 125,14 )


δPw (na ancoragem ativa) = + × 7450
7450 7450
δPw (na ancoragem ativa) = 20,77kN

B A

FORÇA NO ATO
DA PROTENSÃO
130,2
125,6
125,14

FORÇA NO ATO DA
113,6 113,4 TRANSFERÊNCIA
108,5

99,8

95,0
FORÇA APÓS EXTREMIDADE
TODAS AS PERDAS PROTENDIDA

745cm
Figura A9 – Configuração da força de protensão para cabos curtos

Forças após perdas por atrito e por acomodação das ancoragens:

PA = 130,2 – 20,77 = 109,4kN


(20,77 − 10,64 ) × 45
PB = 125,58 − − 10,64 = 114,3kN
745

Forças de protensão na fase de transferência

Força de protensão em A = 109,4 – 0,89 = 108,5kN

98
Força de protensão em B = 114,3 – 0,89 = 113,4kN

Forças de protensão após todas as perdas

Força de protensão em A = 108,5 – 4,07 – 5,85 – 3,57 = 95,0 kN


Força de protensão em B = 113,4 – 4,25 – 5,85 – 3,57= 99,8 kN

Perdas imediatas e progressivas

Verificar se as perdas assumidas inicialmente são suficientemente próximas das


perdas calculadas.

 Perda imediata média no vão CB


(somente para os cabos com comprimento total)
(8,5% + 10,5%)
= = 9,5%
2

 Perda imediata média no vão BA


(para cabos curtos ou com comprimento total)
11 (10,5% + 15,5%) 15 (12,9% + 16,6%)
= × + × = 14,0%
26 2 26 2

 Perda imediata média em todo o comprimento = 11,8%

 Perda progressiva média no vão CB


(somente para os cabos com comprimento total)
(19,2% + 21,1%)
= = 20,2%
2

 Perda progressiva média no vão BA


(para cabos curtos ou com comprimento total)
11 (21,1% + 25,9%) 15 (23,4% + 27,0%)
= × + × = 24,5%
26 2 26 2

 Perda progressiva média em todo o comprimento = 22,3%

99
Apesar das perdas estimadas de 10% e 20% terem sido excedidas no vão BA,
considera-se que não é necessário recalcular a laje, já que isto não irá alterar o
número de cabos. Além disso, é improvável que as tensões calculadas com as
perdas corretas exceda os valores admissíveis.

A1.1.2 Direção longitudinal

Análise do pórtico na direção longitudinal ao longo do eixo B.

Figura A10: Trajetória do cabo longitudinal.

O método de cálculo segue o mesmo procedimento usado para a direção


transversal.

As perdas adotadas são as mesmas anteriores:

• 10% da força inicial de protensão no momento da transferências de


carga.
• 20% da força inicial de protensão em serviço.

As forças iniciais de protensão são as mesmas anteriores:

• Força de protensão na transferência de carga:


Pav=117,18 kN/cabo.
• Força de protensão em serviço:

100
Pav=104,16 kN/cabo.

A reação de apoio elástica nos pilares internos, ao longo do eixo B, para a carga de
trabalho que foi calculada para a direção transversal, vale:

Rmáx=593 kN

A carga uniformemente distribuída total vale: 12,6 kN/m2.

Logo, a largura efetiva da laje vale: 593/ (12,6 x 7) = 6,72 m

Admitindo-se uma carga balanceada igual a 100% da carga permanente, como


adotado para a direção transversal, tem-se:
Pnecess = w . s2/ (8a)

onde: w = 8,6 kN/m2


s = 5600 mm
a= 81,54 mm (para os vãos 1-3 e 9-11)
101,6 mm (para os demais vãos)

O comprimento da laje é maior do que 30 m, por isso admite-se que a protensão


será executada nas duas extremidades da laje. Isto provoca uma simetria em
relação ao eixo , logo as propriedades do cabo serão as mesmas para os dois

lados em relação ao eixo .

 Para os vãos 1-3: Pnecess= 8,6 x 56002 = 413,44 kN/m . largura


8 x 81,54 x 1000
 Para os vãos 3-5 e 5-7: Pnecess= 8,6 x 56002 = 531,81 kN/m . largura
8 x 101,6 x 1000

Escolha do número de cabos para a carga balanceada:

 Para os vãos 1-3: no de cabos (n) = 413,44 x 6,72 = 26,7 ≅ 27


104,16
 Para os vãos 3-5 e 5-7: n = 331,81 x 6,72 = 21,4 ≅ 22
104,16

101
Tabela A6: Cálculo das cargas equivalentes devido aos cabos longitudinais, na
transferência de força e após todas as perdas.

1 3 5 6
Cargas equivalentes na transferência
Cabos com o comprimento total (n=22)
nxPav (kN) 2578 2578 2578 2578 2578 2578 2578
a (mm) 17,7 -81,5 23 25,4 -101,6 25,4 -101,6
s (mm) 1400 5600 1400 1400 5600 1400 5600
w (kN/m) 186,7 -53,6 242,1 267,3 -66,8 267,3 -66,8
Cabos curtos (n=5)
nxPav (kN) 586 586 586 586 / / /
a (mm) 17,7 -81,5 23 25,4 / / /
s (mm) 1400 5600 1400 1400 / / /
w (kN/m) 42,4 -12,2 55 60,7 / / /
w total (kN/m) 229,1 -65,8 297,1 328 -66,8 267,3 -66,8

1 3 5 6

Cargas equivalentes após todas as perdas


Cabos com o comprimento total (n=22)
nxPav (kN) 2291,5 2291,5 2291,5 2291,5 2291,5 2291,5 2291,5
a (mm) 17,7 -81,5 23 25,4 -101,6 25,4 -101,6
s (mm) 1400 5600 1400 1400 5600 1400 5600
w (kN/m) 165,9 -47,7 215,2 237,6 -59,4 237,6 -59,4
Cabos curtos (n=5)
nxPav (kN) 521 521 521 521 / / /
a (mm) 17,7 -81,5 23 25,4 / / /
s (mm) 1400 5600 1400 1400 / / /
w (kN/m) 37,7 -10,8 48,9 54 / / /
w total (kN/m) 203,6 -58,5 264,1 291,6 -59,4 237,6 -59,4

Efeito dos cabos ancorados no interior do vão:

sen α = 2 x 25,4 = 0,073


700

102
cos α = 0,997
excentricidade do cabo = 112,5 – 25 – 32 – 8 – 25,4 = 22,10 mm

No momento de transferência de carga, tem-se:


P = 586 kN
P . sen α = 42,527 kN
P . e . cos α = 12,916 kN.m

Ao término de todas as perdas, tem-se:


P = 521 kN
P . sen α = 37,810 kN
P . e . cos α = 11,484 kN.m

Resumo da análise das cargas de protensão equivalentes:

Tabela A7: Resumo das cargas equivalentes uniformemente distribuídas dos cabos
longitudinais.
1 3 5 6
Cargas equivalentes na 229,1 -65,8 297,1 328 -66,8 267,3 -66,8
transferência (kN/m)
Cargas equivalentes após 203,6 -58,5 264,1 291,6 -59,4 237,6 -59,4
todas as perdas (kN/m)

Tabela A8: Resumo das forças adicionais devidas às ancoragens internas.


Força vertical Momento excêntrico
Na transferência 42,5 kN 12,9 kN.m
Em serviço 37,8 kN 11,5 kN.m

Resumo dos momentos fletores aplicados:

103
Figura A11: Diagramas dos momentos fletores aplicados.

Cálculo das tensões:

As tensões são calculadas da mesma maneira que as tensões da direção


transversal.

104
Tabela A9: Tensões na transferência para a direção longitudinal.
Trecho Tensão devida à Tensão devida Tensão total Tensão
protensão ao peso próprio admissível
2 2 2 2
(N/mm ) (N/mm ) (N/mm ) (N/mm )
1 sup. 4,61 -1,39 3,22 6,00
inf. 0,28 1,39 1,67 -2,25
1-3 (convexo) sup. -1,36 2,00 0,64 -0,75
inf. 6,25 -2,00 4,25 8,25
1-3 (côncavo) sup. 3,32 -0,36 2,96 8,25
inf. 1,57 0,36 1,93 -0,75
3 sup. 6,43 -1,87 4,56 6,00
inf. -1,54 1,87 0,34 -2,25
3 sup. 7,75 -3,19 4,56 6,00
inf. -2,86 3,19 0,33 -2,25
3-5 (convexo) sup. -1,18 1,48 0,30 -0,75
inf. 5,17 -1,48 3,69 8,25
3-5 (côncavo) sup. 2,39 -0,10 2,29 8,25
inf. 1,59 0,10 1,69 -0,75
5 sup. 5,16 -1,36 3,80 6,00
inf. -1,17 1,36 0,19 -2,25
5 sup. 5,14 -1,39 3,75 6,00
inf. -1,16 1,39 0,23 -2,25
5-7 (convexo) sup. 2,39 -0,12 2,27 8,25
inf. 1,60 0,12 1,72 -0,75
5-7 (côncavo) sup. -1,15 1,53 0,38 -0,75
inf. 5,14 -1,53 3,61 8,25

105
Tabela A10: Tensões após todas as perdas para a direção longitudinal.
Trecho Tensão devida à Tensão devida Tensão total Tensão
protensão ao peso próprio admissível
2 2 2 2
(N/mm ) (N/mm ) (N/mm ) (N/mm )
1 sup. 4,09 -3,34 0,75 -2,85
inf. 0,25 3,34 3,59 9,60
1-3 (convexo) sup. -1,21 4,88 3,67 13,20
inf. 5,56 -4,88 0,68 -0,95
1-3 (côncavo) sup. -0,51 2,32 1,81 -0,95
inf. 4,86 -2,32 2,53 13,20
3 sup. 7,26 -8,76 -1,50 -2,85
inf. -2,91 8,76 5,85 9,60
3 sup. 6,89 -7,44 -0,55 -2,85
inf. -2,54 7,44 4,90 9,60
3-5 (convexo) sup. -1,05 2,10 1,05 -0,95
inf. 4,59 -2,10 2,49 13,20
3-5 (côncavo) sup. -1,05 3,72 2,67 13,20
inf. 4,59 -3,72 0,87 -0,95
5 sup. 5,99 6,97 -0,98 -2,85
inf. -2,45 6,97 4,52 9,60
5 sup. 5,97 -7,09 -1,12 -2,85
inf. -2,43 7,09 4,66 9,60
5-7 (convexo) sup. -1,02 2,209 1,18 -0,95
inf. 4,56 -2,209 2,36 13,20
5-7 (côncavo) sup. -1,02 3,81 2,79 13,20
inf. 4,56 -3,81 0,75 -0,95

Cálculo das perdas

As perdas, nessa etapa, são calculadas tal qual anteriormente para garantir que as
suposições iniciais são razoáveis:

• Cabos com comprimento total:

 Perdas imediatas:

106
a) Perdas por atrito

Para os vãos 1-3: flecha total = 101,92 mm


16 x101,92
α' = = 0,033 rad / m
7 2 x1000

Para os vãos 3-5: flecha total = 127 mm


16 x127
α' = = 0,041 rad / m
7 2 x1000

Para os vãos 5-6: flecha total = 127 mm

α ' = 0,041 rad / m

As forças após todas as perdas por atrito são:


P1 = 0,7 x186 = 130,2 kN
P3 = 130,2 e − 7 x0,06(0,033 + 0,05 ) = 125,7 kN
P5 = 125,7 e − 7 x0,06(0,041+ 0,05 ) = 121,0 kN
P6 = 121,0 e − 7 x0,06(0,041+ 0,05 ) = 118,7 kN

b) Perdas por acomodação das ancoragens:


p' = 0,658 kN/m
l ' = 13,33 m
l ' é menor que o comprimento do cabo, logo:
δPw = 2 . p' . l '
δPw = 2 . 0,66 . 13,33 = 17,55 kN

As forças após as perdas por atrito e por acomodação das ancoragens


são:
P1 = 130,2 − 17,55 = 112,7 kN
17,55 x 6,33
P3 = 125,7 − = 117,4 kN
13,33
P5 = 121,0 kN
P6 = 118,7 kN

c) Perdas por encurtamento elástico do concreto:

107
fc 0 = 2,67 N / mm 2
ε es = 6,15 x10 − 5
δPes = 1,20 kN

Força de protensão na transferência (ver Figura A12):


Força de protensão em 1 = 112,6 - 1,20 = 111,5 kN
Força de protensão em 3 = 117,4 - 1,20 = 116,2 kN
Força de protensão em 5 = 121,0 - 1,20 = 119,8 kN
Força de protensão em 6 = 118,7 - 1,20 = 117,5 kN

 Perdas Progressivas:

a) Perdas por relaxação do aço:


Como calculado anteriormente = 3,75%

Logo:δPr1 = 4,18 kN
δPr1 = 4,18 kN
δPr1 = 4,18 kN
δPr1 = 4,18 kN

b) Perdas por retração do concreto:


Como calculado anteriormente = 5,85 kN

c) Perdas por fluência do concreto:

fc 0 = 2,67 N / mm 2
ε es = 2,46 x10 − 4
δPes = 4,80 kN

Força de protensão após todas as perdas:


Força de protensão em 1 = 111,5 - 4,18 - 5,85 - 4,8 = 96,6 kN
Força de protensão em 3 = 116,2 - 4,36 - 5,85 - 4,8 = 101,2 kN
Força de protensão em 5 = 119,8 - 4,49 - 5,85 - 4,8 = 104,7 kN
Força de protensão em 6 = 117,5 - 4,41 - 5,85 - 4,8 = 102,4 kN

108
1 3 5 CL

1333cm
FORÇA NO ATO
130,2
125,7 DA PROTENSÃO

FORÇA NO ATO DA 121,0


118,7
TRANSFERÊNCIA 119,8
116,2 117,5
111,5

104,7
101,2 102,7
96,6 FORÇA APÓS
TODAS AS PERDAS

Figura A12: Diagrama de forças para os cabos longitudinais com comprimento total

1 3

FORÇA NO ATO
DA PROTENSÃO
130,2
125,7
125,3

FORÇA NO ATO DA
TRANSFERÊNCIA 113,4 113,8

108,9

98,5 98,9

94,1
FORÇA APÓS
TODAS AS PERDAS

770cm

Figura A13: Diagrama de forças para os cabos curtos longitudinais

• Cabos Curtos:

É necessário recalcular apenas as perdas por acomodação das ancoragens


para os cabos curtos, pois todas as outras perdas são as mesmas já
calculadas anteriormente.

Força na ancoragem passiva = 125,75 e −0,7 x0,06(0,041+ 0,05 ) = 125,25 kN


6 x195 x100 (130,2 − 125,25)
δPw na ancoragem passiva = − x7700 = 10,24 kN
7700 7700
6 x195 x100 (130,2 − 125,25)
δPw na ancoragem ativa = + x7700 = 20,14 kN
7700 7700

109
Força de protensão após as perdas por atrito e por acomodação das
ancoragens:
P1 = 130,2 − 20,14 = 110,1 kN
7
P3 = 125,7 − (20,14 − 10,24 ) − 10,24 = 114,6 kN
77

Forças de protensão na transferência:


Força de protensão em 1 = 110,1 - 1,2 = 108,9 kN
Força de protensão em 3 = 113,4 - 1,2 = 112,2 kN

Força de protensão após todas as perdas:


Força de protensão em 1 = 108,9 - 4,08 - 5,85 - 4,8 = 94,1 kN
Força de protensão em 3 = 112,2 - 4,25 - 5,85 - 4,8 = 97,3 kN

Valores das perdas imediata e progressiva:


Perda imediata média para os vãos 1-3 (cabos curtos e com comprimento
total):
22 (14,4% + 10,8%) 5 (16,4% + 12,9%)
= x + x = 13,0%
27 2 27 2
Perda imediata média para os vãos 3-5 e 5-7 (apenas os cabos com
comprimento total):
(10,8% + 8,0% + 9,8%)
= = 13,0%
3

Média geral para as perdas imediatas = 11,3%

Perda progressiva média para os vãos 1-3 (cabos curtos e com


comprimento total):
22 (25,8% + 22,3%) 5 (27,7% + 24,4%)
= x + x = 24,4%
27 2 27 2

Perda progressiva média para os vãos 3-5 e 5-7 (apenas os cabos com
comprimento total):
(22,3% + 19,6% + 21,3%)
= = 21,1%
3

110
Média geral para as perdas progressivas = 22,8%

As suposições iniciais são boas.

A1.1.3 Cálculo da armadura passiva em serviço

É necessário o uso de armadura passiva ao longo do vão se as tensões de tração

ultrapassarem o valor 0,15 fcu (Veja Tabela 2).

Direção transversal

Não há tensão de tração em C, logo não é necessária armadura passiva em


serviço.

Em todos os vãos as tensões foram mantidas abaixo de 0,15 fcu , logo não é

necessária armadura passiva em nenhum dos vãos.

No apoio B, existe tensão de tração, logo é necessária armadura passiva:

Armadura necessária:
Ft
As =
0,625 xf y

Força de tração:
− fct (h − x )b
Ft =
2
fct
(h − x ) = h
( −fct + fcc )

Em B, a pior situação em relação à tensão ocorre quando fct = -1,727 N/mm2.

111
fcc = 5,165 N / mm 2 h = 225 mm b = 7000 mm
1,727
h−x = x 225 = 56,38 mm
6,892
1,727 x56,38 x7000
Ft = = 340,79 x10 3 N
2
340,79 x10 3
As = = 1185 mm 2
0,625 x 460
Usar 6T16 = 1210 mm2

Direção longitudinal

Existe tensões de tração nos apoios 3 e 5.

Apoio 3 Apoio 5
2
fct = -1,503 N/mm fct = -1,121 N/mm2
fcc = 5,850 N/mm2 fcc = 4,663 N/mm2
h-x = 45,99 mm h-x = 43,61 mm
Ft = 241,94 kN Ft = 171,09 kN
2
As = 842 mm As = 595 mm2

Usar 5T16 = 1005 mm2 Usar 3T16 = 603 mm2

A1.2 ESTADO LIMITE ÚLTIMO

A análise de pórtico equivalente no Estado Limite Último pode ser efetuada de


acordo com o parágrafo 3.7 da BS8110, Parte 1, usando a simplificação dos
arranjos de carga dada no Item 3.5.2.3.

A análise das seções pode ser efetuada de acordo com o Item 4.3.7 da BS8110,
Parte 1.

Da BS8110, Parte1, Equações 52 e 53, tem-se:

f . A Ps fPb
x = 2,47d . Pu .
fcu . b . d fPu

112
Onde: fPu = resistência característica do cabo de protensão

7000 f . A Ps
fPb = fPe + . (1 − 1,7 Pu )
l /d fcu . b . d

Onde: fPe = tensão efetiva de protensão nos cabos após todas as perdas.

O valor de l é tomado como o comprimento total dos cabos. Isso pode ser
considerado como conservador (Veja Item 6.10.3).

Primeiro, calcula-se fPe e x, e depois calcula-se Mu e o compara com MA (o


momento aplicado).

186 x10 3
fPu = = 1860 N / mm 2
100
fcu = 40 N / mm 2
P
fPe =
A Ps

A1.2.1 Direção transversal

Momentos aplicados

A Figura A14 mostra a envoltória de momentos para as cargas permanente e


acidental de projeto, em ambos os vãos, com 20% de redistribuição.

Figura A14: Envoltória dos momentos aplicados.

113
Momentos resistentes

O método simplificado dado no Item 4.3.7.2 da BS8110, Parte 1, é usado para


calcular Mu em cada seção crítica.

l = 11500 mm

Tabela A11: Capacidade última devida aos cabos protendidos ao longo de toda a largura do
painel da laje (7,0 m).
APs fPe fPb x d dn Mu
2 2 2
(mm ) (N/mm ) (N/mm ) (mm) (mm) (mm) (kN.m)
C 1100 1041,6 1102,5 10,70 112,5 4,81 -130,6
CB 1100 1041,6 1150,9 11,17 192,0 5,03 236,7
B 2600 1041,6 1130,9 25,94 176,0 11,67 -483,2
BA 2600 1041,6 1140,6 26,16 192,0 11,77 534,5
A 2600 1041,6 1092,2 25,05 112,5 11,27 -287,5

Já tendo calculado, acima, a capacidade última de momento, é necessário que se


faça uma comparação entre o momento total aplicado nos apoios e nos meios dos
vãos, para determinar se será necessária mais armadura passiva.

O momento total aplicado é a soma do momento do Estado Limite Último com o


momento secundário. Os momentos secundários serão discutidos com mais
detalhes no Item 6.9, e os métodos de cálculo são apresentados no Apêndice D. Os
valores fornecidos pela Tabela A12 são para a largura total do painel da laje (7,0m).

Tabela A12: Momentos secundários para a direção transversal usando o método B.


Ms C B B A
Momento secundário 28,7 10,8 40,7 83,7
(kN.m)

Os valores mostrados na tabela a seguir foram calculados usando o método B,


dado no Apêndice D.

114
Tabela A13: Comparação entre os momentos aplicados na direção transversal e os
momentos resistentes para o Estado Limite Último.
Ms Ma M Mu
(kN.m) (kN.m) (kN.m) (kN.m)
C 28,7 -43,2 -14,6 -130,6
CB 19,7 164,3 184,0 236,7
B 10,8 -308,7 -297,8 -483,2
B 40,7 -488,6 -448,0 -483,2
BA 62,2 446,7 508,9 534,5
A 83,7 -199,1 -115,4 -287,5

Não é necessária nenhuma armadura passiva.

A1.2.2 Direção longitudinal

Momentos aplicados

A Figura A15 mostra a envoltória de momentos para as cargas permanente e


acidental de projeto, em ambos os vãos, com 20% de redistribuição.

Figura A15: Envoltória dos momentos aplicados.

l = 3500 mm

115
Tabela A14: Capacidade última devida aos cabos protendidos ao longo de toda a largura do
painel da laje (6,72 m).
APs fPe fPb x d dn Mu
2 2 2
(mm ) (N/mm ) (N/mm ) (mm) (mm) (mm) (kN.m)
1 2700 1041,6 1056,7 30,64 112,5 13,79 281,6
1-3 2700 1041,6 1072,6 31,10 192,0 14,00 515,5
3 2700 1041,6 1066,2 30,91 160,0 13,91 420,5
3-5 2200 1041,6 1074,0 25,37 192,0 11,42 426,7
5 2200 1041,6 1067,6 25,22 190,0 11,35 349,1
5-7 2200 1041,6 1074,0 25,37 192,0 11,42 426,7

Os momentos secundários e os momentos aplicados são calculados da mesma forma que


para a direção transversal.

Tabela A15: Momentos secundários para a direção longitudinal usando o método B.


Ms 1 3 3 5 5
Momento secundário 134,9 55,0 58,0 69,2 66,6
(kN.m)

Tabela A16: Comparação entre os momentos aplicados na direção longitudinal e os


momentos resistentes para o Estado Limite Último.
Ms Ma M Mu
(kN.m) (kN.m) (kN.m) (kN.m)
1 134,9 -311,5 -176,6 -281,6
1-3 94,9 381,1 476,0 515,5
3 55,0 -444,3 -389,3 -420,6
3 58,0 -413,9 -655,9 -420,6
3-5 63,6 351,5 415,1 426,7
5 69,2 -401,0 -331,9 -349,1
5 66,6 -404,3 -337,7 -349,1
5-7 66,6 354,7 421,3 426,7

Não é necessária nenhuma armadura passiva.

116
A1.3 ARMADURA PASSIVA MÍNIMA (Veja também A1.1.3)

Direção transversal

Apoios C, B e A:

• Armadura necessária = 0,075% . Ac (Veja Item 6.10.5)

A c = h . b = 225 x7000 = 1,575 x10 6 mm 2


0,075
As = x1,575 x10 6 = 1181 mm 2
100
Usar 6T16 = 1206 mm2.
• Disposição da armadura:
Ao longo das faces externas são colocados 50% dos valores obtidos
acima, e dispostos como indicam as Figuras A16 e A17.

1175 975

900 900 1400 1400

Figura A16: Posicionamento da armadura, para a direção transversal, nos pilares internos.

A armadura deve ser prolongada até (0,2 x vão), a partir do eixo do pilar em direção
ao meio do vão. A largura da faixa onde será disposta a armadura é igual à largura
do pilar, nessa direção, mais três vezes a altura da laje.

900 900 1400 1400

117
Figura A17: Posicionamento da armadura para os pilares externos.

A largura da faixa onde será distribuída a armadura é igual à largura do pilar, nessa
direção, mais 1,5 vezes a altura da laje.

Direção longitudinal

Apoios ao longo do eixo B .


0,075
Armadura necessária = x 225 x6720 = 1134 mm 2
100
Usar 6T16 = 1206 mm2.

Ao longo das faces externas é disposto 50% do valor calculado acima.

As armaduras são posicionadas da mesma maneira que para a direção transversal.

A1.4 RESUMO DA ARMADURAS ATIVAS E PASSIVAS

A1.4.1 Resumo para a armadura ativa

Os cabos protendidos são não-aderentes, com super-cordoalhas de 12,9 mm de


diâmetro e com uma força inicial de protensão de 0,7fPu = 130,2 kN/cabo.

Direção transversal

Tabela A17: Resumo da armadura ativa para a direção transversal.


Vão Cabos por painel de laje Força de protensão
CB 11 163,7 kN
BA 26 386,9 kN
Nota: A força de protensão é dada por metro de largura da laje, para as condições de serviço.

Direção longitudinal

118
Tabela A18: Resumo da armadura ativa para a direção longitudinal.
Vão Cabos por painel de laje Força de protensão
1-3 27 489,1 kN
3-5 22 398,5 kN
5-7 22 398,5 kN
Nota: A força de protensão é dada por metro de largura da laje, para as condições de serviço.

A1.4.2 Resumo para a armadura passiva

Direção transversal

Tabela A19: Resumo da armadura passiva para a direção transversal.


C CB B BA A
superior 6T16 / 6T16 / 6T16
(mín.) (mín.) (mín.)
inferior Não é necessária armadura passiva inferior

Direção longitudinal

Tabela A20: Resumo da armadura passiva para a direção longitudinal.


1 1-3 3 3-5 5 5-7
superior 6T16 / 6T16 / 6T16 /
(mín.) (mín.) (mín.)
inferior Não é necessária armadura passiva inferior

A1.5 VERIFICAÇÃO DA PUNÇÃO

A verificação da punção deve ser feita neste estágio para ambos os pilares interno
e externo (Veja Item 6.11.2). Será apresentada apenas a verificação para o pilar
interno B5.

Admite-se um agrupamento de 70% dos cabos em cada direção.

119
A resistência à punção para seções fissuradas na flexão é dada no Item 6.11.2, e
vale:

V
Vcr = v c . b v . d + Mo .
M

Os cabos não-aderentes não contribuem para vc. A armadura superior para o pilar
B5 é dada nas Tabelas A19 e A20, e o cobrimento é mostrado na Figura A2.

Direção transversal

Largura da faixa =7m


Altura útil, dtr = 225 – 25 – 16 – 8 = 176 mm
Comprimento do perímetro crítico perpendicular à direção
transversal, btr = 500 + 3 x 176 =1028 mm
Área de aço existente (6T16s) = 1206 mm2
Largura onde será disposta a armadura = 500 + 3 x 225 = 1175 mm
Área de aço existente na largura btr = (1206 x 1028)/ 1175 = 1055 mm2
100 . A s 100 x1055
=
b tr . d tr 176 x1028 = 0,58%
Da equação na Tabela 3.9 da BS8110, Parte 1:
1/ 4 1/ 3
0,79  400   40 
v c( tr ) = x0,581 / 3 x  x 
1,25  176   25  = 0,76 N/mm2

Efeito da protensão: O cálculo de ‘e’, no que diz respeito à


verificação da punção, é feito no perímetro crítico. Para este
exemplo, o perímetro crítico quase que coincide com o ponto de
inflexão. Da Figura A3, o valor de ‘e’ na direção transversal é:
225
e tr = − + 49 + (25 admitido )
2
= -38,5 mm
• Para o vão AB:
Força de protensão/ cabo, após todas as perdas (Veja as
(102,7 x11) + (99,8 x15 ) = 101 kN
Figuras A8 e A9) =
26
Número de cabos cortando a largura da faixa = 26

120
Força de protensão cortando a largura da faixa, P = 2626 kN
Força de protensão cortando o perímetro crítico (admite-
se 70% de agrupamento dos cabos, veja acima),
P*=0,7x2626 = 1839 kN
Área de concreto cortando a largura da faixa (7 m), Ac = 1575 m2

0,225 2
Z *t = 1028 x
6000 = 0,00867 m3
0,8 x2626 x0,00867 0,8 x1839 x38,5
M0 = +
1,575 1000 = 68,2 kN.m
• Momentos aplicados e forças cortantes (Veja Tabela A13 e Apêndice D):
M = 448 kN.m
(( 448 − 115 ) + 1,4 x8,6 + 1,6 x 4) = 499,4 kN
V=
7
0,76 x1028 x176 68,2x 499,4 = 214 kN
Vcr ( AB ) = +
1000 448
• Analogamente para o vão BC:
0,76 x1028 x176 29,3 x353,4 = 172 kN
Vcr (BC) = +
1000 297,8

Direção longitudinal

Largura da faixa = 5,75 m


Altura útil, dlg = 225 – 25 – 8 = 192 mm
Comprimento do perímetro crítico perpendicular à direção
longitudinal, blg = 500 + 3 x 176 = 1076 mm
Área de aço existente (6T16s) = 1206 mm2
Largura onde será disposta a armadura = 1175 mm
Área de aço existente na largura blg = (1206 x 1076)/ 1175 = 1104 mm2
100 . A s 100 x1104
=
b lg . dlg 192 x1076 = 0,53%

1/ 4 1/ 3
0,79  400   40 
Com isso: v c(lg) = x0,531 / 3 x  x 
1,25  192   25  = 0,72 N/mm2

225 = -22,5 mm
Efeito da protensão: elg = − + 65 + (25 admitido )
2
• Para o vão 3-5:

121
M = 331,9 kN.m
((331,9 − 355,9 ) + 18,44 x6,72 x7 x3,5 ) = 430,3 kN
V=
7
0,76 x1076 x192 41,95 x 430,3 = 211 kN
Vcr (3 − 5) = +
1000 331,9
• Para o vão 5-7:
0,76 x1076 x192 41,95 x 433,7 = 211 kN
Vcr (5 − 7) = +
1000 337,7
Cortante resistente total, Vcr = 214 + 172 + 211 + 211 = 808 kN

• Força cortante aplicada


A direção transversal apresenta a condição mais desfavorável:
V = 499 + 353 = 852 kN
M = 448 – 297,8 = 150 kN.m
 M 
Vef = V .  1 + 1,5 .  Veja BS8110, Equação 25
 V . x 

Onde: x = btr = 1,028 m


 150 
Vef = 852 x 1 + 1,5 x 
 1,028 x852  = 1071 kN
Vef > Vcr, portanto é necessária armadura de cisalhamento
1000 x(1071 − 743 )
A sv necess =
0,87 x 460 = 819 mm2
Usando T6, em “estribos de ramo simples”
819 x 4 = 29
Quantidade necessária =
π . 36
Espaçamento máximo permitido = 1,5 d = 1,5 x 176 = 264 mm
Colocar 12 “No” num perímetro de 0,5d a partir da face do pilar
Colocar 24 “No” num perímetro de 2,25d a partir da face do pilar

122
EXEMPLO 2: PAVIMENTO COM SISTEMA UNIDIRECIONAL, COM CABOS ADERENTES E
NÃO-ADERENTES

A filosofia de projeto mostrada nesse exemplo é similar à utilizada no exemplo


anterior. Como trata-se de um sistema unidirecional, uma verificação preliminar ao
cisalhamento é considerada desnecessária.

A planta do pavimento e o pórtico equivalente da estrutura estão mostrados na


Figura A18. Pode ser visto que a estrutura possui sistema unidirecional, com
nervuras em uma direção e vigas em faixas na outra direção

As vigas em faixa ficam ao longo das linhas dos pilares na direção longitudinal.
Escolheu-se cabos não-aderentes para as lajes nervuradas e cabos aderentes para
as vigas em faixa.
A B C

900 900
1

A A
720

2
720

400 x 400 500 x 500

3
720

400 x 400

4
720

Seção AA A B C
390
390

Figura A18: Planta do pavimento e pórtico equivalente do exemplo 2

123
Propriedades

O concreto e a armadura aderente são iguais aos do primeiro exemplo.

Aço de protensão:

Utiliza-se cordoalha de 15.7mm de diâmetro tanto para os cabos aderentes, quanto


para os não-aderentes, com capa de polietileno de alta densidade ou polipropileno
envolvendo os cabos não-aderentes, como mostrado na Seção 4.2.2.

Pk = 265,5 kN (Força característica no cabo)


Aps = 150,0 mm2 (área de um cabo)
fpu = 1770 N/mm2 (resistência característica do aço de protensão)
Eps = 195 kN/mm2 (módulo elasticidade do aço de protensão)

Carregamento

Cargas impostas em edifício comercial usual :


Acabamentos: 1,0 kN/m2
Sobrecarga: 4,0 kN/m2
Carga total imposta: 5,0 kN/m2

Neste exemplo, o carregamento proveniente dos acabamentos será considerado


como sobrecarga. Isto leva em consideração a possibilidade de liberdade de divisão
dos espaços.

Sobrecarga total : 5,0 kN/m2

Utilizando os valores das relações vão/altura dadas na Tabela 1, acha-se as


dimensões da seção, como mostradas na Figura A19. Para fins de análise, a seção
da nervura será tratada como uma seção T larga, vencendo o vão transversal,
conforme a Figura A20.

124
11

24
120

30 30

(a) Seção das nervuras

Largura efetiva = 250,8 cm

11

24

75 75

(b) Seção das vigas

Figura A19: Detalhe das seções

720
11
24

180

Figura A20: Seção T considerada na análise

Peso próprio

- Direção transversal

Peso próprio na seção T:


= (0,11 x 7,2 x 24) + (0,24 x 1,8 x 24) = 29,38 kN/m

Embora a seção T se torne uma seção retangular quando a encontra as vigas em


faixa, neste exemplo, será considerado que a seção T percorre a distância total
entre os apoios.

Um carregamento adicional será aplicado à seção T nos apoios, para representar


este peso próprio adicional.

Peso próprio adicional nos apoios, devido às vigas em faixa:

125
= (0,24 x 5,4 x 24) = 31,10 kN/m

- Direção longitudinal

Peso próprio da viga em faixa:


= (0,35 x 1,5 x 24) = 12,60 kN/m

Carregamento balanceado

- Direção transversal

Para esta direção tomar-se-á um carregamento majorado de 1,5 vezes o peso


próprio.

Carregamento balanceado = 1,5 x 29,38 = 44,07 kN/m

- Direção longitudinal

Para esta direção tomar-se-á um carregamento igual ao peso próprio.

Perfis dos cabos

Os requisitos de cobrimento são iguais aos do primeiro exemplo.

Agora, o arranjo prático dos cabos e da armadura passiva deve ser considerado,
especialmente os estribos de ligação que serão necessários tanto nas nervuras
quanto nas vigas.(Vide Figura A18). A tela de aço será colocada na parte superior
da laje nervurada como uma reserva contra a fissuração, e para reforçar o concreto
contra carregamentos situados entre as nervuras. A continuidade entre a laje e a
viga será mantida por barras retas que passam da viga para a laje, e então são
fixadas à tela. Note-se que o cobrimento para os cabos nas bainhas não deve ser
menor do que 50 mm.

126
B
2.5mm
11
Cabo aderente
longitudinal Cabo não-aderente φ18mm
24 e bainha (15.7+2.5)

75 75

(a) Direção transversal


2
2.5mm
11

24 Cabo não-aderente
Cabo aderente φ20mm longitudinal

(b) Direção longitudinal 30

Malha φ5mm c.15cm

11
Cabo não-aderente
Armadura passiva 16mm
24
Barra de
ligação φ10mm

30
(c) Seção da nervura no meio do vão

Figura A21: Posicionamento dos cabos e da armadura passiva

Estado limite de utilização

127
A2.1.1 Direção transversal

O perfil do cabo é calculado como anteriormente e o perfil resultante é o mostrado


na Figura A22.
A B C

3.500
4.999
3.201
4.088

14.712

4.500

90 413.9 306.1 90 90 306.1 413.9 90


20

900 900

Esc Vert = 10 x Esc Horiz

Figura A22: Perfil dos cabos transversais

Cálculo da flecha máxima

A partir da Figura A22 e do Apêndice C


y = kx (s − x )

y = 1,40 × 10 −5 e s = 7200 mm
Assim, quando x = 3600 mm, y = 181,70 mm

As perdas serão assumidas em 10% e 20% da força total aplicada pelo macaco,
coforme o exemplo anterior.

Protensão inicial

Toma-se a força aplicada pelo macaco como 70% da resistência característica.

O tensionamento dos cabos será efetuado ao longo da linha A somente para a


direção transversal.

Força aplicada pelo macaco ao cabo = 0,7 x 265,5 = 185,85 kN


Força de protensão no cabo, no ato da protensão, Pav = 167,27 kN

128
Força de protensão no cabo, em serviço, Pav = 148,68 kN

Calcula-se a força de protensão necessária em cada vão, utilizando os


carregamentos balanceados previamente escolhidos e as flechas mostradas na
Figura A23.

A B C

18.17 18.17

720 720

Esc Vert = 10 x Esc Horiz

Figura A23: Flechas para o carregamento balanceado

A força necessária é a mesma nos dois vãos.

44,07 × 7200 2
Preqd = = 1571.68 kN
8 × 181,7 × 1000

Assim:
1571.68
Número de cabos necessários = = 10,57
148.68

Como existem seis nervuras na seção, escolheu-se colocar 2 cabos por nervura,
resultando em um total de 12 cabos.

Pav (no ato da protensão) = 12 x 167,27 = 2007,20 kN


Pav (após todas as perdas) = 12 x 148,68 = 1784,16 kN

Os carregamentos equivalentes podem agora ser calculados como no primeiro


exemplo.

8 × a × n × Pav
w= = 1784,16 kN
s2

129
onde
• w é o carregamento equivalente (kN)
• n é o número de cabos
• a é a flecha máxima dos cabos na zona considerada (mm)
• s é a distância entre os pontos de inflexão dos cabos

A B C

Carregamentos equivalentes no ato da protensão (n=12)

n x PAV(kN) 2007,2 2007,2 2007,2 2007,2 2007,2

a (mm) 40,9 181,7 50,0 181,7 40,9

s (mm) 1800 7200 1800 7200 1800

w (kN/m) 202,6 -56,3 247,8 -56,3 202,6

Carregamentos equivalentes após todas as perdas (n=12)

n x PAV(kN) 1784,2 1784,2 1784,2 1784,2 1784,2

a (mm) 40,9 181,7 50,0 181,7 50,0

s (mm) 1800 7200 1800 7200 1800

w (kN/m) 180,1 -50,4 220,2 -50,2 180,1

Tabela A21: Cálculo dos carregamentos equivalentes devidos aos cabos transversais, no ato da
protensão e após todas as perdas, para a largura total da laje

Utilizando um programa de computador apropriado, obtêm-se os momentos fletores


e as forças cortantes para cada caso e calcula-se as tensões. Utiliza-se a
combinação de carregamento padronizada para o estado limite de utilização,
analogamente à direção transversal no exemplo 1.

Note-se que se a seção não for considerada retangular , zt e zb não são iguais e o
momento de inércia I não vale bd3/12.

Fazendo-se o cálculo, mostra-se que I = 1,14 x 10-2 e o centróide da seção está a


233mm acima da face inferior.

Portanto: zt = 97,4 x 10 –6 mm3


zb = 48,9 x 10 –6 mm3

130
Resumo dos resultados
A B C

Carregamentos equivalentes
202,6 -56,3 247,8 -56,3 202,6
no ato da protensão (n=12)

Carregamentos equivalentes
180,1 -50,4 220,2 -50,2 180,1
após todas as perdas (n=12)

Tabela A22: Resumo dos carregamentos equivalentes devidos aos cabos transversais para a largura
total da laje

Cálculo das tensões

As tensões podem agora ser calculadas (devido à simetria em relação ao eixo B,


as tensões em A e em C serão as mesmas, assim como nos vãos AB e BC.)

Área da seção = (7,2 x 0,11) + (0,24 x 1,8) = 1,224 m2

Tensões no ato da protensão:

As tensões máximas de tração e de compressão permitidas para uma estrutura de


laje unidirecional, no ato da protensão são as mesmas para ambos os vãos e
condições de vinculação (BS8110, Part 1: Clause 4.3.5)

Tensão máxima de compressão = 0,5 x fci = 0,5 x 25 = 12,5 N/mm2

Tensão máxima de tração = 0,36 × f ci = 0,36 × 25 = 1,80 N/mm2

131
Zona Posição P ΣM ft fb

Máx Mín Máx Mín

kN kN.m N/mm2 N/mm2 N/mm2 N/mm2

A 0,1.L
2007,2 56,30 2,22 - - 0,49
(Apoio) (A-B)

0,5.L
2007,2 -92,60 - 0,69 3,53 -
(A-B)
AB
(Vão)
0,8.L
2007,2 24,70 1,89 - - 1,13
(A-B)

B 0,9.L
2007,2 107,40 2,74 - - -0,56
(Apoio) (A-B)

Tensões admissíveis -
12,50 -1,80 12,50 -1,80
Região do apoio (un-tensioned reinforcement top only)

Região do vão (no un-tensioned reinforcement) 12,50 -1,80 12,50 -1,80

Tabela A23: Tensões no ato da protensão na direção transversal

Tensões após todas as perdas:

As tensões máximas de tração e de compressão permitidas para uma estrutura de


laje unidirecional, depois de todas as perdas, são dadas a seguir, utilizando-se as
Tabelas 4.2 e 4.3 da BS8110, Part 1: Clause 4.3.4.2 e Clause 4.3.4.3(4).

Limitando-se a abertura de fissuras em 0,1mm.

Máxima tensão de tração = -4,1 x 1,025 = -4,1 N/mm2

Tensões máximas de compressão :


- No vão = 0,33 fcu = 13,2 N/mm2
- No apoio = 0,40 fcu = 16,0 N/mm2

132
Zona Posição P ΣM ft fb

Máx Mín Máx Mín

kN kN.m N/mm2 N/mm2 N/mm2 N/mm2

A 0,1.L
1784,2 -111,40 - 0,31 3,74 -
(Apoio) (A-B)

0,5.L
1784,2 -93,51 - 0,50 3,37 -
(A-B)
AB
(Vão)
0,8.L
1784,2 112,20 2,61 - - -0,84
(A-B)

B 0,9.L
1784,2 -265,40 - -1,27 6,89 -
(Apoio) (A-B)

Tensões admissíveis -
Região do apoio (armadura passiva apenas na parte 16,00 -4,20 16,00 -4,20
superior)

Região do vão (sem armadura passiva) 13,20 -4,20 13,20 -4,20

Tabela A24: Tensões após todas as perdas na direção transversal

Cálculo das perdas

Perdas imediatas

a) Perdas devidas ao atrito

PX = P0 × e − µx ( α ' + ϖ )

Os valores recomendados para µ e ϖ são :

µ = 0,06 e ϖ = 0,05 rads/m

40,88 + 49,99
Flecha total = + 181,7 = 227,14 mm
2

O ângulo de desvio por metro α’ é o mesmo para ambos os vãos

16 × 227,14 × 10 −3
α' = = 0,045 rads/m
92

133
PA = força aplicada pelo macaco = 185,9 kN

PB = 185,85 × e −9×0 , 06 ( 0, 045+ 0, 05 ) = 176,6 kN

PC = 176,56 × e −9×0, 06 ( 0 , 045+0 , 05 ) = 167,7 kN

b) Perdas devidas à acomodação da ancoragem


δPW = 2 p’ l’

onde:
∆ × E PS × A PS
• l’=
p'
e:
PA − PC
• p’= = 1,01 kN/m
L1 + L 2

adota-se ∆ = 6mm

então: l ’ = 13,20 m

e δPW = 26,66 kN (no ponto de ancoragem)

Forças após as perdas por atrito e acomodação da ancoragem: (vide Figura A24)
PA = = 159,2 kN
PB = = 168,2 kN
PC = = 167,7 kN

c) Perdas elásticas
δPCS = εCS x EPS x APS
f∞
εCS = 0,5 x
E ci

Do cálculo das tensões, f∞ = 2.183 N/mm2

Assim:

134
εCS = 5,03 x 10-5

e:

δPCS = 1,47 kN

Como esta é menor do que 1% da força inicial, as perdas elásticas serão


desprezadas.

Esforços nos cabos no ato da protensão

Força em A: = 159,2 kN
Força em B: = 168,2 kN
Força em C: = 167,7 kN

Perdas progressivas

Relaxação do aço

δPr = 3,75%, como no primeiro exemplo


δPrA = 5,97 kN
δPrB = 6,31 kN
δPrC = 6,29 kN

Retração do concreto

δPsh = sh x Eps x Aps


sh = 300 x 10-6
δPsh = 8,78 kN

Fluência do concreto
δPcr = εcc x Eps x Aps
f∞
ε cc = ×φ
E ci

135
φ = 1,6
f∞ = 2.183 N/mm2
δPcr = 4,71 kN

Esforços de protensão nos cabos após todas as perdas

Força em A = 159,19 – 5,97 – 8,78 – 4,71 = 139,7 kN


Força em B = 168,22– 6,31 – 8,78 – 4,71 = 148,4 kN
Força em C = 167,73– 6,29 – 8,78 – 4,71 = 147,9 kN

A B C

1320

185.9
176.6
172.4
168.2
167.7

159.2 148.4

147.9
139.7

Figura A24: Diagrama de forças ao longo do cabo

Perdas imediatas e progressivas


Perda imediata média = (14,3% + 9,5% + 9,7%) /3 = 11,2 %
Perda progressiva média = (24,8% + 20,1% + 20,4%) /3 = 21,8 %

Embora os valores iniciais de 10% e 20% tenham sido excedidos, o cálculo não
será refeito. Isto porque as tensões no ato da protensão não excederam nenhum
dos limites permitidos, e o número de cabos não se modificará se as perdas forem
acrescidas de 1% a 2%.

A2.1.2 Direção longitudinal

A largura efetiva da laje foi encontrada a partir do diagrama de esforços cortantes


na direção transversal, para carregamentos não majorados.
= 10,22 m

136
Peso Próprio = Peso da laje + Peso da viga

=
(10,22 − 1,50) × 29,38 + 12,6 = 48,20 kN/m
7,2
1 2 3

6.000 6.000
3.991 4.600
7.509
2.714 18.400
8.786
6.000

72 233.1 342.9 72 72 288 288 72


25 25
720 Esc Vert = 10 x Esc Horiz

Figura A25: Perfil longitudinal do cabo

Neste exemplo, o CG do cabo foi tomado igual ao CG da bainha, visto que, com
este arranjo, (bainha oval de 20mm e cabos de 15,7 mm) a diferença na
excentricidade é desprezível. (vide Seção 6.7 deste manual.)

Cálculo da flecha máxima em cada vão


Vão 1-2
Da Figura A25 e do Apêndice C :
y = kx (s − x )

y = 1,74 × 10 −5 e s = 5760 mm

A flecha máxima será assumida em x = L/2 = 2880 mm


Flecha máxima, y = 144mm
Um cálculo detalhado pode mostrar que a flecha máxima ocorre em x =2331mm e
vale 139mm, como mostrado na Figura A25.

Vão 2-3
Flecha máxima = 350 – 60 – 46 – 60 = 184 mm
Assumindo-se os seguintes valores para as perdas
15% da força aplicada pelo macaco, no ato da protensão
15% da força aplicada pelo macaco, após todas as perdas

137
Estas são maiores do que na direção transversal, porque as perdas tendem a ser
maiores em vigas com sistemas aderentes.

Protensão inicial
Pav (no ato da protensão) = 158,0 kN
Pav (após todas as perdas) = 139,4 kN

Cálculo da força de protensão necessária em cada vão

Carga balanceada: w = 48,2 kN/m

Vãos 1-2 e 4-5


48,20 × 5760 2
Preqd = = 1388,2 kN
8 × 144,0 × 1000

Vãos 2-3 e 3-4

48,20 × 5760 2
Preqd = = 1086,4 kN
8 × 184,0 × 1000

Para uma estrutura com aderência, a execução é mais fácil se o número de cabos
em cada vão é igual. Embora 10 cabos sejam suficientes para este cálculo
aproximado, a escolha de 11 cabos garantirá que as tensões limites não sejam
ultrapassadas se o cálculo das perdas finais ultrapassar 25%.

Para esta análise, considera-se razoável calcular a largura efetiva da mesa para
stiffness e tensões de acordo com a BS8110 clause 3.4.1.5. i.e. largura da nervura
+ 0,7 vezes 1/5 do vão. A largura de carregamento, é claro, será determinada pela
análise na direção transversal.

Como a viga tem seção T, zt e zb não são iguais. Calculando-se, mostra-se que o
momento de inércia I vale 6,79 x 10-3 m4 e que o CG da seção está a 196mm acima
da face inferior.
A = 0,6359 m2

138
Assim: zt = 44,1 x 106 mm3
zb = 34,6 x 106 mm3

1 2 3

Carregamentos equivalentes no ato da protensão (n=11)

n x PAV(kN) 1737,6 1737,6 1737,6 1737,6 1737,6 1737,6

a (mm) 30,8 144,0 41,2 46,0 -184,0 46,0

s (mm) 1440 5760 1440 1440 5760 1440

w (kN/m) 206,5 -60,3 276,2 308,4 -77,1 308,4

Carregamentos equivalentes após todas as perdas (n=11)

n x PAV(kN) 1533,3 1533,3 1533,3 1533,3 1533,3 1533,3

a (mm) 30,8 144,0 41,2 46,0 -184,0 46,0

s (mm) 1440 5760 1440 1440 5760 1440

w (kN/m) 182,2 -53,2 243,7 272,1 -68,0 272,1

Tabela A25: Cálculo dos carregamentos equivalentes devidos aos cabos longitudinais, no ato da
protensão e após todas as perdas, para a laje de largura total

Resumo dos carregamentos equivalentes

1 2 3

Carregamentos equivalentes
206,5 -60,3 276,2 308,4 -77,1 308,4
no ato da protensão

Carregamentos equivalentes
182,2 -53,2 243,7 272,1 -68,0 272,1
após todas as perdas

Tabela A26: Resumo dos carregamentos equivalentes devidos aos cabos longitudinais, para a viga

Cálculo das tensões

139
Zona Posição P ΣM ft fb

Máx Mín Máx Mín

kN kN.m N/mm2 N/mm2 N/mm2 N/mm2

1
em 1 1737,6 27,21 3,35 - - 1,95
(Apoio)
0,5.L (1-
1737,6 -15,80 - 2,37 3,19 -
1-2 2)
(Vão) 0,8.L (1-
1737,6 17,81 3,14 - - 2,22
2)

0,9.L (1-
1737,6 41,56 3,67 - - 1,53
2 2)
(Apoio) 0,1.L (2-
1737,6 52,36 3,92 - - 1,22
3)

0,5.L (2-
1737,6 -59,27 - 1,39 4,45 -
2-3 3)
(Vão) 0,8.L (2-
1737,6 14,32 3,06 - - 2,32
3)

3 0,9.L (2-
1737,6 68,82 4,29 - - 0,75
(Apoio) 3)

Tensões admissíveis -
12,50 -1,80 12,50 -1,80
Região do apoio (un-tensioned reinforcement top only)

Região do vão (no un-tensioned reinforcement) 12,50 -1,80 12,50 -1,80

Tabela A27: Tensões no ato da protensão na direção transversal

140
Zona Posição P ΣM ft fb

Máx Mín Máx Mín

kN kN.m N/mm2 N/mm2 N/mm2 N/mm2

1
em 1 1533,3 -210,30 - -2,34 8,50 -
(Apoio)
0,5.L (1-
1533,3 146,00 5,72 - - -1,81
1-2 2)
(Vão) 0,8.L (1-
1533,3 -24,81 - 1,85 3,13 -
2)
0,9.L (1-
1533,3 -286,40 - -4,08 10,69 -
2 2)
(Apoio) 0,1.L (2-
1533,3 -237,60 - -2,98 9,28 -
3)
0,5.L (2-
1533,3 101,10 4,70 - - -0,51
2-3 3)
(Vão) 0,8.L (2-
1533,3 -72,89 - 0,76 4,52 -
3)
3 0,9.L (2-
1533,3 -207,60 - -2,30 8,41 -
(Apoio) 3)

Tensões admissíveis -
16,00 -4,20 16,00 -4,20
Região do apoio (un-tensioned reinforcement top only)

Região do vão (no un-tensioned reinforcement) 13,20 -4,20 13,20 -4,20

Tabela A28: Tensões após todas as perdas na direção transversal

Cálculo das tensões admissíveis como feita para a direção transversal.

Cálculo das perdas

Perdas imediatas

a) Perdas devidas ao atrito

PX = P0 × e − µx ( α ' + ϖ )
Os valores recomendados para µ e ϖ são : µ = 0,2 e ϖ = 0,0085 rads/m
Vãos 1-2 e 4-5
Flecha total = 167,65 mm

16 × 180 × 10 −3
α' = = 0,056 rads/m
7,2 2

141
Vãos 2-3 e 3-4
Flecha total = 230,00 mm

16 × 230 × 10 −3
α' = = 0,071 rads/m
7,2 2

Força aplicada pelo macaco = 185,85 kN

(Vide Figura A26)


P1 = força aplicada pelo macaco = 185,8 kN

P2 = 185,85 × e −9×0 , 2 ( 0 , 056 +0 , 0085 ) = 169,4 kN

P3 = 169,37 × e −9×0, 2 ( 0, 056+ 0, 0085 ) = 151,0 kN

b) Perdas devidas à acomodação da ancoragem


adota-se ∆ = 6 mm
l ’ = 8,61 m
p ’ = 2,37 kN/m
então: δPW = 40,81 kN (no ponto de ancoragem)

c) Perdas elásticas
São menores do que 1% da força inicial, e serão desprezadas.

Forças de protensão no ato da protensão


P1 = = 145,0 kN
P2 = = 162,5 kN
P3 = = 151,0 kN

Perdas progressivas

Relaxação do aço
δPr = 3,75%, como anteriormente
δPr1 = 5,44 kN
δPr2 = 6,09 kN
δPr3 = 5,66 kN

142
Retração do concreto
δPsh = 8,78 kN, como anteriormente

Fluência do concreto
δPcr = εcc x Eps x Aps

1,579 × 195 × 150


ε cc = 1,6 ×
21,7 × 10 3
δPcr = 3,41 kN

Esforços de protensão nos cabos após todas as perdas

Força em 1 = 145,06 – 5,44 – 8,78 – 3,41 = 127,4 kN


Força em 2 = 162,47 – 6,09 – 8,78 – 3,41 = 144,2 kN
Força em 3 = 151,70 – 5,66 – 8,78 – 3,41 = 133,8 kN
1 2 3

861

185.9
169.4
166.55

162.5

151.0

145.0
144.2

133.8

127.4

Figura A26: Diagrama de forças ao longo do cabo

Perdas imediatas e progressivas


Perda imediata média = (21,9% + 12,6% + 18,8%) /3 = 17,8 %
Perda progressiva média = (31,4% + 22,4% + 28,0%) /3 = 27,3 %

As hipóteses iniciais de 15% e 25% de perdas, respectivamente, são


razoavelmente precisas, e não são necessários cálculos posteriores.

143
A2.1.3 Cálculo da armadura passiva em serviço

Direção transversal, no eixo B

Armadura inferior para tensões de tração no ato da protensão


fct = -0,56 N/mm2
fcc = 2,74 N/mm2
h = 350 mm
b = 1800 mm

Assim:
x = 59,15 mm
Ft = 29,70 kN
As = 103 mm2

Armadura superior para tensões de tração após todas as perdas


fct = -1,267 N/mm2
fcc = 6,885 N/mm2
b = 7200 mm
x = 54,40 mm
Ft = 248,12 kN
As = 863 mm2

Vão AB
Armadura inferior para tensões de tração em serviço
fct = -0,835 N/mm2
fcc = 2,609 N/mm2
b = 1800 mm
x = 84,86 mm
Ft = 63,77 kN
As = 222 mm2

Como as nervuras irão conter estribos de ligação, serão necessárias duas barras
na parte superior e inferior de cada nervura, embora a quantidade real de armadura
calculada seja bem menor.

144
Direção longitudinal

Nesta direção, não é necessária armadura passiva em serviço.

A2.2 ESTADO LIMITE ÚLTIMO

A2.2.1 Direção transversal

Momentos aplicados: assume-se o método simplificado de análise, utilizando o


caso de carregamento simples, dada na BS8110 Pt.1 Clause 3.5.2.3. com a
redistribuição de momentos apropriada.

M U = f pb × A ps × (d − d n )

onde:
• d n = 0,45.x
f pu × A ps f pb
• x = 2,47 × d × ×
f cu × b × d f pu
7000  f × A ps 
• f pb = f pe + × 1 − 1,7 × pu 
1  f cu × b × d 
d
• f pu = 1770 N
mm 2
• f cu = 40 N
mm 2
• f pe = 991,2 N
mm 2
• A ps = 1800 mm 2
• l = 18000 mm

Nos apoios, b = 1800mm (largura total da nervura)

Nos vãos, b = 7200 mm (largura da laje)

145
d (mm) fpb (N/mm2) x (mm) dn MU

A 233,0 1052,56 65,00 29,25 386,30

AB 305,0 1102,50 17,02 7,66 590,10

B 315,0 1084,45 66,96 30,13 556,10

Tabela A29: Capacidade resistente última devida aos cabos protendidos através do painel (7,2m)

Calcula-se os momentos secundários usando o método B, para obter os momentos


atuantes no estado limite último.

A B

Momento
Secundário 115,7 157,50
(kN.m)

Tabela A30: Momentos secundários na direção transversal

Compara-se o momento resistente dos cabos, com o momento aplicado total, para
ver se a armadura passiva é necessária.

Momento Momento
Momento em Momento
secundário redistribuído MU (kN.m)
serviço (kN.m) aplicado (kN.m)
(kN.m) (kN.m)

A -315,2 115,70 -199,50 -159,60 -386,00

AB 439,6 136,60 576,20 691,40 590,10

B -858,0 157,50 -700,40 -560,40 -556,10

Tabela A31: Comparativo entre os momentos aplicados e os momentos últimos

É necessária armadura passiva no vão AB e no apoio B, já que o momento


resistente Mu foi excedido.

146
A2.2.2 Direção longitudinal

f pu = 1770 N mm 2

f cu = 40 N mm 2

f pe = 929,27 N mm 2

A ps = 1650 mm 2

l = 28800 mm
Nos apoios, b = 1500mm e no meio do vão, b = 2508 mm
f pe f pu = 0,525

d (mm) (fpuAps)/(fcubd) fpb (N/mm2) x (mm) dn MU

A 196,00 0,25 1324,30 92,10 41,50 337,60

AB 290,00 0,10 1539,90 63,80 287,00 663,90

B 290,00 0,17 1493,70 92,80 41,80 611,60

Tabela A32: Capacidade resistente última devida aos cabos protendidos através do painel (1,5m)

O valor de Mu no apoio 3 é o mesmo do apoio 2 e o valor de Mu no vão 2-3 é o


mesmo do vão 1-2. Isto porque os valores de “d” e “b” não variam nesses pontos.

1 2 2 3

Momento
Secundário 118,8 47,6 62,6 73,80
(kN.m)

Tabela A33: Momentos secundários na direção longitudinal

Compara-se os momentos atuantes com os momentos resistentes, para verificar se


há necessidade de armadura passiva.

147
Momento
Momento em Momento
secundário MU (kN.m)
serviço (kN.m) aplicado (kN.m)
(kN.m)

1 118,8 -503,8 -385,0 -337,6

1-2 83,2 409,5 492,7 663,9

2 47,6 -716,2 -668,6 -611,6

2 62,6 -665,50 -602,9 -611,6

2-3 68,2 381,60 449,8 663,9

3 73,8 -634,30 -560,5 -611,6

Tabela A34: Comparativo entre os momentos aplicados e os momentos últimos

É necessária armadura passiva nos apoios 1 e 2 e portanto, nos apoios 4 e 5.

Não foi feita nenhuma redistribuição de momentos.

A2.2.3 Cálculo da armadura passiva no estado limite último

Direção transversal

Vão AB, com 20% de redistribuição de momentos


666,2
βb = = 1,16
576,21

k ' = 0,402(1,16 − 0,4 ) − 0,18(1,16 − 0,4 )2 = 0,201

M AB 666,2 × 10 6
k= = = 0,028
b × d 2 × fcu 7200 × 290 2 × 40

Como k < k’, não é necessária armadura de compressão


 0,25 − 0,028 
z = d 0,5 + ≤ 0,95 d
 0,9 
 
d = 290 mm
z = 290 × 0,97 mm

148
Portanto:
z = 0,95 d = 275,5 mm

As =
M AB − MU
=
(666,2 − 590,1) × 10 6 ⇒ A = 681,1 mm 2
s
0,87 × f y × z 0,87 × 460 × 275,5

Portanto, a área por nervura é :


681,1
As = = 113,5 mm 2
6

No apoio B
560,38
βb = = 0,80
700,91

k ' = 0,402(0,80 − 0,4 ) − 0,18(0,80 − 0,4 )2 = 0,132

MB 560,38 × 10 6
k= = = 0,093
b × d 2 × fcu 1800 × 290 2 × 40

Como k < k’, não é necessária armadura de compressão

 0,25 − 0,093 
z = d 0,5 +  ≤ 0,95 d

 0 ,9 
d = 290 mm
z = 290 × 0,88 = 256,1 mm

As =
MB − MU
=
(560,38 − 556,06 ) × 10 6 ⇒ A = 42,1 mm 2
s
0,87 × f y × z 0,87 × 460 × 256,1

Portanto, a área por nervura é :


42,1
As = = 7,02 mm 2
6

Direção longitudinal

Apoio 1
k ' = 0,156

149
M1 385,0 × 10 6
k= = = 0,167
b × d2 × fcu 1500 × 196 2 × 40

Como k > k’, é necessária armadura de compressão


 0,25 − k' 
z = d 0,5 +
 0,9 

z = 152,3 mm
d = 196 mm e d' = 356 mm

(k − k') × b × d2 × fcu (0,167 − 0,156 ) × 1500 × 196 2 × 40 ⇒ A' = 394 mm 2


A' s = =
0,87 × f y × (d − d') 0,87 × 460 × (196 − 35 )
s

As =
(k'×b × d × fcu − MU
2
)
+ A' s =
(
0,156 × 1500 × 196 2 × 40 )
+ 394 ⇒ A s = 755 mm 2
0,87 × f y × z 0,87 × 460 × 152,3

Apoio 2

k ' = 0,156

M2 668,6 × 10 6
k= = = 0,133
b × d 2 × fcu 1500 × 290 2 × 40

Como k < k’, não é necessária armadura de compressão

 0,25 − k 
z = d 0,5 + ≤ 0,95 d
 0,9 

d = 290 mm
z = 237,7 mm
0,95 d = 275,5 mm

As =
M 2 − MU
=
(668,6 − 611,6 ) × 10 6 ⇒ A = 599,1 mm 2
s
0,87 × f y × z 0,87 × 460 × 237,7

150
A2.3 ARMADURA PASSIVA MÍNIMA

Direção transversal

Para cabos não-aderentes, a armadura mínima é calculada de acordo com a


BS8110, Part.1, Table 3.27, Figures 3.24 e 3.25(4).

A partir da Table 3.27

Nos apoios : Mesa tracionada


AS = 0,26% x bw x h = 0,26% x 1800 x 350 = 1638 mm2

Portanto:
AS = 273 mm2 por nervura

Nos vãos : Mesa comprimida


bw/b = 1800/7200 = 0,25

Portanto:
AS = 0,28% x bw x h = 0,18% x 1800 x 350 = 1134 mm2

Portanto:
AS = 189 mm2 por nervura

Direção longitudinal

Para cabos aderentes, não existe necessidade de armadura mínima. Vide Seção
6.10.6.

A2.4 RESUMO DAS ARMADURAS ATIVAS E PASSIVAS

A2.4.1 Resumo da protensão

Força aplicada pelo macaco: 185,5 kN por cabo

151
Direção transversal

São necessários dois(2) cabos em cada nervura

Direção longitudinal

São necessários onze(11) cabos em cada viga

A2.4.1 Resumo da armadura passiva

Armadura necessária Armadura necessária

Pratical
Área em serviço Área para estado Barras necessárias Barras necessárias
Posição 2 Área mínima 2 consideration for
(mm ) limite útlimo (mm ) na parte superior na parte inferior
links

A -315,2 115,70 - 2T16 (402) 2T16 (402) 2T16 (402)

AB 439,6 136,60 113,50 2T16 (402) 2T16 (402) 2T16 (402)

B -858,0 157,50 7,00 2T16 (402) 2T16 (402) 2T16 (402)

Tabela A35: Direção transversal. Áreas e barras dadas por faixa

Armadura necessária Armadura necessária

Pratical
Área em serviço Área para estado Barras necessárias Barras necessárias
Posição 2 Área mínima 2 consideration for
(mm ) limite útlimo (mm ) na parte superior na parte inferior
links

394 em baixo
1 - - 2T16 (402) 2T16 (804) 2T16 (402)
755 em cima

1-2 - - - 2T16 (402) 2T16 (402) 2T16 (402)

2 - - 599,10 2T16 (402) 2T16 (603) 2T16 (402)

2-3 - - - 2T16 (402) 2T16 (402) 2T16 (402)

3 - - - 2T16 (402) 2T16 (402) 2T16 (402)

Tabela A36: Direção longitudinal. Áreas e barras dadas por viga

152
APÊNDICE B: CÁLCULO DAS PERDAS DE PROTENSÃO

B.1 PERDAS POR ATRITO NOS CABOS:

As perdas por atrito podem ser calculadas de acordo com BS8110(4). Entretanto, de
acordo com o Grupo de Trabalho responsável por este relatório, os cálculos a
seguir são mais realísticos. As perdas são devidas ao atrito gerado por uma
alteração no ângulo do cabo e pela ondulação não intencional dos cabos. Ambos
efeitos são considerados em uma só fórmula para a fricção, a seguir:

Px = P0 e − µ( α + ϖx )

onde:

• Px = força à distância x da extremidade tracionada;


• P0 = força de protensão (na ancoragem);
• µ= coeficiente de atrito;
• α= mudança de ângulo no cabo da ancoragem até o ponto
considerado (radianos);
• ϖ= fator de ondulação acidental (radianos /m).

Isto é equivalente às equações 58 e 59 na BS8110, Parte 1, Cláusula 4.9(4).

Os valores do coeficiente de atrito dependerão do sistema de protensão escolhido


e, no caso de sistemas aderentes, do estado da cordoalha em termos da camada
superficial de ferrugem.

Na ausência de informações detalhadas sobre o coeficiente de atrito e sobre o


coeficiente de ondulação do sistema de protensão utilizado, recomenda-se utilizar
os fatores da tabela B1:

153
Tabela B1: Coeficientes de atrito e fatores de ondulação típicos
Cabos não-aderentes Cabos aderentes
Coeficiente de atrito - µ 0.06 0.20
Fator de movimentação - ϖ 0.05 0.0085

Para estruturas típicas de laje com cabos não-aderentes é normalmente razoável


assumir um ângulo de mudança de direção uniforme por unidade de comprimento.
Este ângulo pode ser obtido calculando-se o ângulo total de mudança de direção no
comprimento total do cabo e dividindo-o por este comprimento. Pode-se utilizar
também um método alternativo simples, baseado na flecha e vão típicos dos cabos.
A figura B1 ilustra a geometria de um cabo parabólico típico com a parábola
invertida no apoio. A tangente da curva no ponto de inflexão se estende até os
pontos c e a .

Figura B1: Geometria típica do perfil dos cabos para vão interno

Deste modo tem-se a inclinação: θa = tg -1[(2 x flecha total)/A]

Similarmente, usando os pontos b e c , pode-se obter a inclinação θb.

O ângulo total de desvio no vão L é dado por: 2(θa.+ θb)

O ângulo de desvio médio por unidade de comprimento, α' , é portanto:


α' = 2 (θa.+ θb)/L

154
Assumindo-se que o ponto c está no meio do vão, esta expressão pode ser
simplificada para:

α' = (16 x flecha total )/L

Em tais casos, a fórmula do atrito pode ser escrita como:

Px = P0 e −µx( α ' + ϖ )

O perfil da força de protensão, após as perdas por atrito, pode agora ser obtido.

B.2 PERDA POR ENCUNHAMENTO

A maioria dos sistemas pós-tracionados usados em edificações dependem de um


sistema baseado na fíxação por cunhas na ancoragem. Para se fixar as cunhas,
deve haver um pequeno deslocamento da cordoalha para dentro das ancoragens.
Este deslocamento reduz a protensão, e o seu valor depende de particularidades
do sistema de protensão empregado. Um valor típico para este deslocamento é
6mm. O efeito da perda por encunhamento está mostrado na figura B2.

Figura B2: Perda de protensão devida ao encunhamento

A força perdida é calculada a seguir:

155
1'

Área A = ∆ x Eps x Aps = ∫ δPw dx


0

onde:

• ∆= deslocamento por encunhamento


• δPw = perda de força;
• Eps = módulo de elasticidade do cabo;
• Aps = área do cabo;
• 1’= comprimento do cabo afetado pelo encunhamento.

Se é possível assumir que o cabo tem um ângulo de mudança de direção uniforme


por unidade de comprimento, então o perfil da força é aproximadamente linear.
Consequentemente, se 1’é menor que o comprimento dos cabos, então:

1’= [(∆ . E ps ⋅ A ps )/p' ]

onde:

• p’= inclinação do perfil da força;


• δPw na ancoragem = 2 x p’x1’.

A perda de força no comprimento 1’é dada então por:

δPw = 2p’(1’-x)

Se o encunhamento afetar no comprimento total do cabo, então:

δPw na ancoragem ativa = (∆ x Eps x Aps )/l + p’ x l

δPw na ancoragem passiva = (∆ x Eps x Aps )/l - p’ x l

156
B.3 ENCURTAMENTO ELÁSTICO DA ESTRUTURA

Quando as cordoalhas são tracionadas, a estrutura irá encurtar elasticamente. Na


maioria dos pavimentos de edifícios, este encurtamento é insignificante em termos
de perdas, mas pode ser significativo para vigas altamente solicitadas.

A perda da força é dada por:

δPes = εes x Eps x Aps

onde:

εes = 0.5 x ƒco / Eci


ƒco = tensão no concreto adjacente ao cabo após a transferência;
Eci = módulo de elasticidade do concreto no instante da transferência.

Na fórmula de εcs dada anteriormente, o fator 0.5 considera o efeito médio dos
vários cabos sendo tracionados sequencialmente (BS8110, Parte 1, Cláusula
4.8.3(4)). Se este não for o caso, este fator deve ser adequadamente modificado.

B.4 RETRAÇÃO DO CONCRETO

A BS8110(4) trata deste assunto extensivamente na Seção 4.8.4, Parte 1 e na


Seção 7.4, Parte 2. Cuidados especiais devem ser adotados quando se tem
elementos delgados (por exemplo: lajes) sujeitas a baixa umidade (tal como em
alguns prédios aquecidos) em que pode ocorrer uma retração superior a 400x10-6.

A perda de força de protensão é dada por:

δPsh = εsh x Eps x Aps

onde:

εsh = deformação de retração no concreto.

157
B.5 FLUÊNCIA DO CONCRETO

A perda por fluência é baseada na tensão existente no concreto ao nível dos cabos.
Estas perdas são abordadas extensivamente pelo BS8110, Parte 1, Seção 4.8.5 e
Parte 2, Seção 7.3(4). Este fenômeno pode exercer um grande efeito em elementos
delgados altamente solicitados.

A perda de força de protensão é dada por:

δPcr = εcr x Eps x Aps

onde:

• εcc = φƒco / Eci ;


• φ = coeficiente de fluência (BS8110, Parte 2, figura 7.1(4)).

Para estruturas nervuradas uma espessura equivalente deve ser obtida a partir da
razão entre volume e área da superfície exposta.

B.6 RELAXAÇÃO DOS CABOS

A tensão nos cabos reduz com o tempo por causa da relaxação do aço. O valor da
relaxação depende do tipo de cordoalha e da tensão inicial. A figura B3 ilustra as
curvas tipicas de relaxação para vários tipos de cordoalhas e níveis de
carregamento.

A perda de força de protensão é dada por:

δPr = (relaxação para 1000 horas) x (fator de relaxação) x (força de protensão na


transferência)

O parâmetro (relaxação para 1000 horas) é dado pelo BS8110, Parte 1, Cláusula
4.8.2(4). A classe 2, que corresponde aos aços de baixa relaxação, é a
normalmente utilizada em edifícios. Dados sobre a relaxação deste tipo de aço são
fornecidos na tabela B2.

158
Figura B3: Curvas de relaxação para vários tipos de cordoalhas e níveis de carga

159
Tabela B2: Relaxação para classe 2 - aços de baixa relaxação
Força de Relaxação para 1000 Fator de relaxação Perda da força de
transferência como horas protensão como uma
uma % da resistência % da força de
característica dos transferência
cabos
80% 4.5% 1.5 6.75%
70% 2.5% 1.5 3.75%
60% 1.0% 1.5 1.50%

Notas:
Resistência característica do cabo = ƒpa x Aps
O valor para o parâmetro (relaxação a 1000 horas) da BS5896(10) dado na tabela B2
acima pode ser substituído pelo valor fornecido pelo fabricante.

160
APÊNDICE C: CÁLCULO DA GEOMETRIA DOS CABOS

Figura C1: Geometria do cabo

Considerando as três parábolas AB, BCD e DE:

Parábola:
AB y = k1x2
BCD y = kx2
DE y = k2x2

Para a parábola AB: -a1 = k1p12

Similarmente para DE: -a2 = k2(-p2) 2

Sendo Q1 = q 1 – q 2 e Q2 = q 3 – q 2

Então para a parábola BCD: (Q1 - a1) = k (L’- p1) 2


(Q2 - a2) = k (L - L’-p2) 2

A inclinação das parábolas em qualquer ponto é dy/dx e as parábolas são


tangentes em B e D.

dy
Para a parábola AB: = φ1 = 2k 1 p 1
dx

161
dy
Similarmente, para DE: = φ 2 = −2 k 2 p 2
dx

Como as parábolas são tangentes em B e D, a inclinação das duas parábolas que


se encontram em cada um destes pontos serão iguais.

Para a parábola BCD:


dy
= φ1 = −2k (L'− p 1 )
dx
e
dy
= φ 2 = 2k (L − L'− p 2 )
dx

Usando estas equações, é possível obter expressões para k1 e k2 em termos de k.

2k1p1 = -2k (L’-p1)


k1 = -k (L’-p1)/p1

-2k2p2 = 2k (L-L’-p2)
k1 = -k (L-L’-p2)/p2

Substituindo os valores de k1 e k2 nas equações originais das parábolas AB e DE


tem-se:

a1 = kp1 (L’-p1)
e
a2 = kp2 (L -L’-p2)

Substituindo os valores de c1 e c2 na equação original da parábola BCD tem-se:

Q1 - kp1 (L’-p1)= k (L’-p1)2


e

162
Q2 - kp2 (L -L’-p2) = k (L-L’-p2)2

Isolando k para cada caso tem-se:


1 (L'−p 1 ) 2 + p 1 (L'−p 1 )
=
k Q1
e
1 (L − L'−p 2 ) 2 + p 2 (L − L'−p 2 )
=
k Q2

Estas equações fornecem a equação quadrática:

lx2 + mx + n = 0

onde:
• l = (q1 – q3)
• m = (p2-2L) ( q1 – q2)+ p1 ( q3 – q2)
• n = ( q1 – q2) (L-p2) L

Com a solução:

− m ± (m 2 − 4 ln)
L’=
2l

Uma vez calculado L’, a1 e a2 podem ser encontrados usando:


(q 1 − q 2 ) p 1
a1 =
L'
e
(q 3 − q 2 ) p 2
a2 =
L − L'

163
Figura C2: Solução para o cabo na direção transversal do exemplo A1

Para o caso mostrado tem-se:

l = 112.5 – 176 = -63.5mm


m = (450-2x4500) x (112.5-33) + 450 x (176-33) = -615375
n = (112.5-33) x (4500-450) x 4500 = 1.449 x 109

615375 − (615375 2 + 4 ⋅ 63,5 ⋅ 1,449 ⋅ 10 9 )


L’= = 1958.75
2 ⋅ (−63,5)
(112.5 − 33)
a1 = ⋅ 450 = 18.27 mm
1958.75
(176 − 33)
a2 = ⋅ 450 = 25.32 mm
(4500 − 1958.75)
(112.5 − 33)
k= = 2.69 x 10-5
(1958.75 − 450) 2 + 450 x (1958.75 − 450)
k1 = -2.69 x 10-5 x (1958.75-450)/450 = -9.02 x 10-5

k2 = -2.69 x 10-5 x (4500-1958.75-450)/450 = -12.50 x 10-5

164
APÊNDICE D: CÁLCULO DOS EFEITOS SECUNDÁRIOS (HIPERESTÁTICOS)
USANDO CARGAS EQUIVALENTES

As cargas equivalentes podem ser usadas para representar forças geradas pela
protensão. Estas cargas gerarão automaticamente os efeitos combinados primários
(isostáticos) e secundários (hiperestáticos) quando aplicadas à estrutura. A Figura
D1 mostra situações comuns em que ocorrem cargas equivalentes em protensões
usuais.

Figura D1: Cargas equivalentes que ocorrem usualmente

Um método para separas os efeitos secundários dos efeitos primários é usar uma
análise de pórtico com a carga de protensão equivalente agindo sozinha. Os
diagramas do momento fletor e da força cortante resultantes incluem ambos efeitos.
Para se obter o efeito secundário, é necessário apenas considerar os momentos e
forças nos apoios e subtrair os efeitos primários deles. Os momentos secundários
ao longo de cada vão variam linearmente da extremidade a extremidade. Este
método é denominado de método A.

165
Para ilustrar o método A utiliza-se o exemplo A1 do Apêndice A no estado limite
último para a direção transversal. Os efeitos secundários são obtidos como
apresentado a seguir:

Cálculo da carga de protensão equivalente nos vãos usando um fator de carga de


1.0.

Figura D2: Cargas balanceadas equivalentes

Análise da estrutura e obtenção do diagrama de momento fletor.

Figura D3: Momentos devido aos efeitos primários e secundários

Cálculo dos momentos primários devidos à protensão (Pe) na laje em cada apoio.
Não existem momentos primários nos pilares.

No apoio C : Pe = 0
No apoio B (C) : Pe = -172 kNm
No apoio B (A) : Pe = -172 kNm

166
No apoio A : Pe = 0

Subtração dos momentos primários obtidos no passo (2). Neste estágio deve-se
notar que os momentos e reações nos pilares a partir da análise de pórtico são
devidos inteiramente aos efeitos secundários.

Figura D4: Diagrama de momento fletor devido aos efeitos secundários

Figura D5: Diagrama de força cortante devido aos efeitos secundários

Um método alternativo de cálculo dos efeitos secundários está detalhado a seguir.


Este método será denominado de método B.

Como não há forças de protensão primárias nos pilares, os momentos e as reações


nestes elementos são geradas totalmente pelos efeitos secundários. Portanto, os
efeitos secundários nas lajes podem ser facilmente obtidos aplicando os momentos
e reações dos pilares nas lajes como mostra a figura D6.

167
Figura D6: Momentos e reações nos pilares devido as forças secundárias

Isto resulta em um momentos e reações secundárias nas lajes como ilustram as


figuras D4 e D5.

168
APÊNDICE E: CÁLCULO E DETALHAMENTO DA ARMADURA DE FRETAGEM
NA ANCORAGEM

Este apêndice apresenta dois exemplos em que se necessita de armadura de


fretagem para combater o fendilhamento. Para cada um destes exemplos, calcula-
se a armadura passiva necessária e detalha-se a sua posição na laje.

Nota: O primeiro exemplo se refere aos cabos do exemplo 1 do apêndice A e o


segundo exemplo se refere aos cabos da viga do exemplo 2 daquele apêndice.

EXEMPLO 1:

Dependendo da configuração (layout) escolhida dos cabos no exemplo 1 do


apêndice A, as ancoragens podem ser realizadas em grupos de 1, 2, 3 ou 4. No
caso do exemplo a seguir, adota-se um grupo de 4 cabos com cordoalhas de
12.9mm (não-aderentes) para uma laje de espessura de 225mm, como ilustrado na
figura E1.

Figura E1: Disposição das ancoragens para o exemplo 1

Resistência característica dos cabos: = 186 kN;

Po = 0,70 x 186 kN = 130.2 kN

Na direção y-y:
yPo = 130/2 = 65 mm

169
yo = 225/2 = 112.5 mm

portanto: y0 /yPo = 0.58

Da tabela 4.7(4) : Fbst / Po = 0.146 (índice "bst" refere-se a


"bursting")
Fbst = 0.146 x 130.2 = 19 kN

Portanto, no estado limite de serviço com armadura atuando com uma tensão de
200 N/mm2 tem-se:

As = 19 x 103 / 200 = 95 mm2 / ancoragem

Para o estado limite último tem-se:

As = 186 x 0.146 x 103 / (0.87 x 400) = 68 mm2 / ancoragem (usar 2T10)

Esta armadura passiva deve estar entre 22.5 e 225 mm da face do apoio da
ancoragem.

Na direção x-x:

xPo = 1(4 x 135) /2 = 270 mm


xo = ilimitado (diga-se 1500 mm)

portanto: x0 /xPo = 0.18

Da tabela 4.7(4) : Fbst / Po = 0.23


Fbst = 4 x 130.2 x 0.23 = 120 kN

Portanto,
As = 120 x 103 / 200 = 600 mm2 (usar 2 x 4T12)

Esta armadura passiva deve estar entre 150 e 1500 mm da face do apoio da
ancoragem.

170
A Figura E2 mostra o detalhamento prático destas armaduras:

Figura E2: Distribuição da armadura de fretagem para o exemplo 1

Comentário: Não é usualmente necessário fazer um estudo do equilíbrio para lajes


cogumelos (lajes planas) com cabos regularmente espaçados, contanto que eles
tenham sido tracionados em uma sequência tal que evite problemas nos cantos.

EXEMPLO 2

As nervuras do exemplo 2 do apêndice A têm ancoragens não-aderentes e seu


cálculo contra o fendilhamento será similar ao do exemplo 1 anterior. O projeto da
armadura de fretagem na ancoragem para os cabos aderentes nas vigas está
apresentado a seguir.

O projeto das vigas indica a necessidade de onze cordoalhas de 15.7mm


aderentes. Decidiu-se usar dois cabos com quatro cordoalhas cada e um cabo com
três cordoalhas. As ancoragens destes cabos estão esquematizadas na Figura E3.

Figura E3: Esquema de ancoragem para o exemplo 2

171
As ancoragens são posicionadas de forma que os centros de gravidades dos cabos
(c.g.s.) correspondam ao centro de gravidade do concreto (c.g.c.). Pelos cálculos
do exemplo 2 este c.g está a 196 mm acima do bordo inferior da viga.

Consequentemente, assumindo o arranjo da figura 3 tem-se:

8(cordoalhas) x (125 + A) + 3 (cordoalhas) x A = 11 x 196

ou seja: 1000 + 8A + 3A = 2156 portanto: A = 105 mm

Para a sequência de protensão, assume-se que uma das cordoalhas em cada cabo
é tracionada até que todas as cordoalhas em todos os três cabos tenham sido
tracionadas (ou seja, se as cordoalhas são numeradas de 1 – 11 como mostrado na
figura 3, a sequência de protensão deve ser 1 ,5 ,9, 4, 8, 11, 2, 6, 10, 3 e 7). Desta
forma, não há necessidade de considerar estágios intermediários e isso
provavelmente gera uma menor quantidade de armadura contra o fendilhamento.

A fim de checar completamente a extremidade do bloco, são necessárias duas


verificações individuais denominadas de:

a) fendilhamento em ancoragem simples


estabilidade do bloco de extremidade

A Figura E4 mostra como o bloco de extremidade pode ser dividido em blocos de


extremidade individuais ou em prismas para cada ancoragem. Estes devem ser
retangulares e simétricos.

Os prismas das ancoragens A e B têm 125 de altura x 700 de largura. O prisma da


ancoragem C tem 125 de altura x 1500 de largura.

Ancoragem A e B:
Na direção x-x:
xPo /xo = 137.5 / 350 = 0.39

172
A força do macaco por cordoalha é: 185.85 kN

Portanto: Po = 4 x 185.85 = 743.4 kN

e a armadura necessária para uma tensão admissível de 200 N/mm2 é:


As = 150.9 x 103/200 = 754.5 mm2
posicionada entre 0.2xo e 2.0xo, ou seja, 70 a 700mm da ancoragem.

Cálculos semelhantes para a direção y-y das ancoragens A e B e para ambas


direções de ancoragens C (somente três cordoalhas) levam às seguintes
armaduras:

Ancoragem A e B
na direção y-y: As = 409 mm2 entre 12.5 e 125 mm

Ancoragem C
na direção x-x: As = 641 mm2 entre 150 e 1500 mm

na direção y-y: As = 307 mm2 entre 12.5 e 125 mm

Estabilidade geral na direção y-y(21)

Figura E4: Momentos e forças nos blocos de extremidade: direção y-y

173
Como as forças de ancoragem estão aumentando uniformemente (evenly) como
explicado anteriormente e as ancoragens estão localizadas no c.g.c., o bloco de
tensões atrás das ancoragens é uniforme e igual a :

11 x 185.85 x 103/0.6359 x 106 = 3.215 N/mm2


(0.6359 x 106 é a área da seção do exemplo A2)

Os momentos podem ser calculados desse modo:

MA = 3.216 x 1500 x 2302 x ½ x 10-6 – 557.55 x 125 x 10-3 = 57.86 kNm

MB = 3.216 x 1500 x 1052 x ½ x 10-6 = 26.58 kNm

Consequentemente, para o momento máximo de 57.68kNm e um braço de


alavanca de ½ do comprimento do bloco (=175 mm) a área de aço necessária é:

57.86
As = = 1653mm 2
0.175x 0.200

distribuída sobre uma distância de 175mm a 350mm a partir das faces de


ancoragem.

Da referência 21, a área de aço mínima é:

As = 0.3% x 1500 x 350 = 1575 mm2 (que é satisfatória)

Similarmente, na direção x-x

174
Figura E5: Momentos e forças na extremidade do bloco : direção x-x

MA=MC=3.216x110x504x(400 + 504/2)x10-6 + 3.215x350x 4002x ½x10-6 = 206.2


kNm

MB = 3.215 x 110 x 504 x (750+504/2) x 10-6 +


3.215x350x 7502x ½x10-6 -743.4 x 350x 10-3 = 234.9 kNm

Consequentemente, a área de aço necessária é:

234.9
As = = 1566mm 2
0.75x 0.200

a área de aço mínima é:

As = 0.3% x 1500 x 350 = 1575 mm2

distribuída sobre uma distância de 750mm a 1500mm a partir das faces de


ancoragem.

Nota: Os momentos acima são ligeiramente exagerados desde que a força de


ancoragem seja adotada (conservativamente) como sendo uma carga pontual.

Fluxo de tensões na mesa(21)

175
Carga na mesa = 3.215 x 2508 x 110 x 10-3 = 887 kN

Largura da alma = 1500 mm

yPo / yo = 1500/2508 = 0.60

Do BS 8110(4) : Fbst / Po = 0.14 portanto Fbst = 124kN

Área de aço necessária = 620 mm2 distribuída sobre uma distância de 250 a 2500
mm das faces de ancoragem.

Verificação da capacidade de cisalhamento horizontal:

Da figura E4, a força máxima de cisalhamento é : 935.2 kN


935.2x10 3
Dando uma tensão de cisalhamento de: = 1.78N / mm 2
1500x 350
2.25 N/mm2, portanto adequada

Verificação da capacidade de cisalhamento vertical:

Da figura E5, a força máxima de cisalhamento é : 572.1 kN


572.1x10 3
Dando uma tensão de cisalhamento de: = 1.09 N / mm 2
1500x 350
2.25 N/mm2, portanto
adequada
Na área da mesa, a força máxima de cisalhamento é : 178.2 kN
178.2 x10 3
Dando uma tensão de cisalhamento de: = 1.08N / mm 2
1500x110
portanto adequada.

A disposição da armadura dada na Figura E6 satisfaz todos os requisitos de


fendilhamento e estabilidade dos blocos de extremidade.

176
Figura E6: Disposição da armadura do bloco de extremidade

177
APÊNDICE F: VERIFICAÇÃO SIMPLIFICADA DO CISALHAMENTO

(derivadas das figuras 17 e 18)

Ver BS 8110 parte 1(4)


Hipóteses:

Desenhar gráficos para pilares internos


Vc = vc x u x d/1000 em kN

Onde:
• vc = é a resistência ao cisalhamento do concreto (N/mm2);
• u = é o comprimento do perímetro crítico (mm);
• d = é a altura efetiva (mm);

d = 0,9h;

Pilares são quadrados de dimensão c

U = 4(c+3d) = 4(c+2.7h)

O carregamento é uniformemente distribuído


Carga última = 1.5 x (Carga permanente + Carga total imposta)
Onde: Carga total imposta QT = carga variável (sobrecarga) + acabamento

Densidade do concreto = 24 kN/m3

Força de cisalhamento aplicada V ≈ 1.5A(24h / 1000 + QT ) em kN


Onde: A é a área apropriada do piso em m2

Verificação no primeiro perímetro crítico (Figura 17)

Vc = vc x u x d/1000 em kN
= 3.6h vc (c+2.7h)/1000 em kN

178
V ≤ Vc

Portanto: 1.5(24h/1000+Qr) x A ≤ 3.6hv c (c + 2.7 h ) / 1000

Qr ≤ 12hv c (c + 2.7 h ) / 5000A − 24h / 1000 kN/m2

Verificação na face do pilar (Figura 18)

Assume-se que: fcu = 40 N/mm2

Resistência máxima de cálculo ao cisalhamento = 5 N/mm2 ou 0.8 f cu N/mm2

= 5 N/mm2

Vcmax = 4c x 0.9h x 5/1000 kN


= 18ch/1000 kN

V ≤ Vc max

1.5A(24h/1000+QT) ≤ 18ch / 1000


Qr ≤ 12ch / 1000A − 24h / 1000 kN/m2

179
APÊNDICE G: VIBRAÇÃO DOS PISOS DE CONCRETO

PÓS-PROTENDIDOS

A publicação SCI ‘Design Guide on the Vibration of Floors’(22) foi especificamente


escrita para pisos de estruturas mistas de concreto/aço. As lajes planas (lajes
cogumelo) pós-tensionadas geralmente têm uma massa maior e uma freqüência
natural fundamental de vibração menor que as lajes formadas pela associação
entre o concreto e os perfis metálicos utilizados como fôrma (slabs on profiled metal
decking). Apesar do aumento de massa do pavimento reduzir a resposta dinâmica,
pisos com freqüências naturais baixas são excitados por componentes muito
maiores que as forças devidas ao caminhar de pessoas. É por isso,
provavelmente, que a resposta dinâmica irá controlar a espessura de algumas lajes
planas.

A maior parte da norma SCI é igualmente relevante para outras formas de


construções de pavimentos. A principal dificuldade em usar esta norma para lajes
planas é estimar suas larguras efetivas e vãos. Os valores para estas dimensões
são dadas em termos de rigidez de viga e de laje. Os valores não podem ser
facilmente modificados para as várias configurações de lajes planas.

O procedimento de projeto dado no SCI somente considera a freqüência natural


fundamental do pavimento. Entretanto, somente parte da massa do pavimento é
considerada como fazendo parte na resposta. Esta área é definida pela largura
efetiva e pelo vão. Um procedimento alternativo é considerar todas as freqüências
naturais e a massa total do pavimento. Na prática, somente um número limitado de
freqüências naturais precisa ser considerado porque a contribuição total da
resposta devido às freqüências mais altas é mínima.

O procedimento dado abaixo utiliza esta segunda aproximação. A resposta


dinâmica da frequência fundamental é calculada. Esta é então multiplicada por um
fator para fornecer a resposta dinâmica total.

Existem problemas com a norma SCI na transformação entre freqüência alta e


baixa dos pavimentos. Pode haver algumas vezes um salto na resposta calculada

180
de até 10 vezes. O procedimento abaixo fornece funções que levam a uma
transição sem degrau. Este procedimento também fornece expressões para a
estimativa da frequência fundamental natural das lajes planas, incluindo os casos
em que não há vigas perimetrais.

A resposta dinâmica dos pisos foram verificadas para relações de vão/altura


(deflection span/depth ratios) determinadas pelas considerações de flecha. Para
espaços normais de escritórios, etc., as caem dentro do critério de aceitação, desde
que requisitos adicionais de número mínimo de painéis e espessura de laje sejam
respeitados. A Tabela 1 inclui esses requisitos adicionais.

Procedimento de projeto para verificação da resposta de vibração de pavimentos de


concreto pós-tensionados

Figura G1

Dois tipos de modos de vibração são considerados. Isto é conservativo porque


alguns dos maiores harmônicos dos dois tipos são iguais.

181
Figura G2: Tipos de modos de vibração

tipo x: tipo y:
taxa de aspecto efetivo = λx taxa de aspecto efetivo = λy

n xI x EI y n yI y EI x
(1) λ x = 4 λy = 4
Iy EI x Ix EI y

EIx = é a rigidez a flexão do vão da laje na direção x por unidade de largura


(Nm2/m) EIy = é a rigidez a flexão do vão da laje na direção y por unidade de
largura (Nm2/m)

π EI y π EI x
(2) ƒ' x = k x ƒ' y = k y
2 mI 4y 2 mI 4x

onde:

• kx e ky dependem da relação de aspecto efetiva


• m é a massa por unidade de área (t/m2) (carga permanente + 10% de
carga variável)

Admitindo-se que r representa x ou y conforme o caso:


1
kr = 1+ para lajes maciças ou tipo caixão
λ2r

1
kr = 1+ para lajes nervuradas
λ4r

182
Para lajes com vigas no perímetro:

fr = f’r

Para lajes sem vigas no perímetro:

π EI x π EI y
2 ml 4x 2 ml 4y
fb = = para lajes sólidas ou tipo caixão
EI x l 4y EI y l 4x
1+ 1+
EI y l 4x EI x l 4y

Nota: fb é a frequencia natural de um painel simplesmente apoiado em seus quatro


cantos.

π EI x π EI y
2 ml 4x 2 ml 4y
fb = =
3/4 3/4 para lajes nervuradas
  EI x l 4y 
2/3    EI y l 4x 
2/3 
       
1 +    1 +   
  EI y l 4x     EI x l 4y  
   

 1/ n x + 1/ n y 
fr = fr’- (fr’- fb)  

 2 

Nr = 1 + ( 0.5 + 0.1 lnζ )λr para lajes maciças ou tipo caixão

Nr = 1 + ( 0.65 + 0.1 lnζ )λr para lajes nervuradas

ζ = é a taxa crítica de amortecimento ≈ 0.02 para espaços abertos edifícios


comerciais.

224.8
(4) Cr = para fr ≤ 3Hz
f r2 ⋅ ζ

183
27.2
Cr = para 3Hz ≤ f r ≤ 4Hz
ζ

83.2 − 14f r
Cr = para 4Hz ≤ f r ≤ 5Hz
ζ

0.88(20 − f r )
Cr = + 2(f r − 5) para 5Hz ≤ f r ≤ 20Hz
ζ

Cr = 30 para 20Hz ≤ f r

Cr N r
(5) Rr =
mn x l x l y

R = Rx + Ry

Onde: R≤4 espaços comerciais especiais


R≤ 8 espaços comerciais em geral
R≤ 12 espaços comerciais movimentados

184
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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