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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

ESCOLA POLITÉCNICA
ENG300 – CONSTRUÇÕES DE MADEIRAS

OTTO GABRIEL COSTA MOUTINHO

PROJETO ESTRUTURAL EM MADEIRA PARA COBERTURA DE


TELHA CERÂMICA

SALVADOR
2022
PROJETO ESTRUTURAL EM MADEIRA PARA COBERTURA DE
TELHA CERÂMICA

Desenvolvimento de um projeto em madeira


para sustentação de cobertura de telha
cerâmica, como avaliação da disciplica
ENG300 – Construções de Madeiras.

Orientador: Profº Sandro Fábio Cesar

SALVADOR
2022
1

Sumário

1 DESCRIÇÃO DO PROJETO ......................................................................... 3


2 ESCOLHA DA TELHA................................................................................... 3

3 DEFINIÇÃO DA GEOMETRIA DA COBERTURA .................................. 5


3.1 TRELIÇA TIPO 1 ............................................................................................................... 7
3.2 TRELIÇA TIPO 2 ............................................................................................................... 8
3.3 TRELIÇA TIPO 3 ............................................................................................................... 9

4 CÁLCULO DOS CARREGAMENTOS ........................................................ 9


4.1 CARREGAMENTO PERMANENTE................................................................................ 9
4.2 CARREGAMENTO ACIDENTAL.................................................................................. 10
4.2.1 Carregamento por área de influência ............................................................................. 10
4.2.2 Carregamento do vento .................................................................................................. 11

5 CARACTERIZAÇÃO DA MADEIRA ........................................................ 16


6 DIMENSIONAMENTO DA TERÇA PARA FLEXÃO SIMPLES .......... 17
6.1 TENSÃO NORMAL ......................................................................................................... 17
6.1.1 Trecho Principal ............................................................................................................. 17
6.1.2 Trecho Secundário.......................................................................................................... 18
6.2 TENSÃO TANGENCIAL ................................................................................................ 19
6.2.1 Trecho Principal ............................................................................................................. 19
6.2.2 Trecho Secundário.......................................................................................................... 20
6.3 VERIFICAÇÃO DAS FLECHAS .................................................................................... 20
6.3.1 Trecho Principal ............................................................................................................. 21
6.3.2 Trecho Secundário.......................................................................................................... 21

7 VERIFICAÇÃO DOS LIMITES PARA FLEXÃO OBLÍQUA ................ 21


7.1 TENSÃO NORMAL ......................................................................................................... 22
7.1.1 Trecho Principal ............................................................................................................. 22
7.1.2 Trecho Secundário.......................................................................................................... 23
7.2 TENSÃO TANGENCIAL ................................................................................................ 24
7.2.1 Trecho Principal ............................................................................................................. 24
2
7.2.2 Trecho Secundário........................................................................................................ 24
7.3 VERIFICAÇÃO DAS FLECHAS .................................................................................... 25
7.3.1 Trecho Principal ............................................................................................................. 25
7.3.2 Trecho Secundário.......................................................................................................... 26

8 ALTERAÇÃO DA GEOMETRIA DA COBERTURA .............................. 27


8.1 NOVA TRELIÇA TIPO 2................................................................................................. 27
8.2 NOVA TRELIÇA TIPO 3................................................................................................. 28
8.3 FLEXÃO SIMPLES .......................................................................................................... 29
8.3.1 Tensão Normal ............................................................................................................... 29
8.3.2 Tensão Tangencial.......................................................................................................... 29
8.3.3 Verificação da Flecha ..................................................................................................... 30
8.4 FLEXÃO OBLÍQUA ........................................................................................................ 30
8.4.1 Tensão Normal ............................................................................................................... 31
8.4.2 Tensão Tangencial.......................................................................................................... 31
8.4.3 Verificação das Flechas .................................................................................................. 32

9 CARREGAMENTO DAS TRELIÇAS ........................................................ 32


9.1 PESO PRÓPRIO DA TRELIÇA....................................................................................... 32
9.1.1 Treliça Tipo 1 ................................................................................................................. 33
9.1.2 Treliça tipo 2 .................................................................................................................. 34
9.1.3 Treliça Tipo 3 ................................................................................................................. 36
9.2 PESO PRÓPRIO DO CONTRAVENTAMENTO ........................................................... 37
9.3 REAÇÕES DAS TERÇAS ............................................................................................... 37
9.3.1 Treliça Tipo 1 ................................................................................................................. 37
9.3.2 Treliça Tipo 2 ................................................................................................................. 38
9.3.3 Treliça Tipo 3 ................................................................................................................. 38
9.4 CARREGAMENTO TOTAL SOBRE TRELIÇAS E ESFORÇOS NAS BARRAS ...... 39
9.4.1 Treliça Tipo 1 ................................................................................................................. 39
9.4.2 Treliça Tipo 2 ................................................................................................................. 41
9.4.3 Treliça do Tipo 3 ............................................................................................................ 42
3
1 DESCRIÇÃO DO PROJETO

O Projeto desenvolvido tem como finalidade projetar uma cobertura de uma edificação, com sua estrutura em
madeira e telha cerâmica. A planta baixa da edicação foi disponibilizada pelo Professor, e está detalhada na
figura 1.1.

Figura 1.1 – Planta baixa da edificação

2 ESCOLHA DA TELHA

A escolha da telha levou em conta a disponibilidade de entrega na região metropolitan de Slavador, sendo de
um revendedor local, e a presença de informações sobre as especificações da telha, como absorção de água,
distância entre as ripas, inclinação do telhado, consumo de telhas por metro quadrado. A única informação
que não estava disponível foi o peso da telha, então utilizei o peso de telhas similares no mercado. A figura
2.1 apresenta as especificaçõe da telha fornecidas pelo revendedor.
4

Figura 2.1 – Especificações da telha


5

Figura 2.2 – Telha escolhida para o Projeto

Para o projeto adotamos a inclinação de 20º (a mínima indicada foi de 19º), a absorção de 11% (acima do
limite superior indicado de 10,2%), o peso unitário de 4,2kg, que foi aferido consultando telhas similares.
Além disso, utilizamos, como indicado pelo fornecedor, o espaçamento entre ripas de 40cm e o consumo de
telhas de 11,2 telhas por metro quadrado.

3 DEFINIÇÃO DA GEOMETRIA DA COBERTURA

A geometria da cobertura foi definida contendo 4 águas no trecho principal e 2 águas no trecho secundário,
conforme a Figura 3.1. Como informado anteriormente, a inclinação do telhado é 20º e o beiral é de 80cm. Os
encontros das águas formam 45º, pois facilitam o corte e montagem da cobertura.
6

Figura 3.1 – Plano de águas da cobertura

As figuras no corpo deste trabalho não possuem escala definida, porém as pranchas com todos os
detalhamentos e escalas definidas se encontram ao fim do trabalho, em anexo.

Na figura 3.2 podemos verificar o posicionamento das treliças e pilares. São no total 17 treliças, sendo da 1 a
6 no trecho principal da edificação, com vão de 11m (ficam designadas com treliça tipo 1). No trecho
secundário da edificação são dois tipos de treliça: a primeira (tipo 2) que vence um vão de 6m estão
posicionadas nos trechos retos da construção (treliças 7, 8, 9, 11, 12, 13, 15, 16 e 17); a treliça do tipo 3 tem
vão de 8,49m e estão posicionadas nos cantos do trecho secundário da edificação, onde o telhado muda de
direção (treliças 10 e 14). Também estão representadas na Figura 3.2 as vigas inclinadas onde estão apoiadas
as terças das duas águas que estão posicionadas nas pontas do trecho principal. E também as vigas que apoiam
o encontro das águas do trecho secundário com o trecho principal.

Para o dimensionamento mais eficaz das terças, foi objetivado a padronização das distâncias entre terças.
Porém pela limitação da arquitetura da edificação e da escolha da configuração da cobertura, isto não foi
possível. Optei por dimensionar duas seções de terças, uma para o trecho principal e outra para o trecho
secundário.
7
No trecho secundário, a distância entre treliças utilizada para o cálculo da terça foi de 5 metros. No trecho
principal, a distância utilizada foi de 6 metros.

Figura 3.2 – Posicionamento das treliças

Como informado anteriormente, o projeto conta com três tipos de treliças, que tiveram suas geometrias
detalhadas da seguinte forma.

3.1 TRELIÇA TIPO 1

 Vão: 11 metros

 Distância entre montantes: 1,38 metro

 Altura no meio do vão: 2 metros


8

Figura 3.3 – Geometria da treliça tipo 1

3.2 TRELIÇA TIPO 2

 Vão: 6 metros

 Distância entre montantes: 1,50 metro

 Altura no meio do vão: 1,09 metro

Figura 3.4 – Geometria da treliça tipo 2


9

3.3 TRELIÇA TIPO 3

 Vão: 8,49 metros

 Distância entre montantes: 2,12 metros

 Altura no meio do vão: 1,09 metro

Figura 3.5 – Geometria da treliça tipo 3

4 CÁLCULO DOS CARREGAMENTOS

4.1 CARREGAMENTO PERMANENTE

Para o cálculo do carregamento, primeiro defini classe de resistência da madeira, que foi a D50. Essa escolha
justifica-se pelo grande espaçamento entre as treliças adotado, demandando uma grande resistência da
madeira. Para o cálculo da carga permanente de telhas, ripas e caibros, primeiro foi calculado o carregamento
em área do plano inclinado do telhado, ripa de seção 1,5x5 cm e caibros de seção 5x6 cm, além de absorção
de água da telha de 11%. A distância entre ripas é de 40cm (foi considerado 3 ripas a cada metro), e entre
caibros é de 50cm (2 caibros por metro). O cálculo está demonstrado abaixo:
10
Telhas: 11,2 telhas/m² x 4,2 kg/telha = 47,04 kgf/m²

Ripas: 0,015m x 0,05m x 3 ripas/m x 850 kg/m³ = 1,91 kgf/m²

Caibros: 0,05m x 0,06m x 2 caibros/m x 850 kg/m³ = 5,10 kgf/m²

Absorção de água: 47,04 kg/m² x 11% = 5,17 kgf/m²

Total = 59,23 kgf/m²

O carregamento permanente encontrado é para o plano inclinado do telhado. Devemos dividir pelo cosseno
do ângulo de inclinação adotado. Como o ângulo utilizado foi de 20º, o cosseno é igual a 0,94. Então o
carregamento permanente em projeção horizontal é de 63,03 kg/m².

4.2 CARREGAMENTO ACIDENTAL

Segundo o roteiro apresentado em sala de aula, para carga acidental devemos considerar a pior situação entre
a sobrepressão causada pelo vento (calculada pelo roteiro do livro Caderno de Projetos de Telhados em
Estrutura de Maderia, MOLITERNO, Antonio) e a divisão da carga de 100 kgf dividido pela área de influêcia
do nó de treliça. Devemos adotar a carga de 30 kgf/m² caso ambas as cargas (vento e área de influência)
resultem em um valor abaixo.

4.2.1 Carregamento por área de influência

Para determinar o carregamento por área de influência, basta dividir a carga de 100 kgf pela área de influência
do nó da treliça. Essa área de influência é definida pelo produto da distância entre montantes das nossas
tesouras e a distância entre tesouras. A situação mais crítica se dá na área do telhado onde esse produto
apresenta o menor valor. No nosso projeto, esse carregamento crítico ocorre na área onde a distância entre
treliças é de 4,5m e a distância entre montantes é de 1,5m. O carregamento por área de influência fica assim
então determinado:

𝑃= , ∗ ,
𝑃 = 14,81 𝑘𝑔𝑓/𝑚²
11
4.2.2 Carregamento do vento

Para o cálculo do carregamento causado pela ação do vento, foi utilizado o livro Caderno de Projetos de
Telhados em Estrutura de Maderia, (MOLITERNO, Antonio. 2ª edição, 1981). O primeiro passo é definir a
velocidade característica do vento que pode atuar na edificação, que é dada pela fórmula:

Vk = V0 x S1 x S2 x S3 (1)

Onde V0 é a velocidade básica do vento na região da construção; S1 é Fator topográfico; S2 é o fator da


rugosidade do terreno e o S3 é o fator estastístico, que varia de acordo com a utilização da edificação.

De acordo com a norma NB-599/78, nossos valores ficaram assim defidos:

V0 = 30 m/s; valor retirado do gráfico das isopletas, para a região da Bahia;

S1 = 1,0; por não ter fatores topográficos que possam alterar a velocidade do vento, como vales e encostas;

S2 = 0,74; Edificação com maior dimensão menor que 50m, altura da edificação 6m (considerado 10m na
tabela), e rugosidade do terreno 3, válido para terreno com muitas obstruções, como em pequenas cidades ou
subúrbios.

S3 = 1,0; edificação para residências.

Aplicando estes valores na fórmula (1), encontramos o valor para velocidade característica do vento na
edificação de Vk = 22,2 m/s. Para encontrar a pressão dinâmica que esta velocidade de vento aplica na
construção, aplicamos a fórmula abaixo:

q = Vk²/16 (2)

q = 30,8 kgf/m²

O passo seguinte é encontrar os coeficientes aerodinâmicos que atuam nas diferentes partes da cobertura. Por
limitação do cálculo, vamos simplificar a nossa edificação para uma construção retangular de 11 metros de
largura por 39 metros de comprimento; pé direito de 4 metros; telhado de duas águas, com altura de 2 metros.
A simplificação equivale ao trecho principal da nossa edificação, e a situação mais desfavorável será replicada
para toda a cobertura.

Em seguida calculamos a pressão exercida pelo vento nas paredes, pois é a mesma pressão exercida na parte
inferior do beiral das respectivas paredes. Para encontrar os coeficientes Ce das paredes, é necessário calcular
as razões h/b (altura sobre menor dimensão horizontal) e a/b (maior dimensão sobre menor dimensão
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horizontal). Feito isto, localizamos a situação da nossa edificação, que se encontra na segunda fileira da
tabela (h/b = 0,36 < ½; 3/2 < a/b = 3,54 < 4). Para esta situação, encontramos os seguintes coeficientes de
pressão:

 Vento incidindo pelo maior lado:

o Barlavento: +0,7

o Sotavento: -0,5

o Paredes laterais: -0,6

 Vento incidindo pelo menor lado:

o Barlavento: +0,7

o Sotavento: -0,2

o Paredes laterais: -0,5

Ainda de acordo com a tabela, nas paredes paralelas à incidência do vendo, devemos aplicar o coeficiente Cpe
médio em uma largura igual a 0,25b (0,25b = 2,75m) a partir da parede de barlavento. Para a nossa
configuração de edificação, o Cpe médio é igual a -1,0. Desta forma, as pressões dinâmicas atuantes nas
paredes para as duas direções de vento ficam aplicadas conforme as figuras 4.1 e 4.2.

Figura 4.1 – Pressão dinâmica do vento nas paredes, incidência pelo maior lado.
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Figura 4.2 – Pressão dinâmica do vento nas paredes, incidência pelo menor
lado.

Posteriormente, calculamos a pressão externa exercida pelo vento diretamente no detalhado. Os coeficientes
foram determinados pela Tabela de Coeficientes de pressão e de forma, externos, para telhados com duas
águas de edificações de planta regular. No nosso projeto temos altura relativa h/b = 0,36 < 0,5 e inclinação do
telhado θ = 20º, que determina os coeficientes Ce conforme as figuaras 4.3 e 4.4.

Figura 4.3 – Pressão dinâmica do vento no telhado, incidência pelo maior lado.
14

Figura 4.4 – Pressão dinâmica do vento no telhado, incidência pelo menor lado.

Determinamos agora a pressão interna, considerando as 4 paredes permeáveis. Nesta situação, a norma
determina a aplicação de um coeficiente Cpi = -0,3 , o que gera uma uma sucção interna de 9,24 kgf/m². Para
determinação das situações mais desfavoráveis, quando houver aplicação de pressão em sentidos contrários,
não será aplicada uma subtração dos esforços. Apenas será considerada a soma de pressões no mesmo sentido,
quando houver.

No beiral, a maior ocorrência de sucção ocorre à barlavento, quando o vento incide no maior lado da
edificação, onde soma-se a parcela de pressão do vento à parede (21,56 kgf/m²) com a parcela de sucção no
telhado causada pelo vento (12,32 kgf/m²), totalizando uma sucção no valor de 33,88 kgf/m². No telhado, a
maior ocorrência de sucção é no valor de 21,56 kgf/m². Como foi considerada todas as paredes permeáveis,
não há ocorrência de sobrepressão interna, que aumentaria a sucção na cobertura. A situação mais desfavorável
de sucção na cobertura ocorre conforme a figura 4.5. Como a nossa cobertura é feita com telha cerâmica sem
fixação, este esforço não é transferido à estrutura, não sendo considerado no dimensionamento da mesma.
Nesta situação, a sucção gerada pelo vento poderia causar o destelhamento da construção, mas para a
edificação projetada, isto também não ocorreria, pois o peso das telhas (47,04 kgf/m²) é maior do que a
situação mais desfavorável de sucção, que ocorre no beiral (33,88 kgf/m²).
15

Figura 4.5 – Condição mais desfavorável para a sucção.

A sobressão mais desfavorável ocorre nas esquinas do beiral, onde o Cpe médio que atua na parede e
consequentemente no beiral é de -1,0, gerando sucção na parede e sobrepessão nesta região do beiral, no valor
de 30,8 kgf/m². No restante do beiral, a maior sobressão atuante é de 15,4 kgf/m². No restante do telhado a
única parcela contribuinte da sobressão é a proveniente da sucção interna, no valor de 9,24 kgf/m² (obs.: no
beiral não ocorre a contribuição da parcela de pressão interna). A figura 4.6 mostra a configuração mais
desfavorável de sobrepressão no telhado.

Figura 4.6 – Condição mais desfavorável para a sobrepressão.


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A carga mais desfavorável ocorre na esquina do Beiral, no valor de 30,8 kgf/m². Em virtude das incertezas
inerentes ao cálculo da ação do vento, e visando um maior grau de segurança para a estrutura, vamos adotar a
carga do vento igual a 35 kgf/m² em toda a estrutura.

5 CARACTERIZAÇÃO DA MADEIRA

A escolha da madeira se deu por Classe de Resistência, e a classe escolhida foi a D50, em virtude da
configuração da estrutura, que vence grandes vãos. A classe D50 apresenta as seguintes propriedades
mecânicas, a 12% de umidade:

 Resistência à compressão paralela às fibras: 50 MPa

 Resistência à tração paralela às fibras: 50 MPa

 Resistência ao cisalhamento paralela às fibras: 7 MPa

 Módulo de elasticidade: 16500 MPa

 Densidade: 850 kg/m³

Esses valores de características mecânicas devem ser corrigidos por um coeficiente de modificação (Kmod) e
um coeficiente de minoração das propriedades da madeira (γw). O Kmod leva em consideração o tipo de
carregamento e a umidade da madeira, e pode ser calculado pela expressão:

Kmod = Kmod1 x Kmod2 (3)

O Kmod1 pode ser encontrado utilizando a tabela 4 da Norma. No nosso projeto, em que está sendo utilizada
madeira serrada e o carregamento é permanente, o Kmod1 é igual a 0,6.

O Kmod2 é retirado da tabela de classes de umidade, que correlaciona a umidade do ar com a umidade de
equilíbrio da madeira, definindo uma classe de umidade. No nosso projeto, a classe de umidade escolhida foi
a 3, já que a região de Salvador há prevalência de umidade da madeira em torno de 15,6%. Para esta classe de
umidade, o valor do Kmod2 da madeira serrada é 0,8.

O coeficiente de minoração (γw) tem o valor de 1,4 para verificação do Estado Limite Último na compressão
e tração; e o valor 1,8 quando verificado a cisalhamento. Para verificações de limites de serviço, o γw = 1.
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Aplicando todos os coeficientes, temos as seguintes propriedades mecânicas para a nossa madeira:

 Resistência à compressão paralela às fibras: 17,14 MPa

 Resistência à tração paralela às fibras: 17,14 MPa

 Resistência ao cisalhamento paralela às fibras: 1,87 MPa

 Módulo de elasticidade: 7920 MPa

 Densidade: 850 kg/m³

6 DIMENSIONAMENTO DA TERÇA PARA FLEXÃO SIMPLES

No projeto, dimensionaremos 2 seções de terças, uma para o trecho principal e a segunda para o trecho
secundário da edificação. As terças da cumeeira estão submetidas à flexão simples, e serão dimensionadas
pelo ELU para tensões normais e tensões tangenciais, e quanto ao limite de utilização pelo cálculo das flechas
admissíveis.

6.1 TENSÃO NORMAL

As tensões normais são calculadas através do momento ao qual a terça está submetida. Para este cálculo vamos
utilizar o ponto mais crítico para cada trecho da edificação, que ocorre entre as treliças 3 e 4 no trecho principal
(distância entre treliças de 6 metros); e entre as treliças 11, 12 e 13 do trecho secundário (treliças com intervalo
de 5 metros entre elas).

6.1.1 Trecho Principal

A razão entre o Tensão Normal nas fibras superiores (ou inferiores) e a resistência à flexão da madeira tem
que ser menor igual a 1, como na equação abaixo:

𝛿𝑀,𝑑
≤ 1 (4)
𝑓𝑚,𝑑
18
A resistência a flexão da madeira é igual a resistência à compressão (ou tração) da mesma, e foi calculada
anteriormente (17,14 MPa). A tensão nas fibras superiores (ou inferiores) é obtido pela divisão momento
atuante na seção pelo módulo de resistência (W) da seção.

𝑀𝑑 𝑞𝐿2 /8
𝛿𝑀,𝑑 = = (5)
𝑊 𝑊𝑐

O módulo de resistência para seção retangular é obtido pela fórmula abaixo. Foi utilizada a seção de terça de
15x25cm. A carga linear q é obtida pela soma: do carregamento permanente anteriormente obtido (63,03
kgf/m²) multiplicado pela faixa de influência do nó da treliça (distância entre montantes, que é de 1,38 metro)
e pelo coeficiente de majoração 1,4; do peso próprio da terça, também majorado pelo coeficiente 1,4; da
carga acidental anteriormente determinada (30 kgf/m²) multiplicada pela faixa de influência. O vão (L) é de
6 metros.

. ² , , ²
𝑊 = = = 1,5625 𝑥 10 𝑚 (6)

𝑞 = 𝑞 + 𝑞 + 𝑞 = 63,03𝑥1,38𝑥1,4 + 0,25𝑥0,15𝑥850𝑥1,4 + 35𝑥1,38 = 214,7 𝑘𝑔𝑓⁄𝑚 (7)

Substituindo (6) e (7) em (5), temos:

, ²
𝑘𝑔𝑓
𝛿 , = = 618321,6 = 6,183 𝑀𝑃𝑎 (8)
, 𝑚²

Substituindo (8) em (4):

𝛿𝑀,𝑑 6,183
= = 0,361 ≤ 1
𝑓𝑚,𝑑 17,14

A seção de terça escolhida atende ao máximo esforço de flexão simples no trecho principal.

6.1.2 Trecho Secundário

Aplicamos o mesmo raciocínio, apenas substituindo os valores. A seção escolhida foi de 12x25cm, o maior
vão entre treliças é de 5 metros, a distância entre montantes da treliça é de 1,5 metro.

𝑏. 𝑑² 0,12𝑥0,25²
𝑊𝑐 = = = 1,25 𝑥 10−3 𝑚3
6 6
19
𝑞 = 𝑞 + 𝑞 + 𝑞 = 63,03𝑥1,5𝑥1,4 + 0,25𝑥0,12𝑥850𝑥1,4 + 35𝑥1,5 = 220,56 𝑘𝑔𝑓⁄𝑚

220,56𝑥5²
𝑀𝑑 𝑞𝐿2 /8 8 = 551396,74 𝑘𝑔𝑓
𝛿𝑀,𝑑 = = = = 5,514 𝑀𝑃𝑎
𝑊 𝑊𝑐 1,25 𝑥 10 −3 𝑚²

𝛿𝑀,𝑑 5,514
= = 0,322 ≤ 1
𝑓𝑚,𝑑 17,14

A seção de terça adotada para o trecho secundário também atende ao máximo esforço de flexão simples.

6.2 TENSÃO TANGENCIAL

A verificação do Estado Limite Último para a tensão tangencial visa verificar se a seção da terça escolhida
resiste ao máximo esforço de cisalhamento ao qual está submetida. A vericação a ser feita está expressa na
equação abaixo:

𝜏𝑑
≤1 (9)
𝑓𝑣0,𝑑

A resistência ao cisalhamento da madeira adotada e corrigida pelos coeficientes de modificação foi calculada
anteriormente, no valor de 𝑓𝑣0,𝑑 = 1,87 MPa. O valor de 𝜏𝑑 é dado pela seguinte equação:

. . .
𝜏 = = (10)
. . . .

6.2.1 Trecho Principal

Vamos calcular o máximo esforço cortante na seção da terça do trecho principal utizando a equação 10,
substituindo pelos valores do vão (L=6m), dimensões da seção (b=15cm e d=25cm), e o carregamento linear
anteriormente encontrado, no valor de q = 214,7 kgf/m.

, 𝑘𝑔𝑓
𝜏 = = 25763,4 = 0,258 𝑀𝑃𝑎 (11)
, , 𝑚²

Substituindo (11) em (9), temos:

𝜏𝑑 0,258
= = 0,138 ≤ 1
𝑓𝑣0,𝑑 1,87
20
Foi verificado que a seção de terça do trecho principal atende ao esforço cortante solicitante.

6.2.2 Trecho Secundário

Vamos utilizar as mesmas formulações para calcular a tensão tangencial da terça do trecho secundário,
utilizando os dados:

 q = 220,56 kgf/m²

 b = 12cm

 d = 25cm

 L = 5m

, 𝑘𝑔𝑓
𝜏 = = 27569,8 = 0,276 𝑀𝑃𝑎 (12)
, , 𝑚²

Substituindo (12) em (9), temos:

𝜏𝑑 0,276
= = 0,147 ≤ 1
𝑓𝑣0,𝑑 1,87
Foi verificado que a seção de terça do trecho secundário atende ao esforço cortante solicitante.

6.3 VERIFICAÇÃO DAS FLECHAS

Também devemos verificar se as seções de terças adotadas atendem ao limite de utilização referente à flecha
máxima admitida. Para terças, o limite de deslocamento máximo é de L/250. A expressão utilizada para o
cálculo da flecha em vigas biapoiadas está apresentada abaixo:

5. 𝑞. 𝐿
𝑓= (13)
384. 𝐸. 𝐽

O valor de J é dado pela equação:

𝑏. 𝑑
𝐽= (14)
12
21
6.3.1 Trecho Principal

Utilizaremos as equações (13) e (14) para o cálculo da flecha máxima no trecho principal:

𝑏. 𝑑 0,15𝑥0,25³
𝐽= = = 1,953𝑥10 𝑚
12 12

Substituindo em (13):

5𝑥214,7𝑥6
𝑓= = 0,0234 𝑚 = 2,34𝑐𝑚
384𝑥7920𝑥10 𝑥1,953𝑥10

O flecha máxima para o vão de 6 metros é de 𝑆 = 𝐿 250 = 600 250 = 2,4𝑐𝑚.

Então fica verificado que a terça adotada para o trecho principal atende ao Estado Limite de Serviço quanto à
deformação da mesma.

6.3.2 Trecho Secundário

Utilizando o mesmo raciocíno para o cálculo da flecha do trecho secundário, temos:

𝑏. 𝑑 0,12𝑥0,25³
𝐽= = = 1,563𝑥10 𝑚
12 12

Substituindo em (13):

5𝑥220,56𝑥5
𝑓= = 0,0145 𝑚 = 1,45𝑐𝑚
384𝑥7920𝑥10 𝑥1,563𝑥10

O flecha máxima para o vão de 5 metros é de 𝑆 = 𝐿 250 = 500 250 = 2𝑐𝑚.

Então fica verificado que a terça adotada para o trecho secundário atende ao Estado Limite de Serviço quanto
à deformação da mesma.

7 VERIFICAÇÃO DOS LIMITES PARA FLEXÃO OBLÍQUA

As terças que não estão posicionadas na cumeeira trabalham em um plano inclinado, por isso estão submetidas
a um esforço de flexão oblíqua, já que o carregamento não é paralelo a nenhum dos eixos da seção. Para fazer
22
as devidas verificações, é necessário decompor o carregamento para os eixos x e y, e verificar se a seção
adotada resiste às tensões normal e de cisalhamento às quais a peça está submetida. Também devem ser
verificados os deslocamentos nos dois eixos da terça.

Para o cálculo da flexão oblíqua, são adotados os mesmos dados da flexão simples, como o vão, a resistência
da madeira, a seção. A diferença é quanto ao carregamento, que será decomponsto nos dois eixos, e a inércia
e módulo de resistência para o eixo y, já que as seções das terças são retangulares, os valores de b e d devem
ser invertidos.

7.1 TENSÃO NORMAL

Para o cálculo da tensão normal da seção submetida à flexão oblíqua, devemos decompor o carregamento nos
dois eixos e verificar a tensão máxima de flexão nos eixos x e y. No caso da flexão oblíqua, a região mais
tensionada não está localizada nos bordos superior e inferior dos dois eixos, e sim em uma região onde as
tersões dos dois carregamentos atuam. Para dimensionar o valor desta tensão máxima, utilizamos o maior
valor encontrado entre as duas fórmulas abaixo:

𝛿 , 𝛿 ,
+𝐾 . ≤1 (15)
𝑓 , 𝑓 ,

𝛿 , 𝛿 ,
𝐾 . + ≤1 (16)
𝑓 , 𝑓 ,

O valor de 𝐾 é igual a 0,7 para seção retangular.

7.1.1 Trecho Principal

O momento fletor dado pela equação (17) deve ser decomposto nos eixos x e y, multiplicando respectivamente
pelo cosseno e seno de ângulo α, que é o ângulo de inclinação do nosso telhado (α=20º). Esses valores
decompostos do momento fletor devem ser substituídos na equação (5), para obtenção dos valores de 𝛿 , e
𝛿 , .

𝑞. 𝐿 214,7𝑥6²
𝑀 = = = 966,13 𝑘𝑔𝑓. 𝑚 (17)
8 8

𝑀 = 𝑀 . cos(α) = 907,86 𝑘𝑔𝑓. 𝑚 (18)

𝑀 = 𝑀 . sen(α) = 330,44 𝑘𝑔𝑓. 𝑚 (19)


23
Substituindo (18) e (19) em (5), temos:

𝑀𝑥 907,86 𝑘𝑔𝑓
𝛿𝑀𝑥,𝑑 = = = 581030,4 = 5,810 𝑀𝑃𝑎 (20)
𝑊𝑥 0,15𝑥0,25² 𝑚²
6

𝑀𝑦 330,44 𝑘𝑔𝑓
𝛿𝑀𝑦,𝑑 = = = 352469,3 = 3,525 𝑀𝑃𝑎 (21)
𝑊𝑦 0,15²𝑥0,25 𝑚²
6

Substituindo (20) e (21) em (15) e (16), temos:

𝛿 , 𝛿 , 5,810 3,525
+𝐾 . = + 0,7𝑥 = 0,483 ≤ 1
𝑓 , 𝑓 , 17,14 17,14

𝛿 , 𝛿 , 5,810 3,525
𝐾 . + = 0,7𝑥 + = 0,443 ≤ 1
𝑓 , 𝑓 , 17,14 17,14

Concluímos que a seção adotada no trecho principal suporta a tensão normal aplicada à terça na flexão oblíqua.

7.1.2 Trecho Secundário

Replicando o cálculo para o trecho secundário da edificação, temos os seguintes resultados:

𝑞. 𝐿 220,56𝑥5²
𝑀 = = = 689,25 𝑘𝑔𝑓. 𝑚
8 8

𝑀 = 𝑀 . cos(α) = 647,68 𝑘𝑔𝑓. 𝑚

𝑀 = 𝑀 . sen(α) = 235,74 𝑘𝑔𝑓. 𝑚

𝑀𝑥 647,68 𝑘𝑔𝑓
𝛿𝑀𝑥,𝑑 = = = 518144,0 = 5,181 𝑀𝑃𝑎
𝑊𝑥 0,12𝑥0,25² 𝑚²
6

𝑀𝑦 235,74 𝑘𝑔𝑓
𝛿𝑀𝑦,𝑑 = = = 392900,0 = 3,929 𝑀𝑃𝑎
𝑊𝑦 0,12²𝑥0,25 𝑚²
6

𝛿 , 𝛿 , 5,181 3,929
+𝐾 . = + 0,7𝑥 = 0,463 ≤ 1
𝑓 , 𝑓 , 17,14 17,14

𝛿 , 𝛿 , 5,181 3,929
𝐾 . + = 0,7𝑥 + = 0,441 ≤ 1
𝑓 , 𝑓 , 17,14 17,14
24
Também para o trecho secundário verificamos que a seção suporta a tensão normal provocada pela flexão
oblíqua.

7.2 TENSÃO TANGENCIAL

Para a verificação da tensão tangencial na flexão oblíqua, também iremos decompor o carregamento nos eixos
x e y, e comparar com a Resistência ao cisalhamento da terça adotada.

7.2.1 Trecho Principal

Vamos o decompor o esforço cortante máximo nos dois eixos e substituir na equação (10):

𝑞. 𝐿
𝑉 = = 644,1 𝑘𝑔𝑓
2

𝑉 , = 𝑉 . cos(α) = 605,26 𝑘𝑔𝑓 (22)

𝑉 , = 𝑉 . sen(α) = 220,30 𝑘𝑔𝑓 (23)

Substituindo (22) e (23) em (10), temos:

3. 𝑉 , 3𝑥605,26 𝑘𝑔𝑓
𝜏 , = = = 24210,4 = 0,242 𝑀𝑃𝑎
2. 𝑏. 𝑑 2𝑥0,15𝑥0,25 𝑚²

3. 𝑉 , 3𝑥220,30 𝑘𝑔𝑓
𝜏 , = = = 8812,0 = 0,088 𝑀𝑃𝑎
2. 𝑏. 𝑑 2𝑥0,15𝑥0,25 𝑚²

Para as duas direções a tensão de cisalhamento resultou menor do que a tensão admissível da estrutura, que é
de 𝑓 , = 1,87 𝑀𝑃𝑎

7.2.2 Trecho Secundário

Utilizando as mesmas formulações para o trecho secundário da cobertura, temos os seguintes resultados:

𝑞. 𝐿
𝑉 = = 551,4 𝑘𝑔𝑓
2

𝑉 , = 𝑉 . cos(α) = 518,15 𝑘𝑔𝑓


25
𝑉 , = 𝑉 . sen(α) = 188,59 𝑘𝑔𝑓

3. 𝑉 , 3𝑥518,15 𝑘𝑔𝑓
𝜏 , = = = 25907,5 = 0,259 𝑀𝑃𝑎
2. 𝑏. 𝑑 2𝑥0,12𝑥0,25 𝑚²

3. 𝑉 , 3𝑥188,59 𝑘𝑔𝑓
𝜏 , = = = 9429,5 = 0,094 𝑀𝑃𝑎
2. 𝑏. 𝑑 2𝑥0,12𝑥0,25 𝑚²

Também para o trecho secundário, ambas as tensões cisalhantes resultam abaixo da tensão admissível (𝑓 , =
1,87 𝑀𝑃𝑎).

7.3 VERIFICAÇÃO DAS FLECHAS

Para a verificação das flechas, devemos analisar a deformação nos dois eixos, e garantir que ambos não
ultrapassem o deslocamento limite 𝑆 = 𝐿 250.

7.3.1 Trecho Principal

Seguindo mesmo raciocínio, devemos decompor o carregamento nos eixos x e y. Vamos também calcular a
inércia em torno dos dois eixos.

𝑞 = 𝑞. cos(α) = 214,7 𝑥 𝑐𝑜𝑠(20°) = 201,75 𝑘𝑔𝑓/𝑚 (24)

𝑞 = 𝑞. sen(α) = 214,7 𝑥 𝑠𝑒𝑛(20°) = 73,43 𝑘𝑔𝑓/𝑚 (25)

𝑏. 𝑑 0,15𝑥0,25³
𝐽 = = = 1,953𝑥10 𝑚 (26)
12 12

𝑏³. 𝑑 0,15³𝑥0,25
𝐽 = = = 7,031𝑥10 𝑚 (27)
12 12

Substituindo (24), (25), (26) e (27) em (13), temos:

5. 𝑞 . 𝐿 5𝑥201,75𝑥6
𝑓 = = = 0,0220𝑚 = 2,20𝑐𝑚
384. 𝐸. 𝐽 384𝑥7920𝑥10 𝑥1,953𝑥10

5. 𝑞 . 𝐿 5𝑥73,43𝑥6
𝑓 = = = 0,0223𝑚 = 2,23𝑐𝑚
384. 𝐸. 𝐽 384𝑥7920𝑥10 𝑥7,031𝑥10
26
As flechas encontradas nas duas direções são menores do a flecha admissível 𝑆 = 𝐿 250 = 600 250 =
2,4𝑐𝑚.

7.3.2 Trecho Secundário

Utilizando as mesmas formulações para o trecho secundário, temos:

𝑞 = 𝑞. cos(α) = 220,56 𝑥 𝑐𝑜𝑠(20°) = 207,26 𝑘𝑔𝑓/𝑚

𝑞 = 𝑞. sen(α) = 220,56 𝑥 𝑠𝑒𝑛(20°) = 75,44 𝑘𝑔𝑓/𝑚

𝑏. 𝑑 0,12𝑥0,25³
𝐽 = = = 1,563𝑥10 𝑚
12 12

𝑏³. 𝑑 0,12³𝑥0,25
𝐽 = = = 3,600𝑥10 𝑚
12 12

5. 𝑞 . 𝐿 5𝑥207,26𝑥5
𝑓 = = = 0,0136𝑚 = 1,36𝑐𝑚
384. 𝐸. 𝐽 384𝑥7920𝑥10 𝑥1,563𝑥10

5. 𝑞 . 𝐿 5𝑥75,44𝑥5
𝑓 = = = 0,0215𝑚 = 2,15𝑐𝑚
384. 𝐸. 𝐽 384𝑥7920𝑥10 𝑥3,600𝑥10

A flecha no eixo x deu menor do que a flecha admissível 𝑆 = 𝐿 250 = 500 250 = 2,0𝑐𝑚. Porém a flecha
no eixo y ficou superior ao limite de utilização. Como visto em sala, algumas medidas para corrigir este
problema são:

 Diminuir o vão da terça diminuindo o espaçamento entre treliças;

 Diminuir o vão da terça no sentido em que flecha excedeu o limite

o Se for no eixo x, pode-se utilizar mão-francesa

o Se for no eixo y, utilizando um apoio lateral na terça no meio do vao, como na figura 7.1

 Diminuir a distância entre montantes, aumentando o número de terças e diminuindo carregamento em


cada terça;

 Aumentando a seção da terça.


27

Figura 7.1 – Apoio lateral em terça para reduzir o vão no eixo y.


A medida adotada neste projeto, foi a alteração da treliça do trecho secundário, que aumentou o número de
terças, diminuindo o espaçamento dos montantes para 1,0 metro. No próximo tópico, apresentaremos a nova
configuração das treliças do trecho secundário, bem como o redimensionamento da terça para o trecho.

8 ALTERAÇÃO DA GEOMETRIA DA COBERTURA

Como dito anteriormente, foi adotada a medida de aumentar o número de nós da treliça, e consequentemente
o número de terças no trecho secundário. Isso faz com que a faixa de carregamento que cada terça suporta
fique menor, diminuindo o carregamento sobre cada terça. Com essa medida também foi possível utilizar uma
terça com seção transversal menor. A seguir será mostrado como ficou a geometria das treliças Tipo 2 e Tipo
3, que foram alteradas.

8.1 NOVA TRELIÇA TIPO 2

 Vão: 6 metros

 Distância entre montantes: 1,00 metro

 Altura no meio do vão: 1,09 metro


28

Figura 8.1 – Geometria da treliça tipo 2 após a modificação.

8.2 NOVA TRELIÇA TIPO 3

 Vão: 8,49 metros

 Distância entre montantes: 1,41 metro

 Altura no meio do vão: 1,09 metro

Figura 8.2 – Geometria da treliça tipo 3 após a modificação.


29
8.3 FLEXÃO SIMPLES

Vamos verificar novamente como a terça resiste a flexão simples. A nova seção transversal adotada é de
12x20cm. Com isso teremos diminuído além da faixa de inflûencia do carregamento em área, o peso próprio
da terça. O novo carregamento está calculado na equação abaixo:

𝑞 = 𝑞 + 𝑞 + 𝑞 = 63,03𝑥1,0𝑥1,4 + 0,20𝑥0,12𝑥850𝑥1,4 + 35𝑥1,0 = 151,8 𝑘𝑔𝑓⁄𝑚 (28)

8.3.1 Tensão Normal

Para calcular a tensão normal, utilizaremos a equação (5):

𝑀𝑑 𝑞𝐿2 /8
𝛿𝑀,𝑑 = = (5)
𝑊 𝑊𝑐

𝑏. 𝑑² 0,12𝑥0,20²
𝑊𝑐 = = = 8,00 𝑥 10−4 𝑚3 (29)
6 6

Substituindo (28) e (29) em (5), temos:

151,8𝑥5²
𝑀𝑑 𝑞𝐿2 /8 8 = 592968,75 𝑘𝑔𝑓
𝛿𝑀,𝑑 = = = −4
= 5,930 𝑀𝑃𝑎 (30)
𝑊 𝑊𝑐 8,00 𝑥 10 𝑚3 𝑚²

Substituindo (30) em (4), temos:

𝛿𝑀,𝑑 5,930
= = 0,346 ≤ 1
𝑓𝑚,𝑑 17,14

Logo, a terça resiste à tensão normal causada pela flexão simples da terça da cumeeira.

8.3.2 Tensão Tangencial

Como visto anteriormente, a vericação a ser feita está expressa na equação abaixo:

𝜏
≤1 (9)
𝑓 ,

A resistência ao cisalhamento da madeira adotada e corrigida pelos coeficientes de modificação foi calculada
anteriormente, no valor de 𝑓 , = 1,87 MPa. O valor de 𝜏 é dado pela seguinte equação:
30
3. 𝑉 3. 𝑞. 𝐿 2
𝜏 = =
2. 𝑏. 𝑑 2. 𝑏. 𝑑

Utilizando o novo valor do carregamento corrigido, e as novas dimensões da seção transversal, temos:

3. 𝑉 3x151,8x 5 2
𝜏 = = = 23718,75 𝑘𝑔𝑓⁄𝑚² = 0,237𝑀𝑃𝑎
2. 𝑏. 𝑑 2x0,12x0,20

Utilizando na equação (9) o valor de 𝜏 encontrado:

𝜏 0,237
= = 0,127 ≤ 1
𝑓 , 1,87

A nova seção também resiste ao esforço cortante aplicado na flexão simples.

8.3.3 Verificação da Flecha

A seguir está exposto o cálculo da inércia da nova seção da terça adotada:

𝑏. 𝑑 0,12𝑥0,20³
𝐽= = = 8,00𝑥10 𝑚
12 12

Substituindo em o valor encontrado para J na equação (13):

5. 𝑞. 𝐿 5𝑥151,8𝑥5
𝑓= = = 0,0195 𝑚 = 1,95𝑐𝑚
384. 𝐸. 𝐽 384𝑥7920𝑥10 𝑥8,00𝑥10

O flecha máxima para o vão de 5 metros é de 𝑆 = 𝐿 250 = 500 250 = 2𝑐𝑚.

Então fica verificado que a nova terça adotada para o trecho secundário atende ao Estado Limite de Serviço
quanto à deformação da mesma.

8.4 FLEXÃO OBLÍQUA

Utilizaremos o mesmo raciocínio exposto anteriormente, de decomposição dos esforços nos eixos x e y.
31
8.4.1 Tensão Normal

𝑞. 𝐿 151,8𝑥5²
𝑀 = = = 474,4 𝑘𝑔𝑓. 𝑚
8 8

𝑀 = 𝑀 . cos(α) = 445,8 𝑘𝑔𝑓. 𝑚

𝑀 = 𝑀 . sen(α) = 162,3 𝑘𝑔𝑓. 𝑚

𝑀𝑥 445,8 𝑘𝑔𝑓
𝛿𝑀𝑥,𝑑 = = = 557250,0 = 5,573 𝑀𝑃𝑎
𝑊𝑥 0,12𝑥0,20 𝑚²
6

𝑀𝑦 162,3 𝑘𝑔𝑓
𝛿𝑀𝑦,𝑑 = = = 338125,0 = 3,381 𝑀𝑃𝑎
𝑊𝑦 0,12²𝑥0,20 𝑚²
6

𝛿 , 𝛿 , 5,573 3,381
+𝐾 . = + 0,7𝑥 = 0,463 ≤ 1
𝑓 , 𝑓 , 17,14 17,14

𝛿 , 𝛿 , 5,573 3,381
𝐾 . + = 0,7𝑥 + = 0,425 ≤ 1
𝑓 , 𝑓 , 17,14 17,14

A tensão normal máxima à qual a terça está submetida é inferior à tensão admissível 𝑓 , = 17,14 𝑀𝑃𝑎.

8.4.2 Tensão Tangencial

𝑞. 𝐿 151,8𝑥5
𝑉 = = = 379,5 𝑘𝑔𝑓
2 2

𝑉 , = 𝑉 . cos(α) = 356,6 𝑘𝑔𝑓

𝑉 , = 𝑉 . sen(α) = 128,8 𝑘𝑔𝑓

3. 𝑉 , 3𝑥356,6 𝑘𝑔𝑓
𝜏 , = = = 22287,5 = 0,223 𝑀𝑃𝑎
2. 𝑏. 𝑑 2𝑥0,12𝑥0,20 𝑚²

3. 𝑉 , 3𝑥128,8 𝑘𝑔𝑓
𝜏 , = = = 8050,0 = 0,081 𝑀𝑃𝑎
2. 𝑏. 𝑑 2𝑥0,12𝑥0,20 𝑚²

Para a nova configuração da terça, ambas as tensões cisalhantes resultam abaixo da tensão admissível (𝑓 , =
1,87 𝑀𝑃𝑎).
32
8.4.3 Verificação das Flechas

Refazendo os cálculos das flechas máximas que a terça apresenta:

𝑞 = 𝑞. cos(α) = 151,8 𝑥 𝑐𝑜𝑠(20°) = 142,6 𝑘𝑔𝑓/𝑚

𝑞 = 𝑞. sen(α) = 151,8 𝑥 𝑠𝑒𝑛(20°) = 51,9 𝑘𝑔𝑓/𝑚

𝑏. 𝑑 0,12𝑥0,20³
𝐽 = = = 8,00𝑥10 𝑚
12 12

𝑏³. 𝑑 0,12³𝑥0,20
𝐽 = = = 2,88𝑥10 𝑚
12 12

5. 𝑞 . 𝐿 5𝑥142,6𝑥5
𝑓 = = = 0,0183𝑚 = 1,83𝑐𝑚
384. 𝐸. 𝐽 384𝑥7920𝑥10 𝑥8,00𝑥10

5. 𝑞 . 𝐿 5𝑥51,9𝑥5
𝑓 = = = 0,0185𝑚 = 1,85𝑐𝑚
384. 𝐸. 𝐽 384𝑥7920𝑥10 𝑥2,88𝑥10

Ambas as flechas deram menor do que a flecha admissível 𝑆 = 𝐿 250 = 500 250 = 2,0𝑐𝑚.

9 CARREGAMENTO DAS TRELIÇAS

Os carregamentos que serão aplicados nas treliças são compostos pelas reações das terças acrescidas do peso
próprio das próprias treliças e de eventuais contraventamentos. As reações das terças já foram obtidas no
cálculo de tensão tangencial (a reação tem valor igual ao valor máximo do esforço cortante).

9.1 PESO PRÓPRIO DA TRELIÇA

Para calcular o peso próprio da treliça, devemos adotar seções transversais das peças que irão compô-la.
Também devemos estipular a área de influência de cada nó, para que o carregamento seja aplicado como
cargas concentradas em cima dos nós. Isto é feito para que o modelo de cálculo seja aplicado (treliça isostática
com nós rotulados).

Para facilitar a montagem, estipulamos uma mesma seção transversal para as barras dos banzos inferior e
superior, das diagonais e do pendural central (12x20cm). Os montantes serão duplos, de seção 20x5cm cada,
33
fixados envolvendo os banzos superior e inferior. Essa solução é mais econômica, pois economiza chapa de
aço e parafusos.

9.1.1 Treliça Tipo 1

A figura 9.1 apresenta a treliça do trecho principal da edificação, com seus nós numerados. Também está
apresentado todas as cotas das barras que compõe a treliça (todas as barras do banzo superior possuem a
mesma dimensão, assim como as do banzo inferior, e a treliça é simétrica em relação ao seu eixo vertical
central, por isto não foi necessário cotar todas as barras). A treliça também foi dividida em áreas de influência.
Cada nó recebe a carga que está contida em um espaço limitado pela metade da distância entre nós, para cada
lado.

Figura 9.1 – Treliça tipo 1 com nós numerados, barras cotadas e áreas de
influência definidas.

Como a treliça é simétrica, os carregamentos são iguais nos nós opostos (1 e 16, 2 e 14, etc). Cada nó do banzo
superior recebe a carga referente às barras contidas em sua área de inflência. A carga de cada barra é calculada
pela equação (31) abaixo:

𝑄 = 𝑏 𝑥 𝑑 𝑥 𝐿 𝑥 γ 𝑥 1,4 𝑥 1,1 (31)

Onde, γ é a densidade da madeira (850 kgf/m³); 1,4 é o fator de majoração do carregamento permanente; e 1,1
é o fator de majoração do aço utilizado nas ligações.
34
Vamos calcular a carga de cada barra:

Banzo Superior: BS = 0,12 x 0,20 x 1,46 x 850 x 1,4 x 1,1 = 45,87 kgf

Banzo Inferior: BI = 0,12 x 0,20 x 1,38 x 850 x 1,4 x 1,1 = 43,35 kgf

Pendural Central: PC = 0,12 x 0,20 x 2,00 x 850 x 1,4 x 1,1 = 62,83 kgf

Montante 1 (nós 2 e 14): M1 = 2 x 0,20 x 0,05 x 0,50 x 850 x 1,4 x 1,1 = 13,09 kgf

Montante 2 (nós 4 e 12): M2 = 2 x 0,20 x 0,05 x 1,00 x 850 x 1,4 x 1,1 = 26,18 kgf

Montante 3 (nós 6 e 10): M3 = 2 x 0,20 x 0,05 x 1,50 x 850 x 1,4 x 1,1 = 39,27 kgf

Diagonal 1 (nós 2 e 14): D1 = 0,12 x 0,20 x 1,46 x 850 x 1,4 x 1,1 = 45,87 kgf

Diagonal 2 (nós 4 e 12): D2 = 0,12 x 0,20 x 1,70 x 850 x 1,4 x 1,1 = 53,41 kgf

Diagonal 3 (nós 6 e 10): D3 = 0,12 x 0,20 x 2,04 x 850 x 1,4 x 1,1 = 64,09 kgf

Agora calculamos a carga que vai para cada nó:

N1 = N16 = BS/2 + BI/2 = 44,61 kgf

N2 = N14 = BS + BI + M1 + D1/2 = 125,25 kgf

N4 = N12 = BS + BI + M2 + D1/2 + D2/2 = 165,04 kgf

N6 = N10 = BS + BI + M3 + D2/2 + D3/2 = 187,24 kgf

N8 = BS + BI + PC + D3 = 216,14 kgf

9.1.2 Treliça Tipo 2

Replicaremos os cálculos para a treliça do tipo 2.


35

Figura 9.2 – Treliça tipo 2 com nós numerados, barras cotadas e áreas de
influência definidas.

Vamos calcular a carga de cada barra:

Banzo Superior: BS = 0,12 x 0,20 x 1,06 x 850 x 1,4 x 1,1 = 33,30 kgf

Banzo Inferior: BI = 0,12 x 0,20 x 1,00 x 850 x 1,4 x 1,1 = 31,42 kgf

Pendural Central: PC = 0,12 x 0,20 x 1,09 x 850 x 1,4 x 1,1 = 34,24 kgf

Montante 1 (nós 2 e 10): M1 = 2 x 0,20 x 0,05 x 0,36 x 850 x 1,4 x 1,1 = 9,42 kgf

Montante 2 (nós 4 e 8): M2 = 2 x 0,20 x 0,05 x 0,73 x 850 x 1,4 x 1,1 = 19,11 kgf

Diagonal 1 (nós 2 e 10): D1 = 0,12 x 0,20 x 1,06 x 850 x 1,4 x 1,1 = 33,30 kgf

Diagonal 2 (nós 4 e 8): D2 = 0,12 x 0,20 x 1,24 x 850 x 1,4 x 1,1 = 38,96 kgf

Agora calculamos a carga que vai para cada nó:

N1 = N12 = BS/2 + BI/2 = 32,36 kgf

N2 = N10 = BS + BI + M1 + D1/2 = 90,79 kgf

N4 = N8 = BS + BI + M2 + D1/2 + D2/2 = 119,96 kgf

N6 = BS + BI + PC + D2 = 137,92 kgf
36
9.1.3 Treliça Tipo 3

A seguir os cálculos do peso próprio da treliça tipo 3.

Figura 9.3 – Treliça tipo 3 com nós numerados, barras cotadas e áreas de
influência definidas.

Vamos calcular a carga de cada barra:

Banzo Superior: BS = 0,12 x 0,20 x 1,46 x 850 x 1,4 x 1,1 = 45,87 kgf

Banzo Inferior: BI = 0,12 x 0,20 x 1,41 x 850 x 1,4 x 1,1 = 44,30 kgf

Pendural Central: PC = 0,12 x 0,20 x 1,09 x 850 x 1,4 x 1,1 = 34,24 kgf

Montante 1 (nós 2 e 10): M1 = 2 x 0,20 x 0,05 x 0,36 x 850 x 1,4 x 1,1 = 9,42 kgf

Montante 2 (nós 4 e 8): M2 = 2 x 0,20 x 0,05 x 0,73 x 850 x 1,4 x 1,1 = 19,11 kgf

Diagonal 1 (nós 2 e 10): D1 = 0,12 x 0,20 x 1,46 x 850 x 1,4 x 1,1 = 45,87 kgf

Diagonal 2 (nós 4 e 8): D2 = 0,12 x 0,20 x 1,24 x 850 x 1,4 x 1,1 = 49,95 kgf

Agora calculamos a carga que vai para cada nó:

N1 = N12 = BS/2 + BI/2 = 45,08 kgf

N2 = N10 = BS + BI + M1 + D1/2 = 122,52 kgf

N4 = N8 = BS + BI + M2 + D1/2 + D2/2 = 157,18 kgf

N6 = BS + BI + PC + D2 = 174,36 kgf
37
9.2 PESO PRÓPRIO DO CONTRAVENTAMENTO

O contraventamento das treliças é importante para aumentar a rigidez da estrutura e evitar o tombamento das
treliças. Para vãos maiores que 9 metros, que é o caso do trecho principal da edificação deste trabalho, é
recomendável a utilização de contramento vertical nos nós adjacentes ao pendural central. No caso da nossa
estrutura, aplicaremos o contraventamento vertical em “X” nos nós 6 e 10 da treliça do tipo 1. No trecho
secundário da edificação não é necessário a aplicação de contraventamento.

Utilizaremos a seção 10x20cm. Em cada nó são utilizadas 2 barras de comprimento calculado a seguir:

𝐿= 𝑀3 + 𝑉𝑡 (32)

Onde M3 = 1,50m é a altura do montante 3 da treliça, localizadas nos nós onde está aplicado o
contraventamento, e Vt = 6,00m é o maior espaçamento entre as treliças neste trecho contraventado.
Substituindo os valores na equação (32), temos:

𝐿= 1,50 + 6,00 = 6,18𝑚

O valor da carga CV que as barras do contraventamento aplicam nos nós 6 e 10 da treliça do tipo 1 é de:

CV = 2 x (𝑏 𝑥 𝑑 𝑥 𝐿 𝑥 γ 𝑥 1,4 𝑥 1,1) = 2 x (0,1 x 0,2 x 6,18 x 850 x 1,4 x 1,1) = 323,58 kgf

9.3 REAÇÕES DAS TERÇAS

As reações das terças são aplicadas na treliça nos nós, e foram calculadas anteriormente, na verificação da
tensão tangencial da terça.

9.3.1 Treliça Tipo 1

A reação da terça nas treliças é igual a força cortante nos apoios da terça. Essa força deve ser multiplicada por
2, pois esse cortante calculado anteriormente é a parcela proveniente do vão que analisamos anteriormente.
No caso do trecho principal da edificação, o vão crítico da terça, que é de 6 metros, não se repete. A treliça
que que recebe as maiores cargas das terças é a treliça 3, que à esquerda tem vão de 5,75m e à direita tem vão
de 6m. Como dito, o valor da reação da terça de 6 metros já foi calculado, e é no valor de 𝑉 = 644,1 𝑘𝑔𝑓.

A reação que chega pelo lado do vão de 5,75m está calcula a seguir:
38
𝑞. 𝐿 214,7 𝑥 5,75
𝑉 = = = 617,3 𝑘𝑔𝑓
2 2

Assim o carregamento total provocado pelas terças em cima de cada nó é igual a soma dos dois carregamentos
Vd = 644,1 + 617,3 = 1261,4 kgf.

9.3.2 Treliça Tipo 2

Para a treliça tipo 2, o carregamento critico da terça ocorre na treliça 12, que recebe de ambos os lados o valor
do esforço cortante máximo encontrado para o vão de 5 metros. Esse carregamento total aplicado em cada nó
da treliça do tipo 2 é no valor de 2 𝑥 𝑉 = 2 𝑥 379,5 = 759,0 𝑘𝑔𝑓.

9.3.3 Treliça Tipo 3

A treliça do tipo 3 fica localizada na curva do trecho secundário da edificação, e por isto tem a particularidade
de receber terças de comprimento de vão diferentes, que vai resultar em carregamento sobre os nós de valores
distintos. A figura 9.4 mostra o comprimento das terças que chegam na treliça do tipo 3.

Figura 9.4 – Comprimento das terças apoiadas na treliça do tipo 3.


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Os comprimentos das terças variam de 6 metros (nó 1) até 0 (nó 12), por isto vamos calcular a reação sobre
cada nó indivualmente.

. ,
N1: 𝑉 =2𝑥 =2𝑥 = 910,8 𝑘𝑔𝑓

. ,
N2: 𝑉 =2𝑥 =2𝑥 = 759,0 𝑘𝑔𝑓

. ,
N4: 𝑉 =2𝑥 =2𝑥 = 607,2 𝑘𝑔𝑓

. ,
N6: 𝑉 =2𝑥 =2𝑥 = 455,4 𝑘𝑔𝑓

. ,
N8: 𝑉 =2𝑥 =2𝑥 = 303,6 𝑘𝑔𝑓

. ,
N10: 𝑉 =2𝑥 =2𝑥 = 151,8 𝑘𝑔𝑓

. ,
N12: 𝑉 =2𝑥 =2𝑥 = 0,0 𝑘𝑔𝑓

9.4 CARREGAMENTO TOTAL SOBRE TRELIÇAS E ESFORÇOS NAS BARRAS

Com todos os valores de carregamentos sobre os nós das treliças calculados, podemos representar o somatório
de todos eles e calcular os esforços nas barras.

9.4.1 Treliça Tipo 1

Todos os carregamentos atuando sobre a treliça do tipo mais solicitada está apresentada na figura 9.5. Foram
somados os carregamentos do peso próprio da treliça, do peso próprio do contraventamento (para os nós 6 e
10) e das reações das terças sobre os nós. Os esforços nas barras foram obtidos utilizando o FTOOL e
apresentados na figura 9.6.
40

Figura 9.5 – Carregamentos sobre os nós da treliça do tipo 1.

Figura 9.6 – Esforços nas barras da treliça do tipo 1.

O maior esforço de compressão no banzo superior ocorre na barra entre os nós 1 e 2 (e na barra oposta, entre
os nós 14 e 16). Portanto se a seção desta barra atender ao esforço solicitante, as demais do banzo superior
também vão atender, já que possuem o mesmo comprimento e um carregamento menor. A outra barra
comprimida a ser verificada é a da Diagonal 3, entre os nós 6 e 9 (e sua equivalente simétrica, entre os nós 9
e 10). As outras diagonais também estão comprimidas, porém com uma carga menor e tem menor
comprimento. Portante se a seção adotada atender ao esforço da barra D3, também atenderá nas outras
diagonais.
41
9.4.2 Treliça Tipo 2

Os carregamentos totais sobre os nós da treliça do tipo 2 estão apresentados na Figura 9.7. Os esforços nas
barras estão apresentados na Figura 9.8.

Figura 9.7 – Carregamentos sobre os nós da treliça do tipo 2.

Figura 9.8 – Esforços nas barras da treliça do tipo 2.

Para a compressão, devemos verificar a barra entre os nós 1 e 2, do banzo superior, e a barra diagonal D2
(entre os nós 4 e 7), que são as mais solicitadas.
42
9.4.3 Treliça Tipo 3

Da mesma forma, estão apresentadas nas Figuras 9.9 e 9.10 os carregamentos da treliça tipo 3 e os esforços
que atuam em suas barras, respectivamente.

Figura 9.9 – Carregamentos sobre os nós da treliça do tipo 3.

Figura 9.10 – Esforços nas barras da treliça do tipo 3.

A treliça tipo 3 apresenta comportamento assimétrico, porém as barras mais solicitadas à compressão
continuam sendo a primeira barra do banzo superior e a diagonal D2.
43
10 VERIFICAÇÃO DA FLEXOCOMPRESSÃO DAS BARRAS COMPRIMIDAS

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