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SACRAMENTO DA PENITÊNCIA

1. Atualidade do sacramento da Penitência

A CAMINHO DE UMA RENOVAÇÃO DA PRÁTICA PENITENCIAL

A crise do sistema penitencial (causas):

 Novas formas de entender o pecado: passou-se de uma


conceção rígida, que tendia à culpabilização generalizada,
severa e minuciosa, a uma atitude que tende a minimizar e a
suavizar o pecado.
 Difícil aceitação da mediação da Igreja: o arrependimento
interior tem sido cada vez mais entendido como prática
frequente para obtenção do perdão.
 Cultura secular:
a. Diminuição da fé
b. Diminuição da prática religiosa

Portanto, como conseguir que este sacramento cumpra na Igreja, a função


para o qual está destinado, nos dias de hoje?

O pecado, enquanto realidade que afeta toda a humanidade e todo o


ser humano, aflige também a vida da comunidade cristã, que é
convidada a libertar-se desse poder que a obscurece, através de uma
obra permanente e de uma ação constante e perseverante que tende a
destruir as forças do mal e do pecado, na vida da Igreja. Sobretudo por
meio de:

1. Batismo – pelo batismo somos limpos de todo pecado, em virtude


da Obra Redentora de Cristo; mas isto não significa, entretanto,
que o pecado deixe de fazer parte da nossa vida. Somos falíveis e
chamados a uma permanente conversão.
2. Eucaristia – este sacramento é indispensável neste processo de
conversão, uma vez que é ele que alimenta os fiéis, para que
possam perseverar na prática da comunhão fraterna.

3. Penitência – consequentemente, depois de cada queda, de cada


obstáculo neste contínuo processo de conversão, causado pelo
pecado, o homem procura reconciliar-se com Deus, e
consequentemente com a comunidade eclesial; o sacramento da
penitência é, portanto, o instrumento através do qual a Igreja
assegura aos seus filhos, que o pecado nunca é algo decisivo na
vida do cristão e que toda a situação pecaminosa encontra uma
resposta inspirada pelo amor do Pai e nas exigências de uma
verdadeira conversão.

A RECONCILIAÇÃO NA IGREJA E NO MUNDO DE HOJE

O vigente Ritual da Penitência, assim como os documentos do concílio


Vaticano II e outros documentos do magistério, inclusive exortações
papais, preferem referir-se ao quarto sacramento com o termo
“reconciliação”:

 O termo reconciliação situa o sacramento no contexto da


história da salvação, mais concretamente, no mistério pascal.

 Através do mistério pascal, Cristo converte-se na fonte de toda


a reconciliação, no meio que a humanidade possuiu para
alcançar a amizade a paz com Deus;

 Esta reconciliação da humanidade com Deus traz


necessariamente consigo a reconciliação dos homens entre si.

 Esta preferência tem como intenção transmitir a ideia de


manifestação da misericórdia divina e de encontro amoroso
entre Deus e o homem arrependido, e não tanto no aspeto do
“sacrifício ou esforço humano para obter o perdão”.
Ao falar de pecado, referimo-nos às forças destrutoras que moram no
coração do homem, que impedem a realização de uma humanidade
fraterna e solidária e que levam à inimizade e ao conflito, desprezando
o bem comum e a ordem da justiça.

A realidade do pecado, na Igreja, deve ser assumida como uma


realidade que afeta, de algum modo, todos os membros da Igreja; daí o
apelo constante à conversão, à renovação, à oração, à prática
sacramental e a uma vida santa; longe de esconder ou ocultar o
pecado, a Igreja sente necessidade de confessá-lo e rejeitá-lo.

Além disso, o pecado refere-se sempre a algo que prejudica o bem do


homem, e consequentemente o da comunidade humana. Por isso, a
reconciliação cristã tem repercussões nas relações entre os homens e
os povos. Não é apenas uma graça que Jesus concede à humanidade,
mas uma das tarefas mais essenciais da Igreja, que deve ser “sinal e
instrumento da união íntima com Deus e da unidade de todo o género
humano”.

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