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Introdução
muito mais do que uma simples matéria-prima ou um insumo fundamental. A sua utilidade
vai desde a manutenção básica da vida até a produção de alimento e energia. De um modo
geral, a água está presente em todas as atividades econômicas desempenhando então um papel
demográfico junto com o uso desenfreado desse bem pode levar à escassez, uma vez que, o
consumo tende a aumentar enquanto o mesmo não acontece com a oferta, isto é, a
disponibilidade de água tem diminuído e a demanda por ela só aumenta. Cabe então, ao
governo promover uma alocação ótima desse recurso, já que a água é um bem econômico e
dos sistemas de abastecimento de água e esgoto, uma vez que, permite calcular as projeções
das vazões físicas do sistema de acordo com o consumo per capita estimado através da função
de demanda.
Outra vantagem em se estimar a demanda por água é que esta fornece a disposição
a pagar do consumidor de acordo com o seu perfil socioeconômico, que pode auxiliar a
aprimorar os estudos de cobrança por água, tanto no âmbito federal como estadual uma vez
preço do produto gera em diversos segmentos sociais. Tais estudos, apesar de imperfeitos
devido à dificuldade de informações e pelo fato da cobrança pelo uso da água ser
relativamente recente, podem ser de fundamental importância para a tomada de decisões e
Estudos que visam estimar a função de demanda por água já vêm sendo
quantificação da função de demanda por água costumava ser feita obtendo de coeficientes de
resultados são considerados questionáveis do ponto de vista econômico por não considerarem
do consumidor, o preço que ele paga pelo serviço e as preferências de consumo (ANDRADE,
1995).
saneamento em estudos de revisão de tarifas públicas. A crítica a esse critério está no fato de
que usar tal hipótese sem testá-la na população em geral e em diferentes níveis de renda
quando ocorre uma variação na renda e preço para os consumidores da Saneamento de Goiás
(Saneago). Para esse estudo será necessário encontrar os determinantes da demanda por água
para o estado para os anos de 2014 a 2016 em relação à variação da renda dos municípios
usuários da empresa e do preço exercido pela companhia nesse período. Será feita uma análise
para verificar se uma variação positiva na renda dos consumidores acarretará em um aumento
dependem de várias questões. A primeira é uma questão de saúde pública uma vez que existe
mínimas de higiene à população. A segunda é uma questão ambiental, uma vez que a água é
um recurso natural escasso e o uso desordenado desse recurso junto com a poluição resultante
humano. A terceira está relacionada ao fator econômico, pois a manutenção e expansão dos
operacionais. Posto isso, para que a política de saneamento e abastecimento seja mais
assertiva é necessário que estas estejam apoiadas nas melhores informações a respeito das
demanda por água é um instrumento fundamental porque possibilita a análise que o impacto
decorrente das atividades econômicas vem causar em diversos segmentos da sociedade indo
políticas de regulação tarifária para o setor, como afirma Melo e Neto (2007), deve-se ao fato
preço ou de renda.
Foi apenas no final da década de 1960 que variáveis econômicas começaram a ser
incorporadas aos estudos de demanda de água. E ainda assim, eles ignoravam o tipo de
(MATTOS, 1998).
abastecimento, em geral, é composta por blocos de consumo, o que acarreta preços não-
lineares e leva a questão de qual preço usar, se o preço médio ou o preço marginal (Andrade,
1995). Os preços não lineares são decorrentes de uma importante diferença entre preço médio
através da divisão do valor total da compra pela quantidade de itens adquiridos, enquanto o
preço marginal é o valor ao se adquirir uma unidade a mais do bem ou serviço (Vivas, 1996).
No caso da demanda por água, o preço médio é dado dividindo o valor total da fatura pelo
volume consumido no período, e o preço marginal é o valor da tarifa para cada nível de
consumo.
entre os dois preços e uma dificuldade de se obter o valor preciso do preço marginal,
principalmente para dados agregados, gerando uma discussão entre os autores desse campo
consumo. Desta forma, como afirmam, por exemplo, Melo e Neto (2007), a estimação de uma
que o consumo é um fator determinante do preço, e este também, acaba por determinar a
tenta controlar essas duas questões por meio de diversas técnicas econométricas, com
destaque para o uso de estimativas por variáveis instrumentais. As duas seções seguintes
apresentam um apanhado geral dessa literatura, com um enfoque nos dois principais
elementos considerados chaves para a determinação da demanda por água, isto é, o preço e o
da função de demanda foi Taylor (1975), ele faz uma vasta pesquisa em onze estudos
realizados sobre a demanda por eletricidade nos Estados Unidos. Ao analisar os problemas
presentes nos onze estudos, decorrentes da estrutura de preços por blocos de consumo, ele
argumenta que o uso de apenas uma variável preço, seja marginal ou médio, em geral, levará
a uma estimativa tendenciosa do coeficiente para a variável de preço e, além disso, há ainda, a
uso de ambos.
sugere a inclusão na função de demanda de mais uma variável, denominada de diferença. Essa
variável seria a diferença entre o valor da conta de água efetivamente pago e o valor da conta
ao preço marginal.
Billings e Agthe (1980) em concordância com as especificações de Nordin e
Taylor estimaram uma função da demanda por água em Tucson (EUA) para o período de
setembro de 1973 a setembro de 1977. O modelo foi estimado a partir de dados agregados e
testados nas formas linear e log-linear utilizando o preço marginal, a diferença e a renda como
variáveis independentes. Como resultado obtiveram uma elasticidade preço no ponto médio
elasticidade preço, constante foi de -0,27. Todas as versões explicam 80% das variações no
consumo de água.
Porém, cabe aqui a ressalva, de que tanto os modelos que utilizaram como
variáveis explicativas apenas o preço médio como aqueles que utilizaram as variáveis
MacFadden, Puig e Kirshmer (1977) desenvolvem um método em dois estágios que consistia
na geração de uma variável proxy para o preço marginal, não correlacionada ao erro aleatório,
o que levaria a estimativas de MQO mais consistentes. Modificações dessa abordagem foram
(1981) e Dubin (1982) e esses estudos comparam os resultados obtidos pela estimação por
à consistência dos resultados obtidos pelo método de variável instrumental (Henson, 1984).
Nieswiadomy e Molina (1989) usaram este método e estimaram uma elasticidade preço entre
-0,36 e -0,86 para uma base de dados em cross section mensal da cidade de Denton, Texas,
Estados Unidos, com 101 consumidores residenciais para o período de 1976 a 1980, para
médio ou o preço marginal (Shin, 1985). Essa teoria foi testada por Nieswiadomy e Molina
(1991), para a mesma base de dados do estudo anterior, em 1989, porém nessa nova versão do
estudo, os autores consideram também o período de 1981 a 1985 para os consumidores com
concluem que na presença de uma estrutura tarifária em blocos crescentes, como é caso da
preço médio.
Houve uma grande produção científica sobre a demanda por água durante as
décadas de 70 até meados da década de 90, sendo a partir daí bastante escasso os estudos
nessa área. A atenção de vários desses estudiosos voltou-se para o setor de energia elétrica e a
busca de um melhor método que estimasse a crescente demanda por energia elétrica.
Andrade (1995). Ele considera como variáveis explicativas o preço marginal, a diferença
intramarginal, renda familiar e o número de pessoas residentes e utiliza a metodologia do
MQO em dois estágios em uma base de dados fornecida pela Companhia de Saneamento do
Paraná (Sanepar) para o ano de 1986. Os valores encontrados para a elasticidade apresentaram
valores, em módulo, menor que um, indicando que um aumento no preço reduz a quantidade
considerando os dados mensais de consumo dessa cidade para os anos de 1993 a 1995,
empregou três técnicas de estimação da função de demanda. Sendo os dois primeiros métodos
crescentes. A comparação feita entre os três métodos confirma a superioridade dos métodos
dados desse estudo são compostos pela subamostra do consumo de água residencial por rede
1997). Os autores utilizam o modelo de dois erros e estimam um modelo de regressão linear
relação positiva entre o preço marginal da água e o consumo, ou seja, o resultado indicou que
fazem uma avaliação do impacto que uma alteração na renda familiar causa sobre o consumo
de água tratada fornecida pela Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) para o
A tabela apresentada abaixo traz um apanhado dos resultados dos estudos acima
citados.
3. Metodologia
Esta seção consiste na descrição metodológica empregada neste trabalho. Ela está
dividida em duas partes: a primeira é a descrição da base de dados utilizada e a segunda é a
apresentação do método de estimação usado para estimar a demanda por água.
De acordo com a teoria neoclássica do comportamento do consumidor, a
quantidade demandada é determinada pelo preço dos bens, o preço dos bens substitutos, a
renda do consumidor e pelas preferências individuais (Foster e Beattie, 1979). A partir dessa
afirmação é possível determinar nesse primeiro momento, uma função bem simples para a
demanda por água:
Qdem =f ( P , R , x)
A base de dados que compõem esse estudo é composta por dados de consumo da
população goiana atendida pela empresa de Saneamento de Goiás, a Saneago. São dados antes
nunca antes trabalhados, obtidos através de um processo fundamentado na lei 12.527, que
regulamenta o direito de todos os brasileiros, previsto na Constituição, de solicitar e receber
dos órgãos e entidades públicos, de todos os entes e Poderes, informações por eles produzidas
(BRASIL, 2011).
São dados desagregados por bairro dos 225 municípios atendidos pela companhia
da seguinte maneira: número de ligações em cada categoria (residencial social, residencial,
comercial, comercial social, público e industrial) de cada bairro de cada cidade, o consumo de
cada bairro, o valor correspondente do consumo em reais de cada bairro, o número de ligações
faturadas dividido em ligações medidas e ligações estimadas, a quantidade de inadimplentes
por bairro e o valor da tarifa praticada por mês durante o período analisado. Os dados
referente a renda, foram obtidos pelas séries históricas das estatísticas municipais fornecidas
pelo Instituto Mauro Borges (IMB), ambas disponíveis nos sítios eletrônicos dos respectivos
institutos, assim como as características demográficas e físicas de cada cidade do estado.