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O livro "Menino de Engenho" escrito em narrativa na primeira pessoa por José Lins do Rego, foi

a obra mais importante do autor no “ciclo da cana-de-açúcar”, nas páginas iniciais do livro José
nos apresenta a história de um menino que se chamava Carlinhos. Tudo, é tão lírico quanto
dramático e com a escrita simples e profunda e conta com a criação de personagens típicos, ao
longo da narrativa de Zé Lins, uma armadilha: é tão solta, espontânea, tão sem elaboração
artesanal, que aparenta despreocupação estilística.
A história começa quando Carlinhos acorda pela manhã com um barulho enorme pela casa toda,
eram gritos e gente correndo para todos os cantos. Quando foi até o quarto de seus pais encontrou
sua mãe ensanguentada estendida no chão e seu pai caído por cima dela como um louco. As
pessoas ao redor se perguntavam o motivo do doutor ter matado a D.Clarisse, ninguém tinha a
resposta para aquilo. O pai de Carlinhos era um homem alto e bonito, com uns olhos grandes e
bigode preto, ele gritava e falava tantas coisas desnecessárias, ficava com uma cara de raiva que
o fazia medo, o amor que tinha pela esposa era o amor de um louco, seu pai dez anos depois,
morria na casa de saúde, liquidado por uma paralisia geral. A D. Clarisse era pequena com cabelos
pretos e havia sido criada em um colégio de freiras.
A partir da página 29, é contada a história do menino Carlinhos e como ele foi parar no engenho
de seu avô materno, o coronel Cazuza. Carlinhos foi levado de trem para o engenho por seu tio
Juca três dias depois da tragédia da morte de sua mãe, que foi assassinada por seu pai, na época
em que o menino tinha 4 anos. Chegando no engenho Carlinhos conhece suas tias e seus primos,
ao chegar no engenho ele é abraçado por uma mulher que se parece muito com sua falecida mãe
e ela acaba sendo como uma segunda mãe para ele, Carlinhos se aproximou muito de sua prima
Lili, infelizmente ela acaba falecendo com uma doença, que atualmente conhecemos por febre
amarela. Tia Maria com a morte de Lili começou a cuidar mais de Carlinhos e o ensinava letras,
lá estava ele sentado na sala de costura com o alfabeto em mãos. Cada pessoa era encarregada de
uma tarefa no engenho, Tia Maria assumia a direção da casa, enquanto a Sinhazinha mandava nas
negras e cuidava da casa.
Uma tarde chegou um portador no cavalo cansado de tanto correr, com um bilhete para o avô do
Carlinhos, era um recado do coronel Anísio, de Cana Brava, prevenindo que Antônio Silvino
estaria entre eles naquela noite. Antônio Silvino era um cangaceiro, que para os meninos a
presença de Antônio era como se fosse o de um rei das nossas histórias que nos marcasse uma
visita. O cangaceiro chegou com seus 12 homens ao Engenho, Carlinhos e os meninos ficaram
admirados com Antônio pois ele tinha um punhal enorme, seus dedos eram cheios de anéis de
ouro e tinha uma medalha com pedras de brilhantes que trazia no peito.
Certo dia enquanto Carlinhos jogava pião na calçada o brinquedo caiu em cima do pé da tia
Sinhazinha, ela se levantou e pegou o seu chinelo de couro e encheu ele de palmadas, a negra
Luísa disse: “Ela só faz isto porque você não tem mãe” o menino saiu chorando logo depois.
Há oito dias que relampejava, era inverno no alto do sertão. A notícia da cheia era passada de
boca em boca, o chefe da estação de Pilar recebeu um aviso que a cheia já vinha de Itabaiana, do
engenho do seu Lula, a água subiu até a casa grande. O velho Calixto foi arrastado pela correnteza
quando tentou salvar um animal, Zé Guedes viu uma coisa amarela boiando: pensou que fosse
uma jaca, bateu o remo e se via a cabeça melada de lama do negro Salvador. Estava com três dias
de afogamento. Colocaram Carlinhos para aprender as primeiras letras com Dr. Figueiredo, que
veio da capital para passar um tempo na vila do Pilar. Judite era esposa de Figueiredo, Carlinhos
conta que os abraços e os beijos dela eram os mais quentes que ele havia recebido, aos 8 anos
Carlinhos se apaixonou pela bela Judite, ela era agredida por seu esposo certas vezes. Depois de
um tempo mandaram Carlinhos para aula de um outro professor, a tabuada era cantada em coro.
Ele teve outro mestre depois, Zé Guedes "professor de coisa muito ruim" o levava e trazia da
escola todos os dias e falava sobre sua vida amorosa sempre.
Nos dias de festa tiravam o pano que cobria o Oratório preto de jacarandá e acendiam velas dos
castiçais. O quarto dos Santos ficava aberto para todo mundo, diferentemente dos demais
engenhos, no Santa Rosa não havia capelas. A tia Maria que cuidava de ensinar a Carlinhos e aos
meninos as orações. Quando acendiam as velas do quarto do Santos as pessoas iam olhar as
estampas e as imagens, havia um menino Jesus que era bonito, com olhos azuis semelhantes aos
da prima Lili e um sorriso bonzinho na boca, trazia numa das mãos um longo bastão de ouro e na
outra a bola do mundo, vestia um manto azul estrelado e trazia por debaixo de suas vestes uma
rolinha bicuda de criança.
Chico Pereira foi para o tronco pois teria sido acusado de ter relações com a Maria Pia, mas ele
era inocente, quem teria feito isso era Juca, tio do menino Carlinhos.
Manuel Severino disse: "Na mata do rolo, parecia um lobisomem" uns afirmavam que José Cutia
estava encantado outra vez. José Cutia era um comprador de ovos da Paraíba, um pobre homem
que não tinha uma gota de sangue na cara. Andava sempre de noite, pois não tinha sol, era certo
que ele era um lobisomem. As unhas cresciam como lâminas enormes, os pés ficavam como os
de cabra, e os cabelos eram crinas de cavalo. Diziam que o homem grunhia como porco na faca,
no momento de se encantar. Ele não queria, mas o seu corpo não podia viver sem sangue. E
bancava lobisomem contra a vontade, o chamavam de papa-figo.
O encontro do padre Ramalho com o lobisomem: O padre ia para dar a extrema-unção a um
doente nos Caldeiros, quando viu uma coisa puxando pelo rabo do cavalo. Deu de rebenque,
meteu as esporas, e nada. O cavalo parecia com os pés enterrados no chão. Olhou para trás, viu o
bicho já querendo partir para cima dele. Tirou do bolso a caixinha com a hóstia consagrada, e
apontou. Ouviu o baque de um corpo todo, e um gemido comprido de moribundo. O cavalo tomou
as rédeas, disparando. No outro dia encontraram José Cutia desfalecido na estrada.
Totonha era uma contadora de histórias, contou a história de um homem condenado a morte, no
qual seu filho o salvou dizendo suas primeiras palavras, nas histórias dela sempre havia reis e
rainhas, se ela quisesse pintar um reino era como um engenho fabuloso, os rios e as árvores por
ordem andavam seus personagens pareciam com a Paraíba e a Mata do rolo. O seu Barba-azul era
um senhor de Engenho de Pernambuco, sua obra-prima era a história da madrasta que enterrava
uma menina.
De Goiânia saiu um exército para atacar Recife.
Carlinhos pediu um carneiro ao tio Juca e ao primo Baltasar, um tempo depois ele ganhou um
carneiro chamado Jasmim, ela já vinha manso e mocho, era nascido para montaria. Pela manhã
Carlinhos levava Jasmim para o pasto, levando água fria para ele beber, dava banho e depois
penteava a lã, de tarde eles saiam para um passeio. Durante esse passeio o menino pensava em
coisas ruins, em como o engenho ficaria se seu avô morresse.
Quando o menino estava de maior começou a sofrer de puxado. Uma moléstia horrível que o
deixava sem folego com o peito chiando, era asma. A sua tia Maria ficava com ele enquanto
vomitava desesperadamente.
O quarto do tio Juca vivia trancado de chave o dia inteiro, onde ali só entrava negra que lhe fazia
a limpeza e mudava as roupas de cama. O seu tio sempre o dizia: “Ali não bula.” um dia em que
seu tio Juca o deixou sozinho ele correu até o objeto de proibição e encontrou lá postais com fotos
obscenas.
O partido da paciência pegou fogo.
Carlinhos fez um piquenique nos cajueiros com Maria Clara, eles levaram a merenda; pedaços de
pão e queijo que as formigas comiam, Maria Clara o olhava sério, foi ali o primeiro beijo do
menino. Um tempo se passou e Maria Clara foi embora, Carlinhos ficou triste, chorou por debaixo
dos lençóis.
Tia Maria iria se casar com seu primo da Gameleira, o casamento estava marcado para o são
Pedro, neste dia iriam matar o Jasmim, o menino ficou mal quando isso aconteceu.
Quando o casamento ocorreu o menino não quis ver o casamento e correu chorando para a sua
cama, as pessoas ficavam falando que ele ficaria sozinho e quem tomaria conta dele seria a velha
Sinhazinha, ele perderia não só sua segunda mãe, mas também sua grande amiga.
O livro termina com Carlinhos indo para o colégio e com o José Paulino dizendo: “Não vá perder
o seu tempo. Estude que não se arrepende.” menino perdido, menino de engenho.

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