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CADERNO DE PESQUISAS

MAÇÔNICAS

Copyright – 2019 – da
Loja de Pesquisas Maçônicas
Hercule Spoladore – Brasil – nº45
Editado para uso Maçônico

1ª Edição

Londrina
2019
Loja de Pesquisas Maçônicas
Hercule Spoladore - Brasil – N º45
Caderno de Pesquisas Maçônicas
2017-2019

“A Maçonaria apenas mostra o caminho. Ela representa um meio.


O fim é o próprio Irmão. Se o Irmão não achar a Verdade em si
próprio, ninguém a achará por ele.
Se o maçom for pequeno espiritualmente, nem usando avental
bordado a ouro, fará dele um verdadeiro maçom.”

Hercule Spoladore
Loja de Pesquisas Maçônicas
Hercule Spoladore - Brasil – N º45
Caderno de Pesquisas Maçônicas
2017-2019
Diretoria
(2017- 2019)

Duncan de Armando ZancanelLa


VENERÁVEL MESTRE (WORSHIPFUL MASTER)
Hilton Hideki Hirabara
PRIMEIRO VIGILANTE (SENIOR WARDEN)
Antônio Nechar Junior
SEGUNDO VIGILANTE (JUNIOR WARDEN)
Bruno Saldanha Baldocchi
SECRETÁRIO (SECRETARY)
Eduardo Ogleari
TESOUREIRO (TREASURER)
Luiz Claudio Depes Eiras
PRIMEIRO DIÁCONO (SENIOR DEACON)
Eduardo Gonçalves
SEGUNDO DIÁCONO (JUNIOR DEACON)
Sidney Antônio Bertho
CAPELÃO (CHAPLAIN)
Rogério Marques da Silva
ORGANISTA (ORGANIST)
Antônio Aparecido de Hercules
COBRIDOR (TILER)
Francisco de Sales Bondioli
MORDOMOS E HOSPITALEIRO (STEWARDS and SMOLER)
Francisco Vicente Fachinelli (in memorian)
PRIMEIRO MESTRES DE CERIMÔNIAS (SENIOR MASTERS OF
CEREMONIES)
Edson Luiz Henriques
PRIMEIRO MESTRES DE CERIMÔNIAS (SENIOR MASTERS OF
CEREMONIES)
Loja de Pesquisas Maçônicas
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2017-2019

A LOJA QUE NASCEU PARA BRILHAR

Fundada naquele distante 15 de março de 1.975,


fruto do desejo de alguns maçons que desejavam uma Loja
que fosse capaz de avançar no estudo da Maçonaria, fugindo
da maneira das Lojas tradicionais, sempre envolvidas em
sessões arrastadas com pouca instrução.

Foi este pensamento que fez surgir a Loja de


Pesquisas Brasil, que acaba de completa 44 anos de vida
profícua, espargindo conhecimento e cultura maçônica.
Pensou-se homenagear um membro da Loja, que
representasse todos os demais fundadores, não que fosse o
mais importante ou laborioso que os demais, mas por sua
luta constante por longos anos. Viu-se a figura do irmão
Hercule Spoladore, o único fundador ainda ativo e atuante.
Os membros da Loja pensaram então em
homenageá-lo pelos seus cinquenta e sete anos na Ordem,
como forma de agradecimento pelo muito que nos ensinou.
Mas que tipo de homenagem poderíamos fazer para este
notável maçom ?
Veio a ideia de dar seu nome como patrono da Loja
de Pesquisa Maçônicas Brasil. Apresentada a proposta, foi
aprovada por unanimidade e com aplauso de todos, que na
hora decidiram que nossa Oficina passaria a se chamar Loja
de Pesquisas Maçônicas Hercule Spoladore-Brasil.
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Manteve-se “Brasil”, para conservar viva a
memória de seus fundadores que escolheram este nome.
Começou então os preparativos da festa, comandado pelo
VM Duncan de Armando Zancanella e sua diretoria. Tudo foi
pensado em suas minúcias para que tivéssemos uma festa à
altura do Mestre Hercule Spoladore.

Numa sessão memorável com a presença de


duzentas pessoas entre convidados e maçons, além de toda
a família Spoladore, os presentes viveram uma noite de
alegria no mais fraternal encontro maçônico.
Presentes estavam o Grão Mestre do GOP, o
sereníssimo irmão Rubens Martins Jr. e seu adjunto,
Christian Flores, que deram desde o início, todo apoio para
que esta homenagem acontecesse. Se fez presente também
o irmão Jonas Adalberto Pereira, representante do Grão
Mestre da Gran Logia Simbolica del Paraguay, o Sereníssimo
Edgar Caballero Sanchez.
M∴M∴ Laurindo Roberto Gutierrez
Texto também publicado na Revista “A Trolha”
(Mês 06/2019)
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APRESENTAÇÃO DA OBRA
Durante o Período de 2017-2019, muitas
conquistas forma alcançadas por essa Augusta e Respeitável
Loja, além disso sua diretoria nesse período provou-se
realmente empenhada em manter alguns conceitos e
costumes maçônicos que doravante tinham sido esquecidos
pelo tempo e pela mudança tecnológica que vivemos nestes
momentos atuais.
Durante todos esse período (2017-2019), 89
palestras foram proferidas, sendo elas 19 em Loja e 70 em
outras lojas de todas as potências regulares. (GOP, GOB e
GLP).

Esse livro além de ser também uma retomada em


um dos costumes da Loja, também vem fechar esse ciclo de
mudanças e retomadas.
Para os irmãos que buscam ler ou apresentar
Trabalhos em Lojas, essa Coleção de textos de nossa Loja
busca trazer muitos subsídios importantes para tal. Existem
trabalhos mais curtos e outros mais extensos, que podem
ser apresentados na integra ou parcialmente, os leitores
mais ávidos podem devorá-los e pesquisar mais sobre o
tema outros podem assimila-los e/ou mesmo utiliza-los
como referência, para seus trabalhos e pranchas futuras.
Essa é contribuição, bom acho que mais uma
contribuição que nossa Loja de Pesquisas, faz para a
propaganda e Cultura Maçônica, cumprindo assim sua
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finalidade, além de abrir espaço a novos autores que estão
iniciando e desbravando esse caminho que é a formação de
desenvolvimento do saber Maçônico.

O Irmão leitor verá que todos os textos tem


conteúdo que são fontes de informação com relação a
realidade atual do Maçom e sua visão de mundo, um retrato
do momento de seu lapidar da pedra, burilando seu interior
e reproduzindo, ou melhor, mostrando aos irmãos quais sua
evolução neste trabalho árduo de caminhada.

Os Editores
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SUMÁRIO
A INICIAÇÃO ........................................................................ 10
DESCANSO PARA O PEDREIRO............................................ 13
IRREGULARIDADE E CONIVÊNCIA ..................................... 17
O CÉU NÃO PODE ESPERAR................................................. 20
VISITAÇÃO MAÇÔNICA ........................................................ 23
A COR DO REEA NO BRASIL ATRAVÉS DOS TEMPOS ......... 25
POSIÇÃO DO ALTAR DOS JURAMENTOS EM LOJA DO REAA
.............................................................................................. 49
VELAS E SEU SIGNIFICADO NA MAÇONARIA ..................... 53
AXIOMAS E SOFISMAS NA MAÇONARIA ............................. 67
COMENTÁRIOS A RESPEITO DOS CALENDÁRIOS NA
MAÇONARIA BRASILEIRA ................................................... 73
FICÇÃO OU VERDADE? ESPECULAÇÕES.............................. 89
DIVAGAÇÕES SOBRE AS COLUNAS J e B ............................ 101
PRÍNCIPE DOS POETAS PARANAENSES............................ 114
O CADÁVER ........................................................................ 125
CAGLIOSTRO, OU JOSÉ BÁLSAMO – MAÇONARIA MÁGICA
............................................................................................ 137
AÇÃO INTEGRALISTA BRASILEIRA, O COMUNISMO E A
MAÇONARIA PARANAENSE NA DÉCADA DE 30 (1930).. 142
MAÇONARIA ADONHIRAMITA .......................................... 157
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A PRANCHETA.................................................................... 169
MAÇONARIA E PROCEDIMENTOS MÁGICOS .................... 179
MAÇONARIA, PASSADO, PRESENTE E FUTURO................ 194
LIVRE PENSADOR MAÇÔNICO........................................... 217
LANDMARQUES, O QUE EU PENSO A RESPEITO... ............ 222
JOSÉ BONIFÁCIO E O APOSTOLADO, OU A NOBRE ORDEM
DOS CAVALEIROS DE SANTA CRUZ................................... 230
ADOÇÃO DE LOWTONS E O CULTO DE MITRA (MITRAISMO)
............................................................................................ 245
PRIMEIROS MESTRES MAÇONS DA MAÇONARIA ............ 251
A ESTRELA FLAMEJANTE .................................................. 257
PAINEL DO GRAU DE APRENDIZ MAÇOM DO RITO
RASILEIRO .......................................................................... 260
RENÉ DESCARTES E SUA FILOSOFIA ................................ 265
TEMPLO MAÇÔNICO SIMBOLISMO DOS ORNAMENTOS DO
TEMPLO NO RITO BRASILEIRO (COMAB) ........................ 270
TEOSOFIA O QUE É? ........................................................... 276
A CERIMÔNIA DAS LUZES MISTICAS DO RITO BRASILEIRO
............................................................................................ 279
A CORAGEM ........................................................................ 283
UM LIDER ABOLICIONISTA ............................................... 288
A LOCALIZAÇÃO DAS COLUNAS “J” E “B” NO RITO
BRASILEIRO (COMAB) ....................................................... 292
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AS QUATRO BORLAS NO PAINEL DA LOJA DE APRENDIZ 295
AS TRÊS VERTENTES DA MAÇÔNARIA ............................. 301
ESCURIDÃO E A LUZ........................................................... 309
O AVENTAL......................................................................... 312
AS TRÊS VIAGENS INICIÁTICAS......................................... 316
E A ....................................................................................... 316
PURIFICAÇÃO PELOS ELEMENTOS ................................... 316
LAPIDAÇÃO DA PEDRA BRUTA EM PEDRA CÚBICA......... 348
É PARA A FRENTE QUE SE ANDA ...................................... 404
ESPADA FLAMÍGERA OU ESPADA FLAMEJANTE? ............ 407
HERMES TRISMEGISTO – UMA COLUNA MAÇÔNICA ....... 413
A INFLUÊNCIA DA CULTURA JUDÁICA E GRECO-ROMANA,
NA FILOSOFIA DO RITO ESCOCÊS ..................................... 472
OS GRAUS SIMBÓLICOS NA MAÇONARIA ......................... 481
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A INICIAÇÃO

Ir∴ Laurindo Roberto Gutierrez

“Ser maçom, não é direito; é recompensa”


A iniciação maçônica é um ato definitivo, na vida de
um profano prestes a ser tornar maçom. Não existe outra
experiência igual. Ela é única, e, se não for bem conduzida,
plena de emoção e respeito por parte dos envolvidos nesse
ato, é possível que o recipiendário não vivencie ou não sinta
intensamente cada movimento, passos, ruídos, sons e
odores, no desenrolar da cerimônia. Essas sensações
formam um conjunto de sentimentos que podemos chamar
de “sensações iniciáticas”. A iniciação tem mais que emoção
e sentimento em si, do que se pode imaginar, e cada um
reage à sua maneira, de acordo com sua sensibilidade e
percepção. O silêncio e a seriedade no ambiente devem ser
impecáveis, para que todos, em especial, os neófitos possam
assimilar o que está acontecendo. Os que conduzem a
cerimônia devem se compenetrar da importância do ato, e
os presentes tem a obrigação de colaborar, para que tudo
saia à perfeição, pois nesse momento, a Egrégora está
formada e o ambiente deve ser envolvente e harmonizado
para que se possa “ouvir” o silêncio.

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A impostação de voz deve ser observada e treinada
antes, especialmente pelo Venerável e os Vigilantes, que não
podem atropelar a leitura, nem tartamudear. O neófito, em
estado de quase transe, precisa que tudo tenha clareza para
melhor ouvir e compreender, pois depois de horas privado
da visão, ele está psicologicamente desgastado e com
dificuldade de entendimento. Um irmão de minha Loja Mãe,
homem culto, médico, escritor e maçom puro, diz foi de tal
forma envolvido, e como num arrebatamento, sentiu uma
leveza de espírito que o fez CONHECER DEUS, no dia de sua
iniciação. Abordo esse assunto, pois sabemos que ainda, em
pleno no século XXI alguns maçons insistem em transformar
a sessão magna de iniciação num ato ridículo, fazendo o
profano ficar de terno e gravata, numa praça pública num
dia de sol escaldante, à vista de todos, à espera de seus
“algozes”. Creiam; ainda se usa a famigerada tábua de pregos
num ato de covardia contra um profano amigo, que vendado
e semi nu, não pode se defender dessa atitude covarde, nem
identificar que assim age. Uma prática medieval. Anos atrás,
em viagem, fui a uma Loja e vi numa iniciação, galhos dentro
do templo, que eram esfregados nas pernas, costas e peito
do recipiendário, numa galhofa para divertir os presentes. E
todos riam. Mais ainda, alguns “maçons de ocasião”,
mostram seu lado obscuro, e chegam a levar o profano à
noite no cemitério onde é recebido por um irmão da Loja,
com uma caveira de animal pendurada no pescoço, numa
cena ridícula, uma demonstração de total falta de respeito
ao seu semelhante, naquele momento tão importante de sua
vida. Isso não é comportamento de homem livre, ou

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minimamente civilizado. Incrível, como alguns agem tão mal
maçonicamente, transformando o Templo num quase
picadeiro. O interessante é que esses maçons, foram por nós
escolhidos entre os melhores homens de nossas relações,
por sua conduta ética e por sua moral. Agora como mestres
maçons, (aprendiz e companheiro não fazem isso) como
podem eles proceder assim? Coisa que nunca fizeram em
casa, nem no trabalho, com ninguém, agora num
comportamento idiota, praticam. O que houve com o caráter
deles? Sugiro formar um grupo de estudo do Ritual, para
mostrar que essa gente, que tal ação não faz parte da
Iniciação. Imaginem o que pensaria a esposa de um
candidato ao saber que seu marido, teve que se sujeitar a
essa troça, um escárnio inaceitável.
Se o candidato não sentir as mensagens
transmitidas na iniciação, seu ingresso na Ordem poderá
resultar num retumbante fracasso com mais um faltante
crônico, às sessões de sua Loja. Uma iniciação mal feita,
pode apenas revestir com o avental maçônico um eterno
profano. A cerimônia de iniciação pode ser vista como uma
teatralização, mas não como um show barato de circo
mambembe. A cerimônia da iniciação é a mais importante
atividade maçônica, e deve ser realizada entre irmãos
reunidos em absoluto segredo, e tomados pelo mesmo
sentimento de amor, que só os iniciados nos Augustos
Mistérios são capazes de sentir.

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DESCANSO PARA O PEDREIRO


“Na dúvida aprendemos; na certeza nem sempre”

Ir∴ Osni Adres Lopes


Ir∴ Laurindo Roberto Gutierrez

Em todo mundo a Maçonaria vive de Duas reuniões


mensais, ou uma bimensal, e até uma trimestral, como é na
Inglaterra. Apesar de parecer pouco para nós brasileiros,
eles são atuantes e fazem sua parte em matéria de trabalho
social, filantrópico, e de estudos. Na França, Portugal,
Espanha, Nova Zelândia e Estados Unidos são duas sessões.
Propor isso aqui, causaria uma discussão interminável, ou
talvez nem discussão houvesse (deixa como está) pois nos
acostumamos com quatro e até cinco sessões mensais.
Depois de quase quatro décadas na Ordem, senti um
esgotamento por esse regime de trabalho sem descanso,
apesar de gostar da convivência em Loja com meus irmãos.
Mas, e da família, não gostamos também? Ficar mais tempo
em casa é revigorante, além do que, pregamos que a família
está em primeiro lugar.

Pensando em ajudar os mais velhos, foi criada na


Nova Zelandia, a Loja Daylight, que se reúne à luz do dia,
evitando o que aconteceu com o Senior Warden (primeiro
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vigilante) que caiu no sono e roncou, em sessão noturna,
como me relatou o irmão Timothy Collier, da Loja Montrose
722 - SC, de Gisborne- New Zealand. Foi criada em Porto
Alegre, a Loja Centenário, que trabalha à tarde, para atender
os irmãos em “idade canônica”. Seguindo essa tendência, em
Londrina, tem a Loja François Voltaire e a Loja Areópago que
trabalham com duas sessões ritualísticas ao mês. Com o
avançar da idade não temos mais a mesma visão para dirigir
à noite, nem a mesma disposição para sair de casa toda
semana. Lembre que nossas esposas envelhecem e precisam
mais de nossa presença, pois sua saúde em alguns casos, não
vai bem. Voltar para casa após as 22 horas, é um risco nos
dias atuais, devido a falta de segurança pública. Passei por
isto, e tive que me filiar numa Loja com apenas uma sessão
mensal. Não tenho dúvida que este regime de trabalho com
até 5 sessões semanais, se esgotou, e esgotou todos os
maçons. Mudar é preciso, e logo! Talvez este regime de
trabalho cansativo (as vezes improdutivo) pode estar
contribuindo para a evasão maçônica.
Como é possível adotar o sistema praticado no
mundo, e manter a agenda de trabalho em ordem? Bem, aí,
depende dos Veneráveis e das diretorias terem vontade
para implementar essa mudança. Nas Lojas com grande
número de membros, o saco de proposições recolhe um
elevado número de pranchas (as vezes até 30 ou mais) que
para serem decifradas leva-se um tempão, consumindo boa
parte das duas horas de trabalho. Falo de mudança, e
apresento uma sugestão: O remédio é a informatização
parcial das atividades maçônicas, apesar do perigo que
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poderia advir com isso, pelo vazamento aos olhos e ouvidos
profanos. Vejamos: os pedidos de informação de outras
Lojas, sobre profanos à iniciação, elevação, exaltação e posse
de diretorias, podem ser via e-mail, como já faz o Grande
Oriente do Paraná. Pranchas pedindo a cessão do salão
social, de ajuda de instituições, devem ser analisadas pela
diretoria, bem como os certificados de presença de visitas a
outras Lojas, podem ser agrupados e anunciados em bloco,
sem citar nomes. Acreditem que tem irmãos que exigem
que seus certificados de visitas sejam lidos um a um, para
seu deleite e glória.

As pranchas das Corporações Filosóficas, com


pedido de informação para a elevação de graus, não
precisam serem decifradas “ipsis litteris”, uma a uma, em
sessão, podendo ser respondidas administrativamente. Isso
não vai afetar a excelente relação de cordialidade e amizade
que sempre existiu entre as Lojas Bases, e os Altos Corpos.
O secretário executivo da Loja pode organizar tudo, e enviar
via correio eletrônico, as informações a quem de direito. Não
vamos imaginar que a “A Palavra à bem da Ordem” deva ser
suprimida, porém pode encurtada. É preciso que seja
objetiva, concisa e sem delongas, sendo “À Bem da Ordem”
mesmo, e nada mais. Basta estabelecer um tempo mínimo de
3 minutos. As Lojas modernas, que se dedicam à pesquisa
maçônica com apenas uma sessão mensal, viram que era
preciso “gastar” o tempo com estudo e discussões
inteligentes, então passaram a enviar os irmãos o Balaústre
pelo e-mail para o irmão tomar ciência, e, na Loja é aprovado
sem a leitura do mesmo. Tudo o mais é resolvido nas sessões
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Administrativas. Se no mundo inteiro é assim, com DUAS
sessões mensais, porque não pode ser da mesma forma entre
nós?

A obrigatoriedade da frequência maçônica, não é


apenas na Loja Base/Mãe, é também na Loja de Perfeição, no
Capítulo, no Kadosch, no Consistório e nos Graus
Administrativos. Tem ainda as organizações paramaçônicas
juvenis que os pais precisam levar a filharada, como, a
Ordem DemoLay, as Filhas de Jó e a Arco Iris. Não
esqueçamos ainda que a visitação em outras Oficinas é
obrigatória ao Aprendiz e ao Companheiro. Fico imaginando
o que uma Loja com quadro diminuto, numa cidade pequena
tem tanto a tratar, que precise de quatro a cincos sessões no
mês.
Num passar d´olhos no calendário, vi que seriam
21 sessões ao ano, contra quase 45 no sistema atual. Um
único templo poderá acolher 10 lojas por mês . Mais Lojas
no mesmo templo, poderia baratear o aluguel para as
Oficinas locadoras, que em alguns casos tem dificuldade
para pagar. Acredito mesmo, que o índice de frequência
aumentaria, e certas sessões hoje “vazias”, se tornariam
mais vibrantes e proveitosas, bem diferente de algumas
situações, onde apenas “meia dúzia de bodes pingados” se
faz presente. Trabalhar do meio dia à meia noite, é apenas
uma simbologia.

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IRREGULARIDADE E CONIVÊNCIA

Ir∴ Laurindo Roberto Gutierrez

Não é raro ver irmãos em situação maçônica


irregular frequentando Lojas. Nunca é um aprendiz, ou
companheiro; sempre um Mestre. De uns tempos para cá,
temos notado que esses casos estão mais frequentes. Alerta
de falsos irmãos impostores que agem livremente se
aproveitando do descuido dos maçons, frequentando Lojas
e até dando golpes, são publicados na internet. Porém o mais
comum mesmo é irmãos irregulares que conhecemos,
fazerem isso e não serem barrados. Eles até assinam, e citam
no Livro de Presença a última Loja a que pertenceram, o que
se caracteriza um quase “estelionato maçônico” por usar
sem ter direito ou conhecimento da mesma, o nome daquela
Oficina. Há um caso acontecido o “irmão” nem assinava o
livro. Foi descoberto, mas ninguém o interpelou. Um desses
casos está se tornando corriqueiro, o esperto visitante, logo
que chega, chama o Venerável para um canto e
ardilosamente o envolve, conseguindo sempre entrar para a
sessão. Pergunto: se sabemos disso por que não alertamos o
Venerável ? Se alertado, por que ele não cumpre a lei ?

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Um irmão me relatou o caso de maçom que
frequenta a Loja há um bom tempo, em situação irregular e
os Veneráveis, um após outro, alegando tolerância, aceitam
com a tranquilidade do “dever cumprido”, essa burla.
Falham os dois lados; o maçom “penetra” pela falta de
escrúpulo, e o Venerável, pela omissão. Um maçom
irregular, que visita uma Loja, torna a sessão irregular, e
tudo nela tratado, não vale nada, e qualquer irmão presente
tem a obrigação pedir a anulação da sessão. A reunião não
pode ter maçom irregular, porém, podemos recebê-lo como
irmão que é, convidando-o partilhar à mesa o ágape
fraternal, nos esperando no salão social, depois dos
trabalhos. Está no ritual a ordem para verificar a situação de
cada visitante. E a palavra semestral, criada para impedir a
entrada irregular nas Lojas, porque não é usada? talvez
porque o compadrio entre maçons seja mais importante que
as leis.
O caso mais gritante de descumprimento às leis e
falta de verificação (trolhamento) de um visitante, resultou
em vergonha para todos. Um irmão idoso, veio para uma
visita. Não trolhado, veio de novo, e de novo, até que um
certo dia apareceu um jovem querendo receber pelo serviço
sexual prestado à aquele “visitante ilustre”. Possivelmente,
nem maçom era, apenas um homossexual experto, que usou
e abusou da “inocência” dos Maçons, e ainda indicou a Loja
como lugar para receber o valor combinado pelo programa.
Pergunto; e o orador da Loja, porque não faz cumprir as leis
e regulamentos de sua Oficina? Um médico que trabalhou
num hospital, após sua aposentadoria não participa mais
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das reuniões da diretoria clínica, nem o Juiz, será convidado
a participar das decisões da magistratura. E porque um
maçom irregular teima em participar da reunião maçônica?
Os que insistem nessa prática, acham cômodo não se filiar
em nenhuma Loja, não pagar a mensalidade, sem a obrigação
de freqüência, e, não tendo nenhum lugar para ir, aparecer
na sessão para “aprender” um pouco mais, e rever os irmãos.
Incrivelmente, esses bicões quase sempre contam com a
ajuda de algum mestre, que apela pela tolerância. Que
tolerância é essa? A Ordem é uma escola de
aperfeiçoamento, onde nem sempre se cumpre as leis.
Confesso que sinto vergonha, pois sabendo desses casos,
muitas vezes me mantive calado. Agora faço esse alerta. E
os Mestres, continuarão permitindo essa prática?

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O CÉU NÃO PODE ESPERAR


Ir∴ Laurindo Roberto Gutierrez

Outrora, a velhice era uma dignidade; hoje ela é um peso.


(Francois Chateaubriand)

Quando fui iniciado, a vida para mim, ganhou um novo sentido,


pelas novas amizades e pelo ensinamento que recebia nas
instruções de meus preceptores. A sessão maçônica era uma
coisa extraordinariamente nova e reveladora. Jovem ainda,
nos meus trinta anos contados, sonhava em crescer na Ordem
e ser como aqueles irmãos mais antigos, pois via neles tanto
conhecimento e amizade, eram na verdade, sábios
inspiradores, aqueles “velhinhos” daquele tempo, eram minha
inspiração. Para mim, eles viviam num mundo de felicidade, e
isso era uma herança, que levariam até os dias da velhice;
pensava eu. Esse sentimento inundava meu o espírito de paz
e esperança, crendo numa vida futura plena de realizações
maçônicas. Jamais poderia pensar que o caminhar dos anos
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trouxesse consigo mudanças tão importantes. Parece que a
juventude não conhece o segredo para a transmutação, e
quando a idade avança, somos pegos por uma realidade
surpreendente, às vezes desalentadora. A Ordem que servimos
por décadas a fio, envidando os maiores esforços, nos
abandonará na idade provecta, justamente quando estaremos
mais carentes e fragilizados. Na America do Norte, os maçons
idosos vão para o albergue da Ordem, onde vivem em paz e
dignamente. Abordo esse assunto, levando em conta apenas
dois casos de irmãos que vivem no mais completo abandono
maçônico. Um, vitimado por uma hemiplegia, não sai para
lugar algum, o outro quase cego. Agora vivem, ambos,
confinados em suas casas. Essa realidade é bem diferente dos
Templos aconchegantes, e dos amplos salões de festas de suas
Lojas, que um dia frequentaram. Aquela alegria barulhenta e
os abraços fraternos deram lugar ao abandono, ao ostracismo
involuntário e ao silêncio cósmico que arrasa seu moral. Se
tivessem a mão amiga de um irmão, poderiam ir à Loja, aos
almoços, e de novo serem felizes, pela convivência fraterna
entre os irmãos. A maçonaria, pródiga em ajudar os velhinhos
dos asilos profanos, vira a cara para seus próprios membros,
que nem sempre precisam de apoio pecuniário, apenas de uma
visita. A tentativa de levar irmãos à casa de um enfermo,
sempre resulta em fracasso, pois ninguém sem interessa. Os
Veneráveis Mestres, alguns deles, quase nunca vão, preferindo
“formar uma comissão”, para uma obrigação que é sua, que ele
solenemente jurou cumprir, com a mão sobre a Bíblia. O apelo
das cunhadas e dos filhos, pedindo uma visita dos maçons, não

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faz eco. Alguns de nós, acham que maçom inativo não é mais
irmão, e não é merecedor de nosso amor, nem de nossa visita,
porque deixou a Loja há anos. Se não mudar meu sentimento,
renunciarei aos graus que alcancei, e pedirei para ser
novamente iniciado. Se minha primeira iniciação não provocou
mudança alguma em meu espírito e na minha alma, então
preciso recomeçar. O tempo corre célere, e a vida escapa pelos
dedos como o mercúrio, quando tentamos segura-lo. Irmãos,
há tempo, ainda que curto, para amar e dar alguma alegria ao
maçom idoso que muito fez pela Ordem, pois O Céu não pode
esperar.

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VISITAÇÃO MAÇÔNICA

Ir∴ Laurindo Roberto Gutierrez

Todo maçom tem direito a visitar qualquer Loja em qualquer


lugar e circunstância, como está no 14º Landmark.

“O direito de todo maçom visitar e tomar assento em qualquer


Loja, é um inquestionável Landmark da Ordem. É o consagrado
direito de visitar, que sempre foi reconhecido como um direito
inerente que todo irmão exerce, quando viaja pelo Universo. É
a conseqüência de encarar as Lojas como meras divisões, por
conveniência, da Família Maçônica Universal” .

Na primeira visita é a curiosidade que nos conduz; queremos


saber como trabalham aqueles irmãos, será que conheceremos
algum amigo naquela Oficina, poderei usar da palavra, como
me comportar entre irmãos? nos perguntamos. Tudo é uma

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incógnita em nossa primeira viagem a outra Loja. No
cristianismo primitivo, as “novas” eram transmitidas,
justamente através da visitação. A visita é elemento necessário
seja para a confraternização entre grupos, seja para a
ampliação do conhecimento ou para criação e fortalecimento
de novas amizades. Os discípulos e mais tarde os Apóstolos
percorriam todo o mundo, então conhecido, para o
fortalecimento da Fé. Eles sabiam como identificar uma igreja,
um irmão. Sob o ponto de vista esotérico o visitante não
comparece sozinho em uma visitação; junto a si está toda sua
Loja incorporada espiritualmente. Ele conduz a força vibratória
dos irmãos que o fizeram embaixador. Ao colocar o óbolo na
Bolsa de Beneficência, estará não somente colocando a si
próprio para a imantação de seu óbolo, mas também a
imantação de seu grupo. Uma vez dentro do Templo o
visitante, deve ser considerado como uma presença
misticamente valiosa, como uma dádiva e uma benção. Creio
que a visita de um maçom a outra Loja, se assemelha a
polinização das abelhas espalhando os frutos de amizade e boa
vontade entre os irmãos. Ainda hoje compêndios e livros,
perdem-se nas digressões sobre o direito ou não de visitação.
Esses são preceitos exclusivamente administrativos e
bitolados. Alguns mestres, Lojas, e até Obediência, ainda hoje,
tentam desestimular a visitação por aprendizes, alegando que
só acompanhado de um mestre isso é possível. Os maçons de
tempos em tempos, enfrentam dificuldades para continuar sua
caminhada, especialmente o Benfazejo que se vê tolhido em
sua liberdade de seguir em direção para a prática do Bem.

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MARCOS despropositados, cheirando a ranço, foram colocados
na estrada de passagem para a visitação maçônica, tentando
acabar com esta tradição secular da Ordem Universal. Sempre
aprendi mais em visitas a outras Lojas, do que na minha
própria, haja vista que são ritos diferentes, novos irmãos que
não conhecia. A maçonaria não pode isolar-se dentro dos
Templos simplesmente em trabalho exclusivo com os membros
de seu quadro. Se assim agir, fenecerá e se autodestruirá. A
Loja precisa “outras luzes”, “outras forças” e “outros
alimentos”. Adaptado de : Visitação - Rizzardo da Camino

A COR DO REEA NO BRASIL ATRAVÉS


DOS TEMPOS
DECORAÇÃO DO TEMPLO – AVENTAL 3º GRAU E FITA OU
FAIXA

Ir∴ Hercule Spoladore

“O PENSAMENTO REENCARNA AO LONGO DAS IDADES


ADOTANDO AS NUANÇAS QUE LHE SÃO IMPOSTAS” – R.
Amberlain.

Não se pretende discutir preferências pessoais pela cor


vermelha ou azul porque se assim fosse o autor deste trabalho
por preferência pessoal preferiria a cor azul. “Gosto do azul”.
“O vermelho me parece uma cor agressiva.” Mas isto é apenas

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uma questão do gosto de cada um e não representa a verdade
histórica do REAA.

No entanto em se tratando da história do REAA


detalhadamente inserida nos rituais antigos, Congressos,
Constituições e Regulamentos e etc. necessário se torna
analisar o assunto, citando-se as fontes primárias e
descrevendo assim a trajetória do azul, o qual foi se insinuando
sorrateiramente especialmente no avental do 3° grau e
decoração do templo no Simbolismo no REAA e hoje reina
quase que absoluto na maioria das lojas espalhadas pelo Brasil
do Rito em foco.

Interessante frisar que a maioria dos maçons do REAA do Brasil,


não se importa em saber qual é a verdadeira e mais importante
cor do Simbolismo do Rito, “redescoberta” pelas pesquisas
realizadas por uma minoria de estudiosos, nos últimos vinte e
cinco anos porque em realidade, a grande maioria dos maçons
é pouco afeita à realidade histórica e só aceita como
verdadeiro apenas o que viu e sentiu ao receber a Luz,
aceitando ser esta, a verdade. Graças a esta maneira de
encarar o problema, e também devido a pouca leitura, já que
maçom quase não lê, e a acomodação frente aos estudos sobre
a Ordem fez com que estes maçons não aceitem e nem
queiram discutir o assunto ficando com a cor azul como a
principal do REAA.

O REAA tem várias cores. No Simbolismo tem como principal a


cor vermelha, além da branca e nas Fitas, não no avental do 3º

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grau existe o azul debruado de vermelho. Nos Graus Superiores
existem as cores verde, vermelha preta e branca.

É sabido que a cor vermelha tem várias tonalidades e entre


elas: carmesim, (vermelho vivíssimo), púrpura (vermelho
escuro), escarlate (vermelho rutilante) ou encarnada, que é o
vermelho comum. Estas cores sempre ornamentaram a
aristocracia na Europa. O vermelho foi sempre a cor preferida
pelos reis, papas e bispos e sempre ornamentou a nobreza.
Esta cor foi usada pelos primeiros escocesistas, partidários dos
Stuarts, quando exilados na França, depois pelos nobres que
fizeram parte da fundação do Conselho de Imperadores do
Oriente e do Ocidente, que foi um corpo maçônico da época e
também frequentado pelos cavalheiros e gentilhomens
franceses do Rito de Heredon (25 graus, embrião do REAA).
Sabemos que estes maçons do Rito de Heredon foram os
precursores do grupo que acabou fundando o REAA em
Charleston em 25 ou 31/05/1801 (a mais aceita). Muita
história, muita confusão aconteceu até se chegar a fundação
do REEA que no inicio chamava-se Rito dos Maçons Antigos e
Aceitos. Interessante ressaltar que o Rito não nasceu na
Escócia e não era nem Antigo em nem Aceito. O nome correto
segundo Castellani seria Rito dos Antigos e Aceitos Maçons. (Na
Europa atualmente ele é conhecido como Rito Antigo e Aceito).

O REAA entrou no Brasil oficialmente através da autorização


dada pelo Supremo Conselho dos Países Baixos da Europa,
quando se usava esta nomenclatura para aquela região do
continente europeu. Hoje, segundo a geografia atual,

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identifica-se como sendo a Bélgica. O Supremo Conselho dos
Países Baixos outorgou ao Irmão Francisco Gê Acayaba
Montezuma cujo nome verdadeiro era Francisco Gomes
Brandão, um documento autorizando a fundação de um
Supremo Conselho no Brasil quando ele ainda estava na
Europa, exilado pelo Imperador I. Ele não era maçom quando
em 1823 foi deportado. Foi iniciado na Inglaterra. O
documento está datado de 12/03/1829. Mas a fundação oficial
do Supremo Conselho do grau 33 do Brasil, o primeiro Supremo
Conselho aqui instalado foi em 10/11/1832.

Nesta época havia dois Grande-Orientes aqui no Brasil. O


Grande Oriente Brasileiro do Passeio fundado em 1830 e
instalado em 24/06/1831 e o Grande Oriente do Brasil (antigo
Grande Oriente Brasílico ou Brasiliensi) reinstalado por José
Bonifácio em 23/11/1831. Cada um deles reivindicava o direito
de ser verdadeiro e originário do Grande Oriente Brasílico ou
Brasiliensi de 1822. Não eram amistosos entre si. Havia muita
hostilidade entre estas duas Potências.

A primeira Loja a adotar o REAA teria sido a Loja “Educação e


Moral” fundada por Gonçalves Ledo (Boletim do GOB n°03 ano
52 pg. 216 - 1927) regularizada e filiada ao Grande Oriente do
Brasil em 30/03/1832, mas já em 08/06/1832 foi considerada
irregular por José Bonifácio. Eis ai os dois brigões de 1822
desde os tempos da Independência do Brasil quando
disputavam as benesses do Imperador, se confrontando
novamente, agora sem o Imperador, apenas pela disputa de

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poder. Esta Loja filiou-se ao Grande Oriente do Passeio em
1833.

Mas ressalve-se, um fato conhecido por poucos escritores


maçônicos. No dia 20/05/1822, portanto, vinte e oito dias
antes da fundação do Grande Oriente Brasílico ou Brasiliensi,
que só ocorreria no dia 17/06/1822 foi fundada uma Loja no
Brasil no Rio de Janeiro, no REEA por estrangeiros importantes
que aqui residiam. Levou o nome de “Bouclier D’Honneur”
(Escudo de Honra). Fundaram também um Capítulo. Seus
fundadores solicitaram autorização para o Grande Oriente da
França, o qual a reconheceu daí há um ano mais ou menos. Ela
foi, portanto, fundada antes do Grande Oriente Brasílico ou
Brasiliensi. Os membros desta Loja até foram convidados
posteriormente para fazer parte do GOB, mas o mesmo usava
desde a sua fundação o Rito Francês ou Moderno e em verdade
o Grande Oriente Brasílico era um grêmio revolucionário que
queria a todo o custo a independência do país. Era uma
maçonaria revolucionária. Os membros da Loja "Bouclier
D’Honneur” (Escudo de Honra) não aceitaram, pois eles apenas
queriam uma Loja Maçônica para agregar os estrangeiros que
viviam no Brasil naquele momento da nossa história. Além do
mais o Rito era diferente. Ressalte-se que Grande Oriente
Brasílico era em princípio uma potência totalmente irregular à
época perante as Potências ditas regulares do mundo. Por isso
os membros da Loja "Bouclier D’Honneur" solicitaram filiação
ao Grande Oriente da França e foram atendidos, mas a Carta
Constitutiva chegou somente em 1823, quando a Loja já havia
adormecido. Este assunto está bem desenvolvido no livro da
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Academia Brasileira Maçônica de Letras – Formação Histórica
da Maçonaria - Anais do I Congresso Internacional de História
e Geografia ano 1981 – por Alcebíades Lappas, Grande
Secretário da Grande Loja da Argentina à página 63 no trabalho
“Algumas Revelações sobre os inicios da Maçonaria no Brasil”.

Não importa se a loja foi fundada por estrangeiros ou não.


Usando-se a razão, o REEA teria entrado no Brasil em
20/05/1822. Fatos são fatos.

A Loja “Comércio e Artes”, reerguida pelo Cônego Januário da


Cunha Barbosa, filiou-se ao Grande Oriente do Brasil em
23/11/1831. Não suportando as desavenças com José
Bonifácio, filiou-se ao Grande Oriente do Passeio em
07/04/1833 e passou para o REAA. Mandou imprimir o livro
Instruções Maçônicas (Catecismo – Regulamento Geral) em
1833 cujo livro foi traduzido pelo grande Maçom Hipólito José
da Costa do francês para o português. Catecismo era o nome
que a Maçonaria usava para o que hoje chamamos de Ritual.

Em 15/09/1833 o Grande Oriente do Passeio tornou o REAA


como único e oficial rito da Potência para as suas quinze Lojas.

Necessitavam de um Ritual e este foi mandado imprimir em


1834. O Ritual então impresso, seguindo a ortografia da época
teve o seguinte titulo: “Guia dos Maçons escossezes ou
Reguladores dos trez graos Symbólicos do Rito Antigo e Aceito
– Rio de Janeiro – 1834”. Era uma tradução do ritual vindo
diretamente da França onde praticavam entre outros ritos, o
REAA, embora com alguma influência litúrgica do Rito

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Moderno ou Francês a exemplo da inversão das colunas J e B e
dos respectivos vigilantes.

No que concerne à cor vermelha à página 46 do Guia assim está


escrito com grafia da época “As paredes do templo, cortinas,
mezas docel, etc. são forradas de encarnado no rito escossez e
de azul nos ritos Moderno e Adonhiramita, nestes dous últimos
os galões e as franjas dos paramentos devem ser prata ou
fazenda de cor branca e no primeiro de ouro”.

No mesmo Guia à página 49 quando menciona: “Das insígnias


e joias dos graos no Rito Escossez Antigo e Aceito”.

“Grao 3 - Avental branco forrado e orlado de escarlate com


uma algibeira abaixo da abeta, sobre a qual estão bordadas as
letras M:. e B:.”.

“Fita azul orlada de escarlate a tiracolo da esquerda para a


direita, suspensa em baixo a joia que é um esquadro e um
compasso de ouro entrelaçados. A joia pode ser cravejada de
pedras”.

Conforme se pode notar estas Lojas do Grande Oriente do


Passeio agora eram todas do REAA e como tal mudaram entre
outras coisas a cor para o vermelho em substituição à cor azul
que continuava sendo a cor oficial dos Ritos Francês ou
Moderno e Adonhiramita.

O azul no REAA permaneceu apenas na Fita porque a mesma


era uma das características do Rito usada há muito tempo na
Europa. Aliás, a Fita, Faixa ou Fitão eram usados em quase
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todos os graus do REAA, a partir do grau 3. Ela é larga de
chamalote ou seda, cuja cor e bordados variam de acordo com
os graus e com os Ritos e tem na sua ponta a joia distintiva.

A Faixa totalmente vermelha era usada no Rito Escocês


Primitivo (Ealry Grand Scottish Rite) que não deixa de ser um
dos ritos dos primórdios do escocesíssimo. Este Rito foi
introduzido na França em 1688 através da Loja Saint Jean
D’Ecosse de Marselha durante século XVIII. Era usado por
militares jacobitas em exilio em San Germain-en-Laye.

O REAA adotou a faixa azul orlada de vermelho e isto quer dizer


que o azul é também uma cor do Rito, todavia é menos
importante que o vermelho. Esta Faixa é usada até hoje na
Grande Loja da França e é exatamente igual a Faixa que se
encontra no primeiro ritual do REAA impresso no Brasil em
1834. Mas a Faixa é apenas um dos detalhes do REAA.

A maioria dos países da América do Sul, com exceção da


Venezuela e Brasil, onde a maioria das Lojas que trabalham no
REAA usam a cor azul, na ornamentação do Templo e no
Avental do 3° grau, muito embora a cor principal do
Simbolismo seja vermelha de origem. Nos demais continentes,
idem, em Israel, segundo Leon Zeldis escritor e historiador
maçônico por razões políticas também é adotado o azul.

Quando o Supremo Conselho do Gráu 33 do Brasil


(Montezuma) foi incorporado ao Grande Oriente do Brasil lá
pelos idos de 1854/1855 vindo através do Marquês de Caxias
foi mandado imprimir um ritual próprio. Interessante que este

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ritual é cópia fiel do ritual de 1834 e foi reimpresso em 1857,
inclusive com o mesmo título.

Temos ainda em 1857 um outro documento impresso:


“Regulador Geral do Rito Escossez Antigo e Aceito para o
Império do Brasil – Rio de Janeiro – 1857” que cita a pagina 46:
“o encarnado é o característico do escossismo” Na mesma
página menciona que “esta é a diferença entre com os Ritos
Francês ou Moderno e o Adonhiramita, os quaes são azues”.

Estes Rituais não seriam apócrifos a ponto de afirmarem de


uma maneira tão transparente, que o vermelho é a cor
principal do REEA. Afinal, está escrito. Este fato é uma prova
inconteste.

A Loja “União Constante” a mais antiga do Rio Grande do Sul,


da cidade de Rio Grande, fundada em 13/06/1840 desde a sua
fundação até a presente data permanece como um
monumento vivo de uma tradição jamais violada. Nunca
mudou a cor vermelha quer na decoração do templo, quer no
avental do 3º grau. Por sinal, seu Templo interiormente se
assemelha a uma catedral. É um Templo muito lindo.

A própria Constituição do Grande Oriente do Brasil promulgada


em 30/04/1865 menciona à página 92 que o Avental do 3° grau
deve ser branco de pele, forrado e orlado de escarlate, com
uma algibeira abaixo da abeta sobre a qual estão gravadas as
letras M:.B:.

O Regulador do REAA publicado em 1873 pelo Decreto n°8 de


Saldanha Marinho de 22/09/1873 então Grão-Mestre do
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Grande Oriente do Brasil Unido e Supremo Conselho
(dissidentes do Grande Oriente do Brasil e seu Supremo
Conselho) repete tudo o que está sendo afirmado até aqui em
matéria da cor do Rito.

(Segundo Kurt Prober no Congresso de Lausanne (Suíça)


realizado desde o dia 06 à 22/09/1875) o único até hoje
convocado para se tratar de assuntos relativos ao REAA citou a
cor vermelha no avental do 3º grau.

No “Manual Maçônico ou Cobridor dos Ritos Escossez


Antigo e Aceito e Francez ou Moderno” 4ª edição – Rio de
Janeiro – 1875” À página 01 está inserido “A loja é decorada
com estofo ou tapeçaria encarnada”. À página 02 refere: No
Oriente há um dossel de estofo encarnado. Na página 11 fala
do Avental do 3º grau cuja descrição é a mesma já citada.

O Grande Oriente do Brasil, tendo como Grão-Mestre Quintino


Bocayuva através do Decreto n° 215, baixado em 15/10/1902
promulgado como lei o Regulamento Geral da Ordem e que
passou a vigorar a partir de 15/11/1902 menciona na página
165: “a Fita azul orlada de escarlate, e o Avental como branco
de pele forrado e orlado de escarlate, com a algibeira abaixo da
abeta sobre a qual estão bordadas as letras M:. B:. Mas parece
que este decreto não foi seguido, porque o GOB já usava o azul
há mais de dez anos.

O Grande Oriente do Brasil conservou a cor escarlate nas suas


Constituições de 14/04/1865 a 1907, mas segundo Kurt Prober
em realidade na prática ele já tinha substituído a cor escarlate

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pelo azul desde 1889. Começaram a azular a cor vermelha do
Rito, no ano da Proclamação da República.

Eis aí o azul tomando o espaço do vermelho ou encarnado de


forma impositiva e sorrateira. Em 28/08/1889, o decreto n° 72
emitido pelo então Grão-Mestre Comendador Visconde Vieira
da Silva autorizava que se imprimissem novos rituais dos graus
1, 2 e 3 os quais foram modificados em 01/08/1889 quando
foram aprovadas as modificações e correções feitas pela
Secretaria competente. No rituais impressos em 1891 e 1892 e
em 1898 foram introduzidas novas modificações.

Então, têm-se novos Rituais adotados pelo Supremo Conselho


em 01/07/1898. Ressalte-se se que nesta época Grande
Oriente e Supremo Conselho era uma só potência (Simbolismo
e Graus Filosóficos). O Grão-Mestre chamava-se Grão-Mestre
Soberano Grande Comendador ou Soberano Grão-Mestre,
Grande Comendador.

Naquele Ritual do grau 1 ainda menciona que as paredes eram


decoradas em vermelho havendo uma frisa que formaria de
distância em distância nós emblemáticos e terminava em uma
borla pendente em cada um dos lados da porta de entrada.

Já no Ritual do 3º grau há mudança da cor: “Avental branco,


forrado e orlado em azul tendo uma roseta da mesma cor, no
centro e abeta descida”. Começa ai, a aparecer no REAA no
Brasil a roseta que se bem observada historicamente nada tem
de simbólico para a Ordem. Talvez fosse para distinguir o grau
dos Irmãos. Seria também a substituição de uma casa de botão

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usada antigamente para prender o avental operativo ao
vestuário ou da própria algibeira. No local da casa de botão
colocaram a roseta. Pura Invenção! Depois introduziram mais
duas rosetas.

Como se pode perceber, o avental tornou-se completamente


azul. Mas apesar de constar no ritual, muitas Lojas mais antigas
mantinham o avental de Mestre, orlado de vermelho e o forro
preto. Quer dizer que aumentou a confusão, aparecendo
também a cor preta no avental. Invenções em cima de
invenções e ainda está anotado no Ritual que este Avental foi
adotado em 1898. Não corresponde à verdade.

O que se observa em relação aos rituais é que as Lojas nem


sempre seguem à risca os decretos dos Grão-Mestres.
Introduzem mudanças sempre por conta dos entendidos de
plantão, falsos ritualistas e que isso com o correr dos anos
torna-se “tradição”. Como repetia sempre Joseph Goebbels,
ministro da propaganda de Hitler “um erro repetido mil vezes
torna-se uma verdade” (a frase não era dele).

O costume se espalha através dos visitantes e quando menos


se espera após muitos anos a própria Potência passa a adotar
sofismaticamente o erro como sendo verdade.

Outras alterações apareceram no Ritual de Mestre do Grande


Oriente do Brasil, publicado em 1955, o qual se for lido à página
5 do ritual: “avental branco, forrado de preto, orlado de
vermelho, (voltaram ao vermelho?) tendo uma roseta
vermelha no centro e duas rosetas da mesma cor em cada

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extremidade inferior do Avental sempre dentro da orla. Tolera-
se também que em lugar das rosetas inferiores, as iniciais M:.
B:. no lado esquerdo da mesma cor vermelha” Mas tolera-se?
Existem dois aventais para o mesmo grau? E voltaram a usar a
orla vermelha? É o paraíso do marasmo das modificações e dos
achismos que sempre existiu na Maçonaria Brasileira.

O que se estranha é que um Avental que tinha sido orlado de


vermelho, que é o correto segundo as origens do Rito e
conforme foi estabelecido como uma das características do
mesmo Rito metamorfoseou-se, azulou graças aos eternos
inventores da Ordem, verdadeiros destruidores da ritualística
maçônica, mas em 1955 a 1963 volta o orlado vermelho (dança
das cores) no Avental do terceiro grau do GOB. Mas se a Loja
ou os Irmãos achassem por bem poderiam colocar no lugar das
rosetas que nunca foram símbolos maçônicos, as letras M:.B:
que eram tolerados. Brincadeira! Não dá para acreditar. Pobre
Maçonaria brasileira! Ora bolas, num Avental está estabelecido
que no lugar das rosetas que não deveriam existir pode se
colocar as letras M:.B. Afinal pergunta-se novamente: existem
dois Aventais diferentes do 3° grau? Um com roseta e outro
sem roseta? Pode isso?

Mas a história das mudanças de cor dos Aventais não ficou


assim, pois o vermelho deveria desaparecer porque ele já
estava condenado. Em 1965 novos Rituais editados do Grande
Oriente do Brasil, definem que a decoração do Templo e
Avental do 3º grau deveria de agora em diante ser da cor azul
como cor predominante.

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Em 1968 houve nova modificação sempre ao sabor dos
inventores e em nome de novas ideias “mais modernas” “um
novo Grão-Mestre” que julga consertar o que está errado entra
em cena. Assim lê-se no Ritual do 3° grau, página 05 “Avental
branco forrado de preto orlado de azul, com um leve debrum
vermelho tendo uma roseta no centro da abeta descida e duas
rosetas iguais, uma em cada extremidade inferior do Avental
sempre dentro da orla (é facultativo o debrum)”. Afinal existe
ou não o debrum?

“Fita azul achamalotada de quatro dedos de largura posta a


tiracolo do ombro direito para o lado esquerdo, tendo
pendente na extremidade a respectiva joia que é um
esquadro”. Não cita nada a respeito da orla da Fita. Conforme
se pode concluir não há mais no Fitão ou Faixa a orla vermelha
que até então existia.

E o tal de debrum vermelho só desapareceu a partir do Ritual


editado em 1981 quando através do decreto n° 50 de
07/08/1981 baixado pelo Grão-Mestre Osires Teixeira, se
modificou uma série de procedimentos ritualísticos, colocação
de símbolos etc. até então usados por aquela Potência.

Assim é que nos graus 1 e 2 a decoração do Templo passou a


ser azul celeste. Quanto ao Avental do 3° grau continuou
branco forrado de preto orlado de azul com as respectivas
rosetas azuis.

O vermelho desapareceu por completo do REAA a partir de


1981 no Grande Oriente do Brasil.

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A descrição atual mais detalhada e atual do Avental e da
decoração dos Templos das Lojas do GOB que praticam o REEA
aparece no seu Regulamento Geral da Ordem. A decoração da
Loja nos graus de Aprendiz e Companheiro é azul celeste.

1.4 Dos títulos e Insígnias

“1.4.2.1 Insígnia distintiva do Mestre” consiste no Avental de


pele branca retangular preso à cintura por cordões ou elástico
preto, com 4 cm de largura, aba nas dimensões de 33 X por 40
cm sobreposto em suas laterais e na parte inferior por fita azul
celeste de 5cm de largura. A abeta de formato triangular de
pele branca com 16,5 cm na maior altura é sobreposta a partir
de sua extremidade por fita azul celeste de 4cm de largura.

O Avental de Mestre tem uma roseta azul celeste no centro da


abeta que estará sempre descida, e duas rosetas iguais, uma
em cada lado inferior do avental. No centro das rosetas,
também um botão azul celeste. O Avental é forrado de preto
possuindo um bolso em seu forro.

1.4.2.2 Fita: Além do respectivo Avental quando não estiver


exercendo cargo de Vigilante, de Dignidade ou de Oficial o uso
de uma Faixa de material acetinado azul celeste de 10 cm de
largura em diagonal postada do ombro direito para o quadril
esquerdo, sem nenhum ornamento contendo em sua parte
inferior uma roseta azul celeste com 9 cm de diâmetro e em
sua extremidade, a joia de Mestre em metal dourado. O verso
da faixa é em tecido preto sem qualquer figura ou inscrição.

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“Na extremidade externa da faixa existe uma presilha que
serve de suporte para a Espada”

As Grandes Lojas Brasileiras, Potência dissidente do Grande do


Oriente do Brasil em 1927, mandou imprimir seus primeiros
rituais em 1928. O Ritual de Mestre a pagina 08 assim se refere
“O avental é de pele branca de 35 cm X 40 cm com abeta
triangular. É orlado de fita de 5 cm de largura com franjas
douradas, tendo três rosetas da cor da orla, duas no corpo e
uma na abeta. Entre esta e as franjas correrá estreito cordão
vermelho”.

Não fica bem esclarecida neste ritual a cor da orla. Mas em


razão do cordão ser vermelho deduz-se que a orla será de outra
cor, a qual só poderá ser a azul.

Nas GGLL consta do Ritual de Mestre Maçom que a insígnia do


Mestre Maçom é o Avental de pele branca e forma retangular,
nas dimensões de 35 cm de altura por 40 cm de largura tendo
uma abeta triangular. Orlado de fita de seda achamalotada de
azul celeste de 5 cm de largura, e três rosetas de fita da mesma
cor sendo uma no centro da abeta e duas nos extremos laterais
da parte inferior, formando um triângulo. É forrado de preto e
prende-se à cintura por cordão ou fita da mesma cor. Não há
nada decorado em vermelho. Inclusive as paredes das Lojas de
Aprendiz e Companheiro são pintadas de azul celeste.

Não usam a Faixa ou Fitão como nas outras duas potências,


mas as Luzes da Oficina usam um colar de cor azul terminando

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em ponta sobre o peito e do qual pende a joia do cargo
respectivo de cor prateada.

A Confederação Maçônica Brasileira igualmente dissidente do


Grande Oriente do Brasil em 1973 chamava-se - Colégio de
Grão-Mestres da Maçonaria Brasileira depois Colégio da
Confederação Maçônica Brasileira e posteriormente
Confederação Maçônica Brasileira – usando a sigla CoMaB. No
Inicio enquanto não tinham Rituais próprios a nova Potência de
1973 á 1976 usou os Rituais do Grande Oriente do Brasil.
Durante a reunião da COMAB realizada em Brasília de 07 à
09/09/1976, foram apresentados dois Rituais para aprovação.
Um organizado e compilado pelo grande Maçom Teobaldo
Varoli Filho (capa vermelha) e outro organizado pelo Grão-
Mestre Renato Mottola do Grande Oriente do Rio Grande do
Sul (capa azul) Sul como sendo, como sendo cópia fiel de um
Ritual do Oriente da Bélgica (o que não foi comprovado). Foi
escolhido, por questões politicas o Ritual de capa azul. Este
Ritual completamente diferente dos Rituais até então usados,
rico em enxertos, invenções, agradou alguns e desagradou a
muitos.

A COMAB aprovou então este Ritual que assim descrevia o


Avental de Mestre de Mestre: ”Avental branco em pele de
carneiro ou tecido que o substitui, de forma retangular com
dimensões de 30 cm por 40 cm orlado de azul, fita de seda
achamalotada ou gorgorão de cor azul celeste de 5 cm de
largura, tendo três rosetas iguais da fita da mesma cor da orla
sendo uma no centro da abeta e duas na parte inferior do corpo

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do Avental uma de cada lado em forma triangular e debruado
com um com uma fita com 3 cm em cor vermelha. É forrado de
preto e é preso à cintura por um cordão de fita da mesma cor.
No centro de cada roseta haverá um botão vermelho. Roseta
azul com botão vermelho? Não é possível! Este foi um dos
Rituais mais controversos do REAA usado até hoje usado pela
COMAB.

”A Fita é de seda achamalotada de azul celeste de 12 cm de


largura orlada de vermelho tendo pendente a joia que é um
Esquadro sobreposto a um Compasso aberto em 45º graus. É
usada a tiracolo da direita para a esquerda”.

Mas, nesta confusão toda, verdadeira dança das cores azul e


vermelha um grupo de maçons estudiosos há vinte e cinco anos
capitaneados pelo Irmão José Castellani, Xico Trolha (Francisco
de Assis Carvalho), Pedro Juk, Antônio do Carmo Ferreira,
Guilherme de Queiroz Ribeiro, e também por este articulista, e
mais um grupo de Irmãos pesquisadores sérios após estudarem
rituais antigos chegaram à conclusão que o REAA veio sendo
azulado no Brasil desde há muito tempo. Tentou este grupo
citado em vão deixar esta mensagem aos maçons brasileiros.
Foram feitas palestras em todo o Brasil. Não adiantou
argumentos, não adiantou expor a verdade histórica. O tempo
havia tornado um erro como verdade. Ninguém mais queria
saber do vermelho. Prevalece que já se disse anteriormente.
“Uma mentira repetida mil vezes torna-se uma verdade” O
sofisma aparentemente venceu, mas venceu só na cabeça
destes maçons que mudaram a cor do Rito e influenciaram

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negativamente muitas gerações de Maçons fato que até hoje
perdura. Mas o sofisma continua sendo um sofisma. Porque a
cor vermelha do REAA é a principal, portanto um axioma, ou
seja, uma verdade indemonstrável e o sofisma é uma mentira
a partir de uma premissa falsa, tentando se concluir com
argumentos falsos e até aparentemente verdadeiros para se
passar por ser uma verdade. Mas não é. Tudo apenas jogos de
interesses manipulados por argumentos não verdadeiros.

Mas o movimento destes pesquisadores não foi de todo em


vão.

.A COMAB reunida em São Luiz do Maranhão em sua reunião


anual em 17/06/1991 contando com a presença de
representantes de 17 Grande-Orientes Independentes (hoje
são 21) decidiu voltar à cor original do Rito de 1834, ou seja,
decoração do templo em vermelho para os 1° e 2º graus e o
Avental do 3° grau, orlado em vermelho com as letras M:. B:. É
em tudo igual ao primeiro Avental descrito no Ritual publicado
no Brasil em 1834, só faltando a algibeira que deveria também
constar, pois se está voltando às origens que fosse exatamente
como era nos idos de 1834.

Um dos apologistas da cor correta do Rito, o Irmão Antônio do


Carmo Ferreira, então Grão-Mestre do Grande Oriente
Independente de Pernambuco, autorizou o Irmão Guilherme
de Queiroz Ribeiro em Recife a fundar uma loja da qual ele foi
o seu primeiro Venerável onde a cor vermelha, a original, fosse
restabelecida e assim a Loja foi fundada em 07/09/1991 dentro
destes parâmetros. Nasceu, portanto, a Loja "Tradição
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Escocesa" nº 32, a primeira Loja com a cor correta do REAA em
tempos modernos pertencente ao GOIPE. Coragem não faltou
a estes nobres Irmãos.

Inicialmente não foi fácil para a própria COMAB implantar em


suas lojas as modificações decididas na reunião de São Luiz
corrigindo um erro centenário. Mas aos poucos os argumentos
históricos prevaleceram. Muitos Templos tiveram suas paredes
repintadas de vermelho.

A COMAB vem usando nos seus Aventais do 3° grau e na


decoração e ornamentação dos seus Templos dos primeiros e
segundos graus desde então a cor original do rito, ou seja, a
vermelha.

Atualmente no Grande Oriente do Paraná - COMAB - e


acredita-se que a maioria ou a totalidade dos Grande-Orientes
Independentes também o usem, pois foi decisão formal de
reunião da COMAB, em 1991. No Ritual de Mestre do Grande
Oriente do Paraná à página 10 de Ritual de 2012 define:

“O Avental de pele branca quadrangular de 35 cm por 40 cm,


orlado de vermelho com abeta triangular abaixo da qual estão
bordadas as letras M:”. e B:. e orlado por uma fita vermelha de
5 cm de largura na abeta. Não existem rosetas, que, aliás, elas
não têm razão de ser, pois, não têm nenhum valor simbólico.

”A Fita é de seda achamalotada de azul celeste de 12 cm de


largura orlada de vermelho tendo pendente na extremidade a
joia que é um esquadro sobreposto a um compasso aberto em
45º graus usada a tiracolo da direita para a esquerda”
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Bem o que dizer de uma história repleta de trejeitos, mudanças
ao sabor dos interesses dos grão-mestres e dos achismos de
seus secretários de Liturgia e Ritualística e afins isto só falando
do Avental e Fita, e decoração do templo que iniciaram no ano
da Proclamação da República? E as alterações ritualísticas?
Estas ocorreram às dezenas e não começaram ontem. É uma
situação antiga.

Mas não criticando quem quer que seja, pois cada Potência é
soberana e respeitamos este fato, a cor principal cor do REEA
no Brasil é azul (exceção da COMAB que significa mais ou
menos 15 a 18% dos maçons do REAA no país, é também azul
na Venezuela e em Israel por motivos políticos. Todavia, no
Brasil, segundo o que foi escrito no primeiro Ritual do REAA
(1834), e este era cópia do Ritual usado na França e isto é
“prova provada”, e era e ainda é usado em quase todas as
partes do mundo sendo que a cor principal do rito é vermelha,
especialmente no Avental do 3° grau e na decoração, dossel,
além de outros ornamentos do Templo, e ainda considerando
que quase em todos os países do mundo onde haja o REAA a
cor do Avental do Mestre a orla é vermelha, confirmando a cor
vermelha como a principal e não a azul.

Mas se é obrigado a aceitar a decisão de cada Potência, com


suas peculiaridades. Todavia, certos Grão-Mestres, não todos,
baixam decretos, acreditando serem maiores que o próprio
Rito ou donos do mesmo, e mudam as regras do jogo da
maneira que lhes interessa. E assim um rito vai sendo alterado.
Isto vem acontecendo no Brasil com o REAA desde o ano da

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Proclamação da República. Eles, os Grão-Mestres, são
poderosos, mas não são maiores que um Rito que por ventura
sua potência venha a adotar. O Rito tem que ser respeitado em
seus mínimos detalhes como ele foi criado. Há mais de cem
anos os Grão-Mestres, Secretários de Liturgia e Ritualística ou
Comissões encarregadas destas modificações errôneas se
esqueceram que são mortais, que não são perenes, mas os
sofismas que eles praticaram marcam negativamente as
gerações de maçons, as quais inocentemente aceitam mentiras
como verdades, pois a maioria dos maçons atuais iniciados no
REAA quando foram recebidos na Ordem já receberam os
conceitos errados e isto passou a ser uma verdade para eles.

Existem autores e defensores da cor azul alegando que o azul


é a cor de todos os Ritos no Simbolismo na Maçonaria. Todavia,
apesar desta afirmação ser defendida por muitos autores já
que a Maçonaria por ser eclética permite uma enorme variação
de pensamentos e ideias, de interpretações, lançam mão de
qualquer argumento para comprovarem seus pontos de vista
se valendo muitas vezes destes sofismas citados. De fato, o azul
é a cor do Simbolismo nos Ritos que já nasceram azuis. Com o
REAA foi diferente. Tornar a sua cor principal azul, quando ele
nasceu e foi sacramentado vermelho é uma mentira histórica.

Mas não é o Avental e nem cor dele que fazem um bom


Maçom. São os seus sentimentos de humanidade de bondade
integridade, atitude, de tolerância seu caráter, sua mente
aberta, seu desenvolvimento espiritual, seu autoconhecimento
é que farão dele um construtor social, um livre pensador

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verdadeiro, desde que sempre esteja comprometido com a
Verdade. Hoje no século XXI, infelizmente já não importa a cor
do Avental na Maçonaria brasileira, mas a história da
verdadeira cor mais importante do REAA tem que ser
preservada para a posteridade, ou seja, o vermelho.

P.S. Este trabalho foi revisado pelo nosso querido e estudioso


Irmão Pedro Juk sem dúvida um dos maiores conhecedores da
história do REAA no Brasil, além do mais um honesto
pesquisador que somente aceita a Verdade como meta pessoal
na Ordem e tambem na sua própria vida profana, ao qual
agradecemos imensamente.

Referências

AARÃO, M. História da Maçonaria no Brasil - Recife 1926.


AMBERLAIN, R. “A Franco Maçonaria – Origem - História -
Influências” brasa –São Paulo, 1990.
CASTELLANI, J. “O Rito Escocês Antigo e Aceito” Editora
Maçônica “A Trolha Ltda.” Londrina, 1988.
CARVALHO, F.A. “O Avental Maçônico e outros estudos”
Editora Maçônica “A Trolha Ltda.”
PROBER. K. “História do Supremo Conselho do Grau 33 do
Brasil” Editora Livraria Kosmos Editora - Rio de Janeiro, 1981
Livro “ Formação Histórica da Maçonaria” - Academia
Maçônica de Letras (Anais do I Congresso Internacional de

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História e Geografia – Rio de Janeiro 19 a 21 de março de
1961)
Bigorna nº 39 Julho – 1983 – Kurt Prober
Revistas:
“A Trolha” nº 49 – O verdadeiro Avental – José Castellani
Set/Outubro 1990
“A Trolha” nº 53 - O Avental – Kurt Prober – Março 1991
"A Trolha” nº 54 - As cores do Rito Escocês Antigo e aceito -
José Castellani Abril 1991
“A “Trolha” n°54 – A História das Alterações do Avental do
Grau de Mestre do REAA – Hercule Spoladore – Abril 1991
Trabalho: As cores do Rito Escocês Antigo e Aceito e os
Aventais do 1º, 2º 3º graus – Lutfala Salomão – 06/12/1991 –
Londrina – PR
Rituais: antigos e atuais do GOB, GGLL COMAB
Boletins do Grande Oriente do Brasil
Nº 08 – Agosto de 1889 – ano 14, página 118
N°08 - Agosto de 1902 – ano 27 – página 589
N°03 - Março 1927 – ano 52 - pg. 216

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POSIÇÃO DO ALTAR DOS JURAMENTOS
EM LOJA DO REAA

Ir∴ Hercule Spoladore

O Altar dos Juramentos faz parte do mobiliário de uma Loja,


aqui no Brasil nos seguintes Ritos: REAA, Adonhiramita,
Brasileiro e Rito de York Americano (Lojas Azuis). Não existe
nos Rito Francês ou Moderno, Trabalho de Emulação, Rito de
Schröder ou Alemão e no Rito Escocês Retificado.

No REAA na maioria das lojas ele está atualmente situado no


Ocidente no centro da Loja. Entretanto, em muitas Lojas ele
está no Oriente seu verdadeiro lugar.

No Rito de York Americano também, ele está localizado no


centro da Loja, aliás, esta sempre foi a sua posição desde a
criação do Rito. Nos Ritos Adonhiramita e Rito Brasileiro ele
sempre esteve localizado no Oriente.

Quanto à sua posição em Loja tem que se considerar vários


aspectos:

a) ele seria um símbolo de origem puramente maçônica, criado


a partir do pedestal ou altar do Venerável, onde nos ritos
antigos, especialmente na Inglaterra, os iniciados ajoelhados
em frente ao Altar prestavam seu juramento.

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b) O Altar dos Juramentos seria copia do Altar-Mor das Igrejas
Católicas. Sabemos que a Maçonaria copiou muita coisa da
Igreja, inclusive o Templo, o qual de Templo de Salomão não
tem nada ou apenas o lembra. Quando se fala em Templo de
Salomão tudo é simbólico ou alegórico. Quando a Maçonaria
começou a existir perto a Igreja Católica, simplesmente já
existia há mil anos. E a Maçonaria copiou muita coisa da Igreja
Católica, aliás, não só da Igreja Católica, bem como de
entidades iniciáticas antigas, Bíblia e também assimilou muita
coisa da cultura dos antigos, seus símbolos suas lendas.

c) Ou ele seria um símbolo equivalente a uma peça do Templo


de Salomão correspondente ao Altar dos Holocaustos.

Tem Irmãos estudiosos como Teobaldo Varoli Filho e João Nery


Guimarães, Pedro, Juk além de outros que defendem que este
símbolo tem seu verdadeiro lugar no Oriente, alegando que na
Maçonaria Primitiva os compromissos eram tomados no
próprio Altar do Venerável sendo, portanto, uma tradição que
deveria ser respeitada. A Maçonaria Inglesa através do
Trabalho de Emulação e o Rito Escocês Retificado ainda usam
este sistema. Na França quando o REAA foi reorganizado em
1804 quando o iniciando fazia seu juramento no primeiro grau
ficava ajoelhado em frente ao Altar do Venerável.

Posteriormente por comodidade e diversidade de potências e


de ritos criou-se um complemento prismático triangular no
próprio Altar e que com o tempo criaram um tamborete ou
móvel triangular posteriormente de forma quadrangular
completamente desvinculado do mesmo, porém com
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localização no Oriente. Este seria um dos poucos símbolos
genuinamente maçônico, já que os demais são todos
emprestados de outras entidades iniciáticas esotéricas, da
Igreja Católica, da Bíblia e da cultura e crenças de povos antigos
etc. e que a correspondência do Altar dos Juramentos seria
com o Altar–Mor da Igreja Católica, isto inicialmente quando a
Maçonaria começou a trabalhar em Templos, porque depois
criaram um móvel próprio para as Iniciações. Mas inicialmente
teria sido cópia do Altar-Mor, segundo Castellani.

Outros autores defendem que a posição do Altar dos


Juramentos, seria no Ocidente baseados copiando ou
comparando com o Templo de Salomão, que seria uma alegoria
ao Altar dos Holocaustos, o qual a exemplo do Mar e Bronze,
Colunas J e B Altar dos Perfumes que na descrição bíblica
estavam fora do templo, foram interiorizados para dentro dos
templos maçônicos e ganharam vida própria e outras
interpretações simbólicas.

Segundo outros autores o Altar dos Holocaustos situado no


centro do pátio do Templo de Salomão para os judeus era um
altar de sacrifícios onde ofereciam uma vítima para louvar a
Deus, geralmente um animal. No Altar dos Juramentos para
muitos autores o Iniciando oferece o sacrifício de vencer suas
paixões, e renascer para uma nova vida. Tudo o que se está
falando é puramente simbólico. Os autores que interpretam
assim acham que o Altar deva estar no centro da Loja, porque
ele estava no centro do pátio por fora do Templo de Salomão.

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Parece que esta intepretação não tem respaldo pela maioria
dos autores.

Certas Potências no Brasil que praticam o REAA o Altar dos


Juramentos está no local correto sou seja no Oriente, já que
historicamente ele estava no Oriente, ele nasceu lá no Oriente.
Simbolicamente o lugar dele é no Oriente. Outras Potências o
colocaram no centro da Loja, dando a sua própria
interpretação deste símbolo.

Possivelmente foi para maior facilidade para o trânsito dos


Diáconos, Mestre de Cerimônia, durante a sessão, já que em
muitos templos, o Altar dos Juramentos no Oriente atrapalha
esta deambulação por se ter pouco espaço.

Todavia, tradição é tradição e o local correto do Altar dos


Juramentos é no Oriente segundo a maioria dos autores.

Referências:

CASTELLANI, José – “Liturgia e Ritualística do Grau de Aprendiz


Maçom”
NAME, Mario – “Templo de Salomão nos Mistérios da
Maçonaria”
HORNE, Alex - “O Templo de Salomão na Tradição Maçônica”
VAROLI, Teobaldo Fº - “Curso de Maçonaria Simbólica”

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VELAS E SEU SIGNIFICADO NA


MAÇONARIA

Ir∴ Hercule Spoladore

Um ensaio sobre as Velas e seus usos na Ordem.

Toda vela ao ser acesa, ou será como iluminação, ou como


ornamentação do ambiente ou então fará parte de um ritual
onde a concentração mental e a chama como elementos
simbólicos comporão um processo especial onde acontecerá
uma intenção, como por exemplo, um desejo, uma promessa,
uma oferta votiva uma invocação quer com fins religiosos ou
mágicos. Na Maçonaria, nos ritos em que elas
existem,participam de um simbolismo muito profundo quando
da invocação de Deus, no inicio e durante e no final de uma
sessão ritualística.

É importante o uso do poder da mente e o desejo de se obter


algo quando se acende uma vela. Uma das velas usada na
Maçonaria é uma vela grande chamada círio a qual deverá ter
em sua composição mais de 50% de cera de abelha, o que lhe
garantirá uma chama pura.

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As velas são usadas desde a mais remota antiguidade, inclusive
sendo usadas pelos pagãos e pelos povos primitivos ou como
iluminação ou com fins iniciáticos ou religiosos. Somente a
partir do século V foi que seu uso se generalizou na Europa.

A vela não é, portanto, um símbolo criado pela Maçonaria,


sendo emprestado da Igreja Católica adotado por ela, e que
também copiou dos antigos e deu sua própria versão.

As verdadeiras velas são constituídas por um bastonete de cera


de abelhas, ou então as fabricadas hoje industrialmente não
sendo, portanto, as verdadeiras velas de outrora, onde usam
uma composição de acido esteárico ou de parafina que envolve
uma mecha luminosa, cuja combustão fornece uma chama
luminosa. A matéria prima mais empregada era a fabricação de
velas era cera de abelha, sebo, óleo de baleia, gordura animal.
Posteriormente a indústria mais desenvolvida passou a usar
produtos de destilação do petróleo, xisto betuminoso
(parafina) bem como ésteres esteáricos da glicerina
(estearina). Nas funções religiosas da Igreja Católica são usados
os círios que é em realidade, uma vela grande. A maçonaria
adotou o mesmo critério. Durante séculos os círios foram
fabricados em cera de abelha pura. Isto é, sem mistura.

A chama de um círio é para os Maçons, pura, viva e ritualística


e há nela uma profunda espiritualidade. Enquanto que a chama
produzida a gás, ou por velas de estearina ou parafina, que
fazem parte das velas comuns, e ainda por lâmpadas elétricas
imitando uma chama de vela são estranhas artificiais e

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impuras, mas substituem as velas de cera, porque tudo mudou
no mundo.

Os tempos mudaram a Maçonaria, não em seus princípios que


continuam duradouros, mas mudou e os maçons de hoje
também mudaram, mas a essência deste simbolismo não
mudou e através da imaginação e do seu poder mental os
maçons podem sentir que as ditas velas chamadas impuras
possam fazer o mesmo efeito simbólico das velas puras, pois
tudo é simbolismo. É tudo uma questão de reprogramação
mental Hoje as velas de cera de abelha são bastante caras e
não se tem mais a certeza de que sejam totalmente de cera de
abelha. Então que se imagine e que se que a chama de uma
vela atual tenha o mesmo valor simbólico e espiritual, mas o
maçom terá que senti-lo como tal, e que as sempre lembradas
velas de cera de abelha e a essência dos princípios maçônicos
continuarão os mesmos.

Antes do advento da luz elétrica as velas eram usadas com fins


litúrgicos na Maçonaria simbolicamente, e também como
iluminação dos locais onde os maçons se reuniam. Hoje
fabricam lâmpadas elétricas que simulam artificialmente a
chama de uma vela. Atualmente uma grande maioria de lojas
substituíram as velas de cera por lâmpadas imitando velas.

Uma rica tradição, simbólica e poderosa foi aos poucos sendo


abandonada em favor do modernismo. Felizmente muitas
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Lojas, para o bem da tradição ainda conservam os costumes
antigos usando velas de cera de abelha.

Segundo Boucher, a cera de abelhas, quando faz parte de uma


vela acesa apresentam dentro da ritualística maçônica os
seguintes símbolos: Trabalho, Justiça Atividade e Esperança.

Há ainda outro símbolo, muito usado na Maçonaria Americana,


a Colmeia que significa o Trabalho e a Diligência.

No Catolicismo o uso das velas é antigo, apesar dos primeiros


cristãos ridicularizarem os pagãos que empregavam velas em
seus ritos, e passaram a usa-las. As velas foram oficializadas
quando no século V em Jerusalém foi feita a primeira procissão
de velas. No século XI a Igreja adotou o uso das velas sobre os
altares, já que até então elas eram dispostas a frente dos
altares para uso litúrgico e atrás dos mesmos para
ornamentação e iluminação.

Para alguns autores sacros o Pai seria a cera, o Filho, o pavio e


a chama seria Espirito Santo. Ainda representaria outro
ternário: corpo alma e espirito.

Se observarmos atualmente os círios na Igreja Católica eles


contem inúmeros símbolos gravados no bastonete da vela de
cera que usam.

As velas são usadas em festas judaicas em especial na festa de


Hanukhah ou Festa da Dedicação ou ainda das Luzes, que dura
oito dias, e são acesas progressivamente oito velas, uma cada

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dia, do chanukiá que é um candelabro de sete braços chamado
menorah.

Na umbanda e no candomblé como são conhecidos


atualmente, também usam as velas como oferendas ou como
pedidos. Os adeptos destas religiões costumam acender velas
de cores de acordo com as entidades invocadas.

Adeptos do ocultismo, ou também como são conhecidos


atualmente como bruxos ou simplesmente magos utilizam
velas para realizar seus rituais, com fins mágicos. Segundo
manuais de ocultismo os magos visam através destas práticas,
liberar seu subconsciente. Trabalham em silêncio e seus
trabalhos exigem muita concentração. Costumam antes das
sessões de magia, queimar incenso para despertar a mente. A
seguir usam um óleo especial para untar a vela visando desta
forma criar um elo entre a vela e o mago através do tato. Ainda
ao passar as mãos na vela acreditam que transmitam a ela as
suas próprias vibrações que passaria a atuar como um magneto
psíquico. Enquanto o mago unta a vela, ele dirige a mente ao
que está desejando. Citam os manuais de magia que todo
trabalho perfeito do mago é realizado em primeiro lugar na sua
mente. “O que sem tem na mente torna-se realidade” afirma
uma escola parapsicológica. Como se pode observar o uso das
velas nestas situações é importante até na Magia.

Segundo autores maçônicos a velas da época das corporações


de oficio e das guildas seriam ofertas votivas. Não nos dão a
ideia de que os maçons operativos promoviam a guarda de
votos de gratidão, por graças recebidas. Mas como a maçonaria
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operativa era totalmente católica e a Igreja já existia há mil
anos antes dos maçons operativos se acredita que estes
seguiam a mesma tradição católica em relação ao uso das
velas. Seria apenas a continuação de um costume já antigo no
mundo, religioso ou não.

A tradição maçônica está ligada a todas as filosofias antigas às


religiões, inclusive a Católica, e em especial em muitos dos seus
símbolos.

Um fato que chama a atenção é que após a fundação da Grande


Loja de Londres fundada em 24/06/1717, quando a Maçonaria
ilusoriamente se tornou Especulativa ou Moderna, pois desde
1600 já estavam recebendo “maçons aceitos”, a orientação
católica enfraqueceu a Ordem dela passou a contar com a
participação muito grande de pastores principalmente de
anglicanos e luteranos. Foi nesta fase que a Ordem além da
influência evangélica, começou a receber um novo contingente
de alquimistas, cabalistas, rosacrucianos e ocultistas que
enriqueceram os nossos símbolos, em nossos rituais. Somos
obrigados a raciocinar que estes novos tipos de maçons
introduziram algum simbolismo a mais às velas, além dos
sentidos espirituais.

Mas de qualquer forma as velas que desde as épocas mais


distantes representam para certas correntes espiritualistas a

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Sabedoria, Iluminação, Conhecimento e Realização espiritual e
ainda a alma imortal.

Sabemos que os maçons pertencentes à Grande Loja e Londres


eram chamados de Modernos e que tiveram por muito tempo
influência grande no mundo maçônico. Eles acendiam velas,
provavelmente círios (vela grande) em seus candelabros e as
chamavam de as Três Grandes Luzes que representavam as
posições do Sol em seu trajeto diário e noturno nas vinte e
quatro horas. Diziam também que elas significavam o Sol, a Lua
e o Venerável da Loja.

Este conceito temos até hoje em nossas instruções em Loja.

Entretanto a grande rival da Grande Loja de Londres, ou seja, a


Grande Loja dos Antigos e Franco Maçons, fundada em 1753,
consagrada aos Antigos obedeciam às Antigas Obrigações (Old
Charges) que até então respeitavam os “maçons livres em loja
livre” isto, é lojas sem potência.

Somente em 1813 é que se uniram a Grande Loja de Londres e


a Grande Loja dos Antigos e Franco Maçons e fundaram a
Grande Loja Unida da Inglaterra como é conhecida hoje. Os
Antigos admitiam as três velas como Pequenas Luzes que
representavam o Venerável e os dois Vigilantes E as Grandes
Luzes que seriam o Livro da Lei o Esquadro e o Compasso.

Os círios ou velas são também chamados de Estrelas. Por isso


usa-se em Maçonaria a expressão “Tornar as estrelas visíveis”
quando o Venerável ordena em alguns ritos que se acendam as
velas. Quando uma Loja recebe visitantes ou Dignitários
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ilustres e que serão recebidos de acordo com o protocolo de
recebimento com tantas estrelas conforme sua importância na
Ordem. Todavia segundo um antigo costume as estrelas (velas)
não serão usadas para iluminar os visitantes, mas sim para
representar Luz que eles representam.

O número e a disposição das velas em Loja variam, conforme o


costume, grau, rito e até à potência à qual pertencem.

Desde o inicio da Maçonaria Especulativa ou Moderna foram


usadas três velas grandes (círios) colocando-as em cima de
grandes candelabros. Está claro que deveriam existir outros
tipos de velas ou candeeiros com finalidade de iluminação, ou
fonte de luz já que não já nesta época não se tinha descoberto
o uso da energia elétrica. Em algumas Lojas eram colocados no
chão em forma de triângulo. No fim do século XIX as velas
foram colocadas ao lado do Venerável e dos Vigilantes
(tocheiros como são chamados no Trabalho de Emulação).

Atualmente dependendo do Rito usa-se uma vela em cima do


Altar das Luzes e além das três citadas, usa-se três círios ao lado
do Altar dos Juramentos, ou painel das Lojas ou como no caso
do Rito de Schröder que não tem Altar dos Juramentos, mas
estende-se o seu maior símbolo, o Tapete entre três círios.

O modernismo fez com que quase em todas as Lojas, a velas


fossem substituídas por lâmpadas de luz elétrica imitando os
bastonetes das velas.

Portanto, não há mais parâmetros de comparação ou um


estudo mais sério a respeito. E com o modernismo veio
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normalmente a alteração das interpretações, e isto é um fato,
mas ao lado este detalhe, os inventores, “achistas” irmãos que
gostam de aparecer, fazendo suas fantasias virarem
procedimentos, trataram de alterar ainda mais a Ordem. E
estas mudanças feitas pelo próprio maçom, acabam tornando-
se verdades para principalmente os que foram iniciados na
Ordem após elas terem disso realizadas.

Posteriormente com a criação de novos Ritos foram criados


procedimentos ritualísticos, diga-se de passagem, alguns deles
muito lindos como é o caso do Rito Adorinhamita e o Rito de
Schröder (Alemão).

Já o Rito Francês ou Moderno aboliu-se definitivamente o uso


das velas, do Altar dos Juramentos e da Bíblia.

O REAA usa as velas com finalidade litúrgicas. Além das velas


sobre os altares do Triângulo Dirigente, é comum observar
velas acesas em cima dos altares do Orador e Secretário e das
Luzes Místicas que triangulam o Altar dos Juramentos onde
deve estar a Bíblia aberta. Estas três velas representariam
simbolicamente os três aspectos da Divindade: Onisciência,
Onipresença e Onividência.

As cerimônias de acendimento das velas deveriam obedecer


alguns princípios que seguem as antigas tradições Sempre o
Fogo Sagrado deverá vir do Oriente, pois toda Sabedoria, e
toda Luz vem do Oriente.

As velas não podem ser acesas com isqueiros, gasolina fósforos


enxofrados, ou qualquer outro meio que produza fumaça ou
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cheiro fétido. A vela do Altar do Venerável deverá ser acesa
através de outra vela intermediaria, para que a chama recebida
possa ser pura. Igualmente ao apaga-la não poderá ser com o
hálito que é considerado impuro, ou com dois dedos se
tocando, abafando a chama como é comum ocorrer. Esta
tradição a Maçonaria foi buscar na Antiga Pérsia segundo
Boucher que afirma que o culto ao Fogo dos persas era tão
sagrado que jamais empregavam o hálito ou sopro para apagar
a chama, bem como jamais usavam agua para apagar o fogo.
Isto quando estavam executando uma cerimonia sagrada ou
ritualística. Provavelmente usavam o sopro e a agua para
apagarem o fogo fora dos seus templos ou lugares sagrados.

Devemos usar um velador, adaptado com um abafador. Um


velador é um suporte fino de uns 30 cm de comprimento feito
de madeira ou metal na extremidade do qual existe um disco
para a vela ou candeeiro. Perto da extremidade adapta-se um
abafador pequeno de metal para apagar a vela. Todavia nem
sempre o velador deverá ter um abafador ou apagador de
velas, acoplado. Um abafador ou apagador de velas poderá ser
uma peça de madeira ou de ferro, tendo presa a uma das suas
extremidades uma espécie de campânula que se usará para
abafar ou apagar a chama da vela, mas nunca com sopro ou
outro meio.

Alguns autores sugerem que o Venerável e Vigilantes utilizem


o próprio malhete para apagar a vela de seus altares. Não nos
parece esta prática, uma maneira adequada para se apagar
uma vela dentro de uma sessão ritualística que tem um

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simbolismo tão profundo. E ainda tem que se considerar que o
malhete não foi feito para dar pancadas em velas para apaga-
las. Isto é um absurdo.

Três dos Ritos existentes no Brasil têm uma ritualística própria


e especial muito interessante com relação às velas, que
merecem ser mencionadas. São muito lindas, e repleta de
espiritualidade, que vale a pena serem descritas como está no
Ritual porem de maneira sintética só descrevendo suas etapas
mais importantes, onde mostram o trajeto das velas durante
esta cerimônia de abertura e fechamento da Loja.

No Rito Adonhiramita esta passagem ritualística chama-se


Cerimônia do Fogo. Antes do início da sessão o Arquiteto,
Mestre de Cerimônia e 1º Experto acendem o Fogo Eterno (
Reavivamento da Chama Sagrada) que é uma grande vela um
círio portanto, que fica situado no Oriente entre o Altar dos
Juramentos e o Altar do Venerável. Após iniciada a sessão é
realizada a Cerimônia da Incensacão que é uma parte da
ritualística. A seguir, o Venerável ordena ao Mestre de
Cerimônia que realize a Cerimônia do Fogo. O Mestre de
Cerimônias com um velador ou acendedor apanha a Chama
Sagrada junto ao Fogo Eterno, que está entre o Altar dos
Juramentos e o Altar da Sabedoria ou do ou do Venerável e o
conduzirá ao Altar do mesmo. Este, ao receber o velador,
ergue-o com as duas mãos à altura de sua face e diz: “Que a
Luz da Sabedoria ilumine nossos trabalhos” Em seguida acende
sua vela e diz ”Sua Sabedoria é infinita” o Mestre de Cerimônia
leva a chama ao Altar do Primeiro Vigilante Este igualmente

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ergue o velador à altura da face e diz” Que a Luz de sua Força
nos assista em nossa Obra”. Acende sua vela e diz: “Sua Força
é infinita” Repete-se o mesmo procedimento com o 2°
Vigilante e este dirá: ” Que a Luz de sua Beleza manifeste-se
em nossa Obra”. Acende sua vela e diz: “Sua Beleza é infinita”.

O Mestre de Cerimônia apaga a Chama do velador com o


abafador ou apagador e comunica ao Venerável que terminou
a cerimônia. Este no final da sessão após vários procedimentos
ritualísticos determina ao Mestre de Cerimônia que proceda o
adormecimento do Fogo.

O Mestre de Cerimônias vai até o 2° Vigilante e entrega-lhe o


abafador ou apagador. Este adormece a Chama dizendo “Que
a Luz de sua Beleza continue a flamejar em nossos corações”.
Devolve o apagador para o Mestre de Cerimônias vai ao Altar
do Primeiro Vigilante entrega-lhe o apagador: “Que a Luz de
sua Força permaneça em nossos corações” e adormece a sua
chama. É devolvido ao Mestre de Cerimônia o apagador que vai
até o Venerável e este ao apagar ou adormecer a sua Chama
dirá: “Que a Luz da Sabedoria prossiga habitando nossos
corações”. O Mestre de Cerimônia volta ao seu lugar a e avisa
que procedeu a Cerimônia de Adormecimento do Fogo.

O Venerável termina a sessão, todos saem, permanecem no


Templo apenas o Irmão Cobridor Interno, Mestre de Harmonia
e Arquiteto, sendo este o último a sair do templo após
adormecer a Chama Sagrada o que fará em companhia do
Mestre de Cerimonia e 1° Experto que se colocam numa
posição a formar um triangulo. O Arquiteto fechará o templo
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No Rito de Schröder ou Rito Alemão no centro do Templo há
um Tapete o qual contém todos os símbolos do Rito e que é
desenrolado no início dos trabalhos de uma sessão, sendo
enrolado no final com uma ritualística especial. Ao lado do
tapete junto às bordas estão três Colunas Dórica Jônica e
Coríntia de 90 cm a 120 cm em cima das quais estão três círios,
um em cada coluna.

Já antes do início da sessão deverá estar acesa uma vela fixa,


chamada de Luz do Mestre, no Altar do Venerável o qual
entregará ao Primeiro Diácono uma pequena vela que foi acesa
na Vela do Mestre. O Primeiro Diácono vai até o Altar do
Segundo Vigilante e acende sua vela e a seguir vai até o Altar
do Primeiro Vigilante e acende também sua vela. A seguir o
Primeiro Diácono segue pelo Norte e vai até o Altar do Primeiro
Vigilante e vai até a Coluna Jônica que está ao lado Tapete e
aguarda o Venerável que chega em seguida e lhe entrega sua
pequena Vela. O Venerável acende com esta pequena vela o
círio da Coluna Jônica e diz “Sabedoria dirija nossa Obra”. O
Primeiro Vigilante acende o círio da Coluna Doria e dirá: “Força,
execute-a” e o Segundo Vigilante acende em seguida o círio da
coluna Coríntia e diz: “Beleza, adorne-a”. No final da Sessão, O
Venerável e os Vigilantes se colocarão junto às suas colunas
representativas já citadas, que estão localizadas nos três
cantos ao lado Tapete. Os círios vão sendo apagados e as Luzes
da Loja dirão: Primeiro Vigilante - “A Luz se apaga, mas que, em
nós atue o fogo da Força”. 2° Vigilante – “A Luz de apaga, mas
que fique, em torno de nós o brilho da Beleza”. Venerável: – “A

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Luz se apaga, mas que, sobre nós continue a brilhar a Luz da
Sabedoria”

O Rito Brasileiro não nega que tenha emprestado as cerimônias


mais lindas dos demais ritos praticados no Brasil e colocadas no
seu ritual. Tem também a cerimônia do acendimento das Luzes
Místicas que é uma adaptação das cerimônias usadas nos Ritos
Adonhiramita e de Schröder, mais simples, porém também
muito bonita.

O Criador dos mundos emite continuadamente Sabedoria


Força e Beleza. Para nós Maçons, compete apenas abrirmos o
canal espiritual para recebermos esta Energia. Uma vela dentro
da nossa ritualística, quando acesa funciona como um emissor
repetidor das vibrações mentais nela enfocadas e
concentradas. Enquanto estiver ardendo a chama estará se
repetindo o propósito pelo qual a vela foi acesa. Ela é, pois o
símbolo do Fogo Sagrado emitido pelo GADU. Mas não
esqueçamos que através tão somente do poder mental que
todos nós possuímos, verdadeira dádiva de Deus, poderemos
desde que nossa mente devidamente sintonizada em ondas
alfa ou téta, e programada para esse fim, conseguir o mesmo
efeito que uma vela acesa dentro de um Templo maçônico.
Tudo dependerá do grau de concentração no Criador. Mas de
qualquer forma as velas sagradas usadas nas nossas
ritualísticas, tem um valor muito grande para que nossa mente
fique focada totalmente no GADU.

Referências

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ASLAN, Nicola - Grande Dicionário Enciclopédico da Maçonaria
Simbólica Vol. 4
BOUCHER, Jules - La Symbolique Maçonique
CASTELLANI, José – Liturgia e Ritualística do Aprendiz Maçom
CHARLIER, René Joseph – Pequeno ensaio da Simbólica
Maçônica.
HOWARD, Michael - Uso mágico das Velas e seu significado
oculto

AXIOMAS E SOFISMAS NA MAÇONARIA

Ir∴ Hercule Spoladore

Axioma - é uma verdade indemonstrável, irrefutável, que não


se pode contestar. É uma proposição evidente e aceita sem
necessidade de explicação. O axioma se constrói sem qualquer
apelo ao critério subjetivo de evidenciar. Por esta razão é
aceito como verdade absoluta e serve como ponto inicial para
a demonstração de outras verdades. É uma premissa
totalmente evidente que se admite universalmente como
verdadeira que se aceita sem exigir uma demonstração, sem
argumentação em contrário. O axioma é uma verdade
inquestionável, pois é uma verdade universal. O verdadeiro
maçom é guiado pela inquestionável verdade, ele não deve
cometer sofismas. Exemplos de axiomas:

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“Um maçom não é maior que a Maçonaria”

“Dois maçons honestos iguais a um terceiro maçom honesto


são iguais entre si”

“A parte nunca será maior que o todo”

Sofisma - É uma mentira manipulada de forma proposital


usando-se argumentos distorcidos para que se pareçam
verdadeiros. É uma argumentação falsa com aparência de
verdadeira.

É um argumento valido na aparência, mas na verdade incorreto


do ponto de vista lógico utilizado para iludir os outros. Na
Maçonaria são usados por obra e graça de maçons que são
vaidosos, ególatras, ou do seu interesse ou da paixão ou ainda
da ignorância. O sofisma se utiliza de um argumento que
partindo de premissas verdadeiras ou consideradas como tais
chega a uma conclusão inadmissível que não pode enganar a
ninguém, mas que parece correta conforme as regras formais
do raciocínio.

O sofisma tem o objetivo de impingir uma ilusão da verdade a


algo apresentando sob um esquema aparentemente que segue
as regras da verdade, mas não da lógica.

É um raciocínio vicioso aparentemente correto e concebido


com a intenção de se induzir a um erro.

Há maçons, utilizando o direito da busca da Verdade que a


Ordem prega, são os que usam argumentos axiomáticos são

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portanto os autênticos, pois a Ordem tem um leque fantástico
de opções para manipula-la, ou para a verdade ou para a
mentira. Quando se trata de sofismas as mentiras são muito
comuns nos achismos, invenções e os acréscimos que induzem
e os colocam nos Rituais.

Exemplo de sofismas maçônicos: “a história do 20 de Agosto


como o “Dia do Maçom brasileiro”

”A Maçonaria é adogmática”.

“As mais de sessenta classificações de landmarques”. Logo qual


é o verdadeiro?

O Rito Adonhiramita tem 13 graus e não 33.

Alguns exemplos de sofismas: Google

- “ Quando bebemos ficamos bêbados

Quando estamos bêbados, dormimos

Enquanto estamos dormindo não cometemos pecados

Se não cometemos pecados vamos para o ceu”

Conclusão: Para irmos ao ceu devemos estar bêbados.

- Deus é Amor

O Amor é cego

Stevie Wonder é cego

Conclusão: Stevie Wonder é Deus.


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- O pinguim é branco e preto

Alguns filmes antigos são branco e preto

Portanto pinguim é filme antigo

Alguns Irmãos são verdadeiros buscadores, investigadores, e


pesquisadores da Verdade sabem o que é um axioma,
conhecem a Ordem e estão atrás da Verdade Pura, mas, a
maioria ou por ignorância ou querer aparecer, ou por vontade
própria, ou por achismo comete sofisma a toda a hora. Por isso
a Ordem é tão confusa, mas ao mesmo tempo ela permite que
isto aconteça por não ter regras mais rígidas e não ter um
poder central mundial pelo menos normativo. É uma
verdadeira parafernália de potências e ritos que existe em todo
planeta, isto é, em países onde a Maçonaria é permitida.

Quando se trata de um sofisma baseado na ignorância de quem


o está produzindo chama-se este fenômeno de PARALOGISMO.
E quer por ignorância ou má fé os sofismas são muito comuns
na Maçonaria. O individuo acredita que está dizendo a
verdade, porque ignora o que ela seja. Sua imaginação, suas
fantasias estabelecem uma situação que parece ser a verdade
para ele, mas não é. E ele procura convencer os outros que está
certo.

Os praticantes dos sofismas na Maçonaria modificam ritos,


mudam a cor dos mesmos, mudam os diálogos já estabelecidos
desde a fundação do referido rito, inserem cerimônias,
acrescentam graus, inventam, mudam tudo o que podem. Às
vezes porque acham bonito, ou porque quererem aparecer, e
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o fazem sem fundamentos básicos da Ordem. Entretanto eles
não têm noção de que estão descaracterizando o rito. Acham
que estão enriquecendo o rito. Isto é um sofisma.

A ignorância é algo useiro e vezeiro na Ordem. Mas, a má fé


também. Muitos grão-mestres durante o período em que
estão grão-mestres por decretos modificam os ritos, por se
acharem com este direito. Mas em realidade um rito não pode
ser alterado ou acrescentado de graus, pois um rito em si é
duradouro e não pode ser alterado, pois, ele teve um começo
quando foi criado e a ascendência moral e histórica do rito é
maior que o tal do poder dos grão-mestres, diga-se de
passagem, com raras exceções, pois muitos grão-mestres que
conhecem a Maçonaria realmente buscam a verdade baseada
em axiomas. Infelizmente não é a maioria. Estes são os
guardiões da Ordem.

Se uma potência adotar um rito já existente no mundo, ela


deverá respeita-lo nos seus mínimos detalhes. Não poderá
altera-lo.

Outro fato resultante dos sofismas é que os que produziram


mentiras, estas passam através do tempo a serem
consideradas como verdades pelas novas gerações de m

Exemplo de dois sofismas históricos:

No ano de 1889 uma potência maçônica no Brasil começou a


“azular” os aventais de Mestre, a ornamentação e pintura das
paredes internas do templo, isto no Rito Escocês Antigo e
Aceito quando cor vermelha que é de origem, a predominante
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neste rito e não a azul. O erro se perpetuou e hoje 2/3 da
Maçonaria brasileira que pratica este rito usa o avental azul no
grau de Mestre e as paredes do templo são ornamentadas pela
cor azul celeste. Isto é um tremendo sofisma.

Outro exemplo ocorrido em 1889, na história do Brasil com a


Proclamação da República em relação á Bandeira Nacional. A
Bandeira Nacional republicana foi feita em cima da Bandeira
Nacional Imperial. Não se deram ao luxo confeccionar outro
tipo de bandeira. Aproveitaram a Bandeira Imperial tocando
apenas o centro onde estava o brasão imperial pelo círculo azul
onde está escrito numa faixa Ordem e Progresso, baseada lema
do positivista de Auguste Comte “O Amor como principio a
Ordem como base, o Progresso como meta” acrescentando
estrelas representando os estados. O Amor que deveria
aparecer na Bandeira, pois o povo brasileiro precisa de mais
Amor, talvez por falta de espaço não fez parte do dístico Ordem
e Progresso.

Os republicanos mantiveram o fundo verde e o losango


amarelo no centro tal qual era a bandeira imperial os e
doutrinaram o povo que o verde representa nossas matas e o
amarelo representa nosso ouro e minerais. Sofisma total –
Leda mentira. A cor verde era característica da Casa dos
Bragança de onde veio D. Pedro e o amarelo representava na
Bandeira a Casa dos Lorena -Habsburg da Áustria de onde veio
a Imperatriz Leopoldina. Mas a República tinha que apagar
qualquer vestígio da monarquia então despojada do poder.
Então cometeram um sofisma que o povo brasileiro pacato

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engoliu até hoje acredita. Dizer que o azul representa nosso
céu, tudo bem, mas o verde e o amarelo não tem nada a ver
com nossas matas e nosso ouro. A história é outra.

Mas de qualquer forma devemos manter o amor e respeito à


nossa Bandeira, independente de sua história republicana mal
resolvida, pois como dizia Coelho Neto “A Bandeira é a imagem
viva da Pátria.

COMENTÁRIOS A RESPEITO DOS


CALENDÁRIOS NA MAÇONARIA
BRASILEIRA

Ir∴ Hercule Spoladore

Calendário entre os vários sinônimos, consta dos


dicionários como sendo um sistema elaborado para adequar de
forma mais racional possível os dias, as semanas, os meses e os
anos de acordo com os principais fenômenos astronômicos, e
em especial os envolvidos com a posição do sol e
eventualmente com a posição da lua.

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O nosso calendário atual é solar e chama-se calendário
gregoriano. Ele pretende fazer com que o ano civil, seja o mais
aproximado possível com o ano trópico calculado em 365,2422
dias solares médios. Neste período deverão estar inseridas as
quatro estações. A concordância entre anos trópico e civil é
conseguida através de artifícios de anos ordinários e bissextos,
ou seja, cada quatro anos aparecerá um dia a mais, no caso no
mês de fevereiro com vinte e nove dias.

Quanto aos calendários lunares, estes são baseados


nos ciclos da lua. O ano tem doze lunações, entretanto, com
relação ao término das estações há desvios, que trazem como
conseqüência, distorções. Estes desvios são corrigidos através
dos calendários luni-solares pelo acréscimo de um décimo
terceiro mês em alguns determinados anos. O calendário
hebraico se baseia neste tipo de calendário luni-solar.

Alguns calendários conhecidos:

Juliano

Estatuído por Júlio César no ano 46 a.C. aconselhado pelo


astrônomo Sosígenes para substituir o calendário romano, que
era muito confuso. Mas também não resolveu. Havia uma
discrepância muito grande dentre o ano civil e o ano trópico.

Litúrgico ou eclesiástico

Usado na idade média, tendo uma forma de calculá-lo muito


complexa. O objetivo principal era a determinação da Páscoa.

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Este calendário foi inventado no Concilio de Nicéia no ano 325.
d.C. e ainda está em uso na Igreja Católica.

Gregoriano

Criado pelo Papa Gregório XIII em 1562. É o mesmo calendário


Juliano com as seguintes alterações: anos bissextos têm o
milésimo sempre divisível por quatro. Os anos seculares nunca
serão bissextos a não ser que o número seja divisível por
quatro. Assim, com as devidas correções a diferença entre o
ano trópico e civil é quase desprezível, ou seja, de 0,0003. Para
acertar as estações do ano foi estabelecido que na ocasião, o
dia 04/10/1562 passasse a ser 15/10/1562.

Muçulmano

É um calendário lunar. O ano tem 354 ou 355 dias começando


de 10 a 12 antecipadamente.. Ele é considerado a partir da
hégira que é era maometana que tem como ponto de partida
a fuga de Maomé de Meca para Medina no ano de 622 d.C. da
nossa era atual. Esta se celebra no primeiro dia do terceiro
mês. O nono mês é o mês do Ramadã.

Republicano Francês

Criado pela Revolução Francesa em 24/10/1793 O ano


começava no dia 22 de setembro e era dividido em doze meses
de trinta dias, mais cinco suplementares consagrados às festas
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republicanas. Os meses tinham os nomes um estranhos a
saber: Vindimário, Brumário, Frimario, Nivoso, Pluvioso,
Ventoso, Germinal. Floral, Prarial, Messidor, Termidor e
Frutidor. O mês era dividido em décadas e os nomes dos dias
tirados da ordem natural da própria numeração. Foi
substituído pelo calendário gregoriano em 01/01/1806. Era um
calendário anticlerical.

Hebraico

O calendário hebraico é lunar e solar ao mesmo tempo e o ano


poderá se constituir em doze ou treze meses, isto porque os
doze meses são lunares e não englobam o período de um ano
solar, havendo uma sobra de onze dias, visto que o ano lunar
tem 354 dias e o ano solar 365. Isto fará com que surjam anos
de treze meses após um ciclo variável de anos de doze meses.

O período de cada lunação é de vinte e nove dias, doze horas e


quarenta e quatro minutos. Como cada dia e cada mês
começam e terminam à meia-noite, alguns meses terão trinta
dias e outros apenas vinte e nove dias.

O ano hebraico poderá ser iniciado em dois meses diferentes:


Em Nissan 1º mês (março-abril) considerando o ano agrícola,
eclesiástico ou religioso e Tsherei 1º mês (setembro-outubro)
se considerar o ano econômico ou civil, também usado para
assuntos históricos.

O ano de doze meses denomina-se ano comum e pode ser de


três formas: ano ordinário de com 354 dias, deficiente ou
defectivo com 353 dias e abundante com 355 dias.
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O ano de treze meses chama-se embolísmico ou intercalar e
pode ser também de três formas: ordinário quando tem 384
dias, deficiente quando tem 383 e abundante quando tem 385
dias.

O cálculo é feito na base de ciclos de dezenove anos, dos quais


sete terão treze meses. São eles: 3º, 6º, 8º. 11º,14º e 19º sendo
que os demais deste ciclo terão doze meses.

Quanto ao ano em si, é mais fácil calculá-lo. Basta só


acrescentar ao ano da era vulgar, o número 3760.

O primeiro dia do mês de Tishrei poderá variar de cinco de


setembro a cinco de outubro, com relação ao calendário
gregoriano durante um ciclo de dezenove anos. É preciso que
decorram dezenove anos para que as fases da lua tornem a
repetir nos mesmos dias do ano civil. Este espaço de tempo
chama-se ciclo lunar.

Resumo do calendário hebraico

Nissan corresponde a Abib – Março-Abril 1º mês


21 março/ 20 de abril

Ivyan corresponde á Ziv Abril-Maio 2º mês


21 abril/20 de maio

Sivan Maio-Junho 3º mês


21 maio/20 e junho

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Tamuz Junho-Julho 4º mês
21 junho/ 20 julho

Av (ou Ab) Julho-Agosto 5º mês


21 julho/20 agosto

Elul Agosto-Setembro 6º mês


21 agosto/20 setembro

Tishriri ou Tishrei corresponde

a Etanim Setembro-Outubro 7º mês


21 setembro/20 outubro

Marsheswan equivale a Bull Outubro-Novembro 8º mês


21 outubro/20 novembro

Kislev Novembro-Dezembro 9º mês


21 novembro/20 dezembro

Tebeth Dezembro-Janeiro 10º mês


21 dezembro/20 Janeiro

Shebeth Janeiro-Fevereiro 11º mês


21 janeiro/20 fevereiro

Adar Fevereiro-Março 12º mês


21 fevereiro/20 março

We Adar 13º mês

Como se percebe, trata-se de um calendário muito complexo,


difícil de ser entendido.

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O seu uso é feito através de tabelas. É usado no Rito Escocês
Antigo e Aceito nos graus superiores e a explicação prende-se
ao fato deste rito ter sido fundado em Charleston, EUA. em
1801 por vários irmãos,sendo a sua maioria de origem judaica.
Outros autores referem que este calendário já era usado na
Maçonaria anteriormente e que uso datava desde o tempo das
Cruzadas.

Para se ter uma idéia de como os maçons sempre usaram mal


seus calendários, ou seja, quer inventando calendários
próprios superpondo suas invenções em cima dos calendários
já existentes através dos tempos, quer pelo mau uso dos
calendários existentes, não sabendo fazer a correta conversão
para o calendário gregoriano, causando problemas graves de
datas históricas, será transcrito um trecho do livro
“Maçonnerie Pittoresque”.

“No Rito Escocês Antigo e Aceito o mês não tem começo fixo.
Segue-se quanto a isso o calendário hebraico. Mas aqui é
preciso assinalar uma variante. Os maçons deste rito que (na
França) reconhecem a autoridade do Grande Oriente da França
colocam, por exemplo, o primeiro dia de Nissan de 5842 a 12
de março de 1842 enquanto que os irmãos que dependem do
Supremo Conselho do grau 33 colocam a 13 de março. A
diferença será pouco sensível neste ano, mas em 5843 será de
uma lunação. Os escoceses do Grande Oriente da França farão
o Nissan a partir de 31 de março e os escoceses do Supremo
Conselho irão fixá-lo no primeiro dia do mês. Isto ocorre,

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sobretudo por estes últimos retardarem sem razão, em um ano
a intercalação do mês lunar embolísmico de We-Adar”.

Este problema de confusão de calendários já ocorria na França


no século XIX.

No Brasil usou-se e ainda se usa um calendário primitivo


baseado no hebraico. Só que ao invés de iniciar em Tishrei que
é o mês civil inventaram de iniciar em Nissan a 21 de Março
acrescentando no final o número 4000 ao invés de 3760 como
é o correto no calendário hebraico verdadeiro. Ex. 21 de março
de 2011 seria o 1º dia do 1º mês do ano 6011, isto na versão
brasileira.

Nos documentos mais antigos usavam os nomes dos meses em


hebraico. Posteriormente algumas potências usam ainda em
hebraico e outras usaram o número do mês, iniciando pelo mês
de março (mês 1)

Este pseudo-calendário hebraico foi usado pelo Rito


Adonhiramita desde 1815 e o Grande Oriente Brasiliano,
Brasílico ou Brasiliensi fundado em 1822 também o adotou.

Todavia, o Grande Oriente Brasiliano deveria ter adotado o


calendário do Rito Francês ou Moderno, pois foi fundado no
Rito dos Sete Graus ou Francês, que se inicia em 01 de março.

O calendário do Rito Moderno ou Francês inicialmente


também se iniciava em 21 de março, mas em circular datada
de 12/10/1774 pelo Grande Oriente da França, passando a 1º

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de março argumentando que o calendário iniciado a 21 de
março causava muita confusão.

Este calendário institui aos meses os mesmos números de dias


que o calendário gregoriano preconiza, dando à série dos dias
e meses a ordem numérica, acrescentando no final para
determinar o ano, o ano do calendário gregoriano somado a
4000.

Ex. dia 06/05/2011. Será o 6º dia do 3º mês de 6011.


V:.L:.(Verdadeira Luz)

O Trabalho de Emulação – sistema inglês usa um calendário


mais simples. Acrescenta simplesmente o número 4000 ao ano
vigente no calendário gregoriano. Ex: 03 de Novembro de
6011. A:. L:.(Ano Luz)

Os três calendários enfocados usam o número 4000 porque


segundo a Bíblia em Gênesis, o mundo teria sido criado 4000
anos antes da era cristã.

Entretanto esta explicação é um verdadeiro absurdo. Sabe-se


da Paleontologia, com sua tecnologia moderna que é possível
determinar a idade de fósseis até com seiscentos milhões de
anos de anos. Pela Geocronologia através de métodos
radioativos tais como o carbono -14, urânio-chumbo, chumbo-
chumbo, potássio-argônico e samário-neobíneo puderam ter
certeza de que a Terra se tornou sólida há quatro bilhões de
anos e também foi possível determinar que o sistema solar
tenha no mínimo cinco bilhões de anos.

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Desta forma o número 4000 é mantido na Maçonaria apenas
por uma questão de usos e costumes e pela tradição, porque
pela Ciência não há razão de ser.

Cada rito tem uma denominação especial para as letras que


coloca no final do seu calendário, Para os maçons do Trabalho
de Emulação é A:.L:. Anno Lucis - ano luz, no Rito Moderno e
REAA é V:.L:. Vera Lucis – verdadeira luz e para o calendário
hebraico é Anno mundi – Atualmente, principalmente no
simbolismo quase todas as potências têm seus documentos
são grafados de acordo com o calendário gregoriano e
colocado no final E:.V:.- era vulgar -

Particularidades de outros ritos e potências

O Grande Oriente da Itália e da Hungria no final do século XIX


datavam seus documentos sem determinar os milhares, por ex.
ano 2011 seria 0,0011.

O Rito de Memphis segue ritos orientais e usa o calendário


egípcio cujo início ocorre quando o Sol entra no signo zodiacal,
e a estrela Sírius entra em conjunção com o Sol coincidindo
com a canícula a 20 a 22 de julho às 11 horas e o primeiro mês
é Thot.

O Rito de Misraim acrescenta ao ano da era vulgar o número


4004.

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Os maçons do Rito do Real Arco usam um calendário que
acrescenta ao ano da era vulgar o numero 530, pois
consideram como primeiro ano, a fundação do segundo templo
de Jerusalém por Zarobabel e acrescenta a expressão A:. Inv:.
(anno invencion)

O Rito da Estrita Observância que existe na Europa e


atualmente também no Brasil considera em seu calendário, o
ano hum o ano em que a Ordem do Templo foi destruída, ou
seja, em 1314. Aqui no caso é diminuída esta data do ano da
era vulgar Ex. 2011-1314 = 697.

Como a Maçonaria Brasileira usou e usa os calendários


maçônicos

Já foi citado que o calendário usado pelo Grande Oriente


Brasiliano era o calendário pseudo-hebraico ou adonhiramita.
(Não acrescentava à era vulgar o numero 3760 e sim 4000)

Entretanto, o Supremo Conselho de Montezuma fundado em


12/02/1832, por muitos anos usou o calendário do Rito
Moderno ou Francês. Este Supremo Conselho através do
Marquês de Caxias que era nesta época seu Soberano
Comendador uniu-se ao Grande Oriente do Brasil em 1855, é
possível que por influência deste, o Grande Oriente do Brasil
em 01/01/1856 adotou como oficial o calendário do Rito
Moderno.

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Entretanto, segundo pesquisas do Irmão Kurt Prober,
analisando documentos da época, o calendário do Rito Francês
ou Moderno nem sempre foi devidamente seguido, havendo
alternância de uso com outros calendários conforme os grão-
mestres da época.

O calendário do Rito Moderno foi usado desde a sua adoção


oficial até 1863.Deste ano até 1870 quando foram grão-
mestres os Irmãos Bento da Silva Lisboa (Barão de Cayru) e seu
sucessor Joaquim Marcelino Brito, usaram simplesmente o
calendário da era vulgar, ou seja, o gregoriano.

De 1871 a 1876 o Grande Oriente do Brasil usou o calendário


pseudo-hebraico ou adonhiramita através de seu grão-mestre
José da Silva Paranhos (Visconde do Rio Branco)

Em 1876 o grão-mestre em exercício Francisco José Cardoso


Júnior, bem como seu sucessor Luiz Antonio Vieira da Silva
usaram o calendário gregoriano.

A partir de 1889 o grão-mestre em exercício, por poucos meses


(03/11/1889 a 24/02/1890) o Visconde de Jary então grão-
mestre usou o calendário do Rito Moderno ou Francês. Seu
sucessor o Marechal Deodoro da Fonseca voltou a usar o
calendário da era vulgar.

Somente a partir de 09/02/1892 quando assumiu o grão-


mestre Joaquim de Macedo Soares o Grande Oriente do Brasil
voltou definitivamente a utilizar o calendário do Rito Moderno
ou Francês.

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Mais ou menos a partir de 1898 o Supremo Conselho do Brasil
passou a usar o verdadeiro calendário hebraico, mas somente
nas patentes dos graus 31, 32 e 33 em substituição ao
calendário do Rito Moderno.

Após o cisma de 1927 o Supremo Conselho de Montezuma


levado pelo Irmão Mario Behring, este passou a usar o
calendário hebraico para todos os graus filosóficos.

O Supremo Conselho do Brasil conveniado com o Grande


Oriente continuou a usar o calendário hebraico, mas após o
chamado Compromisso de Pacificação em 11/11/1952 além
dos diplomas de altos graus, passou a usar este calendário em
todos os diplomas dos demais graus filosóficos.

A razão de tanta polêmica da Maçonaria Brasileira á respeito


das datas históricas, foi ocasionada pela má interpretação por
parte de alguns historiadores das atas das primeiras sessões do
então Grande Oriente Brasiliano. Estas atas são em número de
dezenove e constituem o chamado Livro de Ouro da Maçonaria
do Brasil. As dezenove atas vão desde o dia 17/06/1822 até o
dia 25/10/1822.

Graças ao Grande Secretário do Grande Oriente Brasiliano, o


Irmão Capitão Manoel José de Oliveira (Irmão Bolívar), o qual
escondeu as atas quando D.Pedro I mandou fechar o Grande
Oriente, entregando-a depois na reinstalação do Grande
Oriente, em 1831, agora com o nome de Grande Oriente do
Brasil ao Vale do Lavadrio. Não fora a atitude do Irmão Bolívar,

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não se saberia hoje em detalhes, partes importantes da história
da Maçonaria brasileira.

Sabe-se que em 25/10/1822 D. Pedro mandou realizar uma


devassa no Grande Oriente Brasiliano, apreendendo moveis
alfaias e documentos, não só do Grande Oriente, mas também
das lojas que o compunham, ou seja “Comércio e Artes à Idade
do Ouro”, “União e Tranqüilidade” e Esperança de Niterói”.

A partir da leitura posterior destas atas é que se iniciou a


confusão. Alguns historiadores incautos, ao converterem as
datas para a era vulgar, o fizeram convertendo através do
calendário do Rito Moderno e não do pseudo-hebraico ou
adonhiramita que foi o calendário usado na fundação do
Grande Oriente Brasiliano. Isto é até um paradoxo, pois se
fundaram o Grande Oriente no Rito Moderno, deveriam usar o
calendário do Rito Moderno. Mas como a Loja “Comercio e
Artes” a loja mãe do Grande Oriente pertencia ao Rito
Adonhiramita, usaram este calendário pseudo-hebraico.

O primeiro historiador a cometer este engano foi o Irmão


Manoel Joaquim Menezes (Irmão Penn) que esteve presente
quando da fundação do Grande Oriente Brasiliano, mas que
escreveu sobre o assunto somente em 1857, trinta e cinco anos
após, através do livro “Exposição histórica do Brasil”. Este
Irmão já estava com idade avançada, esquecendo-se que o
calendário na época pelo Grande Oriente Brasiliano era o
adonhiramita.

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Assim é que mencionou a fundação do Grande Oriente
Brasiliano em 25/05/1822, quando na realidade foi em
17/06/1822 aos 28 dias do 3º mês do ano 5822 da V:.L:.

A iniciação de D.Pedro I foi no dia 02/08/1822 e não no dia


13/07/1822 (aos 13 dias do 3º mês do ano 5.822 da V:).L:.

A posse de D.Pedro I como Grão-Mestre ocorreu no dia


04/10/1822 e não em 14/09/1822 (aos 14 dias do 7º mês do
ano 5822 da V:.L:.

A famosa sessão que ocorreu no 20º dia do 6º mês do ano 5822


da V:.L:. não foi realizada no dia 20 de Agosto de 1822 e sim no
dia 09/09/1822. No dia 09/09/1822 realmente aconteceu uma
sessão do Grande Oriente Brasiliano e Ledo se pronunciou a
respeito conclamando que:

“as atuais políticas circunstanciais de nossa pátria.o rico, o


fértil e poderoso Brasil demandavam e exigiam
imperiosamente que sua categoria fosse inabalavelmente
formada com a proclamação de nossa independência e da
Realeza Constitucional na pessoa do Augusto Príncipe
Perpétuo, Defensor Constitucional do Reino do Brasil”.

Todavia como eram parcos os meios de comunicação na época,


Gonçalves Ledo não sabia que há dois dias ou seja, no
07/09/1822, D. Pedro I já tomado esta providência á margens
do Ipiranga.

Ledo só tomou conhecimento no dia 15/09/1822, pois D. Pedro


havia viajado noventa e seis léguas em “lombo de burro” desde
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São Paulo, chegou sozinho à noite do dia 14/09, muito cansado,
foi dormir cedo. A boa nova só se espalhou no Rio de Janeiro
no dia 15/09/1822.

Alguns historiadores entre maçônicos e profanos embarcaram


na forma errada de converter o calendário e deixaram este
legado para muitos maçons ate os dias de hoje, que ainda
persistem em afirmar que o Brasil foi proclamado em
20/08/1822. É comum ainda hoje ouvir palestrantes maçônicos
mal informados dizerem a plenos pulmões que Ledo
proclamou a independência do Brasil dentro de um templo
maçônico no dia 20/08/1822.

Hoje, felizmente a grande maioria dos maçons brasileiros sabe


o que aconteceu realmente, graças a escritores como o Irmão
Mello Moraes, ao escritor profano Pereira da Silva e mais
recentemente ao Irmão José Castellani que converteram
corretamente o calendário pseudo-hebraico.

REFERÊNCIAS

Aslan, Nicola - Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria


e Simbologia
Mellor, A. - Dicionário da Franco Maçonaria e dos Franco-
Maçons
Prober, Kurt - Coletânea Bigorna nº. 01 e 02
Ritual de Aprendiz Maçom - Cayru – 1957 – GOB
Grande Enciclopédia Delta Larousse

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Castellani, José - Trabalho: Dia 20 de Agosto de 1822: Não
houve sessão na Maçonaria
Gomes, Manoel - Trabalho: “20 de Agosto ou 09 de Setembro”
Carvalho João Alberto – Trabalho: Dia 20 de Agosto; Equivoco
histórico
CONDE DE SAINT GERMAIN

FICÇÃO OU VERDADE? ESPECULAÇÕES.

Ir∴ Hercule Spoladore

Louco ou visionário? Aventureiro? Prestidigitador? Charlatão?


Espião? Ou um subproduto da aristocracia das cortes
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europeias, do cavalheirismo dos gentis-homens que existiram
no século XVIII? Paranormal ou viajante do tempo? Ou tudo
somente um exagero nas narrações a seu respeito ou então
apenas um lenda?

Falava-se que ele foi místico, alquimista, químico, ourives,


lapidador de diamantes, cientista, aventureiro, cortesão,
músico e compositor.

São estas as indagações a respeito deste homem misterioso


que viveu naquele século. Não confundi-lo com um seu
contemporâneo Claude Louis, também Conde de Saint
Germain que foi general e ministro da França.

Dizem que ele teria sido filho de judeu português ou que teria
nascido na Alemanha, na cidade de Eckenförd (Schlswig)
Também se falava que era filho de Francis II Rakoczik e teria
nascido na Transilvânia ou então que seria filho de Marie Ann
de Klouburg, viúva do rei Carlos II com o conde Adanero. Mas
sua origem é desconhecida. Nasceu segundo alguns autores no
dia 28/05/1696.

Teria estudado na Itália como protegido pelo Duque Gian


Gastoni, último descendente dos Médici.

Sabe-se que viajava muito e que sempre esteve ligado à


música, alquimia e ocultismo e que tinha uma memória
prodigiosa, que podia predizer o futuro, que era supostamente
maçom e tinha atividades políticas e sociais. Assombrou muitos
países da Europa e em especial a corte francesa da época.

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Será relatada uma sinopse do que se conseguiu compilar
através dos livros que falam sobre este fantástico personagem.

Quando o Conde de Saint Germain a esfinge do século XVIII


apareceu na Inglaterra em 1745, não foi de se surpreender que
o inglês respeitável como Horace Walpole afirmasse: “Canta,
toca violino maravilhosamente, compõe, é louco e não muito
sensível”.

Certas enciclopédias o criticaram chamando de aventureiro,


mas há um abismo entre atribuir-lhe adjetivos e estudar sua
vida e sua natureza.

A polícia francesa pensava que ele fosse espião prussiano.


Outras polícias secretas pensavam que ele fosse agente russo,
ou partidário da restauração dos Stuarts da Inglaterra, nome
esse ligado às origens do REAA.

Voltaire dizia: “Homem sabe-tudo”. Um dos seus discípulos, o


Príncipe Karl Von Hesse-Kassel escreveu que Saint Germain foi
um dos maiores filósofos que viveu neste mundo.

Quando o Marechal Belle-Isle, o apresentou à Marquesa


Pompadour e a Luiz XV, seu amante, o rei estava entediado. O
Conde manteve muitas conversações com o Rei e com a
Marquesa sobre alquimia e outros assuntos.

A princípio Luiz XV mostrou-se céptico em relação aos


conhecimentos do Conde sobre alquimia e transmutação. Mas
não podia criticar um homem que ostentava brilhantes mais
lindos que os dele.
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O Marechal Belle-Isle descreveu com muita vivacidade o
primeiro encontro e diálogo entre Saint- Germain e o Rei “se
puder fazer o elixir de longa vida ou a Pedra Filosofal estaremos
prontos para comprar a fórmula. Enquanto isso poderá ter uma
mansão e uma pensão, mas isso não quer dizer que eu acredito
em suas pretensões”.

-“Não peço nem mansão, nem pensão. Trago comigo todos os


recursos que necessito, um séquito de servidores e dinheiro
para arrendar uma casa”.

Ato contínuo colocou a mão no seu bolso e de lá retirou certa


porção de lindos brilhantes soltos e jogou-os sobre a mesa e
ante ao Rei disse: “E queira Vossa Majestade aceitar estas
pedras como uma pobre oferta”. Essas Majestade, são alguns
brilhantes que consegui fabricar, graças à minha arte.

Um magnifico castelo o de Chambord foi colocado à disposição


do Conde. Ali, o indolente Rei descobriu a alegria do trabalho,
iniciando suas experiências sob a orientação do maior químico
da época, o Conde de Saint Germain.

O Jornal London Chronicale de 31 de Junho de 1766 diz o


seguinte: “Tudo o que se pode dizer com justiça desse
cavalheiro é que ele deve ser considerado um estrangeiro
desconhecido e inofensivo, que tem recursos para
consideráveis despesas cujas fontes não são conhecidas. Levou
da Alemanha para a França a reputação de um insuperável
alquimista que possui o pó secreto e em consequência disso a

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panaceia universal. Correm rumores que o estrangeiro é capaz
de fazer ouro”.

A coleção de lindas pedras preciosas que o Conde possuía,


concorreu para aumentar a sua reputação de químico e
alquimista.

Quando o Marquês de Valbelle visitou o Conde de Saint


Germain, este lhe pediu uma moeda de prata de seis francos.
Depois de cobri-la com uma substância negra expôs esta
moeda ao fogo. Quando esfriou a peça de prata esta já não era
mais prata e sim ouro.

Quando o capelão da corte de Versailles perguntou se ele


praticava magia negra, ele respondeu que era um estudioso
sério da química e tinha feito descobertas, que eram de
utilidade para a humanidade.

As experiências com corantes provavelmente entre Saint


Germain e o Rei foram realizadas muito antes das anilinas
serem descobertas por Unverdoben em 1826.

Este homem aparentava ter mais ou menos uns cinquenta


anos. Para se opinar mais com base a sua idade é necessário
examinar as memórias, cartas, documentos, registros, artigos
de jornais daquele século.

Segundo o Barão de Gleischen, franco-maçom o mesmo relata


ter conhecido Saint Germain em 1710 sendo que ele
aparentava ter uns cinquenta anos.

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Nos anos 1737 a 1742 foi hóspede de honra da corte do Xá da
Pérsia.

De 1745 a 1746 viveu em Viena na mansão do Príncipe


Ferdinand Von Lobkowistz.

Em 1749 chegou a Paris por insistência do Marechal Belle-Isle.

Em 1756 O Conde Robert Clive fundador do domínio inglês na


Índia encontrou-se com ele lá.

Em 1760 o Jornal London Chronicale, publicou um artigo sobre


o interesse que Saint Germain estava despertando em Londres
nesta época.

Em 1762 O Conde estava em São Petsburgo onde participou do


golpe de estado que levou vitoriosa Catarina, a Grande, ao
trono da Rússia.

Em 1768 o Conde estava em Berlin. No ano seguinte viajou para


a Itália, Córsega e Tunes.

Em 1770 foi hóspede do Conde Orloff quando a esquadra russa


aportou em Liverpool. Usava uniforme de general russo.

Na década de 1770 ficou na Alemanha, ativamente empenhado


em atividades maçônicas e rosacrucianas com seu protetor o
Príncipe Kar Von Esse-Kassel.

Em 1780 Walsh publicou uma música composta por Saint


Germain.

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Entre os maçons convidados para a Conferência de
Vilhelmsbad realizada no dia quinze de fevereiro de 1782,
quando a Maçonaria alemã por consenso geral acabou de vez
com a enxurrada de graus superiores maçônicos que
pululavam no país, oriundos da França. Saint Germain estava
ao lado de Saint Martin e de outros eminentes maçons da
época neste congresso.

Nos registros da Igreja de Eckenförd na Alemanha existe o


seguinte registro:

“Falecido a dois de fevereiro e sepultado no dia quatro de


março de 1784, o chamado Conde de Saint Germain. Outras
informações desconhecidas. Enterrado privativamente nesta
Igreja”.

Segundo Nicola Aslan, o esotérico Paul Chacomac,


chegou à conclusão que Saint-Germain faleceu em Gottorp
(Schleswig) no dia quatro de fevereiro de 1784, nos braços de
Hesse-Kassel, do qual era bibliotecário e amigo íntimo que o
cercara de cuidados e respeito. Mas segundo outros autores
sua morte teria ocorrido no dia vinte e sete de 1784. Até na
data do seu provável óbito há contradições.

Citando-se a observação de Rameau e da Condessa


Gergy, ele deveria ter 124 anos por ocasião de sua morte.
Impossível acreditar nisso cientificamente.

Um ano após a sua “morte” ele já estava presente


numa conferência maçônica (Fraternidade Maçônica da
França).
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Stefannie Felicite, Condessa de Genlis, pedagoga que
escreveu oitenta livros, recebendo uma pensão de Napoleão I
fez uma afirmação em suas memórias que viu Saint Germain
em 1821 em Viena. Nestas alturas este personagem estaria
com 161 anos de idade.

Ele teria sido visto em 1835 em Paris e 1867 em Milão.


Ane Besant, a teósofa, relata ter conhecido o Conde em 1896.
W. Leadbeater o encontrou em Roma em 1926. Refere-se um
aviador americano, em 1932 cujo avião por falha mecânica foi
obrigado a pousar nas proximidades de uma montanha no
Tibet relata que na aldeia havia um homem estranho que se
identificou como sendo o Conde Saint Germain e lhe disse “eu
sou o Conde Saint Germain e em breve voltarei para Paris”.

Pode-se acreditar nisso? Impossível. Pela ciência atual e pela


própria evolução da espécie do homo sapiens sabe-se que este
atualmente tem sua vida média estimada em torno dos 75
anos, com alguns macróbios chegando ou até passando dos
100 anos.

Voltaire na sua época voltaria a se manifestar: “É um homem


que nunca morre”.

Franz Graffer registrou em suas “Memorias” em Viena uma


frase significativa de Saint Germain: “Vou partir amanhã à
noite. Vou desaparecer da Europa. Vou para o Himalaia”.

A informação de Graffer é importante porque dá a localização


de um suposto centro de sábios, que viria segundo a crença
esotérica preservando há milhares de anos a Ciência Secreta,
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ou seja, também para outros, seja o Himalaia a sede secreta da
misteriosa Fraternidade Branca.

O Conde disse certa vez “É preciso estudar as pirâmides como


eu as estudei”.

O único manuscrito que se atribui à lavra de Saint Germain é a


“La trés sainte Trinosophie”. Esse documento contem
ilustrações simbólicas e um texto enigmático:

“A velocidade com que corríamos através do espaço não pode


ser comparada senão a ela mesma. Num instante eu perdera
de vista planícies lá em baixo. A Terra me parecia apenas uma
vaga nuvem. Eu tinha sido levantado a grande altura. Durante
muito tempo rolei através do espaço, Vi globos girarem em
torno de mim e as terras gravitarem a meus pés”.

Evidentemente os ufólogos dirão que o Conde estava a bordo


de uma nave interplanetária.

Já os parapsicólogos científicos, sem comprometimento com


credos religiosos dirão que Saint Germain foi um paranormal e
que simplesmente fez nesta ocasião uma bilocação de
consciência, ou seja, sua mente expandiu através do universo,
livre, sem a interferência dos cinco sentidos, mas com a sede
da mente funcionando em seu cérebro. A mente simplesmente
se expande e o indivíduo tem a sensação de estar realizando
uma viagem. Este fenômeno é muito mais comum do que se
imagina. Não se trata de sonho. A pessoa fica com as
faculdades mentais aguçadas perfeitamente consciente, e tem
a viva noção e se lembra de tudo o que está acontecendo. Não
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é comum o paranormal interagir com o que está ocorrendo em
sua volta quando biloca. Vê tudo como se fosse num filme. Mas
alguns interagem de maneira indireta. Esse fenômeno ocorre
num estado alterado da mente.

Transmutações, extensão da vida, viagens espaciais, conquista


do tempo, tudo isso parece ser o que chama fronteira da
ciência. Poder-se-ia presumir segundo Jacques Bergier,
segundo seus conceitos que Saint Germain tivesse acesso à
Fonte Secreta do Conhecimento. Para os que acreditam,
evidentemente.

Vários escritores famosos da época escreveram sobre este


personagem enigmático. Todavia, sua biografia é muito
controversa, Cada qual faz uma afirmação sobre o biografado
completamente discrepante em relação aos outros. Mesmo
atualmente encontramos citações até em livros de
maçonólogos como é o caso do Dicionário de Maçonaria de
Joaquim Gervásio de Figueiredo onde ele afirma que Saint
Germain foi o maior Adepto oriental dos últimos tempos e que
teria sido uma figura importante nas atividades primitivas da
Franco-Maçonaria e que numerosas lojas o reverenciam como
seu patrono e como luz da Ordem.

Questiona-se como ele seria recebido hoje pela sociedade?


Seria taxado de louco? Talvez não fosse levado a sério, porque
a ciência avançou muito, a tecnologia hoje em dia faz milagres.
Já se consegue até fabricar diamantes artificiais, como ele disse
que fazia, só que por outros processos.

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Mas ele seria tido pelo menos pelos parapsicólogos, como
paranormal. Já existem faculdades de Parapsicologia em todo
o mundo, que estudam indivíduos que já nascem com
determinadas capacidades mentais diferente dos tidos como
normais. Este potencial mental extrapola os cinco sentidos. Só
a mente fica lúcida.

Hoje se pode saber se um indivíduo como Saint Germain é


paranormal, prestidigitador, esquizofrênico ou charlatão, ou lá
o que seja. Já se tem parâmetros científicos para tal aferição,
para pelo menos saber se é doente mental ou paranormal.
Quanto aos outros epítetos, estes não se precisam de meios
científicos para detecta-los, pois ainda hoje existem charlatães
que enganam o povo, fazendo-se valer do famoso proverbio
latino que diz: “que mundo quer ser enganado (mundus volpi
dicipe)” ainda válido e se aplica ao mundo atual. Talvez até
existam mais charlatães que na época de Saint Germain. Hoje
são organizados dentro de um sistema financeiro se escondem
sob o manto de religiões de vigaristas inteligentes e maldosos
que utilizam habilmente os meios de comunicação. Vendem a
mentira com maior facilidade.

Saint Germain foi maçom? Não se prova, mas possivelmente


deve ter sido pelas circunstâncias da época. Enquanto que a
maçonaria inglesa permaneceu apegada às suas raízes e
também à Bíblia, praticando a maçonaria tradicional, a
maçonaria francesa do século XVIII foi responsável pela
entrada na Ordem de alquimistas, ocultistas, rosa-cruzes,
cabalistas, esotéricos e praticantes de atividades afins, e

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também responsável pelo grande número de graus superiores.
Foi justamente lá que ao lado dos ritos tradicionais,
apareceram os chamados ritos mágicos praticados por
Swendenborg Mesmer, Cagliostro, Schroepfer, Martinés de
Pasqually e outros que fundaram lojas onde se praticava este
tipo de rito que nada tinha a ver com os ritos conservadores.

As atividades de Saint Germain levam a crer que ele deve ter


pertencido a alguma loja maçônica que praticasse os tais ritos
de magia.

Saint Germain foi um fenômeno do século XVIII. Foi algo que


aconteceu e assombrou o mundo. Ele deve ter usado a
Maçonaria e outras entidades ou organizações em proveito
próprio como meio de promoção pessoal.

Saint Germain é um fenômeno que não se pode explicar à luz


da razão cartesiana.

Várias organizações esotéricas espalhadas pelo mundo o


adotaram como seu patrono ou como seu mentor, porque
algumas atestam que ele ainda está vivo e que possui o Elixir
da Juventude e a Pedra Filosofal.

Existe a Fraternidade Saint Germain, com sede em São Paulo.

E algumas lojas maçônicas espalhadas pelo mundo o


reverenciam dando-lhe seu nome.

Foi mostrado neste trabalho um resumo do que se apurou


compulsando vários livros que tratam deste assunto. Parece

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um tema muito ao gosto dos irmãos de tendência ocultista e
esotérica, mas sabe-se que a maioria dos leitores achará este
artigo fantástico, esquisito, inverossímil. Que cada um tire a
sua própria conclusão.

REFERÊNCIAS

ASLAN, Nicola – Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria


e Simbologia Editora Artenova S.A. São Paulo vol. IV, 976

BERGIER, Jacques - Os Mestres Secretos do Tempo


Hemus, Livraria Editora Ltda. São Paulo, 1976

BERGIER, Jacques - Passaporte para uma outra terra Editora


Francisco Alves S.A. São Paulo, 1974

FIGUEIREDO, Joaquim Gervasio de - Dicionário de Maçonaria.


Editora Pensamento São Paulo, 1974

NAUDON, Paul – A Maçonaria Editora Difusão Europeia do


Livro. São Paulo, 1964

TRONDIAU, Julien - O Ocultismo Editora Difusão Europeia do


Livro. São Paulo, 1964

DIVAGAÇÕES SOBRE AS COLUNAS J e B


Ir∴ Hercule Spoladore

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As colunas J e B hoje símbolos consagrados na Maçonaria


foram e ainda são temas centrais de muita fantasia,
interpretações contraditórias, polêmica, controvérsias e
discussões sem fim. Muita bobagem se tem dito, mas de
qualquer forma elas evidenciam assim, serem um símbolo
bastante dinâmico, pois ainda não se chegou a uma conclusão
final quanto à sua localização, significação e finalidade. Cada
qual tem a sua opinião.

Interessante frisar que existem contradições na própria Bíblia


e entre a descrição bíblica e a tradição maçônica e, mesmo em
cada um destes segmentos também há dados que se
confrontam e alguns que se convergem. Exemplo típico são as
descrições em Reis e Crônicas II que são diferentes em alguns
textos. Quanto à tradição maçônica as interpretações são as
mais variadas e fantasiosas e pessoais possíveis.

As colunas, de acordo com a Bíblia eram uma particularidade


do complexo arquitetônico e faziam parte do Templo de
Salomão e talvez até fossem o mais importante detalhe do
templo porque elas além de ornamentais eram também
símbolos religiosos para o povo judeu, falando a favor deste
fato a consideração que os autores da Bíblia tiveram
descrevendo as colunas em minúcias e delongando muito na
descrição das mesmas.

Alguns autores acham que elas eram estruturais, isto é serviam


de sustentação, mas esta tendência hoje está abandonada. Elas
eram livres e emblemáticas, talvez simbolizando para o povo
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judeu uma porta de entrada para se chegar à Divindade. Mas é
provável que elas se referissem à objetos sagrados.

Outros autores afirmam que elas imitaram a arte da


construção, especialmente dos obeliscos tais como foram
construídos no templo de Tutmosis III e de Carnaque.

Existem exegetas que admitiram que Salomão quisesse


homenagear ancestrais seus dando o nome às colunas os
nomes de Jachim e Boaz. Todavia outros rebatem alegando que
estes personagens bíblicos não foram importantes.

Ainda a Bíblia relata que quem fundiu as colunas foi Hiran Abif
ou Abi um artista metalúrgico vindo de Tiro enviado pelo rei
que também se chamava Hiran e aliado de Salomão, para
executar as fundições em bronze, como foi o caso das colunas,
vasos e utensílios além do Mar de Bronze. A fundição teria
ocorrido em Sucote e Zeredá, em terras barrentas. Há
controvérsias a respeito destes dois nomes em relação à sua
grafia.

Cita ainda a Bíblia mais detalhes sobre as colunas também


chamadas de Colunas Gêmeas. Depois de terminada a
construção do templo então Hiran fez erguer as Colunas e por
fim Hiran e as terminou as com os dois globos, os dois capitéis
que estavam no cume das colunas, as duas redes com duas
fileiras de romãs, cerca de duzentas em cada rede, para
cobrirem os dois globos dos capitéis que estavam em cima das
colunas.

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Afirma ainda a Bíblia, que Hiran levantou as duas Colunas
diante do Templo. Uma à direita e outra à esquerda. A da
direita chamou-a de Jachim e a da esquerda de Boaz.

Quanto ao estilo arquitetônico das colunas elas pertencem á


ordem babilônica com caracteres egípcios. Portanto não são
colunas coríntias, como aparecem na maioria dos templos
atuais. Esta troca de ordem deve-se aos filósofos neoplatônicos
e alexandrinos da idade média que pretenderam misturar
ideias da Cabala, com a Filosofia e as Artes gregas.

Esmiuçando ainda mais, detalhes da descrição bíblica com


relação às dimensões das Colunas, temos em Reis que elas
teriam dezoito côvados de altura e em Crônicas II teriam trinta
e cinco côvados de altura e que os capiteis em Reis teriam três
côvados e em Crônicas II eles teriam cinco côvados de altura.
Com relação à equivalência desta medida chamada côvado ou
cúbito no sistema métrico decimal que usamos, encontrou-se
várias medidas a saber 0,66 metros, 0,36 metros, 0,50 metros
0,50 metros e 0,62 metros e etc. Depende da interpretação dos
autores. Mas o fato é que ninguém sabe ao certo.

Difícil hoje em dia saber-se qual o valor real de um côvado. As


Colunas teriam doze côvados de largura. Os exegetas não se
entendem. Cada qual tem uma opinião. De um modo geral a
Maçonaria, salvo algumas exceções adotam, em seus rituais a
altura de dezoito côvados.

A tentativa fantasiosa de certos autores tentar explicar a


discrepância da altura das Colunas citadas em Reis e Crônicas II

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seria que Hiran teria fundido uma coluna só com trinta e cinco
côvados e a dividiu em duas de dezessete côvados e meio. É
claro que esta explicação não tem respaldo. De qualquer forma
a altura das Colunas dá ideia de uma construção muito
imponente, muito alta equivalente em nossos dias á altura de
um prédio de vários andares.

Com relação ao número de romãs em cada capitel, em Crônicas


II refere que havia duas redes de romãs e duas fileiras de romãs
em cada rede, sugerindo duzentas romãs em cada fileira
perfazendo um total de quatrocentas romãs em cada Coluna.
Mas a descrição Crônicas II em um capítulo anterior refere
cadeias com cem romãs em cada cadeia. É claro que para se
ajustar à primeira descrição requereria duas cadeias em cada
fileira para ficar conforme. As romãs, símbolo de
fertilidade, que hoje adornam nossos templos atuais são em
número de três em cima do capitel de cada coluna.

Discute-se se as Colunas eram ocas ou não. Trata-se de outro


ponto controverso da Bíblia. Em Jeremias (52:21) está escrito
que as Colunas eram ocas e a espessura era de quatro dedos.
A tradição maçônica está de acordo com esta citação quando
este livro da Bíblia fala em destruição de Templo por
Nabucodonosor, quando mais uma vez existem controvérsias.

Muitos autores que acham que as Colunas não eram ocas


referem e que o capítulo 52 de Jeremias foi um acréscimo
tardio e que não teria sido escrito pelo Jeremias sendo os que
o escreveram estavam mais interessados em mencionar como
realizaram as suas profecias.
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Sabe-se que a prática de fundir metais com a retirada do núcleo
a ser removido posteriormente tornando o objeto fundido oco,
só foi descoberta no quinto ou sexto século após a construção
do Templo de Salomão.

Poder ser que a tradição maçônica tenha agregado o


simbolismo das Colunas Salomônicas as Coluna Antediluvianas,
nas quais se depositaria todo o registro do acervo das Ciências,
como se fossem um arquivo da Humanidade. Entretanto os
exegetas não estão de acordo se as Colunas eram ocas ou não.

As Colunas do Templo de Salomão tinham motivos florais de


lírios com redes e grinaldas como adorno, tiveram também
segundo os autores antigos duas bolas esféricas em cima dos
capiteis que receberam o nome de globo onde se traçaram
mapas, a do globo celeste e do globo terrestre. Muitas Lojas
adotaram estes globos em cima dos capiteis das duas Colunas.
Entretanto, estes globos parecem ser uma equivocada alusão
aos pomos descritos em Crônicas II. Segundo certos exegetas
os pomos estariam se referindo aos capiteis, os quais eram pelo
menos de forma ovoide ou esféricas.

Havia na tradição da Maçonaria Operativa duas Colunas


Antediluvianas chamadas também de Colunas de Sete, de
Enoque ou de Noé. Conta à tradição preservada pelos maçons
operativos, e estes relatos são citados nos Antigos Deveres (Old
Charges) como, por exemplo, no Manuscrito de Cooke, onde
cita que os filhos de Lameque de nomes Jubal, Jabal e Tubalcain
construíram duas colunas. Uma delas era de mármore puro,
material que resiste ao fogo e a outra coluna foi feita de tijolos
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que jamais afundaria na água. Uma ou outra coluna sobraria
fosse qual fosse a forma de extermínio do fim do mundo. Os
filhos de Lameque achavam que a ira do Senhor viria em forma
de uma vingança que tanto poderia ser fogo ou poderia ser
pela água. As sete Ciências conhecidas na época, foram
gravadas em ambas as Colunas. As Colunas eram, portanto,
depositárias destas Ciências. Referia ainda a lenda que uma
destas colunas foi encontrada por Pitágoras e a outra por
Hermes de Trimegisto.

Outra versão da lenda na versão de Josefo, historiador judeu,


foi que Adão prevendo o fim da humanidade, teria temor que
se perdesse todo conhecimento da civilização. Os filhos de
Sete, seu terceiro filho construíram as duas colunas para
depositar o conhecimento da humanidade.

Alguns autores sustentam a tese que as Colunas Salomônicas


eram originárias da lenda destas Colunas Antediluvianas.

A tradição maçônica refere que as Colunas J e B são ocas para


melhor servirem de local, onde se possa guardar o acervo de
conhecimento adquirido pela Maçonaria, nada mais é que uma
tendência para harmonizar as duas lendas.

E também que as Colunas sejam ocas para se guardar as


ferramentas dos Aprendizes e Companheiros.

A maioria dos autores é concorde em admitir que as Colunas


sejam enigmáticas e misteriosas. Não resta a menor dúvida que
elas tinham para os judeus uma finalidade místico-religiosa e
que os nomes eram atribuídos a objetos sagrados, e não à
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ancestrais da tribo de Judá. A melhor explicação com relação
ao seu significado é a filológica que está inserida na
Enciclopédia Judaica.

Jachim: “Ele firmará”

Boaz: “Nele está a força”

E é esta explicação que interessa á Maçonaria. Tanto é verdade


que atualmente o simbolismo maçônico dá a Coluna J o
equivalente á “Estabilidade e Firmeza” e à Coluna B, a “Força”.

A título de ilustração para apenas mostrar o quanto é dinâmica


simbologia das Colunas serão citadas algumas das suas
interpretações. Algumas, muito ao gosto dos esotéricos,
ocultistas e outras são tão fantasiosas e inacreditáveis, mas
tem Irmãos que defendem estas inbterpretações.

Teoria fálica - Seria uma reminiscência dos antigos pilares


(mazzeboth), que formavam originalmente emblemas fálicos.
Conta-se que em Hierapólis no tempo da deusa Astarte, havia
duas colunas em forma de falos e que duas vezes por ano, um
homem subia no cimo destas colunas, mas por dentro delas e
aí suplicava aos deuses, melhores colheitas, mais fertilidade à
terra e mais prosperidade.

Na tradução grega da Bíblia, Versão dos Setenta, os nomes são


traduzidos B por “Força” e J por “Direito”.

No Dicionário de Julien Tondriau “O Ocultismo” lê-se que a


palavra Boaz em Magia é uma das Colunas do Templo de

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Salomão. É feminina, passiva, branca ou negra. Corresponde à
Lua. Quando branca é igual à sabedoria, vitória. Quando negra
é igual a reino. Quanto à Coluna Jachim é vermelha e
corresponde ao Sol e equivaleria à inteligência, vigor e glória.
Esta é também a interpretação dos alquímicos.

Paul Poesson em seu livro “Testamento de Noé” refere que as


colunas atualmente apresentadas como circulares, mas na
realidade a Coluna B seria quadrada. Explica na linguagem
esotérica e oculta que as Colunas seriam iguais às medidas do
quadrado negro, sendo a Coluna do Sul, a quadratura da
Coluna circular do Norte. A Coluna J seria em linguagem
euscadiana (língua ancestral original dos bascos) equivalente à
palavra conhecimento.

Para Otaviano Menezes Bastos, a Coluna B seria o Fogo e a


Coluna J seria o Vento.

Adolfo Terrones Benites refere que a Coluna B seria a Força,


Repouso, a Fêmea, Negativo, Conservador, Receptor, Mãe,
Matéria, Princípio Concreto, Virtude.

A Coluna J representaria a Ciência, Inteligência, Luz, Abstrato,


Concórdia, Espírito, Homem, Fogo, Calor, Ativo, Mistério e
Macho.

Há ainda a interpretação sexual para as Colunas. A Coluna J


seria o órgão genital masculino e a Coluna B seria o órgão
genital feminino. A Loja maçônica seria hermafrodita e um
útero social destinado a fecundar e dar a luz a uma sociedade
humana perfeita.
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Quanto à posição das Colunas em Loja, talvez seja o ponto de
maior controvérsia na Ordem. Temos a partir de Crônicas II,
capítulo 3, que depois de terminado o Templo, após o arremate
final, também se “levantou diante do Templo duas Colunas,
uma à direita e chamou-se de Jachim e outra à esquerda e
chamou-se de Boaz”. Parece simples e assim está escrito.

A Maçonaria interiorizou as Colunas que passaram a se postar


dentro da Loja logo próximo à entrada. Aí começou a polêmica,
que ainda não teve solução.

Será seguido um raciocínio sempre tendo como referência a


descrição bíblica. Uma grande parte dos autores discute este
tema, como se o observador estivesse dentro do templo. Já
outra parte dos autores raciocina ao contrário, isto é, o
observador estaria fora do Templo e aí prevaleceria o que está
escrito na Bíblia.

Supondo que a entrada do Templo olhasse a leste e a


Enciclopédia Judaica assim confirma, achando que o leste é a
frente do templo e levando em consideração que a orientação
dos judeus com relação ao que se convencionou serem os
quatro pontos cardiais, ou seja, um homem olhando de frente
ao sol nascente, ou seja, á leste, teremos que a direita equivale
ao sul e a esquerda equivale ao norte (mão direita ao sul e mão
esquerda ao norte). Esta afirmação está de acordo com a
Enciclopédia Judaica. Se tomarmos como raciocínio o conceito
desenvolvido aqui teríamos a visão das Colunas por uma
pessoa que estivesse saindo do templo, ou seja, o observador
estaria dentro do templo.
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A Loja de Pesquisas Maçônica “Brasil” solicitou
esclarecimentos á Loja Quatuor Coronati de Londres, n° 2076 e
de lá informaram vagamente dando a entender que as Colunas
“devem ser compreendidas como sendo descritas por alguém
dentro do Templo, no Oriente em direção á entrada”.

Esta explicação não satisfaz a maioria dos autores que alegam


que ela é artificial e que ela não é correta, porque só se sai de
um templo, quem entra nele.

Todavia para se acomodar a descrição bíblica se se mantiver o


templo olhando para leste, a posição das Colunas está
invertida.

É sabido que o Templo de Salomão não era muito grande e que


ele não se destinava a receber numerosos fiéis, mas sim os
sacerdotes. Quanto aos fiéis, estes ficavam no pátio, onde seria
possível olharem as Colunas de frente. Assim sendo,
considerando que a posição das Colunas será dada pela visão
de um observador externo e não interno, para que as Colunas
não fiquem invertidas tem que se considerar que a entrada do
Templo fosse pelo lado oeste, considerando-se o leste como
sendo a parte de trás do Templo.

Teobaldo Varoli Filho afirmou que os operários que


trabalharam no Templo entravam por uma porta situada nos
fundos e que viam as colunas neste sentido. Enfatizava “se
considerarmos a Loja simbolicamente como Oriente não
deixará de ser maçônica a visão de quem trabalha dentro do
Templo” E terminava dizendo que melhor forma de resolver

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este problema em definitivo e para acabar com tanta celeuma
seria suprimir as letras J e B das Colunas e não se falar mais
nisso.

Entretanto se atentar para Crônicas II (III-17) onde está escrito


“levantou as Colunas uma á direita e outra á esquerda da
fachada do Templo”, não se terá dúvidas que elas foram
construídas na frente do Templo, sendo que em muitas
citações refere Jachim à direita e Boaz à esquerda.

Os ritos REAA, Trabalho de Emulação e York Americano seguem


esta orientação. Quanto aos Ritos Adonhiramita, Brasileiro e
Francês adotam a inversão das Colunas.

Não se chegou até o momento á uma conclusão final, ainda


existem Irmãos que defendem uma versão e Irmãos que
defendem a outra versão. Devem-se respeitar as tendências,
sejam corretas ou não, porque as Colunas são símbolos, os
quais podem ter a interpretação que se queira dar a eles.

A Maçonaria operativa já estava decadente. Em 1600 começou


a receber em suas fileiras, maçons aceitos e ela acabou por se
modificar completamente. Em 1717 fundou-se oficialmente a
Maçonaria Especulativa, que se prefere dizê-la Maçonaria
Moderna. Não existia o grau de Mestre que foi criado em 1725
e incorporado à Ordem em 1738. Foi criada a lenda de Hiran,
para ao terceiro grau, que gira em torno da construção do
Templo de Salomão. As Colunas J e B passaram a fazer parte
oficialmente dos símbolos da Ordem, como um detalhe em
frente ao pórtico do Templo de Salomão, só que elas já eram

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muito conhecidas não só na Ordem, mas no Ocultismo,
Alquimia, e também para os praticantes de Magia e até em
seitas estranhas. As Colunas pode-se dizer que se anteciparam
em matéria de simbolismo, ao próprio Templo de Salomão.
Elas já tinham sua vida própria como símbolo. A Maçonaria as
havia emprestado das entidades iniciáticas antigas.

A Maçonaria acabou por introduzir as Colunas para dentro do


Templo. Hoje apesar de serem naturalmente consideradas
como um detalhe bíblico do Templo de Salomão elas talvez
sejam mais importantes, do que o próprio Templo, dada a
riqueza simbólica que elas encerram.

REFERÊNCIAS

CASATELLANI, José - Liturgia e Ritualística do Grau de


Aprendiz Maçom. Editora A Gazeta Maçônica. São Paulo, 1985

CARVALHO, Francisco de Assis - Símbolos Maçônicos e suas


origens Editora A Trolha Ltda. Londrina, 1990

HORNE, Alex - O Templo do Rei Salomão na Tradição Maçônica.


Editora Pensamento Ltda. São Paulo, 1972

NAME, Mario O Templo de Salomão nos Mistérios da


Maçonaria. Editora A Gazeta Maçônica. São Paulo, 1988.

TONDRIAU, Julien – O Ocultismo Editora Difusão


Europeia do Livro São Paulo, 1964.

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PRÍNCIPE DOS POETAS PARANAENSES

Ir∴ Hercule Spoladore

Emiliano Pernetta, conhecidíssimo nos meios literários


paranaenses e nacionais, nasceu em 03/01/1866 num sítio
localizado às margens do Rito Atuba em Pinhais, perto do atual
Aeroporto Afonso Pena.

Foi abolicionista, republicano, anticlerical, promotor, juiz,


advogado, professor, jornalista e auditor de guerra. Tinha o
posto de capitão.

Fundou revistas e jornais, mas acima de tudo sempre foi


escritor, poeta e maçom.

Iniciado na Loja “Guilherme Dias” em Machado-Minas Gerais.


Pertenceu às Lojas “Fraternidade Paranaense” da qual foi
orador e “Luz Invisível”, ambas de Curitiba. Consta como grau
30 (Boletim do Grande Oriente do Brasil 01/1908, á pagina 501)

Estudou no Colégio Müller e Nossa Senhora da Luz,


onde concluiu seu curso primário e o seu secundário foi
concluído no Ginásio Paranaense.

Em 1885 ingressa na Faculdade de Direito de São Paulo


do Largo do São Francisco, concluindo o curso em 1889.

Durante a Revolução Federalista (1893/94) lutou ao


lado de Floriano.
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Pertenceu à corrente simbolista de poetas, com extensa
produção literária deixada como legado à literatura brasileira.

Foi membro da Academia Paranaense de Letras, cadeira nº 23


da qual é patrono. Fundou em 1912, o Centro de Letras do
Paraná sendo seu presidente perpétuo.

Quando tinha 13 anos de idade entrou em contato com a obra


de Casimiro de Abreu e Castro Alves (maçom). Já despontava
nesta ocasião, o seu gênio poético.

Publicou suas primeiras poesias no jornal “Dilúculo” em 1883 e


no ano de 1885 no jornal “Dezenove de Dezembro” e “Vida
Literária” dirigida pelo maçom Jaime Balão (que pertencerá à
Loja “Fratenidade Paranaense”).

Em São Paulo conviveu com Olavo Bilac seu companheiro de


trabalho com o qual fundou o jornal “Vida Semanária” e “Folha
Literária”. Também conviveu com muitos outros intelectuais da
época como Pardal Mallet, Raul Pompéia, Horácio de Carvalho,
Rocha Filho, Rodrigo Otávio, Leopoldo de Freitas, Júlio Prestes
(maçom) e Ermelino Leão (paranaense- maçom).

Emiliano gostava da boêmia. Seu quarto na pensão, onde


morava era uma república de estudantes na Rua da Glória era
freqüentado por todos estes personagens, e se chamava
“Autocracia da Anarquia”.

Colaborou em muitos jornais, escrevendo crônicas, poesias e


contos.

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Em 1886 ao passar suas férias do curso de direito, em Curitiba
traz para os paranaenses um livro de Baudelaire sobre o
simbolismo o qual foi lido e disputado como sensação pelos
intelectuais de então. Estava reforçado o lançamento daquela
tendência poética no Paraná.

Nestas alturas já era um abolicionista e republicano convicto, e


fez palestras inflamadas no Salão Tívoli na capital do Estado.

Em 1888 chegou a levar escravos do Paraná para liberta-los em


São Paulo.

Em 1889 no dia da Proclamação da República, sem saber que


ela havia ocorrido há poucas horas, foi orador na formatura de
sua turma de Direito em São Paulo, e seu discurso foi ardoroso
e exaltado em prol da república, criticando violentamente a
monarquia já deposta, desconhecendo a sua queda. Só veio, a
saber, da notícia no dia seguinte.

Durante o período de 1890 a 1892 residiu no Rio de Janeiro


onde se ligou ao catarinense Cruz e Souza, que morava no Rio,
á Saldanha Marinho (maçom) e a José do Patrocínio (maçom),
trabalhando com estes em jornais.

Funda em 1890 um jornal de efêmera duração a “Folha


Popular” juntamente com Leopoldo Cabral e dois paranaenses
que lá residiam naquela época Leôncio Correia (maçom) e o
nosso festejado Emilio de Menezes.

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Gonzaga Duque, Lima Campos, Bernardino Lopes, Nestor
Victor, Oscar Rosas e Cruz e Souza se tornaram seus grandes
amigos e formaram a vanguarda do simbolismo.

Foi no Rio de Janeiro que iniciou sua fase ouro no simbolismo.


Continuou sua vida de boêmia. Teve problemas de saúde e saiu
do Rio, foi convalescer na Fazenda Santa Tereza em Volta-
Redonda.

A seguir foi promotor público em Caldas em Minas Gerais.

Em 1894, é nomeado juiz municipal em Machado Minas Gerais,


ficando ai nesta cidade durante três anos, onde agravou sua
saúde. Mesmo assim sempre produzindo obras literárias à
mancheia.

Em 1896 seu irmão e também escritor e jornalista Júlio David


Pernetta (maçom) foi buscá-lo em Machado - Minas Gerais.
Assim retornou à Curitiba, ficando na casa de seu Irmão
durante um ano recuperando-se.

No ano de 1901 foi professor de Literatura e Português no


Ginásio Paranaense. Foi advogado e auditor de guerra.

Foi jornalista, anticlerical, escrevendo para os jornais de


Curitiba que seguiam esta linha, em especial os jornais e
revistas maçônicos ou de inspiração maçônica como o
Jerusalém, Cenáculo, Pallium, Ramo de Acácia e outros.

Sua vida literária foi muito fecunda, ele foi conhecido em todo
o Brasil.

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Enfim, o Irmão Emiliano Pernetta foi uma das maiores glórias
literárias do Paraná.

Em 30/061911 foi concluída sua principal obra o livro


“Ilusões”. Em 20/08/1911 durante uma cerimônia realizada no
Passeio Público, foi coroado Príncipe dos Poetas Paranaenses
contando com a presença praticamente de todos os
intelectuais da cidade e também de familiares amigos e do
próprio povo.

Dario Vellozo foi o orador principal, entregando-lhe a seguir,


fechado numa caixa artisticamente lavrada, um exemplar
ricamente encadernado da sua obra “Ilusões” e sobre o qual
havia uma coroa de louros.

O poeta, emocionado, chorou!

Entre os muitos intelectuais presentes destacavam-se Dario


Vellozo, Euclides Bandeira, Clemente Ritz, Panphilo
Assumpção, Claudino dos Santos, Generoso Borges, José
Niepce da Silva, Hugo G. Simas, Jaime Ballão (pai) Leocádio
Cisneiros Correia (Léo Junior), João David Pernetta todos eles
maçons. Um grande número de maçons não intelectuais
também se achava presente.

Alem dos maçons presentes destacavam-se os escritores


Antonio Francisco de Santa Rita Júnior, Romário Martins,
Vicente Nascimento Júnior, Ulisses Vieira, Raul Gomes, Lacerda
Pinto, Ildefonso do Serro Azul, Chichorro Júnior, Jaime Balão
(filho) e outras personalidades do mundo das letras.

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Após a coroação, entre prolongados aplausos e ter sido
ovacionado por longo tempo, quando terminou a cerimônia,
Emiliano com quarenta e cinco anos de idade, que já estava
numa fase de sua vida mais circunspecta, muito disciplinado,
mais arredio com relação a tantas festas, já mais comportado
com relação a sua famosa vida atirada de outrora que levara
nos tempos de jovem, teria emocionado, se dirigido para a sua
casa.

Mas Euclides Bandeira não deixou por menos. A festa não


terminaria por ai. Convenceu a maior parte do grupo de amigos
a ir ao “Grand Café”, situado na Rua XV, entre a Rua Barão do
Rio Branco e Primeiro de Maio, hoje Monsenhor Celso, num
local de reuniões preferido pelos literatos para continuarem a
festejar seu Príncipe. Pediu para o Ildefonso do Serro Azul, o
“Barãozinho” como era chamado, então com 23 anos de idade
auxiliado por seu primo Leocádio Cysneiros Correia (Léo Júnior)
que não abandonassem o Emiliano. E assim quase todo o grupo
se dirigiu ao local combinado. E lá ficaram o resto da tarde, e
entrada da noite, com frutos do mar servidos a vontade, pois o
restaurante havia recebido de Paranaguá, camarões frescos
naquele dia. Todo este petisco foi regado a vinho verde
português.

Ele foi o orador por ocasião da chegada do corpo do coronel


João Gualberto Gomes e Sá (Loja “Luz Invisível”) trucidado em
1912 em Iraní pelos fanáticos do Contestado.

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Pois bem, este Irmão já em sua idade madura, numa fase em
que largara a boêmia, da qual sempre foi um entusiasta e
assíduo praticante, aos cinquenta e cinco anos vivia em Curitiba
entremeando a rotina de ir ao Quartel General onde era
auditor de guerra, e sua vida de intelectual, publicando
poesias, livros e dos encontros diários com outros poetas e
escritores, eis que no dia 18 de Janeiro de 1921 em companhia
de seu amigo e poeta, o juiz paranaguense José Henrique de
Santa Rita, descendo a Rua XV, conversando sobre literatura,
autores e livros, chegam à porta da pensão onde morava
Emiliano no número 84 daquela rua.

O poeta convidou Santa Rita a acompanhá-lo até seu quarto e


lhe recitou um soneto “Ao cair da tarde”.

Neste momento, Santa Rita sente uma sensação estranha, uma


espécie de mal estar geral, seguido de calafrio, uma ânsia
incontrolável, um presságio de morte.

Emiliano não lhe deu atenção. Santa Rita, impressionado


inisiste em falar sobre esta aflição intensa, angustiante e refere
que no dia 16, ou seja, dois anos antes, ouviu rumores
estranhos (raps) em sua casa, exatamente como aconteceu
anos antes por ocasião da morte inesperada de seu irmão de
sangue, um oficial da marinha, sendo que os ruídos só
cessaram quando a notícia do óbito foi lhe dada.

Emiliano queria mesmo, era falar de poesia. Não ligou para o


que o amigo estava lhe falando.

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Não seria este estado que Santa Rita experimentou naqueles
momentos, um aviso, uma precognição?

No dia seguinte, ou seja, no dia 19/01/1921, Emiliano sai da


pensão às 12 horas se dirige, como fazia de rotina ao Quartel
General, sede do Conselho da Justiça Militar, onde atuava
como auditor. Naquele dia iria ser julgado um praça do 5º
Regimento de Cavalaria Divisionária.

Conversou normalmente com todos os amigos e conhecidos


que encontrou.

Mais ou menos às 17 horas termina seu trabalho, desce a Rua


XV, primeiro encontra seu amigo Rodrigo Junior, após
conversar com ele, deixa-o, e ainda encontra no caminho mais
um amigo Francisco Cavalcante, andara um trecho juntos
despede-se dele e se dirige para o sobrado da pensão onde era
inquilino. Morava no local um médico e também poeta de
nome Alegretti Filho e ficam conversando sobre literatura até
passar das 18 horas, quando Emiliano senta-se à mesa e se
prepara para tomar sua sopa. Iria tomar uma refeição leve
porque tinha um outro compromisso logo a seguir.

Termina a refeição e vai ao banheiro e ao lavar as suas mãos,


sente um tremor generalizado leva as mãos á região frontal de
sua testa, oscila seu corpo para um lado e para outro, dá uns
passos sem firmeza e tenta se escorar na parede.

Foi atendido pelo dono da pensão, um alemão, Sr. Krohne, e


com a ajuda do Dr. Alegretti é colocado na cama.

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O médico sai às pressas e se dirige para a Farmácia Lustosa e
volta correndo à pensão com medicamento de urgência o qual
lhe é aplicado. Mas já era tarde. O grande poeta havia falecido.
Uma síncope cardíaca, um provável infarto do miocárdio
fulminante teria sido a causa de seu passamento.

O seu desenlace pegou o povo de Curitiba de surpresa. A


notícia correu célere por toda a cidade.

O corpo foi velado um uma sala da frente do prédio que existia


na pensão.

Os amigos mais íntimos se reuniram numa saleta ao lado.

Estavam presentes Júlio Pernetta, seu irmão de sangue (foi


iniciado na Loja “Modéstia” de Morretes foi venerável da Loja
“Estrela de Antonina” e pertenceu à Loja “Unione e
Frettelanza” de Curitiba, e que também faleceria daí há alguns
meses, em 22/07/1921 à meia-noite), Dario Vellozo (pertenceu
a várias Lojas, iniciado na Loja “Perseverança” de Paranaguá),
Sebastião Paraná (Loja “Luz Invisível”) Veríssimo Antônio de
Souza (Loja “Santo Antonio da Lapa”), Francisco Ribeiro de
Azevedo Macedo (Loja “Moriá” de Palmeira), Clemente Ritz (foi
venerável da “Loja Cardoso Junior”) e também a presença de
muitos outros maçons e amigos não filiados à Maçonaria.

O General Pereira Neto, comandante, suspende em ordem do


dia o expediente no Quartel General e convida toda a tropa
para acompanhar o féretro.

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O Colégio Paranaense e Escola Normal, através de seu diretor
Lysímaco Ferreira da Costa (Loja “Luz Invisível”) suspende as
atividades e adia um concurso que lá seria realizado.

Todos compareceram ao velório, gente simples, operários,


oficiais do Exército, da Polícia e toda a intelectualidade
curitibana, poetas escritores jornalistas. Afinal todos queriam
prestar uma última homenagem ao maior nome da literatura
do Paraná na época e um dos maiores de todos os tempos.

Ao baixar seu corpo no sepulcro no cemitério municipal, Dario


Vellozo em nome da Loja “Luz Invisível” se despede do amigo,
relembrando versos do saudoso poeta. Azevedo de Macedo
discursa em nome da Congregação do Ginásio Paranaense,
onde Emiliano fora professor. Balão Júnior fala em nome dos
amigos. Heitor Stoclker fala em nome do Centro de Letras do
Paraná.

José Henrique de Santa Rita foi um paranomal. um verdadeiro


vate na acepção da palavra, poeta e profeta. Predisse a morte
do seu grande amigo, um dia antes dela ocorrer.

Hoje, além de todas as obras do famoso poeta e maçom que


podem ser lidas por aqueles Irmãos que gostam de ler, existe
no centro de Curitiba uma rua com o seu nome, a qual pelo
menos todos aqueles que por lá passarem, a notem e não
deixem apagar e nem esquecer o nome e a glória perene de um
dos maiores nomes da literatura paranaense.

REFERENCIAS

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Dicionário Histórico Biográfico do Estado do Paraná. Editora
Livraria do Chain. Banco do Estado, do Paraná. Curitiba – 1991

Grande Enciclopédia Delta Larousse

Artigo publicado no Jornal “Gazeta do Povo” em 26/04/2000

“A PREMONIÇÃO DE SANTA RITA” Autor: WILSON BOIA do


Instituto Histórico e Geográfico do Paraná. Artigo publicado no
jornal “Gazeta do Povo” em 22/10/1989

Autor: VALÉRIO HOERNER JÚNIOR da Academia Paranaense de


Letras Artigo publicado no jornal “Gazeta do Povo” em
29/10/1989

“CURIOSIDADES DA VIDA DE EMILIANO PERNETTA, O POETA”

Autor: VALÉRIO HOERNER JÚNIOR da Academia Paranaense de


Letras

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O CADÁVER
Ir∴ Hercule Spoladore

O cadáver é um corpo sem vida de um ser humano ou um


animal.

Morte é a cessação total e perene da vida do homem de um


animal ou um vegetal.

Reconhece-se a morte de um ser vivo, pela parada das funções


ativas, como nutrição, metabolismo e no caso do reino animal
pelo aparecimento da putrefação.

No caso do homem, mais especificamente, após algumas horas


de sua morte, o cadáver fica em rigidez cadavérica, o calor
diminui, tendendo igualar com a temperatura ambiente,
aparecendo depois no dia seguinte a lividez cadavérica e a
seguir manchas violáceas, sinal evidente de putrefação.

É o cessar do chamado sopro de vida que se segundo as


concepções e crenças de cada um, provem da natureza ou de
Deus.

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Para Platão a alma é um princípio puramente espiritual imortal,
o sujeito do pensamento realmente distinto do corpo. A alma
para Platão é o homem.

Já Aristóteles afirma que a alma faz parte do corpo como forma


unida à matéria. É o sopro da vida.

Para os escolásticos a imortalidade e a espiritualidade do


platonismo são unidas às concepções aristotélicas da forma e
a alma se torna uma forma espiritual subsistente.

Modernamente é claro que esta hipótese é contestada por


muitos e aceita por outros tantos, o ser humano é constituído
de espírito mente e corpo. A mente e o corpo seriam ligados à
parte material assim manifestadas e o espírito seria um
princípio imaterial de origem divina.

As concepções de alma e espírito variam de acordo com a


crença de cada um e de acordo com as escolas filosóficas e
religiões.

Para os ateus, tudo termina com a morte. Para os


espiritualistas, para os que creem numa vida futura, existe
outro tipo de raciocínio e postura a respeito.

Para a maioria dos vivos existe a sensação e a convicção de que


a pessoa querida que falecesse, continue viva, de algum modo
participando, de forma atuante das atividades aqui na Terra.
Na realidade os que cultuam seus mortos acreditam conseguir
ou impedir a intervenção dos mesmos em assuntos terrenos.

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O culto dos mortos é uma característica que está se mantendo
inalterada desde o início da civilização. O Homem tenta buscar
desesperadamente respostas, que até hoje não as conseguiu,
porque não sabe e não tem explicação para o fenômeno vida e
muito menos se conforma porque terá que morrer. Este
mistério atormenta o ser humano.

Os antigos já cultuavam seus mortos. Existem inúmeras


publicações, verdadeiros livros sagrados, cada qual explicando
as características de cada povo. Assim temos o livro dos mortos
dos Egípcios, o livro Tibetano dos mortos, o livro dos Maias dos
mortos e assim por diante cada povo tem a sua peculiaridade.

É muito complexo o destino do cadáver, mas no mundo atual


dada a tecnologia moderna está mais fácil o que se fazer com
ele.

Algumas pessoas por vontade própria optam pela cremação


sendo a Inglaterra o país onde atualmente mais se crema
cadáveres. Os romanos cremavam seus cadáveres. Vale a pena
lembrar que crematório é o lugar onde se cremam os
cadáveres. Nos campos de concentração nazistas, os
prisioneiros após passarem pela câmara de gás, eram
cremados. Em Birkenau os fornos estavam preparados para
cremarem 12.000 cadáveres por dia.

Do ponto de vista esotérico, isto não se aplica ao genocídio que


os nazistas fizeram, a cremação é símbolo de sublimação, em
que se destroem o eu inferior para que surja o eu superior,
sublimação pelo espírito.

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Outros preferem o embalsamamento e os egípcios foram
famosos pela sua técnica na conservação de suas múmias.

Há cerca de uma década, um anatomista alemão Gunther


Dagens inventou uma técnica, que ele chama de plastinação,
que seria uma espécie de mumificação por processos químicos
em que ele expõe os corpos sem a pele mostrando a anatomia
dos ossos, músculos, vasos etc. Os corpos são apresentados
inteiros ou fatiados. Estas preparações anatômicas que
deveriam interessar somente aos anatomistas estão em
exposições pagas em todo o mundo, e pessoas comuns a estão
assistindo horrorizadas, mas por uma curiosidade mórbida,
formam-se filas para verem o espetáculo cadavérico.

É costume em muitas faculdades de medicina, todos os anos os


alunos que estudam anatomia e dependem da dissecação de
cadáveres para aprenderem sobre o corpo humano,
mandarem rezar em um determinado dia do ano, a “missa do
cadáver” contando com a presença dos alunos católicos, em
agradecimento às almas daqueles pobres indigentes, cujos
corpos conservados em formol estão servindo
involuntariamente á ciência médica nos necrotérios das
faculdades de medicina.

Alguns milionários equivocados optam pela congelação na


hora do óbito, esperando algum dia através dos avanços da
ciência, possam ser descongelados e ressuscitados.

Convém lembrar os cadáveres insepultos que são


abandonados nos campos de batalhas, palcos das famigeradas

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guerras, mas a maioria dos cadáveres, segundo um costume
pré-histórico é enterrada no interior da própria terra, em
sepulturas as quais tem vários nomes, a saber, cova, campa,
carneiro, catacumba, cafofo, jazigo, sepulcro, tumba, túmulo,
última morada etc.

Os defuntos de famílias mais abastadas são depositados em


câmaras mortuárias em mausoléus ou em ricos túmulos. De
passagem ressaltem-se as suntuosas criptas onde jazem faraós,
reis, papas, milionários etc.

As pompas funerais mais comuns são as que seguem tradição


dos povos mais simples, dos pobres e humildes acompanhadas
por um séqüito geralmente pequeno e uma cova rasa os espera
onde serão inumados,

Mas nada disso tem a ver com o transcorrer do tranqüilo e


perene fenômeno vida/morte propriedade exclusiva da
natureza e de Deus.

Todos voltarão ao pó, pobres e ricos, fracos e poderosos, reis e


plebeus.

Em fim o cadáver é um resíduo carnal podre de uma vida que


deixou de existir que a sociedade tem que dar um destino, e o
faz segundo a cultura, costume, religião de cada povo, pois o
cadáver não poderá ser simplesmente colocado num saco de
lixo e levado aos depósitos como um detrito comum. Seria um
ato desumano se assim acontecesse.

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O cadáver no Brasil, baseado nos costumes vindos de Portugal,
onde estas crendices faziam parte de toda a Europa e inclusive
da Ásia, acredita-se em certas superstições e crenças, que
ainda em muitas regiões do país são seguidas á risca,
especialmente pelo povo comum. Recolheu-se algumas destas
pérolas do folclore que vale a pena cita-las.

Segundo a tradição, só devem manipular o corpo os que irão


vesti-lo, que são as pessoas que entendem deste trabalho.
Devem orar antes de vestir a roupa

no falecido.

Se o cadáver ficar logo enrijecido, acredita-se que ninguém na


casa morrerá brevemente. Se ficar flácido estará prenunciando
que alguém da família lhe fará companhia em breve.

O corpo não era antigamente enterrado com objetos de ouro,


nem mesmo com os dentes obturados a ouro, os quais deviam
ser extraídos para evitar que a alma viesse reclamar a retirada
dos mesmos. Costumava-se retirar até os botões e os alfinetes
dourados das fardas dos militares antes de inumar seus corpos.

No local de guardamento do cadáver, este sempre deverá estar


com os pés voltados para a porta da rua.

Agulhas e alfinetes que tenham servido para fixar a mortalha


devem ir com ele, porque o que tocou o cadáver é dele.

Para a alma do defunto não assombrar a casa onde morava, é


costume beijar a sola do sapato, a qual deve estar bem limpa,

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livre de qualquer poeira ou areia, porque se assim não for, sua
alma poderá voltar atraída pelas recordações familiares.

Quando alguém morre afogado e ainda não se achou o corpo,


costuma-se colocar em cima de um pedaço de cortiça ou até
sobre um prato, uma vela acesa, aonde ela parar ali´se
encontrará o cadáver.

Entretanto, o cadáver apesar de ser uma matéria inanimada


macroscopicamente, e ter uma profunda simbologia entre
povos, religiões, e sociedades iniciáticas, ele é em sua
decomposição microscopicamente um universo de vida de
bactérias que vivem em função desta putrefação.

A Maçonaria em um dos segmentos de sua filosofia estuda a


morte e seus mistérios e por isso o simbolismo dos cadáveres
tem um valor muito grande em suas alegorias, lendas e
mensagens que são transmitidas aos maçons.

Na Maçonaria, quando do passamento de um seus membros,


realiza-se uma sessão fúnebre ritualística, decorridos certo
número de dias que varia de rito para rito, em homenagem ao
Irmão que foi habitar no Oriente Eterno.

Os adeptos da Maçonaria em sua maioria absoluta, não


concebem que enquanto um corpo que se desfaz na sepultura,
tudo tenha termine aí.

Acham que a alma, ou espírito, mente ou personalidade não


seja de origem material, e sim espiritual. Não há razão de ser,
de se desaparecer tudo o que o irmão falecido tenha sido ou
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realizado. Não é possível um Irmão sair da cena da vida desta
forma. Tem que ficar algo dele, além do nome das boas ações
e dos bons exemplos.

Especialmente quando um maçom morre de morte súbita,


algum Irmão que tenha conversado com ele minutos antes, não
consegue admitir esta perda.

Mas o Homem não quer morrer. Ele não admite morrer, ele
quer ser eterno. Muitos poucos querem morrer, alguns
admitem que morrerão, mas a maioria deseja sobreviver. Um
das saídas foi acreditar que haja uma vida após a morte e
também que ele renascerá.

O renascer é a forma que o Homem encontrou e foi obrigado a


conceituá-la, adapta-la e aceita-la em função da falta de
explicação científica para o binômio vida/morte. É a grande
tragédia psicológica do Homem não conseguir penetrar neste
mistério existencial.

O ser humano é complexo, e entre a sua complexidade uma


delas é ser gregário e ter heróis, ícones enfim alguém que possa
servir de paradigma. Qualquer país, povo, sociedade ou
agrupamento humano necessita de um mito para sobreviver e
a Maçonaria não fugiu a esta regra. Existem muitos tipos de
mitos, mas este de morrer para renascer seja talvez o mais
importante da humanidade. Sem desrespeitar, ou colidir com
os demais mitos, onde as semelhanças são grandes, o cadáver
de Hiran na lenda maçônica com sua simbologia tem um papel
importante.

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Interessante que em todos os tempos, nos costumes de todos
os povos existe uma figura arquetípica que tomou entre as
variadas civilizações, os nomes de Jesus, Osíris, Dionísio, Átis,
Adonis, Quetzalcoalt e outros. Todos estes personagens
representam um outro binômio morte/ressurreição. Hiran é o
arquétipo da lenda maçônica do terceiro grau.

Todos estes modelos citados foram, na lenda, homens bons,


reis, sábios, ou homens simples do povo, ou um homem santo,
que se distinguiram pela bondade e pela inteligência e pela
liderança. Mas, justamente por serem assim foram
perseguidos e assassinados pelos invejosos, egoístas e maus. É
a eterna luta do Bem contra o Mal. O Homem é dual.

A lenda de Hiran foi iniciada no início século XVIII, não se sabe


quem foram seus autores, levou muitos anos para se firmar
com o texto atual, e se tornou a base do cerimonial do 3° grau,
em todos os ritos, e ela faz apologia à morte onde o cadáver é
um rico elemento simbólico.

Desde os ornamentos em loja de mestre que são de cor escura,


como os textos do próprio ritual e outros detalhes deste grau,
lembram a todo o momento uma verdade inexorável pela qual
os maçons um dia morrerão fisicamente.

O conceito de renascer na Maçonaria acabou até sendo mais


abrangente que ligado simplesmente à morte física, pois a
Maçonaria transmite em suas mensagens, que seus adeptos
herdarão as qualidades do seu ícone Hiran. Ensina-os em vida,
que morrerão para o vício e renascerão para a virtude, que

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morrerão para o mal e renascerão para o bem. Aliás, esta é a
principal mensagem da lenda de Hiran.

A lenda de Hiran foi montada, até certo ponto em cima de


textos bíblicos, só que o Hiran metalúrgico da Bíblia foi
promovido a Superintendente da obra da construção do
Templo de Salomão.

As lendas antigas a respeito são muito parecidas. Parece que


seus idealizadores mesclaram a tragédia de Osíris-Sól que foi
assassinado por seu irmão Set ou Tifão. Pelo menos muitos
autores citam esta possibilidade. Mas existem outras lendas
que se encaixam perfeitamente na lenda de Hiran.

Como lenda é lenda, não tendo, portanto, o compromisso com


a realidade e ao se transformar em mito, vale pelas mensagens,
exemplos de vida que esparge sobre os adeptos, não se
cogitará, portanto, da veracidade da lenda.

O Hiran da lenda maçônica, mestre de obras do Templo de


Salomão, foi assassinado por três maus construtores que se
colocaram em locais estratégicos no sul, ocidente e oriente por
onde Hiran iria passar e orar. Eles que queriam sem poder, sem
ter o direito de saber dele o segredo da construção, ou um
segredo representado por uma palavra secreta. Hiran não lhes
deu o segredo, por isso foi morto.

Carregaram o cadáver para longe e inumaram-no no Monte


Moriá. Quando Salomão deu pela falta de seu arquiteto enviou
quinze oficiais escolhidos entre as três classes de operários que
trabalhavam no Templo. A procura durou quinze dias.
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Encontraram o local onde ele estava enterrado onde havia um
arbusto, como em outras lendas semelhantes, só que para a
Maçonaria, este passou a ser um ramo de uma arvore de
acácia.

A maneira como desenterraram o cadáver é altamente


simbólica e é o ponto alto da iniciação ao terceiro grau, onde
numa cerimônia ritualística, somente para os iniciados e
iniciandos neste grau, são revelados os chamados cinco pontos
perfeitos da Maçonaria, que na maçonaria primitiva pertencia
ao segundo grau.

Continuando a lenda, Hiran foi por ordem de Salomão


devidamente enterrado com todas as honras que lhe eram
devidas com a seguinte inscrição no túmulo: ”Aqui jaz Hiran,
Grão-Mestre, Arquiteto dos francos maçons”.

Os três assassinos foram julgados e justiçados.

Ainda durante as cerimônias ritualísticas de iniciação ao


terceiro grau em determinado momento, um dos Irmãos
presentes se coloca imóvel dentro de um esquife representado
o cadáver do Mestre Hiran.

No Rito Adonhiramita, no dia da iniciação o neófito é levado a


um cemitério onde ele depositará um buquê de flores sobre
um túmulo qualquer. Se for católico acenderá uma vela, e
orará. Se for de outra religião ele apenas fará uma oração em
intenção àqueles restos que jazem naquele local, ou em
intenção à sua alma, seu espírito de acordo com a crença
religiosa do iniciando.
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Depois de conduzido ao templo, será explicado pelo Venerável
o simbolismo daquela visita ao cemitério durante a
continuidade da ritualística de iniciação, que deverá morrer
para o mundo profano e renascer para a vida maçônica.

Como vimos o cadáver, ou a sua representatividade tem na


Maçonaria uma simbologia bastante rica.

A lenda de Hiran contém as indicativas das maiores realizações


que a Ordem pode oferecer. Ela ensina a adaptação dos
maçons, usando sua inteligência aos diversos tipos de trabalho
e união das forças sociais.

Ensina também a lei terrível, a lei da besta, aquela que diz que
o “iniciado matará o iniciador” onde mostra que todos aqueles
que são ajudados por um irmão poderão um dia voltar-se
contra ele.

Do ponto de vista alegórico apesar de ser perceber nos textos


da lenda algumas discrepâncias, estas fazem parte do acervo
simbólico que só o maçom pode discerni-los e enfim transmite
a mensagem final clara e vibrante:

MORRER PARA RENASCER

REFERÊNCIAS

GROf, Stanislav - O Livro dos Mortos - Mitos – Deuses –


Mistérios Edições Del Prado - Madri - Outubro. 1997

MCKENZIE, John L. Dicionário, Bíblico. Edições Paulinas – São


Paulo 1984
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SPOLADORE, Hercule, O Homem, o Maçom e a Ordem. Editora
“A Trolha” Ltda – Londrina – Outubro 2005

RITUAIS DO 3°GRAU

DELTA LAROUSSE

COLEÇÃO: MITO, HOMEM E MAGIA – Editora Três – São Paulo.

CAGLIOSTRO, OU JOSÉ BÁLSAMO –


MAÇONARIA MÁGICA

Ir∴ Hercule Spoladore

José Bálsamo (Giuseppe Giovani Battista Vicenzo Pietro


Antônio Balsamo) teria nascido em Palermo em 02/071743 e
falecido em 26/08/1795. Foi casado com Lorenza Feliciani,
conhecida por Serafina. O Dr. Lalande sob o nome fictício do
escritor Marc Haven, seu mais eminente biógrafo provou que
nunca alguém apresentou uma demonstração concreta da
identidade de Cagliostro com José Bálsamo. Ainda persiste a
dúvida sobre quem foi realmente este personagem. Mago?
Alquimista? Embusteiro, charlatão ou Benfeitor da

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humanidade, um aventureiro? Hipnotizador? Evidentemente
teria sido um paranormal, pois praticava curas. Alegava ter
poderes sobrenaturais e falar diretamente com Deus. Foi
maçom a seu modo, mas foi. Foi mais uma das figuras
controversas do século XVIII, ao lado de outras.

Tantas situações lhe são atribuídas que se torna difícil saber o


que é verdade e o que não é.

Cagliostro foi iniciado na Ordem em Londres em 1777.


Frequentou lojas de todos os ritos dos Países Baixos, além da
Alemanha, Polônia e Rússia, onde sempre empregava a magia,
sendo por isso alvo de muito interesse de todos. Ele dizia que
esteve na Grécia, Pérsia, Egito, Rhodes Índia e na Etiópia.

Em Mitau em 1779 ele teria pela primeira vez oficialmente se


utilizado de ritos mágicos. Em Bordéus-França em 1783 onde
residiu por cerca de um ano, onde ficou conhecido como
curandeiro. Possivelmente tinha a capacidade mental de curar.
Em 20/10/1784 foi para Lyon já conhecido como grande mestre
da maçonaria. Os problemas da teurgia (magia negra) eram do
conhecimento de um grupo de maçons que enveredaram para
este caminho, pois a Maçonaria Tradicional seguia outra
tendência ainda sem se solidificar neste confuso século XVIII.
Entre os aficionados da Magia estavam Martinez de Pasqualy,
Mesmer, Saint Germain, Swendeborg e outros.

O século XVIII conhecido como o século das luzes, foi um século


maravilhoso, pois o Homem começou a pensar e se libertar dos
grilhões que até então a Igreja Católica impunha. Para a história

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do mundo foi um século importante por causa das experiências
realizadas em todos os setores da sociedade e especialmente
na França esta liberdade foi levada à extremos. Verdadeiro
cadinho de ensaios e experiências em todos os setores. As
coisas más, desconhecidas, mas agora conhecidas, pois foram
esclarecidas com os recursos da época, foram eliminadas e
prevaleceu o bom senso da liberdade de pensamento.

Cagliostro fundou uma loja em Lyon com nome de “Sabedoria


Triunfante” onde se praticava a magia e assim as curas,
revelações, aparições, materializações e precognições
começaram a aparecer. Não se pode chamar isso de
Maçonaria, mas naquele século tudo foi possível. A própria
Maçonaria ainda não tinha uma linha própria filosófica e
rituaçistica a seguir. Foi um período confuso, especialmente na
França, onde foram criados um grande números de ritos e
graus superiores.

Ele teria também participado da criação do Rito de Misraim.

José Balsamo, o Cagliostro se interessou na Ordem por uma


vertente da Maçonaria que ele chamou de Maçonaria Egípcia,
pois ele acreditava que a Maçonaria teria tido seu inicio no
Egito. Fundou um templo a “Loja Mãe do Rito Egípcio” do qual
se intitulou o Grande Copta. Foi escrito por ele um ritual
especial para este rito. Ele mencionava a exposição única e
pura da doutrina maçônica como ele assim a entendia.

Seu rito era dividido em três que graus que consistiam em


operações mágicas em cujas sessões utilizava como sensíveis

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ou sensitivos, rapazes (pupilos) e moças (pombas)
considerados de perfeita e pura inocência. Este rito tinha como
finalidade fazer com que o homem pudesse ter a sua entrada
no Templo de Deus. A iniciação neste rito pretendia ou tinha
como meta levar o homem considerado como um decaído e
degenerado a reconquistar sua dignidade perdida. E a
regeneração tinha que ser moral e física. O homem era
considerado regenerado quando ele possuísse a alma sã num
corpo sadio e assim Deus consagraria este ser a ser Eleito.

Em 27/01/1785 ele fixou sua residência em Paris, que na época


estava acontecendo uma Assembleia maçônica do rito dos
“Filaletos” (1). Ele foi convidado pela Loja “Amigos Reunidos”
onde ele teria apelado para todas as nações, e a todos os ritos
que sugerindo um esclarecimento sobre os pontos mais
importantes da doutrina, maçônica tais como sua origem, e a
situação histórica da Ordem e também o estado atual da
Maçonaria nesta época.

Cagliostro se apresentou após ter sido convidado pela


Assembleia onde procurou expor seus pontos de vista, bem
como suas teorias sobre a Maçonaria Egípcia. Suas ideias foram
mal recebidas, e por isso ele rompeu com os Filaletos.

No dia 30/04/1785 escreveu aos filaletos:

“Dizeis que buscais a verdade e eu vo-la apresentei e vós a


desprezastes...Visto que não tendes fé nas promessas do
Grande Deus e de seu ministro sobre a Terra eu vos abandono
a vós mesmos, e em verdade eu vos digo: minha missão já não

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é a de instruir-vos. Desgraçados Filaletos semeais em vão e não
colhereis senão joio”

“A partir de então Cagliostro só se ocupou do seu rito,


reservando seus ensinamentos para as lojas egípcias,
desinteressando da maçonaria e não escondendo a pouca
estima que lhe votava”.

Quando morou em Napoli, teria sido expulso da cidade porque


teria montado um casino que enganava os incautos.

Cagliostro estaria implicado no famoso caso do colar da Rainha


Maria Antonieta em quando dois famosos joalheiros franceses
enviaram um riquíssimo colar de diamantes ao Príncipe Cardeal
de Rohan, também envolvido no escândalo, o que motivou sua
reclusão de Cagliostro na Bastilha e posteriormente foi expulso
da França.

Cagliostro por suas atividades ficou sob a mira da Inquisição


acusado de heresia e bruxaria. Foi preso e condenado á morte,
mas ficou preso no Castelo de São Leo (Leão de Vitebino) aonde
veio a falecer em 26/08/1795.

Rito dos Filaletos ou Filaletes. Este rito fundado em 1773 de 12


graus contribuiu muito para com a Ordem porque deixou
marcas em muitos outros ritos. Filaletes significa Amigos da
Verdade ou Investigadores da Verdade. Era, portanto um
embrião das futuras lojas de pesquisas. Hoje nos Estados
Unidos existe uma Loja de Pesquisas com nome de “Filaletes”
Ela foi fundado por Salvalette de Langes e o rito teve origem a
partir da Loja “Amigos Reunidos”. O rito Filaletes tinha com
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fonte a Maçonaria Ocultista. Esta Loja convocou em 1785 uma
Convenção em Paris com a finalidade de desfazer dúvidas e
divergências, e esclarecer e os verdadeiros objetivos da
Maçonaria, pois a Maçonaria estava totalmente anárquica
nesta época. Cagliostro esteve presente nesta Assembleia e aí
discordou de tudo, rompendo com este grupo.

REFERÊNCIAS

CARVALHO, Francisco de Assis “Ritos e Rituais” Volume 3.


Editora “A Trolha” Londrina,1993

NAUDON, Paul “A Maçonaria’. Edipe – Artes Gráficas –


Difusão Europeia do Livro São Paulo, 1968

Consultas: Google

AÇÃO INTEGRALISTA BRASILEIRA, O


COMUNISMO E A MAÇONARIA
PARANAENSE NA DÉCADA DE 30
(1930)
Ir∴ Hercule Spoladore

Dando enfoque à História do Brasil no final da década de 1920


e quase toda a década de 1930, vale a pena rememorar alguns
fatos. Fazendo frente a tradicional dobradinha São Paulo -
Minas Gerais (café com leite) Getúlio Vargas então presidente
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do Rio Grande do Sul, é lançado candidato a presidente da
República e perde para Júlio Prestes (maçom) de São Paulo.

A situação brasileira nesta época era crítica. As elites não se


entendiam e o povo estava insatisfeito. Para aumentar a
tensão João Pessoa candidato à vice-presidente na chapa de
Getulio Vargas é assassinado em Recife em 26/07/1930.

Eclode uma revolução no Rio Grande do Sul, Minas Gerais e nos


estados do Nordeste.

Em 03/10/1930, Getulio Vargas entra vitorioso no Rio de


Janeiro. Júlio Prestes não toma posse. Washington Luiz
(maçom) então presidente do Brasil entrega o poder e parte
para o exílio. Uma junta militar governa o país. Em 03/11/1930
Getúlio assume como presidente provisório.

No campo internacional, o comunismo soviético exporta


revolução para todo o mundo e como não poderia deixar de
ser, a América do Sul e em especial o Brasil era um dos seus
alvos preferidos.

Os Estados Unidos estava mais ou menos quieto aguardando


os acontecimentos, mas estava atento.

Os sociais nacionalistas de Hitler e os fascistas de Mussolini,


constituídos por ultra-direitistas traçando planos para dominar
o mundo.

Esta situação mundial refletia-se também no Brasil, com o


mundo às vésperas de uma nova guerra mundial, e o Brasil às

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vésperas de uma ditadura.O tempo se encarregaria de provar
que Getúlio tinha uma exagerada devoção pelo poder.

E a juventude brasileira e a Maçonaria como se colocaram


nesta situação?

Em 1932 funda-se no Brasil a Ação Integralista Brasileira pelo


escritor Plínio Salgado, inspirada no social nacionalismo
alemão e fascismo italiano. Já iniciam afirmando que
combaterão até a morte o judaísmo, a Maçonaria, alem de seu
principal inimigo o comunismo.

Em 1933 foi construido na Alemanha o primeiro campo de


concentração (konzentrationslager), prelúdio dos campos de
extermínios de milhões de judeus.

Ainda neste ano Getúlio convocou uma Assembléia


Constituinte e promulgou uma Constituição em 1934, na qual
o primeiro artigo “elegia” o próprio até 03/05/1938 como
presidente do Brasil.

Em 1935 os comunistas brasileiros com ajuda da União


Soviética tentaram levar a efeito uma revolução conhecida
como a Intentona Comunista, porem foram totalmente
destroçados. Seu líder brasileiro Luiz Carlos Prestes ficou preso
durante mais de dez anos em uma cela triangular em condições
subumanas.

Como Getúlio Vargas não queria deixar de ser presidente, pois


se sentia ameaçado por forças contrárias, quer inimigos
políticos, pelos comunistas e pelos integralistas que
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aumentavam dia a dia, seu alto escalão inventou um
documento, forjado é lógico, o famoso Plano Cohen onde se
propalava uma revolução comunista para a tomada de poder.

Aproveitou a ocasião e fundou o Estado Novo.

Os comunistas soviéticos menosprezaram o Brasil, orientaram


mal Prestes, e colocaram em ação agentes do segundo escalão.
Esta teria sido uma das causas pelas qual a Intentona não deu
certo. Mas segundo alguns autores, o Serviço Secreto Inglês,
avisou Vargas muitos meses antes dos eventos.

Getulio Vargas ao dar o golpe para a criação do Estado Novo,


baseou-se para impor uma nova constituição na “Carta da
Polônia” mais conhecida como Polaca. Este instrumento dava
ao presidente poderes ditatoriais. Garantiu a Vargas suspender
a atividade parlamentar, o federalismo, vincular sindicatos,
aposentar funcionários e através da ação brutal, torturas e
prisões e contando com uma Policia chefiada pelo famigerado
Felinto Muller, cuidar de não deixar haver oposição ao
governo. Em 10/11/1937 foi fechado o Congresso. Com relação
à estrutura dos sindicatos, a Constituição de 1937 foi na
realidade uma copia da “Carta del Lavoro” totalmente fascista.
Ainda assim existem historiadores que consideravam uma
ditadura branda.

Agora estava como Getulio Vargas queria. Graças ao apoio da


classe média, classes produtoras, a indústria que queria
produzir, todos no país queriam ordem e trabalhar e até os
integralistas aceitaram o golpe com certa simpatia. Ledo

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engano. Ele então pode governar sem a participação dos
partidos políticos. Tornou-se um ditador como tantos que
existiram no mundo e ainda existem.

E a Maçonaria como ficou nesta situação? Ela que é democrata,


liberal. Ficou bem quieta. Pasmem!

A Ação Integralista Brasileira foi fundada em abril de 1933


como partido político. Já em 1932 o seu embrião chamava-se
Sociedade de Estudos Políticos. Ostentava por símbolo sobre a
camisa a letra grega sigma, sinal matemático da soma ou
produto integral, adotava o lema “Deus Pátria e Família”. A
religião cristã adotada era a católica, organização
corporativista do Estado, ordem familiar patriarcal.

Propugnava um estado integral que controlasse e dirigisse


todas as atividades da nação brasileira, movia guerra declarada
ao comunismo e à democracia liberal.

Nutria especial ódio aos judeus e à Maçonaria.

Possivelmente por causa da herança que o maldito livro “Os


Protocolos dos Sábios do Sion” causou. Esta literatura
vinculava a Maçonaria ao judaísmo internacional. Logicamente
de forma equivocada. A Maçonaria nada tem a ver com os
judeus ou ao comércio internacional controlado pelos mesmos.
Apenas ela usa bem como todas as religiões cristãs assim o
fazem, termos constantes da Bíblia. É claro que a Maçonaria
admira o povo judeu, como admira outros povos que o
mereçam. Existem muitos maçons judeus que são
considerados Irmãos desde que iniciados regularmente.
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As atividades integralistas foram de tal monta que começaram
a ameaçar o poder do ditador Getúlio, contribuindo para que
ele lançasse um novo golpe onde se suprimisse as atividades
políticas e públicas. Entre os simpatizantes dos integralistas e
membros do partido chegou ao número de um milhão e
quinhentos. Diga-se: pessoas inteligentes

Os dizeres do juramento integralista eram “Em nome de Deus


e pela nossa Pátria e nossa Família e pela nossa honra, juramos
dar a nossa vida se necessário pela revolução integralista
brasileira, amar respeitar e defender nosso chefe nacional,
fazer respeitar e defender as bandeiras nacional e integralista,
símbolos da Pátria Gloriosa e da ideia, juramos fidelidade
absoluta e sem exames aos chefes”.

Gustavo Barroso, grande inimigo da Maçonaria em sua obra


“Integralismo em marcha” assim escreve: “Temos, portanto de
cumprir o que reputamos nosso dever, aplicando o remédio
quer o doente queira ou não. Não importa sua vontade e ainda
menos a oposição que nos faça. O que importa é obter força
para impor nossa medicina. Isto não quer dizer que não
apliquemos a força quando for preciso. Aplicá-la-emos”.

O Integralismo movimento confuso enganou a muitos


brasileiros especialmente da classe média, alguns intelectuais,
políticos e entre eles vários governadores de Estados, além de
muitos militares de alta patente.

Ele se propunha a combater o comunismo internacional,


escudava-se num nacionalismo simpático a muitos brasileiros

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chegando ao ponto de ser xenófobo. Falava em Deus Pátria e
Família. Ora, na confusão em que estava o mundo naquela
época, estes motivos foram aceitos com simpatia.

Só que na realidade os princípios de sua doutrina eram piores


que o próprio comunismo.

Se o Integralismo se instalasse no Brasil a exemplo do que


aconteceu na Alemanha com o seu social nacionalismo onde
nos campos de extermínios como Dachau,Treblinka, Solibor e
Bergen-Belsen, Auschwitz, os judeus, muitos políticos
opositores, maçons e pessoas que não concordavam com estas
monstruosidades também foram sacrificados, seguramente
teria aqui no Brasil aqui a forma crioula de extermínio, com
afogamentos, estupros, e a antiga degola usada em várias
revoluções sulinas, além das execuções sumárias a tiro.

Pelo regime de 1934 instalado pelo Getúlio Vargas a Ação


Integralista Brasileira foi o único partido político reconhecido
como legal, pois havia sido recusada a permissão ao Partido
Comunista. Acresça-se que nesta época Getúlio Vargas nutria
uma certa simpatia ainda que à distância aos ditadores Hitler e
Mussolini.

A existência legal tornou o Integralismo forte. A guisa de


combater o comunismo e a democracia liberal, criaram milícias
uniformizadas. Organizaram vários desfiles onde os chamados
“camisas-verdes” desfilaram, sendo realizado o primeiro
desfile em 23/04/1933. A bandeira símbolo era um retângulo
azul que tinha no centro um sígma negro sobre um círculo

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branco. Em 01/11/1937 cerca de cinqüenta mil integralistas
desfilaram pelas ruas do Rio de Janeiro,

Tinham uma hierarquia onde uma série de órgãos comandava


seus adeptos, a saber: secretarias nacionais, Conselho
Supremo, Câmara dos Quarenta, Câmara dos Quatrocentos.
Tinham um mando forte e despótico.

Todavia após o golpe de 1937 dado por Getúlio Vargas, um


Decreto Lei de 02/12/1937 dissolveu todos os partidos
políticos, inclusive o Partido Integralista que tentou sobreviver
através da Associação Brasileira de Cultura, também proibida
pelo Governo. E assim terminou bisonhamente o integralismo
no país, mas ficaram seus adeptos.

Em 11/05/1938 os integralistas tentaram um golpe de Estado


armado cercando o Palácio da Guanabara onde estavam
Getulio e sua Família. Como houve uma hesitação por parte dos
revoltosos que se limitaram apenas atirar nas janelas do
palácio, foram facilmente dominados. Plínio Salgado foi exilado
em Portugal.

COMO REAGIU A MAÇONARIA PARANAENSE

A Loja Maçônica “Perseverança” de Paranaguá, que já havia se


destacado na luta anti-escravagista e Movimento Republicano
também foi a loja paranaense que mais lutou contra o
fantasma integralista.

O Irmão Darío Nogueira dos Santos, professor, poeta um dos


poucos historiadores maçônicos do Paraná fez parte de um
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congresso revolucionário em 1932 quando o Partido
Integralista estava se organizando, representando os operários
de Paranaguá, e aí ouviu Plínio Salgado lançar seu primeiro
manifesto onde ele afirmava “Combateremos a Maçonaria e o
judaísmo”.

O Irmão Darío ficou estarrecido. Em face desta situação


concitou todos os obreiros da Loja “Perseverança” a lutarem
contra este novo inimigo.

Como o Conselho Geral da Ordem do Grande Oriente do Brasil


havia recebido varias consultas de várias partes do país, como
proceder nestes casos, emitiu várias circulares a respeito. A
primeira um tanto ambígua dizia “Às Lojas compete deliberar
sobre a conveniência de conservar ou eliminar se seus
Quadros, os maçons que agem contra os princípios
maçônicos”.

Depois foram mais enfáticos e enviaram outras “O maçom que


ingressar na Ação Integralista Brasileira deve ser eliminado das
Lojas. De sorte que estas enviarão à Grande Secretaria da
Ordem, o nome ou relação dos eliminados. A Grande Secretaria
Geral da Ordem por seu turno enviará às Oficinas da Federação
os seus nomes que deverão ser inscritos em livros negros”.

Entretanto em relação aos comunistas o Grande Oriente do


Brasil, tomou uma atitude que a primeira vista, analisando os
fatos atualmente, pareceu um pouco estranha. Em suas
circulares, salientava que era necessário distinguir entre os
maçons que adotavam o materialismo histórico, a dialética

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marxista, como instrumento ou objeto de estudo e os que
realmente militavam no Partido Comunista, como filiados.
Contra estes é que se pode alegar que poderão subverter o
Estado burguês, subversão esta que será realizada pela
violência. Portanto, somente em relação aos membros do
Partido Comunista é que o ingresso ou permanência é vedado
pela Constituição. E a eliminação prevista deverá efetuar-se
quando o Irmão na preferência às convicções integralistas ou
comunistas deixar dos seus deveres de bom maçom, caso em
que ele abrirá mão da própria Ordem Maçônica.

Todavia se raciocinar dentro da lógica de quem adotar o


materialismo histórico a dialética marxista e o filiado ao Partido
Comunista, não há um divisor de águas, sendo praticamente a
mesma coisa. Há até um termo usado para estas situações
quando a pessoa não quer aparecer leva o apelido de melancia
“Verde por fora, vermelho por dentro” isto para quem se diz
simpático ao marxismo. Uma pessoa nestas condições não
pode ser maçom.

Não adianta argumentar em contrário, pois tanto o


comunismo, como integralismo foram perigosíssimos para a
Maçonaria Brasileira naquela época.

Em 23/07/1935 fundou-se o Partido Integralista do Paraná em


Curitiba o qual logo de início encetou uma violenta campanha
difamatória, contra a Maçonaria, ajudado pela Igreja Católica,
a qual tinha rancores antigos contra a Maçonaria Paranaense
pelos entraves havidos no final do século XIX e início do século
XX quando o anticlericalismo era o foco de uma luta agressiva
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de ambos os lados. Esta situação atual fez com que várias lojas
encerrassem seus trabalhos, ou melhor, dizendo abatessem
colunas, ou suspendessem seus trabalhos provisoriamente. e
trabalhassem na clandestinidade. A Maçonaria paranaense
nesta época diminuiu muito suas atividades no Estado.

Na Loja “Perseverança” de Paranaguá haviam seis Irmãos


integralistas os quais foram eliminados. Impressionante a
prancha enviada a eles pelo Irmão Darío Nogueira dos Santos,
então Venerável da Loja.

“Fazemos votos para que vosso juramento ao Integralismo seja


tão fiel como não o foi o maçônico para que nos momentos da
luta da Ação Integralista Brasileira possais ser fiel ao
integralismo como nos momentos de paz não o foste para com
a Maçonaria”

O Venerável foi ameaçado de morte através de várias cartas


anônimas, ameaças de depredação do Templo, onde os Irmãos
do Quadro ficaram muitas noites em vigília. Ameaças contra
familiares, difamações perseguições etc.

Darío Nogueira dos Santos, homem de letras, redigiu


um opúsculo de seis páginas datado de 25/05/1935 e enviou
ao Grande Oriente do Brasil. Este documento muito bem
redigido mostra nos mínimos detalhes o que vinha a ser o
Integralismo.

Ele enviou uma cópia ao Interventor do Paraná, o Irmão


Manoel Ribas iniciado na Loja “Honra e Verdade” de Santa
Maria Rio, Grande do Sul em 18/04/1914.
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O então Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil General
Moreira Guimarães fez referências sobre este manifesto como
o mais completo documento explicatório a respeito do
Integralismo e suas verdadeiras intenções. No Boletim do
Grande Oriente do Brasil de abril de 1935 foram publicadas as
palavras do Grão-Mestre a respeito.

Neste documento Darío analisa o Integralismo explicando que


o mesmo ora é xenófobo, ora é de cooperação internacional,
mas somente quando se tratar de países fascistas ou nazistas,
cuja finalidade alem de dominar o mundo seria o extermínio
dos judeus.

Não havia dúvidas que o Integralismo se vencesse, chegaria a


uma plutocracia, isto é, o pais governado por homens ricos,
porque seria um governo de elites.

Ainda refere que o Integralismo era contra a liberdade de


consciência e além do mais defendia uma inquisição político
religiosa. Proibia a formação de outros partidos.

Um fato interessante é que a corrente monarquista do Brasil,


os Bragança, apoiava o Integralismo. Em fim, Darío fazia uma
ampla e transparente exposição da confusa doutrina
integralista. Referia que eles “acendiam uma vela a Deus e
outra ao Diabo”. Do ponto de vista prático, pulverizaria as
liberdades.

Até 1937 a doutrina integralista estava de tal maneira


difundida no Brasil que até muitos dos asseclas de Getúlio eram

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integralistas e o seu governo estava minado, inclusive as forças
militares e até generais do alto escalão.

Um pouco antes de Getúlio dar o golpe final nos integralistas


estes espalharam por todo o Brasil que Getúlio havia fechado
as atividades maçônicas em todo o pais, sem que isto tenha
realmente acontecido.

Muitos governos estaduais eram francamente integralistas


aproveitaram a mentira para manter as lojas maçônicas de
portas fechadas.

O Grão Mestre do Grande Oriente do Brasil General Moreira


Guimarães sabendo que o General Newton Cavalcanti estava
pressionando o Presidente para proibir as atividades
maçônicas no pais, apelou para o futuro maçom General
Protásio Vargas, irmão carnal de Getúlio para que ele
interferisse para que a medida não fosse tomada.

Em 06/01/1938 o General Meira Vasconcelos declarou


publicamente que jamais fora dada ordem pelo Presidente
para fechamento da Maçonaria. Esta notícia foi levada ao ar
através da Radio Nacional do Rio de Janeiro, quatro vezes no
mesmo dia.

Caso a medida fosse efetivada por decreto, não se pode prever


quando ela Quando as lojas seriam reabertas. Talvez com um
pouco de sorte somente após a queda do caudilho Getúlio. Mas
aproveitando a mentira outras forças contrárias à Maçonaria
tentaram mantê-la de portas cerradas. Tal foi o caso das Loja
“Cyro Vellozo” de Prudentópolis que encerrou suas atividades
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e nunca mais reabriu. A Loja “Phylantropia Guarapuavana” de
Guarapuava também encerrou suas atividades parcialmente só
reerguendo suas colunas plenamente em 1950.

Algumas lojas fechadas como a “Amor e Caridade II” de Ponta


Grossa,” Fé e Trabalho” de Rio Negro, “Fraternidade
Paranaense” de Curitiba, “Cardoso Júnior” de Curitiba, “Acácia
Paranaense” de Curitiba, “Jacques de Molay” de Cambará,
encerraram suas atividades oficiais por pouco tempo, mais ou
menos até novembro de 1937 e meados de 1938. Algumas lojas
no Brasil ficaram fechadas mais de um ano, e algumas jamais
se reergueram.

Segundo o Irmão Eduardo Garcia Diaz, fundador da Loja


Regeneração 3ª de Londrina, contemporâneo aos fatos, refere
que em 1937 o comandante da 5ª Região Militar sediada em
Curitiba, mandou fechar a Loja “Fraternidade Paranaense”.

O fato levado ao conhecimento do Interventor do


Paraná Manoel Ribas, maçom, este se dirigiu à Praça Zacarias
onde estava situado o templo pegou as chaves, abriu as portas,
assistiu aos trabalhos e em seguida informou ao “Dr. Getúlio”
como ele o chamava em sinal de respeito, o qual afastou
imediatamente o comandante de Curitiba.

Entretanto, não se pode negar que Getúlio, apesar de ditador,


tenha perseguido a Maçonaria. Talvez pelos laços familiares.
Seu pai o General Manoel do Nascimento Vargas, herói da
Guerra do Paraguai e Revolução Federalista de 1893-95 foi
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iniciado na Loja “Vigilância e Fé” de São Borja-RS em
24/06/1876. Seu irmão o General Protásio Vargas foi iniciado
em uma Loja de emergência em 18/09/1942, posterior aos
fatos ora descritos. Outro irmão de Getúlio o Coronel Viriato
Dornelles Vargas foi iniciado na Loja “Brasil” uma loja do Rito
Brasileiro que estava sendo reativado.

Assim com altos e baixos a Maçonaria Brasileira viveu uma fase


bastante agitada na década de 1930. A história do Brasil nesta
fase esteve muito conturbada.

Segundo Kurt Prober a participação das Grandes Lojas


Brasileira foi muito incipiente, pois elas tinham poucos anos de
existência. E o próprio Grande Oriente do Brasil estava
manietado pela ditadura.

Analisando calmamente este período da História do Brasil e da


Ordem têm-se elementos para que cada um tire suas próprias
conclusões. Escapar incólumes do comunismo, integralismo e
de uma ditadura, não foi fácil para a Maçonaria e muito menos
para o povo brasileiro. A Maçonaria Brasileira continua de pé,
atualmente com outros tipos de inimigos, os quais certamente
não a destruirão.

REFERÊNCIAS

JORGE, F. Getúlio Vargas e seu tempo Ed. T.A. Queiroz –


São Paulo, 1985 -´1º vol.

PORBER, K. Achegas para a Historia da Maçonaria Paranaense.


Ed. Príncipes Gráficas e Ed. Ltda. Rio de Janeiro, 1986
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PROBER, K. Coletânea “A Bigorna” Ed. “A Trolha”
Londrina, 1989

PROBER, K. Cadastro Geral das Lojas Maçônicas do Brasil. Ed.


Kurt Prober. Rio de Janeiro, 1975.

SANTOS, D. N. Ação histórica da Aug:.Resp:.Ben:. Loja


Perseverança de . Paranaguá - ( obra não publicada)

Grande Enciclopédia Delta Larousse.

MAÇONARIA ADONHIRAMITA
ALGUNS ESCLARECIMENTOS SOBRE O RITO E OUTROS
COMENTÁRIOS

Ir∴ Hercule Spoladore

A Maçonaria Adorinhamita nasceu na França durante a


segunda metade do século XVIII. Foi praticada lá e em suas
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colônias bem como em Portugal e suas respectivas colônias. Foi
o primeiro rito a entrar no Brasil trazido pelo Grande Oriente
Lusitano. Ele atualmente estava sendo praticado só no Brasil,
aonde vem apresentando um desenvolvimento muito
acentuado, com a criação de inúmeras novas lojas, quer no
GOB, quer na COMAB e agora também na Grande Loja de São
Paulo (GLESP).

Todavia, há alguns anos ele foi reintroduzido em Portugal,


graças aos esforços do então Grão-Mestre do GOB-Pará, Irmão
Waldemar Coelho que é um dos grandes incentivadores para
que o Rito cresça em todo o mundo o qual enaltece também os
esforços dos maçons adonhiramitas do Pará e o Rio de Janeiro
que muito trabalharam para que o Rito voltasse a Portugal. O
então Grão-Mestre da Grande Loja Maçônica Regular de
Portugal, o Irmão Mario Martin Guia decretou finalmente a
criação da primeira Loja Adorinhamita no pais, pelo menos
nesta nova fase do Rito, e que levou o nome de Loja Regular
“José Estevão”. Evidentemente a primeira Loja do Rito
Adorinhamita em Portugal foi fundada no século XVIII.

De início se torna necessário esclarecer e explicar um erro


histórico sobre a fundação deste Rito.

Não foi o maçom Barão de Tschoudy (Louis Theodore) político


de origem suíça nascido em 1720 e falecido em 1769 aos
quarenta e nove anos de idade quem fundou o Rito. O Rito em
realidade foi fundado por Louis Guillerman Saint-Victor que

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escreveu um livro “Compilação Preciosa da Maçonaria
Adonhiramita” (Recueil Précieux de la Maçonnerie
Adorinhamite) onde ele descreveu e incluiu os quatro
primeiros graus e publicou em 1781. Em 1785 ele escreveu um
segundo livro descrevendo mais oito graus, perfazendo doze
Era então, conhecido o Rito como a Maçonaria dos 12 graus.

O grande culpado deste imbróglio do falso fundador do Rito foi


um escritor francês, maçom, de nome Jean Baptiste Marie
Ragon de Bettignies (1781- 1862), mais conhecido por Ragon,
que ao que parece tinha boa cultura maçônica. Escreveu vários
livros sobre a Ordem, porem ao escrever não era criterioso e
nada mais do que um leviano que inventava situações a seu bel
prazer. E em um dos seus livros “Ortodoxia Maçônica”
(Orthodoxie Maçonnique) ele afirmou que o Barão de
Tschoudy era o fundador do Rito Adorinhamita e também ele
“criaria” o 13º grau do Rito. Entre as suas várias balelas existe
mais uma, ao afirmar que Elias Ashomole teria sido o primeiro
compilador dos rituais dos graus 1, 2 e 3, quando na realidade
Aschmole jamais compilou qualquer ritual. Aschmole quando
foi iniciado em 08/10/1646, nesta época não tinha ainda sido
organizado o catecismo (ritual) do grau 2, o qual foi criado em
1670 (manuscrito Sloan, 3 -1696), e muito menos o 3º grau
criado em 1725 e incorporado na ritualística em 1738.

Desta forma, inventando, ele atribuiu a paternidade do Rito


Adonhiramita ao Barão de Tshoudy. Só que em 1871 Tschoudy
havia falecido 12 anos antes. Logo, ele jamais poderia ter
fundado o Rito Adorinhamita.

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Loja de Pesquisas Maçônicas
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Após 1785 Guillerman Saint-Victor escreveu e publicou a
tradução de um trabalho alemão a respeito do Grau Noachita
ou Cavaleiro Prussiano, de autoria do alemão M. de Beraye e
este artigo apareceu publicado no Journal de Trévoux.

Ragon e Thory se intrometeram, sem nenhuma razão especial


interpretaram a publicação como sendo mais um grau, o 13º
grau, embora Saint Victor houvesse publicado a tradução por
mera curiosidade sem intenção de criar mais um grau. Esta
tradução era um grau alemão que nada tinha a ver com os 12
graus já estabelecidos do Rito. Ragon inseriu o novo grau na
parte final da segunda parte do trabalho de Saint Victor e o 13º
grau acabou sendo incluído no Rito. Também, seria o 13º grau
segundo alguns autores, uma homenagem a Frederico II da
Prússia, maçom e que foi benfeitor da Ordem numa época em
que ela se achava em progresso, mas muito perseguida.

Fica assim esclarecido este erro histórico causado por um


escritor maçom até certo ponto inescrupuloso e que apesar de
escrever bem e ser culto não media as consequências do que
escrevia. Ele terminou desacreditado no final do século XX. Ele
era ainda muito citado em trabalhos até há cerca de 30 a 40
anos atrás, por escritores maçons brasileiros e estrangeiros,
que não conheciam a verdade sobre o famoso Ragon. Ainda
existem irmãos atualmente no Brasil que afirmam ter sido o
Barão de Tschoudy o fundador do Rito Adorinhamita bem
como citam Ragon como referência bibliográfica em seus
trabalhos, que costumeiramente ainda se lê nas revistas, ou
livros maçônicos.

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Existe um Rito da “Estrela Flamejante” (L’etoile Flamboyant)
fundado em 1766, portanto três anos antes desenlace do Barão
e que foi realmente fundado por ele. Era um rito composto de
15 graus. Tschoudy era um maçom ativo e honesto. Ele não tem
culpa se Ragon o colocou como fundador da Maçonaria
Adorinhamita. Quiseram imputar a fundação de outro rito à
Tschoudy, ou seja, o Rito de Tschoudy Reformado de seis graus.
Mas, igualmente quando fundaram este Rito o Tshoudy já tido
partido para o Oriente Eterno já há alguns anos. Tshoudy era
particularmente contra os Altos Graus. Ele também pertenceu
ao Conselho dos Imperadores do Oriente e do Ocidente, que
foram os criadores do Rito de Heredon de vinte e cinco graus.
Aliás, este Rito foi a fonte, foi a raiz dos demais ritos que hoje
conhecemos pertencentes à vertente francesa, inclusive o Rito
Adorinhamita.

Com relação à história da criação do Rito Adorinhamita em si


tudo começou em 1743 quando um escritor profano
compositor musical escrevendo vários livros cerca de dez,
sobre música, teatro, pertencente à Academia Real de Música
da França de nome Louis Travenol, usando o pseudônimo de
Leornard Gabanon escreveu um livro contra a Maçonaria
intitulado de “Catecismo dos Francos Maçons” (Cathécisme de
Francs Maçons) onde descreveu uma série de fantasias e
mentiras, porem com algumas informações corretas que
coincidiam com a maçonaria praticada na época, além da
descrição do 3º grau completo como era praticado. E ele coloca
em cena o nome de Adonhiram que até então não existia na

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lenda a qual apesar de ser nova, criada há poucos anos só se
conhecia o personagem Hiram Abif.

Em 1742, o Abade Gabriel Luiz Calabre Perau escreveu um livro


“A Ordem Maçônica Traída e seus segredos revelados” (L’Ordre
des Francs Maçons Trahi et leur secrete revélé) publicado em
1745 em Genebra que era confundido com a obra de Travenol.
Ambos os livros mencionam Adonhiram, mas a obra de Perau
era mais uma descrição de canções e hinos cantados durante
as sessões maçônicas, enquanto que Travenol descreveu o 3º
grau e sua lenda como eram conhecidos na época, mas
colocando em evidência o personagem bíblico Adonhiram. A
obra de Perau é aqui citada porque muitos historiadores
confundiram o titulo com a obra de Travenol. Perau se propôs
apenas revelar os segredos da Maçonaria, mas não denegrir a
Ordem a exemplo de muitos escritores da época faziam, aliás,
como o próprio Travenol.

Em 1744 Travenol lança outro livro “Compêndio da História de


Adonhiram Arquiteto do Templo de Salomão” (Abrége de
L’histoire D’Adoniram, Architecte du Temple de Salomon) onde
ele disseminou de vez a confusão entre Adonhiram com Hiram
Abif. A partir dai os ritualistas maçônicos dividiram as opiniões
pois para alguns seriam os mesmos personagens da lenda,
enquanto para outros se tratava de personagens diferentes.
Interessante como os maçons davam importância para a obra
de um profano. E acresça-se que era um profano escrevendo
contra a Ordem. Parece que eles próprios não tinham
segurança na redação dos seus rituais e suas lendas.

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Aproveitavam o conteúdo dos livros escritos por profanos
como fonte de referência, pelo menos naqueles conceitos e
história que se podia aproveitar deixando de lado as mentiras,
invenções e ficções.

Mas as obras de Travenol de qualquer forma influenciaram o


inicio da Maçonaria Adonhiramita. Mas não foi o único autor a
escrever livros que influenciaram a própria Maçonaria. Muitos
anos antes em 1730 Samuel Prichard fez o mesmo, publicou
todos os segredos da Maçonaria inglesa até aquela data. E esta
obra é estudada até hoje pelos cientistas maçônicos da Loja
Quatuor Coronati, nº 2076 de Londres. Por ironia trouxe muita
informação correta necessária para Maçonaria de hoje.

Mas quanto Adonhiram alguns ritualistas da época mantinham


uma situação dualista, mas não concordavam quanto à função
de cada um dos personagens na construção do templo de
Salomão. Um era hebreu, o outro era fenício. Interessante, que
tudo começou a partir de um livro escrito contra a Ordem,
nascendo daí o embrião de um movimento maçônico que logo
mais se tornaria a Maçonaria Adonhiramita.

Em 1747, o livro Catecismo dos Francos Maçons (Cathecisme


des Francs Maçons) foi reeditado, voltando a enfatizar o
personagem Adonhiram.

Ainda em 1749 Travenol publicou “Novo Catecismo dos


Francos Maçons” (Nouveau Cathecisme des Francs Maçons)
onde ele publica práticas ritualísticas dos Modernos, que
constituem uma referência sobre o Rito Francês.

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Um grupo de maçons ritualistas sustentava que Adonhiram
tinha sido um subalterno, um mero arrecadador de impostos
ao passo que o outro grupo achava que ele seria o verdadeiro
personagem da lenda do 3º grau. Desta forma nasceu a
Maçonaria Adonhiramita defendida pelo grupo de Guillerman
cuja lenda seria diferente da Maçonaria Hiramita com relação
ao principal protagonista da mesma, mas que no fim os
atributos e finalidade dos personagens eram os mesmos.
Ambas as correntes tinham a mesma meta, onde existia muita
convergência na redação das lendas, levando-se em conta que
se assemelham muito, pois ambas tratavam da construção do
templo de Salomão e seu provável construtor.

Evocando os landmarques que afirmam a exigência da lenda do


3º grau baseada em Hiram Abif estes foram contrariados
quanto a um dos personagens principais defendido pelos
maçons adonhiramitas. Mas e daí? Por acaso a Maçonaria
Adorinhamita também não cultua Adonhiram um personagem
bíblico com as mesmas características simbólicas do Hiram Abif
também bíblico? E outra pergunta considerada lógica e
coerente: tanto um como o outro tinham qualificações para ser
o mestre de obras, o construtor mór do templo de Salomão?
Não tinham porque o Hiram, o fenício era trabalhava com
bronze, que hoje o chamaríamos de metalúrgico. Era um
artífice em fundição de bronze. O que ele entendia de
construção para ser a principal figura da edificação do templo?
E o outro, o hebreu o Adonhiram era administrador e coletor
de impostos ou como a Bíblia afirma em outro local, um
preposto às corvéias, por ocasião do Templo de Jerusalém.
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Para esclarecer o que é corvéia era o trabalho gratuito que no
tempo do feudalismo, o camponês era obrigado a prestar
serviços ao senhor ou ao estado. Trabalho escravo, portanto.
Também não teria também qualificação para ser o mestre de
obras do suntuoso e famoso templo. E a própria Bíblia causa as
confusões, pois ela é repleta de contradições gritantes. Existem
vários Hirans Hirão e mais de um Adonhiram, Adoniram
Adoram ou nomes parecidos. Mas este detalhe não altera o
arcabouço geral da lenda do 3º grau feita por maçons. Por
quê? Porque a principal função da lenda não é a de ficar-se
discutindo confusos personagens bíblicos. E ainda tem que se
considerar que tanto a Maçonaria Hiramita como a
Adonhiramita promoveram, isto na lenda do 3º grau um
personagem secundário para ser o arquiteto ou construtor ou
superintendente do Templo. Isto seria impossível e improvável
atualmente. Tanto Hiram Abif como Adonhiram não teriam
capacitação técnica para ser o construtor do templo de
Salomão. Mas lenda é lenda e daí? Lenda é lenda, é fácil
fabricar uma. A lenda de Hiram ou Adonhiram não fugiu a
regra.

Ainda levando-se em conta o que é uma lenda que segundo os


dicionários é “uma narração escrita ou oral de caráter
maravilhoso, relatando fatos históricos antigos na qual estes
são deformados pela imaginação popular ou pela imaginação
poética” (Aurélio). Logo, uma lenda pode ser alterada, antes de
tomar o a redação final, pois ela contem fatos verdadeiros e
fatos irreais e não tem compromisso com a realidade e nem
com a verdade, mas sim com a mensagem e o recado simbólico
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que ela transmite o exemplo que ela estabelece e impõe a um
grupo ou à sociedade. Ela vale pela mensagem que passa aos
adeptos.

Já o mito tem diversas explicações, mas uma delas seria


complementando o conceito de lenda que seria uma imagem
simplificada de pessoa ou de um acontecimento, não raro
ilusório elaborado ou aceito pelos grupos humanos e que
representa papel significativo de comportamento. Seria o
produto final, o herói da lenda. Todo povo, nação, grupo de
homens, religiões, ou a própria Maçonaria precisam de um
mito para sobreviver.

O esplendor da lenda Hiramita ou Adonhiramita não está na


defesa deste ou daquele personagem, já que no caso ambos os
personagens foram emprestados da Bíblia, mas sim na
influência e identidade da lenda com o mito solar. Poucos
autores mencionam este fato. Parece que o mantem oculto. A
lenda do 3º grau é totalmente influenciada pelos cultos solares
da antiguidade, tendo o seu similar mais aproximado na lenda
egípcia de Osíris. Mas destacam-se ainda na lenda do 3º grau
as influências das manifestações religiosas e místicas dos povos
antigos como os sumerianos, dos persas, dos gregos.
Especialmente do mitraismo, que era uma religião pagã, que
adorava o sol e que foi tornada ilegal e o cristianismo oficial
pelo Imperador Teodósio em 391.d.C numa ocasião em que ela
disputava com o cristianismo quase que em igualdade de
condições, qual religião prevaleceria. O cristianismo copiou
muito coisa do mitraismo, dando outros nomes.

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A influência do mito solar vem também inserida nos rituais de
todos os ritos, quando se faz os diálogos entre o Venerável e os
Vigilantes. Na abertura e fechamento ritualísticos das sessões
eles descrevem o nascimento, morte e renascimento do sol
diuturnamente. É uma referência. É a descrição do trajeto
descrito pelo sol, símbolo principal dos antigos e de todas as
religiões naturais antigas. Por isso diz-se que a Luz vem do
Oriente. O Venerável lembra ou representa o sol dos antigos.
Ainda vem a afirmação importante nesta lenda do conceito do
nascer, morrer e renascer, um dos principais ensinamentos do
3º grau. Não se quer atribuir aos rituais maçônicos e nem à
própria Maçonaria que ela seja um produto do mito solar. Mas
sofreu sua influência assim como foi influenciada por tantas
outras culturas e religiões naturais antigas e principalmente da
Bíblia. A lenda do 3º grau sofreu todas estas influências e foi
adaptada para a Maçonaria. Foi uma lenda bem manipulada,
construída para nortear a Ordem em sua caminhada através
dos tempos e que provou estar correta, pois hoje quer a
Maçonaria Adorinhamita, ou a Maçonaria Hiramita tem o seu
herói-símbolo, ou seja, o seu mito, fazendo parte de uma
mesma lenda, ou seja, a lenda do 3º grau.

“Os autores do ritual do 3º grau, ainda desconhecidos


apelaram para todos os recursos de sua imaginação e de uma
erudição tão vasta quanto incoerente, produziram um monstro

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enigmático, cujas pesquisas, as mais conscienciosas não
puderam descobrir sua verdadeira origem - Le Foriestier -

REFRÊNCIAS

CASTELLANI, José Liturgia e Ritualística do Grau de Mestre


Maçom Em todos os Ritos. Editora "A Gazeta Maçônica" São
Paulo, 1987

CARVALHO, Assis Ritos e Rituais – volumes 1,2,3. Editora “A


Trolha” Londrina, 1993

PERAU, Gabriel Louis Calabre - A Ordem Maçônica Traída e


seus Segredos Revelados Tradução de Ataualpha José Garcia
Editora “A Trolha” Londrina, 2001 Original: “L’ordre des Francs
Maçons Trahi, et leur Secret revélé” A L’Orient, Chez G. de
L’lEtoile, entre L’esquerre & le Compass, vis-à vis du Soleil
couchant, 1745”

O RITO ADONHIRAMITA – HISTÓRIA - Publicação feita pelo


Sublime Capitulo Adonhiramita do Brasil – Florianópolis - Santa
Catarina

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A PRANCHETA

Ir∴ Hercule Spoladore

É uma das três joias fixas ou imóveis de uma loja que aparece
no painel simbólico de cada rito. Sabemos que as outras duas
são a Pedra Bruta que corresponde ao aprendiz e a Pedra
Cúbica que corresponde ao companheiro.

A Prancheta é um símbolo que pertence ao Mestre tem


diferentes nomes conforme o Rito, mas trata-se do mesmo
símbolo, com o mesmo significado.

Trata-se de um símbolo que aparece nos painéis dos Ritos


REAA, Rito Brasileiro e Rito Adonhiramita em seus rituais do
primeiro e segundo graus, mesmo sendo um símbolo do
Mestre. No REAA ela tem o nome de Prancheta.

No Rito Adonhiramita no ritual do segundo grau nas instruções


aparece com o nome de Pedra de Riscar, fazendo-se alusões às
três pedras, bruta, cúbica e a de riscar.

No Rito Moderno ou Francês no ritual do terceiro grau em


suas instruções é citada como Pedra de Traçar.

O Rito de Schröder possui em seu Tapete ou seu painel


simbólico, o qual é único para os três graus, a 47ª Proposição
de Euclides que é considerada simbolicamente no Rito como a
Prancheta. Segundo instruções do Rito o Venerável Mestre de

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uma Loja Operativa preparava os planos através da Prancheta
que era usada na Inglaterra antes de 1723 e que segundo os
mentores atuais do Rito era baseada por analogia na famosa
proposição citada. Referências sobre a Prancheta existem nos
rituais dos graus um e três do Rito.

No Rito de Schröder o ritual do terceiro grau o Venerável


pergunta: Onde trabalham os Mestres?

Resposta: Na Prancheta para com a Régua da Verdade, o


Esquadro do Direito e o Compasso da Obrigação executarem
seus projetos.

Simbolicamente na Prancheta, ou Prancha a traçar, os mestres


gravam ou traçam os planos estabelecidos, bem como as lições
para os aprendizes e companheiros. Gravar ou traçar quer dizer
escrever. No Rito de Schröder a Prancheta não traz como no
REAA a chave do alfabeto maçônico.

A Prancheta ou Prancha a traçar, ou seus sinônimos em outros


Ritos aparece no painel simbólico do grau de aprendiz e de
companheiro ao alto onde se observa um retângulo no qual
figuram dois sinais. Em loja, o símbolo deve estar no Oriente
feito de madeira ou outro material em cima de um cavalete ou
adaptado em um local à direita de quem está sentado nas
cadeiras do Oriente. Ele é um retângulo que representa uma
prancha de desenhar, traçar ou gravar na qual, está inserido
dois sinais, uma cruz quádrupla (quatro cruzes latinas cristãs)
constituídas por duas paralelas cruzadas, símbolo do limitado
e também daquilo que homem pode realizar e também uma

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cruz de ângulos opostos pelos vértices símbolo das díadas e
também do infinito. Esta cruz é em forma de X (xis) também é
conhecida como cruz de Santo André. Esta cruz para os maçons
esotéricos simboliza a união a união do mundo superior com o
mundo inferior.

A cruz tem este nome porque segundo a história, Santo André


teria sido supliciado numa cruz com esta forma.

A Prancheta é um símbolo que como tal, significa que os


mestres simbolicamente guiam os aprendizes e companheiros
na sua caminhada, traçando os trajetos a serem percorridos
por estes para que progridam na Maçonaria.

A Prancheta apesar de ser um símbolo do mestre, aparece no


painel simbólico do aprendiz e do companheiro e também
dentro da loja como símbolo no Oriente devendo o aprendiz e
companheiro apenas tomar conhecimento da sua função, ou
seja, simbolicamente saber que são ensinados e instruídos
pelos Mestres através da Prancheta.

Este símbolo também contém a chave do alfabeto maçônico, o


qual todos os maçons deveriam conhecê-lo e usa-lo. A cruz
representada por duas paralelas cruzadas dá as posições das
primeiras dezoito letras e a cruz em X dá a posição das quatro
últimas letras.

Todas as letras do alfabeto maçônico têm a forma de esquadro,


o qual se relaciona com a matéria não sendo visto o círculo que
é o símbolo do espírito, o qual não aparece no alfabeto
maçônico, isto segundo Boucher que afirma que o espírito é
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invisível e desta maneira o maçom se vê convidado a se libertar
da letra para abordar o espírito.

Esta descrição tem valor para o REEA, que emprestou do


Trabalho de Emulação (Emulation Working) que é o nome
correto usado na Inglaterra e não Rito de York como se
costuma erradamente a chamá-lo aqui no Brasil. Não existe
Rito de York na Inglaterra. Existe sim, o Rito de York, mas este
é americano. Os demais ritos simplesmente copiaram o painel
do REAA, o qual copiou do painel do Trabalho de Emulação.

Castellani considera a Prancheta como Tábua de Delinear


(tracing board) e seria para ele no REAA todo o painel do grau
no REAA, igual ao Trabalho de Emulação.

Entretanto, outros autores acham que somente o símbolo


Prancheta constante do painel simbólico e a sua representação
física no oriente seria a Prancheta em si e não Tábua de
Delinear. A tradução de prancheta do inglês para o português
segundo Anatoli Oliynik seria clipboard e não tracing board.

Será descrito a seguir como é a Tábua de Delinear no Trabalho


de Emulação, fazendo-se algumas comparações necessárias
com os demais ritos.

A Tábua de Delinear (Tracing Board) é todo o seu painel com os


símbolos inseridos nele.

Já no REEA no Brasil, algumas potências adotam o painel


simbólico e o alegórico. O painel alegórico do REAA é cópia da
Tábua de Delinear do Trabalho de Emulação.
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Todavia, é no painel simbólico do REEA e não no alegórico que
aparece a Prancheta.

O Painel do Trabalho de Emulação que é chamado de Tábua


de Delinear ou tracing board é um todo e não apenas um
símbolo isolado como nos demais ritos onde este é mostrado
como um retângulo onde estão gravadas as já citadas duas
cruzes. A Tábua de Delinear é, portanto, todo o painel no
Trabalho de Emulação.

A Tábua de Delinear dos ingleses serviu de modelo para o REAA


acrescentar como um dos seus símbolos constantes do Painel
do primeiro e segundo graus a Prancheta. Aliás, diga-se de
passagem, que o REEA copiou praticamente toda a Tábua de
Delinear do Emulação com exceção de alguns símbolos que
foram acrescentados e outros retirados, e hoje é conhecido
como painel alegórico no REAA.

Escritores de renome na Maçonaria, não esclareceram bem


este detalhe.

Este assunto ainda não está bem elucidado.

Deixaram os leitores confusos, tratando ambos os símbolos


como se fossem a mesma coisa, ou seja, Prancheta e a Tábua
de Delinear e a realidade não é bem essa. Castellani não deu a
interpretação correta. Ele considerava a Prancheta e a Tábua
de Delinear como a mesma coisa.

Será escolhida a descrição da Tábua de Delinear (Tracing


Board) na linguagem da forma de trabalhar da maçonaria
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inglesa no Trabalho de Emulação em razão de todos os ritos
menos o de Schröder terem copiado e adaptado os primeiros
painéis os quais foram todos oriundos do Trabalho de
Emulação.

Ele mostra simbolicamente todo o interior de uma loja.

A Tábua de Delinear representa a forma de uma loja que é a de


um paralelepípedo com comprimento que vai de leste a oeste
e largura de norte a sul. A altura até os céus. As lojas estão
situadas do oriente para o ocidente.

Aparece o Sol a Lua e as sete estrelas. A forma da Lua neste rito


é a de lua cheia e não quarto crescente como nos demais ritos.
As três grandes colunas que sustentam a loja representam
Salomão, Hiran, rei de Tiro e Hiran Abif, respectivamente
Sabedoria Força e Beleza, sendo as colunas pela ordem Jônica,
Dórica e Coríntia. Estas colunas têm as suas miniaturas
expostas nos Pedestais do 1º Vigilante, a Dórica, e do 2º
Vigilante a Coríntia, fazendo parte da ritualística do grau. No
pedestal do Venerável não há uma coluneta representando a
Sabedoria

O Círculo com um ponto central gravado no móvel que está


suportando o Volume da Lei Sagrada (Bíblia) em cima do qual
está representada a Escada de Jacó, a qual tem muitos degraus,
tantos quantos forem as virtudes morais necessárias a serem
alcançadas pelo maçom no seu progresso na Ordem, mas as
três virtudes principais são a Fé, Esperança e Caridade,

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representadas por uma cruz, um cálice e uma âncora e em cima
da Escada de Jacó uma estrela de sete pontas.

O interior de uma loja é composto de ornamentos, mobiliário


e jóias.Os ornamentos de uma loja são: Pavimento Mosaico, a
Estrela Brilhante e a Moldura Denteada ou marchetada. Os
mobiliários da loja são: o Livro das Sagradas Escrituras (Bíblia),
o Compasso e o Esquadro. As jóias são: três móveis e três
imóveis ou fixas. As jóias móveis são o Esquadro, Nível e o
Prumo. As imóveis ou fixas são a Tábua de Delinear (eis aqui
citada novamente como mais um símbolo dentro do painel) a
Pedra Bruta e a Pedra Esquadrada (No REAA é a Pedra Cúbica)

Percebe-se que os ingleses repetem no painel a Tábua de


Delinear como uma das jóias imóveis. Mas a Tábua de Delinear
é também todo o painel conforme já foi citado, Mas como
símbolo representando umas das três jóias imóveis permanece
ao lado da Pedra Bruta e da Esquadrada que elas ficam
expostas para que os aprendizes e companheiros nela se
instruam.

Aparecem ainda a Régua de 24 polegadas, o Escôpro ou Cinzel


e o Maço, que são os instrumentos de trabalho do aprendiz
neste rito ou trabalho.

Ainda resta comentar um símbolo desconhecido em outros


ritos e que se chama Lewis que seria um símbolo triangular,
uma espécie de luva de ferro em secções com cunhas
ajustáveis e expansíveis, utilizadas para engatar e auxiliar

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grandes levantamentos. Seria uma ferramenta que levanta
grandes pesos com pouca força.

Este termo ainda é usado para o filho de maçom, conhecido no


Brasil como lowton.

Pendentes nos quatro cantos da loja estão as Borlas que


lembram as quatro virtudes cardeais: Temperança, Firmeza,
Prudência e Justiça.

A localização da Tábua de Delinear como jóia imóvel no


Trabalho de Emulação está segundo Castellani situada na parte
sudoeste do templo à frente do segundo diácono (júnior
deacon) o qual está próximo à parede ocidental e não no
Oriente como em alguns dos demais ritos.

A Grande Loja Unida da Inglaterra, não está mais usando a


Tábua de Traçar desenhada no século XIX pelo Irmão John
Harris desenhado especialmente para a “Emulation Lodge of
Improvement”; Hoje ela usa a Tabua de Delinear pintada pelo
Irmão Esmond Jefferies.

Houve algumas modificações em relação à Tabua de Delinear


de Harris.

As colunas mudaram de posição A dórica permaneceu no local


em que estava, mas ela deve ficar na mesma linha de
perspectiva à esquerda da coluna jônica. Por isso a posição da
jônica mudou. A coluna coríntia esta agora à direita isolada.

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Na Escada de Jacó, os símbolos da cruz, cálice e âncoras foram
substituídos por anjos e a estrela de sete pontas foi substituída
por uma estrela muito brilhante.

Foi colocada uma estatua do Rei Hiran sobre a coluna dórica,


uma estátua do Rei Salomão sobre a coluna jônica e uma
estátua de Hiran Abif em cima da coluna coríntia.

O Pavimento de Mosaico representado no Painel é agora como


um tabuleiro de xadrez e não em diagonal como no REAA

Este e é o painel que consta do Emulation Ritual publicado pela


Lewis Masonic Publishers Ltd. uma das editoras autorizadas
pela Grande Loja Unida da Inglaterra.

A Prancheta como símbolo faz parte de todos os Ritos e não se


chama Tábua de Delinear, nome este que é somente usado
pelo Trabalho de Emulação, quando se trata da descrição de
todo o painel. Mas dentro do próprio painel do Trabalho de
Emulação existe como símbolo a Tabua de Delinear que deveria
charmar-se clip board e seria o correspondente à Prancheta,
pois o simbolismo é o mesmo. De qualquer forma, tirando estas
pequenas diferenças entre os Ritos, ela é um símbolo do
Mestre, significando que ele escreve nela os caminhos, os
conceitos, os princípios e ensina a ética a serem seguidos pelos
Companheiros e Aprendizes.

REFERÊNCIAS

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BOUCHER, J. A Simbólica Maçônica. Editora Pensamento – 9ª
ed. São Paulo, 1993

CASTELLANI. J. Consultório Maçônico IV e V


Editora Maçônica ”A Trolha” Ltda. Londrina, 1994 e 1997.

NICOLA. A. . Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria


e Simbologia. Editora Arte Nova – São Paulo, 1975

OLIYNIK, A. Emulação (História, Ritualística e Rituais)


Ed. Gráficas Vicentina Curitiba, 2004

PIRES. J.S. O Suposto Rito de York e outros Estudos


Editora Maçônica “A Trolha”. Londrina, 2000

VAROLI T.Fº Curso de Maçonaria Simbólica II tomo – Ed.


Gazeta Maçônica São Paulo, 1976

Revista “A Trolha” nº 148 – 02/1999

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MAÇONARIA E PROCEDIMENTOS
MÁGICOS

Ir∴ Hercule Spoladore

Segundo os dicionários, a Magia é uma arte ou ciência oculta


que pretende produzir por meio de certos procedimentos, atos
e palavras e por interferência dos espíritos, gênios e demônios,
efeitos e fenômenos raros, estranhos e anormais contrários às
leis naturais. Há quem a divida em Magia Branca que seria a
arte de se obter efeitos maravilhosos e extraordinários na
aparência, mas que na realidade são causados por causas
naturais, e Magia Negra através da qual certas pessoas se
dizem ser possuídas de poderes de ter a capacidade de
conseguir produzir efeitos sobrenaturais pela intervenção dos
espíritos e, sobretudo dos demônios.

A Magia é considerada pela Sociologia como se opondo à


Religião. As forças superiores na religião são consideradas
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como tal e não podem ser mudadas. Na Religião a divindade é
liberta de qualquer limitação, já na Magia a divindade está
vinculada às ordens de uma rede que intercala todas as coisas.

Em verdade até a presente data, uma grande parte dos Maçons


brasileiros não quer entender que a principal finalidade da
Maçonaria é tão somente político social e de
autoaprimoramento espiritual e, que somos construtores
sociais praticando o culto ao Grande Arquiteto do Universo, o
amor à humanidade, trabalhando para que tenhamos no
futuro uma sociedade humana com paz, justiça e fraternidade.
Não temos como fugir deste destino.

Querer ainda em nosso século misturar os conceitos, como


aconteceu no Século das Luzes, e que também foi o século em
que houve o maior culto de misticismos e mistificações, de
magia, da teurgia em sua versão mais sombria, a Goécia, ou do
ocultismo, não há mais razão de ser, pois muitas dúvidas tanto
na religião como na ciência foram totalmente sanadas, pelo
menos se sabe hoje o que é ciência, o que é religião e o que é
ateísmo.

Fenômenos tidos e havidos como sobrenaturais, hoje têm


explicações científicas e simples. Comentaremos as tendências
que tomaram conta de uma parte da Maçonaria daquela
época. Diga-se a bem da verdade, que existia a Maçonaria
Tradicional, que era predominante, que era constituída pela
maioria das Lojas, procurando ser a mais ética e pura possível
especialmente na Inglaterra, país este, que não permitiu por

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tradição, que a Ordem fosse eivada, contaminada, denegrida
por práticas outras que não fossem as puramente maçônicas.

Entretanto, espertalhões, charlatães para uns e magos ou


sábios para outros, usaram o mais que puderam nossa Ordem
na França, Alemanha e outros países europeus. Eles deixaram
como herança o seu legado no Brasil, onde mais de dois séculos
após, ainda proliferam suas influências. Torna-se muito difícil e
complexo traçar um referencial do maçom brasileiro, já que o
sincretismo intelectual e religioso no país distorceu princípios,
misturou conceitos, confundiu as mentes considerando-se que
o maçom neste país, lê pouco, sendo, portanto, pouco versado
nas coisas da Ordem, ainda não se encontrou, não se
identificou com a essência maçônica.

Supersticioso, mal orientado nas suas lojas, onde as instruções


são falhas, com uma incrível tendência para crer no
sobrenatural e vivendo no maior país católico-espírita do
mundo, sem saber que não se pode ser católico e espírita ao
mesmo tempo, porque uma das religiões, a católica não admite
em hipótese alguma o contato com os espíritos dos mortos, por
uma questão dogmática, isto sem mencionar outras religiões
com suas crenças, descrenças e rejeições.

Em consequência destas situações acontece que até hoje existe


um número muito maior do que imaginamos de maçons que
são mistificadores, que querem impingir um esoterismo no
qual creem, às vezes até sinceramente, porem mal orientados,
aos demais Irmãos, dentro das próprias lojas esquecendo-se
que como afirmamos anteriormente a Maçonaria tem hoje
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uma função político social muito mais evidente que estas
práticas citadas, além é lógico, do encaminhamento do maçom
para seu auto aperfeiçoamento.

A Maçonaria não impede quem quer que seja de ter suas


próprias concepções, só que dada a sua função social e eclética
os trabalhos em loja são alheios a tais práticas referidas.

Não podemos negar que a Maçonaria tenha sua parte mística,


quer pela sua essência doutrinária quer pela sua integração
com GADU, assim como as religiões que creem em Deus. A
Mística como sabemos é o estudo das coisas divinas ou
espirituais, porem mistificação é uma burla, um engodo.

Os magos do século XVIII que usaram a Maçonaria para as suas


experiências, fundaram lojas, criaram ritos mágicos praticaram
e abusaram da teurgia que como sabemos que é um tipo de
magia que consiste em estabelecer contato com espíritos
celestes, e desta forma praticar milagres, curas, predições,
invocaram fantasmas, enfim, ajudaram muito a antimaçonaria
a nos confundir com as religiões diabólicas, nos taxando de
praticantes da Magia Negra, missas negras, montadores de
bodes e outros tantos epítetos que não merecemos.

Esta é a triste herança que os personagens que descreveremos


nos deixaram.

A teurgia então praticada em muitas lojas, sempre lembrando


aos Irmãos que não representavam a Maçonaria Tradicional,
era caracterizada por procedimentos mágicos, que consistiam
de cultos de expiação, culto operatório contra demônios, culto
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contra a guerra, culto contra o inimigo da Lei Divina, culto para
obter a descida do Espirito Divino. Ao mesmo tempo
praticavam uma magia cultural onde usavam o círculo mágico,
as luminárias pelas velas de cera, focos luminosos decorativos
e efígies que condensavam presenças invisíveis. A parte ativa e
prática desta teurgia consistia em exorcismos purificadores da
Terra, “passes” que traziam potências celestes, e nesta hora
havia o chamado choque da “Coisa.” Estas práticas eram
baseadas na Doutrina da Reintegração, onde se pedia proteção
aos Superiores da Humanidade sobre as entidades extra
humanas que povoam o mundo do Além. Entende-se por
círculo mágico como uma pratica, onde o mago traça-o real ou
ficticiamente com sua vara ou com carvão ou água benta e tem
por finalidade isolar proteger o operador, pois entes maus não
poderão franquear esta fortaleza, exceto o demônio convidado
que ficará à disposição do mago.

Missa Negra é uma pratica usada em religiões que reverenciam


ao Demônio, que consiste na imitação de uma missa católica,
celebrada sobre os rins e depois sobre o ventre de uma mulher
nua que serve de altar. Os ornamentos são todos negros.

Entretanto, também não deveremos esquecer que fatores


conjunturais, religiosos, ideológicos, políticos, morais, guerras
e mesmo a Razão que começou a ser cultuada naquele século,
tinham outros valores naquela época, que talvez não possamos
avaliá-los plenamente em função dos nossos valores atuais, e
também não esqueçamos que o século XVIII foi uma época de
total devassidão intelectual e religiosa de tal forma que o

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ocultismo parecia ser para eles, naquele momento da história,
um remédio salvador. Ressalte-se que, os magos que eram
perseguidos na maioria dos países, encontraram guarida no
seio de certas lojas da Ordem que os albergou, as quais além
do seu já nascente espírito democrático eram consideradas e
aceitas na época como uma honorável sociedade pela maioria
dos países europeus onde ela tinha as portas abertas e era até
um modismo ser franco-maçom. A Maçonaria era um refúgio
ideal para os magos.

Evidentemente a Humanidade, em nome do Iluminismo que


libertou o pensamento humano que até então vivia sob os
grilhões da Igreja, cometeu muitos erros, pois estava passando
por crises, isto é, por mudanças incríveis e extraordinárias,
sendo este século um verdadeiro cadinho, um imenso
laboratório psíquico onde as ideias boas e más de todos os
matizes explodiram como se fosse uma libertação expansiva da
mente do Homem. Mas, ao lado dos erros procurou o caminho
correto e a Ciência através dos Homens bem intencionados
têm muito a ver com isto, pois foi se mostrando aos poucos o
que era natural e científico e que era fantasioso e mentiroso. A
própria Maçonaria procurou suas melhores opções, tanto é
verdade que ela sobreviveu apesar dos magos, charlatães,
inventores e aproveitadores. Exemplo de coerência nos deu a
Maçonaria da Alemanha quando o “Rito da Estrita
Observância” que praticava este tipo de ocultimo começou a
perder terreno exatamente depois da Convenção de

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Wilhelmsbad realizada em Hamburgo em 1782 e que foi
decidido que se restauraria a verdadeira e antiga Maçonaria,
exatamente como foi trazida pelos seus antecessores, e que se
pesquisaria tão somente a Verdade. Que se deveria melhorar a
harmonia entre os Irmãos, e que trabalhariam nos três
primeiros graus de acordo com o antigo Ritual do Rito Escocês
até que os rituais organizados pela Convenção Geral fossem
redigidos e editados. Não resta a menor dúvida, que esta
medida deu um ultimato ao festival de graus superiores que
grassava por toda Alemanha, bem como na atuação dos magos
que infestavam suas lojas. Esta decisão permitiu que fosse
iniciado um movimento restaurador da verdadeira Maçonaria.
E entre Irmãos que almejavam esta limpeza na Ordem estava
Friedrich Ludwig SCHRÖDER (não confundi-lo com os dois
outros SCHRÖDER que também eram Maçons, porem, magos)
aproveitou para organizar um Ritual que sem dúvida nenhuma
é um dos mais puros e expurgados de enxertos, do mundo, ou
seja, o Ritual de SCHRÖDER ou Ritual Alemão sem esoterismo,
seguindo uma linha humanística.

Apesar de tudo, belo, inquietante, estranho e mágico século foi


o XVIII, e isto, não podemos negar. Era a mente do Homem se
libertando por completo dos grilhões religiosos de dezoito
séculos. Ele tinha direito de experimentar todos os caminhos
até achar pela Razão, o que é Verdadeiro.

Vamos citar e analisar situações paralelas à Maçonaria


Tradicional ocorridas no Século das Luzes envolvendo
indivíduos que foram maçons.

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Na Alemanha, um limonadeiro de Lípsia de nome SCHROEPFER
em 1768 fundou uma loja na qual se faziam invocações e se
pretendia colocar os Irmãos do quadro em contato com anjos
infernais bem como com potências celestes. Ele deixou em
polvorosa toda a Prússia e especialmente Berlim predizendo
através de fantasmas a morte de figuras eminentes, fatos estes
que costumavam realmente acontecer. Foi proibido pela
rainha da Prússia de realizar tais predições. Ele se suicidou em
1774, com um tiro na cabeça.

Ainda na Alemanha Schroeder considerado por alguns como o


Gagliostro Alemão (não confundi-lo com o homônimo que
fundou o Rito Alemão), na cidade de Marburgo fundou um
capítulo com o nome de “Verdadeiros e Antigos Maçons Rosa-
Cruzes”, onde havia uma escola que ensinava magia, alquimia
e teosofia. Esta escola teria dado aulas à Gagliostro.

Podemos ainda acrescentar na Alemanha o “Rito da Alta


Observância” criado após cisão no Rito da “Estrita
Observância” em Viena em l767. Seus adeptos praticavam
magia, cabala e alquimia.

Na França, uma loja em Paris chamada de “São João da


Escócia”, entre os anos de 1770 e 1775 fundou uma Academia
dos Sábios consagrada às ciências herméticas, notadamente à
astrologia, onde se praticavam procedimentos de Goécia, ou
magia negra.

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Citaremos mais alguns nomes que tiveram influência em toda
a Europa, possivelmente alguns deles paranormais e ao mesmo
tempo grande prestidigitadores.

EMMANUEL SWEDENBORG (1688-1772), filósofo, sábio e


filólogo. Foi, sem o saber, um dos precursores da Hipnose, pois
se auto hipnotizava e tinha visões. Pode prever um incêndio há
mais de trezentos quilômetros de onde estava e também
previu corretamente segundo dizem, a data de sua própria
morte. Ele realizou pesquisas muito profundas sobre os
mistérios maçônicos. Ele acreditava que a doutrina remontava
a mais remota antigüidade. Ele achava que a Maçonaria seria a
pedra fundamental da futura Igreja concebida por ele, e
afirmava que ela estava no Homem e não fora dele. Esta Igreja
se conhecerá como a Nova Jerusalém e na qual não entrará
ninguém que não reconheça o Senhor como Deus do Céu e da
Terra. Participou de congressos maçônicos e suas atividades,
especialmente na invocação de fantasmas e na autossugestão
serviram de base para que outros personagens viessem a
praticar tais experiências em lojas maçônicas. Este mago era
provavelmente um paranormal.

Sabemos que a Paranormalidade existe. Hoje é estudada em


muitas Faculdades no mundo. São capacidades mentais
especiais que um indivíduo possui e que já nasceu com elas.
Ocorreriam em função de uma abertura maior entre o
Consciente e o Subconsciente de cada um. Ressalte-se que a
Hipnose pode despertar em alguns indivíduos estes dons ou
talentos.

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MESMER, médico de nome Francisco Antônio nascido na
Austria (1734-1815) um dos precursores da moderna Hipnose,
anunciou na época que havia descoberto o magnetismo animal
que ele próprio ignorava a sua causa. Sua ação, no início
trabalhou fora das lojas, mas sua filiação maçônica permitiu a
difusão de suas doutrinas e teorias dentro das mesmas. Ele
magnetizava em série, centenas de pessoas curando seus
males. Fez sucesso na Europa. Em 1783 fundou na França, uma
sociedade maçônica com o nome de “Ordem da Harmonia
Universal” que se destinava a purificar os adeptos e torna-los
capazes de propagar a teoria de MESMER. Porem foi
desacreditado pela Academia de Ciência da França composta
pelos mais brilhantes cientistas de então, o que comprova que
o Século das Luzes também buscou os caminhos corretos. O
atual Hipnotismo é considerado como ciência, é um estado
mental, baseado em reflexos condicionados semelhante ao
sono em sua fase mais profunda, podendo em suas fases mais
leves, o indivíduo estar perfeitamente desperto, e obedecer á
ordem do hipnotizador quando em transe hipnótico. Não se
trata de um poder especial que o hipnotizador tenha sobre o
paciente. É antes de tudo uma técnica. Qualquer um poderá
hipnotizar um paciente sensível. Pode-se operar maravilhas
com esta técnica, como cura de doenças psíquicas, alterações
dos estados da mente, sempre se utilizando o poder da
sugestão.

A Hipnose é muita usada pela Medicina. O hipnotizado jamais


obedecerá a qualquer ordem, que seja contraria aos princípios
programados que estão em sua consciência. Diz-se que toda
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hipnose é antes de tudo uma auto-hipnose, ou seja, o paciente
se autohipnotiza e o hipnotizador somente conduz o processo
hipnótico. Ela é uma arma psíquica poderosa e está proibida
por lei de ser usada em palcos por hipnotizadores que são
antes de tudo “mágicos” e prestidigitadores que como
sabemos são ilusionistas e que graças a sua habilidade são
capazes de deslocar ou fazer desaparecer objetos
rapidamente, iludindo a vigilância do espectador. Estas
técnicas especialmente a Hipnose são muito usadas de maneira
dissimulada pelos políticos que enganam o povo através de
discursos eloqüentes e demagógicos e pelos donos de
inúmeras igrejas que são fundadas diariamente no país, onde
em nome de Deus e da Bíblia o pobre povo é enganado
vilmente e ainda, lhes tomam suas economias. Entretanto,
temos que citar aquele provérbio latino que diz “o povo quer
ser enganado” nos dá a sensação e a certeza de que ele é
cúmplice assumido, aceitando passivamente tais situações.

O CONDE DE SAINT GERMAIN homem misterioso, ligado ao


Ocultismo, à Maçonaria, especialmente à alquimia, viajava
muito, tido para uns países como espião, tinha passagem livre
em todas as cortes da Europa, vivia como um rico, e se dizia
conhecedor dos segredos da alquimia, e “transformava um pó
escuro em ouro” e segundo Voltaire “SAINT GERMAIN é um
homem que nunca morre”. Ninguém soube o seu verdadeiro
nome, nem onde nasceu e onde morreu. Fez demonstrações
em muitas lojas. Existe hoje uma Ordem Mística de Saint
Germain com ramificações por todo o mundo inclusive no
Brasil.
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MARTINEZ DE PASQUALY (l7l5 l774) Escreveu o livro “Tratado
de Reintegração dos Seres em suas primeiras propriedades e
potências espirituais e divinas” Ele defendia que a origem de
todos os seres está inserida no seio de Deus, o qual dirige toda
esta unidade e ao mesmo tempo faz emanar por efusão
querubins, serafins arcanjos e anjos, cuja expansão provocou a
queda do Homem. O Homem é decaído. Para reintegrá-lo e
identifica-lo, com a vontade de Deus somente será possível
através da invocação dos espíritos que povoam o intermundo.
Martinez através do Rito dos “Eleitos de Coëns” praticava uma
ritualística dúbia e estranha, composta de dez graus e quatro
templos.

No lº templo na chamada “Maçonaria de São João” tratava da


criação do Homem e sua desobediência.

Nos 2º e 3º templos quando o adepto leva uma vida santa e


exemplar, reaproxima de Deus, e recebe o grau de “Eleito
Coëns”.

No 4º templo, a classe secreta dos “Reaux-Croix” (Réau=


sacerdote poderoso), que colocava os iniciados em contato
com o mundo das potências celestes por intermédio da
evocação da Alta Magia.

Com a morte de PASQUALY, sua doutrina tomou dois rumos


interessantes. Uma corrente a de VILLERMOZ juntou-se ao
esoterismo da Maçonaria Tradicional e a outra a de LOUIS
CLAUDE SAINT MARTIN, recusou a prática da teurgia de
Pasqualy, ficando na pesquisa meramente especulativa, e

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também recusou os ritos maçônicos tradicionais fundando o
Martinismo que atualmente está em plena atividade no nosso
século, estando no momento sob a tutela da AMORC até que,
mais difundido no mundo, possa ter suas próprias sedes e
templos. O Martinismo pratica uma filosofia, que talvez seja a
que mais respeite o individualismo de cada adepto, em
comparação com outras entidades afins.

O maior personagem desta lista de nomes ligados à Maçonaria


e ao ocultismo do século XVIII foi sem dúvida, GAGLIOSTRO, ou
JOSÉ BÁLSAMO figura central da Magia daquela época.
Aventureiro? Charlatão? Gênio? Paranormal? Prestidigitador ?
Ele foi iniciado na Loja “Esperança” em Londres em 1777.
Freqüentou todos os Ritos nos Países Baixos, Alemanha,
Polônia e Rússia.

Em l779 ele teria praticado um rito mágico pela primeira vez.


Em 1783-84 ficou onze meses em Bordéus na França, e fez
sucesso como curandeiro. Em 20 11.1784 ele chega a Lion
como mago e grande mestre da Maçonaria. Nesta época, os
maçons lioneses estavam divididos conceitualmente com o
martinezismo, mesmerismo e swengborgismo.

CAGLIOSTRO funda a Loja “Sabedoria Triunfante” e


imediatamente as curas, predições materializações começam a
acontecer.

A seguir funda a “Loja Mãe do Rito Egípcio”, em três graus, da


qual ele se intitula o Grande Copta. Ele utiliza como médiuns,
jovens rapazes e moças os quais ele os chama de pupilos e

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pombas. Este rito, segundo ele, tinha por objetivo dar ao
Homem a dignidade perdida, moral e física.

O Homem regenerado torna-se Eleito. CAGLIOSTRO fala em


nome de Deus que lhe teria atribuído poderes. Ele em
realidade misturou uma Maçonaria totalmente espúria com
operações do magnetismo animal, isto é, ele usava o
Hipnotismo. Em 1785 instalou-se em Paris onde se reunia a
Loja “Assembléia dos Amigos Filaletos” Convocado pela Loja
“Amigos Reunidos” exortou a todos os Maçons de todos os
ritos para que discutissem os pontos mais essenciais da
doutrina maçônica. Ele tentou impor os princípios da sua
“Maçonaria Egípcia”, porem não foi aceito. Rompeu com os
“Filaletos” e enviou uma carta posteriormente criticando-os
veentemente. Tem vários livros sobre este personagem. A
melhor biografia a seu respeito, é a de Dr. Lalande, sob o
pseudônimo de Dr.Mac Haven.

Gagliostro foi a última pessoa a ser julgada pela Inquisição em


1789 em Roma e morreu louco na prisão da Fortaleza de San
Leo.

Fica uma pergunta no ar. Será que todas as Lojas do mundo


atual estão livres desta panacéia, destas práticas estranhas?
Temos tido notícias que uma Loja de Pesquisas (?) no Brasil,
que suas sessões seriam verdadeiras sessões espíritas.
Também fomos informados que uma Loja da Maçonaria Mista
em uma cidade (?), seus adeptos são iniciados inicialmente em
candomblé na própria loja como exigência precípua para se
tornarem iniciados na Maçonaria, alem de tantas outras
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Loja de Pesquisas Maçônicas
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Caderno de Pesquisas Maçônicas
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aberrações fantásticas e incríveis que temos tomado
conhecimento.

Alguns fenômenos paranomais eventualmente ocorrem em


algumas lojas do país, porém, jamais poderão ser confundidos
com nossos princípios, leis e costumes.

Atualmente, Maçons alertas e estudiosos vêm através de


palestras, cursos e livros, desmistificando todas estas práticas,
mas, justamente pelo perfil do maçom brasileiro que é
supersticioso, místico com uma forte tendência a cultuar o
sobrenatural, é preciso orientá-lo quanto a uma série de
fantasias e engodos que ainda assolam a Maçonaria Brasileira.

REFERÊNCIAS

Aslan, N. “Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e


Simbologia” Editora Artenova – Rio de Janeiro – 1975
Carvalho, F.A. “Ritos e Rituais” Editora A Trolha –Londrina –
1993
Naudon, P. “A Maçonaria”. Editora Difusão Européia do Livro
São Paulo-1968
Trondiau, J. “ O Ocultismo” Editora Difusão Européia do Livro-
São Paulo-1964.
Varoli T. Fº Curso de Maçonaria Simbólica . Editora A Gazeta
Maçônica S.A. São Paulo – 1970.

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MAÇONARIA, PASSADO, PRESENTE E


FUTURO
O Maçom dentro do contexto histórico

Ir∴ Hercule Spoladore

A Maçonaria Operativa teve vários períodos que a precederam


que se poderia intitula-los de fase pré-operativa. Esta fase
aconteceu no transcorrer de muitos séculos e talvez milênios.
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Os primeiros homens pré-históricos habitavam cavernas, mas
com o passar do tempo migraram para fora delas, tornaram-se
nômades, gregários e assim para terem abrigo, para se
protegerem das intempéries, e também para se abrigarem da
luz solar e se proteger às noites frias, começaram a construir
suas choupanas, casas, surgindo assim ainda que de maneira
ainda rudimentar os primeiros construtores, havendo entre
eles os mais habilitados que se firmaram como os primeiros
profissionais da construção, ainda que a humanidade estivesse
engatinhando, e as casas ou abrigos eram toscos, simples.

Desta forma serão citadas várias etapas das construções que


antecederam a fase da Maçonaria Operativa em si.

Fala-se que no Império Romano o segundo rei Roma, Numa


Pompilio (714 a 671 A.C) sempre citado na literatura maçônica
por ter mandado construir templos de deuses pagãos, criou
para esta finalidade os collegia fabrorum dos quais se
originaram os collegia construtorum que segundo referem
alguns autores seriam as sementes da futura Maçonaria
Operativa, porque ele teria regulamentado a profissão de
construtores e também a organização dos cultos já que estes
coleggias eram dotados de intensa religiosidade, mesmo
naquela época em que se adoravam deuses pagãos. Cita-se
também que em seu reinado ele teria mandado urbanizar
Roma e as construções de tiveram um desenvolvimento.

As legiões romanas em suas conquistas destruíam tudo, mas


levavam os colegiatti de construtores para reconstruir o que
destruíam dentro dos seus interesses na região conquistada.
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Existem autores que contestam esta versão da história por fala
de provas primárias.

Mestres Comacinos que apareceram em Como na Lombardia


que eram arquitetos, hábeis escultores, reconhecidos pelos
reis longobardos pelo édito de Rotari em 634 D.C e Liutprando
em 713.d.C. Eles foram introdutores da arte românica, que
predominou durante os séculos X à XII antecipou a arte gótica,
que predominou durante os séculos XII á XV.

Antes de aparecer a Maçonaria Operativa ou Maçonaria de


Oficio surgiram as Associações Monásticas fundadas por São
Bento 529 D.C. e Cisterciense fundada pelos monges de Císter
fundada pelo abade De Molesme em 1098 da nossa era,
começaram a aparecer construções em que a arte gótica foi
pouco a pouco predominando. As Associações Monásticas dos
Beneditinos eram constituídas por religiosos, monges
católicos, experientes projetistas e geômetras, verdadeiros
artistas na arte de construir. Todavia guardavam a arte de
construir em forma de segredo dentro de seus conventos.
Varoli considera os beneditinos e os cistercienses como
ancestrais da Maçonaria Operativa. O tratamento entre eles
era de “Venerável Irmão”, e “Venerável Mestre”.

Mas foram obrigados a contratar profissionais leigos, pois a


procura de seus serviços aumentava cada vez e necessitavam
de homens para o trabalho mais simples e dessa convivência
com os mestres, consequentemente aprenderam a arte de
construir, ou lhes foi ensinada pelos próprios clérigos.

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Estas ordens citadas são em linha geral para se ter uma ideia
de como foram surgindo as construções especialmente as que
precederam as corporações de oficio. Estes profissionais foram
aprendendo com os clérigos e em face de da decadência da
fase monástica apareceram as confrarias leigas. A importância
destas ordens de clérigos foi muito necessária, pois além de
espalharem a arte de construir, deixaram os princípios
religiosos nas escolas e oficinas de arquitetura. Toda
agremiação tinha seu santo protetor.

Estas fases precursoras da Maçonaria de Oficio são


consideradas por Theobaldo Varoli Filho, como embriões da
instituição que viria a ser Maçonaria Operativa.

Assim no século XII surgiu a franco-maçonaria ou maçonaria de


oficio na qual os pedreiros eram livres ou francos maçons que
deixaram sua influência muito significativa na Maçonaria atual.
O termo franco ou livre significava que estes profissionais eram
livres totalmente de qualquer servidão ou serem taxados de
escravos. Seu único compromisso era construir.

Remanescentes das fases anteriores já citadas os operários se


constituíram nas chamadas corporações de oficio, organizadas,
prestavam auxilio mutuo, a divisão de trabalho era
disciplinada, havia o mestre de obras, que deveria ser
entendido na geometria e na arte de construir, que não era
grau e sim função e os aprendizes (hoje serventes-pedreiros)
que deveriam durante certo número de anos, cerca de sete
anos aprender a profissão. Estas corporações eram apenas de

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profissionais da construção. A Igreja dominava totalmente seus
membros. Toda corporação tinha seu santo protetor.

Paralelamente surgiram nesta mesma época as guildas


especialmente no Norte da Europa, na Inglaterra, Alemanha e
Dinamarca que eram confrarias no inicio religiosas, militares, e
finalmente investiram na arte de construir. Havia entre eles
assistência mútua e proteção, proteção aos familiares ampliou
pouco a pouco a abrangência de suas ações e se tornaram
verdadeiros corpos profissionais de construtores. Assumiram o
caráter corporativo. Cada associado pagava uma joia. O novo
membro era recebido ritualisticamente. Assim constituíram
guildas de comerciantes, militares, dos marceneiros e
carpinteiros de canteiros que construíram muitas casas de
madeira além das construções majestosas de pedras. Foi nas
guildas que surgiram a palavras loja, joia e banquetes termos
estes que emprestamos para a nossa Maçonaria Moderna.

As guildas ainda pretendiam reformas sociais.

A Maçonaria Operativa nasceu destas duas tendências,


corporações de oficio e das guildas. Há quem refere que sejam
sinônimos. Não há como querer afirmar outra origem da
Maçonaria Operativa, mas existem muitas tendências e
controvérsias a respeito, quando se fala em origem da Ordem.
A título de esclarecimento em 1909 o escritor maçônico
Charles Bernadrin do Grande Oriente da França consultou 206
obras sobre maçonaria e selecionou 39 opiniões diferentes a
respeito de suas origens.

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Eles, além de castelos, fortificações e outras construções
construíram muitas catedrais que ainda estão firmes,
maltratadas pelo tempo. porem ostentando toda a sua bela
arte gótica em vários países da Europa. Cada catedral tem uma
história linda, onde se vislumbra o gênio de muitos
construtores arquitetos, homens além de seu tempo.

Catedral de São Petrônio em Bologna Itália – iniciada em 1132.

Catedral de Chartres – França - iniciada em 1194 – reconstruída


em 1214

Catedral de Colônia – Alemanha - iniciada em 1248

Catedral de Córdoba – Espanha - erguida pelos mouros

Catedral de Santa Maria de Fiore – Itália - primeira catedral de


Florença. A cúpula foi construída em 1418

Catedral de Gênova - Itália iniciada em meados do século XIII

Catedral de Milão - Itália - construção iniciada em 1288, só teve


suas estruturas erguidas em 1389.

Catedral de Nápoles – Itália - iniciada em 1285

Catedral de Sevilha – Espanha – em 1401 os cônegos de


propuseram a construir a maior catedral da Europa

Catedral de Notre Dame - França - construção iniciada


em 1163

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A França em três séculos ergueu 80 majestosas catedrais, 500
grandes igrejas e centenas de casas paroquiais. A média da
Europa Cristã na época era uma igreja para cada 200
habitantes, tal era o domínio da Igreja Católica sobre o povo.

Na Alemanha surgiu a corporação dos steinmetzer onde os


profissionais eram conhecidos por serem escultores,
entalhadores de pedras ou canteiros, se dedicavam somente à
arte gótica. Teve um grande impulso dado pelo arquiteto Erwin
nascido em Steinbach. Ele, em 1275 convocou uma convenção
em Estrasburgo para terminar uma importante catedral de
arenito rosa. Nesta convenção compareceram os principais
arquitetos ingleses, alemães, italianos e de outros países. Nesta
ocasião teriam sido adotados, sinais, toques e palavras para a
identificação secreta dos membros da confraria. É considerada
como a primeira vez que adotaram estes meios de
identificação, porque isto está registrado, mas é bem provável
que já usavam sinais há muito tempo e também que outras
corporações usassem suas próprias senhas. É sabido que o
maçom operativo deixava um símbolo seu marcado nas pedras
das construções onde trabalhava.

Interessante, citar os avanços da humanidade. Em 1453


Copérnico publica seu livro afirmando que a Terra gira em
torno do Sol e em 1454 Johanes Gutenberg cria a impressão de
tipos moveis fundidos em metal. Até então, todos os
documentos eram feitos em manuscritos, ou seja, à mão. Nesta
época cerca de 20 copistas produziam 20 livros cada dois anos.

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A partir daí passaram a serem publicados 1000 livros/ano.
Pode-se considerar como a Internet da época.

Isto tudo viria modificar a maneira de pensar, abriria as


mentes, pois poderiam ser lidos livros com mais facilidade e
assim o homem buscar conhecimentos até então fora de seu
alcance.

A situação da Maçonaria Operativa mudou. Por cerca vários


séculos predominou a arte gótica que nasceu na França. A
Renascença viria, e suas consequências se fizeram sentir tanto
na arte gótica como no monopólio das corporações de oficio
que dominavam este setor. Este fato determinou a decadência
da Maçonaria Operativa. Já não havia mais tantas catedrais a
serem construídas, e além do mais o povo estava preferindo o
estilo clássico romano que era mais alegre, mais leve que o
estilo gótico.

Com esta decadência, o nome da organização ainda era muito


respeitado, mas começaram mudar os comportamentos
dentro da Ordem. Começaram a aceitar como membros na
Maçonaria, pessoas que não eram construtores. O registro do
primeiro maçom aceito é datado de 08/06/1600 na Loja Saint
Mary’s Chapel em Edimburgh do abastado fazendeiro John
Boswell. Este tipo de aceitação foi sendo cada vez maior. Já
não era aquela antiga corporação de construtores. Algo havia
mudado. Era outra organização. Esta Loja tem registros de atas
desde 1599.

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Entretanto a Maçonaria Operativa era composta de Lojas com
o lema “maçom livre em loja livre” Tinham já constituídos os
graus de aprendiz e companheiro. Mas os aceitos que
geralmente eram pessoas de maior cultura foram mudando as
concepções, trazendo novos conceitos dentro da Maçonaria
ainda chamada de Operativa. Estes aceitos eram militares,
comerciantes, pensadores, escritores sábios, filósofos, nobres,
além de esotéricos, ocultistas, alquímicos, cabalistas
antiquários, etc.

A Maçonaria Operativa até 1600 era eminentemente católica.


Ela nunca fez alusões ou referência a templos, aos hermetistas,
aos templários, rosa-cruzes, alquimistas, magos, cabalistas,
esotéricos ou ocultistas. Não se falava em landmarques. Não
havia a Bíblia em durante sessões. Não havia a lenda de Hiran.
Havia a lenda Noaquita focalizando a morte de Noé, que foi
aproveitada e enxertada na lenda de Hiran posteriormente.
Não existia o valor simbólico das ferramentas. Não existia a
antimaçonaria e nem potências maçônicas Segundo alguns
autores os aceitos rosa-cruzes contribuíram muito para
filosofia da Ordem, porque grande parte destes aceitos eram
rosa-cruzes. Um novo membro era recebido de uma forma
mais simples e não através de uma ritualística sofisticada como
atualmente estamos acostumados a realizar.

E assim desde o primeiro maçom aceito em 1600 (prova


primária) até 1717 passaram 117 anos, mais de um século. O
que restou da Maçonaria Operativa se transformou neste

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período de tempo em outro tipo de maçonaria. Também o
mundo se modificou bastante.

Neste século XVII Descartes publica em 1637 o discurso sobre


o Marco da Filosofia Moderna. Em 1661 Robert Boyle lança as
bases da Química Moderna em 1687 Newton publica seu livro
sobre a Lei da Gravidade e em 1698 Savery inventa o motor a
vapor.

Em 1670 foi criado o grau de Companheiro (manuscrito


Edinburgh Register-1696) Já se falava sobre ele desde 1598,
mas não há comprovação.

A partir de 1703 a Maçonaria começou a receber aceitos


indistintamente de todas as classes sociais e de todos os
credos. Na Inglaterra predominava os anglicanos. A Maçonaria
Operativa não era mais tão somente católica.

A Inglaterra foi o berço da Maçonaria chamada Especulativa,


mas é mais racional o nome de Maçonaria Moderna.
Especulativa não espelha realmente o que aconteceu com a
Ordem e o conceito de especulativa não se encaixa muito nos
acontecimentos históricos. Ela estava se transformando em
Maçonaria Moderna. Muito embora tenha sido consagrado o
nome de Especulativa

Em 24/06/1717, data esta que espelha o que já estava


ocorrendo há mais de 100 anos, o maçom aceito o pastor
protestante Desagulliers, Anderson, George Payne com mais
outros eruditos maçons conseguem reunir quatro lojas, sendo
que uma delas era só de maçons aceitos e funda a Grande Loja
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de Londres. Inicialmente esta Grande Loja não foi bem aceita
na Inglaterra. Os maçons ingleses se dividiram em antigos e
modernos. Mas o sistema obediencial foi sendo aos poucos
sendo adotado em toda a Europa.

Nascia assim o conceito de obediência ou potência e também


a figura do grão-mestre. Surgiu uma nova era para a Ordem, ou
melhor, a oficialização do que estava sendo realizado na
prática. Criaram os landmarques por motivos óbvios, pois se
agora existia um poder central, não havia mais loja livre, é claro
que seriam necessárias novas regras para manter as lojas num
mesmo plano e sob governo de um grão-mestre. Regras estas
que evocaram a pré-maçonaria com o nome de maçonaria
antediluviana, diluviana e pós-diluviana, a e ao mesmo tempo
introduziram conceitos baseados nos Antigos Deveres (Old
Charges) que chamaram de imutáveis, mas de que imutáveis,
não tinham nada. Foi uma estratégia para angariar e segurar
em suas fileiras os adeptos. Anderson escreveu seu primeiro
livro das Constituições em 1723, eivado de fantasias,
inverdades, de lendas citando fatos muitas vezes confusos,
baseado nos Old Charges especialmente no Poema Régio.

Ambrósio Peters afirma “Os Old Charges são regulamentos ou


Antigos Deveres da Maçonaria Operativa e nada têm a ver com
a Maçonaria Especulativa a não ser que a antecederam
historicamente”

O grau de Mestre foi criado em 1725 e incorporado no ritual


em 1738, ano em que Anderson reescreveu suas Constituições,

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já mencionando o grau de Mestre. A lenda de Hiran levou
muito tempo para ter a redação que tem hoje.

Já estava o mundo vivendo em pleno século XVIII, um século


maravilhoso, o Século das Luzes. Tudo foi possível e permitido
neste século. Erros e acertos. Experiências preciosas do
comportamento humano. Solidificação da Ordem, ainda que
dividida, avanço social e cientifico da atual civilização.

Algumas situações importantes aconteceram neste século Não


serão citadas as invenções tecnológicas. Serão citados alguns
dos livros que ajudaram a mudar o pensamento humano e
também porque não dizer, a Maçonaria que é composta de
homens.

(1) 1751 Diderot publica o primeiro volume da Enciclopédia.

2) 1757 A Escola Fisiocrata inicia na França a Teoria da


Economia Moderna

(3) 1762 Rousseau lança o - Contrato Social, livro clássico do


Iluminismo.

(4) Voltaire publica o livro “Tratado de Tolerância”

(5) 1777 Kant publica o livro Critica da Razão Pura

(6) 1791 Tomas Payne publica o livro Os Direitos do Homem

A Maçonaria na Inglaterra ficou restrita aos três graus


simbólicos, mas na França a partir de 1740, foram criadas novas
potências e criados inúmeros graus superiores, criados outros

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ritos além dos tradicionais, alguns ritos exóticos e mágicos, que
ainda têm repercussão no século 21. A Alemanha acompanhou
inicialmente a França nesta criação desenfreada de ritos e
graus superiores, mas em 16/07/1782 no Congresso de
Wilhelmsbaden expurgaram os abusos do Rito da Estrita
Observância e dai fundaram o Rito Escocês Retificado, mas o
efeito deste Congresso rendeu condições para ser fundado em
1801 um rito simples, enxuto sem conter excessos, voltado
para a humanidade, chamado Rito de Shröder.

Xico Trolha (Assis Carvalho) enumerou 235 ritos nominados


que foram criados no mundo, a maioria fruto da criatividade
dos maçons, mas acredita que seja na casa dos 300 ritos. No
século XIX foram criados mais ritos, porem disseminaram as
potências maçônicas, e criou-se mais um fator complicador: as
famosas cisões que normalmente ocorrem até hoje no seio da
Maçonaria mundial, fazendo com que a Maçonaria se
fragmentasse desde então.

O século XIX, rico em invenções tecnológicas a partir das quais


propiciaram a continuação do avanço que temos hoje em dia.
Apenas no pensamento humano, Freud e Carl Jung se
destacaram em relação à mente humana. Freud publica em
1895 o livro Estudo sobre a Histeria, demonstrando que o
homem não domina a mente. Mas houve grandes pensadores
em outras áreas, neste século.

A Maçonaria entrou no Brasil que entrou oficialmente


comprovado, em 1800 através de uma Loja irregular de nome
“União”. Sendo que no ano seguinte os remanescentes desta
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Loja de Pesquisas Maçônicas
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loja se filiaram a uma Loja “Reunião” regular, reconhecida pelo
Grande Oriente Isle de France- Rito Adonhiramita.

Neste século em 14/03/1893 foi iniciada na Maçonaria numa


loja regular de nome “Livre Pensador” pertencente à Grande
Loja Simbólica Escocesa da França, dissidente do GOF a
feminista Maria Desraimes por um maçom de nome George
Martin Venerável Mestre e em 04/04/1893 ela fundou logo em
seguida a Maçonaria Mista na França e que levou o nome Loja
Escocesa dos Direitos Humanos.

A Maçonaria Brasileira, no século XX ao lado de inúmeras cisões


de menor importância, passou por duas grandes cisões que
marcaram o século a de 1927 e a de 1973 resultando desta
divisão as Grandes Lojas Brasileiras e os Grande-Orientes
Independentes (Comab).

A Maçonaria mundial neste século se organizou melhor em


relação ao século anterior, mas seguindo tendências locais nos
vários países. Na Inglaterra é o clube que impera. Os maçons
comparecem nas suas respectivas lojas para se encontrar. Na
hora do intervalo (chamada para o recreio) eles vão tomar
uísque ou chá. A situação do próprio país é muito estável e não
há necessidade de grandes campanhas filantrópicas na
educação e na saúde pública. A Maçonaria lá tem influência na
política, notadamente no Parlamento Inglês. Não admite a
admissão de mulheres.

Na França a Maçonaria é patriótica, ela ajuda o Governo a


governar o país. Lá as potências tradicionais, mistas e femininas

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se unem para ajudar a França. Há inclusive tratados entres
estes tipos de Maçonaria e a Tradicional.

Nos Estados Unidos, a Maçonaria é eminentemente


filantrópica. Certas Lojas ao acontecer a transmissão de cargo
de venerável, a nova gestão se compromete em conseguir para
a gestão que se inicia doações superiores à anterior. Lá a
Maçonaria banca hospitais, fundações, pesquisas científicas e
serviços humanitários.

No Brasil, não se tem um enfoque principal. Não há uma causa


geral que seja de todas as maçonarias do país. Entretanto em
algumas cidades elas realizam alguns empreendimentos
filantrópicos notáveis, mas não fazendo parte de um plano
nacional e prestigiado por todos os maçons brasileiros.

Em relação ao presente, isto é já no século XXI, no Brasil a


Maçonaria continua aumentando seus quadros em cerca de
10% ao ano. Talvez em razão dos mais jovens se sentirem
desiludidos com as religiões e estão procurando outras
respostas mais condizentes com a sua realidade espiritual. Mas
seriam necessários mecanismos para reter estas novas
aquisições no seio da Ordem, o que parece não existir.

Estima-se que haja cerca de duzentos e conquenta mil maçons


no Brasil. As três principais potências que se dizem regulares
são as Grandes Lojas Brasileiras, Grande Oriente do Brasil e os
Grande-Orientes Independentes. Todavia existem segundo
estatística recente cerca quarenta e quatro potências entre a

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maçonaria de homens, a mista e a feminina não alinhadas e
paralelas às três citadas.

Vejamos como é o sistema de administração e comando da


Maçonaria brasileira As Grandes Lojas são em número de 27 e
os Grande-Orientes Independentes em número de 21. Cada
uma destas Grande Loja ou Grande Oriente Independente é
uma potência. As Grandes Lojas tem um órgão normativo
chamado CMSB que se reúne todo o ano e os Grande-Orientes
Independentes (Comab) também realizam reuniões anuais. O
sistema é o de confederação.

Já o Grande Oriente do Brasil é regido pelo sistema de


federação. Existe um grão-mestre estadual para cada um dos
27 grande-orientes estaduais e o grão-mestre geral.

Portanto são 76 grão-mestres ao todo nestas três potências. E


as outras mais de 50? Tem muito grão-mestres na Maçonaria
brasileira. Isto mostra quanto está dividida a Ordem no país.

Uma particularidade interessante da Maçonaria e a forma


como as potências se reconhecem ou não.

A GLUI se considera a Loja-Mãe do Mundo. Ela reconhece ou


não uma potência dentro ou fora da Inglaterra. Questiona-se
quem lhe deu o direito de decidir se uma potencia é regular ou
não. Teria sido o GADU ou a natural prepotência inglesa?
Discute-se este direito que ela mesma deu a si.

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Existe outra fonte de referência atualmente para o tal de
reconhecimento: As 53 Grandes Lojas Americanas, incluindo a
Grande Loja Espanhola de latinos que existem nos USA.

No Brasil o GOB e quatro Grandes Lojas Brasileiras (SP, MS, ES,


RJ) são reconhecidos pela GLUI. Estas quatro Grandes Lojas são
reconhecidas pelas Grandes Lojas Americanas também.

A maioria das Grandes Lojas Brasileiras é reconhecida pelas 53


Grandes Lojas Americanas.

A Comab tem quatro de seus Grande-Orientes (GOP, GOSC,


GORGS e Grande Oriente Paulista reconhecidos pela CMI
(Confederação Maçônica Interamericana), com sede em
Bogotá que congrega cerca de 80 potências na América do Sul,
inclusive o GOB e as Grandes Lojas assinaram este tratado).

O Grande Oriente da França não liga para os tais critérios de


reconhecimento e segue sua caminhada na história da
Maçonaria.

A Maçonaria Tradicional Brasileira não reconhece a Maçonaria


Mista e a Feminina e inclusive as chamadas potências não
alinhadas que completam a lista com mais de 50 potências ao
todo. Mas já deve ter sido acrescentada mais alguma
“potência” que não temos conhecimento.

Para termos uma ideia como funcionam estas “potências”.


Daremos três exemplos:

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1 - Grande Loja Unida Sul Americana com sede em Campo
Grande – Mato Grosso do Sul. Uma ala dissidente desta Grande
Loja está fundando uma nova potência alegando igualdade de
direitos dos cidadãos perante a Constituição Brasileira e
afirmam que admitirão gays, lésbicas e simpatizantes, padres e
evangélicos bissexuais, baseada na fraternidade francesa Arc
em Ciel (Arco Iris) criada em 2003.

2- Grande Loja Mista do Rito de Memphis e Misraim. Um rito


com 100 graus e o adepto que chega neste grau poderá entrar
numa extensão do grau chamada de Centúria Dourada, que é
uma extensão do Rito, onde se pratica a Alta Magia (?). (Existe
no Brasil em SP, PR, DF, RJ, PA, RS. SC).

3 - Grande Oriente Feminino do Estado Mato Grosso do Sul,


cujo primeiro templo próprio foi inaugurado em 2008 em
Campo Grande – MS, tendo o suporte para funcionar dado por
três Lojas: “Divina Luz do Oriente” nº 01, “Filhas da Luz” nº 02
e “Obreiras da Arte Real” nº 03.

Mas dentro destas potências não alinhadas, acreditamos


que exista alguma onde os seus adeptos possam estar
bem intencionados, onde eles dentro da sua maneira de ser
possam estar praticando uma Maçonaria aceitável, mas a
maioria delas desenvolvem atividades duvidosas. Uma delas é
extorquir dinheiro de pessoas incautas com propaganda
enganosa pela imprensa e Internet.

A trajetória da Maçonaria no mundo não foi linear. Ela teve


momentos de gloria e de situações extremamente difíceis. Foi

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muito perseguida. Mas está aí, de pé. A antimaçonaria foi
muito severa e cruel contra a Ordem. Desde as encíclicas papais
nos excomungando, aos déspotas como Mussolini, Hitler e
Franco que mandaram matar centenas de maçons, às religiões
que pululam pelo Brasil adentro nos taxando de fazermos parte
da demonologia, aos maçons traidores que escreveram contra
a Ordem nos impingindo ritos macabros, o livro o Protocólos
dos Sábios do Sion, que tanto mal nos causou e a atual posição
das igrejas evangélicas americanas que têm feito com que
milhares de maçons americanos deixem a Maçonaria.

Estima-se que atualmente existam cerca de 3.600.000 maçons


no mundo, sendo 1.500.000 nos Estados Unidos, 250.000 na
Inglaterra, perto de 250.000 no Brasil e 1.600.000 no restante
do mundo. (pesquisa do Irmão João Leça-GOP)

Não se pode avaliar o futuro da Maçonaria no mundo e no


Brasil. Se analisarmos as potências brasileiras ditas regulares
que congregam perto de 7000 lojas, veremos que a maior parte
dos maçons quer assistir às sessões, e no final ingerir os
alimentos e beber algum tipo de bebida nos fundões dos
templos perto de onde está a cozinha, geralmente no salão de
festas após ir para casa, feliz porque encontraram muitos
Amigos e Irmãos e estão felizes.

A Maçonaria brasileira vem mantendo uma tradição a qual é


necessária, mas em muitos aspectos estão ultrapassada neste
século, pelas invenções, achismos, adendos e enxertos. Para
uma grande parte de Irmãos tudo isso está bem como está. Eles
não leem e está tudo bem, e sentem-se em paz com o GADU.
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Mas uma minoria inquieta, ávida de saber, conhecer, raciocinar
e vislumbrar outros destinos mais elevados para Ordem está
aumentando em número dia a dia. Querem respostas. Mas
querem respostas coerentes, transparentes e elucidativas.
Querem mais ação. Questionam a vaidade de muitos pavões da
Ordem, questionam a síndrome do poder que contamina
muitos Irmãos, estão reclamando das invencionices, dos
famosos achismos e de enxertos ritualísticos não justificados.
Este grupo funciona como guardiões da Ordem e está
realmente preocupado com a sobrevivência da mesma.

Dentro destas informações e do avanço tecnológico levando


em conta que o mundo está mudando sua visão mecanicista
para uma visão mais holística, será traçado um perspectiva
deste futuro, mas sem compromisso com futuras verdades ou
inverdades, porque ele ainda não aconteceu. Serão meras
conjecturas. Sonhos, especulações.

Especula-se. Será que daqui a 500 a 1000 anos existirão


templos? Existirão Igrejas? Haverá necessidade de templos?
Qual será a concepção do GADU nesta época? Existirão
potências maçônicas? O ser humano vencerá a luta contra a
fera bestial que existe dentro de si e terminarão as guerras? E
as doenças desaparecerão? A comunicação entre os seres será
mais telepática e menos na linguagem comum? Haverá uma
ética, uma moral no uso da Internet? Como será a Internet?
Haverá sessões maçônicas virtuais? Enfim uma série de
perguntas, todas elas baseadas em fatos que temos a nossa
disposição no presente, e em cima dos quais podemos

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especular sobre o futuro, mesmo que nossa imaginação esteja
errada. Mas podemos fazer uma projeção de ideias. Porque
não? Nossa imaginação está além da nossa realidade atual.
Mas o que se imagina na mente torna-se realidade.

Lojas virtuais? Parece um grupo de maçons da GLUI já tentando


antecipar o futuro fundou em 29/01/1998 a “Internet Lodge,
nº 9659”. Continuam em atividade, mas parece que a Loja é
hibrida, pois tem que ser uma parte dentro do templo,
portanto, real. No Brasil fundaram duas Lojas virtuais uma em
Brasília fundada pelo pranteado Irmão Castellani e a outra a
Loja "Futura” fundada no Grande Oriente Independente de
Pernambuco. Não deram certo. A Loja “Futura” existe agora
como uma loja normal dentro de sua potência.

Atualmente estão sendo planejados e construídos aparelhos


capazes de projetar hologramas em qualquer tipo de
superfície. Imaginemos hologramas de Irmãos projetados para
um espaço virtual que chamaremos de loja, onde esta loja
funcionaria normalmente como atualmente, porém de forma
virtual. Então o sonho dos irmãos que fundaram lojas virtuais
no momento, sem ainda a necessária tecnologia, poderá um
dia ser uma realidade.

O advento da Informática, Internet, Realidade Virtual,


Mecatrônica, Robótica, Nanociência, Neurociências, está
mudando completamente a maneira de pensar de todos,
mesmo os que não admitem tal avanço. Toda a humanidade já
sentindo os seus efeitos. Talvez não hajam mais templos no
futuro e sim centros cibernéticos de iniciação maçônica.
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Imaginemos o candidato introduzido num recinto cibernético
especial e através de um programa de iniciação já pronto, ele
poderá vivenciar uma realidade mais intensa e mais verdadeira
daquela que conhecemos. Este programa terá todas as fases da
iniciação, porem contando com novos valores que por certo
aparecerão na sociedade além dos avanços da tecnologia que
ajudará este momento. Possivelmente o homem treinará e
saberá usar suas faculdades para normais de maneira mais
eficiente. A capacidade mental aumentará de 0,8 a 10% para
20% ou será maior? Como se eliminará o lado mau do ser
humano, já ele é dualista? Se ele chegar 50% do seu potencial
não quererá ser Deus?

Como imaginaríamos uma iniciação no futuro? O candidato


ingeriria uma pílula de um psico-fármaco, que não produziria
efeito secundário danoso à saúde e a duração da sua ação seria
tão somente de segundos a minutos tempo esse em que ele
vivenciaria sua iniciação. Esta psíco droga causaria a expansão
da mente e o candidato entraria em ondas alfa ou teta e desta
forma e através do programa instalado e sentiria a natureza
como se fora ele próprio. Ele se sentiria ser agua, fogo, ar e
terra. Ele se sentiria como se fosse uma parte consciente do
GADU. Viajaria por todo o Universo, visitará galáxias distantes,
se sentiria no interior de uma folha aprenderia com os sábios e
encontraria seu autoconhecimento.

Como será Moral e a Ética maçônicas no futuro? A Moral varia


na cronicidade das épocas e o que é bom hoje para Maçonaria
poderá não ser bom daqui há mil anos. Simplificando segundo

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autores, Moral é estudo e aplicação dos costumes da época e
Ética seria a ciência que estuda as regras pertinentes. Qual será
o conceito de fraternidade entre os maçons no futuro? Qual
será a função do maçom no futuro? Social? Política? Cidadão
do Universo? E o conceito do GADU como será?

Ou será que a Maçonaria tenderá tão somente ser uma Escola


de Vida e de aperfeiçoamento do “eu” interior como muitos
Irmãos no momento a concebem? Daqui há mil anos, o Estado
tomará conta da saúde, da educação do bem estar do cidadão,
da moradia, da segurança. Pouca coisa restará às Instituições
como a Maçonaria realizarem.

Ou será que o GADU nos reservará um porvir fantástico,


maravilhoso que não podemos conceber neste momento?

REFERÊNCIAS

CARVALHO, Assis Rito & Rituais – Volume 1. Editora “A Trolha”


Ltda. Londrina, 1993.
CARVALHO, Assis O Aprendiz Maçom- Grau 1. Editora “A
Trolha” Ltda. Londrina, 1995
NAUDON, Paul. A Maçonaria. Editora Difusão Europeia do
Livro. São Paulo, 1968
PALOU, Jean. A Franco Maçonaria – Simbólica e Iniciática
Editora Pensamento. São Paulo. 1964.
PETERS, Ambrósio Maçonaria – História e Folosofia. Gráfica e
Editora Núcleo Ltda. Curitiba, 1998.
TOURRET, Fernand As Chaves da Franco Maçonaria. Zahar
Editores. Rio de Janeiro, 1976.

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VAROLI Theobaldo Fº Curso de Maçonaria – Simbólica. Editora
A Gazeta Maçônica S.A. São Paulo, 1970.

LIVRE PENSADOR MAÇÔNICO


Ir∴ Hercule Spoladore

Dos dicionários: Livre pensador é:

(1) Aquele que dúvida ou nega dogmas religiosos.

(2) Diz-se do indivíduo cujas opiniões a respeito da


religiosidade são formadas com base na razão,
independentemente de qualquer autoridade.

O assunto é bastante polêmico e gera muitas especulações,


pois o homem não sabe definir sua própria condição de ser
vivo, porque está aqui na Terra, porque pensa, e sofre por
saber que o seu pensar, as suas deduções, as provas não
concludentes, não respondem às suas perguntas, não sabe se
sua mente subsistirá após a desativação de sua vida, e nem

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como ela foi ativada, se foi ao nascer se foi ou ao formar a
fecundação do óvulo pelo espermatozoide no ventre materno.

As religiões justamente aproveitando este medo do que está


para vir, e mais as incertezas próprias do ser humano, o
impregna de tal maneira utilizando para isso de sofismas, cria
dogmas, meias verdades, cristalizando em sua mente a
existência de um Criador diferente. Não como a Ordem nos
ensina quem é e o que é o GADU.

Aproveitam um fato o que não deixa de ser lógico, pois alguém


criou o universo, mas entre a causa primeira da Criação e a
diferença que os dogmas e crenças que as religiões difundem,
envenenam completamente o povo, aproveitando-se da
ignorância e insignificância do ser humano a qual é
avassaladora.

O livre pensador maçônico crê no Deus que criou os homens,


mas não aceita em hipótese alguma o deus que os homens
inventaram. Assim ele será mais livre e terá uma concepção
mais justa a respeito do Universo e do seu Criador. Mas ao
mesmo tempo ele monitora e contesta concepções cientificas
falsas. Não é só sobre dogmas religiosos que ele trabalha. Ele
pensa sobre tudo e aceita apenas que se enquadra na sua razão
e experiência, e depois de um estudo muito aprofundado
desde que este estudo o conduza para o seu próprio bem e
para o bem de todos os seres humanos. Isso ele aceita como
Verdade. Entre os livres pensadores de um modo geral se
incluem os ateus, agnósticos e os racionalistas. O livre

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pensador maçônico usa o racionalismo, mas admite a
existência de um Criador do Universo.

Ele sabe que não existem estudos suficientes sobre as leis que
regem a origem da vida, e também que não existem estudos
ou provas sobre as afetivas leis que regem a atividade mental,
bem como da parte emocional das pessoas.

Desta forma o indivíduo que pensa que raciocina que é curioso,


que duvida que contesta e que usa a lógica, a razão, e a
coerência ele não tem culpa disso, pois foi assim que ele, não
sabe dizer por que, mas foi desta forma que nasceu e veio ao
mundo. Foi assim programado com estas capacidades mentais
de pesquisar e duvidar. A dúvida é a mola mestra da sabedoria
e do conhecimento.

Ele conjectura uma série de perguntas que ele gostaria de vê-


las respondidas. Mas sofre demais por ser limitado. Ele é
obrigado a conviver como sendo verdade, com uma série de
mentiras, sofismas lendas, crenças que estão espalhadas por
este mundo adentro e afora. Inclusive com seus Irmãos
maçons.

O ser humano se vê perdido diante dos inúmeros enigmas que


se lhe apresentam e ainda percebe que sua mente é incapaz de
decifra-los, porque foi programado imperfeito, e além do mais
a matéria (corpo) o priva de enxergar e sentir outra realidade,
além dos cinco sentidos.

Certas reflexões e deduções causam uma dúvida existencial


muito grande porque sem as respostas objetivas e verdadeiras
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o indivíduo que simplesmente pensa fica perdido. Por exemplo,
quando o ser humano se pergunta: “porque nascí, se não pedi
para nascer, porque meus pais foram escolhidos para serem
meus pais? E meus irmãos carnais? Coincidência? Sei que o
homem é dualista, ora mau e ora bom ao mesmo tempo, mas
também pergunto por que tenho que morrer se na idade mais
avançada que é a idade da razão, a idade que adquiri muitos
conhecimentos que agora seriam de grande utilidade? Porque
existem as doenças? Porque nascem crianças com más
formações congênitas? Porque doenças malignas devoram
jovens? Qual é o papel real dos gens na raça humana. Afinal
quem eu sou? Porque ajo desta maneira Porque reajo desta
forma? Porque eu mesmo não me entendo bem?”.

Evidentemente, não há respostas lógicas. Somos obrigados a


conviver com estas incertezas. Fomos criados assim.
Programados assim. Mas isto não significa que devemos
abandonar tudo por conta da fé religiosa por crendices ou por
falsas concepções cientificas, por medo ou acomodação, ou
simplesmente, negar tudo isso, sem ter outra opção, ou outra
linha de conduta e pensamento.

Teremos que contar com o nosso falho e imperfeito raciocínio,


nossa inteligência castrada pelos sentidos e através da
pesquisa e experiência, e do pouco que sabemos conhecermos
melhor o mundo em que vivemos. Isto é possível.

Mas justamente embora bloqueada pela matéria (nosso corpo)


a mente está muito além desta dita matéria. Os paranormais
que bilocam a consciência, ou seja, aqueles indivíduos que
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conseguem que sua mente se expanda além dos cinco
sentidos, relatam perfeitamente com segurança após a
experiência de bilocação, uma realidade diferente. Nós
conhecemos a realidade apenas o que os nossos sentidos
permitem. E infelizmente os nossos sentidos nos limitam muito
a ponto de percebermos uma realidade imposta por eles.
Quase nada sabemos sobre nosso mundo mental.

Hermes de Trismegisto declarava que o mundo é mental. Pode-


se assim deduzir pelo que ele dizia que a matéria prima do
universo é a substância mental.

Um novo paradigma holístico veio substituir o antigo


paradigma cartesiano-newtoniano. E esta nova maneira de
pensar afirma que o universo é uma rede de informações,
criadora de toda a realidade física, tem consciência e existe
antes da própria matéria. O universo seria autoconsciente.

E estamos numa fase da humanidade em que as ciências foram


destruindo os antigos personagens das mitologias e deixando
de lado os poderosos deuses de outrora. O estudo da mente
humana poderá trazer alguma luz. A mente, não sabe o que ela
é, mas podemos estudar os seus efeitos e através destes
identificar alguns aspectos muito importantes da mesma.

Mesmo sem termos respostas para todas estas indagações


aqui expostas, o estudo da mente humana vem avançando e
revelará algumas respostas que deixem menos dúvidas, mas o
mistério da vida e do Universo não nos será revelado. Por esta
razão teremos que nos render ante uma Força Maior.

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LANDMARQUES, O QUE EU PENSO A


RESPEITO...
Ir∴ Hercule Spoladore

A Maçonaria tem no seu acervo de palavras, no seu


vocabulário de uso cotidiano uma complexa terminologia,
repleta de figuras, idéias, princípios, explicações, lendas,
alegorias, conceitos, sínteses filosóficas, ensinamentos, frases
lapidares, etc. que se consubstanciam em termos tais como
Iniciação, ritos, graus, emblemas, símbolos, Lojas, Potências,
Obediências, Irmãos, Arte Real, isto só para citar alguns
poucos, das centenas de vocábulos que por assim dizer,
constituem uma verdadeira linguagem superposta à nossa
linguagem comum se tornando especial concretizando-se
assim a língua maçônica, que é semelhante à língua
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normalmente falada no país, mas que quando falada por
maçons tem outro significado e só estes a entendem.

Esta é uma infinidade de conceitos, leis princípios


aparentemente muito complexos que se imbricam como um
verdadeiro quebra-cabeça, e somente são acessíveis aos
Iniciados, cujas interpretações são de natureza diversa e
bastante heterogênea, pois cada adepto tem a sua própria
maneira de assimilar os ensinamentos de acordo com as suas
concepções mais íntimas, quer sejam agnósticos, deistas ou
teistas. Mas de qualquer forma esta linguagem e suas
significações são o meio de comunicação e os vetores de suas
mensagens, pelas quais os maçons se comunicam.

Para tornar mais democrática e livre esta busca, a


Maçonaria lança mão das metáforas, das deduções, da
meditação introspectiva, das analogias, e especialmente das
dúvidas. Para dar ênfase especial à dúvida, a Maçonaria ensina
seus adeptos a usar a Dialética que é a arte de se discutir
qualquer assunto até a última gota de afirmação e contradição
que ele possa oferecer. É uma maneira de se buscar,
pesquisando. Para um Maçom estudioso as contradições as
incongruências, as polêmicas e os assuntos ainda não
esclarecidos ou resolvidos, passíveis de discussões, são o reino
de seu aprendizado, que é em última análise a procura
incessante de seu autoconhecimento, aliás, fato este que a
grande maioria de Irmãos desconhece. Convém ressaltar que
se a Maçonaria fosse matemática, isto é com explicações
chavões muito certas, muito corretas, possivelmente ela não

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sobreviveria, porque ela tiraria a beleza da dúvida e atrelaria o
Irmão a aceitar princípios que não poderiam ser contestados.
O maçom é um contestador nato, no bom sentido.

Para complicar este interessante e lindo trajeto que o


maçom percorrerá durante sua vida, ele deparará com uma
série de termos, sobre os quais já se escreveram e ainda se
escrevem verdadeiros tratados, muitas das vezes sem se
chegar às conclusões satisfatórias tais como regularidade,
potências, ecletismo, landmarques (landmarks ou lindeiros),
leis, rituais etc. Nesta caminhada as vezes ele parecerá estar na
“terra do faz de conta”, mas poderá usar com toda liberdade
todos os recursos imagináveis quando poderá ocorrer que ele
até duvide de um axioma, que como todos sabemos trata-se de
uma verdade indemonstrável, a qual não terá que ser
questionada ou provada, e em outras ocasiões, ele procurar
outros caminhos, ele poderá até sofismar para poder ter uma
pista a mais para perquirir suas verdades e acabar por provar
para si que um sofisma sempre será um sofisma e baseia numa
premissa falsa. Logo, não poderá um sofisma ter valor. Mas é
um caminho que o maçom as vezes adota erradamente. Tais
são as opções deliciosas que um Maçom inteligente tem para
se encontrar. Neste trajeto místico e intelectual ele não terá
que provar nada a quem quer que seja. Ele só terá que provar
algo a si mesmo. Eis um dos maiores ensinamentos da Ordem.

Mas então com toda esta mixórdia como é que a


Ordem sobrevive? Ora, ela sobrevive e vai muito bem. Talvez
por saber adequar todos os elementos contraditórios

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mencionados, e por não se reger pelos princípios cartesianos
que regem outras instituições afins que se dizem seculares. A
Maçonaria tem a sua maneira própria de ser e isso é que a
torna linda e intrigante. Não há uma metodologia ser seguida
para seu estudo. É a lei do coração, da emoção que fala mais
alto. Mas, não podemos abandonar a razão. Isso é muito
importante, para evitar os achismos e invenções.

Dentro deste raciocínio, os tais de landmarques


mencionados constituem um dos terrenos mais contraditórios
e, atualmente se questiona e muito até que ponto eles tenham
algum valor real para a Maçonaria moderna. Se formos analisá-
los, já de início, teremos dificuldades para escolher qual a
classificação que abordaremos para estudo, pois existem mais
de sessenta. Qual a verdadeira? Qual merecerá ser levada a
sério? A de Albert Gallatin Mackey? Porque? A classificação
dele está repleta de incongruências.

Temos até uma classificação de um maçom brasileiro com 14


artigos, ou seja, a de Joaquim Gervásio de Figueiredo. Existem
ainda entre as inúmeras classificações as de Albert Pike, Bob
Moris, Jean Pierre Berthelon.

Segundo Castellani os landmarques de um modo geral


deveriam ser reduzidos a quatro artigos, que seriam as regras
principais usadas pela Maçonaria Operativa.

Costuma-se citar que os landmarques ou lindeiros são


oriundos dos manuscritos antigos também chamados de Old
Charges. São apenas apresentados como provindos daqueles

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documentos, pois não havia landmarques na Maçonaria
Operativa. Logo, eles não existiam. Foram inventados, não
resta a menor dúvida. Comparando-se o que se lê nestes
documentos antigos, ou seja, nos Old Charges ou Antigas
Obrigações ou Manuscritos e o que se pratica na Maçonaria
que atualmente professamos há apenas alguma semelhança
vaga com relação aos nossos caminhos atuais. O conteúdo de
um dos mais importantes, talvez o maior em importância, o
Poema Régio, não vemos como encaixar dentro daquilo que
está escrito, na maioria dos artigos da classificação de Mackey
e de outros autores, ou mesmo com o que praticamos na
Maçonaria atual.

. Tomamos os landmarques de Albert G. Mackey como


referência, feito por um americano para americanos. Ressalte-
se que maioria das 50 Grandes Lojas Americanas nem se
manifestaram a respeito deles.

Entretanto, muitos brasileiros os tem como verdades


imutáveis, como se fossem uma verdadeira bíblia. Ressalte-se
mais uma vez que existem mais de sessenta classificações de
landmarques espalhadas pelo mundo afora.

Modernamente a Maçonaria inglesa adota oito princípios, que


são suas regras particulares, adequados à ela como potência
que não são landmarques, mas, que são princípios próprios da
Grande Loja Unida da Inglaterra. Ela não adota os chamados
landmarques.

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Seria muito mais inteligente e sincero admitirmos que os
ingleses no início da fase especulativa da Ordem, quando
criaram a união de Lojas que antes eram livres, e inventaram o
termo “Obediência” tiveram que elaborar uma espécie de
estatuto para, evidentemente colocar ordem sobre os maçons
e lojas sob o comando da Grande Loja de Londres. E estes
estatutos ou constituições ou enumeração de deveres e
direitos foram baseados nos estatutos das corporações de
ofício, e das guildas que já existiam, e principalmente nos
estatutos destas corporações, verdadeiras precursoras dos
atuais sindicatos e cooperativas, pois os landmarques têm
muito mais a ver com estes estatutos do que com os Old
Charges. É só ler esta documentação e compara-la, que
teremos a evidência desta afirmação. São obrigações e direitos.

E assim nasceu o termo “landmark,” inventado por


George Payne em 1720, aparecendo pela primeira vez quando
ele compilou o Regulamento Geral da Maçonaria Inglesa. No
Brasil chamam-se landmarques. Anderson em sua Constituição
de 1738, menciona o termo pelo menos duas vezes.

Interessante que o conceito de landmarque que temos


é que seria uma lei, um marco, uma linha intransponível, que
todo maçom não deveria transpô-la, mas que no dia a dia, o
que vemos é justamente a transposição deste limite,
especialmente pelos dirigentes das potências. Em seu nome
mudam-se rituais, ocorrem cisões na Ordem, expulsam-se
Irmãos, outros são chamados de irregulares, perjuros e outros
tantos epítetos. Os landmarques ajudam muito hoje em dia,

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esta autofagia maçônica, pois são muito invocados pelas
autoridades maçônicas a todo instante quando querem punir
algum Irmão ou uma Loja que não siga a linha política do seu
Grão-Mestre.

Enfim, na realidade landmarque é uma palavra mágica.


Serve para tudo e não serve para nada. Depende de quem a
manipule.

Todavia, como se fosse uma verdadeira bíblia faz parte


do contexto maçônico como tantos outros segmentos da
Ordem que atualmente não teriam mais razão de ser.
Poderemos aboli-los pura e simplesmente? Talvez não. Se
tirarmos os landmarques, da Ordem teremos que repensar e
retirar outras lendas outros segmentos esdrúxulos que até
então temos sido obrigados a aceita-los. Valeria a pena?
Possivelmente não. Estaríamos destruindo em parte uma das
nossas fantasias mais bonitas. É uma das peças de toda a
terminologia maçônica atual. É bonito pronunciar esta palavra.

Nós, entretanto, arriscaríamos a colocá-los como folclore


maçônico. Argumentemos. O que é folclore? Entre as várias
definições uma delas é o estudo e conhecimento das tradições
de um povo, expressas nas suas lendas, crenças canções e
costumes. Achamos que ficaria bem, pois estaríamos ainda
que, sem razão, pois eles não existiam, mas estão
romanticamente ligados à Maçonaria Operativa a qual sempre
os entendidos a invocam como tradição ligada às chamadas
lendas antigas o que agrada a todos, pois dá aquela sensação
de antigüidade. E já é uma situação que data desde os
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primeiros anos da Maçonaria Obedencial, ou seja, quando
criaram a chamada potência tendo, portanto uma duração de
mais ou menos três séculos. Não será fácil simplesmente aboli-
los. Vamos, pois, considera-los, como se fossem uma tradição,
pois já faz tanto tempo que foram inventados. Coloca-los como
folclore, fica ameno e romântico, não os destrói. Se lermos
estas classificações de landmarques que existem no mundo
maçônico e os acharmos folclóricos não teremos compromisso
com a veracidade daqueles enunciados, os quais são na sua
maioria contraditórios, pois cada autor afirma o que quer, e
ainda todos aqueles textos entremeados de muitos deveres
direitos e ameaças de punições se porventura, infringirmos
aquilo que se considera como os seus famosos limites
intransponíveis. Se os acharmos folclóricos, vamos ter a
sensação ou a ilusão de estarmos tendo acesso a relatos muito
antigos e que nossa Ordem é milenar, e esta fantasia faz muito
bem a maioria dos maçons. Então, porque destruí-la?

Entretanto, não esqueçamos que a Maçonaria como


qualquer organização, como qualquer firma, tem que ter
regras e princípios para seu perfeito funcionamento, e no caso,
boa parte destas regras são baseadas em regras antigas da
organização que foram sendo modificadas com o passar do
tempo, adequadas à modernidade.

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JOSÉ BONIFÁCIO E O APOSTOLADO, OU A


NOBRE ORDEM DOS CAVALEIROS DE
SANTA CRUZ

Ir∴ Hercule Spoladore

Esta Ordem foi fundada em 02 de Junho de 1822 por José


Bonifácio, quando já estava em plena efervescência o
movimento que eclodiria com a Independência do Brasil.
Consta como seus fundadores, Bonifácio, D. Pedro de
Alcântara, Joaquim Gonçalves Ledo, cônego Januário e o

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irmão carnal de Bonifácio, Antônio Carlos Ribeiro de Andrada e
Silva, além de outros.

O Grande Oriente Brasílico, Brasiliano ou Brasiliense seria


fundado 15 dias após em 17 de Junho.

O Príncipe Regente D. Pedro de Alcântara , que tomou parte na


primeira reunião foi eleito por proposta de José Bonifácio,
para ocupar o cargo de Arconte-Rei que era o equivalente ao
de Grão-Mestre. Ele tomou posse na reunião de 22 de Junho.

O Apostolado foi inspirado na Carbonária européia, pois José


Bonifácio a conhecera na Europa e se propunha a ser no Brasil,
uma organização semelhante ao Areópago de Itambé (1796-
Pernambuco) Sua finalidade a exemplo da mesma posição que
tomaria o Grande Oriente Brasílico era política tendo como
meta principal a Independência do Brasil.

Segundo Gondin da Fonseca, “o Apostolado era uma espécie


de Loja Maçônica sem ser maçônica”

Seu governo principal era a Palestra a qual foi posteriormente


dividida em três: “Independência ou Morte” “União e
Tranquilidade ” e “Firmeza e Lealdade”. As Palestras se
subdividiam em Decúrias. Uma estava localizada no Catete,
outra na Rua da Cadeia e outra na Rua São José.

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Decúria segundo os dicionários seria um grupo de dez coisas ou
indivíduos, mas no Apostolado, cada Decúria tinha doze
Apóstolos e um Presidente.

O tratamento entre si era camarada e se dividiam em quatro


categorias ou graus a saber: Recrutas, Escudeiros, Cavaleiros e
Apóstolos. Os profanos eram os “paisanos”.

Usavam um lenço no lado direito do peito e a cor os


diferenciava. A cor amarela era dos Recrutas, o encarnado ou
vermelho para os Escudeiros, azul celeste para os Cavaleiros e
branco para os Apóstolos.

Era uma sociedade que tinha estatutos, sinais, toques e


palavras como na Maçonaria. Aliás, era uma organização
maçônica de fins políticos. O primeiro Vigilante chamava-se
lugar-tenente .

Os membros do Apostolado se denominavam colunas do Trono


porque a meta principal era sustentar a monarquia
constitucional e guerrear as idéias republicanas.

Os novos adeptos faziam o seguinte juramento:

“Juro aos Santos Evangelhos guardar escrupulosamente os


segredos de meu grau, não comunicando a pessoa alguma
Paisana, qualquer coisa que, na qualidade de Recruta, me for
confiada, nem tão pouco instruir a alguém o Sinal da Ordem
dos Cavaleiros da Santa Cruz, toque, senha, contra-senha
correspondente. Juro, finalmente, promover com todas as
minhas forças e a custo de minha vida e fazenda a Integridade,
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Independência e Felicidade do Brasil, como Império
constitucional, opondo-me tanto ao despotismo que o altera,
como à anarquia que o dissolve. Assim Deus me ajude”

O Apostolado, esta forma paralela de Maçonaria atuou de


forma destacada na Corte até que José Bonifácio e seus irmãos
caíram em desgraça em 1823, por não concordarem com o
despotismo e as arbitrariedades de D. Pedro I, o qual como
Arconte Rei encerrou definitivamente as atividades do
Apostolado em 15/07/1823.

INTRIGAS PALACIANAS.

DESDOBRAMENTOS GRANDE ORIENTE BRASÍLICO-


APOSTOLADO

( LEDO VERSUS BONIFÁCIO)

O Apostolado e o Grande Oriente Brasílico assumiriam posições


antagônicas, mas ambos aspiravam a Independência. Os
adeptos de Ledo queriam o rompimento total dos laços com
Portugal, sendo que os mais exaltados queriam a república,
muito embora, apesar de liberal não fosse essa a posição final
de Ledo. Ledo era em realidade monarquista. Já o grupo de
Bonifácio, apesar de estar também no Grande Oriente pregava
a independência, mas era a favor de uma união luso-brasileira,
de tal forma que fossem países autônomos Brasil Portugal e
Algarves, porem unidos, e que o regime fosse monarquia
constitucional.

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Não resta dúvidas, que tanto Ledo como Bonifácio, aspiravam
as benesses da Corte. Havia interesses pessoais e políticos em
jogo e parece que se detestavam totalmente nesta fase da
história. Ambos, lideres impositivos, e inteligentes, porem
antagônicos.

A Independência do Brasil na ocasião era por uma série de


razões, um processo histórico irreversível e segundo Mello
Moraes, já estava tudo combinado.

Afirmar que José Bonifácio não a queria, como alguns


escritores afirmam, não se acredita, e não sem tem respaldo
histórico porque ele era um estadista muito esperto e sabia o
que iria acontecer e sabia qual era a sua posição.

Justificar porque ele a queria na forma monárquica


constitucional e união com Portugal, fosse talvez por acreditar
que se o Brasil adotasse uma forma de governo mais liberal,
seria o caos. E quem sabe, temesse pela Família Real, achando
que poderia acontecer o mesmo que aconteceu com a Família
Real francesa, onde os nobres foram decapitados. E ressalte-
se que nesta época o anarquismo e o carbonarismo andavam
em moda.

O próprio Ledo foi tachado várias vezes de carbonário. É lógico


que hoje, sabemos que ele quando mais jovem por até ter tido
idéias republicanas, quando mais maduro, ele fez a sua fé
monárquica. Existem documentos comprovando. Mas de
qualquer forma estas supostas possibilidades que poderiam
ocorrer deviam causar preocupações a Bonifácio.

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É provável que Bonifácio que dentro de seu raciocínio, ele
estivesse bem intencionado quanto ao futuro do Brasil.
Entretanto ele usou de meios drásticos para chegar aos seus
fins.

D. Pedro quando interpelado a respeito, referia que a


finalidade do Grande Oriente e do Apostolado eram as
mesmas, mas os membros do Apostolado começaram a solapar
o Grande Oriente de todas as formas, por causa da rivalidade
dos dois lideres.

Até D. Pedro se tornar Grão-Mestre do Grande Oriente a


animosidade entres os dois grupos era mais velada. Mas como
a eleição de D.Pedro para Grão-Mestre foi feita sem que José
Bonifácio soubesse, sendo um golpe bem urdido de Ledo e
ele, Bonifácio que era o Grão-Mestre do Grande Oriente
Brasílico se sentiu traído. Ficou na espera de uma oportunidade
para ir a desforra.

A partir deste fato as escaramuças e a hostilidades se


sucederam de ambos os lados.

Após a Aclamação de D. Pedro ocorrida em 12/10/1822 o grupo


de José Bonifácio espalhou a notícia de que os partidários de
Gonçalves Ledo pretendiam provocar uma reforma ministerial.
José Bonifácio, então ministro do Governo mandou que o
Intendente da Polícia exercesse severa vigilância sobre eles,
mandando inclusive prender o jornalista João Soares Lisboa,
amigo de Ledo.

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Além disso, houve um fato que pioraram as suspeitas de
Bonifácio. Clemente, Nobrega e Ledo conseguiram do
Imperador, a estas alturas, ainda um tanto ingênuo estando de
bem com os maçons do Grande Oriente, três assinaturas em
branco e o antecipado juramento à Constituição que a
Assembléia iria aprovar.

Bonifácio fez ver a D.Pedro o absurdo de jurar


antecipadamente algo que ainda não existia e convenceu-o a
conseguir de volta imediatamente o documento assinado em
branco, e ainda sugeriu que fosse fechado o Grande Oriente,
pois lá se conspirava contra o governo.

O Imperador, envenenado pelas intrigas escreve um bilhete a


Ledo numa segunda feira, dia 21/10/1822

“Meu Ledo Convindo fazer certas averiguações tanto publicas,


como particulares na M:., mando primo como Imperador,
secundo como Gr:. os trabalhos na M M:. que:. se supendão
athe Segunda ordem Minha. He o que tenho a participarvos
agora Restame reiterar os meus protestos como Ir:.

PEDRO GUATIMOZIN, G:. M:. S. Christovão, 21.Obro.1822”

P.S. “Hoje mesmo deve ter execução e espero que dure pouco
tempo a suspensão porque em breve conseguiremos o fim que
deve resultar das averiguações”.

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Ledo foi falar diretamente com D. Pedro o qual reconheceu
que havia sido influenciado pelo seu Ministro de Estado. Desta
forma D. Pedro resolveu que o Grande Oriente voltasse a
funcionar e no dia 25/10/1822 envia outro bilhete a Ledo:

“Meu I:. Tendo sido outro dia suspendidos nossos augustos


trabalhos pelos motivos que vos participei e achando-se hoje
concluídas as averiguações vos faço saber que segunda-feira
que vem os nossos trabalhos devem recobrar o seu antigo vigor
começando pela abertura da G:. L:. em Assembléia Geral. He o
que por ora tenho a participarvos para que passando as ordens
necessárias assim o executeis. Queria o S:.A:. do U:. darvos
fortunas imensas como vos desejo. I:.P:.M:.R:.”

Assim , o Grande Oriente fechado no dia 21/10/1822 já


poderia ser reaberto novamente no dia 28.

Todavia, dados os desdobramentos rápidos dos


acontecimentos, não foi isso que aconteceu.

Bonifácio sentindo-se traído pelo Imperador, solicita demissão


do cargo de ministro, bem como seu irmão carnal Martin
Francisco.

D. Pedro não conseguiu formar novo ministério. O Apostolado


através de seus agentes inflamando o povo nas ruas do Rio de
Janeiro, exigia a volta dos Andradas.

O Imperador sempre volúvel, indeciso, chama de volta José


Bonifácio e seus seguidores, através de um decreto de
30/10/1822.
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Uma vez, novamente no poder Bonifácio mandou que fossem
presos todos aqueles maçons que julgava ser seus inimigos.
Grande parte dos partidários de Ledo foram encarcerados. As
prisões ficaram abarrotadas. José Clemente Pereira( Camarão),
Luiz Ferreira Nóbrega de Souza Coutinho( Turrene), o cônego
Januário da Costa Barbosa (Kant) foram deportados para a
França. Outros ficaram presos vários meses, sem estarem
acusados de crime algum.

Ledo avisado pelo Irmão Januário através de um bilhete, antes


deste ser preso, esconde-se em uma chácara de um amigo e a
noite disfarçado de uma velha carregando um balaio, foi
encontrar-se em Araruama com o amigo e maçom Lourenço
Westin, cônsul da Suécia, sendo encaminhado para Buenos
Aires, como exilado. Só voltou ao Brasil daí há um ano em
21/10/1823.

Entretanto, Bonifácio também teve posteriormente daí há


alguns meses, o seu declínio na Corte. Uma vez instalada a
constituinte em 03/05/1823, os Andradas queriam que a
Assembléia não desse maiores poderes ao Imperador e
acusavam este de perseguir brasileiros sem razão, e ainda José
Bonifácio era contra a escravidão. Criou inúmeros inimigos
entre os fazendeiros. Bonifácio igualmente não confiava na
idoneidade moral dos constituintes.

No dia 30/06/1823, D. Pedro caiu de um cavalo e fraturou


costelas, porisso deixou de freqüentar o Apostolado, onde era
o Arconte-Rei. Fala-se que durante esta ausência, os apóstolos
começaram a tramar uma conspiração contra o Imperador.
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Esta suposta conspiração foi denunciada por meio de uma
carta anônima escrita em alemão, que chegou às mãos de D.
Pedro no dia 15/07/1823 e que foi traduzida pela Imperatriz
Leopoldina.

D.Pedro a guisa de discutir assuntos do governo, chama ao


Paço o seu Ministro José Bonifácio e com a desculpa que iria
“cura-se” das dores, solicita que ele fique conversando com a
Imperatriz, que voltaria em seguida.

D. Pedro em meio de ligaduras e ataduras, veste sua farda, e a


frente de uma tropa de cinqüenta soldados armados e mais
alguns oficiais de confiança, se dirige a sede do Apostolado,
assentou-se no trono do presidente daquela sessão presidida
por Antônio Carlos Ribeiro de Andrada e Silva, com os soldados
formando ala desde a entrada do prédio, tomou para si um
pequeno cofre, onde eram guardados os documentos da
sociedade, dispensou todos os irmãos presentes avisando que
a partir daquele momento não haveria mais reuniões no
Apostolado sem sua ordem expressa.

Bonifácio é obrigado a renunciar como Ministro. Sobrava-lhe


ainda o cargo de deputado por São Paulo.

Os acontecimentos políticos que ainda estariam por vir


apressariam a queda dos Andradas. No dia 15.09.1823 iniciam
as discussões sobre a futura Constituição. Em 12/11/1823
D.Pedro dissolve a Constituinte, manda prender os Andradas e
outros cidadãos. Exila-os para França em 21/11/1823.

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Estava como D.Pedro queria, Ele tinha agora poderes
ilimitados e absolutos, um déspota, perfeito autocrata. No
meio de tanta animosidade ele havia se tornado um fiel aluno
suplantando os dois mestres em matéria de intrigas e brigas e
perseguições, só que com um defeito maior, o de tirano alem
de conquistador mulherengo . E, muito mal acompanhado pelo
seu secretário particular, alcoviteiro Francisco Gomes da Silva
o Chalaça, que infelizmente foi maçom. Havia sido negada sua
filiação, por “indiferença à causa do pais e imoralidade”,
proposta pela Loja nº 2 ‘União e Tranqüilidade” cujo pedido foi
discutido na 5ª sessão do Grande Oriente realizada no 22° dia
do 4º mês do ano 5882 da V:.L:.( 22/07/1822) conforme consta
da ata do Livro de Ouro da Maçonaria Brasileira.

Chalaça gaba-se em suas memórias de ter sido o autor da


constituição que D. Pedro impôs ao povo brasileiro, onde ele
relata que fez uma compilação de constituições européias da
Noruega, França e Portugal e que “uma ou outra cosia eu
inventei eu mesmo” Refere que introduziu o poder Moderador
, alegando que este dispositivo daria poderes maiores ao
Imperador acima dos três poderes, Judiciário. Legislativo e
Executivo.

Ledo, Clemente Pereira, Januário e os demais partidários


estavam agora reabilitados. Eles que antigamente combatiam
esta forma de governo, parece agora não a enxergavam.
Foram obrigados a serem comedidos.

Depois que o Grande Oriente e o Apostolado que tiveram seus


grêmios fechados pelo Imperador, uniram-se contra ele num
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processo lento de oposição minando aos poucos o trono, o
qual viria culminar em 07/04/1831 com a abdicação de
D.Pedro I

José Bonifácio e Gonçalves Ledo causaram aos maçons atuais


profunda frustração histórica. O Brasil precisava naqueles
primeiros momentos de nação livres destes dois grandes
lideres lado a lado. Ao invés de serem grandes Irmãos e Amigos
foram inimigos recíprocos. De certa forma entende-se, pois em
nossas lojas atuais, os Irmãos não conseguem tornar pequenas
as suas diferenças transformando confrontos de idéias em
confrontos pessoais. E ainda ressalte-se que as lojas atuais são
apenas lojas maçônicas, e não grêmios políticos como foram o
Grande Oriente Brasílico e o Apostolado.

Estes dois Irmãos mostraram para a posteridade, o terrível


número 2, o número dos contrastes, da dualidade, do
antagonismo do sim e do não. Mas também não se deve
esquecer que talvez este confronto deva ser necessário para o
progresso da humanidade, desde que não seja tão pessoal,
mas é provável que até Ledo e Bonifácio se admirassem.

Fatos interessantes, ocorreram nestes primeiros 15 anos da


novel nação emergente, envolvendo os três personagens
principais, D.Pedro, Ledo e Bonifácio.

Em 17/06/1822 o próprio Ledo faz aclamar José Bonifácio,


Grão-Mestre do Grande Oriente Brasílico, tomando posse em
19/06/1822.

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Depois que D. Pedro gostou cargo de Imperador e tornou-se
um tirano acabou com Maçonaria e com o Apostolado.

Porem, também não se saiu muito bem o primeiro Imperador


do Brasil. Uma série de crises políticas e administrativas o
levariam a ter que abdicar.

José Bonifácio, volta do exílio em 23/07/1829 e num gesto


magnânimo aceita ser tutor dos filhos de D.Pedro, antes de sua
partida para Portugal, em 07/04/1831. E ainda referiu-se á José
Bonifácio “ Ao meu probo honrado patrício cidadão José
Bonifácio, meu verdadeiro Amigo”

Pergunta-se: Após 06 anos de exílio, onde José Bonifácio, já


velho passou até por necessidades na França D. Pedro I teve a
coragem de chama-lo “verdadeiro amigo”? E José Bonifácio
aceita?

Na reinstalação do Grande Oriente Brasílico, agora com o nome


de Grande Oriente do Brasil, lá estavam lado a lado José
Bonifácio e Gonçalves Ledo, inclusive Ledo escreveu um
manifesto para José Bonifácio entregue em 17/02/1832
informando os maçons a reinstalação do Grande Oriente do
Brasil, pois havia outro Grande Oriente Brasileiro também
conhecido como Grande Oriente do Passeio fundado em 1830
e instalado em 2/06/1831, portanto antes reinstalação do
Grande Oriente do Brasil ocorrida em 23/11/1831 que
reivindicava ser o verdadeiro sucessor do Grande Oriente
Brasílico por um grupo antigo que não se alinhava
politicamente nem com o Andrada e nem com Ledo. Se Ledo

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fosse tão inimigo de Bonifácio, ficaria com o outro Grande
Oriente, mas no entanto estava lá no Grande Oriente do Brasil
apoiando Bonifácio.

Quando em 06/04/1838, quando Bonifácio faleceu, Ledo


manda que Clemente Pereira fosse á Maçonaria proferir
palavras de louvor sobre o ilustre brasileiro que acabara de
falecer. Mas em 1822 Bonifácio não mandara prender Ledo?

Será que estes três Irmãos se detestavam realmente? O se será


foram hipócritas que agiam de acordo com a balança política
da época, ora sendo inimigos, ora sendo amigos? Ou foram
meros instrumentos da História?

Será que estes três grandes lideres maçônicos nacionais foram


os inventores de uma situação nacional que hoje o vulgo
chama de “tudo acabou em pizza”?

O pesquisador fica numa seria dúvida. Realmente, ninguém


pode negar eles foram três lideres de personalidades fortes, e
que contribuíram e muito para a Independência do Brasil.
Quanto ás mazelas pessoais, nenhum Irmão poderá julga-las
pois nas lojas atuais acontece a mesma situação. É do ser
humano, esta agressividade que revela o lado animal do
Homem e estes confrontos pessoais as vezes tão deletérios
para a Ordem, jamais terminarão.

Com frequência, intrigado, o pesquisador indaga quando


medita a respeito:

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Como realmente aconteceram os primórdios de nossa História
como país livre?

Quem foi realmente D.Pedro I ( Guatimozin)?

Quem foi realmente José Bonifácio de Andrada e Silva(


Pitágoras)?

Quem foi realmente Joaquim Gonçalves Ledo ( Diderot)?

REFERÊNCIAS

ARÃO, Manoel. História da Maçonaria do Brasil. Recife, 1928 –


1° Volume.

ASLAN, Nicola Pequenas Biografias de Grandes Maçons. Rio de


Janeiro – Editora Maçônica, 1973

CASTELLANI, José. Os Maçons que fizeram a História do Brasil.


São Paulo - Editora Traço, 1989.

PROBER,Kurt. Achegas para a História da Maçonaria do Brasil


Rio de Janeiro, 1968.

Grande Enciclopédia Delta Larrousse

Livro de Ouro da Maçonaria Brasileira(Atas do Grande Oriente


Brasílico desde 17/06/1822 á 21/10/1822)

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ADOÇÃO DE LOWTONS E O CULTO DE


MITRA (MITRAISMO)

Ir∴ Hercule Spoladore

A Adoção de Lowtons e o casamento maçônico são talvez as


duas cerimônias ritualísticas que podem ser assistidas por
profanos em toda a sua totalidade.

A Adoção de Lowtons foi acrescentada às cerimonias


maçônicas não muito tempo após a fundação da Maçonaria
Moderna ou Especulativa, ou seja, a partir de 1717. Segundo
José Castellani, Goerge Washington, que nasceu em 1732 foi
lowton e iniciado em 04/11/1752 aos vinte anos de idade na
Loja Fredericksonburg nº 4 na Virginia. Esta prática foi sido
importada da Inglaterra.

Era uma cerimônia realizada com muito mais frequência no


Brasil há cerca de 20 a 30 anos atrás. Com o advento dos De
Molays, APJ (Associação Paramaçônica Juvenil) para jovens do
sexo masculino, Arco-íris, Filhas de Jó para as jovens do sexo
feminino a partir de 1980, quando o Brasil maçônico importou
estas Ordens dos Estados Unidos. A Ordem de De Moaly aceita
jovens de 12 a 21 anos.
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Em função da idade dos jovens serem próximas às idades dos
meninos e jovens a serem tornarem adotados quando até
jovens de 17 anos poderiam ser adotados, estas novas
organizações para maçônicas por sua organização, sua
participação dinâmica ritualística, com promoções
filantrópicas, na sociedade diminuiu muito a cerimônia de
Adoção de Lowtons nas Lojas e que até está em desuso, pois
existem lojas mais modernas que nem sabem desta ritualística
maçônica. Atualmente apenas um número diminuto de lojas
ainda realiza a Adoção de Lowtons. Muitas Lojas não cumprem
o compromisso assumido junto ao adotado e o Paraninfo ou
Padrinho também não dá atenção que deveria dar ao seu
afilhado através de ensinamentos que evidentemente
preparariam o lowton para um dia ser maçom. Outros tempos,
outros costumes e uma tradição linda está em desuso. Só que
a Adoção de Lowtons é uma prática ritualística tipicamente
maçônica e não para maçônica.

Ainda segundo Castellani a Ordem de Molay foi fundada em


1919 em Kansas City pelo maçom Franck Shermann Land. Foi
introduzida no Brasil em 1980 com a criação do Capítulo do Rio
de Janeiro sob a liderança do Irmão Alberto Mansur, Grande
Soberano do Supremo Conselho REAA, ligado ás GGLL.

O termo lowton não existe nos dicionários comuns. É uma


palavra cuja origem não está bem esclarecida. Tem outras
maneiras de escrever ou de se pronunciar: lawtons, Lewis,
luverton, luston ou até sobrinhos.

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Atualmente a palavra tem tomado mais o sentido de lobinho
ou leãozinho como tradução. Não existe na língua inglesa como
termo em seus dicionários.

Segundo alguns autores maçônicos, e estes existem muitos,


cada qual com sua interpretação, a origem da palavra é muito
antiga e estaria ligada a mitologia persa e significaria “jovem
lobo”. Diz-se que os filhos dos Iniciados nos Antigos Mistérios
usavam uma máscara que simbolizaria o lobo.

Este costume originava na crença dos antigos persas, depois


incorporada a mitologia egípcia e romana em estreita relação
entre o lobo e o sol, a quem o candidato representava durante
a iniciação, porque diziam “assim como o rebanho foge e
desaparece com a aproximação do lobo, assim as constelações
desaparecem diante da luz do sol”.

Para os maçons deve se entender por lowton o filho


descendente ou dependente adotado por uma loja durante a
idade de 7 a 17 anos (minoridade). Existem potências
maçônicas que adotam também meninas, o que é discutível
não havendo concordância entre a maioria dos autores. A
maioria entende que por tradição é uma cerimônia somente
para meninos.

Trata-se de um compromisso público da loja e do Padrinho ou


Paraninfo, que deverão proteger o adotar se se necessário
pagar-lhe o estudo até o curso superior e se for órfão, sustenta-
lo até a maioridade.

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O lowton poderá ser iniciado aos 18 anos de idade, desde que
passe pela mesma sistemática de aprovação exigida a qualquer
profano e desde que o Pai ou Tutor consinta e pague suas
obrigações pecuniárias desde que o jovem não tenha
condições até os 21 anos, quando ele poderá receber o grau de
Mestre.

A cerimônia de Adoção deve realizada no dia 24/06, dia de São


João ou em dia próximo á 25 de dezembro, mas existem lojas
que o fazem em outras datas como, por exemplo, dia 12 de
outubro – Dia da Criança, dia do aniversario da Loja. Mas pode
ser em qualquer data, a critério da Diretoria.

Não é correto chamar a adoção de lowtons de Batismo


Maçônico, pois este erro poderá ser considerado como afronta
ás religiões.

No ritual de Adoção de Lowtons predominam as práticas


mitraicas.

Mitra seria filho do deus persa Aura Mazda do Bem, teria


nascido em um rochedo em 25 de dezembro também se fala
da presença de pastores que o reverenciaram e lhe trouxeram
presentes reconhecendo a sua missão à qual estava
predestinado. Mitra passou a converter os homens a serem
úteis ao seu próximo e principalmente os habilitando para a
agricultura. Para tanto teria firmado um pacto com o sol.
Terminada sua missão no mundo, Mitra teria participado do
banquete sagrado com o sol e subiu aos céus para voltar um
dia e conceder a vida eterna a todos os fiéis.

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O mitraismo organizado e iniciático como culto ao mesmo
tempo como religião politica e militar pode-se se situar a partir
do século VI A.C.

A iniciação mitraica em si para os adultos era muito


complicada. Tinha sete graus. O Iniciando tinha que apresentar
provas de coragem física e mental e de fidelidade absoluta. O
último grau habilitava o iniciando a uma comunhão mística
com o sol, o deus Sol, seu amigo.

Usavam o batismo a agua lustral, para lavagem do templo, a


purificação dos iniciandos, a agua benta, o sal, abluções
ritualísticas e a refeição sagrada a (a comunhão). Guardavam
os domingos, os dias santificados, principalmente o dia 25 de
dezembro por ser este dia imediato ou próximo do solstício de
Inverno, ocasião em que o sol, recomeça a sua volta, partindo
do sul do equador e “renascendo” volta a dar vida à terra.

Pelas similaridades pode-se se ver onde o cristianismo romano


foi buscar suas inspirações no culto de Mitra (fontes persas)

São de origem mitraica na adoção de lowtons, a roupa branca


que significa a pureza, a decoração das paredes do templo em
branco pela mesma razão, agua nas mãos para que elas
permaneçam puras, sal na fronte para conduzir o lowtons a ter
ideias justas e sadias, a benção dos olhos, o uso do incenso, o
mel sobre os lábios para que o iniciando só profira palavras
doces, a oferta do pão como fonte de alimento e do vinho. O
vinho símbolo da vida que sol traz e para fazer com o iniciando
tenha sabedoria e lute pelo bem e o fogo para purifica-lo.

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A Maçonaria acrescentou a estes procedimentos o avental, a
medalha e as luvas brancas e a Loja desta forma torna o jovem
filho adotivo. Por esta razão deve se ter muito cuidado e
prudência ao receber estes jovens. Após a cerimônia, deverá
ser entregue um diploma, no qual a Loja declara que o lowton
foi adotado por ela. Algumas lojas também costumam dar uma
pequena medalha com os emblemas maçônicos, onde apareça
escrito o nome da Loja, bem como o nome do lowton.

Quando se assiste uma bela cerimônia de Adoção de Lowtons


vendo aquelas crianças ou então jovens de 14 ou 15 anos,
deve-se imaginar que esta cerimônia teve como fonte
inspiradora a Antiga Pérsia através do culto de Mitra.

Resta a apenas perguntar se o véu que cobre parcialmente a


cabeça e faces dos lowtons em sinal de pureza e ingenuidade
não teriam reminiscências na já citada máscara do jovem lobo
dos Antigos Mistérios, usados pelos antigos seguidores do
culto de Mitra.

REFERÊNCIAS

ASLAN, Nicola – Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria


e Simbologia. Editora Artenova – Volume II. Rio de Janeiro,
1972.

CASTELLANI, José – Cadernos de Estudos Maçônicos –


Consultório Maçônico II e III. Editora “A Trolha”. Londrina, 1989

VAROLI, Teobaldo Fº Curso de Maçonaria Simbólica. Editora


A Gazeta Maçônica.S.A. São Paulo, 1970
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Loja de Pesquisas Maçônicas
Hercule Spoladore - Brasil – N º45
Caderno de Pesquisas Maçônicas
2017-2019
PRIMEIROS MESTRES MAÇONS DA
MAÇONARIA

Ir∴ Hercule Spoladore

Sabe-se que na Maçonaria antiga até 1725 existiam apenas


dois graus, o de aprendiz e o de companheiro. O grau de
aprendiz praticamente nasceu com a Maçonaria. Os jovens que
trabalhavam na arte de construir eram aprendizes de
pedreiros, canteiros, pintores funileiros. Inicialmente aprendiz
era também uma função e não grau, mas com o desenvolver
da Maçonaria Operativa foi o primeiro grau a aparecer. Existia
a figura do mestre de obras que também não era grau e sim
função, que era o chefe que ensinava os aprendizes e
coordenava os trabalhos da construção.

Em 1717 quando foi fundada a primeira obediência maçônica,


ou até antes desta época já se previa o aparecimento de mais
um grau. As lojas já repletas de maçons aceitos, que
começaram a ser recebidos desde há muito tempo. O primeiro
a ser recebido no dia 08/06/1600 na Maçonaria Operativa, que
não era ligado às construções e sim um abastado fazendeiro foi
um Irmão de nome John Boswel, na Loja Capela de Santa Maria
(Saint-Mary Chapell) de Edinburgh – Escócia – Portanto, 117
anos antes da fundação da Grande Loja de Londres. A
Maçonaria Operativa estava decadente. Estava se renovando.

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Loja de Pesquisas Maçônicas
Hercule Spoladore - Brasil – N º45
Caderno de Pesquisas Maçônicas
2017-2019
O grau de aprendiz uma vez criado como grau tinha uma
situação estranha. Havia os aprendizes júniores (novos
aprendizes) que tomavam assento ao Norte, onde
simbolicamente não havia luz e suas funções eram justamente
proteger a Loja dos Cowans e bisbilhoteiros e os aprendizes
sêniores (aprendizes mais velhos na Ordem) tomavam assento
no Sul e suas funções eram atender, recepcionar e dar boas
vindas aos estrangeiros. Havia no mesmo grau, uma
descriminação de trabalho. Havia duas classes de aprendizes,
os velhos e os novos cada qual com funções diferentes. Pelo
menos estas informações constam da “Maçonaria Dissecada”
(Masonry Dissected) de Samuel Prichard publicado no jornal
londrino “The Dally Journal” nos dias 02, 21,23 e 31/10/1730,
causando estas informações um verdadeiro escândalo porque
foram publicados para profanos os chamados segredos da
Maçonaria. E Prichard publicou o ritual praticado antes de
1717, mas com os acréscimos até 1730. Os catecismos (futuros
rituais) nas sessões não eram lidos e sim decorados. Prichard
passou tudo no papel e publicou no jornal. Considerado traidor
na época.

O grau de companheiro já tinha sido criado anteriormente.


Fala-se dele desde 1598, mas com certeza com prova
documental foi criado em 1670. O Manuscrito de Sloane (3)
(1640-1700) tem em seu conteúdo uma forma de juramento
que sugere a existência de dois graus esotéricos, que seriam o
de o de aprendiz e companheiro.

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Loja de Pesquisas Maçônicas
Hercule Spoladore - Brasil – N º45
Caderno de Pesquisas Maçônicas
2017-2019
Em 1724 fundou-se em Londres, uma sociedade formada por
mestres de obras e músicos que se reunia na Taverna Cabeça
da Rainha. O número de homens que fundaram esta sociedade
era pequeno, mas tratava-se de pessoas muito cultas e
interessadas em música e arquitetura. Foi denominada de Philo
Musicae et Arquitecturae Societas Apollini. Seus fundadores
eram maçons pertencentes a uma loja, a qual tinha como
venerável o Duque de Richmond, que foi em seguida eleito
Grão-Mestre da Grande Loja de Londres. Uma das condições
para pertencer á esta sociedade era justamente que todos os
associados fossem maçons. Esta Sociedade, durante seus
trabalhos culturais se transformava em determinada hora em
uma loja maçônica simples como eram as sessões na época e
fazia por conta própria, de forma irregular as recepções (hoje
iniciações) e as elevações. A Sociedade apareceu poucos anos
após da fundação da primeira obediência, mais precisamente
sete anos, ainda prevalecia a tradição “maçom livre em loja
livre”. Adotaram um livro de Constituições da Ordem, no qual
hoje depositado na Biblioteca Britânica o qual consta na sua
pagina um subtítulo – “Armas e Procedimentos de seus
Fundadores”. Quando um mestre de obras exemplar ou um
músico talentoso mesmo sendo profano era convidado a
pertencer a esta Sociedade, transformavam este local de
reuniões profanas em uma loja tosca, muito simples e
realizavam a Cerimônia de Recepção, que não era tão
rebuscada como as atuais iniciações.

Todavia uma das regras da Sociedade era que nenhuma pessoa


que não fosse maçom fosse recebida como visitante.
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Loja de Pesquisas Maçônicas
Hercule Spoladore - Brasil – N º45
Caderno de Pesquisas Maçônicas
2017-2019
Na sua constituição estão relacionados todos os membros
fundadores da mesma, com detalhes de quando e aonde se
tornaram maçons.

Esta situação causou problemas na novel Grande Loja de


Londres, porque isto tudo que está sendo afirmado, estava
registrado em atas e especialmente quando os estudiosos
pesquisassem as possíveis origens do terceiro grau ficariam
surpresos e na duvida. E esta forma de como surgiu o terceiro
grau certamente ocasionaria embaraços, mas toda esta
história aconteceu assim e está relatada e registrada na
Biblioteca da Grande Loja Unida da Inglaterra.

Esta Sociedade, por sua conta própria em se considerou


fundada em 18/02/1725.

Em 22/12/1724, mesmo antes da Sociedade Apollini


ser fundada oficialmente num encontro presidido pelo Conde
Richmond já grão-mestre ele atuou como Mestre sendo
recebido (iniciado) o profano Charles Cotton.

Em 18/02/1725 dia da fundação oficial da Sociedade foram


elevados a companheiros Charles Cotton, Papillon Bul e M.
Thomas Marschal.

Em 12/05/1725 foram elevados à Mestre os Irmãos Charles


Cotton e Papillon Bull, assim consta das atas da Sociedade,
mesmo que este terceiro grau fosse totalmente irregular, por
ter sido conferido em sessão de uma sociedade profana e não
uma loja. Foi enviada uma carta à Grande Loja de Londres com
uma relação de sete Irmãos principais fundadores da e Oficiais
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Loja de Pesquisas Maçônicas
Hercule Spoladore - Brasil – N º45
Caderno de Pesquisas Maçônicas
2017-2019
da Societas Apollini. Parece que a Grande Loja ignorou a
comunicação, mas a Sociedade recebeu visita do 2º Grande
Vigilante da Grande Loja de Londres em 02/09/1725 e do
Primeiro Grande Vigilante em 23/12/1725 e ao que se se sabe
no mesmo ano que a Sociedade encerrou suas atividades no
inicio de 1726.

Mas de qualquer forma esta é a prova primaria do


aparecimento dos primeiros mestres maçons do mundo. Não
se sabe qual foi critério usado para estes dois Irmãos se
tornarem mestres.

Há autores que afirmam ter tido o terceiro grau origem na


França, mas não comprovam tal afirmação através de
documentos.

A lenda de Hiran não existia. O primeiro ensaio sobre esta lenda


aparece no Manuscrito de Grahan, em 1726, como uma lenda
Noaquita em que se menciona a procura do corpo de Noé,
pelos seus três filhos Sam Sem e Jafet para descobrirem a
palavra secreta da aliança de Noé com Deus.

Quando Prichard em 1730 publicou os propalados segredos da


Maçonaria, já havia uma versão semelhante, com muita
analogia, da versão que conhecemos hoje no terceiro grau.
Apenas cinco anos após.

Assim de maneira estranha, porem relatada através das atas


existentes, é comprovado o aparecimento dos dois primeiros
mestres do mundo.

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Loja de Pesquisas Maçônicas
Hercule Spoladore - Brasil – N º45
Caderno de Pesquisas Maçônicas
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O grau três foi finalmente incorporado ao ritual em 1738. Surge
uma dúvida. O Conde de Richmond era grão-mestre, mas era
companheiro. E até 1738 os grão-mestres ainda eram
companheiros oficialmente. Então como ele pode elevar os
dois companheiros ao grau de mestre? Possivelmente isto foi
feito de forma irregular, mas de qualquer forma está
registrado, sendo uma prova primária indiscutível. Ela é
documental. Se já havia outros mestres, estes não foram
registrados em documentos hábeis. Mas presume-se que a
partir de 1725 começaram a usar o grau de mestre de fato, mas
não de direito. A partir de 1738 o grau de mestre foi
oficializado. Possivelmente todos os fundadores da Sociedade,
se fizeram mestres desde 1725 e a Grande Loja de Londres
regular assumiu aos poucos esta situação criada, incluindo seu
uso nos rituais oficiais. Afinal de contas naquela época já era
necessário que fosse criado o terceiro grau.

REFERÊNCIAS

CARVALHO, Francisco de Assis. “A Maçonaria –Usos


&Costumes. Volume 2. Cadernos de Estudos Maçônicos.
Editora “A Trolha Ltda.” Londrina – 1955

PRICHARD, Samuel. “Maçonaria Dissecada” ( Masonry


Dissected). Tradução de Xico Trolha. Editora “A Trolha Ltda.” –
Londrina – 2002.

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Loja de Pesquisas Maçônicas
Hercule Spoladore - Brasil – N º45
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A ESTRELA FLAMEJANTE
Ir∴ José Carlos Araújo

Emblema de divindade. Símbolo misterioso que se revela ao


receber o Grau de Companheiro. Brilhante estrela de cinco
pontas da qual se irradiam e se desprendem inúmeros raios
flamejantes, e no centro da qual encontramos a letra G. Centro
maravilhoso de forças propulsoras, atrativa e reguladora da
rotação e movimento universal dos astros. Aparece no Grau de
Companheiro e representa o espírito que anima o Universo, o
principio que anima toda a sabedoria e o poder gerador da
natureza. A Estrela Flamejante era símbolo desconhecido pelos
pedreiros livres medievais, seu aparecimento na Maçonaria,
ocorreu a partir de 1737 e não foi bem aceito em todos os ritos,
pois o certo é que os construtores medievais conheciam
estrelas apenas como desenho geométrico e não com
interpretações ocultas que se introduziram na Maçonaria
Especulativa. A Estrela Flamejante, por simbolizar o poder do
fogo simboliza a magia, negra ou branca, podendo invocar o
bem (se tiver sua ponta para cima) ou o mal (se a ponta estiver
direcionada para baixo). Era o símbolo dos alquimistas e ainda
hoje é utilizada nos rituais de bruxaria e esoterismo. Ela pode
ser tanto de cinco, quanto de seis pontas. Também conhecido
como flamante, ou rutilante, pode ser, em Maçonaria,
Pentagonal ou Hexagonal. A Pentagonal, ou Pentagrama, ou
pentalfa, ou Estrela de Cinco Pontas está presente na maior
parte dos ritos (A de Seis Pontas está presente no Rito de York).
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Hercule Spoladore - Brasil – N º45
Caderno de Pesquisas Maçônicas
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A letra G significa Geometria, Geração, Deus, porque com
efeito, tudo na terra e no espaço, obedece às regras da
primeira ciência, que é Deus, gerador de tudo que foi criado. O
movimento dos astros esta sujeito à Geometria; esta ciência
marca e define as dimensões dos corpos e, por ultimo, a forma
de todos os seres. A palavra Deus, ou Geração, tem por inicial
a letra G em todos os idiomas do hemisfério Norte, onde o
simbolismo moderno teve origem. Por isto brilha no centro da
estrela de cinco pontas que forma a Penthalfa de Pitágoras, e
que entre os Maçons constitui os cinco pontos da perfeição, a
saber: Força, Beleza, Sabedoria, Virtude e Caridade. As cinco
pontas da Estrela ainda lembram os cinco sentidos que
estabelecem a comunicação da alma com o mundo material:
TATO, AUDIÇÃO, VISÃO, OLFATO E PALADAR. Essa Estrela
misteriosa, para a Maçonaria emblema do gênio que eleva o
homem e o impulsiona a grandes feitos, Símbolo desse fogo
sagrado, é um dos Símbolos mais interessantes da Franco-
Maçonaria, e entra na composição de muitos Graus,
especialmente no 2º, no qual serve de distintivo característico.
A letra G no interior da Estrela Flamejante, tem vários
significados, o primeiro lembra a fagulha divina que nos anima,
os demais são: Gnose ou Conhecimento, Gênio ou Dom do
Homem, Geometria ou Medida da Extensão e Base da
Arquitetura, Geração ou Principio e Perpetuação, e Gravidade
ou Atração Universal. O símbolo com a Estrela de cinco pontas
é encontrado desde as milenares culturas Egípcia, Hebraica,
Greco-Romana, Chinesa, assim como nos estudos da Cabala, da
Numerologia e do Taro, nos estudos de Pitágoras, sendo-lhe

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Loja de Pesquisas Maçônicas
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atribuído os mais diversos significados. Por se tratar a mais
antiga, a Tradição Egípcia merece destaque especial dos
escritores maçônicos, pois o antigo Egito foi um dos centros
sagrados de onde surgiu grande parte do saber que contribuiu
para dar forma, com sua influencia sobre os filósofos Gregos, a
concepção do mundo. Segundo os autores Maçônicos, a
herança egípcia foi transmitida à Maçonaria através,
fundamentalmente, da Alquimia e do Pitagorismo. Quando a
maçonaria quer que a pedra bruta se transforme em pedra
cúbica, ela está lembrando ao iniciado que ele deve manter
uma luta progressiva e sem tréguas pelo domínio de si mesmo,
colocando o próprio ego sobre o mais absoluto controle. Que
o Companheiro ao fitar a Estrela Flamejante se lembre que
quando conseguirmos o controle total sobre nós mesmos
tornamo-nos inteiramente livres e responsáveis e estamos
realmente preparados para o exercício da arte real. Isto é difícil
de ser alcançado, daí a necessidade de que a luta seja diuturna
e sem esmorecimentos. O Pentagrama pode comportar,
simbolicamente, várias interpretações, todavia, e antes de
mais nada, ele representa a luz da inteligência que nos faz
enxergar os problemas interiores e os meios para enfrentá-los,
e, por vezes corrigi-los ou vencê-los. Bibliografia; Ritual do Grau
de Companheiro, Grande Oriente do Paraná (COMAB), Rito
Brasileiro. Camino, Rizzardo da. Simbolismo do 2º grau.
Castelani, José, Rodrigues, Raimundo. Editora Maçônica “A
Trolha” Londrina – PR. Ir.`. José Carlos de Araújo. ARLS
Renovação Londrinense 141/Pesquisa Brasil 45 GOP - Londrina
– PR

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Loja de Pesquisas Maçônicas
Hercule Spoladore - Brasil – N º45
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PAINEL DO GRAU DE APRENDIZ MAÇOM


DO RITO RASILEIRO

Ir∴ José Carlos Araújo

Toda a Loja Maçônica exibe, no meio do Templo, um painel


relativo ao Grau em que os trabalhos se desenvolvem. Esses
painéis geralmente são quadros pintados ou fotografados,
onde se encontram reunidos os vários Símbolos e utensílios
que serão interpretados nas instruções do Grau. A história
desse painel remonta aos tempos em que as reuniões
maçônicas eram feitas fora do Templo, ou no tempo em que os
Templos Maçônicos ainda não existiam. No local onde os
Irmãos se reuniam, pintava-se no chão, com carvão ou giz, a
área delimitada da “Loja”, o Pavimento Mosaico e outros
Símbolos Maçônicos. Ao redor desse riscado, desenhava-se
uma Orla Denteada circundada por uma corda com vários nós,
e nisso se resumia o Painel da Loja. Terminada a Sessão, a corda
era guardada e o desenho apagado. Com o decorrer do tempo,
os Símbolos foram confeccionados em metal ou madeira e,
quando das reuniões, bastava colocar-se a corda e distribuí-los
no espaço assim delimitado. Posteriormente, passou-se a
pintar em linóleo ou tapete de pano, onde os Símbolos
apareciam fixo e expostos permanentemente, e, terminada a
reunião, o tapete era enrolado e guardado para a próxima
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Loja de Pesquisas Maçônicas
Hercule Spoladore - Brasil – N º45
Caderno de Pesquisas Maçônicas
2017-2019
Sessão. Atualmente os painéis das Obediência e Ritos
encontra-se mais ou menos padronizados em dimensões e
localização, variando de um Rito para outro os desenhos e
Símbolos neles contidos, mas todos buscando imprimir as
mesmas mensagens e ensinamentos referentes ao Grau em
que se trabalha. O atual Painel do Grau de Aprendiz do Rito
Brasileiro mostra um quadro artisticamente decorado de
madeira simples, objetiva e didática, que passaremos a
descrever. Apresenta em primeiro plano três degraus que
levam duas Colunas coroadas, cada uma, por três romãs semi-
abertas e no fundo, um Pórtico, encimado por um Delta
Resplandecente com a letra IOD em seu interior.No Oriente, no
Sul e no Ocidente, o Painel apresenta três Janelas Gradeadas.
No vértice superior do Pórtico, encontra-se o Compasso e o
Esquadro na posição de Loja de Aprendiz, tendo o Compasso as
pontas voltadas para o Ocidente. Junto ao capitel da Coluna J,
à direita, a figura de um Nível e da coluna B, à esquerda, o
Prumo. Á esquerda da Coluna B encontra-se a Pedra Bruta e, á
direita da Coluna do Norte J, a Pedra Cúbica. Pouca
ferramentas do Aprendiz. Acima do Capitel da Coluna B, á
esquerda, alçam-se a acima da Pedra Bruta, encontra-se
cruzados, o Maço e o Cinzel, as Lua em Quarto Crescente e,
simetricamente, o Sol, á direita; algumas estrelas aparecem
distribuídas de forma irregular. A Prancha de Delinear, aparece
à esquerda do Capitel da Coluna B, mais ou menos à altura do
Prumo. O Painel é circundado por uma corda contendo laços
de amor, terminando em borlas em ambas as extremidades.
Todo o conjunto é emoldurado por uma Borla Denteada, tendo

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Loja de Pesquisas Maçônicas
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Caderno de Pesquisas Maçônicas
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os pontos cardeais em suas respectivas posições. A propósito
desses pontos cardeais, observa-se a colocação do Nível e do
Prumo no Painel do Grau, localizando o Nível junto à Coluna J,
à direita e o Prumo junto à Coluna B, á esquerda, uma vez que
o Rito Brasileiro coloca essas Colunas B á direita e J à esquerda
de quem adentra no Templo. Acontece, entretanto, que o
Painel da Loja deve ser visto por um observador que esteja
sentado no Oriente e de frente para o mesmo. Os pontos
cardeais inscritos no Painel da Loja de Aprendiz apresentam
Norte à direita e o Sul à esquerda. Os três degraus ante o
Pórtico existente no Painel são os mesmos que existem no
estrado que dá acesso ao Trono do Venerável. As três Janelas
Gradeadas existentes nesse Painel significam que os profanos
não tem acesso ao Templo e que os Aprendizes, durante seus
estágios nesse Grau dele não podem se ausentar: daí o
significado das grades nessas janelas. Essas três janelas
também simbolizam o itinerário do Sol em seu curso diário. A
Janela do Oriente permite a passagem da Luz da Aurora, tão
suave e agradável que induz os Obreiros ao trabalho: daí a
razão de o Venerável tomar assento no Oriente, para abrir e
dirigir os trabalhos. Pela Janela do Meio Dia tem assento o 2º
Vigilante, a quem cabe observar o Sol no Meridiano e chamar
os Obreiros para o trabalho e mandalos à recreação, a fim de
que os trabalhos se executem com ordem e exatidão. Pela
Janela do Ocidente entra a luz do Sol Poente, já enfraquecida,
que convida à oração e ao repouso; no Ocidente toma acento
o 1º Vigilante, a quem cabe solicitar o encerramento dos
trabalhos. O desbastamento da Pedra Bruta se consegue com

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o Maço e o Cinzel, que também encontramos no Painel de
Aprendiz, já que são suas primeiras ferramentas de trabalho. O
Maço e o Cinzel simbolizam a associação entre a inteligência
com a Razão, o que permite distinguir-se o bem do mal, o justo
do injusto etc. O Maço representa a Vontade e o Poder. Na
Oficina de trabalho ele é o Emblema do comando, empunhado
pelo Venerável e pelos Vigilantes. Sozinho ele não poderia agir
sobre a Pedra Bruta; necessita da ajuda do Cinzel. O Cinzel, que
é uma ferramenta cortante, simboliza o principio Ativo, Fálico.
A associação dessas duas ferramentas de trabalho simboliza
que da força física (Maço) com a força Espiritual (Cinzel), chega-
se ao conhecimento da Verdade. O Compasso, como
instrumento, serve para traçar circunferências e medir
distancias. Como Símbolo, significa a exatidão, a precisão no
transporte das medidas. Maçonicamente, o Compasso é o
Símbolo da Espiritualidade e o Esquadro simboliza as coisas
materiais; por essa razão, quando em Loja de Aprendiz ele se
encontra sobre o Compasso; o que significa a prevalência da
matéria sobre o espírito. Um dos Símbolos pouco explorado em
Loja de Aprendiz é a Romã, fruta originaria da antiga Pérsia,
que aparece semi-aberta nos Capitéis das Colunas,
simbolizando as Lojas e os Maçons espalhados pela superfície
da Terra e lembrando, pelas suas sementes que são
intimamente unidas, a fraternidade e a união que devem existir
entre todos os povos. A romã simboliza a harmonia social. O
Sol, a Lua e as Estrêlas, estampadas no Painel de Aprendiz,
significa que o Templo Maçônico é o Símbolo do Universo. A
corda com laços de amor, que envolve o Painel do Aprendiz

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Loja de Pesquisas Maçônicas
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lembra o cordel que os Maçons Operativos usavam para
delimitar seus canteiros de obras e suas reuniões ao ar livre,
proibindo os profanos de se adentrarem no espaço por elas
demarcado. Esse emblema também simboliza a união e a
fraternidade universal que deve reunir os homens em torno de
objetivos comuns. Extraído do Ritual de Aprendiz do Rito
Brasileiro. Ir∴ José Carlos de Araújo. CIM 40195 A ∴R ∴L ∴S ∴
Renovação Londrinense 141/Pesquisa Brasil 45

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RENÉ DESCARTES E SUA FILOSOFIA

Ir∴ José Carlos Araújo

Nós sabemos apenas “o que” René Descartes estava falando,


nós não sabemos o “do quê”. Muitas vezes o autor, ou filósofo,
não quer que você saiba de que experiência ele está falando:
ele pega a experiência, a transpõe numa idéia, num esquema
lógico, e quer que você olhe somente isso, ou seja, no fundo,
ele não quer que você entenda o “do quê” ele está falando.
Neste caso, a idéia começa a funcionar como uma força
hipnótica: ela tem de ser apreciada em si mesma, sem
referência à realidade. Nesse caso, o autor está exigindo que
você se transponha a um outro mundo de discurso, que não é
o mundo do discurso da experiência humana, e que você
raciocine e perceba tudo desde aquele patamar puramente
inventado que ele colocou para você. Isso não é honesto;
nunca é honesto. Descartes se sente desafiado pelo demônio e
quer encontrar um ponto de apoio contra ele — um ponto de
apoio puramente discursivo e lógico, o que não é possível,
porque o diabo é um lógico melhor do que ele. Descartes
coloca um problema teológico e quer resolvê-lo por meios
puramente lógico-analíticos, o que não é possível. A prova de
que não é possível é que ele, por duas vezes, no fim, encontra
a saída apelando para a fé em Deus — que era exatamente o
que ele não queria fazer no começo. Nós vemos que todo o
método de Descartes, que historicamente tem a fama de ser
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Loja de Pesquisas Maçônicas
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um dos métodos mais rigorosos e lógicos, não é nada disso: É
UMA CAMUFLAGEM DE SUA IMAGINAÇÃO. E aí nós
entendemos o René Descartes. Ele tem um problema real, que
é esse confronto com o demônio — é o demônio que o engana.
Ele percebe de algum modo que o demônio é mais esperto do
que ele, que o demônio coloca para a inteligência dele desafios
que transcendem a capacidade dela, mas, ao mesmo tempo,
ele quer enfrentar o demônio apenas com essa mesma
inteligência que já se demonstrou incapaz de enfrentá-lo.
Existe um inimigo malicioso, mais inteligente que o René
Descartes, o qual ele não pode enfrentar apenas com os seus
recursos humanos — tanto que ele vai ter de apelar à
explicação de que “Deus é bom e não faria isso comigo”. Bom,
mas se era assim, então o problema não se coloca desde o
começo. Se era assim, ele deveria ter dito isso na primeira linha
e teria acabado o livro já ali, na primeira linha. No caso, então,
são enigmas e dificuldades colocados por uma filosofia, mas
que são resolvidos em um nível psicológico. E, neste caso,
felizmente, eu pude comprovar historicamente o que eu estava
dizendo, porque existem dados sobre isso na biografia do René
Descartes — não são dados tão evidentes, a maior parte dos
biógrafos não chamam a atenção para isso, mas procurando
você acha. Sem isso, o que aconteceria? Eu estaria discutindo
a filosofia de René Descartes nos termos que ele propôs; mas
estes termos não foram feitos para elucidar uma experiência,
e sim para encobri-la. Isso quer dizer que, em cima da
experiência real, Descartes constrói outro esquema verbal,
puramente hipotético, fazendo de conta que está falando da

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Loja de Pesquisas Maçônicas
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realidade, e convida os seus leitores a entrar nesse outro
teatrinho, onde naturalmente é ele quem dá as cartas, ele
quem dita as regras. Isso não é uma investigação filosófica
decente. Que mais tarde isso se tornasse, para toda a filosofia
moderna, um ponto de referência, ao ponto de Edmund
Husserl dizer que toda filosofia decente tem de partir de onde
René Descartes partiu (e de fato a maioria acabou fazendo
isso), inaugura uma seqüência de jogos filosóficos, não só
inúteis, mas estéreis, onde nunca é possível alcançar a solução
dos problemas, porque você estará jogando com cartas
marcadas desde o início. Existe um livro excelente do Leszek
Kolakowski, um filósofo polonês, sobre a obra de Husserl, onde
ele demonstra que tudo o que Husserl tentou fazer é
impossível de ser feito. É como Descartes: a proposta já está
furada desde o início, não dá para realizar aquilo. Eu mesmo
mostrei, em várias aulas (podemos voltar a isso mais tarde),
que a filosofia de Kant também é uma proposta inviável — não
dá para fazer o que o Kant diz que vai fazer. Então acabam
fazendo uma outra coisa, e vão colocando camuflagem em
cima de camuflagem, em cima de camuflagem... É por causa
desse tipo de investigações que eu acabei chegando à
conclusão de que praticamente toda filosofia moderna é uma
espécie de empulhação — uma empulhação inteligente, às
vezes notável, e que a meio caminho faz muitas descobertas
interessantes sobre a realidade, mas nunca referentes aos
pontos centrais que o filósofo quer resolver. As filosofias de
Platão e Aristóteles se conservam inteiras na sua estrutura
geral, embora tenham um monte de erros de detalhe. Já nas

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filosofias modernas é exatamente o contrário: a estrutura geral
não vale nada, mas tem uma série de acertos de detalhe que
são notáveis. Para chegar a isso, nós temos que apelar a um
tipo de investigação imaginativa. Temos que ler Descartes
como se lêssemos uma obra de ficção, como se vivêssemos um
“sonho acordado dirigido”. Temos que fazer com que aquele
depoimento que Descartes apresenta soe nos nossos ouvidos
como se fosse a fala de um personagem de teatro que não está
explicando ou descrevendo o mundo para nós, mas
expressando o seu estado interior, e, por trás deste estado
interior, nós temos que descobrir qual é a realidade dos fatos
que o deixaram nesse estado. É como o sujeito que está se
queixando de que a mulher o abandonou, chorando etc., mas
depois você descobre que ela o abandonou porque, quando ela
chegou em casa, o encontrou com outra na cama, então ela foi
embora. Você parte do estado que ele expressou para a
descrição correta da realidade que gerou esse estado. O estado
continua sendo válido em si mesmo; ele é verdadeiro em si
mesmo, mas enquanto expressão do estado interior do
indivíduo, e não enquanto descrição da realidade. É o negócio
das famosas “funções da linguagem” do Karl Bühler — ele está
na clave expressiva, e não na clave descritiva, na clave
nominativa. Então, nós temos que passar o discurso dele de
uma clave para a outra. O indivíduo nos diz o que está sentindo,
mas nós queremos saber por que ele está sentindo assim, de
onde surgiu este sentimento, e daí nós entendemos a situação
inteira. Porém, se ele nos esconde os fatos, é porque está
querendo nos impor o seu estado interior como se fosse ele

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mesmo o único fato — está querendo nos dominar
psicologicamente. Muitos filósofos fazem isso. É precisamente
o que não acontece com a filosofia antiga. Isso jamais acontece
com Platão e Aristóteles — eles não estão escondendo nada. A
realidade da experiência da qual eles partem transparece a
todo o momento através dos diálogos de Platão, dos textos de
Aristóteles etc. Você sabe do que eles estão falando. Claro que
eles podem errar, mas uma coisa é errar, e outra coisa é
camuflar. Toda a filosofia dessa época de Descartes é muito
marcada por camuflagem, por ser — dentre outros motivos —
a época do surgimento da chamada ciência moderna. A ciência
moderna quer transpor todas as discussões para um terreno
neutro onde tudo possa ser resolvido mediante observações e
medições. Nós podemos perguntar: “Por que eles queriam
fazer isso se todos os fundadores da ciência moderna eram
também ocultistas, alquimistas, magos, gnósticos etc.?” Em
grande parte, o surgimento da ciência moderna é uma
camuflagem — as experiências reais não estão transpostas
plenamente na linguagem final. Há uma seleção, uma seleção
da seleção e assim por diante, de modo que no final sobra um
terreno muito delimitado e eles não admitem que você saia e
discuta as coisas fora desse terreno. Não é possível escrever a
história da ciência ou da filosofia moderna sem escrever ao
mesmo tempo a história da camuflagem, a história da
empulhação. Ir∴ José Carlos de Araújo CIM 40.195 Lojas
Renovação Londrinense 141 / Pesquisas Brasil 45- Londrina PR
Excerto de aula de Olavo de Carvalho.

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TEMPLO MAÇÔNICO SIMBOLISMO DOS
ORNAMENTOS DO TEMPLO NO RITO
BRASILEIRO (COMAB)

Ir∴ José Carlos Araújo

O Templo Maçônico é, por si mesmo, um símbolo múltiplo.


Constituído por uma construção retangular, com uma única
porta de entrada para seu interior, localizada do lado oeste, ele
representa o ser humano integral, centro do qual devem ser
desenvolvidas e aprimoradas as qualidades consideradas pela
filosofia maçônica como indispensáveis para chegar a
perfeição. Se o homem é um Templo, e se os templos são os
locais de manifestação e adoração ao SUPREMO ARQUITETO
DO UNIVERSO, que é Deus, facilita o entendimento das grandes
verdades contidas na filosofia maçônica e inspira a adoção de
posturas sociais e pessoas favoráveis ao entendimento e à
fraternidade. O Templo Maçônico tem a forma de um
retângulo alongado ou quadrilongo, que considera-se também
a soma de três quadrados e se divide, em dois espaços,
separados por um gradil, o Oriente, de onde nasce a luz para
os Maçons e o Ocidente de onde chegam os maçons em busca
de luz. No Oriente, tem assento o Venerável Mestre e os
maçons que, por dever de oficio; orador, secretário e o 1º
diácono, direito honorifico; como as autoridades maçônicas,
mestres instalados, ou convite especifico, como representante

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de lojas, ali se colocam durante as sessões. No Ocidente ficam
os outros obreiros presentes à sessão. O gradil que separa o
Oriente do Ocidente é o símbolo da razão, que limita o ser
humano à sua consciência. O Templo é decorado com
ornamentos e revestido de paramentos e joias móveis e fixas.
Os ornamentos são três: O Pavimento Mosaico, que com seus
losangos pretos e brancos significa a harmonia que é preciso
reinar na humanidade independente das diferenças de cores e
raças. A Orla Dentada, que traduz o entrosamento e a unidade,
que deve rematar aquela harmonia. Esquadro e o Compasso,
que se apresentam unidos, afirmam a inspiração dos homens
para a justiça e a retidão. Os Paramentos são dois: O Delta
Luminoso com o Olho Onividente, que representa, a Suprema
Luz da Loja, Simboliza a Gloria do Criador, bem como a Estrela
Flamejante, com a letra G no Centro. O Livro da Lei que é a
Grande Luz da Loja, representa o código da Moral, outorgado,
aos homens pela inspiração do Supremo Arquiteto do
Universo. As Joias Fixas são três: A Pedra Bruta, onde
trabalham os Aprendizes, vencendo as asperezas da matéria. A
Pedra Cúbica, já desbastadas das imperfeições, onde
trabalham os Companheiros. A Prancheta da Loja, que servem
aos Mestres para desenhar e traçar, guiando seus Irmãos. As
Joias Móveis, são o Esquadro-Compasso (o esquadro sob o
compasso), o Nível e o Prumo, porque adornam o Venerável
Mestre, e os Vigilantes, e são transferidos aos sucessores. A
Espada Famígera ou Ondulada é emblema de magistério é
instrumento necessário à consagração do neófito, pois nela soa
a bateria do grau, é colocada na frente do altar do Venerável

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Mestre sobre uma almofada, só podem toca-la além do
Veneravel Mestre um Mestre Instalado. Duas Colunas, na
entrada do templo, designadas pelas letras “J” ao ocidente
norte, e “B” ao ocidente sul, são ocas e nelas se guardam
asferramentas dos Companheiros e Aprendizes, que também
são as palavras sagradas dos respectivos graus. A romã
colocada nos capitéis das colunas representa todos os maçons
espalhados pela superfície da terra as sementes de Romã
intimamente unidas, nos lembram a fraternidade que deve
haver entre os homens. A coluna “J” encimada por uma esfera
terrestre e a coluna “B” por uma esfera celeste. Entre o Piso do
Ocidente e o Piso do Oriente, sobe-se por quatro degraus, que
representam a Força, o Trabalho, a Ciência e a Virtude. E três
degraus conduzem ao Trono do Venerável Mestre, e são a
Pureza, a Luz e a Verdade. São três os Pilares que sustentam a
nossa loja, Sapientia, Salus, Stabilitas, colocados
respectivamente no Oriente, no Ocidente e no Sul. Sapientia é
a sabedoria, representada pela estatua de Minerva, simboliza
a procura da verdade, móvel superior do verdadeiro maçom.
Salus, é a Força, representada pela estatua de Hercules,
simboliza a Ação, no serviço da Humanidade. Stabilitas é a
Beleza Moral, que confere estabilidade ao caráter. A Sabedoria
é o Venerável Mestre da Loja, a Força, é o 1º Vigilante, e a
Beleza o 2º Vigilante, constituem as três Luzes da Oficina, os
três Pilares Simbólicos do Templo de Salomão. No Rito
Brasileiro, a Loja Simbólica e as Oficinas Litúrgicas iniciam suas
correspondências com as legendas S.´.S.´.S.´.. São onze os focos
de luz nos Altares dos Dignitários, três no altar do Venerável

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Mestre, duas no Altar do 1º Vigilante, duas no Altar do 2º
Vigilante, que constituem as três Luzes da Loja, uma no Altar
do Orador, uma no Altar do Secretário, uma no Altar do
Tesoureiro e uma no Altar do Chanceler-Hospitaleiro. O Teto
de uma Loja do Rito Brasileiro é azul e demonstra a
universalidade da Maçonaria. É côncavo e nele se hão de ver as
grandes Constelações e Estrelas imoladas, de ambos os
hemisférios celeste. O teto do Oriente tem, no centro, um
Cruzeiro do Sul. E no teto do Ocidente tem, no centro, a Ursa
Menor com a Estrela Polar. Pendente nos cantos da Loja, há
quatro borlas lembrando as quatro Virtudes Cardiais: a
Temperança, a Justiça, a Coragem e a Prudência, essas virtudes
formam o Homem Maçom, que é bem diferente do Homem
Profano. A Corda de 81 Nós, também é um adorno usado em
nosso Rito, formada por um só nó central sobre o altar de 40
nós que se estendem pelo sul, terminando em duas borlas que
ladeiam a porta de entrada, formando, portanto uma abertura,
ela significa que a Ordem Maçônica é dinâmica e evolutiva,
estando sempre aberta às novas ideias, que possam contribuir
para a evolução do Homem e para o progresso racional da
humanidade. O Alfabeto Maçônico é baseado em duas figuras
presente no Painel Simbólico do Grau de Aprendiz Maçom, a
Cruz Quadrupla e a Cruz de Santo André. A Cruz Quadrupla é
formada por duas paralelas cruzadas e é o símbolo da limitação
da capacidade humana; a Cruz de Santo André tem um formato
de um xis, com quatro ângulos opostos pelo vértice,
simbolizando o infinito, os opostos e as díades. O alfabeto
maçônico sempre foi muito utilizado em determinados

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documentos e na transmissão da Palavra Semestral aos
Veneráveis Mestres das Oficinas, para resguardar os textos da
curiosidade de Profanos. Todo Templo Maçônico é constituído
de três partes: A Sala dos Passos Perdidos. O Átrio e o Templo.
Sala dos Passos Perdidos: onde a irmandade se reúne, sem
qualquer preocupação. Chega, cumprimenta a todos, reata a
conversação interrompida, da conta do que aconteceu durante
a semana, trata de negócios, o Tesoureiro faz as cobranças, é
assinado o Livro de Presença, enfim, uma reunião tipicamente
social, já revestidos de seus paramentos o Mestre de Cerimônia
nos conduz ao Átrio. Átrio: será o subconsciente, ocupado
pelos problemas de “dentro”, na preparação para o encontro
com o “hiper-consciente”, ou seja, o “Espírito”. Dentro do
Templo: É no interior desse recinto sagrado que a Maçonaria
desenvolvera as forças com que procura erguer templos à
virtude e cavar masmorras ao vício. Por isso, os Maçons
respeitam esse lugar, guardando o Máximo de silêncio e
adotando as posturas recomendadas para obtenção das
condições essenciais para a formação de uma junção ou
egrégora forte com os irmãos, cuja inspiração e iluminação se
constituem em estimável fonte de graças e benefícios para os
Obreiros. A construção do templo interior individual deve
iniciar-se com a seleção das pedras de alicerces, ou seja,
escolher as pedras brutas que se prestarem ao
esquadrejamento, para depois desbastar lhes as arestas. Ao
construírem-se os alicerces, devem ser empregados os
instrumentos próprios da construção, e isso com
conhecimento. Se o Aprendiz não souber usar o Nível e o

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Prumo, as paredes que pretende erigir cairão e o trabalho terá
sido em vão. O Templo interior coletivo será a soma dos
Templos individuais, onde serão convidados os Irmãos para,
em coro, primeiramente louvar ao Supremo Arquiteto do
Universo, e depois cultivar o amor fraterno. E assim o trabalho
na oficina maçônica será global e coletivo. Fontes Consultadas:
Ritual do Aprendiz Maçom-Oriente de Cataguases-MG- Edição
2006 Camino, Rizzardo da- Breviário Maçônico- Madras 5ª Ed.
2010 Ir.`. José Carlos de Araújo- A.`.R.`.L.`.S.`. Renovação
Londrinense//Pesquisa Brasil 45- Or.`. Londrina-PR

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TEOSOFIA O QUE É?
Ir∴ José Carlos Araújo

O termo Theosophia compõe-se de duas palavras gregas –


Theos, “Deus”, e Sophos, “Sábio”. Segundo Vaughan,
(renomado cientista e escritor) “Theosofista” – “é aquele que
propõe uma teoria de Deus ou das obras de Deus, que não
pretende dispor de uma revelação, mas, sim, de uma
inspiração pessoal como base dessa teoria”. A Teosofia não é,
no sentido comum da palavra, uma religião, mas uma filosofia
que procura explicar a verdade existente em todas as religiões
do mundo. Mesmo antes da era cristã, já existiam os
“Teosofistas”. A Teosofia acredita na Anastasis ou existência
continua, e na transmigração (evolução) ou numa serie de
transformações da alma que é explicada e defendida pelos
mais rígidos princípios filosóficos. Os Teosofistas alexandrinos
dividiam-se em neófitos, iniciados e mestres, ou hierofantes; e
suas regras foram copiadas dos antigos Mistérios de Orfeu que,
segundo Heródoto, foi busca-los na Índia. Amônio Saccas
obrigava seus discípulos mediante juramento a não revelar
seus ensinamentos superiores exceto aos que fossem
comprovada e absolutamente dignos e iniciados que tivessem
aprendido a encarar os deuses, e os demônios de outros povos
de conformidade com a “hypnoia” esotérica, ou significado
interno. “Os Deuses existem, mas não são o que a hoi poloi, a
massa ignorante, supõe que sejam” – afirma Epicur
acrescentando: “Não é ateu aquele que nega a existência dos
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deuses adorados pela multidão mas, sim os que atribuem a
esses deuses as opiniões da multidão”. Por sua vez, Aristóteles
declara que, “da Essência Divina que interpreta todo o mundo
da natureza o que chamam de deuses são simplesmente os
princípios originais”. Para definir completamente a Teosofia
devemos considera-la sob todos os seus aspectos. O mundo
interior não permaneceu oculto aos olhos de todos por uma
treva impenetrável. Através da intuição superior adquirida pela
Theosophia – ou conhecimento de Deus – que transporta a
mente do mundo da forma ao do espirito sem forma, o
homem, às vezes, conseguiu em todas as épocas e em todos os
países, perceber coisas existentes no mundo invisível. Dai o
“Shamadhi”, ou Dyan Yog Samadhi dos ascetas hindus, a
Daimonion-photi, ou iluminação espiritual dos Neoplatônicos;
a “confabulação sideral das almas” dos Rosas Cruzes ou
filósofos do fogo; e até mesmo o transe estático dos místicos e
dos modernos mesmeristas e espiritas são idênticos em
natureza, embora diferentes em manifestação. A procura do
“Ego” divino do homem, tão frequentemente e tão
erroneamente interpretado como um Deus pessoal, sempre foi
o objetivo de todos os místicos, e a crença na sua possibilidade
parece coeva com a gênese da humanidade – cada povo
dando-lhe um nome diferente. Assim Platão e Plotino chamam
de “Trabalho Noético” aquilo e a que os Yoguins e os Srotriya
dão o nome de Vidya. “Pela reflexão, autoconhecimento e
disciplina intelectual a alma pode ser transportada à visão da
verdade eterna, da bondade e da beleza – isto é, à Visão de
Deus – e isso é a “epoptéia” – afirmavam os gregos”. Segundo

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Helena Petrovna Blavatsky, “A Teosofia é uma arma de dois
gumes inadequada para ignorante ou o egoísta”. Os
teosofistas, desde os dias dos filósofos do fogo, jamais se
reuniram em sociedades porque eram caçados pelo clero
cristão e o fato de ser conhecido como Teosofista equivalia,
quase sempre, a uma sentença de morte. Estima-se que num
período de 150 anos, cerca de 90.000 homens e mulheres
foram queimados na Europa sob a acusação de prática de
feitiçaria. Só na Grã Bretanha, entre 1640 e 1660, 3.000
pessoas foram condenadas à morte acusadas de pacto com o
“Demônio”. Ir ∴ José Carlos de Araújo. CIM 40.195 Loja
Renovação Londrinense 141 Loja de Pesquisas “Brasil 45”
Oriente de Londrina – PR.

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A CERIMÔNIA DAS LUZES MISTICAS DO
RITO BRASILEIRO
Ir∴ José Carlos Araújo

Certamente o momento mais belo e grandioso de uma sessão


maçônica do rito brasileiro é indubitavelmente, é por ocasião
da realização da Cerimônia das Luzes. O Rito Brasileiro, em um
momento de muita sabedoria e propriedade, instituiu, em seu
Ritual, esta cerimônia de altíssima eficácia para um perfeito
trabalho maçônico de cunho teísta. A cerimônia é realizada no
início e no encerramento dos trabalhos. O Venerável Mestre
convida os Irmãos 1º e 2º Vigilantes, para o auxiliarem neste
ato. Ambos se postam ao lado do Altar dos Juramentos. Neste
momento, os demais Irmãos ficam sob meditação, de Pé e à
Ordem. O Venerável acende a Luz da Sabedoria, representada
pela primeira luz, próxima ao altar do Venerável Mestre, e diz,
“Que a luz da Sabedoria Ilumine nossos Trabalhos; após acesa,
diz, A Luz da Sabedoria é Onisciente e Infinita”, que simboliza a
verdade, a inspiração, o poder oculto, a compreensão e saúde.
A luz da Sabedoria acesa, visa atrair boas influências e dissipar
as vibrações negativas Que a luz da Sabedoria ilumine os
nossos trabalhos! Recebendo a Tocha o Primeiro Vigilante
processa a cerimônia que lhe cabe, acendendo a segunda
chama, do castiçal da força, e diz: Que a Luz da Força dê vigor
à nossa obra. A Luz da Força é Onipotente e Infinita! (Entrega a
Tocha ao Segundo Vigilante). As chamas da luz Força, buscam

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energia, força, coragem, vitalidade, firmeza, ânimo e virtude. A
seguir, o Segundo Vigilante acende a Luz do castiçal da Beleza,
e diz: Que a Luz da Beleza se manifeste entre nós! A Luz da
Beleza é Onipresente e Infinita! (Entrega a Tocha ao Venerável
Mestre). O Venerável Mestre apaga a Tocha, sem soprá-la, e
retorna ao seu lugar diretamente, sem dar volta em torno do
Altar dos Juramentos. Os Vigilantes também retornam a seus
lugares, após o Venerável ter regressado ao Altar, seguido do
Segundo Vigilante, à sua frente. Após o retorno de todos aos
seus respectivos lugares, o Venerável dá continuidade à sessão,
com a circulação da Palavra Sagrada, e, após, invocando o
auxílio do Supremo Arquiteto do Universo, dá-se por abertos
os trabalhos. No encerramento dos trabalhos, igualmente, o
Venerável convida os irmãos 1º e 2º Vigilantes para o
auxiliarem a amortizar as luzes e diz: Irmãos Vigilantes, ajudai-
me a amortizar as Luzes do nosso Templo. Elas, virtualmente,
resplandecerão sempre em nossos corações. O primeiro a
amortizar é o Segundo Vigilante, fazendo o círculo ao contrário
de quando acendeu, terminando com o Venerável. Ao apagar,
sem soprar, o Segundo Vigilante diz: Que a Luz da Beleza,
Infinita como a Onipresença Divina, acompanhe os nossos
passos! Seguindo-se o Primeiro Vigilante que diz: Que a Luz da
Força, Infinita como a Onipotência Divina, nos impulsione para
o Alto! Finalmente, o Venerável amortiza a vela da Sabedoria e
diz: Que a Luz da Sabedoria, Infinita como a Onisciência Divina,
resplandeça em todos os nossos atos! Continuando o
Venerável Mestre diz; Meus irmãos, apagaram-se as três luzes
do livro da Lei, e ele mesmo se encerrou, mas a Pira Flamante

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ergue-se em seu lugar, ela representa a eterna luz do ideal que
não morre nunca. Este ato se dá após o fechamento do livro da
lei, e todos os Irmãos se colocam em Sinal de Obediência. Para
tanto, deverão estar com seus pensamentos voltados ao
Supremo Arquiteto do Universo e agradecer pelos trabalhos
daquela sessão, para que possam prestar o juramento
conforme a sublime ordem nos impõe. LITURGIA COMPARADA
Este é o modo de proceder dos IIr∴ que praticam o Rito
Brasileiro de Maçons Antigos, Livres e Aceitos - Rito da
Maçonaria Renovada. Outros Ritos procedem de formas
peculiares, também respeitáveis, bonitas e solenes. Cada Rito
com sua prática. Não há confusão, senão vejamos: Rito Escocês
Antigo e Aceito: o acendimento é procedido pelo M∴ de CCer∴
e não há fórmulas sacramentais (o M∴ de CCer∴ não fala). As
Luzes no Altar dos Juramento devem ser, obrigatoriamente,
velas; nos demais é admitido o uso de lâmpadas. Rito
Adonhiramita: Ven∴ e VVig∴ acendem as VELAS de seus
respectivos Altares, pronunciando palavras sacramentais. O
fogo é transportado pelo M∴ CCer∴. Rito Schröeder: Ven∴ e
VVig∴, respectivamente acendem as VELAS grandes, existentes
no Oriente, no Ocidente e no Sul, de modo bastante simples,
pronunciando, cada um, fórmulas sacramentais, também
bastante simples, em bonita passagem litúrgica. Rito Moderno
e Rito York: não há acendimento das Luzes. Nem por isso são
menos significativos. Cada Rito tem peculiaridades,
expressando a sua doutrina. Irm ∴ José Carlos de Araújo CIM
40195 Lojas Renovação Londrinense 141 – Pesquisa Brasil 45.
Bibliografias: Ritual de Aprendiz – Grande Oriente do Paraná -

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COMAB JB NEWS – Informativo Nº 110, Trabalho editado pelo
Superior Conselho de Cultura do Soberano Supremo Conclave
do Brasil para o Rito Brasileiro de Maçons Antigos, Livres e
Aceitos. SUPERIOR CONSELHO DE CULTURA COMPOSIÇÃO
Presidente (cargo vago) Secretário Edison Barsanti Membros
Cesar Roberto Daniel Dourado Janilton Fernandes de Lima José
Robson Gouveia Freire Manssur Assafim Walter Alexandre
Ferraz

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A CORAGEM

Ir∴ José Carlos Araújo

A Coragem é a virtude ao lado da Justiça, da Temperança e da


Sabedoria, como uma das quatro Virtudes Cardeais às quais
devem atenção os, maçons na sua busca pela Verdade. A
tentativa de compreender esta virtude, no entanto, pode nos
levar à falsa ideia de que heroísmo, destemor, bravura e
valentia seriam equivalentes éticos da coragem, quando na
verdade a coragem, no sentido pleno que o termo merece,
muitas vezes não pauta os atos dos heróis, dos destemidos, dos
bravos e dos valentes. O mundo é farto de homens indiferentes
ao medo, e cujas ações, a princípio, confundem-se com aquelas
de elevado teor moral. Mas para serem assim consideradas,
deve coexistir nas ações heroicas o traço psicológico da bravura
de seu praticante e a consciência de que o seu agir está voltado
ao bem comum. A coragem de que falamos, portanto, é aquela
que serve de instrumento de busca da Justiça Social, e não
aquela que impulsiona homens e mulheres a escalar
montanhas, atravessar de forma solitária oceanos e se engajar
em guerras fratricidas. As ações destemidas e heroicas muitas
vezes se esgotam nessa particularidade subjetiva do caráter
dos seus agentes, não chegando a avançar na direção da
virtude. Estas ações podem até revelar quão fortalecida é a
personalidade de seus praticantes, ou o grau de indiferença ao
medo, mas não necessariamente traduzem um agir moral,
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representando sempre pela busca de Justiça e da Verdade. Em
resumo, a coragem vista um traço psicológico só se transforma
em qualidade moral se visa um bem universalmente
considerado. Apenas psicologicamente considerada, a
coragem pode ser atributo de santos ou calhordas e, assim
sendo, não é a que nos interessa. A Maçonaria, como escola de
conhecimento voltada à realização moral do ser humano, tem
um de seus mais caros princípios centrado na simbologia do
levante dos templos à virtude. É por isto que o maçom, como
pedra do edifício social que é a humanidade, deve buscar na
coragem os elementos da sua ação. Ao mesmo tempo em que
o iniciado deve tentar se aprimorar pessoalmente, também
deve se engajar no projeto de construção no projeto de
construção de uma sociedade livre, justa e igualitária. Este
procedimento obedece a uma lógica interessante e às vezes
imperceptível aos Irmãos, qual seja, a de que os projetos
pessoal e social são indissociáveis. Isto porque a realização
moral do indivíduo nunca será completa se persistir ao seu lado
a injustiça, a fome e outras mazelas. Como o agir moral está
sempre voltado à universalidade, ao bem comum, este mesmo
agir não se esgota na esfera das vontades e conceitos
particulares de cada um. Se o agir virtuoso visa sempre a
Justiça, em todos os seus aspectos, sem a plena realização
desta mesma Justiça no seio da sociedade continuaremos
todos como virtuosos fracassados, por mais que nos pensemos
como virtuosamente perfeitos. O homem só terá sucesso como
um ser moral quando fora de si também triunfar o bem, a
tolerância, a Justiça e outras virtudes. Ele é moralmente

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responsável por isto, e seu trabalho só se esgota quando
pronto o projeto coletivo. Esta breve fuga do tema se faz
necessária pelo fato do conceito de coragem enquanto virtude,
considerada como a soma de um traço psicológico do
praticante de uma ação e de sua consciência em relação ao
bem comum, conter a mesma lógica que deve pautar a conduta
do maçom. A coragem, enquanto virtude, pressupõe um fim. E
este fim não é o homem individualmente considerado, mas sim
o homem enquanto projeto universal que congrega as demais
virtudes, e que carrega consigo ideia, mesmo que utópica, de
uma felicidade passível de ser coletivamente compartilhada.
Como visto, a coragem só se transforma em virtude se a ação
estiver voltada para uma finalidade generosa e desinteressada.
Sem esse desapego a coragem traduz um traço de caráter dos
homens, que lhes impulsiona os projetos e os atos. Pode tal
coragem resultar em ações boas ou moralmente condensáveis,
pois bons e maus conseguem enfrentar os mais terríveis
medos. A coragem com finalidades egoísticas (egoísmo aqui no
sentido de procura de uma satisfação pessoal, seja fama,
dinheiro, reconhecimento pessoal ou profissional etc...), pode
gerar homens valentes, heróis, destemidos, mas nunca
homens virtuosos no sentido moral que o termo virtude
reclama. A coragem se apresenta assim como um rigor sereno
e firme nos enfrentamentos morais que decorrem das
questões práticas. A coragem é que possibilita as demais
virtudes. Por exemplo, o homem justo, sem a prudência e sem
sabedoria, não saberia como combater a injustiça. Mas sem a
coragem não se empenharia nesse combate. A coragem

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pressupõe dos homens integridade e honestidade intelectual,
um apego ao que o senso comum impõe como intocável como
fundamento moral, disto não podendo afastar-se. A coragem,
neste sentido, traduz uma força de vontade que impede que o
ser humano faça concessões no campo da ética nos
enfrentamentos do dia-a-dia, sob pena dos interesses
particulares causarem prejuízos aos conceitos éticos
universalmente aceitos. Por isto a coragem é necessária aos
justos. A coragem que impulsiona o ser humano só se
transforma em virtude quando este ato visa a construção de
um mundo justo. Assim não sendo, é mero traço da psicologia
particular do ser humano. Impulsionado por esse impulso, o
homem não transforma nem a si nem ao mundo. Transformar
a realidade exige coragem para impor ideias altruístas, resistir
às injustiças e fazer o bem. Necessário para tanto a justa
medida entre covardia e o destemor puro e simples. Se não
arriscarmos algo pelo que mundo que idealizamos, não nos é
dado o direito a nutrir esperança por nada. O que está em jogo
é a vida que queremos, e não a que nos é imposta por pessoas
e grupos dissociados de um projeto voltado à felicidade
coletiva, ainda mais se tivermos consciência de que isto, em
alguma medida, implicara na morte dos valores mais caros,
incluindo nossa liberdade. É preciso, portanto, resistir sempre,
na medida de nossa coragem e da nossa consciência. CONTRA
TI ME ARREMESSAREI, INVENCÍVEL E PERSISTENTE, Ó MORTE!
(Virgínia Woof). Bibliografias: Manual do Rito Brasileiro
(COMAB) – Clima de Cataguases – MG - Grau Aprendiz.
Sponville, André C. (1999) - Pequeno Tratado das Grandes

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Virtudes - Ed. Martins Fontes. Boff, Leonardo. (2006) –
VIRTUDES para um outro Mundo Possível – Vol’s I,II e III. – Ed
Vozes. Porto Lincoln, membro da ARLS Lara Ribas.

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2017-2019
UM LIDER ABOLICIONISTA

Ir∴ José Carlos Araújo

LUIS GONZAGA PINTO DA GAMA, ou simplesmente Luiz Gama,


nasce em Salvador em 21 de junho de 1830, filho de uma
escrava liberta com um fidalgo de origem portuguesa. É
vendido como escravo pelo pai aos dez anos, passa pelo Rio de
Janeiro e rejeitado por senhores do interior paulista por ser
baiano, sinônimo de rebeldia, se fixa em São Paulo onde morre
em 1882. Escravizado, aos dez anos de idade percorreu a pé os
caminhos entre Santos e Campinas. Aprendeu ofícios, alcançou
a própria liberdade, foi soldado, preso e processado por
insubordinação. Fixou-se em São Paulo, onde viveu da
advocacia criminal e de solucionar qualquer pendência
administrativa. O mais radical do abolicionista; Autodidata,
republicano, jornalista, poeta e rábula (profissional que exerce
a função de advogado sem formação acadêmica) e líder
maçom. Publicou em 1859, ¨ Primeiras Trovas Burlescas de
Getulio ¨, coleção de poemas satíricos. Fundou periódico. Em
anúncio publicado no, ¨ Radical Paulistano ¨ em 1869,
propunha-se a aceitar gratuitamente todas as causas de
liberdade que os interessados lhe quisessem confiar. Libertou
mais de 500 escravos nos tribunais. Escravo liberto que
conquistou respeito por sua formação intelectual e pela
habilidade, como advogado, em libertar negros cativos muito
antes da Lei Áurea, morreu sem vê-la aprovada. Mulato
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autodeclarado, negro em plena escravidão, poeta satírico, líder
republicano, é intrigante que sua figura continue subestimada
na galeria das personalidades históricas do país, com
reconhecimento quase restrito ao movimento negro, ao
mundo jurídico e a maçonaria, outro setor em que muito
atuou. Ele bem que tentou cursar direito no largo São
Francisco. "Mas a aristocracia cafeeira da época não permitiu,
porque ele era negro", atesta Câmara. "Mesmo assim, era
assíduo frequentador da biblioteca de lá." No prefácio do livro,
o jurista Miguel Reale Júnior, exministro da Justiça, afirma que
Gama foi "o negro mais importante do século 19". O caso de
Luiz Gama é exemplar de uma situação em que o dominado,
explorado, colonizado e escravizado, para ser mais explícita,
aproveitando-se de suas habilidades individuais e do contexto
no qual se achava inserido, torna-se um dos principais artífices
da liberdade, igualdade e fraternidade – ideais defendidos não
apenas pelos liberais franceses do século XVIII, mas por todos
que idealizam um mundo melhor. Não é por acaso, portanto,
que Luiz Gama foi aceito entre os maçons. Ele se tornou
membro da maçonaria por volta de 1864, indicado,
possivelmente, por Bernardino de Campos e seu irmão,
Américo de Campos, ou pelo sobrinho de José Bonifácio e lente
da Faculdade de Direito de São Paulo, Antônio Carlos Ribeiro
de Andrada e Silva, vindo a se tornar insigne representante da
maçonaria, tanto que em 1868 recebeu o grau 18 – Soberano
Príncipe Rosa-Cruz – e, no mesmo ano, fundou, juntamente
com Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, Rui Barbosa, Salvador
de Mendonça, Azevedo Marques, Olímpio da Paixão, Américo

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e Bernardino de Campos, Antônio Louzada Antunes e Ferreira
de Meneses, a 9 de novembro, a Loja América. Com o
patrocínio desta Loja, no ano seguinte (1869), criou, com
Olímpio da Paixão, uma escola gratuita para crianças e um
curso noturno de alfabetização para adultos. Em 1871, tornou-
se vice-presidente da mesma Loja, posição que ocupou até seu
falecimento. Em 1878, foi eleito Venerável da Loja América e
em 1882, com o apoio da maçonaria, funda o Centro
Abolicionista de São Paulo. Poucos meses depois, a 24 de
agosto, fez sua transição. Na passagem para o Oriente, descrito
por Raul Pompéia, uma multidão de 3.000 pessoas o
acompanhavam, numa capital de 40 mil habitantes. A multidão
começou a chegar ao Cemitério da Consolação, onde ocorreu
o sepultamento, ao meio-dia - o enterro estava marcado para
as 16h. Não houve transporte oficial para o cortejo fúnebre. Do
bairro do Brás, ond ele morava, o caixão veio passando de mão
em mão até chegar à sepultura, num gesto coletivo. Para
pensar o Brasil de hoje, talvez Gama seja mais importante
como símbolo do que “Zumbi”, diz Ligia Fonseca Ferreira. Hoje
lembrado em São Paulo apenas pelo meio jurídico, pela
maçonaria e por historiadores, o semblante altivo do busto que
está no largo do Arouche foi um herói de seu tempo. Meus
amores são Ciências e letras lindos cor da noite Não são para ti
Recamadas de estrelas Pretinho da Costa Rutilantes; Não é
gente daqui. Tão formosa crioula, Ou Tétis negra, Tem por
olhos dous Astros cintilantes. Bibliografias: Folha de São Paulo
26/06/2010 http://pt.shvoong.com/book//1653894 Irm ∴ José

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Carlos de Araújo. CIM 40.195. A ∴ R ∴ L ∴ S ∴ Renovação
Londrinense 141/Pesquisa Brasil 45

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A LOCALIZAÇÃO DAS COLUNAS “J” E “B”
NO RITO BRASILEIRO (COMAB)

Ir∴ José Carlos Araújo

Depois levantou as colunas as colunas de pórticos, e,


levantando a coluna da direita, pos-lhe o nome de Jachim, e,
levantando a coluna da esquerda, pôs-lhe o nome de Boaz. I
Reis 7:21 Fez também, diante da casa, duas colunas de 35
côvados, e o capitel, que estava sobre cada uma, era de 5
côvados. Também fez cadeias no oraculo, e a pôs sobre as
cabeças das colunas, fez também cem romãs, as quais pôs
entre as cadeias. E levantou as colunas diante do templo, uma
a direita, e outra à esquerda, e chamou o nome da que estava
a direita de Jaquim, e o nome da que estava a esquerda de
Boaz. II Crônicas 3: 15-17. Com exceção do Rito Brasileiro, que
inverteu a posição do REAA, os aprendizes se sentam na coluna
do Norte em todos os demais ritos. Nos ritos de Origem
Francesas, (Escocês, Moderno e Adonhiramita), eles se sentam
na última fila do Norte, enquanto nos ritos de origem que
podemos chamar de “anglo saxônica” (Shroeder, York e rituais
do Reino Unido como o de Emulação), eles se sentam na
primeira fila do Norte. A localização das Colunas no Rito
Brasileiro, difere dos demais, tendo à direita a Coluna “J” e à
esquerda a Coluna “B”, ou seja, “J” ao norte e “B” ao sul. Assim,
é atribuído ao 1o Vigilante o domínio da Coluna dos
Companheiros, enquanto cabe ao 2o Vigilante a fiscalização
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dos trabalhos dos Aprendizes pela Coluna “B”. Relata-nos a
Bíblia, que a Coluna Jakim deve ser colocad garfos, saltérios,
redomas, incensadores, jarros, bacias, candeeiros, os doze
bezerros de bronze e as duas colunas. Tudo era feito no interior
do Templo, conforme está nos Capítulos 6 e 7 do I Livro de Reis.
Hiram fundiu em cobre as suas colunas, e diz a Bíblia (I Reis
“Depois levantou as colunas no pórtico do Templo, e
levantando a coluna direita chamou o seu nome Jakim, e
levantando a coluna esquerda, chamou o seu nome Booz”.
7,21): Desta arte, para quem está dentro do Templo, a Coluna
“J”, fica ao Norte e a Coluna “B” ao Sul. Hiram fez as colunas
dentro do Templo e as pôs no pórtico. As colunas não foram
transportadas de fora para o interior do Templo. Elas foram
levantadas no pórtico. Pórtico não é Átrio, portanto, o pórtico
fica dentro do Templo. Se Hiram tivesse feito as colunas fora
do Templo, ele as colocaria na entrada do edifício, mas, não as
colocou aí, e sim no pórtico. Num edifício maçônico temos: os
Passos Perdidos, depois o Átrio ou Adro, e por fim o Templo,
cuja entrada se chama pórtico ou portada. Pórtico, do latim
porticus, conforme Cícero, (Rep. 1, 19), é o espaço destinado à
passagem, coberto por um teto e sustentado por colunas. O
Maçom Luiz Lachat, em seu livro a Franco-Maçonaria
Operativa, descreve circunstanciadamente os trabalhos de
Hiram. Os fornos e os moldes ele os fazia no Vale do Jordão,
segundo o II Livro de Crônicas (4,17). Muita coisa era, porém,
construída no próprio Templo. Assim, para quem está dentro
do Templo na Coluna “J”, à direita e Coluna “B”, à esquerda, ou
Coluna “J”, ao norte e Coluna “B”, ao Sul. Essa colocação, aliás,

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consta de numerosos Rituais Maçônicos. Em outras palavras, a
Coluna “J” fica à esquerda de quem entra e a Coluna “B” fica à
direita. É bom lembrar o entendimento do Rito Brasileiro numa
apreciação mais ampla: Coluna “B”, 2o Vigilante, Sul, Aprendiz,
Pedra Bruta; Coluna “J”, 1o Vigilante, Norte, Companheiros,
Pedra Polida. Estas colunas, continham 9,45 metros de altura,
6,30 de diâmetro e 4 dedos de espessura, (I Reis 7,15) e eram
ocas, apresentando, ainda, em seu topo, um capitel com 2,62
metros ricamente decorados com redes de malhas, grinaldas,
lírios e romãs (200 em cada), O simbolismo destas colunas é
imenso. Quando são consideradas juntas, representam a
sabedoria e a estabilidade do conhecimento, dando a entender
que aquele que quiser viver uma vida mais plena e mais
elevada deve passar por este portal, ou seja, adquirir
conhecimentos, pois, encontrará os maiores prazeres da
mente, vez que, simbolizam a ciência e as virtudes; o amor e o
progresso, as flores dos campos e o sistema solar, simbolizam
também o Poder e a Justiça. Irm.´. José Carlos de Araújo. CIM
40.195 – Londrina PR. Lojas Renovação Londrinense
141/Pesquisa Brasil 45 Bibliografia: Ismail, Kennyo, Porque os
Aprendizes se Sentam no Norte. Melo de, José Reinaldo,
Fragmentos do Rito Brasileiro. Ritual de Aprendiz, Rito
Brasileiro, Cataguazes-MG – COMAB.

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AS QUATRO BORLAS NO PAINEL DA
LOJA DE APRENDIZ

Ir∴ José Carlos Araújo

As quatro Borlas pendentes nos cantos da Loja são símbolos


operativos importantes raramente explicados adequadamente
na maçonaria especulativa. A Justiça é a virtude ao lado da
Prudência, da Temperança e da Coragem, como uma das
quatro Virtudes Cardeais às quais devem atenção os, maçons
na sua busca pela Verdade, e elas simbolizam as Quatro Borlas
no Painel da Loja de Aprendiz. A Maçonaria, como escola de
conhecimento voltada à realização moral do ser humano, tem
um de seus mais caros princípios centrados na simbologia do
levante dos templos à virtude. É por isto que o maçom, como
pedra do edifício social que é a humanidade, deve buscar
nessas virtudes os elementos da sua ação. As virtudes
intelectuais surgem e aumentam no homem pela doutrina, isto
é, sendo aprendidas de outros. Este é o modo ordinário de
como surgem e progridem as virtudes intelectuais na
sociedade humana; entretanto, como no aprendizado não se
pode proceder até o infinito, será necessário que muitas coisas
sejam conhecidas pelos homens através de descobertas
pessoais. Como, porém, os conhecimentos resultantes de
descobertas pessoais têm origem no sentido, pois o exercício
repetido das faculdades sensitivas dá origem à experiência de
que surge o conhecimento, deve-se concluir daí que a virtude
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Loja de Pesquisas Maçônicas
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intelectual, em sua primeira origem, necessita da experiência
de longo tempo. As Quatro Borlas, que consta no Painel do
primeiro Grau de Aprendiz nos diversos rituais, são
ornamentos de muita importância na loja. O simbolismo das
Quatro Borlas, que tem suas origens na maçonaria operativa, é
de grande importância e sua omissão de muitos rituais, ou
apenas uma breve referência a ele em outros rituais, é
surpreendente. Em épocas anteriores, frequentemente eram
dadas explicações sobre a origem e o significado simbólico e
muito profundo das Quatro Borlas, mas hoje em dia elas são
mencionadas tão raramente que muitos maçons, se não a
maioria, não tem conhecimento de seu significado. As Borlas,
que representam a Justiça e a Prudência está localizada no
Oriente, a virtude da Justiça está localizada no canto a direita
do Venerável Mestre, a Prudência a esquerda do Venerável
Mestre; a Temperança e a Coragem no Ocidente, estas não se
apresentam literalmente (fisicamente) “penduradas” nos
cantos da sala da Loja (Templo), já que esta alegoria está
representada em cada um dos quatros cantos da Orla Dentada
(Marchetada) que contorna o conjunto simbólico que compõe
o Painel da Loja. As Borlas estão representadas no Painel da
Loja e não pendente dos quatro cantos altos da Loja, até
porque o Painel já representa simbolicamente o conjugado de
símbolos da Loja conforme o Grau e, dentre os tais está a
representação da Orla Dentada conjuminada nos seus quatro
vértices internos com os símbolos das respectivas borlas.
Algumas Loja do Rito Brasileiro constam nos cantos as Quatros
Borlas. As Quatro Borlas pendente nos quatro cantos da Loja

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que são mencionados nas instruções sobre o painel do Primeiro
Grau, estão diretamente relacionadas com os métodos
utilizados pelos mestres pedreiros operativos ao definir os
quatro cantos do edifício e ao implantar os cantos em
cantarias. A relação entre as Quatro Borlas e o ambiente fora
do edifício é imediatamente evidente a partir da descrição
anterior dos métodos utilizados, mas a sua relação com a
construção do edifício pode não ser tão evidente. Ao construir
os cantos das linhas edifício prumo eram suspensas a partir de
suportes de madeira, adjacente aos cantos, para garantir que
os cantos fossem perpendiculares, bem como corretamente
localizados com relação aos demais pontos do canto
estabelecido. As linhas eram também esticadas entre as linhas
de prumo relevantes nos cantos, para garantir as paredes
seguiriam as linhas corretas e assegurar que os cantos estavam
no esquadro e perpendiculares. As Quatro Borlas também
aludem as linhas de prumo, que foram colocadas nos cantos do
prédio durante a construção. No Leste ou Oriente, está a Borla
da Justiça do lado direito do Venerável Mestre, ou do lado do
Orador em alguns ritos, significa os ditames que devem seguir
os maçons e os dirigentes de qualquer coletividade, para
equilibrar e enaltecer as reações humanas. Assim como
buscamos tornar feliz a humanidade na formação de uma
sociedade mais justa e perfeita, conclamamos nossos membros
para praticar a solidariedade humana. Honrando os direitos e
deveres das leis de Deus e dos homens. Por Justiça entende-se
como virtude moral, pela qual se atribui a cada indivíduo aquilo
que lhe compete no seio social, praticar a Justiça. A Justiça em

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nossa ordem é a verdade em ação, é a arma para as conquistas
da Liberdade. A Maçonaria entende por dever o respeito aos
direitos dos indivíduos e da sociedade. Entretanto, não ficamos
satisfeitos em apenas respeitar a propriedade, igualmente
carecemos proteger e servir aos nossos semelhantes. A
Maçonaria resume o dever dos homens assim “Respeito a
Deus, amor ao próximo e dedicação a família”. Em verdade,
essa é a maior síntese da fraternidade universal. A Borla da
Prudência que é colocado no Oriente a esquerda do Venerável
Mestre, é a Virtude que nos auxilia a nossa inteligência para
distinguir do ser humano que age com comedimento, com
cautela e moderação, enriquecendo nossa igualdade, e
respeito entre os irmãos, entendendo à sociedade que vivemos
em nossa vida profana. A Prudência leva em conta o futuro, é
a virtude do saber escolher, de discernir o certo do errado, para
realizar o Bem e vencer o mal. Sapiente, regula nossas ações
conforme o momento em que estejamos vivendo. Ajuda
conduzir a si mesmo, e caso necessário, para conduzir os
outros. A Prudência exige reflexão capacidade para examinar o
juízo e as ideias e perspicácia para descobrir os meios mais
hábeis. Exige ademais inteligência capacidade de resolver com
clareza e segurança, de modo alcançar as melhores soluções.
Resguarda a moral do fanatismo. Quantos horrores
consumados em nome do Bem? Quantos crimes em nome da
virtude? A Prudência ajuda a optar pelo caminho que melhor
soluciona os problemas e mais beneficia a humanidade. “ A
Prudência diz Santo Agostinho, é um amor que escolhe com
sagacidade”. No Oeste ou Ocidente, estão as virtudes da

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Temperança e da Coragem essas virtudes servem, para
designar as qualidades exigidas de todos aqueles que desejem
ingressar na Maçonaria como as virtudes que o maçom deve
conservar dentro e fora da Loja. A Temperança é o primeiro
passo para alcançar as outras três virtudes Cardeais Expressa o
comedimento reserva e sobriedade diante das coisas do
mundo. Tudo pode ser empregado em pequena ou grande
dose, e o risco existe nas duas situações. Traz equilíbrio para se
ter serenidade para intuir o Supremo Arquiteto do Universo na
essência de cada qual impede que o homem se exceda,
ajudando-o a submeter seus desejos e vencer suas paixões. Ao
falar o maçom deve saber colocar bem as palavras sem
descabimento de atitude ofensiva, vulgarizando o discurso na
tentativa de impor pretensa vaidade. A Temperança é dada ao
homem porque tudo pode ser usado em pequena ou grande
quantidade, e o risco convive nas duas situações. Podemos
relacionar diretamente a virtude da Temperança com uma
espícula extremamente dura a ocupar uma das infinitas arestas
da Pedra Bruta, pois é ela que disciplina os impulsos, desejos e
paixões humanas. Ela é a moderação e barragem dos apetites
e das paixões, sendo o império sobre si mesmo. Com ela,
estaremos deixando cada vez mais forte e profunda as raízes
da Fraternidade. A Coragem é a virtude que no meio das
dificuldades assegura a firmeza e a constância para praticar o
bem. Trata-se de uma habilidade impar para enfrentar, com
serenidade e domínio do medo, os perigos que se apresentam
do decurso da vida. Ela proporciona ao indivíduo a aptidão de
avaliar uma gama de possibilidades para vencer as

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adversidades. A coragem inspira o indivíduo a agir com
perseverança e determinação em face de todas as situações e
circunstância. Podemos dizer que a Coragem deve versar
harmonicamente com o bom senso. Objetivando os bens mais
elevados para enfrentar os perigos, tolerar os males e não
retroceder, nem mesmo ante a morte. Bravura para acudir a
um ideal digno, fazendo brotar a autoconfiança para
materializar nossas aspirações e anseios. Na Coragem as
virtudes são fortes contra o vício e resistente contra as ciladas
dos inimigos. Muitos dons e talentos são comprometidos pela
falta de virtude. A paciência, lado a lado com a Coragem
consiste na capacidade constante de suportar a adversidades
transformando nosso modo de ver e enfrentar conflitos. Pois,
se a causa é justa o prêmio é adequado. Irm ∴ José Carlos de
Araújo. Lojas Renovação Londrinense 141 / Pesquisa Brasil 45
– Londrina PR. Bibliografias: Juk Pedro; J B News - Informativo
nº 1.785 e 1.579 – Florianópolis – SC. Falconer; W. M. Don PM,
PDGDC – O Esquadro e o Compasso – Em Busca da Maçonaria
– Tradução: Jerez S. K. Irm.´. Nascimento, Bozzo Washington
Luiz Sponville, André C. (1999) – Pequenos Tratados das
Grandes Virtudes – Ed. Martins Fontes. Boff, Leonardo. (2006)
– Virtudes para um outro Mundo Possível.

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AS TRÊS VERTENTES DA MAÇÔNARIA

Ir∴ José Carlos Araújo

A Vertente Tradicional A linha tradicional, de origem inglesa,


propõe o aperfeiçoamento humano, dentro do pensamento
refletido no antigo conselho do oráculo de DELFOS: “Conhece-
te a ti mesmo” em letras maiúsculas, como estava no alto do
portal do oráculo. Desenvolve-se a ideia da possibilidade de,
pelo trabalho consciente, o individuo eliminar suas
imperfeiçoes e adquirir autodisciplina, pondo em ordem,
hierarquicamente adequada, a razão, as emoções e os
sentidos. É a cabeça que deve dominar sobre o corpo; a razão,
sobre as emoções e os sentidos. A pratica em Loja aberta, com
o momento e a maneira apropriada de falar, sem possibilidade
de réplica, já induz a uma disciplina e um comedimento
raramente encontramos em nossa civilização atual, cuja
palavra de ordem tem sido por muito tempo “é proibido
proibir”. Associa-se toda ideia de disciplina à repressão, sendo,
como tal, rejeitada. É uma proposta de desenvolvimento do ato
reflexivo. O homem precisa se conhecer para melhor se
acostumar. De acordo com os rituais, as reuniões em Loja
visam a: “impormos um freio salutar a essa impetuosa
propensão (ao vicio), para elevar-nos acima dos vis interesses
que atormentam o vulgo profano e acalmarmos o ardor de
nossas paixões”, como diz um texto conhecido de todos os
maçons. Esse aperfeiçoamento preconizado não tem qualquer
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associação com conotações religiosas e seu objetivo é
claramente identificado, não se tratando de nenhum
aprimoramento espiritual, para levar o homem a um nível de
aceitação por Deus, como propunham as religiões do passado
em suas praticas e ritos de purificação. Quando se fala em
espirito, no contexto maçônico, trata-se de uma referencia à
luz da razão, a atributos intelectuais, não a qualquer
interpretação religiosa sobre a natureza do ser. Não possuindo
nenhuma doutrina filosófica especifica sobre ontologia – a
natureza do ser – e sua interação com o divino, a Maçonaria
afirma apenas a necessidade de o homem aceitar a ideia de um
principio criador do Universo e da continuidade da vida. Não
são apresentados desenvolvimentos doutrinários sobre estes
dois aspectos, pois eles acham-se contidos no acervo
conceitual das diferentes religiões e crenças praticadas por
seus filiados. A Vertente Agnóstica A origem é francesa. O
Grande Oriente da França é seu principal representante,
existindo também na Itália, em Portugal e nos países Latinos. A
manifestação do agnosticismo na Maçonaria levou ao extremo
a ideia de liberdade de pensamento, contestando a proposição
de Anderson¹¹, impondo a necessidade de o maçom estar
filiado a uma religião, sugerindo ate a existência de
incompatibilidade entre liberdade de pensar e a sujeição a
normas e conceitos religiosos. Lembramos que o agnóstico não
nega a existência de uma realidade transcendental, como faz o
ateu, ele apenas afirma nada conhecer sobre esse tema. A
eliminação da invocação ao Grande Arquiteto do Universo
levou a extremos materialistas e anticlericais, causando

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grandes celeumas, desviando, com essa postura contestadora,
a Maçonaria de sua origem tradicional. Essa tendência
manifesta-se, ainda hoje, em alguma Obediência e Lojas. A
postura materialista, entretanto, não tem sustentação nem
mesmo em seu reduto tradicional – a ciência. (¹¹) – Anderson
(James Anderson), teólogo presbiteriano Escocês, Mestre
Maçom (1677-1739) A Vertente Mística A nova versão da
Maçonaria, chamada Especulativa, teve sua eclosão publica no
inicio do século XVIII (em 1717) e, desde cedo, atraiu sobre si
atenções diversas. Além das desconfianças dos governos (de
então) e das Igrejas (exceto igrejas Anglicanas e
Presbiterianas), atraiu também intelectuais de diferentes
tendências e escolas. Estes se filiaram à nova instituição,
levando consigo suas ideias filosóficas e praticas ritualísticas,
dando aos antigos símbolos novas interpretações, com as quais
os operativos jamais tinham sonhado. Alguns desses novos
iniciados procuravam apresentar a instituição como um novo
florescimento das mesmas antigas raízes formadoras das
escolas de mistério do Egito, da Índia e da Grécia. Da mesma
forma, como os antigos construtores procuravam suas origens
fazendo-as remontar, primeiro, ao construtor da Torre de
Babel e depois a Salomão e seu Templo, alguns dos novos
maçons queriam vincular sua instituição às antigas filosofias
religiosas do oriente Próximo e distante. Assim, encontramos,
em nossos símbolos, referencias herméticas, cabalísticas, rosa-
cruzes, templários, etc., refletindo o simbolismo e a formulação
filosófica que os forjadores de mutações da instituição podiam
justapor ao acervo de significados da associação de

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Loja de Pesquisas Maçônicas
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construtores operativos. As interpretações de origem mística
acrescentadas compõem uma verdadeira colcha de retalhos
simbólico/filosófica que pode ser chamada de sincretismo
maçônico, e foram penetrando, sendo aceitas e incorporadas,
em diferentes graus, nos países para onde a Maçonaria se
expandiu. A maioria dos autores que abordaram esse tema
parece não compreender que, quando descreveram os ritos
egípcios, os mistérios de Elêusis ou a Cabala, estão falando de
especificas manifestações filosófico/religiosas dos egípcios,
gregos e judeus, não da Maçonaria. O que existe de comum
entre a Ordem maçônica e aquelas antigas manifestações
religiosas é, em certa proporção, o método iniciático e alguns
elementos inseridos na simbologia maçônica; a Maçonaria,
entretanto, não constitui, de maneira alguma, uma versão
atualizada daquelas organizações. Os símbolos antigos,
presentes no acervo maçônico, foram recolhidos daquelas
antigas instituições pelos promotores das alterações das
guildas operativas (os construtores de catedrais, por exemplo),
formando os diversos graus e seu simbolismo. Uma primeira
evidencia disso é o fato de nenhuma daquelas escolas de
sabedoria ter evoluído em sua região de origem para qualquer
organização assemelhada à atual Maçonaria. Na Índia, no Egito
e em muitos outros pontos do Oriente Médio e da Europa
Oriental, existem, atualmente, cultos que preservam muito do
pensamento e da pratica daquelas antigas religiões, sendo,
hoje em dia, suas herdeiras. Todos são cultos ou seitas
religiosas, em sua configuração, práticas e objetivos, nada
tendo em comum com a Maçonaria além de um ou outro

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elemento simbólico. Entre as organizações ocidentais que se
apresentam como herdeiras (filosófica e espiritualmente, não
historicamente) das antigas escolas de mistérios, estão a
Teosofia de Blavatsky¹², Besant¹³ e Leadbeater¹¹¹ com suas
derivações; as Ordens Rosa-Cruz (1606), AMORC – Antiquus
Mysticusque Ordo Rose Crucis, (1915) e outras; os novos
Gnósticos de Weor¹¹² e outras assemelhadas. Essas instituições
são completamente dissociadas da Maçonaria em seus
símbolos e rituais, muitos elementos hebraicos, como mostram
as referencias ao Templo de Salomão, à lenda de Hiram, às
palavras de passe e sagradas (em todos os graus), às lendas de
graus superiores. Contudo e claramente, a Maçonaria não
consiste por isso em uma versão ocidentalizada do Judaísmo.
Do mesmo modo, foram incorporados ao simbolismo
maçônico elementos do pitag (¹¹³) – Pitágoras – Grego-
matemático e filosofo – c.580.-c. 500 a.C. Todavia, a presença
desses elementos não torna a Maçonaria uma escola de
Cabala, um culto pitagórico ou teosófico, como querem alguns.
O que dava, a cada uma daquelas escolas, suas características
essenciais era o conteúdo teórico/filosófico ministrado, seus
objetivos, suas praticas ritualísticas coletivas e individuais. As
escolas de mistérios eram imbuídas de caráter fortemente
religioso e propunham, por meio de uma serie de iniciações,
colocar o neófito em contato com verdades cada vez mais
esclarecedoras, contidas em dois grandes títulos, “os pequenos
mistérios” e “os grandes mistérios”. A revelação dessas
grandes verdades deveria ser acompanhada de reais mutações
interiores do individuo, que poderia, então, ascender a níveis

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de consciência ultrafísicos, adquirindo o poder de realizar
maravilhas. Cada uma delas tinha uma maneira especial de
codificar sua verdade, que era transmitida aos seus
componentes em cerimonias especiais. Como vemos, os
objetivos não são os da Maçonaria. A maçonaria não detém
nenhuma verdade mística transcendental a ser comunicada a
seus adeptos nem se propõe a servir de ponte entre o neófito
e qualquer suposta consciência superior. Considerações Finais
A instituição maçônica enfatiza a necessidade do uso da
decisão racional e do empenho da vontade para a eliminação
dos defeitos de personalidade, para que o homem torne-se
melhor, mais ajustado e capaz de auxiliar seus irmãos
humanos. Enfatiza, também, a necessidade de aprimoramento
continuado, de fazer melhor, inclusive, aquilo que já é benfeito.
A Maçonaria constitui uma organização sui generis, não sendo
religião ou seita. Tem, contudo, atitudes de conformação,
parecendo religiosa: possui ritos, rituais, liturgia e exige de seus
membros a crença em um principio criador, que,
simbolicamente, é o Grande Arquiteto do Universo, e na
continuidade da vida, cuja definição deixa a cada um, segundo
sua opção religiosa ou sua crença. Essa exigência reflete o
reconhecimento da necessidade humana de um
relacionamento intimo, com os aspectos transcendentais da
realidade e a rejeição de uma visão cosmogônica materialista.
Esse reconhecimento congrega também uma admissão
implícita de que o aprimoramento pessoal pregado pela
instituição não poderá ser alcançado por alguém que, desses
aspectos, esteja dissociado, pois: todo maçom é obrigado, por

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sua condição, a obedecer à lei moral; e “se compreende bem a
arte, não será jamais um ateu estupido nem um libertino
irreligioso” (Anderson, 1982). Valorizando a religiosidade, a
Maçonaria incentiva a disciplina e o cultivo dos valores do
espirito. Há que se ressaltar também que algumas das visões
da Maçonaria, como religião, encontram respaldo nos escritos
de certos autores maçônicos. Como aconteceu no passado, em
nossos dias existem aqueles que são iniciados com ideias pré-
concebidas sobre a Ordem e, utilizando sua liberdade de
pensar, interpretam os símbolos, as alegorias e lendas segundo
sua convicção religiosa ou mística particular. Esses escritos
devem ser compreendidos dentro de seu significado real, como
expressão livre de entendimento particular, que, entretanto,
não traduz com fidelidade o pensamento, a doutrina e a
filosofia da instituição, conforme o exposto nestas páginas. Por
ultimo, lembramos que existem maçom místicos que
encontram profundos significados em todas as prática em Loja,
sejam elas antigas ou recentemente adotadas. Essas
interpretações, sem entrar no seu mérito, são de cunho
pessoal e não podem ser apresentadas como doutrina da
Instituição. Os espíritos sensíveis podem assimilar profundas
lições dos aspectos mais triviais da vida, e a observação dos
processos naturais, o nascer e o pôr do sol, as forças titânicas
desencadeadas nas tempestades e a singela beleza dos campos
floridos, podem produzir insights significativos com ecos de
transcendência, que não podem ser ensinados ou transmitidos.
Se um dia, porem, a interpretação mística se tornasse
dominante, impondo suas interpretações, olvidando a tradição

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e os Landmarks, nesse dia teria fim a Maçonaria, pois logo seria
transformada em mais uma seita religiosa, tornando-se aquilo
que seus acusadores agora a consideram, afastando todos os
sinceros praticantes de outras religiões, negando, assim, seus
princípios basilares. Contudo, enquanto predominar a forma
tradicional de Maçonaria, também os místicos encontrarão
nela seu lugar, dada a fundamental característica de tolerância
por ela cultivada, de “respeito à crença e à autoridade de cada
um”. -------------------------------------------------------------- Este
ensaio é de autoria de Eleutério Nicolau da Conceição e foi
publicado em seu livro Maçonaria, Raízes Históricas e
Filosóficas, 2ª edição, Florianópolis: Editora O Prumo, 2006, p.
196-203, aqui reproduzido, com algumas modificações, com
autorização do autor. Eleutério nasceu em Florianópolis, em
1950. Graduou-se em Física e fez mestrado em Físico-química
na Universidade Federal de Santa Catarina. Lecionou em
diversos colégios e na UFSC. Aposentado em 2004, tem se
dedicado a popularizar eventos históricos catarinenses e a
escrever livros sobre a Maçonaria. É Mestre Maçom, tendo sido
Venerável Mestre de sua Loja. É grau 33 no Rito Escocês Antigo
e Aceito. Atualmente, é presidente da Academia Catarinense
de Letras Maçônicas. Bibliografias: Anderson, J. As
Constituições dos Franco-Maçons de 1723. São Paulo: A
Fraternidade, 1982. Conceição, E. N. Maçonaria, Raízes
Históricas e Filosóficas. 2ª ed. Florianópolis: Prumo, 2006

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ESCURIDÃO E A LUZ

Ir∴ José Carlos Araújo

Para que se possa compreender e se libertar das dicotomias


absolutas e absurdas, para que possa se libertar do dogma, do
“tabu” e do senso comum, Luz e Trevas não são os clichês que
se costuma pensar. A Luz não é o bem, e a Escuridão não é o
mal. Não existe bem absoluto na Luz nem o mal absoluto nas
Sombras. A escuridão nada tem a ver com o Diabo dogmático
(pois esse não existe) nem com o mal que assola o mundo. A
escuridão simplesmente significa aquilo que está oculto,
significa mesmo o próprio Oculto, o Mistério, aquilo que é
“proibido”, que é secreto, aquilo que é escondido como um
tesouro. Portanto, a iniciação (metafísica e espiritual) das
Trevas é a mais importante, pois o Mistério das Sombras é o
mais secreto e o mais sagrado e o mais íntimo para um ser. Nas
Sombras, o iniciado se recolhe para desvendar tudo o que está
oculto, para acessar conhecimentos “proibidos” e profundos.
Nesse sentido, Luz significa consciência, e Trevas significa
subconsciência, o repositório de todo conhecimento oculto,
esquecido e abandonado pela Luz, ou seja, pela consciência
ordinária, de vigília, pela personalidade que se manifesta no dia
a dia. Por meio da introspecção nas sombras interiores, o
indivíduo pode então confrontar os elementos mais profundos,
“perigosos” e “proibidos” de sua subconsciência (Trevas) e
trazê-los assim para a consciência, ou mente consciente (Luz),
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assimilando os conhecimentos mais secretos de seu Daemon
(Eu Superior, Logos, etc.) A Luz verdadeira, portanto, é a
consciência desenvolvida e expandida após essa imersão nas
Trevas, é o conhecimento assimilado e consciente, percebido
sobre o fundo negro no qual essa Luz brilha e pode ser vista.
Pelo que precede a Luz sem as Trevas jamais poderia ser
percebida. Sem o contraste entre Luz e Escuridão nada poderia
ser visto (ou seja, nada poderia se manifestar). Para que a Luz
possa se manifestar e iluminar, a Escuridão é necessária. Em
sentido filosófico e metafísico, Luz e Trevas, dia e noite, são a
manifestação e a não manifestação, consciência e
subconsciência, inteligência e imaginação, razão e emoção…
Em termos de individualidade humana, Luz é atividade,
intelecto, mente racional; e Trevas é inatividade, repouso,
reflexão intuitiva, imaginação e instintos (quase sempre
elementos negados, rejeitados, reprimidos e menosprezados
pela imposição dos dogmas e dos preconceitos sócio religioso).
Podemos ilustrar essa questão com alguns exemplos: no ser
humano, a Escuridão é o subconsciente repleto de forças
primais que trazem experiências interiores e sabedoria; é o
útero psicomental do qual nasce à consciência superior; os
seres vivos nascem da escuridão do útero de suas mães e
quando “morrem” voltam para as trevas da terra; os minerais
e pedras preciosas se formam na escuridão da terra; as plantas
brotam também do interior escuro da terra; o universo nasce
da escuridão do caos; as estrelas surgem na matéria escura do
espaço e a incrustam com seu brilho visível, porque sem a
escuridão elas não poderiam brilhar; e o dia e a noite

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intercalam-se na manifestação do tempo em nosso mundo, do
mesmo modo que a vigília e o sono em nossa vida. Portanto, as
Trevas não são o mal (como o conhecemos), e a Luz não é o
bem. Tal dicotomia não existe, pois, a Luz e as Trevas são
gradações que se manifestam em toda Existência. Todo aquele
que nega e menospreza a Escuridão está negando a própria Luz
que jaz nas profundezas de si mesmo, na caverna escura que é
o abrigo protetor do tesouro, da joia brilhante que é a gnose,
que é a Luz do conhecimento, que é a consciência do Eu
Superior. Autor Desconhecido Irm ∴ José Carlos de Araújo. CIM
40195. Lojas Renovação Londrinense 141/Pesquisa Brasil 45-
Londrina PR

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O AVENTAL

Ir∴ José Carlos Araújo

O Avental é a peça mais importante da indumentária do


Maçom, sendo absolutamente necessário o seu porte para a
admissão às sessões em Loja. Todo Maçom, na reunião da Loja,
deve usar essa insígnia e somente quando a usa que ele está,
na linguagem maçônica, “Convenientemente vestido”. Nessas
condições, considera-se que o Maçom “Se Veste” quando põe
seu avental por cima da roupa comum, porque fica, a partir
deste momento, habilitado a entregar-se ao TRABALHO. O
Avental é, pois, a vestimenta do trabalho. Na mesma forma que
o militar uniformizado não é mais um cidadão comum, o
Maçom decorado com o avental não é mais, em principio, o
homem que ele representa no mundo profano. Pode também
ostentar as condecorações e joias distintivas de seu cargo ou
do grau que pertence, mas sem avental não pode entrar em
Loja. Só se excetua o candidato à iniciação, que como ainda não
é maçom, não pode usar essa insígnia. A necessidade dos
maçons estarem convenientemente vestido envolve uma
interessante sugestão dos antigos Mistérios, e também explica
porque é o avental a prenda essencial da vestimenta maçônica.
O avental moderno é retangular, difere um tanto da forma que
teve no antigo Egito, na Pérsia etc. e sem duvida se
modificaram quando as perseguições eclesiásticas obrigaram a
união dos maçons especulativos com os práticos. Inicialmente,
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os maçons especulativos usaram a pele branca do cordeiro
como avental, para os três primeiros graus; posteriormente
foram aparecendo aventais diversos, até com varias
decorações, razão pela qual foi procedida a sua unificação, na
Inglaterra, em 1813, sendo depois prescritos nas Constituições
de 1815. Entretanto, nos dias de hoje, no Brasil, ainda vê-se
diversos tipos de avental para o grau de mestre, alguns dos
quais de um lado trazem uma caveira com ou sem duas tíbias
entrelaçadas que nada há que se justifique; outros, com
decorações para os quais não se encontram explicação alguma,
o que não deveriam ser permitido. A responsabilidade esta nas
Oficinas Chefes de Ritos, que deveriam estabelecer normas
para confecção dos aventais. Isso não acontece, porem, com a
Comissão Litúrgica do Supremo Conclave Autônomo para o
Rito Brasileiro, que aliando a tradição com a evolução,
estabeleceu um só padrão. O Avental do Aprendiz é de pele
branca, de carneiro, hoje se usa qualquer matéria branca,
retangular, de 30 cm por 40cm, com a abeta triangular presa à
cintura por cordões de fita branca; a abeta estará sempre
levantada, simbolizando a defesa do “Epigastro” daquele que
se emprega no desbaste da Pedra Bruta. O Epigastro é o centro
dos Sentimentos e das Emoções, que devem ser refreados,
para que seja conquistada a serenidade de espirito, que deve
ser o apanágio do verdadeiro iniciado. E quando no ato da
Investidura e entregue ao novo Irmão o avental retangular
branco, deve-se informar-lhe: por delegação do Venerável
Mestre invisto-vos com a insígnia distintiva do Maçom. Tomai
e usai este avental, que grandes homens, verdadeiros

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benfeitores da humanidade se honraram de trazer. Com ele
devereis estar sempre revestido durante as nossas sessões.
Entre nos esta insígnia é venerada por ser o Emblema do
Trabalho e lembra que o maçom deve ser sempre ativo e
laborioso. Deveis, pois, usá-lo com satisfação e asseguro-vos
que se nunca desonrardes esta insígnia, ela jamais vos
desonrará. O Avental é uma insígnia mais antiga que o Tosão
de Ouro ou a Águia Romana. Antigamente era usado para a
proteção do corpo em certos mistérios e a Maçonaria também
o adotou com esta significação. O Aprendiz deve, pois, trazer o
avental com a ponta triangular (abeta) levantada por ser ainda
inexperto em sua obra de desbastar a Pedra Bruta de seu
próprio caráter e dominar suas paixões. Lembra-se ainda que o
Aprendiz usa o avental com abeta levantada formando uma
figura com cinco ângulos, símbolo do Homem Quíntuplo, isto
é, indicando os cinco sentidos por meio dos quais entre em
relação com o mundo material que circunda nossos cinco
pontos de fidelidade ou perfeição, mas indicando também pela
porção triangular em cima, em conjunção com a porção
quadrangular em baixo que a natureza do Homem é uma
dualidade de alma e corpo. Todos os maçons espalhado pela
superfície da terra, deve lembrar-se dos grandes deveres que
comprometeram ao ser revestido do Avental. Nunca deveis
revestirdes dessa insígnia ao visitar uma Loja, onde se encontre
um irmão com o qual estejais em desacordo; deveis antes
procurar resolver amigavelmente as vossas divergências, e só
assim, podeis entrar na Loja, colocar o vosso Avental e
trabalhar com amor e harmonia, que em todas as épocas

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devem caracterizar os Maçons. Bibliografia: Coletânea
Maçônica: Lysis Brandão da Rocha Cave Editora Ltda-Juiz de
Fora-MG Cataguases-MG-1987

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AS TRÊS VIAGENS INICIÁTICAS
EA
PURIFICAÇÃO PELOS ELEMENTOS

Ir∴ João Cairo Ferreira

O requisito mínimo e inicial para se tornar um maçom, é ser


este um homem livre e de bons costumes e reconhecido
como tal pelos seus futuros irmão de Oficina e Ordem, sendo
essa liberdade representada desde os primórdios da
maçonaria operativa como a individualidade e sua condição
de não ser escravo de suas paixões, preconceitos e vício.

CAMINO1 descreve como parte importante da iniciação


maçônica e de grande influência na eficiência no Ritual, a
seleção dos candidatos, tarefa maçônica esta das mais
importantes, pois estar-se-á trazendo para dentro da Ordem
quem será considerado como Irm∴.

O mesmo autor (CAMINO1) também descreve como norma,


já registrada acima e obedecendo a tradição que o candidato
seja um homem livre e de bons costumes, sendo livre como
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(1) CAMINO, Rizzardo da, O aprendizado maçônico. 2ª edição –


Londrina: Ed. Maçônica “A TROLHA”, 2013.
(5) CARVALHO, Assis (XICO TROLHA), O Aprendiz Maçom – 2ª edição
– Londrina: Ed. Maçônica “A TROLHA, 2001.
(6) H. Carr. The Freemasson at Work, revised edition, Lewis Masonic,
1991.
Nota do Autor: em citação de H. Carr. - Texto original: “It would more
satisfying, of course, in dealing with questions on the history our modern
usages, if we had a collection of officially-approved early rituals to provide
the answer. Unfortunately, no such documents exist.”
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em seu aspecto amplo, quanto a liberdade de pensamentos,
limpo filosoficamente e independente em todos os sentidos
e de bons costumes, envolvendo não somente a moral, mas
todo o comportamento, com bons hábitos, trajetória salutar,
conhecimento geral sobre a vida e a morte, sendo apenas um
desconhecedor dos mistérios da Maçonaria. A maioria dos
candidatos a recipiendário* (profanos – homens comuns),
são desprevenidos, pois jamais esperam encontrar, dentro
de uma instituição ou Ordem, a parte mística e simbólica,
porém devem ter em seu amago, e demonstrar desde o início
a tendência e inclinação quanto a seu destino. Este aspecto
pode ser constatado, em suas respostas as indagações feitas
pelo V∴ M∴, onde a possibilidade de uma autorealização e
um auto-aperfeiçoamento, deve ser latente, tomando
cuidado para sempre existir uma inclinação em se trabalhar
em dualismo: onde ao mesmo tempo, deve trabalhar em si e
ajudar ao grupo em seu crescimento. (CAMINO1)
A Ordem Maçônica tem como fundamento base para seus
ensinamentos em contraponto a forma tradicional de
ensino, a utilização de símbolos e sua simbologia. Para tanto,
em sua iniciação, o candidato a aprendiz tem seus olhos
vendados, que significa seu desprendimento a suas vaidades

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(1) CAMINO, Rizzardo da, O aprendizado maçônico. 2ª edição –


Londrina: Ed. Maçônica “A TROLHA”, 2013.
(5) CARVALHO, Assis (XICO TROLHA), O Aprendiz Maçom – 2ª edição
– Londrina: Ed. Maçônica “A TROLHA, 2001.
(6) H. Carr. The Freemasson at Work, revised edition, Lewis Masonic,
1991.
Nota do Autor: em citação de H. Carr. - Texto original: “It would more
satisfying, of course, in dealing with questions on the history our modern
usages, if we had a collection of officially-approved early rituals to provide
the answer. Unfortunately, no such documents exist.”
Loja de Pesquisas Maçônicas
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do mundo profano e sua necessidade de instrução para a
construção de seu conhecimento maçônico.
Além disso “O profano é vendado para que o seu
entendimento seja primeiro das emoções, antes que os seus
olhos possam contemplar o que se passa” (SILVA2), esse ato,
impele o pretendente a imaginar o mirabolante e o
fantasioso, essa situação ajuda a vivenciar o desenrolar da
iniciação. (FONSECA3)

Também é necessário que exista o temor pois algo


pode realmente dar errado, e os pensamentos acabam se
atropelando, existem até alguns que ensaiam uma
desistência, esse pensamento deve ocorrer, pois a escolha
deve ser do profano em seu entendimento a se candidatar a
ser um possível recipiendário.
Aslan4, cita também que com a vista suprimida, os
outros sentidos tomam maior acuidade; o ouvido sobretudo
desenvolve-se. A maçonaria quer significar desta forma, que
o Profano, se não sabe ver, escuta em demasia os ruídos dos
mundos e das palavras dos outros.

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(1) CAMINO, Rizzardo da, O aprendizado maçônico. 2ª edição –


Londrina: Ed. Maçônica “A TROLHA”, 2013.
(5) CARVALHO, Assis (XICO TROLHA), O Aprendiz Maçom – 2ª edição
– Londrina: Ed. Maçônica “A TROLHA, 2001.
(6) H. Carr. The Freemasson at Work, revised edition, Lewis Masonic,
1991.
Nota do Autor: em citação de H. Carr. - Texto original: “It would more
satisfying, of course, in dealing with questions on the history our modern
usages, if we had a collection of officially-approved early rituals to provide
the answer. Unfortunately, no such documents exist.”
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Além disso, sendo o Templo em todo seu interior
cheio de símbolos e significados, o Profano, utilizando a
venda, não perde o foco no pensar, no meditar sobre algo,
caso contrário, poderia assustar-se e ficar focado em
entender ou mesmo visualizar os símbolos, limitando assim
sua busca interior, o conhecer a si próprio, ou pelo menos
iniciar a caminhada em busca desse conhecimento.
A INICIAÇÃO NOS PERÍODOS OPERATIVOS

Nos períodos Operativos da Maçonaria, a Recepção do


Maçom tinha sua importância, já a iniciação, para a histórica
maçônica é bem recente, já pertencendo à Maçonaria
Especulativa dos “Aceitos”. Durante todos o período
Operativo os membros eram recebidos em uma cerimônia
bem simples, sem simbolismos específicos. Onde o
candidato dava um Par de Luvas para cada Membro da sua
Loja, e pagava um Ágape. (CARVALHO5)

Além disso o Iniciado deveria fazer 3 (três) ou 9 (nove)


viagens ao ser apresentado ao 1º Vig∴, sendo essas viagens
apenas giros na Loja, desviando-se do Painel, feito a giz ou
carvão, no cento da Loja, e sempre da esquerda para a
direita, ou seja, sempre tendo o Mestra da Loja, à sua
esquerda e o Painel da Loja, desenhado no Centro, no chão
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(1) CAMINO, Rizzardo da, O aprendizado maçônico. 2ª edição –


Londrina: Ed. Maçônica “A TROLHA”, 2013.
(5) CARVALHO, Assis (XICO TROLHA), O Aprendiz Maçom – 2ª edição
– Londrina: Ed. Maçônica “A TROLHA, 2001.
(6) H. Carr. The Freemasson at Work, revised edition, Lewis Masonic,
1991.
Nota do Autor: em citação de H. Carr. - Texto original: “It would more
satisfying, of course, in dealing with questions on the history our modern
usages, if we had a collection of officially-approved early rituals to provide
the answer. Unfortunately, no such documents exist.”
Loja de Pesquisas Maçônicas
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da Loja, à sua direita. Depois ajoelhava-se sobre o 1º Degrau
do Trono do Mestre da Loja, com o joelho direito e prestava
o juramento e compromisso de Maçom. Eram lhe repassado
pelo V∴M∴, Sinais, Toques e Palavras, feito uma pequena
preleção, sendo assim uma Cerimônia rápida sem firulas,
sendo o aprendiz transformado em Aprendiz Introduzido
(Entered Apprentice). (CARVALHO5)
AS PROVAS E VIAGENS DO RITO FRANCÊS

EA
PURIFICAÇÃO PELOS ELEMENTOS

Também segundo, CARVALHO5, o ingresso na


Maçonaria não é somente reconhecimento de qualidades,
mas também existe a necessidade de se passar por diversas
Provas Simbólicas. Cada uma dessas provas tem um
significado especial. Essas provas foram inseridas aos Ritos
Maçônicos a partir de 1745, sabe-se que até então essas
provas com seus significados não eram desenvolvidas como
na atualidade.
“Seria muito mais satisfatório compreender os
aspectos históricos de nossos costumes atuais se
tivéssemos disponíveis exemplares de antigos
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(1) CAMINO, Rizzardo da, O aprendizado maçônico. 2ª edição –


Londrina: Ed. Maçônica “A TROLHA”, 2013.
(5) CARVALHO, Assis (XICO TROLHA), O Aprendiz Maçom – 2ª edição
– Londrina: Ed. Maçônica “A TROLHA, 2001.
(6) H. Carr. The Freemasson at Work, revised edition, Lewis Masonic,
1991.
Nota do Autor: em citação de H. Carr. - Texto original: “It would more
satisfying, of course, in dealing with questions on the history our modern
usages, if we had a collection of officially-approved early rituals to provide
the answer. Unfortunately, no such documents exist.”
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Rituais oficiais, regularmente aprovados, como
base de nossos estudos, Desafortunadamente, tais
documentos não existem”. (H. Carr 6)

Todas as iniciações maçônicas se assemelham, uma mais


requintadas, outras mais severas, porém nenhum candidato
a recipiendário se torna maçom sem realizar a purificação
pelos elementos em concomitância com provas específicas
e definidas. Segundo CAMINO1, os alicerces de um templo
maçônico ou templo interior deve ser sólidos, porque os
elementos empregados devem ser poucos e entender-se
entre si.

O estudo das forças da natureza, presentes nos quatro


elementos, são comuns a todas as culturas por tratar-se de
uma necessidade latente do ser humano. A Iniciação
Hermética quase sempre tem início com base nos quatro
elementos grosseiros da natureza: ar, terra, fogo e água.

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(1) CAMINO, Rizzardo da, O aprendizado maçônico. 2ª edição –


Londrina: Ed. Maçônica “A TROLHA”, 2013.
(5) CARVALHO, Assis (XICO TROLHA), O Aprendiz Maçom – 2ª edição
– Londrina: Ed. Maçônica “A TROLHA, 2001.
(6) H. Carr. The Freemasson at Work, revised edition, Lewis Masonic,
1991.
Nota do Autor: em citação de H. Carr. - Texto original: “It would more
satisfying, of course, in dealing with questions on the history our modern
usages, if we had a collection of officially-approved early rituals to provide
the answer. Unfortunately, no such documents exist.”
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A PRIMEIRA PROVA – ELEMENTO TERRA
A Câmara de Reflexão é um local onde tem início os
“Mistérios” da Iniciação, é um local mantido com a maior
discrição. CARVALHO5 em sua obra, manifesta-se que essa
prova a cada postulante a recipiendário, sua própria
interpretação, tendo assim uma visão diferente de todos os
demais.
Alguns olham com olhar de medo, as vezes
estupefato e em outras até assustados, porém com o
decorrer do tempo encarcerado naquele cubículo, as mais
complexas reações, o que faz parte do ritual e da mística da
iniciação maçônica.
Segundo Schönell7, em seu texto, os quatro elementos, A
terra representa, hermeticamente falando, o lado visível da
vida ou a manifestação concreta de todas as
sementes que germinam no mundo das ideias
mediante a ação concreta do Iniciado.
Representa, ainda, o nosso próprio organismo e
tudo o mais relacionado ao mundo material. No
ritual de iniciação, esse elemento não faz parte das viagens
iniciáticas, porém é representado pela câmara de reflexão,
onde o homem encontra sua e tem contato com sua pedra
bruta interior, e prepara-se para ser retirado de lá e começar
uma nova caminhada rumo ao conhecimento.

322

(5) CARVALHO, Assis (XICO TROLHA), O Aprendiz Maçom – 2ª edição


– Londrina: Ed. Maçônica “A TROLHA, 2001.
(7) SCHÖNELL, Gilson Adolfo, Os Quatro Elementos – Revista
Palavra Maçônica - Loja Luz do Ocidente, Or∴ de Chapecó – SC.
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Para representar tal elemento, o aposento parece-
se com uma catacumba, que é uma admoestação sobre a
morte da vida profana e o recomeço de uma nova vida. Neste
aposento o profano, deve meditar profundamente, entregue
constantemente e sozinho com suas reflexões e neste
momento lhe é cobrado somente sua sinceridade (FONSECA
JUNIOR3).
Mesma sinceridade este exigida ao candidato a
iniciado, é cobrada na produção de seu manuscrito
(testamento filosófico), este após o período de reclusão do
profano é levado ao templo para leitura e apreciação pelos
irmãos ali presentes, lembro que o mesmo é lido pelo irmão
Orad∴, após assim autorizado pelo V∴M∴.

Também faz parte do ritual, que o profano passe


por indagações após seu período de permanecia, na câmara
de reflexão, isso deve ser realizado no tempo, sob ordem o
V∴M, que o silêncio deve ser absoluto, até a inserção do
candidato ao templo deve ser feita de forma silenciosa, sem
nenhum ruído ou fala, o mesmo é colocado em uma cadeira
no meio do templo.

Nota-se que o profano só adentra ao templo


quando o total silêncio existir, pois o mesmo não pode sentir
ou ter a certeza, nem mesmo desconfiar que está dentro do
templo. Para isso o V∴M∴ dita a seguinte ordem:

323

(3) FONSECA JUNIOR, Antonio Soares de, Noções Básicas do aprendizado


do primeiro grau - 1ª edição – Ed. Maçônica “A TROLHA” – Londrina:
2009.
(8) GOP – Grande Oriente do Paraná – (Tradução) – Cahier du Grade
d’Apprenti au Rito Français – Rituel de Référence 2012 – Curitiba:
Versão 2016.
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“Meus IIrm∴ guardai o mais absoluto silêncio. É-vos
proibido manifestar suas impressões sob qualquer
pretexto.” GOP8

Após adentrar ao templo e sentar-se conforme já


especificado, os profanos são indagados pelo V∴M∴ mas
antes, das indagações o mesmo é advertido pelo V∴M∴ da
seguinte forma:
“Senhor, algumas questões vos serão colocadas. Respondei
sem medo. Nós vos exigimos sinceridade, intenções puras e
caráter firme.” GOP8
Após os questionamentos feitos e respondidos, o V∴M∴,
informa ao profano que sua audiência terminou, e que será
levado pela última vez a julgamento se o profano é digno a
unir-se a Ordem, durante esse período, este deve por ordem
do V∴M∴ refletir o que disse, e se ainda quer persistir com
sua intenção de ser admitido.

Antes da votação é solicitado pelo V∴M∴ se existe algum


Obr∴, nas CCol∴ que possua alguma informação, que
desabone o mesmo ou que possa objetar sua iniciação.
Além disso, o Orad∴ também precisa se pronunciar sobre a
iniciação, sendo favorável, todos da Loja são convocados a
votar sobre a aceitação do profano, e se aceito, em seguida o
Ir∴Gr∴Exp∴ dirige-se junto ao profano para traze-lo a loja.

324

(8) GOP – Grande Oriente do Paraná – (Tradução) – Cahier du Grade


d’Apprenti au Rito Français – Rituel de Référence 2012 –
Curitiba: Versão 2016.
** Nota do Autor: Neste momento a prova da taça da amargura pode
ser realizada, na interpretação da A∴R∴L∴S∴ François Voltaire a
mesma prova pode ser realizada no final da 3ª viagem, conforme o
Ritual de iniciação – GOP8.
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A decisão da Loja quanto ao reconhecimento do
profano, é o ponto de partida para o mesmo adentrar ao
templo já não mais como profano e sim como um futuro
recipiendário, este deve ser escoltado pelo Ir∴Gr∴Exp∴.

Discussões são feitas, sobre o momento em que a


primeira prova finaliza, porém para o autor deste que, esse
é o momento para o termino desta prova.

A ENTRADA DO RECIPIENDÁRIO AO TEMPLO

Segundo Makey9, a ciência simbólica da Maçonaria,


apresenta costumeiramente a Loja como um símbolo da
vida. Neste caso o trabalho da Loja, torna-se o símbolo do
trabalho da vida, suas obrigações, provações e tentações,
sendo o Maçom um tipo de trabalhador e ator dessa vida.

Sendo assim, o mesmo autor, também descreve


que o momento de recepção de um recipiendário na
iniciação como um modelo de vida nova, na qual o candidato
está prestes a entrar. Sendo assim antes de entrar ao templo
ele permanece fora de nossos portais, no limiar de sua nova
vida, na escuridão, no desamparo e na ignorância. Neste
momento ele está impregnado e coberto com a poluição do
mundo externo e profano, após ter vagado por todo esse

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(8) GOP – Grande Oriente do Paraná – (Tradução) – Cahier du Grade


d’Apprenti au Rito Français – Rituel de Référence 2012 –
Curitiba: Versão 2016.
** Nota do Autor: Neste momento a prova da taça da amargura pode
ser realizada, na interpretação da A∴R∴L∴S∴ François Voltaire a
mesma prova pode ser realizada no final da 3ª viagem, conforme o
Ritual de iniciação – GOP8.
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tempo, buscando na porta do templo um novo nascimento,
solicitando assim o véu que oculta a Verdade de sua visão
não iniciada. (MAKEY9)

Para adentrar ao templo, o recipiendário


acompanhado pelo Ir∴Gr∴Exp∴, e com a ajuda do mesmo, o
profano bate à porta do templo com dois golpes irregulares.
Após a identificação, e que existe por parte do recipiendário
realmente a aspiração para receber a luz o mesmo é
introduzido ao templo.

O Irm∴ Gr∴ Esp∴, faz com que o recipiendário se


abaixe e se erga somente após estar entre colunas, o coloca
de pé e assim o mesmo permanece. Por ordem do V∴M∴ o
recipiendário neste momento deve renovar seu
compromisso de honra, e é alertado pelo V∴M∴ da seguinte
forma:

“Prometeis, o que quer que aconteça, de jamais


nada dizer sobre o que vistes ou ouvistes, depois que fostes
introduzido no lugar de meditação onde redigiste o vosso
testamento filosófico e moral e promete nada revelar, nunca,
o que podereis ouvir e ver aqui? Prometeis?” GOP8

Se a proposta é mantida, o recipiendário é


conduzido aos degraus do Oriente. **
Neste momento o recipiendário é informado pelo
V∴M∴ que a primeira prova de purificação já ocorreu, a da
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(8) GOP – Grande Oriente do Paraná – (Tradução) – Cahier du Grade


d’Apprenti au Rito Français – Rituel de Référence 2012 –
Curitiba: Versão 2016.
** Nota do Autor: Neste momento a prova da taça da amargura pode
ser realizada, na interpretação da A∴R∴L∴S∴ François Voltaire a
mesma prova pode ser realizada no final da 3ª viagem, conforme o
Ritual de iniciação – GOP8.
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purificação pela terra, pois quando o mesmo penetrou no
local de meditação, e onde redigiste o testamento, esse lugar
era vedado à Luz do dia, simbolizando assim as entranhas
da terra, onde vos fizemos entrar para romper com a vossa
vida anterior, estando você pronto assim, para penetrar
simbolicamente, numa vida nova: a vida Maçônica. (GOP8)

Dentre outros ensinamentos passados para o


recipiendário, estão os símbolos que estavam disponíveis na
Câmara de Reflexão, e seus simbolismos. Após, é anunciado
que serão realizadas 3 viagens iniciáticas, e que essas
viagens serão explicadas após o término de cada uma delas,
após essa informação é solicitado ao candidato a iniciado
consentir quanto as viagens, em caso de confirmação, a loja
se prepara para a 1ª viagem.

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(8) GOP – Grande Oriente do Paraná – (Tradução) – Cahier du Grade


d’Apprenti au Rito Français – Rituel de Référence 2012 –
Curitiba: Versão 2016.
** Nota do Autor: Neste momento a prova da taça da amargura pode
ser realizada, na interpretação da A∴R∴L∴S∴ François Voltaire a
mesma prova pode ser realizada no final da 3ª viagem, conforme o
Ritual de iniciação – GOP8.
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AS VIAGENS INICIÁTICAS:

O simbolismo das viagens é um dos temas centrais


da literatura universal, como nas viagens lendárias dos
gregos Jasão e Ulisses e nas modernas sagas dos
descobrimentos. A vivência das viagens fascina e concentra
a atenção do ser humano – o distanciamento do lugar
conhecido, o sentimento de ausência, a promessa de
aquisição de novos conhecimentos e a descoberta do oculto.

1ª VIAGEM INICIÁTICA – 2ª PROVA – PROVA DA ÁGUA

Após a confirmação do recipiendário que o mesmo


tem interesse de passar pelas viagens o mesmo é levado
entre colunas. E após a autorização do V∴M∴ ao Irm∴ Gr∴
Exp∴ inicia-se a Primeira Viagem.

Nessa viagem em específico, além do Irm∴ Gr∴


Exp∴, outro Irm∴ deve levar o recipiendário em
concomitante, cada um tomando-lhe um braço e colocando
a outra mão sobre o ombro do candidato, esse ato é
importante para que se possa empurra-lo à frente com uma
leve pressão. Antes de Iniciar a viagem o Irm∴ Gr∴ Exp∴, diz
próximo ao recipiendário: Meu filho, venha conosco. (GOP8)

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(8) GOP – Grande Oriente do Paraná – (Tradução) – Cahier du Grade


d’Apprenti au Rito Français – Rituel de Référence 2012 –
Curitiba: Versão 2016.
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Figura 1 – Primeira Viagem

Fonte: GOP8 (Vide Nota do Autor***)

Ao ser empurrado ziguezagueando, o aprendiz tem


a noção de estar aprendendo novamente a caminhar, sendo
levado por dois Irm∴ representado a mãe e o pai, com o
mesmo zelo cuidando para que o mesmo não caia ou tropece
nas próprias pernas.

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(8) GOP – Grande Oriente do Paraná – (Tradução) – Cahier du Grade


d’Apprenti au Rito Français – Rituel de Référence 2012 –
Curitiba: Versão 2016.
*** Nota do Autor: Neste momento a prancha entalhada (prancha de
bolas) utilizada, tem como função aumentar o desconforto e a falta de
equilíbrio do recipiendário, essa é a interpretação da A∴R∴L∴S∴
François Voltaire.
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O sentimento deve ser de despreparo para
caminhar, um novo início de caminhada, porém amparado,
o recipiendário deve sentir trôpego, porém também deve
sentir-se amparado. Ao chegar em uma volta em sentido
Ocidente ao Oriente, passando pelo Norte deve-se parar à
frente do 2º Vig∴, que indaga o candidato: Quem vem lá?

Após o Irm∴ Gr∴ Exp∴ identificar o recipiendário


como um profano que solicita ser recebido como franco-
maçom. O mesmo é autorizado pelo 2º Vig∴ com a seguinte
frase: Que ele passe se for livre e de bons costumes.
A viagem deve continuar pelo Ocidente em direção
ao Sul e após a volta completa parar a frente do 1º Vig∴, que
faz ao recipiendário e ao Irm∴ Gr∴ Exp∴, a mesma pergunta
feita pelo Irm∴ 2º Vig∴ - Quem vem lá.
Do mesmo modo que identificou o recipiendário
para o primeiro vigilante o Irm∴ Gr∴ Exp∴ identifica o
candidato, e se assim o fizer obtém a resposta, do 1º Vig∴ -
Que ele passe e que suas primeiras aspirações sejam o seu
aperfeiçoamento moral e intelectual.
Todos os textos acima, foram adaptados do GOP8,
podem deve-se salientar a importância do ato aqui
apresentado, nesta primeira viagem o Irm∴ Gr∴ Exp∴
sempre apresenta o recipiendário como um profano que
solicita ser recebido como franco-maçom, na primeira
estação ou primeira indagação, o 2º Vig∴ alerta que ele pode
passar se for um homem livre e de bons costumes, porém o
1º Vig∴ vai além, e diz que o recipiendário pode passar, se

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(8) GOP – Grande Oriente do Paraná – (Tradução) – Cahier du Grade


d’Apprenti au Rito Français – Rituel de Référence 2012 –
Curitiba: Versão 2016.
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suas aspirações forem realmente de aperfeiçoamento moral
e intelectual.
Estes acontecimentos confirmam o pensamento
maçônico para o Aprendiz, pois ser um homem livre e de
bons costumes é condição inicial para se tornar um maçom,
a partir daquele momento, seu compromisso será com o não
só ser como era antes, mas também se aperfeiçoar moral e
intelectualmente, desbastando a pedra bruta encontrada
dentro de si na prova anterior.

Após esse momento, o recipiendário é novamente


colocado entre colunas. E assim se autorizado pelo V∴M∴ é
realizada a 2ª Purificação - A tripla prova da água, onde a mão
e o braço do recipiendário é mergulhada num vaso com água,
repetindo esse gesto 3 vezes, sendo o enxugado o braço
imediatamente. GOP8

A água, segundo a maioria das correntes


herméticas, está relacionada às emoções do
inconsciente. Emoções que nutrem os nossos
sonhos e ideais na vida. (SCHÖNELL7). Segundo
GOP8 a água representa a purificação do espírito
que nasce para a vida maçônica. Lembrando ao
recipiendário que seu coração deve ser límpido como a água
pura, a fim de aproveitar melhor o que irá aprender com a
Ordem Maçônica.

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(7) SCHÖNELL, Gilson Adolfo, Os Quatro Elementos – Revista


Palavra Maçônica - Loja Luz do Ocidente, Or∴ de Chapecó – SC.
(8) GOP – Grande Oriente do Paraná – (Tradução) – Cahier du Grade
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O Significado Simbólico da 1ª Viagem
O significado simbólico da 1ª Viagem tem duplo
sentido, seu primeiro é que a prática da virtude tem um
caminho difícil, as paixões, maus hábitos e preconceitos do
mundo profano resistem dentro do ser humano. A busca
pela perfeição é difícil e rude, com armadilhas e percalços,
que podem retardar seu aperfeiçoamento. Por isso a
coragem, vontade e perseverança devem ser as guias no
caminho que foi escolhido pelo recipiendário, este é o real
caminho iniciático. Além disso também é fácil adquirir más
inclinações a perde-las. (GOP8)

E como segundo significado, está diretamente


ligado a passagem da morte no mundo profano (ocorrida na
câmara de reflexões) para o renascimento para essa vida
nova (vida maçônica). Os dois franco-maçons que
conduziram seus paços e acompanharam o recipiendário
tinham como missão a permanência no caminho, como são
os pais ao proteger e instruir em seu caminho, nos seus
primeiros anos de vida (Infância). Portanto, o sentido moral
da 1ª Viagem iniciática é que nenhuma pessoa pode se
transformar em um perfeito maçom se não praticar a
virtude e se não aspirar a perfeição. (GOP8)

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(8) GOP – Grande Oriente do Paraná – (Tradução) – Cahier du Grade


d’Apprenti au Rito Français – Rituel de Référence 2012 –
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2ª VIAGEM INICIÁTICA – 3ª PROVA – PROVA DA AR

Mais uma vez após o término da 1ª Viagem, o


recipiendário está entre colunas, se tudo correu justo e
perfeito quanto a primeira viagem, o V∴M∴, solicita que o o
Irm∴ Gr∴ Exp∴ realize a segunda viagem.

Figura 2 – Segunda Viagem

Fonte: GOP8

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(8) GOP – Grande Oriente do Paraná – (Tradução) – Cahier du Grade


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Agora diferentemente da 1ª Viagem, o Exp∴
toma o recipiendário pelas duas mãos, e diz ao
recipiendário:

“Meu discípulo, segui-me.” (GOP8), após


proferir essas palavras, imediatamente o faz virar à direita e
de um modo menos lento quanto utilizado na 1ª Vigem,
passando pelo sul, passando pela prancha basculante ****
que se encontra diante a coluna do Norte e para diante o 1º
Vig∴ que diz:

“Aplicai-vos a conhecer e a compreender. Que


vosso pensamento permaneça livre!” (GOP8) Logo após
receber a instrução do 1º Vig∴ a viagem deve continuar
imediatamente para o Norte e depois de uma volta, o
recipiendário é parado diante do 2º Vig∴ que diz: “Que os
vossos passos vos guiem à busca da verdade!” (GOP 8), após
receber a instrução o recipiendário é colocado entre
colunas.
Note que na segunda viagem, a apresentação do
candidato não acontece como na 1ª Viagem, pois o mesmo já
é reconhecido pelos vigilantes. Que não somente aprova que
o recipiendário passe, mas também já lhe repassa
ensinamentos, lhe repassa vivência maçônica, alertando-o
sobre a necessidade de um pensamento livre perpétuo e
uma busca pela verdade.

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(9) GOP – Grande Oriente do Paraná – (Tradução) – Cahier du Grade


d’Apprenti au Rito Français – Rituel de Référence 2012 –
Curitiba: Versão 2016.
**** Nota do Autor: Diferente da prancha de bolas, essa prancha é
utilizado conforme descrito em Manual, interpretação da A∴R∴L∴S∴
François Voltaire.
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Assim após estar entre colunas e com a
autorização do V∴M∴ o recipiendário passa por sua 3ª prova
a Prova do Ar.

Schönell7, descreve o ar como o meio pelo qual


todas as ações e realizações humanas têm seu início: o
mundo das ideias. Em linguagem mais moderna, pode muito
bem ser chamado de psique ou inconsciente. É
também o elemento representante da mente
com suas frequentes transformações. O
elemento ar está dessa forma diretamente
associado ao pensamento. GOP8 Descreve e
confirma o que foi afirmado pelo autor citado acima que o
Ar simboliza a purificação intelectual. Assim como alcança
os pontos mais altos, os maçons devem ter o espírito liberto
das concepções errôneas, para se aproximar da verdade.

Após o término da mesma, o Irm∴ Gr∴ Exp∴


informa ao V∴M∴ que a 2ª Viagem chegou ao seu final.

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(7) SCHÖNELL, Gilson Adolfo, Os Quatro Elementos – Revista


Palavra Maçônica - Loja Luz do Ocidente, Or∴ de Chapecó – SC.
(8) GOP – Grande Oriente do Paraná – (Tradução) – Cahier du Grade
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O Significado Simbólico da 2ª Viagem
A segunda viagem simboliza (segundo GOP8) o
aprendiz e o mestre, portanto, representa simbolicamente a
época da vida que os homens devem, adquirir além dos
hábitos morais também adquirir o conhecimento que serão
necessários para continuar a progredir. Ou seja o Franco-
maçom que conduz o recipiendário tem a simbologia do
mestre, que vai guiar os trabalhos e aprendizado. Além de
proteger o discípulo dos inimigos, sendo estes mais sutis dos
quais ouvistes o choque das espadas.
Graças ao mestre que as pesquisas realizadas
pelos aprendizes são direcionadas para a verdade, pois o
conhecimento adquirido graças ao esforço contínuo e
beneficente, acumulado pelas gerações humanas são
passados com parcimônia e tolerância. É para a verdade que
os aprendizes são conduzidos e exortados sendo
resguardados de todo o dogmatismo e intolerância. (GOP 8)

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(8) GOP – Grande Oriente do Paraná – (Tradução) – Cahier du Grade


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3ª VIAGEM INICIÁTICA – 4ª PROVA – PROVA DO FOGO

O recipiendário está entre colunas, e após a


confirmação do Irm∴ Gr∴ Exp∴ que a segunda Viagem teve
seu término de forma justa e perfeita, ao golpe do malhete o
V∴M∴ solicita que o o Irm∴ Gr∴ Exp∴ realize a terceira
viagem. Com a autorização o Irm∴ Gr∴ Exp∴, convida o
recipiendário a lhe tomar o braço e lhe diz: “Meu amigo,
apoia-vos em mim” (GOP8)

Figura 3 – Terceira Viagem

Fonte: GOP8

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(8) GOP – Grande Oriente do Paraná – (Tradução) – Cahier du Grade


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Imediatamente, ele lhe faz dar três passos em
frente, em direção ao Oriente, depois lhe faz voltar à
esquerda e de um modo normal e com vigor (de modo
decidido), o faz passar pelo Norte, e para diante do 2º Vig∴

Este recebe o recipiendário com a seguinte


instrução: “Homem, caminhando para a Luz, não podeis ser
nem enganador, nem injusto, nos vossos atos como nos
vossos propósitos.”(GOP8) Após este, a viagem continua
pelo Ocidente em direção ao Sul e após uma volta, o
recipiendário é parado diante do 1º Vig∴.
Este também confere ao recipiendário mais uma
instrução: “Homem, para caminhar para a Luz, tenhais um
caráter reto, firme e culto.” (GOP8) – após essa instrução, o
recipiendário é conduzido até perto dos degraus do oriente
pelo Norte.

E assim o V∴M∴ instrui o recipiendário mais uma


vez: “Homem, para se transformar num perfeito Maçom,
cultivareis o amor fraternal que é a base, a pedra angular, o
cimento e a glória de nossa anciã Confraria. Assim
caminhareis para a Luz.” (GOP8). Após a instrução o
recipiendário é colocado entre Colunas, e após autorização
do V∴M∴, é realizada a prova do Fogo.
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(8) GOP – Grande Oriente do Paraná – (Tradução) – Cahier du Grade


d’Apprenti au Rito Français – Rituel de Référence 2012 –
Curitiba: Versão 2016.
***** Nota do Autor: Neste momento mais uma vez o símbolo tem
significado de frisar tudo que foi instruído ao recipiendário durante toda
sua permanência no templo e suas viagens iniciáticas, portanto a fala
aqui registrada, pode ser considerada como um “resumo” dos preceitos
antes repassados ao recipiendário, com a utilização de um símbolo para
ratifica-las.
****** Nota do Autor: A prova do sangue é pouco praticada atualmente,
será citada neste trabalho somente com finalidade de instrução. A
mesma não é realizada pela A∴R∴L∴S∴ François Voltaire, devido a
escolha de utilização da primeira proposta para a iniciação no Ritual GOP 8.
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Segundo Schönell7, o fogo representa o desejo, a
vontade, a mudança, a purificação, a
transformação, a energia da ativação. As velas,
as fogueiras, são objetos que representam a
força desse elemento. Segundo GOP8, o fogo
simboliza a purificação do caráter, também simboliza a
vontade do maçom que deve ter o ardor da chama para
fecundar o trabalho e manter o ideal de fraternidade
universal, esse acontecimento, iluminará a humanidade.

O Significado Simbólico da 3ª Viagem


A terceira viagem simboliza a idade madura e o
amigo, essa viagem é feita de forma mais decidida e firme,
assim como um homem chega a plenitude de seu
desenvolvimento. (GOP8) Porém o homem mesmo em sua fase
madura não ficará isolado.

Ele lutará com ajuda daquele que já foi seu guia,


mestre e agora amigo, contra suas próprias falhas e erros,
contra o sentimento de impotência e injustiça social,
aprenderá a modificar suas imperfeições e lidar com elas, e
com esse amigo se encorajará toda vez que cair a se levantar e
continuar sua caminhada.
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(8) GOP – Grande Oriente do Paraná – (Tradução) – Cahier du Grade


d’Apprenti au Rito Français – Rituel de Référence 2012 –
Curitiba: Versão 2016.
***** Nota do Autor: Neste momento mais uma vez o símbolo tem
significado de frisar tudo que foi instruído ao recipiendário durante toda
sua permanência no templo e suas viagens iniciáticas, portanto a fala
aqui registrada, pode ser considerada como um “resumo” dos preceitos
antes repassados ao recipiendário, com a utilização de um símbolo para
ratifica-las.
****** Nota do Autor: A prova do sangue é pouco praticada atualmente,
será citada neste trabalho somente com finalidade de instrução. A
mesma não é realizada pela A∴R∴L∴S∴ François Voltaire, devido a
escolha de utilização da primeira proposta para a iniciação no Ritual GOP 8.
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O franco-maçom que apoia o recipiendário nesta
viagem, ensina que o apoio nessa fase deverá ser moral e que
este sentimento sempre será devotado. O Maçom nesta fase é
instruído e culto, buscando e mostrando constantemente para
os que estão ainda nas sombras o bom caminho. Todos na
ordem devem ser solidários entre si e assim que se recebe a
Luz é seu dever ser solidário e companheiro a todos que assim
também iluminados foram.

5ª PROVA – PROVA DO CALICE DA AMARGURA

Após ter passado pela 3ª Viagem o recipiendário


ainda é submetido a mais uma prova, o V∴M∴ solicita que o
Ir∴ Gr∴ Exp∴, apresente o cálice da amargura, com a
seguinte máxima, “Senhor, bebei tudo!”, sendo assim é
apresentada ao recipiendário um cálice contendo uma
bebida amarga, que deve sorver seu conteúdo até a última
gota. (GOP8)

Ao termino do consumo de todo o conteúdo do cálice


o V∴M∴ declara que:

340

(8) GOP – Grande Oriente do Paraná – (Tradução) – Cahier du Grade


d’Apprenti au Rito Français – Rituel de Référence 2012 –
Curitiba: Versão 2016.
***** Nota do Autor: Neste momento mais uma vez o símbolo tem
significado de frisar tudo que foi instruído ao recipiendário durante toda
sua permanência no templo e suas viagens iniciáticas, portanto a fala
aqui registrada, pode ser considerada como um “resumo” dos preceitos
antes repassados ao recipiendário, com a utilização de um símbolo para
ratifica-las.
****** Nota do Autor: A prova do sangue é pouco praticada atualmente,
será citada neste trabalho somente com finalidade de instrução. A
mesma não é realizada pela A∴R∴L∴S∴ François Voltaire, devido a
escolha de utilização da primeira proposta para a iniciação no Ritual GOP 8.
Loja de Pesquisas Maçônicas
Hercule Spoladore - Brasil – N º45
Caderno de Pesquisas Maçônicas
2017-2019
“Senhor, o amargor desta bebida vos lembra que o
caminho da virtude é difícil. Pelas más inclinações
naturais que persistem em vós como pelas
imperfeições que podereis observar em nós, as
etapas de vossa iniciação maçônica serão, talvez,
semeadas de decepção. Vós as vencerei como
acabais de vencer vossa repugnância a essa bebida
e nós confiamos que tereis a energia, a coragem de
trabalhar sem descanso para se transformar em
um Maçom perfeito.” (GOP8)*****

Uma pequena pausa acontece, (Prova do Sangue –


Vide – 6ª Prova******) e o V∴M∴ prossegue:

341

(8) GOP – Grande Oriente do Paraná – (Tradução) – Cahier du Grade


d’Apprenti au Rito Français – Rituel de Référence 2012 –
Curitiba: Versão 2016.
***** Nota do Autor: Neste momento mais uma vez o símbolo tem
significado de frisar tudo que foi instruído ao recipiendário durante toda
sua permanência no templo e suas viagens iniciáticas, portanto a fala
aqui registrada, pode ser considerada como um “resumo” dos preceitos
antes repassados ao recipiendário, com a utilização de um símbolo para
ratifica-las.
****** Nota do Autor: A prova do sangue é pouco praticada atualmente,
será citada neste trabalho somente com finalidade de instrução. A
mesma não é realizada pela A∴R∴L∴S∴ François Voltaire, devido a
escolha de utilização da primeira proposta para a iniciação no Ritual GOP 8.
Loja de Pesquisas Maçônicas
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“Senhor as provas que devíeis passar terminaram.
Eu vos lembro da promessa que fizestes quando
fostes introduzidos aqui, de observar a lei do
silêncio. Vós a confirmais agora?” GOP8

Aguarda-se a resposta do candidato, se for


afirmativa o V∴M∴ retoma a fala, “Irm∴ Gr∴ Exp∴, conduzi o
recipiendário aos degraus do Oriente” GOP8, e com esta
ordem as viagens e Provas e purificações findam-se.
6ª PROVA – PROVA DO SANGUE

Conforme já exposto em nota do autor deste e no


ritual do aprendiz (GOP8), essa prova é dificilmente praticada
atualmente, no passado, o sangue dos neófitos e do V∴M∴
eram misturados e bebidos simultaneamente parasse unir
de modo indissolúvel.
Quando realizada a provado sangue é puramente
simbólica, ainda utiliza-se o garote, éter, utiliza-se um lápis
apontado para fazer pressão no cotovelo (o neófito não pode
ser machucado) e ao invés de sangue, utiliza-se o vinho
doce.
O V∴M∴ solicita para o recipiendário beba no
mesmo cálice que ele mesmo bebeu representando todos os
irmãos da Loja e os laços de irmandade indivisíveis,
adquiridos no ritual de iniciação.

342

(8) GOP – Grande Oriente do Paraná – (Tradução) – Cahier du Grade


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Curitiba: Versão 2016.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS DO AUTOR

Para o candidato a iniciação maçônica, o ficar de


olhos vendados é em seu primeiro momento um desconforto,
uma forma de quase tortura ao ser desprovido da visão, além
disso o ato de estar vendado, coloca-o em posição de
submissão e necessidade de auxílio total, para se locomover,
para tomar água, essa primeira privação de sentidos torna-os
aberto a outros, tato, paladar, audição e olfato.

Todos esses colocados a prova, principalmente ao se


locomover à câmara de reflexão, que com seu simbolismo e
período de permanência, leva o recipiendário a uma viagem de
questionamentos e pensamentos, visando sua nova vida,
diferente da vida profana que se encerra.

É na câmara que o recipiendário, em contato com os


símbolos consegue encontra a sua pedra bruta, seu interior,
com seus pensamentos indagações e necessidades, mesmo
sem entender, essa pedra após achada é levada consigo e seu
peso nos faz querer desbastá-la, modifica-la em busca da
perfeição e da mudança, diminuindo assim esse peso e
desconforto.

Ao adentrar ao templo, o profano até então com


aquele peso no peito, esperando alguma instrução é indagado,
questionado e provado, para ser aceito.

O medo de errar, ou dar uma resposta não


condizente com o que esperam é enorme, o desconforto de
não enxergar é enorme e mesmo com autorização do V∴M∴ é
343
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é absurdo o quanto aprende-se a pensar para responder um
questionamento, meditar sobre as palavras, o poder delas.
O peso da pedra bruta é grande, e não ser aceito
acaba sendo o maior medo neste momento, pois a dúvida é,
se ninguém me ajudar a desbastar essa pedra como farei
com esse desconforto?

Quando as viagens iniciam-se, é visível a


preocupação do Irm∴ Gr∴ Exp∴ em fazer com que o
recipiendário tenha paciência e calma, além disso, todos os
sons são marcados como ferro quente no corpo, todos as
instruções e questionamentos feitos pelos IIrm∴ 1º e 2º
VVig∴, ficam latejando em sua consciência.

O andar cambaleante da primeira viagem faz o


recipiendário pensar mesmo que o caminho será duro e
longo, que seu entendimento é pífio quanto ao mundo e a
Ordem. A evolução fica marcada na 2ª e 3ª viagens, a
evolução de mestre a amigo, a evolução dos paços e formas
de contato, o amparo é diferente, a forma como se é
conduzido muda, a sensação é de tolerância, de justiça e
verdade, o reconhecimento acontece, a evolução do
entendimento é maior e marcante.

Os passos evoluem de forma exponencial, a


confiança também, porém essa é provada a todo momento,
principalmente quando se bebe o cálice da amargura. Neste
momento a tolerância que está tudo se tranquilizando, e
tornando-se mais fácil cai por terra, e somos lembrados que
a caminhada não será fácil, e o desbastar penoso, mas que

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temos amparo nos IIrm∴ e M∴M∴, para superar essas
dificuldades.
REFERENCIAS

ASLAN, Nicola, Comentários ao Ritual do Aprendiz –


Vade-Mécum Inciático – 3ª edição – Londrina: Ed.
Maçônica “A TROLHA, 2006.

CAMINO, Rizzardo da, O aprendizado maçônico. 2ª


edição – Londrina: Ed. Maçônica “A TROLHA”, 2013.

CARVALHO, Assis (XICO TROLHA), O Aprendiz Maçom


– 2ª edição – Londrina: Ed. Maçônica “A TROLHA, 2001.

FONSECA JUNIOR, Antonio Soares de, Noções Básicas


do aprendizado do primeiro grau - 1ª edição – Ed.
Maçônica “A TROLHA” – Londrina: 2009.

GOP – Grande Oriente do Paraná – (Tradução) – Cahier


du Grade d’Apprenti au Rito Français – Rituel de
Référence 2012 – Curitiba: Versão 2016.

H. Carr. The Freemasson at Work, revised edition, Lewis


Masonic, 1991.

345
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Caderno de Pesquisas Maçônicas
2017-2019

MAKEY, Albert G. Manual da loja: aprendiz iniciado;


traduzido por Rafael P. Soneghet. São Paulo: Scortecci,
2017.

SILVA, Raul, Maçonaria Simbólica, Ed. Pensamento –


São Paulo:2011.

SCHÖNELL, Gilson Adolfo, Os Quatro Elementos –


Revista Palavra Maçônica - Loja Luz do Ocidente, Or∴
de Chapecó – SC.

346
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LAPIDAÇÃO DA PEDRA BRUTA EM


PEDRA CÚBICA
Ir∴ João Cairo Ferreira

O peso que o profano carrega ao sair da câmara de reflexão


é enorme em seu peito, isso claro se o mesmo achou a pedra
que lhe cabia dentro do quarto escuro e opressor em que foi
colocado e escreveu seu testamento. Esse incomodo lhe é
explicado somente ao ver a verdadeira Luz e seu ofício é
apresentado, o de pedreiro, o desbastador de pedras.
DUCHANE1 descreve que os pedreiros envolvidos em
atividades de construção de
templos e outras obras civis,
recebiam o título de maçons
operativos, enquanto os franco-
maçons eram conhecidos como
maçons teóricos ou especulativos.
Mas mesmo com denominações
diferentes seu ofício desde a
iniciação é o de desbastar a pedra.
O mesmo autor (Duchane1)
argumenta que eram níveis de
conhecimento que diferenciavam
os obreiros de uma construção, que
distinguiam os maçons que nela
trabalhavam, essa distinção
348
(1) DUCHANE, Sangeel, Pequeno Livro da Franco-Maçonaria. São
Paulo: Ed. Pensamento, 2006.
(2) LOMAS, Robert, O poder Secreto dos Símbolos Maçônicos
tradução Soraya Borges de Freitas – São Paulo: Ed. Madras,2018.
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abarcavam desde os pedreiros brutos que dispunham
pedras comuns até os artesãos altamente qualificados que
trabalhavam com pedra mais mole como calcário ou pedras
de cantaria.

Nota-se que os pedreiros com maior qualificação elevam


seus pensamentos e suas técnicas e são chamados de
companheiros, pois já trabalham no templo e dão formas
mais angulares e buscam o burilar das pedras que são
iniciadas pelos aprendizes. Aqui cabe uma nota, pois
somente o mestre arquiteto da obra (V∴M∴) tinha o título
de Mestre, todos os outros pedreiros eram aprendizes e
companheiros, isso modificado posteriormente.
A franco-maçonaria, incorporou assim todos esses símbolos
operativos, essas suas lendas e sua forma de ensinar e
usaram a maçonaria operativa como pano de fundo e base
simbólica e de alegoria para ensinar os princípios da
doutrina franco-maçônica. (DUCHANE1)
Por mais de 2 mil anos, desde a época em que Platão
utilizava-se de suas alegorias para descrever situações que
tinham um ensinamento a descrever às pessoas menos
providas de conceitos filosóficos, que os símbolos são
utilizados como fonte pura para exemplificar um a situação
real (LOMAS2).

OS SIMBOLOS NOS ENSINAM A PENSAR


Segundo LOMAS2, a evolução da linguagem está diretamente
atrelada a dos símbolos, estes são partes essenciais do que

349
(1) DUCHANE, Sangeel, Pequeno Livro da Franco-Maçonaria. São
Paulo: Ed. Pensamento, 2006.
(2) LOMAS, Robert, O poder Secreto dos Símbolos Maçônicos
tradução Soraya Borges de Freitas – São Paulo: Ed. Madras,2018.
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define nossa raça como humanos. Os símbolos rupestres
encontrados em Lascaux, Chauvet e
Altamira, demonstram que os símbolos foram usados para
influenciar a realidade há mais de 30 mil anos.

Segundo Mithen3, a Exposição aos símbolos, descreve um


surto repentino de consciência:”
“Aconteceu uma explosão cultural há 60 mil, 30 mil
anos, O Homo sapiens sapiens adotou certas
formas de comportamento nunca antes vistas,
particularmente a origem da arte”. (Mithen3)

Essa “Arte” que Mithen descreve são os símbolos


de animais, pessoas e sólidos platônicos desenhados por
tora a Eurásia e a África do Norte.
Esses símbolos impulsionaram a civilização humana, de três
formas distintas, de forma tão característica que estes
moldaram a civilização como conhecemos (LOMAS2):

1. Símbolos emotivos: codificam sentimentos


e aspirações. São mais antigos de todos e
remontam a mais de 70 mil anos. Eles
foram muito usados para comunicar
emoção às pessoas iletradas.
2. Símbolos da fala: codificam os sons da
linguagem e com eles os humanos se
comunicam pelo tempo e pelo espaço. Em
um momento esses símbolos ficaram bem
restritos a um grupo de elite e, muitas

350
(1) DUCHANE, Sangeel, Pequeno Livro da Franco-Maçonaria. São
Paulo: Ed. Pensamento, 2006.
(2) LOMAS, Robert, O poder Secreto dos Símbolos Maçônicos
tradução Soraya Borges de Freitas – São Paulo: Ed. Madras,2018.
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vezes, ligados à religião e uma classe de
governantes.
3. Símbolos de contagem: codificam técnicas
de medição, registro e rastreamento de
quantos bens você tem e mais tarde, deram
origem à linguagem dos símbolos
matemáticos.
O aparecimento da cada símbolo e seu grupo, sua interação
era distinta com a humanidade, com uma evolução de
pensamento a cada aparecimento de um novo grupo de
símbolos*.

Os símbolos maçônicos e sua verdadeira natureza


descrevem de forma didática e buscam suscitar a
investigação a verdade pois nossa realidade está
profundamente enraizada com símbolos emotivos. A
maçonaria especulativa utiliza-se desses símbolos, em sua
prática de raciocínio simbólico, para criar um ambiente
visando o crescimento de seu conhecimentos secreto, em
seus obreiros (LOMAS2). A Ordem Maçônica tem como
fundamento base para seus ensinamentos em contraponto a
forma tradicional de ensino, a utilização de símbolos e sua
simbologia. Para tanto, em sua iniciação, o candidato a
aprendiz tem seus olhos vendados, que significa seu
desprendimento a suas vaidades do mundo profano e sua
necessidade de instrução para a construção de seu
conhecimento maçônico.
Um dos símbolos mais utilizados no aprendizado
maçônico em grau de aprendiz são os elementos, no

351
(2) LOMAS, Robert, O poder Secreto dos Símbolos Maçônicos
tradução Soraya Borges de Freitas – São Paulo: Ed. Madras,2018.
(3) MITHEN, S. The Prehistory of the Mind. London: Phoenix, 1996.
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momento em que ainda recipiendário, o aprendiz maçom
tem seu primeiro contato com os elementos e sua
importância, além de todo seu significado, sendo os quatro
elementos:

Terra
Representa o útero materno, a formação, o acumulo dos
elementos químicos para a formação da pedra bruta, esse
elemento tem como função, para o aprendiz, leva-lo a
refletir sobre sua nova concepção e ideias e comportamento.
Nota-se que neste momento para a Ordem o mesmo ao
torna-se recipiendário e aceitar a Luz, o mundo profano
estará morrendo “sendo deixado de lado”, as
ideias estão sendo mudadas, o comportamento
também. Portanto o maçom estará renascendo
para um novo mundo ao sair da Câmara de
Reflexão.

A terra representa, hermeticamente falando, o lado visível


da vida ou a manifestação concreta de todas as sementes
que germinam no mundo das ideias mediante a ação
concreta do Iniciado. Representa, ainda, o nosso próprio
organismo e tudo o mais relacionado ao mundo material. No
ritual de iniciação, esse elemento não faz parte das viagens
iniciáticas, porém é representado pela câmara de reflexão,
onde o homem encontra sua e tem contato com sua pedra
bruta interior, e prepara-se para ser retirado de lá e começar
uma nova caminhada rumo ao conhecimento (Schönell4).

(4) SCHÖNELL, Gilson Adolfo, Os Quatro Elementos – Revista Palavra


Maçônica - Loja Luz do Ocidente, Or∴ de Chapecó – SC.
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Água
O segundo elemento a ser apresentado ao recipiendário é a
água, representando a purificação, ao adentrar ao templo, o
recipiendário, após fazer a primeira viagem está ainda
impregnado do mundo profano, está com seu corpo ainda
cheio de ideias e convicções de sua vida profana, de suas
andanças pelo mundo e por ter sido recém retirado da terra.
A água, segundo a maioria das correntes herméticas, está
relacionada às emoções do inconsciente. Emoções
que nutrem os nossos sonhos e ideais na vida.
(SCHÖNELL7). Segundo GOP5 a água representa a
purificação do espírito que nasce para a vida
maçônica. Lembrando ao recipiendário que seu
coração deve ser límpido como a água pura, a fim de
aproveitar melhor o que irá aprender com a Ordem
Maçônica.

Ar
Schönell4, descreve o ar como o meio pelo qual todas as
ações e realizações humanas têm seu início: o mundo das
ideias. Em linguagem mais moderna, pode muito bem ser
chamado de psique ou inconsciente. É também
o elemento representante da mente com suas
frequentes transformações. O elemento ar está
dessa forma diretamente associado ao
pensamento. GOP5 descreve e confirma o que
foi afirmado pelo autor citado acima que o Ar simboliza a
purificação intelectual. Assim como alcança os pontos mais
(4) SCHÖNELL, Gilson Adolfo, Os Quatro Elementos – Revista Palavra
Maçônica - Loja Luz do Ocidente, Or∴ de Chapecó – SC.
(5) GOP – Grande Oriente do Paraná – (Tradução) – Cahier du Grade
d’Apprenti au Rito Français – Rituel de Référence 2012 –
Curitiba: Versão 2016.
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altos, os maçons devem ter o espírito liberto das concepções
errôneas, para se aproximar da verdade.
Fogo
Segundo Schönell7, o fogo representa o desejo, a vontade, a
mudança, a purificação, a transformação, a
energia da ativação. As velas, as fogueiras, são
objetos que representam a força desse
elemento. Segundo GOP8, o fogo simboliza a
purificação do caráter, também simboliza a vontade do
maçom que deve ter o ardor da chama para fecundar o
trabalho e manter o ideal de fraternidade universal, esse
acontecimento, iluminará a humanidade.

(4) SCHÖNELL, Gilson Adolfo, Os Quatro Elementos – Revista Palavra


Maçônica - Loja Luz do Ocidente, Or∴ de Chapecó – SC.
(5) GOP – Grande Oriente do Paraná – (Tradução) – Cahier du Grade
d’Apprenti au Rito Français – Rituel de Référence 2012 –
Curitiba: Versão 2016.
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O TRABALHO DO APRENDIZ MAÇOM

O aprendiz recém iniciado, tem como símbolo a ruptura com


seus laços no mundo profano e sua introdução na vida
maçônica, “É o símbolo da agonia da primeira morte e dos
espasmos dos novo nascimento”. (MAKEY6)
Para melhor entender os o trabalho do aprendiz é
memorável reproduzir o discurso de Oswald Wirth aos
recém-iniciados, constante no prefácio de 1931 do seu livro
“Livre de L’Apprenti” apud ASLAN7. Dizia ele:
“Ao iniciar-vos em seus mistérios, a Maçonaria
convida-vos a vos tornardes homem de elite, sábios
ou pensadores, erguidos acima da massa que não
pensa.

Não pensar, é consentir em ser dominado,


conduzido, dirigido e tratado demasiadas vezes
como besta de carga.

É por suas faculdades intelectuais que o homem


distingue-se do bruto – O pensamento torna-o
livre: dá-lhe o império do mundo – Pensar é Reinar.

Mas o pensador tem sido sempre um ser


excepcional. – Outrora, o homem teve lazer para
entregar-se ao recolhimento, perdeu-se no sonho;
em nossos dias, cai no excesso contrário. A luta pela
vida absorve-o, a ponto de não lhe sobrar tempo
algum para meditar com calma ee cultivar a Arte
suprema do Pensamento.

Ora essa Arte chamada a Grande Arte, a Arte Real


ou Arte por excelência, cabe a Maçonaria fazê-la
reviver entre nós.

355
(6) MAKEY, Albert G. Manual da loja: aprendiz iniciado; traduzido
por Rafael P. Soneghet. São Paulo: Scortecci, 2017.
(7) ASLAN, Nicola, Comentários ao Ritual do Aprendiz – Vade-Mécum
Iniciático – 3ª edição – Londrina: Ed. Maçônica “A TROLHA, 2006.
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A intelectualidade moderna não pode continuar a
debater-se entre dois ensinamentos que um e
outro excluem o pensamento: entre as igrejas
baseadas sobre a fé cega e as escolas que decretam
os dogmas das nossas novas crenças científicas e
políticas.

Quando tudo conspira para poupar aos nossos


contemporâneos o trabalho de pensar, é
indispensável que uma instituição poderosa
revigore a chama das tradições esquecidos –
Precisamos de pensadores, e não é nosso ensino
universitário que forma.

O pensador não é o homem que sabe muito. Não


tem a memória sobrecarregada de lembranças que
estorvam. É um espírito livre, que não é necessário
catequisar nem doutrinar.

O pensador faz-se por si mesmo: é filho de suas


obras, A Maçonaria o sabe, evita assim de inculcar
dogmas – Contrariamente a todas as igrejas, não se
pretende, de forma alguma, possuidora da Verdade
– Em Maçonaria, procura-se prevenir conterá o
erro, em seguida procura-se exortar a cada um,
para que procure o Verdadeiro, o Justo e o Belo.

Repugnam à Maçonaria frases e fórmulas, das


quais se apoderam espíritos vulgares para se
ataviarem de todos os ouropéis de um falso saber.
– Quer obrigar os seus adeptos a pensar e não
propõe, em consequência, seu ensinamento senão
velado sob Alegorias e Símbolos. Convida a refletir,
para que se possa chegar a compreender e a
adivinhar.

Esforçai-vos pois, Caríssimos IIrm∴ para vos


mostrardes adivinhos, no sentido mais elevado da
356
(6) MAKEY, Albert G. Manual da loja: aprendiz iniciado; traduzido
por Rafael P. Soneghet. São Paulo: Scortecci, 2017.
(7) ASLAN, Nicola, Comentários ao Ritual do Aprendiz – Vade-Mécum
Iniciático – 3ª edição – Londrina: Ed. Maçônica “A TROLHA, 2006.
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palavra – Não sabereis em Maçonaria senão aquilo
que por vós mesmos encontrardes.

A rigor, deveria ser supérfluo dizer-vos mais – Mas


dadas as disposições tão pouco mediativas do
nosso tempo. Maçons experimentados acreditaram
dever ajudar para aliviar o peso tão comum do
espírito atual.

Empreenderam a tarefa de tronar a Maçonaria


inteligível aos seus adeptos...

A sua tarefa é ingrata, contam porém sobre o apoio


e o concurso de toros aqueles que sentem a
necessidade de uma regeneração iniciática da
Maçonaria.” (ASLAN5).

Após tal explanação, o mesmo autor Aslan5, descreve o


trabalho do Aprendiz como o desbastador da Pedra Bruta,
essa encontrada no interior da terra na câmara de reflexão.
Por mais simples que pareça, o “trabalho” do aprendiz é
complexo e se não árduo, pois o deve fazer em primeira vista
sem entender o seu real alcance e complexidade.

Porém Makey6, nos lembra que “A função cria o Órgão” e


também o Pensamento está ligado à “ação nascida do
Desejo”. Assim, graças ao instinto de conservação, e servido
por este órgão admirável: a mão, o Aprendiz humano, e
“recém nascido” da Natureza, e passando pelas provas dos
elementos, tornar-se-á logo hábil operário que fabricou
prontas de flechas, machados de pedras e outras
ferramentas, com cujo auxílio conseguiu o alimento, o
vestuário de peles, e a própria habitação, etc.

357
(6) MAKEY, Albert G. Manual da loja: aprendiz iniciado; traduzido
por Rafael P. Soneghet. São Paulo: Scortecci, 2017.
(7) ASLAN, Nicola, Comentários ao Ritual do Aprendiz – Vade-Mécum
Iniciático – 3ª edição – Londrina: Ed. Maçônica “A TROLHA, 2006.
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Mesmo de forma mais primitiva e como uma criança usando
apenas as percepções do seu corpo, o aprendiz consegue
perceber ao receber sua consciência que vivemos sobre a
Terra, e já esteve abaixo dela, respira o ar da atmosfera,
mitiga sua sede nos cursos d’água, e utiliza-se do fogo para
cozinhar e purificar objetos.

Mas mesmo de forma primitiva, o aprendiz utilizando-se da


maior evolução biológica de todo o reino animal, a mão
humana, dotada do polegar opositor, com inapreciável
valor, tendo correspondência apenas com o mundo mental,
ao que parece com a possibilidade de comparação, ou seja
um instinto profundo de consciência, que nos permite
distinguir o bem do mal, nos ensinando o caminho do dever.

Trabalhar com a Pedra Bruta, lapidar e burilar a mesma,


utilizando-se de ferramentas específicas como o Malho e
Cinzel, ou seja, burilar seu interior para fazer a distinção
acima e chegar a um caminho sem distorções e visando a
perfeição, de consciência e retidão moral.

358
(6) MAKEY, Albert G. Manual da loja: aprendiz iniciado; traduzido
por Rafael P. Soneghet. São Paulo: Scortecci, 2017.
(7) ASLAN, Nicola, Comentários ao Ritual do Aprendiz – Vade-Mécum
Iniciático – 3ª edição – Londrina: Ed. Maçônica “A TROLHA, 2006.
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A VESTIMENTA E FERRAMENTAS DO APRENDIZ

O Avental
Assim como os elementos, o Avental Maçônico é um dos
símbolos mais importantes de toda a Ordem, sendo
considerado por Aslan8, Figueiredo9, Boucher10, Makey6,
Carneiro11, como principal vestimenta do Maçom e a única
que o representa como pertencente a Ordem Maçônica.
Segundo Aslan8 o avental maçônico é a única e parte
principal da vestimenta maçônica, tem como significado
principal, relembrar as origens operativas da instituição
maçônica, sendo ele o único signo externo do período
operativo.
Externo pois segundo algumas vertentes estudiosas da
simbólica maçônica, essa vestimenta, vem dos primórdios
das construções humanas, entre civilizações antigas
evoluídas quanto a ciência da geometria e da construção,
além do trabalhar com a pedra, como por exemplo as
civilizações Incas, Maias, Astecas e Egípcias. (CARNEIRO11)

(6) MAKEY, Albert G. Manual da loja: aprendiz iniciado; traduzido por Rafael
P. Soneghet. São Paulo: Scortecci, 2017.
(8) ASLAN, Nicola, Grande Dicionário de Maçonaria e Simbologia. 3ª Edição
– Londrina: Ed. Maçônica “A TROLHA”, 2012.
(9) FIGEUIREDO, Joaquim Gervásio de, Dicionário de maçonaria: seus
mistérios, ritos, filosofia, história. 2ª Edição – São Paulo: Pensamento, 2016.
(10) BOUCHER, Jules, A simbologia maçônica ou a arte real reeditada e
corrigida de acordo com asa regras da simbólica esotérica e tradicional.
Tradução Frederico Ozanam Pessoa Barros. 2ª edição – São Paulo:
Pensamento, 2015.
(11) CARNEIRO, Jeová Neves, O verdadeiro traje maçônico e outros temas.
Londrina: Editora Maçônica a Trolha: 2007.

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Na imagem ao lado, pode-se
visualizar a vestimenta dos
astecas, como um avental
branco para as cerimônias
aos homens comuns e uma
capa e avental branco, para
os sacerdotes.
Também visualiza-se o uso
de
avental nas civilizações Incas, ao
lado direito, porem este mais cheio
de adornos e desenhos e utilizado
somente pelo sacerdote
responsável pela cerimônia.
Outra civilização que também
utiliza o avental também citada por
carneiro é a
civilização Egípcia, porém este com
um formato diferente, em forma de
triangulo assim como suas constru
ções.(CORDEIRO11)

A figura a esquerda ilustra bem como


esse avental era utilizado, nessa arte
egípcia pode-se visualizar o avental
dos sacerdotes em forma triangular e
o avental das divindades além de

(6) MAKEY, Albert G. Manual da loja: aprendiz iniciado; traduzido por


Rafael P. Soneghet. São Paulo: Scortecci, 2017.
(8) ASLAN, Nicola, Grande Dicionário de Maçonaria e Simbologia. 3ª Edição
– Londrina: Ed. Maçônica “A TROLHA”, 2012.
(11) CARNEIRO, Jeová Neves, O verdadeiro traje maçônico e outros temas.
Londrina: Editora Maçônica a Trolha: 2007.
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coloridos também mais próximos ao corpo e cobrindo toda
a coxa como uma calça.
Essa outra imagem a esquerda
também demonstra uma
teoria muito importante para
o simbolismo do avental
maçônico, pois os possuidores
dos aventais de cor branca na
imagem tem como funções o
trabalhar com ferramentas e
burilar a pedra, demonstrando-os como não cativos e
possuidores do conhecimento em trabalhar com a pedra.
Enquanto os possuidores de aventais cor de pele ou escuros
são responsáveis pelo trabalho pesado e portanto cativos
(CORDEIRO11).

Portanto ter o avental alvo (branco) denotava a liberdade,


situação sine qua non ao iniciado na ordem maçônica.
Aslan8 coloca o avental como uma peça que serviu,
naturalmente, para proteger o vestuário e a saúde do
artífice, ao mesmo tempo que proporcionava um meio
conveniente para carregar as suas ferramentas.

(6) MAKEY, Albert G. Manual da loja: aprendiz iniciado; traduzido por


Rafael P. Soneghet. São Paulo: Scortecci, 2017.
(8) ASLAN, Nicola, Grande Dicionário de Maçonaria e Simbologia. 3ª Edição
– Londrina: Ed. Maçônica “A TROLHA”, 2012.
(11) CARNEIRO, Jeová Neves, O verdadeiro traje maçônico e outros temas.
Londrina: Editora Maçônica a Trolha: 2007.
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Makey6, descreve o verdadeiro
avental maçônico como uma peça
imaculada de pele de cordeiro, de
35,5 a 40,5 cm de largura, e de 33 a
35,5 cm de altura, com uma aba de
7,5 a 10 cm, quadrado na base, com
cantos precisamente angulares e
retos, sem qual quer adorno ou
dispositivo de qualquer tipo.

Além disso o mesmo autor, também descreve o avental


como um símbolo de inocência como a insígnia do maçom,
mais antiga e conhecida que o Velo de Ouro** ou que a Águia
Romana***. Portanto segundo o autor, símbolo com maior
notoriedade que as lendas e símbolos citados.
Ao receber seu avental, o iniciado ouve do V∴M∴ GOP5 :
“Tomai e vesti este avental, emblema do trabalho
que grandes homens, benfeitores da humanidade
tiveram a honra de usar. Vós devereis estar vestido
dele para tomar parte nos nossos trabalhos. Ele vos

(5) GOP – Grande Oriente do Paraná – (Tradução) – Cahier du Grade


d’Apprenti au Rito Français – Rituel de Référence 2012 – Curitiba: Versão
2016.
(6) MAKEY, Albert G. Manual da loja: aprendiz iniciado; traduzido por
Rafael P. Soneghet. São Paulo: Scortecci, 2017.
(10) BOUCHER, Jules, A simbologia maçônica ou a arte real reeditada e
corrigida de acordo com asa regras da simbólica esotérica e tradicional.
Tradução Frederico Ozanam Pessoa Barros. 2ª edição – São Paulo:
Pensamento, 2015.
** NOTA DO AUTOR: O velo de ouro ou tosão de ouro (chamado ainda de
velino ou velocino; em grego: Χρυσόμαλλον Δέρας) é na mitologia grega a lã
de ouro do carneiro alado Crisómalo. Carneiro este utilizado em vários contos
e lendas na antiga Grécia.
*** NOTA DO AUTOR: A águia romana (em latim: Aquila) era um símbolo da
Roma Antiga, sendo usada pelo exército romano como insígnia das legiões
romanas. Sendo uma das civilizações mais conhecidas e maiores na história.
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relembrará que um Maçom deve sempre ter uma
vida laboriosa.”

Ragon12, ainda completa dizendo que o avental, é o hábito


maçônico, ele vos dá o direito de sentar entre nós, e jamais
deveis apresentar-se neste Templo ou em outros sem
estardes revestido dele, com a abeta levantada.
Além das constatações descritas, o avental também tem essa
forma, pois conforme o corte da pele do cordeiro, a forma
mais correta para melhor utilizar esse material seria esta já
apresentada. A imagem abaixo ilustra isso.

Os Instrumentos do Aprendiz:
A Régua de 26 polegadas
A régua de 24 polegadas serve para medir e planear a obra,
esse instrumento corresponde a Sabedoria

(12) RAGON, Jean Marie, Le rituel d'apprenti maçonnique, 1860 – Publicado,


– São Paulo:Ed. Pensamento, 1986.
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do Ven∴ M∴ que também há de medir a planear quando
dirige os trabalhos (F. V.13).
A mesma fonte também descreve que a significação
simbólica nos ensina que como no plano moral, o homem
deve medir prudentemente o seu plano de ação, deve medir
e apreciar o contorno das suas ideias como se mede um
pedaço de pedra, para ter o conhecimento exato de seu valor
e utilidade. Material como espiritualmente, medir é saber, e
o erro começa onde se perde o senso de medida.

A régua de 24 polegadas como instrumento de trabalho do


aprendiz deve ser usada para medir o trabalho, como
maçons especulativos também devemos aplicar essa
ferramenta à moral do maçom. Nesse sentido, a régua
representa as 24
horas do dia, parte
dela fasta em
estudo e/ou oração
(Iluminação da
mente e da alma),
parte gasta no
trabalho e
descanso, e a outra
em servir um amigo
ou Irmão em necessidade (LOMAS2).
Aslan8 descreve a invenção da régua há mais de oito
séculos antes de Cristo.
(2) LOMAS, Robert, O poder Secreto dos Símbolos Maçônicos tradução
Soraya Borges de Freitas – São Paulo: Ed. Madras,2018.
(8) ASLAN, Nicola, Grande Dicionário de Maçonaria e Simbologia. 3ª Edição
– Londrina: Ed. Maçônica “A TROLHA”, 2012.
(13) A∴R∴L∴S∴ François Voltaire - Apostila de Instrução do Grau de
Aprendiz, Londrina:2016.
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Este mesmo autor (ASLAN8) para demonstrar seu ponto de
vista sobre o instrumento em questão (a régua) descreve
que os gregos atribuíam a Rhycos, celebre arquiteto
construtor do labirinto de Samos, também coloca como
exemplo este instrumento ligado ao deus Ftá, este em
hieróglifos sempre ilustrado com uma régua na mão com a
qual media a enchente do Rio Nilo.
A figura abaixo ilustra o parágrafo acima, mostrando o
iniciado recebendo a primeira ferramenta de trabalho, a
régua de 24 polegadas, de uma possível divindade.

Quadro de Paul Orban, da coleção do Chanceler Robert R. Livington,


disponível na Biblioteca Maçônica da Grande Loja, Nova York, NY.
(LOMAS2)
Como símbolo maçônico, principalmente para os ritos
especulativos e menos apegados à mística, a régua
apresenta as máximas, as leis, as regras, enfim tudo o que,

(2) LOMAS, Robert, O poder Secreto dos Símbolos Maçônicos tradução


Soraya Borges de Freitas – São Paulo: Ed. Madras,2018.
(8) ASLAN, Nicola, Grande Dicionário de Maçonaria e Simbologia. 3ª Edição
– Londrina: Ed. Maçônica “A TROLHA”, 2012.
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numa palavra, serve para dirigir e alude às regras de moral,
do dever, da urbanidade, da justiça, dos usos e costumes e
das normas estabelecidas pelas leis humanas. (ASLAN8)

Outro significado simbólico em todas as Lojas Maçônicas


Simbólicas é de um utensílio alegórico ligado a perfeição,
também considerada como Símbolo da Retidão e do
progresso no caminhar maçônico.
Segundo Alec Mellor14 A Régua Engendra a linha reta da
conduta maçônica, a linha descrita por esse instrumento
está ligada ao infinito, seu prolongamento não tem início
nem fim, por isso simboliza o absoluto e o relativo.

O Maço
Essa ferramenta de trabalho do Aprendiz Maçom, é usado
para desbastar saliências e protuberâncias. Mas, como
somos maçons livres e aceitos, também aplicamos essa
ferramentas às nossas morais. Nesse sentido, o malho
representa às forças da consciência.
Deve ser usado para diminuir todos os pensamentos fúteis e
inapropriados que podem se intrometer durante qualquer
um dos períodos mencionados antes, deixando nossas
palavras e ações ascenderem impolutas ao trono da graça
(LOMAS2).

(2) LOMAS, Robert, O poder Secreto dos Símbolos Maçônicos tradução


Soraya Borges de Freitas – São Paulo: Ed. Madras,2018.
(8) ASLAN, Nicola, Grande Dicionário de Maçonaria e Simbologia. 3ª Edição
– Londrina: Ed. Maçônica “A TROLHA”, 2012.
(14) MELLOR, Alec, Dictionnaire de la Franc-Maçonnerie et des Francs-
Maçons= Paris: Ed. Pierre Belfond, 1971.
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O Malho (ou Maço) é a ferramenta utilizada para deferir
golpes, tem relação com o 1º Vig∴ cuja qualidade é a força e
cuja a missão consiste na transmissão de energia, essa
voltada para transmitir aos instrumentos, a força de
impulsão necessária para a execução dos trabalhos (F.V. 13)
O Maço representa o Poder, a Força, a ação primitiva do
golpe, a ação de malhar, mesmos em modernas máquinas
essa ação deriva da mesma ideia. (F.V.13)

Segundo Louro14, o maço golpeando o cinzel serve para


desbastar a pedra bruta. O malho é a insígnia essencial do
V∴M∴ e dos VVig∴.

Também representa a tarefa do homem na vida, em síntese,


tem como fim a remoção e transformação da matéria, toda
ação humana se reduz a isso, quer no campo material como
no campo moral. O maço é a impulsão que leva para frente,
portanto a energia que movimenta. (F.V.13)

O malhete do mestre, controla a Loja, e suas batidas criam


ordem e obediência, esse é o símbolo da alma do maçom,
este aprende que seu corpo e sua alma estão em um terreno
plano, sobre o qual ele deve construir templos a virtude e
cavar masmorras ao vício. Cabe a ele não deixar nenhum
hábito de pensamento ou conduta depreciativa macularem
este trabalho (LOMAS2).

(2) LOMAS, Robert, O poder Secreto dos Símbolos Maçônicos tradução


Soraya Borges de Freitas – São Paulo: Ed. Madras,2018.
(13) A∴R∴L∴S∴ François Voltaire - Apostila de Instrução do Grau de
Aprendiz, Londrina:2016.
(14) LOURO, José Barbosa, Símbolos. 2ª Edição, Londrina: ARTIGRAF Gráfica
e Editora: 2016.
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O mesmo autor ainda descreve que como aprendiz o maçom
recebe o malho de madeira comum para ajudá-lo a polir a
pedra bruta de sua alma imperfeita e molda-la no símbolo
perfeito uma pedra cúbica perfeita, que deve ficar no centro
de sua consciência (LOMAS2).
Além da força física o Malho também é um símbolo da força
da consciência, ao aprender a usá-lo com habilidade, o
aprendiza, companheiro ou mestre, também aprenderá a
controlar sua raiva e intolerância (LOMAS2).

O Cinzel
Esse instrumento, em grau de Aprendiz, trabalhando junto
com o malho serve para desbastar simbolicamente a pedra
bruta. (FIGUEIREDO9)

O cinzel representa a beleza, é correspondente ao 2º Vig∴ e


é o instrumento com que o Maçom cinzela a pedra tosca,
nela criando linhas superficiais e molduras, para o
embelezamento do edifício. (F.V.13)
Simbolicamente modela o espírito e a alma, de acordo com
os mandamentos da Sabedoria. Representa as nossas
faculdades morais e espirituais, subordinadas ao nosso
saber e à nossa prudência. (F.V.13)

(2) LOMAS, Robert, O poder Secreto dos Símbolos Maçônicos tradução


Soraya Borges de Freitas – São Paulo: Ed. Madras,2018.
(9) FIGEUIREDO, Joaquim Gervásio de, Dicionário de maçonaria: seus
mistérios, ritos, filosofia, história. 2ª Edição – São Paulo: Pensamento, 2016.
(13) A∴R∴L∴S∴ François Voltaire - Apostila de Instrução do Grau de
Aprendiz, Londrina:2016.
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Lomas2 descreve o cinzel, como uma das ferramentas do
Aprendiz Maçom, tem como função ser utilizado para polir
e preparar a pedra, e deixa-la preparada para as mãos do
trabalhador mais especializado.

Como maçons livres e aceitos (conhecidos como


especulativos), aplicamos a essa ferramenta as nossas
morais. Neste sentido, o cinzel nos aponta as vantagens da
educação por meio da qual tornamos membros preparados
da sociedade organizada segundo as regras. (LOMAS2)

Wirth15 descreve o Cinzel como instrumento inseparável


para talhar a Pedra Bruta ao Malho. O Cinzel apresenta
soluções aprisionadas em nosso espírito, é esse instrumento
de aço que é aplicado sobre a pedra, seguro pela mão
esquerda, lado passivo, que corresponde à receptividade
intelectual, ao discernimento especulativo.

Outra característica interessante descrita por outro autor


(LOURO14) para o Cinzel é que em quase todas as artes,
ofícios e indústrias se utilizaram e se utilizam de
instrumentos cortantes. Não é necessário muita observação
para se chegar à conclusão que todos eles se baseiam na
função do cinzel, ou em modificações aperfeiçoadas deste
instrumento.
O que corrobora a afirmação acima é a descrição que o
Cinzel deve ter fio e têmpera capazes de um esforço grande
e tenaz, isto é, o Maçom deve ter sentimentos

(2) LOMAS, Robert, O poder Secreto dos Símbolos Maçônicos tradução


Soraya Borges de Freitas – São Paulo: Ed. Madras,2018.
(13) A∴R∴L∴S∴ François Voltaire - Apostila de Instrução do Grau de
Aprendiz, Londrina:2016.
(15) WIRTH, Oswald, Le livre du Compagnon. 1931.
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Loja de Pesquisas Maçônicas
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2017-2019
generosos, mente sã, fé profunda, estoicismo e capacidade
de sofrimento.
A PEDRA BRUTA

Anteriormente foi citado o trabalho do aprendiz é o burilar


ou desbastar a pedra bruta, mas o que seria essa pedra bruta
encontrada dentro da terra na câmara de reflexão?

A Pedra Bruta se apresenta em estado natural e grosseiro,


tal como foi extraída da natureza, tem como simbologia a
infância do homem e da própria humanidade. A evolução faz
parte da natureza humana, porém em sua história, essa
evolução é pequena diante sua capacidade.

Ainda somos Pedra Bruta como pessoas e população, somos


pedra bruta como comunidade e como civilização, ainda
fazemos guerra, insistimos em ter preconceito, mantemos a
fome e a miséria.

Segundo F.V.13, a Pedra Bruta é uma joia, por oferecer,


latente, a possibilidade de ser aproveitada para edificar,
para construir. Todo indivíduo tem qualidades socialmente
aproveitáveis, mas para tanto, é necessário que se lhe
desbastem as arestas de uma formação grosseira.

(13) A∴R∴L∴S∴ François Voltaire - Apostila de Instrução do Grau de


Aprendiz, Londrina:2016.

370
C∴M∴ João Cairo Ferreira
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Caderno de Pesquisas Maçônicas
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Conforme Boucher10 a Pedra Bruta, simboliza as
imperfeições do espírito e do coração que o maçom deve ser
esforçar por corrigir.

Ainda o mesmo autor (BOUCHER10), explica que o Aprendiz,


pela iniciação maçônica, que é um novo nascimento
reencontra o estado na natureza: ele se liberta de tudo que
a Sociedade lhe proporcionou de artificial e de mau e
reencontra tudo o que ela lhe tirou de espontâneo e
bom.**** O aprendiz reencontra assim a Liberdade de
Pensamento e com os Instrumentos que lhe são fornecidos,
desbastará ele próprio a real Pedra Bruta para a Ordem
Maçônica e tentará com todo seu trabalho e esforço torna-la
perfeita, imprimindo-lhe um caráter de personalidade que
será seu e único. *****
Um outro significado agora atrelado a civilização e a
evolução humana é descrito por Aslan8, quando atrela a
Pedra Bruta ao significado das civilizações primitivas, e por

(8) ASLAN, Nicola, Grande Dicionário de Maçonaria e Simbologia. 3ª Edição


– Londrina: Ed. Maçônica “A TROLHA”, 2012.
(10) BOUCHER, Jules, A simbologia maçônica ou a arte real reeditada e
corrigida de acordo com asa regras da simbólica esotérica e tradicional.
Tradução Frederico Ozanam Pessoa Barros. 2ª edição – São Paulo:
Pensamento, 2015.
**** NOTA DO AUTOR: Aqui podemos ver a real indicação da Pedra Bruta
como Símbolo de Matéria Primal, Matéria Bruta ou Matéria-Prima, que para
os filósofos seria o engatinhar do conhecimento e para o hermetismo,
matéria bruta para a Pedra Filosofal.
***** NOTA DO AUTOR: Aqui pode ser sentir nas palavras de Boucher 10, que
essa liberdade é tão intensa, que até o burilar ou desbastar da pedra, é
individual e somente o autor desse desbastar é que pode descrever seu
trabalho. No Rito Frances de Referência em especial, isso significa seu
crescimento como pessoa e o crescimento de sua consciência, e abertura
dessa consciência para o desenvolvimento e para as verdades apresentadas.
371
C∴M∴ João Cairo Ferreira
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conseguinte o homem sem instrução em seu estado natural.
A Pedra Bruta é a imagem da alma e da consciência do
Profano antes de ser iniciado nos mistérios maçônicos.

Dito isso, pode-se chegar a conclusão, que o Maçom que


deseja elevar-se às alturas de seu ser e de seu conhecimento,
primeiro deve despedaçar sua própria natureza e
inclinações inferiores, deve aperfeiçoar sua conduta lutando
contra suas inclinações naturais, sua natureza material
comum e simbolizada pela pedra bruta. (LOMAS2)

(2) LOMAS, Robert, O poder Secreto dos Símbolos Maçônicos tradução


Soraya Borges de Freitas – São Paulo: Ed. Madras,2018.
372
C∴M∴ João Cairo Ferreira
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2017-2019
O TRABALHO DO COMPANHEIRO MAÇOM

O Grau de Companheiro foi tirado do termo “ Fellow-Craft


“da antiga Maçonaria Operativa, adotado pela maçonaria
especulativa, conforme os estatutos de Schaw de 1598, que
regulamentou o termo. Era sinônimo de Mestre, podendo e
sendo utilizado com esse significado para todos os irmãos
neste grau em qualquer que tenha sido a posição ocupada,
sua utilização durou quinze anos, após sua adoção. Passado
esse período, o termo foi designado a um grau
intermediário. (ASLAN8)
O companheiro Maçom, é de polir a pedra bruta, desbastada
por ele em seu primeiro grau, além disso é sua incumbência
leva-la a perfeição. Por isso esse grau tem como objetivo
inicial e especial o desenvolvimento das faculdades
intelectuais, artísticas e psíquicas. (FIGUEIREDO9)

Aslan8, descreve também que o Companheiro Maçom deve


saber semear a dúvida em sua mente, não admitindo senão
aquilo que possa ser provado e que satisfaça a sua razão. O
Companheiro deve deixar-se guiar pelo Valor, pela Energia
e pela Inteligência, as três forças que podem salva-lo da
ignorância, do Fanatismo e da Superstição, fazendo-lhe
abandonar o ilusório pela realidade.

(8) ASLAN, Nicola, Grande Dicionário de Maçonaria e Simbologia. 3ª Edição –


Londrina: Ed. Maçônica “A TROLHA”, 2012.
(9) FIGEUIREDO, Joaquim Gervásio de, Dicionário de maçonaria: seus
mistérios, ritos, filosofia, história. 2ª Edição – São Paulo: Pensamento, 2016.
373
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2017-2019
Cousseau16 descreve o grau de Companheiro como:
“Terminado o primeiro período o Aprendiz, depois
de realizar cinco viagens, receberá o seu Salário e
tomará lugar entre os Companheiros, na Coluna do
Meio-Dia.

Este Grau, hoje tratado como parente pobre, é, no


entanto muito importante. Antigamente, exigia-se
do Companheiro muitas qualidade e, antes de obter
o mestrado, devia ter adquirido poderes
excepcionais, como o conhecimento das leis da
natureza e o entender a evolução pelas letras e
ciência.

Hoje, é-lhe pedido muito menos. Este Grau é


consagrado à gloria do trabalho. A ociosidade é um
vício. O Companheiro deve agora participar do
Trabalho da Oficina. Pode fazê-lo sem temor. É o
que indica a abeta abaixada de seu Avental. A moral
e a religião do Maçom consiste no trabalho.
Primeiro o Trabalho sobre si mesmo. Nada mais
claro que o Símbolo da Pedra Bruta. “Conhece-te a
si mesmo”. Não sem razão, os antigos fizeram deste
conhecimento a primeira fase da Iniciação.

O Grau de companheiro é, portanto, o do trabalho,


do estudo, do aperfeiçoamento intelectual e moral.

É nesse grau que o Maçom revê com nova clareza,


todos os conhecimento para chegar ao
Conhecimento das coisas, à Gnose. Só conta o
trabalho verdadeiro, o esforço íntimo. Não é este o
significado de uma das novas ferramentas
apresentadas, a Alavanca, ela representa a força
poder esforço e perseverança, a vontade dirigida
para a meta a ser atingida, que para o Companheiro
Maçom é o Conhecimento.”

(16) COUSSEAU, L. “Le merveilleux enseignement maçonnique”, La Chaine d’


Union. 1961.
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O símbolo do trabalho do Companheiro Maçom é a Pedra
Cúbica, essa possuí ângulos e linhas, que o compasso e o
esquadro demonstraram ter sido talhadas de acordo com os
princípios Maçônicos Universais. É neste interim e
simbolismo que o Companheiro Maçom deve aprender a
pautar suas ações, mediante o comando da moral, livre do
jugo das paixões sem a medida da razão. (BAPTISTA17)
Assim como na evolução do ser humano, a adolescência é o
período de conhecimento de outros sentimentos e emoções
que não somente os básicos e primários. É no grau de
companheiro que os sentidos se aguçam mudam de apenas
sentidos e passam a ser entendidos.
O mesmo acontece com os símbolos com significados
simples para os aprendizes e tomam maior complexidade
neste momento da vida maçônica, devido ao
aprofundamento dos estudo, inclusão das ciências e de
novos entendimentos.

OS CINCO SENTIDOS

Aslan8 descreve os sentidos como a potência orgânica


perceptiva da coisa singular, sendo divididos como internos
e externos. Os primeiros captando os estímulos

(8) ASLAN, Nicola, Grande Dicionário de Maçonaria e Simbologia. 3ª Edição –


Londrina: Ed. Maçônica “A TROLHA”, 2012.
(17) BAPTISTA, Antônio Augusto Queiróz, O assentamento da pedra cúbica.
Londrina: Ed. Maçônica A TROLHA, 2019.
375
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internos, e os segundos, os externos, provocando assim
sensações.
Indo além, é através dos sentidos que pode-se conhecer a
personalidade humana e aplicar eficazmente o Maço e o
Cinzel. O companheiro no Rito Francês de Referência é
levado a pensar e refletir sobre a importância dos sentidos,
pois segundo o Ritual “Os sentidos são fatores importantes
de nossa inteligência embora não únicos, e os agentes de
nossas faculdades” (F.V.18).

O estudo dos antigos filósofos, estão diretamente ligados a


estes sentidos, pois muitos teorizaram sobre esses sentidos.
No Rito Frances de Referência, herdeiro dos iluministas, tal
estudo se reveste de uma importância ainda maior.
Simbolicamente, ao libertar-se uma das pernas do compasso
neste grau, o Maçom liberta-se das superstições e dos
preconceitos. Os sentidos unidos à cuidadosa análise lógica
e metodológica, são o principal meio para que se opere tal
libertação. (F.V.18)

Pode-se também constatar, que o C∴M∴ tem cinco anos,


também cinco são os sentidos, nota-se também que a Estrela
Flamígera também tem 5 pontas , representando os cinco
sentidos que estabelecem a ligação do microcosmo (o
homem) com o macrocosmo (o mundo exterior). (F.V.18)

(18) A∴R∴L∴S∴ François Voltaire - Apostila de Instrução do Grau de


Companheiro, Londrina:2015.
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Tato
Segundo Makey19 este é o sentido do qual distingue-se as
diferentes qualidades de corpos, tais como calor e frio,
dureza e maciez, rugosidade e suavidade, forma, firmeza,
movimento e extensão. Também é o sentido que nos dá
consciência e sensação do Toque. (F.V.18 e ASLAN8)

Audição
Makey19 descreve a audição como o sentido que se distingue
sons e é por ele que temos a capacidade de aproveitar tosos
os agradáveis encantos da música. Pela audição, somos
capazes de desfrutar os prazeres da sociedade e
reciprocamente comunicar uns aos outros nossos
pensamentos e intenções, nossos propósitos e desejos, e
dessa forma a razão é capaz de exercer seu maior poder e
energia. Também é pela audição que se percebe as palavras
e as baterias. (F.V.18 e ASLAN8)

Makey19, também coloca que por definição o ser humano é


social, essa relação nos faz receber a maior e mais
importante porção do nosso conhecimento, informações de
outras pessoas. É devido a isso, e por esse propósito, que
somos dotados de audição.

(8) ASLAN, Nicola, Grande Dicionário de Maçonaria e Simbologia. 3ª Edição –


Londrina: Ed. Maçônica “A TROLHA”, 2012.
(18) A∴R∴L∴S∴ François Voltaire - Apostila de Instrução do Grau de
Companheiro, Londrina:2015.
(19) MAKEY, Albert G. O manual da loja: Companheiro Maçom. Tradutor:
Rafael P. Soneghet. São Paulo: Scortecci, 2017.
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Visão
Este sentido é através do qual distinguimos objetos e, em um
instante de tempo, sem mudanças de local ou situação,
vemos exércitos em trajes de batalha, formas das mais
imponentes estruturas e todas as agradáveis variedades
apresentadas nas paisagens da Natureza. É através desse
sentido, que podemos encontrar nosso caminho através do
intransitável oceano, atravessar o globo da Terra,
determinar sua forma e dimensões e delinear qualquer
região ou pedaço dela. (Makey19)
É através da visão, que percebemos os temperamentos e
disposições, as paixões e afeições, mesmo a língua sendo
treinada a mentir e dissimular, o semblante revela a
hipocrisia ao olho perspicaz. São os raios de Luz que
administram esse sentido, são a parte mais surpreendente
da criação animada e entregam aos olhos um objetivo
especial de admiração. (Mackey19)
A visão é o mais nobre de todos os sentidos e faculdades, é
por esse sentido que notam-se os sinais, os símbolos e talha-
se em seu interior o ensinamento do Ritual e da vida
maçônica. (F.V.18)

Paladar
É pelo gosto (Simbolicamente) que se conhece o sabor do
pão e se sente a água (F.V.18)

(18) A∴R∴L∴S∴ François Voltaire - Apostila de Instrução do Grau de


Companheiro, Londrina:2015.
(19) MAKEY, Albert G. O manual da loja: Companheiro Maçom. Tradutor:
Rafael P. Soneghet. São Paulo: Scortecci, 2017.
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Esse sentido permite que os seres humanos façam a
distinção apropriada nas escolhas da comida. Esse sentido
guarda a entrada do canal alimentar. São intencionados para
distinguir a boa comida daquilo que é repugnante. Tudo que
passa pela a garganta deve passar pelo escrutínio do
paladar, e através dele somos capazes de discernir as
mudanças que a mesma substancia passa nas diferentes
composições da arte, culinária, química, farmácia, etc.
(MAKEY19)

Olfato

Esse é o sentido que nos faz distinguir os odores, os vários


tipos que transmitem diferentes impressões a mente.
(Makey19) É esse sentido que nos faz sentir o aroma das
virtudes morais, tal qual aroma dos incensos que se
queimavam no altar dos perfumes do antigo templo de
Salomão, simbolizado pela disposição da Oficina Maçônica
(F.V.18)
Todos os cheiros e aromas, chegam a nossa narina
juntamente com o ar, é esse é o sentido pelo qual todos os
corpos são sentidos, pois é o mais aguçado dos sentidos
quando leva-se em conta a distância. Não obstante a isso o
órgão do olfato ser o protetor da respiração e da vida dos
seres vivos animados. (MAKEY19)

(13) A∴R∴L∴S∴ François Voltaire - Apostila de Instrução do Grau de


Aprendiz, Londrina:2016.
(19) MAKEY, Albert G. O manual da loja: Companheiro Maçom. Tradutor:
Rafael P. Soneghet. São Paulo: Scortecci, 2017.
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A VESTIMENTA E FERRAMENTAS DO COMPANHEIRO
MAÇOM
O Avental
Assim como o Aprendiz Maçom, o Companheiro Maçom
também faz uso de um avental alvo, simbolizando a sua
pureza intelectual e também para cobrir sua “Nudez” quanto
ao conhecimento. Esse avental tem o simbolismo de
executar o Ofício do Pedreiro, assim como o aprendiz.
(BAPTISTA17)

Seu ofício é lapidar a “Pedra Cúbica”, e mesmo o trabalho do


desbastar já estar bem adiantado, o polir e aperfeiçoar a
pedra, ainda é árduo e trabalho duro ainda está por vir.
Devido a isso o avental ainda tem o simbolismo de proteção
do “corpo”.
Nota-se que após o período de aprendizado ao ofício, as
feridas em sua mão e em seu entendimento como Aprendiz
Maçom, o Companheiro já afeiçoou-se com o trabalhar a
pedra, com o desbastar e já aprendeu a como não levantar
tantas lascas ou mesmo machucar-se ao executar seu ofício.
Essa comprovação ocorre na Cerimônia de Elevação,
quando ao fazer a primeira viagem, o então Aprendiz
demonstra a todos os Mestres Maçons e

(17) BAPTISTA, Antônio Augusto Queiróz, O assentamento da pedra cúbica.


Londrina: Ed. Maçônica A TROLHA, 2019.
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Companheiros presentes suas habilidades com o Maço e
Cinzel. (GOP20)
O avental do Companheiro Maçom, apresenta uma
característica específica, que o diferencia do avental de
Aprendiz Maçom, na qual tem como função entre outras,
determinar o grau de ofício que o iniciado se encontra apto
a realizar. (BAPTISTA17)
Na prática o Companheiro Maçom usa o mesmo avental que
o Aprendiz Maçom, apenas com a abeta baixada, de modo a
indicação seu Nível de Conhecimento Maçônico adquirido, a
respeito dos augustos mistérios. Além disso essa abeta
abaixada tem como significado a libertação do Iniciado a
obrigatoriedade de ficar na corporação de Ofício, ou seja o
Maçom, agora tem idade para viajar e realizar seu ofício em
outros lugares se não no seu templo de origem, sempre
guiando-se pela estrela flamígera, referência e símbolo do
grau.
O avental com sua abeta, no formato de cunha, ou seja um
triangulo equilátero voltado para baixo, sobre a face do
quadrado, indica que a consciência humana e seu
conhecimento mais evoluído. Portanto o conhecimento já
está conseguindo entranhar na consciência do maçom que o
usa. Portanto o quadrado que representa os quatro
elementos formadores da matéria, já podem ser utilizado
por este irmão com temperança e conhecimento.
(BAPTISTA17)
(17) BAPTISTA, Antônio Augusto Queiróz, O assentamento da pedra cúbica.
Londrina: Ed. Maçônica A TROLHA, 2019.
(20) GRANDE ORIENTE DO PARANÁ – GOP. Ritual do Grau de Companheiro-
Maçom: Rito Francês de Referência, Tradução do Ritual “Cahier du Grade de
Compagnon au Rite Français – Rituel de Réference – 2012”, Curitiba: Editora
Ajir, 2016.
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Outro significado descrito por Lomas 2 e Baptista13, é que a
abeta deitada, representa iniciado em evolução, a caminho
da condição de domínio total do conhecimento e da matéria.

Os Instrumentos do Companheiro:
Para passar da perpendicular ao nível (Passando da Coluna
do Norte para a Coluna do Sul), o Companheiro Maçom deve
passar por 5 viagens, e estas estão diretamente ligadas aos
instrumentos que o mesmo aprende a usar e que serão suas
ferramentas de trabalho a partir deste momento. (F.V. 18)

O Malho (Maço) e o Cinzel


Esses dois instrumentos estão ligados a primeira viagem do
Companheiro, seu significado é que o Companheiro Maçom
deve continuar a aperfeiçoar-se, esforçando-se por fazer
desaparecer, como tantas outras asperezas desagradáveis,
seus defeitos, seus preconceitos e seus erros. (F.V.18)

Ou seja, os instrumentos do aprendiz continuam a ser


utilizados e sua representatividade continua ligada ao
trabalho, ao desenvolvimento e a busca por conhecimento.

(2) LOMAS, Robert, O poder Secreto dos Símbolos Maçônicos tradução


Soraya Borges de Freitas – São Paulo: Ed. Madras,2018.
(17) BAPTISTA, Antônio Augusto Queiróz, O assentamento da pedra cúbica.
Londrina: Ed. Maçônica A TROLHA, 2019.
(18) A∴R∴L∴S∴ François Voltaire - Apostila de Instrução do Grau de
Companheiro, Londrina:2015.
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Esse trabalho essencial deve juntar-se ao estudo
dos sentidos, que conduz ao conhecimento da personalidade
humana e que explica a formação das ideias. (F.V.18)

O Malho (Maço)
Como já descrito anteriormente o Malho simboliza a
energia, a vontade, a decisão, porém para o companheiro ele
acaba recebendo outros significados como o aspecto ativo
da consciência para vencer obstáculos. (F.V.18)

Plantageneta Apud Boucher10 descreve o Malho como o


símbolo da inteligência que age e persevera, que dirige o
pensamento e anima a meditação daquele que, no silencio
de sua consciência, procura a verdade.
O Cinzel
Inseparável ao Malho o Cinzel simboliza o discernimento, a
lógica, o método, indispensável para se desbastar a
personalidade, descobrindo assim as falhas e as
“protuberâncias” a serem aplainadas. (F.V.18)
Boucher10, também descreve o Cinzel como correspondente
a receptibilidade intelectual, ao discernimento especulativo.

(10) BOUCHER, Jules, A simbologia maçônica ou a arte real reeditada e


corrigida de acordo com asa regras da simbólica esotérica e tradicional.
Tradução Frederico Ozanam Pessoa Barros. 2ª edição – São Paulo:
Pensamento, 2015.
(18) A∴R∴L∴S∴ François Voltaire - Apostila de Instrução do Grau de
Companheiro, Londrina:2015.
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O Esquadro e o Compasso

Ligados a segunda viagem estão o Esquadro e o Compasso,


simboliza a procura da Justiça e da Verdade. Tem como
significado o comprometimento do Companheiro Maçom
em seus estudos, sendo a arte uma parte importante desses
aprendizados (F.V.18)

A arte sendo a expressão do belo, como também do útil, e a


busca pelo desenvolvimento da humanidade.

O Esquadro
O Esquadro simboliza a Equidade, a Justiça e a Retidão, este
instrumento é encontrado desde a idade média como
símbolo das belas artes. O esquadrinhar citado em textos
bíblicos e filosóficos está diretamente ligado a pesquisa e
busca profunda. (F.V.18)
Portanto ao se investigar, desenvolver a investigação,
procurar, buscamos conhecimento. Também esse simboliza
o esquadrejar, ou cortar em esquadria, em ângulo reto,
dividir em pedaços menores de forma metódica. (F.V.18)

Um outro significado é o princípio, regra, tipo, molde,


conhecimento e capacidade de conhecer, de buscar. O
esquadro é formado pela horizontal e vertical, o equilíbrio.
(BOUCHER10 e F.V.18)

(10) BOUCHER, Jules, A simbologia maçônica ou a arte real reeditada e


corrigida de acordo com asa regras da simbólica esotérica e tradicional.
Tradução Frederico Ozanam Pessoa Barros. 2ª edição – São Paulo:
Pensamento, 2015.
(18) A∴R∴L∴S∴ François Voltaire - Apostila de Instrução do Grau de
Companheiro, Londrina:2015.
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O Compasso
Esse instrumento tem como significado a medida, sua
abertura representa o limite do conhecimento humano e as
faculdades da mente humana. No Grau de Companheiro
Maçom, uma das pernas do compasso está livre,
representando a libertação das superstições e a passagem à
verdadeira ciência. (F.V.18)
O Compasso também tem o significado e representação
artística das sete artes liberais:

1) Gramática: que ensina a organização das


palavras de acordo com o idioma ou dialeto de
qualquer povo em particular e também aquele
excelência de pronuncia que nos permite falar
ou escrever uma determinada língua com
precisão, de acordo com a razão e com sua
correta utilização. (MAKEY19)
2) Retórica: Ensina-nos a falar copiosa e
fluentemente sobre qualquer assunto, não
apenas com propriedade, mas com todas as
vantagens da força e da elegância, sabiamente
planejando cativar o ouvinte pela força do
argumento e pela beleza da expressão, seja
para entreter ou exortar, advertir ou
congratular. (MAKEY19)
3) Lógica: Ensina-nos a guiar nossa razão
discricionariamente no conhecimento geral
das coisas e direciona nossos questionamentos
à verdade. Consiste em uma linha regular de

(19) MAKEY, Albert G. O manual da loja: Companheiro Maçom. Tradutor:


Rafael P. Soneghet. São Paulo: Scortecci, 2017.
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argumentos, por onde inferimos, deduzimos e
concluímos, de acordo com certas premissas
estabelecidas, admitidas ou reconhecidas. Nela
também são empregadas as faculdades de
concepção, julgamento, raciocínio, e ordenação
das ideias, todas as quais são naturalmente
conduzidas de uma gradação à outra, até que o
ponto em questão é finalmente resolvido. Esta
ciência ou arte liberal, deve ser cultivada como
fundação ou alicerce de nossos
questionamentos, especialmente na busca por
aqueles sublimes princípios que clamam nossa
atenção como Maçons. (MAKEY19)
4) Aritmética: Ensina os poderes e propriedades
dos números que são efetuados através das
letras, tabuas, figuras e instrumentos. Através
dessa arte, razões e demonstração são dadas ao
encontrar qualquer determinado número cuja
relação ou afinidade com outra já é conhecida
ou descoberta. Quanto mais avançamos nas
ciências matemáticas, mais capazes seremos
de considerar tais coisas como os objetivos
ordinários de nossas concepções e sermos,
desse modo, levados a um conhecimento mais
compreensivo de nosso grande Criador e de
suas criações.
5) Geometria: Trata dos poderes e propriedades
das magnitudes em geral, onde comprimento,
lagura e espessura são considerados, de um
ponto a uma linha, de uma linha a um plano e

(19) MAKEY, Albert G. O manual da loja: Companheiro Maçom. Tradutor:


Rafael P. Soneghet. São Paulo: Scortecci, 2017.
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de um plano a um sólido. Um ponto é uma
figura sem dimensões, ou a parte indivisível de
um espaço. Um ponto é uma figura sem
dimensões, ou uma parte indivisível de um
espaço. Uma linha é um ponto continuado, uma
figura de uma única capacidade: comprimento.
Um plano é uma figura de duas dimensões, a
saber comprimento e largura. Um sólido é uma
figura de três dimensões, a saber,
comprimento, largura e espessura. A
geometria é a base da matemática, é a ciência
do arquiteto, é o que o faz construir, executar
seus desenhos, dar dimensões e forma ao que
ainda não tem essa qualidade. (MAKEY19)
6) Música: Arte de formar consonâncias, de modo
a compor agradáveis harmonias, através de
uma organização matemática e proporcional
de sons agudos, graves e mistos. Esta arte,
através de uma série de experimentos, é
reduzida a uma ciência demonstrativa, com
respeito aos tons e intervalos de sons. Ela
examina a natureza das consonâncias e
dissonâncias e permite-nos encontrar a
proporção entre elas através dos números.
(MAKEY19)
7) Astronomia: é a divina arte da qual somos
ensinados a ler a sabedoria, força e beleza do
formador do universo, é o estudo do
Macrocosmo sobre o microcosmo. É a arte que
ensina a observar magnitudes e calcular os

(19) MAKEY, Albert G. O manual da loja: Companheiro Maçom. Tradutor:


Rafael P. Soneghet. São Paulo: Scortecci, 2017.
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períodos dos corpos celestiais. Aprendemos
com ela a utilização dos globos, o sistema do
mundo, as leis preliminares da natureza.
Aprendemos a perceber a grandeza, sabedoria
e bondade, abundancia e aprendemos a
trabalhar com as perguntas do universo: O que
denota? Como era representado? Por que foi
instituído? (MAKEY19)

Outros significados também são imputados ao compasso,


como o relativo, a sensação de infinito. É com esse
instrumento que pode-se desenhar o círculo com o ponto
concêntrico, assim sendo considerado também como um
símbolo do Absoluto (medida) e o relativo (tamanho).
(BOUCHER10)

A Régua e a Alavanca

A terceira viagem ligada a ciência, tem como representação


a Régua e a Alavanca, pois pela régua simboliza-se o
julgamento reto, pela alavanca o poder do trabalho, juntos
representam o estudo da natureza (F.V.18)

A Régua
(10) BOUCHER, Jules, A simbologia maçônica ou a arte real reeditada e
corrigida de acordo com asa regras da simbólica esotérica e tradicional.
Tradução Frederico Ozanam Pessoa Barros. 2ª edição – São Paulo:
Pensamento, 2015.
(18) A∴R∴L∴S∴ François Voltaire - Apostila de Instrução do Grau de
Companheiro, Londrina:2015.
(19) MAKEY, Albert G. O manual da loja: Companheiro Maçom. Tradutor:
Rafael P. Soneghet. São Paulo: Scortecci, 2017.
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O Companheiro Maçom não deve esquecer a régua,
que traça as linhas retas, suscetíveis de serem prolongadas
até o infinito, é o símbolo do reitor inflexível da lei moral
naquilo que ela tem de imutável e rigoroso (F. V.18).

Ragon12 descreve a régua como simbolizando o


aperfeiçoamento, sem a regra, a indústria seria aventurosa,
as artes seriam incoerentes, a lógica seria caprichosa e
vagabunda, a legislação arbitrária e opressiva a música seria
dissonante, a filosofia seria somente uma obscura
metafísica, e as ciências perderiam sua lucidez. Nota-se o
jogo de palavras “régua/regra” (F.V.18).

Assim como a régua dá forma e tamanho aos traços


geométricos e aos objetos a regra dá forma às ideias,
limitando-lhe os erros. Já deve ter ficado claro que para o
Rito Frances de Referencia, a régua é um símbolo do método
científico – filosófico (F.V.18)

A Alavanca
A alavanca é princípio ativo pois coloca em movimento o
princípio passivo, a matéria inerte. No entanto, sozinha a
alavanca nada faz, dependendo da vontade de quem a move
e diante da qual figura passivamente, simbolizando que a
vontade precede o conhecimento. (F.V.18)

(12) RAGON, Jean Marie, Le rituel d'apprenti maçonnique, 1860 – Publicado,


– São Paulo:Ed. Pensamento, 1986.
(18) A∴R∴L∴S∴ François Voltaire - Apostila de Instrução do Grau de
Companheiro, Londrina:2015.
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Mesmo sendo um instrumento simples a alavanca
constituída de madeira resistente ou ferro, tem como
significado o levantamento de pesos, portanto tem como
símbolo maçônico a Potência, o esforço da perseverança e
da vontade consciente dirigida para a meta a atingir, que
para o Maçom é o conhecimento. Ou seja a força irresistível
da vontade, secundada pela inteligência e pala bondade é o
Símbolo da perfeição dos Iniciados. Também pode significar
a força do raciocínio, a segurança da lógica, pode ser
considerada também como a imagem da filosofia, cujos
princípios invariáveis não permitem fantasia nem
superstição. (ASLAN8)
A alavanca então é um intermediário passivo tornando-se
ativa só pelo poder de quem a utiliza. Lembrando a todos
que o conhecimento, só se torna iniciático se aquele que
possui é capaz de compreender sua natureza. Esse
instrumento é uma força instrumental que deve ser movida
e controlada por uma força superior. (F.V.18)

Sendo assim a Alavanca é o símbolo do poder do trabalho,


só tem seu valor medido pelo valor daquilo que ela ajuda a
levantar. (F.V.18)

(8) ASLAN, Nicola, Grande Dicionário de Maçonaria e Simbologia. 3ª Edição


– Londrina: Ed. Maçônica “A TROLHA”, 2012.
(18) A∴R∴L∴S∴ François Voltaire - Apostila de Instrução do Grau de
Companheiro, Londrina:2015.
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O Nível

Mesmo estando na consciência do Aprendiz maçom, esse


instrumento tem um significado superficial e limitado para
o grau de iniciado na ordem.

Símbolo da Igualdade, do equilíbrio, tem como maior


simbólica no grau de companheiro esse instrumento figura
os esforços que devemos fazer para realizar
progressivamente, a igualdade Social. Serve também para
honrar a memória e relembrar os benfeitores da
Humanidade (F.V.18)
A descrição de um nível maçônico é simples, este é
representado por um triangulo em cujo ápice está amarrado
um fio de primo. (BOUCHER10)

Esse instrumento significa que, o maçom busca a um só


tempo o nivelamento na distribuição da Justiça social e a
profundidade (vertical) nos conhecimentos sobre questões
que agitam as sociedades humanas, sem se deter pelos
desvios que a superstição, a ignorância e o fanatismo podem
causar. Joia símbolo do cargo de Primeiro Vigilante,
justamente o oficial que zela pelos companheiros nas Lojas
do Rito Frances de Referência. (F.V.18)

(10) BOUCHER, Jules, A simbologia maçônica ou a arte real reeditada e


corrigida de acordo com asa regras da simbólica esotérica e tradicional.
Tradução Frederico Ozanam Pessoa Barros. 2ª edição – São Paulo:
Pensamento, 2015.
(18) A∴R∴L∴S∴ François Voltaire - Apostila de Instrução do Grau de
Companheiro, Londrina:2015.
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A Trolha

A trolha é a indicação a conclusão do trabalho e também a


Glorificação do mesmo, que importa, igualmente, o
levantamento dos trabalhadores deserdados ou
desprotegidos da sorte.
Wirth15 descrever a trolha como um instrumento que serva
para amassar a argamassa destinada a realiza a unidade
quando se cimentam as pedras do edifício. A Trolha reúne,
ela realiza a fusão, ela unifica. É, portanto essencialmente, o
emblema dos sentimentos de benevolência esclarecida, de
fraternidade universal e de muita tolerância, distintivos do
verdadeiro maçom.
Plantageneta apud Boucher10 descreve a trolha como
símbolo do amor fraterno, que deve unir todos os maçons e
que é o único cimento que os operários podem usar para
edificação do templo. Enquanto o Companheiro mesmo
consciencioso assíduo e zeloso não se aperceber disso, sua
obra não está acabada, e ele não é digno de nenhum
aumento de salário.
O mesmo autor, descreve como judiciosamente, a ligação da
Trolha a sua última viagem do ritual de Elevação do
Aprendiz a Companheiro Maçom, porque, com efeito,
nunca podemos dar um trabalho como completamente
terminado. (BOUCHER10)
(10) BOUCHER, Jules, A simbologia maçônica ou a arte real reeditada e
corrigida de acordo com asa regras da simbólica esotérica e tradicional.
Tradução Frederico Ozanam Pessoa Barros. 2ª edição – São Paulo:
Pensamento, 2015.
(15) WIRTH, Oswald, Le livre du Compagnon. 1931.
(18) A∴R∴L∴S∴ François Voltaire - Apostila de Instrução do Grau de
Companheiro, Londrina:2015.
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Corroborando com o indicado acima F.V. 18, descreve que a
utilidade da Trolha é para amassar, argamassar, cimentar as
pedras de uma construção, une, funde, realiza uma unidade
juntando peças separadas, ou seja, é um símbolo de união de
fraternidade universal, de tolerância e de reconciliação.
A Trolha era símbolo das antigas corporações de ofício, seu
simbolismo reside tanto em sua forma triangular ou
trapezoidal quanto em seu perfil fragmentado, que pode
relembrar um relâmpago. Em representações iconográficas
da Idade Média podemos ver o criador do mundo com uma
trolha na mão, sendo portanto, um símbolo de poder criativo
e de trabalho construtivo. (F.V.18)

(10) BOUCHER, Jules, A simbologia maçônica ou a arte real reeditada e


corrigida de acordo com asa regras da simbólica esotérica e tradicional.
Tradução Frederico Ozanam Pessoa Barros. 2ª edição – São Paulo:
Pensamento, 2015.
(18) A∴R∴L∴S∴ François Voltaire - Apostila de Instrução do Grau de
Companheiro, Londrina:2015.
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A PEDRA CÚBICA

A pedra cúbica, angular ou perfeita, é para o artífice


experiente, testar e ajustar, nela suas joias ou ferramentas.
É um dado, cubo perfeito, formado por seis faces de
quadrados do mesmo tamanho e simetricamente alinhados.
(LOMAS2) Os instrumentos aptos a fazer seu teste são
somente o esquadro e o compasso.

Este símbolo representa o homem no declínio de seus anos,


depois de uma vida regular e bem aproveitada, realizando
atos de devoção e virtude. Ele somente pode ser testado e
aprovado pelo esquadro da palavra do Criador do Universo
e pelo compasso de sua consciência autoconvincente.
(LOMAS2)
O Aprendiz disciplinou o descontrolado corpo físico com a
energia e sua vontade, o Companheiro usa sua consciência
para disciplinas as emoções, o veículo emocional através do
conhecimento bem medido, equilibrado e correto,
aprendendo a “geometrizar”, a imprimir curvas e nuances
delicadas e suaves em sua “psique”, em sua natureza
emocional. Assim tornando seu eu em um “Cubo Perfeito”,
apto a ser empregado no levantamento do tempo
constituído por uma humanidade o mais possível perfeita.
(FIGUEIREDO9)

(2) LOMAS, Robert, O poder Secreto dos Símbolos Maçônicos tradução


Soraya Borges de Freitas – São Paulo: Ed. Madras,2018.
(9) FIGUEIREDO, Joaquim Gervásio de, Dicionário de maçonaria: seus
mistérios, ritos, filosofia, história. 2ª Edição – São Paulo: Pensamento, 2016.

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Makey21 descreve a pedra bruta como um símbolo
apropriado de um chefe ou príncipe, esse não como
divindade ou mesmo como poderoso sobre os seus iguais,
mas sim como a defesa e o baluarte de seu povo e mais
particularmente o suporte de todos que colocassem sua
confianças nele.

O mesmo autor ainda descreve que as propriedades que são


necessárias para construir uma pedra angular (polida ou
cúbica) é a firmeza e durabilidade, seu formado perfeito e
sua posição peculiar como sendo o ele de ligação entre as
paredes.

Além disso Makey21, também descreve o cubo como a


verdade, da sabedoria, e da perfeição moral.

A Pedra Cúbica Angular


O Rito Frances de Referência, liga a pedra cúbica
diretamente a Estrela Flamígera, sendo essa a pedra onde
trabalho o Companheiro Maçom. (F.V.18)

Ou seja a Pedra Referência para o Companheiro Maçom é


um Cubo perfeito encimado de um tetraedro piramidal,
onde este aponta diretamente à Estrela Flamígera,
lembrando-o que mesmo que se afaste da obra, o

(21) MAKEY, Albert G. Simbolismo da Franco-Maçonaria: Ilustrando e


explicando sua ciência e filosofia, suas lendas mitos e símbolos: Vol III.
Traduzido por Rafael P. Soneghet – São Paulo: Ed. Scortecci,2018.
(18) A∴R∴L∴S∴ François Voltaire - Apostila de Instrução do Grau de
Companheiro, Londrina:2015.

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caminho está marcado para seu retorno a obra e seu
trabalho.
Ragon12 descreve a pedra cúbica como uma pedra destinada
a afiar os instrumentos e termina em pirâmide, símbolo do
fogo para que aí sejam inscritos números.
Porém não se pode acreditar que a pedra cúbica seja
somente uma pedra de afiar, ou também seja somente uma
pedra para indicar a Estrela Flamígera.

Wirth15, descreve a pedra bruta angular como a perfeição


intelectual e espiritual do companheiro, pois além de chegar
a perfeição de ângulos e formas, também essa pedra angular
pode ser utilizada para repassar os conhecimentos a outros
irmão iniciados, afiando e padronizando suas joias nela para
depois trabalharem em sua própria pedra.
Boucher10 descreve a pedra cúbica pontiaguda como o
símbolo do ideal maçônico e da evolução cognitiva e de
iluminação da consciência do Companheiro Maçom.
Nota-se que a pedra cúbica pontiaguda não é somente uma
pedra comum mas sim um monólito, não parece poder ser
utilizada na construção de um edifício, no entanto ela pode
representar a articulação essencial sendo sua chave de
abóbada. (BOUCHER10)
Boucher10 também coloca os quatro elementos superiores
reunidos por um ponto central o quadrado superior
encimado e protegido pela pirâmide de base quadrática.

(10) BOUCHER, Jules, A simbologia maçônica ou a arte real reeditada e


corrigida de acordo com asa regras da simbólica esotérica e tradicional.
Tradução Frederico Ozanam Pessoa Barros. 2ª edição – São Paulo:
Pensamento, 2015.
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Além disso, a pedra bruta ao receber tratamento de altura e
profundidade descreve segmentos do mesmo tamanho do
quadrado primário, aprofundando o entendimento do
Companheiro e representando assim seu aprendizado.

(10) BOUCHER, Jules, A simbologia maçônica ou a arte real reeditada e


corrigida de acordo com asa regras da simbólica esotérica e tradicional.
Tradução Frederico Ozanam Pessoa Barros. 2ª edição – São Paulo:
Pensamento, 2015.
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Portanto o entendimento dos elementos se expande ao
aprofundar-se nos mistérios da ordem, onde além dos
elementos e suas formas primordiais, cores e formas, o
companheiro também pode usar os sentidos e as artes
liberais para entende-los, portanto, sensações são descritas
nas perpendiculares no ponto de encontro de cada dois
elementos naturais. Demonstrando sensações, frio, seco,
quente úmido.

Além disso, pode-se verificar sensações equânimes ao


utilizar-se dos sentidos para cada dois elementos:
Frio: Terra e água

Seco: Terra e Fogo


Quente: Fogo e Ar

Úmido: Ar e Água
Porém cada um dos elementos também tem como
característica específica duas sensações:

Terra: Fria e Seca


Água: Fria e Úmida

Ar: Úmido e Quente


Fogo: Quente e Seco.

Aqui está o maior simbolismo do grau de Companheiro


Maçom, o entendimento da importância da pedra angular e
seu significado como aprendizado e percepção da evolução
quanto ao entendimento aos símbolos e sentimentos, além

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do crescimento como entendedor dos conceitos e possível
evolução a poder caminhar sozinho e ensinar outros
maçons.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS DO AUTOR

A evolução do pensamento e do entendimento quando se


conhece mais sobre a simbologia e os mistérios da ordem,
nos leva a novas descobertas.

Essas novas descobertas é a beleza do grau de Companheiro


Maçom, este desenvolvimento como ser humano, o quebrar
de paradigmas quanto a vontades e desejos, o apender o
quão ínfimo é o ser humano quanto ao universo e o quanto
seu microuniverso é tão rico e tão bem projetado a ponto de
ser um universo próprio.
O crescimento neste momento é não somente um aprender,
mas sim um buscar, um aventurar-se, mesmo que com
supervisão mas com mais liberdade, uma busca pelo
conhecimento, pela iluminação.
É essa busca o combustível do Companheiro Maçom, é a
busca que nos torna diferentes, é o crescimento como
cidadãos e como Homens de Bons Costumes que nos
impulsiona a continuar o burilar da pedra. Pois é vendo o
resultado, as arestas perfeitas, sendo cortadas, é o machucar
menos as mãos, é o sentir a evolução que nos mantem na
linha e na conduta como maçons.

Quando respondemos de forma automática e decorada o


questionamento O que vindes fazer aqui? No grau de
companheiro, não entendemos o quão é profundo essa
resposta.

Pois, vencer as paixões, é esquecer o Ego, a mesquinhez, o


desprezo, os postos, os títulos, e aceitar que nada somos a

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não ser buscadores da verdade, da iluminação, buscadores
do conhecimento e do entendimento de si próprios como
ponto inicial do desenvolvimento como seres humanos.

Além disso submeter as vontades é testar os


limites e compreender que nem sempre o que queremos é
possível, ou que podemos dobrar o espaço, tempo e matéria
para chegar a um objetivo. Em alguns momentos, e atrevo-
me a dizer que constantemente, somos obrigados a vergar
nossas vontades as verdades e aos princípios que fomos
submetidos ao aceitar os desígnios da Ordem Maçônica.
Além disso o entendimento das ciências e das emoções e
sentimentos, também começamos a entender nossos
limites, nossa retidão, e este preceito não pode ser mudado,
pois somos rocha, somos Pedra, que ainda precisa ser
desbastada, mudada para chegar o mais próximo possível ao
meio, nem a direita nem a esquerda, nem ao norte ou ao sul.

Essa busca pela perfeição pelo centro, pelo equilíbrio nos


leva a última parte de nossa resposta, fazer novos
progressos na maçonaria. Porém esse progresso não pode
ser desordenado ou fora dos limites da ordem, mesmo em
total consciência essa evolução não pode distanciar-se de
nosso rumo como Irmandade e como Ordem Iniciática,
precisamos nos manter juntos, unidos e unos, porém
sempre vigilantes a retidão.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

A∴R∴L∴S∴ François Voltaire - Apostila de Instrução do Grau


de Aprendiz, Londrina:2016.

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A∴R∴L∴S∴ François Voltaire - Apostila de Instrução do Grau
de Companheiro, Londrina:2015.
ASLAN, Nicola, Grande Dicionário de Maçonaria e
Simbologia. 3ª Edição – Londrina: Ed. Maçônica “A
TROLHA”, 2012.
ASLAN, Nicola, Comentários ao Ritual do Aprendiz – Vade-
Mécum Iniciático – 3ª edição – Londrina: Ed. Maçônica “A
TROLHA, 2006
BAPTISTA, Antônio Augusto Queiróz, O assentamento da
pedra cúbica. Londrina: Ed. Maçônica A TROLHA, 2019.
BOUCHER, Jules, A simbologia maçônica ou a arte real
reeditada e corrigida de acordo com asa regras da simbólica
esotérica e tradicional. Tradução Frederico Ozanam Pessoa
Barros. 2ª edição – São Paulo: Pensamento, 2015.
CARNEIRO, Jeová Neves, O verdadeiro traje maçônico e
outros temas. Londrina: Editora Maçônica a Trolha: 2007.
COUSSEAU, L. “Le merveilleux enseignement maçonnique”,
La Chaine d’ Union. 1961.
DUCHANE, Sangeel, Pequeno Livro da Franco-Maçonaria.
São Paulo: Ed. Pensamento, 2006.
FIGUEIREDO, Joaquim Gervásio de, Dicionário de
maçonaria: seus mistérios, ritos, filosofia, história. 2ª Edição
– São Paulo: Pensamento, 2016.
GRANDE ORIENTE DO PARANÁ - GOP – Grande Oriente do
Paraná – (Tradução) – Cahier du Grade d’Apprenti au Rito
Français – Rituel de Référence 2012 – Curitiba: Versão 2016.
GRANDE ORIENTE DO PARANÁ – GOP. Ritual do Grau de
Companheiro-Maçom: Rito Francês de Referência, Tradução
do Ritual “Cahier du Grade de Compagnon au Rite Français
– Rituel de Réference – 2012”, Curitiba: Editora Ajir, 2016.

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LOMAS, Robert, O poder Secreto dos Símbolos Maçônicos
tradução Soraya Borges de Freitas – São Paulo: Ed.
Madras,2018.
MAKEY, Albert G. Manual da loja: aprendiz iniciado;
traduzido por Rafael P. Soneghet. São Paulo: Scortecci, 2017.
MAKEY, Albert G. O manual da loja: Companheiro Maçom.
Tradutor: Rafael P. Soneghet. São Paulo: Scortecci, 2017.
MAKEY, Albert G. Simbolismo da Franco-Maçonaria:
Ilustrando e explicando sua ciência e filosofia, suas lendas
mitos e símbolos: Vol III. Traduzido por Rafael P. Soneghet –
São Paulo: Ed. Scortecci,2018.
MITHEN, S. The Prehistory of the Mind. London: Phoenix,
1996.
RAGON, Jean Marie, Le rituel d'apprenti maçonnique, 1860
– Publicado, – São Paulo:Ed. Pensamento, 1986.
SCHÖNELL, Gilson Adolfo, Os Quatro Elementos – Revista
Palavra Maçônica - Loja Luz do Ocidente, Or∴ de Chapecó –
SC.
MELLOR, Alec, Dictionnaire de la Franc-Maçonnerie et des
Francs-Maçons= Paris: Ed. Pierre Belfond, 1971.
WIRTH, Oswald, Le livre du Compagnon. 1931.

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É PARA A FRENTE QUE SE ANDA


Ir∴ João Cairo Ferreira

O ser humano, desde o momento em que nasce e tem contato


com o mundo que o cerca evolui a cada segundo em contato
com o mundo que o cerca, o mesmo acontece em nossa
iniciação, onde passamos de profano a aprendiz. Essa
evolução nos diferencia de nossos “parentes” mais distantes,
o homem primitivo, ou “Elo Perdido”, que viveu entre um e
cinco milhões de anos a.C. e devido à seleção universal
desapareceu. Este é complexo tema incluindo a evolução do
homem sempre existiu até chegar ao ponto em que estamos
hoje, o mesmo aconteceu com a Maçonaria Primitiva,
período este não documentado em forma registros escritos,
porém com tradições e evolução do homem repassada por
gerações de forma verbal, o que comprova a sua existência,
com tradições que após esse período foram documentadas
ou mesmo fundações e obras ainda existentes no antigo
continente. Com o advento da Revolução Industrial,
começou um tempo de crescimento extraordinário, onde o
homem cresce em velocidade exponencial e que fez
desaparecer a maçonaria Operativa, dando lugar a
maçonaria Especulativa, segundo o maçonólogo Kennyo
Ismail. A evolução não deixa nada parado em seu lugar. A
evolução é uma necessidade da humanidade e também uma
necessidade da maçonaria para manter-se em sincronia com
a evolução do homem que faz parte e evolui devido a seus
ensinamentos e filosofia. Quem não anda, será esmagado

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pelo progresso, imaginem a dificuldade dos irmãos da
Maçonaria primitiva para se reunir naquele mundo
atrasado, sem meios de transportes e com longas distâncias
para se vencer até chegar a uma Loja. Pois bem, vamos
tomar como tosco exemplo o seguinte: quem já teve um
fusca pé de boi, sem ar, só quatro marchas, com o platinado
que enguiçava toda semana. Quando pegou um carrinho
melhor com cinco marchas, achou uma maravilha, não é
mesmo?! Passei por isto. Pois bem, seguindo esta tendência
de avanço, a maçonaria se robusteceu muito em todo o
mundo, no pós guerra, embora hoje esteja um pouco lenta,
para a velocidade de evolução do mundo atual. Em alguns
casos está andando para trás, mas não em resgatar valores
e sim em resgatar tradições antes necessária mais que agora
não encaixa-se em sua realidade, parece que estamos
vivendo uma fase de indolência que tem causado apatia e
desistências. Na pratica diária da Ordem, estamos vendo que
é preciso se mexer rápido e oxigenar o organismo que anda
enfermo precisando um tratamento de choque para sair
deste quase coma induzido. Para isso é necessário a
adaptação e evolução, fórmula essa já utilizada pelos
romanos em suas expansões, onde as ligas de “massoni” que
antes estavam dentro dos feudos, adaptou-se e evoluiu, para
dar suporte a expansão territorial ocorrida naquela ocasião.
A mesma necessidade nos é mostrada nesses tempos
contemporâneos, onde um tratamento, a esse coma
induzido deve ser iniciado, pois se não estivermos atentos e
não enxergamos esta situação, podemos regredir mais
quanto a evolução da maçonaria como instituição. Um ponto
a se levar em conta e talvez discutirmos em Loja, pode ser o

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de reduzir o ritmo acelerado de trabalho e com isso talvez
possamos revigorá-la. Existem membros que recebem uma
carga menor de exercícios e afazeres, com isso acabam
recuperando-se mais rápido, oxigenando e revigorando a
paixão por novas descobertas, a cada estímulo mais
espaçado quanto aos seus trabalhos, isso os torna mais
preparados e descansados a cada passo que dão em sua
longa jornada. Repousar à noite, mais leitura em casa, visitas
a amigos, não somente de sua loja, mas as vezes amigos
enfermos ou com problemas, participação mais atuante em
ações filantrópicas, maior contato com os demolays, ter
mais tempo – moeda em escassez de nosso tempo – para o
carinho da família, podendo assim diminuir sua carga de
trabalho e diminuir assim o estresse, mal que nos assola e
muito traiçoeiro quanto a sua chegada. Parece que estamos
vivendo uma fase de abatimento que tem causado,
desistências das aulas semanais, das reuniões a Lojas, e até
ao ágape após essas reuniões, desenvolvendo a apatia
quanto ao galgar do crescimento pessoal e da maçonaria, o
que pode nos fazer andar para trás em nossa evolução como
sociedade. Então vimos, que sem evolução o homem
primitivo desapareceu, a maçonaria Operativa desapareceu,
e agora, por falta de visão e atitude a maçonaria Especulativa
corre o risco de desaparecer. Talvez o ócio produtivo possa
trazer ânimo e bons resultados.

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ESPADA FLAMÍGERA OU ESPADA
FLAMEJANTE?
Ir∴ João Cairo Ferreira

Parece a mesma coisa ao se visualizar a forma de escrita,


muito próxima entre uma e outra, até a segunda sendo a
tradução da primeira, porém essa analogia é
feita por alguns autores maçônicos. A espada
Flamígera, utilizada desde as eras medievais,
tem como significado, em seu
uso no divino, pois essa
denominação é utilizada ao
modelo da espada, portanto
espada Flamígera, era
conhecida como espada
ondulada, por ter suas laminas
ondulantes como característica.
A onda que a espada tem como
detalhe, tinha que dar a
aparência de chama, ou estar
flamejante. Embora seja uma
espada decorativa na maioria
das vezes, seu uso em combate
foi útil, mesmo sendo
extravagantes tinha o intuito
em batalha de assustar os inimigos.

Pois estão diretamente ligadas as espadas


dos anjos e arcanjos, que aparecem na bíblia

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sua primeira vez criando esse misticismo, nos primeiros
capítulos do livro de Gênesis, (Bíblia Sagrada1, Editora Ave
Maria, 2001 – Tradução da CNBB) quando Deus, tendo
expulso o ser humano, postou a oriente do jardim de Éden
os querubins, com a espada flamejante a cintilar, para
guardarem o caminho para a árvore da vida.

Também chamadas de Flambard ou Flammard (Francês) e


Flammernschwert (Alemão), essa espada de duas mãos
(que em tradução literal seria: espada de fogo), são
ornamentações de espadas chamadas na Alemanha de
zwelhander.

Esse tipo de espada também era muito comum no século


XVI, pois os lansquenetes, em Alemão Landsknecht, servo do
país, pertencentes a uma classe de soldados de infantaria
que a princípio, não eram mais que servos que faziam guerra
como peões e serviam aos cavaleiros e cavalariços.

Porém essa forma de lâmina não é exclusiva desse tipo de


espada, também é encontrada em espadas menores
chamadas de Kris, espadas distintiva, assimétrica indígena
da Indonésia, Malásia, Brunei, Tailândia e Filipinas, armas
ornamentais com objetivo espiritual, com o mesmo fim,
mostrar a lamina como se estivesse em chamas.
CASTELANNI², descreve a espada em geral como
instrumento de ataque e defesa, a espada é mais própria ao
Cob∴ do Templo, o qual, simbolicamente, deve usá-la para
proteger o recinto contra eventuais intrusos. Por isso, o
Cob∴ porta a espada na bainha e só a desembainha quando
tem que verificar quem se encontra a porta do Templo.

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Nesse caso, ela é o símbolo da combatividade do homem, em
defesa de seus domínios. Nas mãos do V∴M∴, ela simboliza
o poder de que ele está revestido, para “criar” e constituir
Apr∴ M∴, C∴M∴, e M∴M∴ (essa sagração, com a espada
ondulada, ou espada flamejante, porém a mesma não existe
em todos os ritos).

O estudioso M∴ ASLAN³, descreve a espada do V∴M∴ como


espada Flamígera, sendo insígnia de mando do V∴M∴. é uma
Espada idêntica à comum em tamanho, estrutura e
características, à exceção da lâmina que deve ter forma
ondulada e semelhante às línguas de fogo.

O mesmo autor (ASLAN³) descreve sua origem nos textos


bíblicos assim como citado acima, que relatam anjos que
expulsaram Adão e Eva do paraíso e guardaram as portas do
Jardim do Eden, com uma Espada Flamígera ou de Fogo. Por
esse motivo essa espada ser considerada também como o
emblema de segurança e dizem certos simbolistas que
também deve ser usada pelo Cobridor Interno e Guarda do
Templo.
Também relata, que entre as mão do V∴M∴, a referida
espada, simboliza a Luz e a fonte de toda a Ciência Maçonica,
que resplandece para ser propagada em todas as direções,
sem ponto de mira fixo, como o fazem as chamas que se
elevam ao infinito (ASLAN³). Essa espada flamígela,
continua o autor, não tem bainha, devendo permanecer
sempre em cima do Altar do V∴M∴, demonstrando dupla
polaridade e autoridade espiritual, que permite ao mesmo
tempo, criar e purificar.

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Em Algumas certas Obediências, no Rito de recepção de um
novo Membro, é reproduzido o cerimonial que, na antiga
Cavalaria, fazia de um nobre ou de um escudeiro um
cavaleiro. Segurando a Espada com a Mão esquerda, o V∴M∴
a coloca sucessivamente sobre a cabeça, o ombro esquerdo
e o ombro direito do Neófilo, batendo uma pancada de cada
vez com o Malhete (ASLAN3).
Porém na Convenção dos Supremos Conselhos do Rito
Escocês Antigo e Aceito (1875) diz textualmente:

“O V∴ bate três golpes iguais com o Malhete sobre a lâmina


da Espada, pousando-a, levemente, sobre a cabeça do
Recipiendário.”
ASLAN³, também descreve que o Simbolismo da Espada
Flamígera é muito extenso. Quando batida pelo Malhete
sobre a cabeça do Recipiendário, ela representa o
pensamento vivo, a Verdade dentro e fora das Lojas, a todos
os Irmãos e Profanos sem distinção de raça e de credos.
Indica também que a Instituição Maçônica deve estar
sempre pronta para ficar, em qualquer momento, ao alcance
de todos que quiserem estudar, investigar e progredir.
Significa também o esplendor da Ciência e da Virtude que
emanam da Loja, e podem tornar cegos os olhos dos
Profanos.

Para Ragon apud ASLAN³, a Espada Flamígera é uma arma


simbólica significando que a insubordinação, o vício e o
crime devem ser desterrados dos nosso Templos. Para
Oswald Wirgh apud ASLAN³, ela é o Símbolo do Verbo, ou do
pensamento ativo, sendo a única arma do Iniciado, que não

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saberia vencer se não pela ideia e pela força em si mesma
depositada. Para Marius Lepage (apud ASLAN³), ela reveste
dois significados essenciais: o da criação por intermédio do
Verbo-Luz-Som, e o da purificação e da expiação pelas
provas do destino.
BOUCHER4, já utilizando o termo Espada Flamejante,
descreve a referida espada como instrumento para a
consagração do Recipiendário e que os diversos Ritos
variam no que diz respeito a alguns pontos pormenores,
com uma ideia essencial para a espada.
De acordo com Marius Lapage (apud BOUCHER4) pensamos
que seria conveniente colocar a Espada sucessivamente
sobre a cabeça o ombro esquerdo e o ombro direito, de
acordo com as correspondências sephiróticas : Kether
(Coroa); Binah (Inteligência) e Hojhmah (Sabedoria).

Dito isso, e segundo o estudioso maçom Pedro Juk5, o que


flameja ou seja está imbuído de fogo, como a Estrela
Flamejante ou as espadas Flamejantes dos Anjos (Arcanjos
ou Querubins), embora representativas, não tem filamento.
E como tal, possuem luz própria, suas matérias ardem
emitindo luz e calor, ou seja, Flamejam. Ao contrário da
espada que deve ser Flamígera, pois é fabricada pelo
homem, de material duro e vil (ferro, aço e outras ligas),
tendo formato ondulado como já descrito anteriormente,
portanto não possuem luz própria, não queimam ou lançam
chamas, precisam de outra fonte para refletir sua
luminosidade, portanto Flamígera por ser uma imitação ou
alegoria.

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Referência Bibliográfica

1 A BÍBLIA. Tradução de CNBB. São Paulo: Edições Loyola,


2001. Velho Testamento e Novo Testamento.

²CASTELANI, José; Cartilha do Aprendiz; 5ª Edição;


Londrina: Editora Maçonica “A TROLHA”, 2017.
³ASLAN, Nicola; Comentários ao Ritual de Aprendiz, vade-
mécum iniciático; 3ª edição, Londrina: Editora Maçônica “A
TROLHA”, 2006.
4 BOUCHER, Joules; A Simbólica Maçônica ou arte real
reeditada e corrigida de acordo com as regras da simbólica
esotérica e tradicional; Tradução: Frederico Ozanam Pessoa
de Barros – 2ª Edição. São Paulo: Pensamento, 2015.

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HERMES TRISMEGISTO – UMA COLUNA
MAÇÔNICA
Ir∴ Francisco Ferreira Oliveira Neto
Ir∴ Assis Ferreira

Hermes Trismegisto é uma figura muito familiar na


maçonaria. Nas mais diversas obediências encontramos sua
influência, principalmente pela imensa literatura sobre
alquimia. Não só é o hermetismo objeto de pranchas e livros,
como também inúmeras Lojas levam seu nome. Existem
também ritos e graus que igualmente levam seu nome.

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No antigo manuscrito maçônico COOKE de 1410, que se
encontra na Biblioteca Britânica, lê-se nos parágrafos 281 e
326, que toda a sabedoria ante-diluviana foi escrita em duas
grandes colunas. Depois do dilúvio de Noé, uma dessas
colunas foi descoberta por Pitágoras, e a outra por Hermes.
Diz também que os textos ali gravados se encontram em
perfeita concordância com uma lenda egípcia da qual já dava
conta Mâneton, historiador e sacerdote egípcio.

Outra referência é a de uma antiga Constituição Maçônica de


ROBERT MORAY, publicada na Inglaterra em 1722, portanto
anterior à Constituição de Anderson, que é de 1723. Além
da codificação de antigos usos e costumes operativos que

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derivavam da Idade Média, e que foram posteriormente
desenvolvidos pela maçonaria especulativa, mencionava
especificamente Hermes na parte chamada historia dos
Franco-Maçons.

ALBERT PIKE

O irmão Albert Pike em seu livro``Moral and Dogma of the


ancient and accepted scottish rite of freemasonary`` às
paginas 78 e 79, diz que em hebraico o nome HIRAM é

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produto da adição de duas palavras CHI (chet e iud)

e RAM (resch, alef e mem) .

MANLY PALMER HALL

Manly Palmer Hall em seu livro``As Chaves Perdidas da


Maçonaria: o segredo de Hiram Abiff```, diz que CHIRAM, um
nome originalmente caldeu, foi erroneamente grafado como
HIRAM, pela proximidade entre as letras hebraicas (chet)

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CH e (he) H, que como os demais itens que lhe


envolvem, é um símbolo.

A TABUA DE ESMERALDA

Diz também MANLY PALMER HALL que na linha 14 da


TÁBUA DE ESMERALDA está escrito``Chiram TELAT
ACHASOT``, ou, Chiram, o Agente Universal, Um em
Essência, mas Três em aspecto``.

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O irmão Albert Pike argumenta, no mesmo trecho do livro
citado, que a melhor tradução para o nome do Arquiteto
seria KHURUM ou KHUR-OM, que se corrompeu e se tornou
HERMES, o mensageiro dos deuses, indicando a fluidez do
princípio universal, que cria e mantém a obra do Supremo
Artífice. Ele também representa Her-acles ou Hércules, a
personificação da luz do sol, mas que, na realidade é símbolo
de uma realidade mais profunda,

RELAÇÃO COM A RELIGIÃO

IMAGEM DE VITRAL DA CATEDRAL DE SIENA NA ITALIA


HERMES ENSINANDO MOISES

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ALQUIMIA MENTAL

``A mente (bem como os metais e os elementos) pode ser


transmutada de estado em estado, de grau em grau, de
condição em condição, de vibraçào em vibraçào.``

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Caderno de Pesquisas Maçônicas
2017-2019
A verdadeira transmutação é uma arte mental -- o
caibailion

Graus do conhecimento:

- Religião: Verdades sombolicamente veladas

-Filosofia: Explicação sim símbolos

-Mística: Mistérios iniciáticos, verdade crua. Não há


racionalizacão

Um iniciado significa que é uma das raras pessoas que


completou a sua etapa de desenvolvimento e se tornou
pleno. Buda é um nome genérico, significa iluminado, aquele
que atingiu Budi, palavra em sânscrito que significa intuição,
ou seja acesso direto à sabedoria, ao conhecimento sagrado.
A mesma palavra em grego é Cristus. Que a tradição cristã
atribui a Jesus.

``Oh, não deixeis que se apague a chama!

Mantida de século em século,

Nesta escura caverna, neste templo sagrado,

Sustentada por puros ministros do Amor...

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Não deixeis apagar esta divina chama``

Edward Carpenter

A transmissão do conhecimento. Ou seja, quando a


humanidade cair em períodos muito obscuros não deixe que
o conhecimento se perca. O futuro depende disso. A filosofia
de Platão hoje significa que alguém manteve esse
conhecimento vivo por mil anos de Idade Média. Às vezes
com o risco da própria vida, porque a Inquisição não
brincava. O Hermetismo também foi a mesma coisa. Para
uma inquisição medieval era uma coisa imperdoável,
perigosa mesmo. E gratos, estamos aqui graças a esses
anônimos. E talvez o futuro precise que nós também,
sejamos fiéis ao conhecimento, para que ele, o futuro,
também seja grato a nós. Hoje vivemos o fanatismo
materialista, onde tudo que é metafísica é considerado como
superficial, supérfluo e dispensável.

E talvez, se não houver alguém que considere o valor dessa


chama, ainda corremos o risco de que ela se apague.
Passamos esse risco com formas e formas de se queimar
uma pessoa, não só através do fogo físico, mas através da
opinião pública, através dos modismos; porque o que nós

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vamos transmitir aqui é um pouco dessa chama. O
conhecimento egípcio talvez tenha sido um momento onde
a humanidade mais dominava os segredos da natureza
humana. Hoje o da natureza das coisas a gente domina mais.
Mas se nós conhecemos a natureza das coisas e não
conhecemos a natureza do homem, então utilizamos mal as
coisas. Então seria melhor que não as tivessemos. Parece
que estamos lendo o Ritual de Iniciação de Aprendiz.

O DEUS EGIPCIO THOT

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O DEUS GREGO HERMES

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O DEUS ROMANO MERCURIO

O CADUCEU DE HERMES

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QUARENTA E DOIS LIVROS

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CAIBALION

Em Qualquer lugar que estejam os vestígios do mestre, os


ouvidos daquele que estiver preparado para receber o seu
ensinamento se abrirão completamente.

Quando os ouvidos do discípulo estão preparados para ouvir,


então vêm os lábios para os encher com sabedoria.

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É um livro cujos autores são identificados como três
iniciados.

MAEL COLLINS

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Suspeita-se que tenham sido membros do Movimento
Teosófico, talvez Willian Walker Atkinson, e/ou Mabel
Collins, (amiga companheira de Helena Blavatsky no
movimento teosófico britânico), mas a editora estava
localizada no mesmo edifício de um Templo Maçônico.

É um livro escrito anonimamente, mas ele é uma compilação


e um comentário dos princípios de Hermes Trismegisto.
Grande sábio que não acreditamos nem que ele existiu, mas
que se existiu, viveu numa idade que pode ir de 1500 a 2500
antes de Cristo. Ninguém sabe dizer muita coisa sobre ele, é
hermético mesmo. Uma tradição altamente fechada. Mas é
atribuído a Hermes Trismegisto, entre muitas outras coisas
surpreendentes, que dentro dessa escola, uma espécie de
escola monástica fechada, só para discípulos de alto nível,
que ele conhecia as sete leis e que as sete leis explicavam
todos os fenômenos dos sete planos da natureza. Uma coisa
complicada, porque sete leis para explicar todos os planos
da natureza desde o físico, ao energético ou emocional, ao
mental. E as sete leis que eram colocadas de uma maneira
um pouco dispersa no Corpus Hermeticum e na Tábua de
Esmeralda, em um determinado momento alguém recolheu

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e comentou. É um livro brilhante. É de 1908. É um livro que
alguém teve o brilhantismo de comentar de maneira muito
apropriada. Esse livro, que não é muito grande, é um
comentário de cada uma dessas leis. Então a proposta é que
a gente possa compreender um pouco melhor esse livro.

Os Sete Princípios Herméticos

``Os princípios da verdade são sete;

Aquele que os conhece perfeitamente,

Possui a chave mágica

Com a qual todas as portas do Templo

Podem ser abertas completamente.``

Foi um templo egípcio que deu origem ao Templo de


Salomão e que por sua vez deu origem à nossa Ordem. Mas
não um templo religioso comum. Como nós sabemos templo
representa o universo manifestado. Os hermetistas diziam
que o universo é inteiramente sacralizavel, porque ele é
sagrado por natureza. Falta que a Consciência Humana o
reconheça. Aliás o Ritual de Aprendiz do REAA diz isso.

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Então a busca da verdade é abrir a chave da vida. Os
princípios da verdade são sete, e abrem as sete portas do
templo. Tradições ao longo da história consideravam que o
universo era septenário. O Universo em todos os seus
planos, de um átomo a um ninho de galáxias teria um plano
físico, energético, emocional, mental inferior, mental
superior, intuitivo e atmico que é um principio de vontade
que é análogo ao plano das idéias de Platão.

Então é fundamental que a gente entenda o significado da


palavra lei para entrar no Caibalion. A filosofia é quase que
uma alfabetização em uma língua nova. Hoje a gente não vê
nada de transcendente na palavra lei. E no entanto, sabemos
que certas civilizações consideravam que lei é sinônimo
de Deus. A filosofia hindu diz que as leis são os braços de
Deus estendidos sobre o Cosmos. Platão falou sobre isso,
que qualquer coisa na sua vida que deu certo ou que deu
errado significa que obedeceu ou transgrediu uma lei
universal. Os homens não inventam leis, eles deveriam ser
uma ponte entre o céu e a terra. Deveriam pegar uma lei
universal e adaptá-la para um contexto espaço-temporal.

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Estamos cansados de ver leis que são desastrosas, que são
às vezes preconceituosas, às vezes discriminatórias, às
vezes absurdas. Significa que o homem criou convenções
sociais que colocam a humanidade na contramão da
natureza, evidentemente vai dar errado. Então o que
Hermes está querendo dizer quando fala de leis, é o
esqueleto do universo. E que, se a gente entende, a gente vai
poder compreender muito melhor a anatomia externa desse
mesmo universo. Se a gente pegou este esqueleto, pode ver
o que está por trás. Então toda vez que algo nos acontece e a
gente consegue descobrir o princípio que foi utilizado, é uma
lição da vida que foi assimilada. Se não conseguirmos pegar
qual o princípio que foi utilizado ou transgredido ali é uma
lição que vai ter que se repetir. E este esqueleto do universo
é a manifestação do próprio Uno, aquele que ele chama de
Todo, a manifestação do próprio Deus.

Então entender as leis do universo é entender o próprio


Deus e dar uma previsibilidade das causas que a gente vai
gerar e dos efeitos que virão como consequência. Ou seja, se
a gente se movimenta no mundo de maneira inteligente,
assim como quando conhecemos as leis de uma rodovia,

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podemos nos movimentar de uma forma inteligente e
segura, aí a gente sabe onde vai chegar. Nós nos
movimentamos meio que com os olhos vendados no mundo,
sem conhecer as suas leis, e muitas vezes provocamos
acidentes. O que são as dores ou um monte de elementos que
às vezes nos fazem sofrer; significa que atropelamos leis.
Então essa é a ideia das sete leis, e vamos dar uma
visualizada em todas elas de uma maneira bem superficial,
porque neste pequeno estudo não dá para abordar com
profundidade, seria necessário um curso. Mas vamos falar
um pouco de cada uma delas.

1 – O princípio do MENTALISMO

``o Todo é mente; o Universo é mental.``

Universo é criação mental sujeita a leis;

Vivemos na mente do Todo.

A primeira lei de Hermes Trismegisto é o princípio do


mentalismo. Platão falava algo muito parecido. Ele falava

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aquilo que nós chamamos de teoria das idéias. que tudo
nasce no plano sutil, e depois vai para o plano concreto.

UMA CADEIRA

Toda criação parte da mente

Podemos dar o exemplo do marceneiro que constrói uma


cadeira, primeiro tem que pensá-la. Não tem jeito de sair
tropeçando na madeira e arrumando-a de qualquer maneira
e por acaso se fez uma cadeira. Isso não existe. As
coisas nascem no plano mental e vão passando para outros
planos. Passam pelo emocional, viram gosto; passam pelo
energético, viram uma ação; passam pelo concreto e nasce
um objeto. Assim nasceu a cadeira, ele faz esse trânsito do
plano mental para o plano concreto.

O que Platão fala é que as coisas vêm do plano mental para


o plano concreto. O que Hermes Trismegisto está dizendo é
muito mais do que isso. O que ele diz é que tudo é mente. O
resto é fantasia.

A compreensão deste Princípio

Habilita o indivíduo a

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Abarcar prontamente as

Leis do Universo Mental

E aplicar o mesmo Princípio

Para sua felicidade

E adiantamento

As coisas existem dentro da mente do criador. O universo


manifestado é um jogo de luz e sombras, um palco montado
dentro da mente do criador. Todos os planos que nos
parecem muito densos são ilusões. Tanto que eles vêm e vão,
surgem e deixam de existir. A única explicação para as coisas
sumirem diante da gente do jeito que somem é que elas não
são reais. Elas são formas mentais que obedecem leis no seu
fluxo, mas são formas mentais e Hermes explica muito bem
no capítulo do livro que ele trata do princípio do
mentalismo. A única coisa que explica o universo da maneira
como ele é, é dizer que as coisas são formas mentais de Deus.
São formas mentais do todo, elas não tem realidade. A
própria ciência hoje começa esbarrar com isso. Parece que
as coisas são campos de concentração.

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Filosofia prática:

``Vida interior

É controle da mente``

Elas não são propriamente coisas concretas como a gente


imagina. São campos energéticos, parece que não existe
nada tão concreto quando a gente imagina.

CUIDA DAQUILO QUE PENSA

Então Hermes diz que a única coisa que explica os


fenômenos de surgimento e desaparição da consciência
humana no mundo é o fato de que essa aparição não ser real.
Ele explica muito bem isso e mostra que a única coisa que
podemos fazer é ver a lei que se manifesta através dessas
coisas. Que conservemos o seu espírito. Que a forma nós
vamos perder mesmo. Inclusive o nosso corpo, que é um
empréstimo, e que num determinado momento teremos que
o devolver. Se a gente capta a lei que se expressa através
disso a gente se apropriou da sua essência, que vai voltar a
refletir lá na frente. Mas a única coisa real é a essência que
está por trás disso, que no fundo é uma lei. Mas se
acreditarmos que alguma coisa no plano material (todo o

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universo) tem importância em si é uma ilusão, porque são
formas mentais tanto quanto as que a gente cria e passam
em nossa cabeça.
O próprio Universo
Seria uma criação
Da mente do Todo
Só que mais duradouras que as nossas, por que são formas
mentais do Todo. E a forma como Hermes explica isso é
sensacional. Ele mostra por um raciocínio lógico que a
natureza material não teria como ser, ter o comportamento
que tem se fosse real.
Ela tem comportamento de forma mental. Daí que surge,
desaparece diante dos nossos olhos, e nos deixa perplexos.
O próprio fenômeno do tempo nos deixa perplexos. De
repente a gente olha coisas que pareciam muito reais. Uma
identidade que a gente pensava que tinha e não tem mais, o
rosto que a gente pensava que tinha no espelho e não tem
mais.
Tudo é muito passageiro, o tempo vai tirando as coisas de
uma tal maneira, que se a gente não tem algo que está além
do tempo, a gente não tem nada. Porque às vezes a gente
olha para pessoas que a gente encontra na rua, um colega de

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faculdade. Nossa como envelheceu. Ele deve estar pensando
a mesma coisa da gente. A gente não se olha no espelho, não
vê que o corpo da gente já não é a mesma coisa. Mudou tudo,
então quem sou eu? Que se tudo muda. O que permaneceu?
Então vivemos, acordamos e dormimos com o mistério,
como dizia Helena Blavatsky.
Que é o mistério da identidade das coisas, que tem que ser
alguma coisa que permanece. Então, o princípio do
mentalismo fala que todo o universo manifestado é uma
forma mental dentro da mente de Deus. Um palco dentro da
mente de Deus.

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Os hermetistas dão o exemplo do vidro da rolha e do ar.
Dizem que a rolha é o plano psíquico do homem, mente
inferior emoções; o vidro é o corpo físico; e o ar é o espírito.
Tem um momento que a rolha é arrancada e o ar volta para
o plano dele, e tudo se destrói. A psique faz com que um
pouco da nossa essência fique presa, atada a esse tanto de
matéria, mas é um fenômeno passageiro. Essa rolha vai sair
porque ela não faz parte do vidro, uma hora ela será
arrancada, e daí ela vai se desassociar, e o vidro também vai
se desassociar e vai permanecer o ar, que é o espírito e que
vai voltar e habitar outros vidros. Nós não somos esse
invólucro, essa embalagem. Tanto que teremos que devolver
para o dono. Este invólucro, vai voltar a quem pertence de
direito, que é a natureza.

Os hermetistas usam também o exemplo do estanho. E


dizem que o estanho é um metal muito dúctil, ou seja,
quando ele se aproxima do calor se liquidifica e quando ele
se aproxima do frio ele se consolida. Eles dizem que a nossa
essência é assim. Se se aproxima do plano espiritual ela se
torna abstrata metafísica; se se aproxima do material, se
torna densa. Na verdade é apenas uma aparência passageira.

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Então esse é o primeiro princípio, o do mentalismo, que é o
mais conhecido.

2 - Princípio da CORRESPONDÊNCIA

``O que está em cima é como o que está embaixo,

E o que está embaixo é como o que está em cima.``

O princípio da correspondência diz o seguinte: o que está em


cima é como o que está embaixo e o que está embaixo é como
o que está em cima. Deus fez o homem à sua imagem e
semelhança. Imagem e semelhança é o seguinte: o quê está
no plano espiritual, é análogo ao que está no plano mental,
ao que está no plano emocional, e ao que está no plano físico.
Não é idêntico, é análogo. Segue, obedece as leis que são
semelhantes. São praticamente as mesmas em todos os
planos. Não é idêntico. Então uma comparação, com corpo,
a boca no seu plano é equivalente ao estômago, porque, é
uma continuidade do sistema digestivo; mas não são
idênticos, cumprem a mesma função de digerir alimentos
em níveis diferentes. Então se a gente identificar, num
determinado momento, que a maneira como a gente dirige
o nosso carro é igual à maneira como nós dirigimos a nossa

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vida. Não estamos fora da realidade, estamos fazendo uso do
princípio da correspondência. Se a maneira como nós
arrumamos nosso armário é semelhante a maneira como
nós arrumamos as nossas ideias, nós estamos usando o
princípio da correspondência. Uma das grandes dificuldades
da maioria das pessoas é arrumar o seu armário, as suas
coisas, porque não vêem similaridade com a organização de
suas idéias. Essas coisas, são todas similares em planos
diferentes. Então o que acontecerá quando a gente perceber
que os planos material, mental e espiritual são similares. É
que quando a gente move num plano a gente gera uma
tendência em outro. Então quando a gente vê, por exemplo
que as grandes escolas de filosofia do passado prezavam
muito pela ordem, pela beleza, não é porque Platão era
meticuloso e impertinente e queria a casa organizada. É
porque ele queria os pensamentos dos seus discípulos
assim. Ele queria os sentimentos dos seus discípulos assim.

Hermes sabia que havia um convite à ordem quando era


criado um ambiente ordenado. E sabia muito bem que uma
pessoa que tem uma mente ordenada tende a criar uma vida
ordenada. Seja organizar o tempo e o espaço, e como

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consequência, uma vida produtiva, ou seja, ele conhecia essa
similaridade de planos. E quem conhece pode manobrar
num plano para tentar gerar uma tendência para corrigir
todos os outros. E isso era chamado de magia hermética. A
alquimia medieval era hermetismo. Mexiam num plano para
poder movimentar os outros por similaridade. Como um ato
de consciência, para mover os outros com similaridade.
Então, por exemplo, uma pedra que está nos nossos pés no
chão, tem algo de similar com a ordem de uma estrela que
está a milhares de anos-luz. A geometria nos dá dados que
se aplicam a todos os planos do universo. É similar. Então o
que os hermetistas procuravam era conhecer leis que, sendo
aplicadas num plano, poderiam gerar tendências, e
aperfeiçoamento em todos os outros. Ou seja, o princípio da
correspondência mostra que o universo se movimenta de
maneira equivalente em todos os planos. Então é muito
provável que uma pessoa sábia deixe beleza por onde ela
passa. Deixe um espaço cada vez mais ordenado no sentido
não de rico, mas de harmonioso, pois hoje, quando a gente
fala de ordem, a gente pensa em luxo e não em harmonia.
Um sábio é provável que deixe harmonia por onde ele passa

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em todos os planos como um rastro. Pelas vossas obras vos
conhecereis, como dizia a tradição cristã.

. Exemplos:

- O HOMEM É UM MICROCOSMOS INSERIDO NO


MACROCOSMOS

- O TETRAGRAMA SAGRADO - DEUS FEZ O HOMEM À SUA


IMAGEM E SEMELHANÇA

- PORTAL DE DELFOS: ``HOMEM, CONHECE A TI MESMO E


CONHECERÁS O UNIVERSO E OS DEUSES``

3 - Princípio da VIBRAÇÃO

``Nada está parado; tudo se move, tido vibra``

Nada está parado, tudo se move, tudo vibra. Esse princípio


diz que o universo inteiro tem como característica mais
interna e mais profunda a vibração. A diferença entre a
matéria mais densa, mais concreta e o espírito mais sutil é
vibracional. Quando a matéria densa é sutilizada repetidas
vezes, passando por patamares, ela vai até chegar ao
Espírito puro.

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O TECLADO CÓSMICO DE CAMILE FLAMARON

Então se nós, por exemplo confrontassemos um


grande filósofo do passado e ele nos perguntasse onde a
gente está, não adiantaria nós darmos o nosso nome,
endereço, CEP, altura da rua, perto de quê, etc. Ele quereria
saber em que nível vibracional a gente está. Que isso que é a
identidade mais íntima do homem.

Puro Espírito= Matéria grosseira: gradiente de ordens


vibratórias.

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Mais evoluído; mais elevado na ordem.

Então eles chamavam isso de nome interno. Cada um de nós


tem um nome interno que é o nível em que a gente vibra. E
a gente veio para este mundo para passar deste nível para
um nível mais sutil. Daí que vamos ver a preocupação que
Platão tinha com a música. Ele dizia: eu conheço a qualidade
de um estado pela música que o governo dá para seu povo.
A musica é um convite vibratório. Tem relação com a nossa
coluna da beleza. Então, por exemplo, se educamos o gosto
de uma criança para ouvir uma música que eleva a
consciência, ela é convidada a elevar a sua vibração para
esse patamar. A depuração do gosto, isto é, se a gente eleva
o gosto para a nobreza, para a harmonia, a gente tem um
convite para elevar a nossa vibração para esse plano. Gera
afinidades, todo gosto vulgar e grosseiro não é impune.

Puro Espirito = Matéria grosseira: gradiente de ordens


vibratórias

Mais evoluídos: mais elevado na ordem

Extremos parecem parados.

Evoluir = ``acelerar.``

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Identidade = endereço vibratório.

Em algum momento a consciência vai vibrar num plano


também grosseiro. Na hora de se relacionar com alguém, na
hora de se conduzir no trânsito, na hora de administrar
alguma situação pessoal, financeira, etc. Seja lá o que for,
essa vulgaridade vai nos puxar para esse plano em outras
situações da vida. Porque toda vida é vibração. Então a
música que a gente ouve então é importante. Essa
preocupação em fazer com que o homem mude de endereço
e eleve sua vibração para algo mais sutil, porque o universo
é todo ele um padrão vibratório. Isso Heráclito na filosofia
grega já dizia, tudo vibra, tudo se move. Ninguém se banha
no rio duas vezes, porque o rio já não é mais o mesmo. Nós
já não somos mais o mesmo, tudo está vibrando, tudo está
buscando um grau de vibração maior. Isso é evolução, isso é
desenvolvimento.

Desenvolvimento vem de desenrolar. Eram os papiros do


Egito que se abriam para se ver o que continham. Nós temos
que acelerar a nossa vibração, e acelerar a vibração é como
que ir abrindo esse rolo de papiro para ver o que ele contém,
para ver quem somos, para ver a nossa verdadeira

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identidade. Então evoluir é acelerar a identidade. É o nosso
endereço vibratório, a nossa identidade. Roger Scruton, que
é um filósofo moderno, que está vivo ainda hoje, disse que
aquele que se preocupa com o futuro da humanidade
deveria recuperar o valor da arte com a educação da
Consciência Humana. A verdadeira arte tem essa
capacidade, sobretudo a música. Ela nos puxa para um
padrão vibratório bem mais elevado, e tende a levar o resto
de reboque. Para isto seria interessante usar para a criança
desde a mais tenra idade.

4 - Princípio da POLARIDADE

``Tudo é duplo; tudo tem seus pólos, tudo tem seu oposto.

O igual e o desigual são o mesmo.

Os opostos são idênticos e natureza, mas diferentes em grau.

Os extremos se tocam.

Todas as verdades são meias verdades;

Todos os paradoxos podem ser reconciliados.``

O quarto princípio, que é o princípio da polaridade diz o


seguinte em linhas gerais. Um termômetro pode ser um

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exemplo para melhor entendimento. Se observarmos, no
inverno, que pode estar fazendo 5 graus, ou no verão 40. Aí
a gente percebe que isso é uma convenção relativa, que frio
e calor são variantes de uma mesma coisa. Uma pessoa da
Islândia talvez ache 5 graus uma temperatura até amena. Ou
seja, onde é no termômetro que termina o frio e começa o
calor?

É uma convenção relativa, em geral comparada à


temperatura do nosso próprio corpo. Mas, são variantes de
uma mesma coisa, que é temperatura. Às vezes os verões
não são mais tão quentes, ou seja, esses gradientes de
temperatura são conversíveis um no outro. Os hermetistas
dizem que não é só a temperatura. Tudo. Nós não podemos
converter o calor no macio. Mas podemos converter o macio
no resistente e o calor no frio. Se a gente descobrir a
natureza das coisas, a gente pode mudar a polaridade delas,
a gente pode levá-la para outra polaridade.

Universo dual:

Opostos são extremos do mesmo.

Sem ``fronteiras``

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Alquimia mental: ódio em amor

Vontade altera polaridades.

Os hermetistas dizem que o universo dos pontos extremos


do mesmo sem fronteiras é alquimia mental, que pode ser
trabalhado não só com temperatura, mas com emoções, com
a psique humana. Ou seja, um sentimento. Em cima um
sentimento fraterno, Em baixo um egoísmo extremo.
Podemos dar uma aquecida nesse sentimento, transmutá-lo
de um pólo para outro, se aprendermos a trabalhar com o
principio da polaridade. Temos a capacidade de reverter um
polo no outro contanto que seja da mesma natureza.

Eles chamam isso de alquimia emocional, alquimia mental.


A gente pode transformar o sentimento. Se a gente tem
algum sentimento ele pode ser sublimado, ele pode ser
acelerado, ele pode ser levado para o melhor dos
sentimentos. Se a gente tem algum pensamento, ele pode ser
sublimado, ele pode ser elevado ao pensamento mais
abstrato. Pode ser elevado ao plano das idéias, porque
dentro de nós existe o gradiente. Nós precisamos dar uma
acelerada na vibração. E a alquimia trabalha nisso , como
aquecer o sentimento humano, como sublimar o

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pensamento humano. Como reverter as polaridades. Porque
se tem um, em potencial pode ter o outro. São na verdade
variações da mesma coisa, não são opostos.

5 - Princípio do RITMO

Tudo tem seu fluxo e refluxo, tudo tem suas marés.

``Tudo sobe e desce, tudo se manifesta por oscilações


compensadas.

A medida do movimento à direita é a medida do movimento


à esquerda.

O ritmo é a compensação.``

Um gradiente de muita euforia para um lado gera um


gradiente de depressão para o outro lado. Se buscarmos o
centro temos veremos que todos os excessos vão cobrar um
preço equivalente logo em seguida. Ou seja, quando a gente
pensa muito em coisas banais do ponto de vista egoísta;
quando a gente solta, a gente tende a ir para o extremo
equivalente do outro lado. O desvio gera desvio e num
gradiente equivalente.

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Muita bebedeira, muita ressaca. Então o equilíbrio é o
centro, e não tem nada a ver com esses excessos. Então a
idéia seria que o homem buscasse o centro humano em
todos os planos. O equilíbrio emocional, sentimentos
elevados. No equilíbrio mental, pensamentos nobres, uma
compreensão profunda das coisas e para isso evitar os
excessos. E como é que se faz isso? O livro aborda neste
capítulo a respeito de um outro princípio, que é o princípio
da neutralização. Então vejamos esse quadradinho cheio de
pontinhos na tela abaixo.

A DÉCADA PITAGÓRICA É A ESSÊNCIA DA


MAÇONARIA

Fluxo/refluxo, frente/atrás, atração/repulsão entre pólos.

Oscilação mental neutralizada: equlibrio e firmeza.

Princípio da neutralização

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O O

O O O

O O O O

Essa é a década pitagórica ou tetractys de


Pitágoras, Aí podemos perguntar: o que Pitágoras tem a ver
com isso. Pitágoras é pré Socrático é grego, e o que ele tem a
ver. Na Maçonaria tem tudo! Na verdade a Grécia foi muito
influenciada pelo Egito e há mil maneiras de a gente
interpretar esse exemplo de Pitágoras, e uma delas é pela
chave hermética.

E a década pitagorica é uma das colunas da


Maçonaria. Imaginemos aqueles dois pontinhos lá em baixo.
Aqueles dois pontinhos da segunda linha podem
ser duas crianças brigando por um ursinho. Esse exemplo é
clássico. E a condição fundamental para a gente resolver
essa briga é que a gente não deseje o ursinho, porque se a
gente desejar o ursinho, a gente será uma terceira criança
brigando pelo ursinho. Vai aumentar o conflito, e não vai
resolvê-lo.

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Então se a gente está num patamar acima, num


pontinho de outro nível mais acima, a gente tem outros
desejos, tem outras aspirações, aí a gente consegue conciliar
o conflito daquelas crianças. Vamos dizer para elas: olha
brinca um agora, o outro daqui a pouco, empresta um para
o outro, divide. Então é possível harmonizar, porque não há
desejo. Então a gente subiu para um patamar onde
neutralizamos a dualidade aqui de baixo. Mas esse patamar
vai ter outro tipo de dualidade. Então, sou um adulto que não
desejo mais um ursinho, mas o meu vizinho comprou um
carro muito mais novo do que o meu, ou seja, estabeleceu

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uma dualidade no meu patamar, daí eu vou ter ciúme do
vizinho. Aí vem alguém com um pouco mais de senso e me
diz: olha, a tua vida não vale pelo carro que você tem. Você
precisa de outras coisas. Essa pessoa está em outro patamar,
neutralizou. Alguém mais sábio do que eu. Mas essa pessoa
muito sábia pode ser que tenha uma vaidade muito grande
por sua sabedoria. Aí aparece alguém mais sábio que ele, e
gera uma dualidade no plano dele, até que conciliando,
neutralizando, desapegando, acelerando as nossas
vibrações, a gente vai chegar no ápice da pirâmide. A gente
vai chegar um dia num ponto que é o Uno, é o Todo, a
Consciência Divina. Que não tem dualidades, desapegando e
vibrando em níveis cada vez mais sutis, mais humanos.
Valores, virtudes, sabedoria, superando a dualidade.

Só tem um jeito de superar os conflitos: é subindo.


Se temos conflitos é porque estamos no mesmo nível deles.
Só tem esse jeito de fugir dessa polaridade, é passar para o
andar de cima. Como no exemplo das crianças, não podemos
faze-las deixar de desejar o ursinho. Isso é uma lei da
natureza. Temos é que deixar de ser criança. Só tem esse
jeito então, neutralizando, elevando a consciência. Só que a

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gente neutraliza os conflitos num plano e passa para o outro.
Nesse outro também vai ter conflitos, passa para outro até a
gente chegar a um ponto que está acima da dualidade.
Ensinamento do grau de aprendiz, e também do grau 30 do
REAA. No Uno que é o sábio. O sábio já tem uma consciência
que não tem polaridade, aí não tem mais conflito. Enquanto
não chegarmos ao ápice da condição humana, conflitos,
dualidades, polaridades.

6 - Princípio de CAUSA E EFEITO;

``Toda causa tem seu efeito, e todo efeito tem sua causa.

Tudo acontece de acordo com a Lei; o acaso é,


simplesmente,

Um nome dado a uma lei não reconhecida.

Há muitos planos de causalidade, mas nada escapa à Lei.

Toda causa tem seu efeito e todo efeito tem sua


causa. Tudo acontece de acordo com a lei. O acaso é
simplesmente um nome dado a uma lei não reconhecida. Há
muitos planos de causalidade, mas nada escapa da Lei. Ou
seja, o que podemos fazer é estar consciente das causas que

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vamos gerar, para que o efeito seja condizente com aquilo
que desejamos. Mas se soltarmos um objeto, pela lei da
gravidade, ele vai cair; se não desejamos que o copo quebre,
então não soltemos. Conheçamos a causa e o efeito e
trabalhemos com causas. Em geral, em planos mais sutis,
cujos efeitos sejam mais favoráveis. Mas não podemos
driblar a lei de causa e efeito, que, aliás, é uma das coisas
curiosas que nós fazemos com a educação das crianças. Os
jovens sem gerar nenhuma causa, nenhum mérito, eles têm
direito a todos os privilégios que eles querem. Aí o que
acontece, eles não entendem a lei de causa e efeito e acham
que na vida inteira eles vão ser tratados assim. Sem gerar
causas vão ter direitos a todos os efeitos, e que alguém
pagou a conta cármica para eles. Em determinado momento
em consequência deste desajuste da lei, vão aparecer os
efeitos da própria preguiça, da própria inércia, da própria
debilidade, e não daquilo que eles desejariam.

Isso gera desajustes que ao longo da vida não se


recuperam. E educar é integrar o ser humano nas leis da
natureza. Às vezes por um amor mal interpretado, ou vivido
de uma forma equivocada, nós desajustamos nossas

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crianças e os nossos jovens às leis da natureza. Então esse é
o princípio da causalidade. O hermetistas dizem que não
existe casualidade, que tudo tem uma causa. Pode até ser
que não seja reconhecida. Mas um dos elementos
fundamentais da vida é a gente juntar as pontas da vida e
saber em que momento que a gente gerou a causa de cujo
efeitos estamos vivendo agora. Porque assim justificamos o
nosso passado, damos sentido ao tempo quando lembramos
do momento em que geramos a necessidade dessa
experiência que estamos vivendo agora. Os hermetistas
dizem: planos superiores dominam os inferiores. As massas
são manobradas por circunstâncias, mas os sábios desde
cima dominam gênio, caráter, hereditariedade e cultura.
Então existem causas e efeitos num plano físico. Se a gente
junta o princípio da causa e efeito com o princípio da
neutralidade a gente foge da causa e efeito. Passando de um
plano inferior para um plano mais elevado..

Não existe casualidade.

Planos superiores dominam

Os inferiores.

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Massas manobradas

Por circunstâncias.

Sábio: desde cima,

Dominam gênio, caráter,

Hereditariedade, cultura...

Mas eu sou teimoso. Mas o teimoso está no plano


físico e o meu idealismo está no plano mental e emocional.
Ele se impõe sobre a minha teimosia. Com teimosia ou sem
teimosia eu vou fazer aquilo que eu acho bom para os
demais. Isso porque eu trabalhei com uma causalidade em
outro plano. Então, quando o homem é muito inconsciente
ele se torna como se fosse uma bolinha de bilhar. Uma massa
de manobra na mão das causas no plano físico. Então ele se
torna fruto das suas circunstâncias.

Mas se ele conhece que a causalidade pode também


ser sutilizada, ele começa a trabalhar com causas também de
outros planos. Então se agimos por sentido de dever
cumprido, teremos um efeito, que é o sentimento de dever
cumprido. Se agimos com fraternidade vamos ter um efeito,

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que é estar em paz com a nossa consciência. Eu não vou ser
igual a minha família porque eu recebi uma hereditariedade.
Aliás, cuidado, porque no nosso momento histórico existe
quase uma obsessão por analisar a personalidade, e com
certeza é com o objetivo de transferir a culpa para outrem.

7. Princípio do GÊNERO;

``O gênero está em tudo;

tudo tem seu princípio masculino e feminino.

O gênero se manifesta em todos os planos.``

As plantas possuem o androceu e o gineceu, o masculino e o


feminino no plano vegetal. Masculino e feminino no plano
cósmico é o Ying e o Yang, no plano micro- cósmico elétrons,
prótons e neutrons, o positivo e o negativo. O universo
inteiro gera a partir da combinação desses pólos. O princípio
do gênero é um desdobramento do princípio da polaridade.
Tudo aquilo que é criado no universo vem da combinação
desses dois. Todos os seres tem dentro de si o masculino e o
feminino. Tem um capítulo desse livro que é sobre o gênero
mental. Diz que a gente só tem idéias próprias quando a
gente tem o masculino e o feminino na mente. Porque se não,

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a gente só sai criando, como no ninho do cuco. O passarinho
cuco que coloca o ovo dele no ninho de outro passarinho.
Alguém vem e põe uma idéia na nossa cabeça e nós lhe danos
vida. Mas não é nossa. Então a gente tem que ter o masculino
e feminino no plano emocional para ser dono dos nossos
sentimentos, no mental para ser dono dos nossos
pensamentos. Para criá-los desde a semente até o fruto.

Fisico, mental e espiritual.

De ``gerar``, regenerar e criar.

Nenhuma criação ocorre sem ele.

Harmonia por oposição.

Nada a ver com práticas sexuais.

Então se a gente não tem capacidade de elevar a


consciência até esse plano das idéias, o plano espiritual, não
se cria nada novo. Os grandes inventores das áreas artísticas
e científicas tiveram acesso à intuição. Viam algo além da
mente. Depois a mente explicava para o mundo. Então o
espírito cria, a mente regenera, e o corpo físico gera. De
qualquer maneira o universo se movimenta quando existe a

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combinação desses dois polos em todos os planos. A
necessidade de haver uma semente e depois a criação e o
desenvolvimento da vida em torno dessa semente. A
necessidade do polo masculino e do polo feminino em todos
os planos. Nenhuma criação ocorre sem eles. E os
hermetistas dizem: toma cuidado que esse princípio egípcio
que muitas vezes, hoje, é interpretado como princípio
sexual. Para quem acha que existe alguma magia no ato
sexual, que existe uma série de desenvolvimentos em torno
disso. Eles falam muito duro no livro. Cuidado com práticas
que você acha que vai desenvolver algum poder através de
práticas sexuais que em geral são confusões. O princípio do
gênero está falando do elemento fecundador e do elemento
que desenvolve a vida em todos os planos dentro de nós. E
não de práticas sexuais.

O TODO É MENTE - O UNIVERSO É MENTAL

Em qualquer fato que prospera ou não,

Percebe-se a Lei.

Pedra Filosofal, que transmuta tudo:

Crianças brincam com ela, nas ruas...

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E, por fim e não menos importante, para entender essas leis.


Aquele princípio Platônico que diz que em tudo que
prospera ou fracassa existe obediência ou a desobediência
ou infração de alguma lei da natureza. Em tudo aquilo que
dá certo a gente pode aprender uma lei, que se aplica em
qualquer outra situação. Em tudo que fracassa também. Os
alquimistas, que eram na verdade hermetistas, estudavam o
conhecimento de Hermes Trismegisto. Eles não queriam
transformar chumbo em Ouro. Eles queriam transformar o
homem ignorante em homem sábio. O homem de chumbo
em homem de ouro. Isso era meramente uma fachada para
fugir da Inquisição. Eles buscavam uma tal de Pedra
Filosofal, que se dizia que ela era algo que ajudava a acelerar
tudo que nela encostava. Então quem tinha a Pedra Filosofal
podia transformar chumbo em ouro. Chegavam a fazer uma
série de imagens, que são mais símbolos do que
propriamente realidade.

Diziam que era uma pedra vermelha. E o que é a Pedra


Filosofal? É a própria filosofia!. Amor à sabedoria. Eles
diziam que todo mundo procurava a Pedra Filosofal. E no

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entanto ela está em todos os lugares. A gente passa por ela
nas calçadas. As crianças brincam com elas nas ruas. E
ninguém a vê. O que é Pedra Filosofal? Ao encostar nas
coisas ajuda elas a progredirem. A se desenvolverem. Então
a lei que a gente pode perceber atrás de qualquer coisa, é
uma lei que a gente pode aplicar em qualquer outro plano.

E para finalizar, vamos lembrar daquela frase da


tradição do confucionismo, que diz que o homem vulgar fala
de pessoas, o homem mediano fala de coisas, e o homem
superior fala de ideias. É uma necessidade filosófica de
buscar ideias, as leis, a verdade por trás das coisas
aparentemente arbitrárias. Remover a arbitrariedade da
vida e encontrar um sentido para as coisas que está se
vivendo. E é para isso que foi criada esta nossa Loja de
pesquisa.

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APÊNDICE CIENTÍFICO

A VIDA EM UM MUNDO QUÂNTICO

"A Mecânica Quântica não se restringe a partículas


minúsculas. Ela se aplica a corpos de todos os tamanhos:
pássaros, plantas e pessoas,"
Vlatko Vedral .

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Esta nova partícula, batizada de "Xicc++", é


constituída de dois quarks charm e um quark up e pertence
à família dos bárions.

Praticamente toda a matéria que vemos à nossa volta é feita


de bárions, cujos representantes mais famosos são os
prótons e nêutrons.

Publicação de 06.07.2017 FRANCE PRESS

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ACELERADOR QUE PERMITIU A DESCOBERTA GRANDE
COLISOR DE HÁDRONS (LHC)

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O EFEITO RETARDADO

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Tudo vem de um lugar, do vácuo. E ele não é um nada, ele é


um puro potencial de energia. O manifesto só é possível
através do imanifesto. A existência se sustenta na não-
existência. Aí se juntam filosofia e ciência. O efeito casimir, o
fato de os fótons e os elétrons se comportarem daquela
maneira esquisita quando observados, no efeito retardado,
mostram que é do vácuo que emergem todas as coisas. Os
atomos são feitos de 99,99999999999999999% de vazio, ou
seja, de flutuações do vácuo. O vácuo é a energia que está em
tudo. A teoria de campo quântico atual é dividida por um
processo de renormalização. Eles renormalizaram a

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densidade de energia do vácuo, que pode ser infinita se não
for removida pela renormalização. A densidade do vácuo é
práticamente infinita. Isto quer dizer que para a física atual
tinha que ter uma energia infinita, do vácuo. Mas todos nós
e também os cientistas temos um grande problema para
lidar com coisas infinitas. O infinitamente pequeno e o
infinitamente grande. Todos queremos renormalizar as
coisa, mas isso faz com que se crie sistemas isolados de
estudo, e lidar com infinito é justamente o contrário, tem
que haver uma conexão com o todo. O físico Nassim
Haramein mostrou nas suas equações que tudo é uma forma
fractal colapsada do vácuo, que tudo contém o todo no
mesmo lugar. Tudo está conectado. Tudo é uma coisa só.
Quanto mais você se afasta, mais você vê os padrões. O
colapso da função de onda é que faz as coisas
colapsarem/existirem. Limitar o infinito para algo finito. É
quando o vácuo imanifesto se torna manifesto nesta
dimensão. Esse colapso se dá numa geometria infinita,
obviamente uma geometria fractal. Ela sai de uma
singularidade infinita, em forma toroidal, na geometria do
colapso aqui nesta dimensão, e essa geometria se aplica em
tudo. Ela está em todo lugar, dos átomos até os super

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aglomerados de galáxias. E é a geometria que a gente
consegue ver em tudo, e ela está conectando tudo.

Bibliografia:

Texto principal
Internet – Manuscritos Macônicos
Albert Pike – Moral and Dogma
Manly Palmer – As chaves perdidas da Maçonaria
Pablo Guedes – Da Formula dos Deuses Mortos
Três Iniciados – O Caibalion
Lucia Helena Galvão – Palestra na Internet sobre Hermes
Trismegisto – Nova Acrópole
Edouard Schuré – Os Grandes Iniciados – Hermes
Apêndice cientifico:
Revista Scientific American – A vida em um mundo quântico
Internet – O efeito Casimir, Renormalização da Densidade
do Vácuo, A geometria do Colapso nesta Dimensão

Autores:
- Francisco Ferreira Oliveira Neto - Loja de Pesquisas
Hercule Spoladore/Brasil - N. 45 - A M em 12/07/86 - C M
em 17/03/87 - M M em 22/09/87
- Assis Ferreira - Loja Ciëncia e Trabalho - N. 20 e Loja de
Pesquisas Hercule Spoladore/Brasil - N. 45 - A M em
13/03/65 - C M em 19/05/65 - M M em 11/08/65

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A INFLUÊNCIA DA CULTURA JUDÁICA E
GRECO-ROMANA, NA FILOSOFIA DO
RITO ESCOCÊS
Ir∴ Daniel Ruiz

Tudo o que falamos ou fazemos hoje, no mundo ocidental e


parte do asiático, seja no campo da ciência ou da religião. O
nosso conhecimento e compreensão, esta alicerçado em
fundamentos bem profundos. Sustentado e representado
por três colunas culturais:

-A RELIGIÃO. A FILOSOFIA E A POLÍTICA


Onde estão plantados todos os princípios de “modus
vivendi” de nossa atual sociedade humana.

O próprio conceito de Cultura, dado por M. J. Herskovits, diz:


A Cultura é essencialmente uma construção mental que
descreve o corpo total de crença, comportamento, sanções,
valores e objetos que caracterizam o modo de vida de
qualquer povo. Isto é, embora uma cultura possa ser tratada
pelo estudioso como passível de uma descrição objetiva, em
última análise ela compreende as coisas que o povo tem; as
coisas que ele faz e o que ele pensa. Este conceito entre
tantos outros, reúne as principais categorias que são:

HISTÓRIA, DESCRITIVA, NORMATIVA, PSICOLÓGICA E


ESTRUTURAL.

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Os critérios pelos quais se reconhece a Cultura:- é que
precisa ser inventada, precisa ser transmitida de uma
geração a outra e precisa ser perpetuada em sua forma
original ou numa forma modificada.

A CULTURA DA HERANÇA RELIGIOSA COM OS HEBREUS,


(monoteísmo), a través da crença em um único Deus.

A CULTURA DA HERANÇA FILOSÓFICA, COM OS GREGOS


(logos), pelo conhecimento racional.

A CULTURA DA HERANÇA POLÍTICA COM OS ROMANOS.


(direito), codificando as leis escritas.
A RELIGIÃO- etimol. Do latim, Re-ligare = ligar novamente,
o que estava separado, com a promessa em Abraão. Deus
estava ligando o homem de novo ao criador, através de um
culto prestado a divindade, reconhecendo como um dever
sagrado e com uma crença viva.

Sociologicamente- um sistema solidário de crenças e


práticas relativas as coisas sagradas, isto é, separados e que
unem em uma mesma comunidade moral, chamada igreja.

A herança da Cultura judaica, através dos hebreus há 4.200


anos ( aprox.), com o patriarca Abraão, criou a crença em um
único Deus ( monoteísmo), com esse princípio serviu
também, para a formação no futuro de outras religiões
como: o cristianismo e o islamismo.

A FILOSOFIA-Ciência geral dos princípios e causas, ou


sistema de noções gerais sobre o conjunto das coisas, e o
esforço para generalizar, aprofundar, refletir e explicar,

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sistema de valores, força moral e elevação do espírito com
que o homem se coloca acima dos preconceitos. Filosofar-
raciocinar sobre assuntos filosóficos, discorrer sobre
qualquer matéria científica.

A HERANÇA da Cultura grega, com a busca do conhecimento


do cósmico, a fim de ter respostas para as perguntas, que
fazia sobre a origem do mundo e sobre os fenômenos
naturais, que ele via acontecer à sua volta, deu inicio ao
período racional. Foram os gregos, os primeiros a usar
maneiras diferentes de pensar para discernir entre o que
tem existência aparente e o que tem existência real.

- QUE É QUE EXISTE?


- DE ONDE VIERAM AS COISAS?

- COMO É QUE ELAS SE TORNARAM?


- O QUE É O SER?

Há- 2600 anos, Tales de Mileto, um dos sete sábios da Grécia


antiga, ficou famoso a partir da previsão que fez da eclipse
que ocorreu no ano 585 a. C. acertou o dia e os locais de onde
podia ser observado. Foi o primeiro filósofo, que inicio a
argumentação racional na justificação das teses que
explicam as origens das coisas.

Para ele, a “água” era o princípio criador de todas as coisas.


Dando origem a outras filosofias, que defendiam o – “ ar”,
como substância inicial. O “fogo”,seria o princípio básico, e a
“terra”, com esses elementos, formariam os quatro

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elementos primitivos. ( as viagens; como prova para o
candidato).
PITÁGORAS- 582-497. a . C.

Criou a escola de transmitir conhecimentos, Que baseava


numa ciência experimental e acompanhada de uma
organização completa da vida. Seu pensamento filosófico e a
concepção que ele formulou sobre o – “dualismo essencial”,
entre o limitado e o ilimitado, e a equação de coisas e
números.

SOCRATES- 469-399 a. C.
Para Sócrates, o objetivo primordial da filosofia é o ensino
da virtude. Foi o primeiro filósofo a adotar um método que
batizou com o nome de “maiêutica”, tem por objetivo
descobrir a verdade por meio da discussão. Lançava mão de
uma pergunta, vinha a resposta e fazia outra pergunta em
cima da resposta e, assim sucessivamente, até que julgasse
estar mais perto da verdade. É tido como o inventor do
raciocínio indutivo, iniciador da metafísica. ( etiml. Grego.
além da natureza e física).
PLATÃO – 427-348 a.C.

Foi tido como discípulo de Sócrates, amplia especulação


sobre o conceito- estabelecendo sua teoria das “IDÉIAS”.
Para Platão, as coisas nada mais são que meras sombras das
idéias. Seu método foi batizado de “DIALÉTICA”. Suas
principais obras. República ( sobre a justiça e sobre o
Estado). Fedon, (sobre a imortalidade da alma e da doutrina
das idéias). Gorgias, ( sobre retórica). o Banquete, ( sobre o

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amor),Protágoras, (sobre o nascimento das idéias entre
si).Filebo, ( sobre o prazer). Fedro, ( sobre a beleza). Além
de outra obras. ( Santo Agostinho construiu a Escolástica
cristã, tendo como base a filosofia de Platão).

ARISTÓTELES – 384-322 . a.C.


Considerado filosofo por excelência, suas obras falam sobre
uma infinidade de assuntos, Ciências, Política, Matemática,
Biologia, Ciências Naturais, Lógica, Moral, Psicologia
Metafisica, Meteorologia e a própria critica literária. Foi
criador da Lógica Dedutiva, método criado através de três
princípios:

1)- Princípio de Identidade.


2)- Princípio de não contradição.

3)- Princípio de terceiro excluído.


OS ROMANOS.

Influenciou com a Cultura do DIREITO, codificando através


da escrita. Dando o princípios de normas obrigatórias, que
disciplinam as relações dos homens em sociedade, com um
conjunto de leis, estabelecem a forma pela qual se devem
fazer valer os direito. ( os códigos ).

NA POLÍTICA- através da ascensão da REPÚBLICA, em 510


a.C. provocando grande mudança no contexto da sociedade
humana e nas condições de vida. Um ano depois 509.aC. – O
cônsul Valério Plopicola, promulgou uma LEI, que obrigava
os magistrados ao recurso ou apelação”EX-OFICIO”, para a
Assembléia Geral, sempre que a vida ou direitos de um

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cidadão estive em causa. Essa Lei Valeria, foi chamada de (
Hábeas Corpos de Roma).
A luta dos Plebeus, para que as Leis de Roma fossem escritas
e, não mais tivessem de confiar na memória dos Patrícios-
Em 450ª.C. A lei das Doze Tábuas, foi publicada constituindo
a base de toda a legislação romana.

O extraordinário desenvolvimento político de Roma, fez do


Estado Romano o precursor de todos os Estados Modernos
de tipo ocidental.

Podemos observar que através da história, que enquanto os


hebreus, já tinham a crença em um único Deus, e organizado
seu código de leis religioso. Os grego-romanos ainda não
eram tidos como povo desenvolvido culturalmente, só
depois de muitos séculos se tornaram civilizados, até então
os anglo-saxões, viviam como bárbaros.

SÉCULO XVIII-

É tido como o útero das chamadas Ciências Humanas (


sociais). Com metodologia cientifica. Período em que o
“ILUMINISMO”. (a luz da razão), teve seu maior apogeu de
conhecimento filosófico, no seu campo da razão. Com as
Escolas EMPIRICA E A RACIONAL. (reporta ao
conhecimento adquirido através da observação, bom
senso).

A Escola Empírica, com Francis Bacom. Adotando o critério


da experiência, como fonte de conhecimento verdadeiro.

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A Escola Racional. Com René Descartes. Com critério da
evidência racional, que só aceita como única fonte de
conhecimento a razão, como doutrina principal.

Dentro desse cenário intelectual. O mundo ocidental passa a


ter comumente uma nova realidade social. Junto com o
advento da Revolução Industrial, ( Manchester).
Propiciando o progresso material. Desponta o surgimento
de novas instituições sociais, em particular a Maçonaria
Especulativa, ( intelectual). Usando como base teórica, toda
influência cultural herdada historicamente.
Hoje nos valemos dessa rica herança cultural, pois temos
presente, em nossos rituais, com o Rito Escocês- Criado por
Michel Ransey e seus colaboradores- procuraram separar
da fonte religiosa judaica, e, da sua teologia, criando a parte
um sistema filosófico, através de uma ficção engenhosa na
construção de cada grau. Formando uma hierarquia com a
missão pedagógica, a fim de nos legar as leis imutáveis que
regem o universo, dando ao templo de Salomão, um sistema
Simbólico ( como parábolas) e filosófico, para a busca da
verdade, com o dever de combater a superstição a
ignorância e a tirania, de forma intelectual com a moral e
ética, despido de toda tendência religiosa. Desde os
Simbólicos: 1-2-3. E os chamados perfeição ( inefáveis), até
os de ordem administrativa do Supremo Conselho do Rito
Escocês.

Como Escola Filosófica Maçônica. Ela tem pautada de forma


pedagógica no conhecimento de ordem moral, política e
ética. Com suas alegorias e símbolos, a despeito de cada

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cenário, dentro de cada grau. Para que os Maçons no seu
cotidiano e nas suas relações com as instituições sociais
(Política, Religiosa, Econômica e Familiar), tenham suas
necessidades atendidas de maneira harmoniosa e
prazerosamente.
Embora esses propósitos só possam ser alcançados pela
Maçonaria atual, se ela conseguir “desmistificar”, um de seus
paradigmas de origem histórica – tida como mística. E para
muitos maçons (equivocadamente), base doutrinaria de
cunho religioso.
CONCLUINDO-

No presente a nossa realidade cultural é fruto de uma


estratificação social com interação nos processos sociais,
com um sistema de status e papéis, que possibilita
mobilidade e conquistas, dando oportunidade ao Maçom,
desenvolver diferentes projetos em áreas sócio cultural em
favor da sociedade.
Bem diferente, da classe que pertenciam os maçons, quando
fundaram a instituição no final do século XVII, e inicio do
século XVIII. Vinha de um sistema feudal, composta pela
nobreza e aristocracia, tutelada pelos clérigos.

A sociedade pós-moderna ou contemporânea é pragmática,


isto é funcional com valores práticos, dentro das principais
instituições. A Maçonaria a despeito de seus princípios
filosóficos, tem que continuar alavancando trabalhos
cultural, direcionado para a construção de uma sociedade

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mais justa, propiciando melhor qualidade de vida a todo
cidadãos e, em favor da decência humana.

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OS GRAUS SIMBÓLICOS NA MAÇONARIA

Ir∴ Assis Ferreira

A progressão regular da ciência, desde o ponto à linha, da


linha à superfície e da superfície ao sólido é a maneira como
a tradição explica o processo através do qual a divindade dá
vida aos quatro níveis da existência. É um procedimento
Neoplatônico cujo rastro pode ser seguido através da
literatura do renascimento, desde a Espanha medieval, até à
Alexandria.

Expoentes do neoplatonismo:
-Plotino

-Santo Agostinho (antes


da conversão)

-Antonio Sacas

-Porfirio
-Jâmblico

-Giordano Bruno

O TEMPLO COMO MODELO DO HOMEM E DO UNIVERSO

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A idéia de que o templo deve refletir a estrutura do universo
e do indivíduo talvez tenha quatro mil anos. Moisés
construiu o Tabernáculo no deserto seguindo esta ideia. A
zona que rodeava o recinto representava o mundo físico: o
pátio aberto simbolizava o mundo psicológico, a residência
da alma; no interior do Tabernáculo em si estava o
santuário, o mundo do espírito; na zona mais interior, o
Sanctum Sanctorum, estava a divindade.)

(tabernáculo descoberto”, gravura, Londres,1814)

O TEMPLO DE SALOMÃO

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Quando Salomão construiu o Templo de Jerusalém seguiu o
plano dos quatro níveis do Tabernáculo.

(“Templo De Jerusalém”, Passover Haggadah, Amsterdam,


Gravura de Matthew Meriam, 1695)
Os mesmos quatro níveis do templo de Salomão se
perpetuaram na catedral cristã pelos nossos irmãos maçons
operativos.
A ideia de que o universo e o ser humano individual
tenham sido criados seguindo o mesmo plano dos quatro
níveis foi fundamental em quase todo o pensamento
filosófico até o início do século XIX. Estes quatro níveis ou
“mundos” estão representados no desenho das catedrais
góticas que são, neste sentido, uma representação do
universo e do ser humano.

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a – NAVE – MUNDO FÍSICO/CORPO;

b - CORO – PSIQUE/ALMA;
c – ZONA DO ALTAR – ESPÍRITO;

d – SACRÁRIO – DIVINDADE

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O mundo físico é representado pela nave, constuida em
pedra, fria e incômoda.

(Catedral de Carlisle, 1292-1324)

O coro representa a psique/alma - magnífico e brilhante.

(Catedral de Durham, 1376-79)

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Zona do altar representa o Espírito.

(Catedral de Durham, 1376-79)

O SACRÁRIO REPRESENTA A DIVINDADE

Custódia de Ouro – Igreja ‘De La Merced’ (Cusco, Peru, Século XVII

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O TETRAGRAMA SAGRADO

YOD – Emanação - Divindade

HE – Criação - Espírito

VAV – Formação - Psique/alma

HE – Ação - Mundo físico/corpo

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O CORPO QUÁDRUPLO DO HOMEM
(O protótipo de “Adão Cadmon”)

A DÉCADA DO GRAU DE MESTRE

A árvore da vida é o mapa do universo e da consciência

Guarda relação com a composição dos cargos da loja.

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OS QUATRO MUNDOS EM EXISTÊNCIA MANIFESTA

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A LOJA E OS QUATRO MUNDOS COM OS OFICIAIS

Em certo sentido, a psique (representada pela loja) forma


uma ponte na consciência entre os mundos físico e
espiritual. Os sete oficiais da loja representam os sete níveis
da consciência que estabelecem esta conexão.

QUADRO DO PRIMEIRO GRAU


Os quadros constituem ajudas visuais que ilustram os
princípios ministrados em cada grau. O quadro do primeiro
grau representa, através de uma simbologia muito

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depurada, o ser humano individual e o lugar que ocupa nos
quatro mundos.

FERRAMENTAS DE TRABALHO DO PRIMEIRO


GRAU

As ferramentas são objetos que o artesão emprega para


executar seu trabalho e seu uso requer grande destreza. Do
ponto de vista maçônico, as ferramentas de trabalho
representam as capacidades psicológicas com as quais o
maçom deve identificar-se e que deve dominar e depois
utilizar na sua vida quotidiana. No primeiro grau, o martelo

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da paixão, o cinzel da análise e a régua da escolha
comparada são as ferramentas da ação necessária para
trabalhar no mundo físico.

O aprendiz quando adentra ao templo é a pedra bruta que


foi retirada da rocha, está cego, e imagina-se um ser de
consciência apenas física, embora já saiba que existe algo a
mais.
Não possui ainda livre arbítrio, pois apenas reage, ao invés
de processar um julgamento antes de agir.
Não assume a responsabilidade pela sua vida, focando
sempre a causa do que lhe acontece em fatores externos.
Recebe o seu salário, ou seja a resposta da lei de causa e
efeito, na menos iluminada coluna do norte.
A descoberta do seu mundo psicológico, representado pelo
primeiro vigilante é o seu objetivo.

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QUADRO DO SEGUNDO GRAU

O quadro do segundo grau é um desenho detalhado


do indivíduo que se encontrava no quadro do primeiro grau.
Aqui, a escada de Jacó aparece como escada interior
simbólica que o indivíduo deve subir quando conseguir
retirar sua atenção do mundo físico, para examinar a
natureza da sua alma e as tarefas para o seu próprio
progresso psicológico.

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OS NÍVEIS DA CONSCIÊNCIA

A Franco-Maçonaria utiliza a escada e a escada de caracol


como representações alternativas da coluna central da
consciência humana, e que simboliza a subida através de
vários níveis ao longo de toda a dimensão leste-oeste. O
quadro mostra as escadas com sete degraus que sobem do
oeste ao leste entre as duas colunas complementares.

(quadro; gravura de f. Curtis e impressa por f. Cole, 1801. Joias maçônicas,


sem data)

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A leitura do grau associa cada uma das sete artes liberais e
ciências a cada um dos sete níveis de consciência, e a uma
das cinco ordens da arquitetura aos cinco níveis superiores.
Deste modo, a leitura introduz o maçom mediante um
grande conjunto de material acadêmico renascentista que
proporciona uma visão da natureza da consciência de cada
nível. (sete artes liberais.

(Arquitetura de Vignola, gravura de cobre, 1563).

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AS CINCO ORDENS DE ARQUITETURA

Representam os
cinco níveis
superiores da
consciência

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Não se pode descrever um estado de consciência em sentido
estrito.É portanto algo que deve ser experimentado, mas
podemos vislumbrar muito vagamente a ideia de que o
ofício tenta falar sobre cada um dos níveis da consciência,
considerando cada oficial da loja no contexto de uma das
sete artes liberais e das ciências.

O guardião ou guarda exterior é associado à gramática, a


arte que estabelece regras estritas para estruturar as ideias
de modo que possam ser comunicadas e registradas no
mundo físico. O guarda exterior representa a parte da
psique que está em contato estreito com o corpo físico,
através do sistema nervoso central. É "guardião" no
sentido em que protege a psique da saturação de estímulos
do mundo físico.
O guarda interno é associado à lógica, a arte que ensina as
regras para a análise racional; está muito estruturado, mas
é inteiramente psicológico. Representa o que a psicologia
moderna denomina o ego, o poder executivo partidário da
atividade psicológica quotidiana, que se distingue por sua
capacidade para formar imagens mentais. É "guardião" no
sentido em que vela pelas pessoas que permitem à sua
psique relacionar-se com o mundo.
O primeiro diácono é associado com a retórica, a arte que
ensina a escrever de forma persuasiva e brilhante, apelando
aos sentimentos do leitor. O primeiro diácono representa o
nível psicológico dos sentimentos e o humor, um cuidadoso
exame do que proporciona uma chave aos acontecimentos
que ocorrem no inconsciente. A retórica do mundo antigo

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também inclui a instrução na arte da memória; e o primeiro
diácono, que representa um nível de conhecimento próximo
do umbral da consciência comum, tem que ver com a
capacidade para recordar os acontecimentos da memória.

O segundo diácono é associado à ciência da aritmética,


disciplina que instrui sobre a manipulação e representação
das ideias abstratas. O segundo diácono representa o nível
do despertar. Estar "acordado" quer dizer estar presente no
momento, perceber os acontecimentos quando eles
ocorrem, tanto no mundo, como no interior da própria
psique, compreender seu alcance e ver as ameaças e
oportunidades que supõem.
O primeiro vigilante é associado à ciência da geometria,
como a define a segunda leitura, "uma ciência através da
qual descobrimos os conteúdos dos corpos ilimitados
comparando-os com os que já foram medidos". O primeiro
vigilante é similar ao eu, tal como utilizam o termo os
psicólogos seguidores de Jung. A definição maçônica da
geometria, um tanto obtusa, que acabamos de mencionar
antes, adquire uma significado maior quando nos
percebemos que alude ao velho princípio de "tanto acima,
tanto abaixo". No processo do trabalho maçônico o eu
surge na consciência e, em seguida, descobre os elementos
do inconsciente, mediante a observação da experiência
diária.

O segundo vigilante é associado à ciência da música, que tem


uma conotação muito mais ampla e mística para os
renascentistas do que para nós na atualidade. Como ciência,

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a música baseia-se principalmente nas proporções entre as
frequências de cada nota, na estruturação do tempo e na
maneira como estas se combinam para produzir
determinados efeitos. Podemos considerar que o segundo
vigilante representa o nível da alma; e a associação com a
música sugere a obrigação que tem a alma de manter uma
relação harmoniosa entre todos os componentes da psique
O mestre venerável é associado à ciência da astronomia
(que, sem dúvida, significava astrologia para os autores da
estrutura simbólica). Porque se acreditava que a observação
dos céus revelava as intenções da divindade, a astronomia
sugere um nível de consciência que pode ver uma escala
ampla e transpessoal e perceber os desígnios do plano
divino. O nível da consciência representado pelo mestre
venerável mantém estreita relação com o espírito de modo
análogo à relação que mantém o guardião com o mundo
físico.

ORÍGENS – PRIMEIRAS TEORIAS

O desenho abaixo vai bastante longe no momento de se


fazer conjectura sobre as origens da franco-maçonaria;
muito se especulou com a teoria de que a franco-maçonaria
teria chegado até nós diretamente da antiguidade. Aqui a
escada de um templo de mitras alimenta a ideia da conexão
direta entre a franco-maçonaria e os ritos antigos.

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FERRAMENTAS DE TRABALHO DO SEGUNDO


GRAU

Os temas fundamentais do segundo grau tratam da


moralidade do indivíduo. Por isto, as ferramentas de
trabalho que devem ser identificadas e utilizadas no íntimo
de cada um põem à prova os seus atos, em confronto com a
justiça (o nível) e com a misericórdia (o prumo). A terceira
ferramenta neste caso é o esquadro da verdade, que define
a relação entre as duas anteriores.

Uma loja maçônica é, em estado puro, uma


representação alegórica da psique humana; por isto, esta

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paródia feita no século xviii de “um franco-maçom formado
com os materiais de sua loja” tem algo de verdade. Os
“materiais de sua loja” representam, de fato, os elementos
da existência do maçom. Compreender o que realmente
significa é o objetivo do trabalho maçônico.

(gravura, 1754)

O companheiro agora já conhece o seu mundo


psicológico, pois lhe foram apresentados os sete níveis de
consciência.
A partir daí, trabalhando com os projetos (seu
subconsciente) que estão dentro das colunas (uma

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restritiva e a outra impulsiva) que são ocas, enfrenta todas
as condicionantes, tanto educacionais quanto sociais de sua
vida.
Agora já decide por si próprio, e já pode reivindicar o
livre arbítrio, e isso lhe dá uma sensação agradável de
libertação.
A lei de causa e efeito já não lhe é desconhecida, pois
recebe seu salário na mais iluminada coluna do sul.
Percebe que não é o criador, que é absoluta bondade,
que o pune pelo desamor eventualmente cometido, mas sim
o resultado de auto-punição proporcionada pela lei da
compensação, e desenvolve uma segunda natureza
(superando seus instintos).

A passagem do nível (justiça – matéria) para o prumo


(misericórdia – conexão divina) através do esquadro
(verdade) é o ponto mais importante do grau de
companheiro.
A Lei do Amor se Manifesta Diferentemente da Lei de Causa
e Efeito

QUADRO DO TERCEIRO GRAU

Compara a capacidade do potencial humano que não


utilizamos como se fosse a morte.
Mas, que morrendo para o conceito do eu ``ego`` pode-se
obter aquele potencial.

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O quadro do terceiro grau pode ser interpretado de


duas maneiras. Como os outros quadros, mostra primeiro
uma pintura de um ser humano. Neste sentido, indica que o
conceito habitual da vida humana é como a morte
comparada com a capacidade do potencial humano. Em
segundo lugar, a perspectiva do interior do templo sugere
que morrendo para o conceito do “eu”, pode-se obter aquele
potencial.

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O homem foi criado à imagem e semelhança de Deus.

A QUEDA

No trato maçônico é como a morte.

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O grau de mestre transmite uma lenda baseada , de
uma forma ou de outra, em quase todas as culturas
humanas. É a história do ser (Adam Kadmon) que
caminhava com Deus e que com a ```queda`` perdeu esta
conexão. É um acontecimento catastrófico.
Para nós ocidentais, esta teoria está embasada no
Gênesis I que descreve a criação perfeita no mundo
espiritual, e no Gênesis II que descreve a formação da psique
e do corpo físico (criação imperfeita – no mundo material).

No trato maçônico é como a morte, pois no


nascimento, isto é, no momento em que o templo atingiu o
seu ponto de conclusão, a alma/espírito, que desfrutava da
conexão divina (o éden) – criação perfeita Genesis i -, ao
encarnar, perdeu essa conexão (a palavra sagrada).
Assim sendo, a humanidade encarnada (Hiran) é
``cortada``, separada.Deve se manter a si própria ``com o
suor de seu rosto`.Não é a morte física, mas um processo
psicológico análogo.

A morte que se menciona na lenda é o processo


psicológico através do qual se concluirá a construção do
templo - que é o próprio individuo.

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Esta morte obriga-o a reconhecer que não é somente


um ser Psicológico e físico, mas também um ser espiritual
que tem corpo e alma.

Quando o candidato entra na loja e contempla o


corpo do mestre Hiran e depois ouve a reconstituição do seu
assassinato (queda/perda da conexão divina), percebe que
o conceito habitual da vida humana é como a morte
comparada com a capacidade do seu potencial. Por isso a
lamentação.
Há um segundo aspecto desta lenda, que é o religare
(a volta), ou seja, a maneira de como se pode reparar esta
situação.
Neste contexto o ser humano pode considerar-se
o templo de Deus, e é reconhecendo que a estrutura
psicológica descrita no grau de companheiro é o templo

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que está prestes a ser finalizado, e a ``morte do eu`` que se
menciona na lenda é o processo psicológico através do qual
se concluirá a construção.

É claro que o arquiteto assassinado não é


completamente desconhecido. A simbologia da escada em
caracol já havia apresentado os três grandes mestres, e
associado o arquiteto principal (Hiran) ao primeiro
vigilante/eu, que é morto pelo esquadro da verdade (o
exaltado entra em loja com um esquadro na mão direita.

A ``morte`` que o candidato enfrenta no terceiro grau


obrigá-lo-á a reconhecer que não é apenas um ser
psicológico e físico, mas também um ser espiritual, que tem
corpo e alma.
EXPERIÊNCIA DA ESSÊNCIA ESPIRITUAL

A maioria das pessoas acredita que tem uma


essência espiritual. Esta ``morte`` está relacionada com a

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experiência desta essência, posto que seu eu é o conceito de
sua existência, esta morte pode ser um processo bastante
doloroso e terrível, porque pressupõe a perda do ego/eu.

Este acontecimento somente pode se dar em pessoas


psicologicamente amadurecidas. Somente uma pessoa que
tenha assumido a responsabilidade pela sua vida, que tenha
experimentado o surgimento do eu, que tenha desenvolvido
a sua própria vontade e que esteja preparada para submetê-
la perante a divindade ``tem direito a solicitar esse
derradeiro e maior juízo`` pelo qual

A pedra bruta do aprendiz indicava a responsabilidade


individual perante a si próprio.

A pedra perfeita da câmara central indicava que dentro da


alma humana existia um critério interior absoluto com o
qual o companheiro devia contrastar a sua própria
moralidade.

A joia imutável que se refere ao mestre é o quadro, e


diferentemente das outras jóias, não está relacionada com
uma única pedra, e sim trata das relações entre as pedras e
a totalidade. da estrutura superior a que pertencem. Seus
interesses são trans-pessoais e holísticos.

Os ornamentos da loja de mestre são a porta de acesso


para o sanctus sanctorum, o pavimento quadrado desta
entrada e a pequena janela que a ilumina. Estes, e
especialmente sua proximidade do lugar no templo onde

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reside a divindade, indica que é uma pessoa consciente a um
nível psicológico relacionado com o mundo do espírito, do
mesmo modo que o nosso ego habitual é apenas consciente
do corpo e do mundo físico.

Existe também o fenômeno da graça tal como se manifestou


na vida de Jacó. Estando ele ainda adormecido
espiritualmente.

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O
Sonho de Jacó – Gravura dos trabalhos de John Milton –Londres - 1794-97

A ascensão aos mundos superiores é a recompensa pelo


mérito individual, isto é, pelo trabalho interior. Contudo,
existe também o fenômeno da graça, tal como se manifestou
na vida de Jacó em Bethel, onde ela se manifestou - estando
ele ainda adormecido espiritualmente - através de uma
visão da escada da existência. Um momento assim, de temor

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reverencial, põe o indivíduo em confronto com a decisão de
continuar "em baixo", dormindo, ou então despertar e subir
conscientemente a escala da evolução.

Leitura do grau

1º vig - o assassinato de hasimboliza a pura


tradição maçônica, isto é, a virtude e a sabedoria,
postas constantemente em perigo pela ignorância,
pelo fanatismo e pela ambição dos maçons, que não
sabem compreender a finalidade da maçonaria nem
se devotar à sua sublime obra.

Respeitab- venerab irm2° vig, que vistes no local


onde fostes admitido?

2º vig - o túmulo de h:. A:., iluminado por tênue


claridade.

Respeitab - quais são as dimensões do túmulo de


nosso mestre?

2° vig - três pés de largura, cinco de profundidade e


sete de comprimento.

Respeitab - a que aludem esses algarismos?

2° vig - aos números sagrados propostos à meditação


dos aprendizes, companheiros e mestres.

Respeitab - que relação tem esses números com o


túmulo de h a?

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2° vig-o túmulo de haencerra o segredo da
grande iniciação, que só é desvendado pelos
pensadores capazes de conciliar os antagonismos
pelo ternário; de conceber a quintessência dizimada
pelas exterioridades sensíveis e de aplicar a lei do
setenário ao domínio da realização.

Respeitab - venerab irm 1º vig, qual foi o indício


que fez reconhecer o túmulo de ha?

1° vig- um ramo de a, plantado na terra recém


revolvida.

Respeitab - qual a significação simbólica desse ramo


verdejante?

1° vig - representa a sobrevivência de energias. Que a


morte não pode destruir.

Respeitab - quando conduzido para junto do túmulo do


mestre que fizeste do ramo de a?
Leitura do grau II

Respeitab - onde recebem os mestres o salário?

1ºvig - na c do m, isto é, no centro onde a


inteligência é iluminada pela luz da verdade.

Respeitab - qual é o nome do mestre-maçom?

1ºvig - só vós sabeis, respeitab mestre, vós e todos


aqueles que tiveram a elevada honra de dirigir os
trabalhos de uma loja.

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Respeitab - e vós, venerab irm 20 vig, podeis
responder a pergunta que fiz ao venerab irm 1º vig?

2º vig- não, respeitab:. Mestre, e pelas mesmas razões.


A compreensão mais elevada, que tem um mestre-
maçom de seu verdadeiro papel é procurar, no seu
íntimo, o mestre que está morto, a fim de fazê-lo
reviver, para que ele ressuscite em cada um de nós.

Respeitab- meus vven iirm, eis o nosso objetivo.


Esforçai-vos, como mestres simbólicos, em transformar o
símbolo na realidade. Nunca desejais ser apenas titulares
de diplomas, nem portadores de insígnias. Metamorfose-
ai-vos em verdadeiros mestres, isto é, naqueles que, pelo
pensamento e pela ação, se encontram no caminho da
verdade.
Que a infinita sabedoria e a infinita bondade do
gadu se derramem sobre nós, a fim de que
possamos realizar a transformação do simbólico no real.
Assim seja!
FERRAMENTAS DE TRABALHO DO TERCEIRO
GRAU

As ferramentas de trabalho do terceiro grau estão


relacionadas com o espírito. São ferramentas para o
desenho, para planejar e realizar o trabalho. Referem-se à
capacidade de criar, à aplicação dos princípios
fundamentais que põem limites à criação e à proporção que
mantém em equilíbrio as duas anteriores.

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A PALAVRA PERDIDA

Não se pode abordar o grau de mestre sem se referir


à palavra perdida, existente, como arcano, em diversas
religiões e sociedades filosóficas. A doutrina da palavra
perdida pressupõe que toda criação foi concebida no
pensamento divino e depois projetada no espaço ao som do

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verbo, tradicionalmente considerado como vibração
primordial. Ou seja, tudo o que existe no plano visível e
invisível é resultado do poder criativo da linguagem divina.

Assim, todas as manifestações, coisas, forças


cósmicas naturais, leis físicas do universo etc, devem sua
existência às contínuas reverberações da palavra
inicialmente pronunciada. A natureza vibratória de cada
coisa enquadra-se desse modo numa gigantesca escala ou
teclado. Cada coisa tem uma relação com uma nota ou
combinação de notas, que é parte da palavra.
A lenda da palavra perdida, ou seja, de uma chave da
criação, pela qual toda a realidade teria sido posta em
movimento, remonta a milhares de anos.

Parte desta lenda é alegórica e parte é devida a


uma concepção primitiva do poder da palavra falada,
como uma energia motivadora dos seres humanos, de

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modo que um poder semelhante é atribuído à causa
primeira, ou divindade.
A primeira referência a uma causa teleológica ou
mental da criação e à sua relação com a palavra perdida
remonta ao período menfítico do Egito, mais ou menos no
ano 4.000 a.c.. O deus menfítico era Ptah, no princípio um
deus menor (dos artesãos e artistas), e mais tarde
consideraram-no o artífice criador do universo por meio do
pensamento. Mais explicitamente, o pensamento, as ideias
de Ptah, foram transformadas numa palavra por ele
pronunciada, de modo que, através desta palavra, seu
pensamento foi concretizado, ou seja, tornou-se realidade.
O homem foi criado à imagem e semelhança de Deus,
sendo, por conseguinte, dotado da palavra em estado
latente, a qual, entretanto, só poderá ser recuperada sob o
impulso de sua evolução espiritual.

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Algumas culturas, organizações filosóficas e
religiosas que preservam a tradição da palavra sustentam
que em determinada época o homem a conhecia – quando
vivia na presença de Deus e as leis divinas não tinham
segredo para ele, pois ele próprio era um agente das mesmas
e as utilizava com plena consciência.

A forma como a humanidade se tornou despojada de


tão grande tesouro, ou perdeu a palavra, constitui a tradição
para a qual são oferecidas diversas explicações por
diferentes grupos. Alguns deles acreditam que o homem
poderá se redimir e recuperar a palavra perdida ou, pelo
menos, certas silabas da mesma, já que alguns consideram
que a palavra completa é inefável ao homem, o qual ainda
que chegasse ao conhecimento de seus componentes, não
seria capaz de pronunciá-la na integra.

O fato é que segundo nossos símbolos o homem foi


criado à imagem e semelhança de deus, sendo, por
conseguinte, dotado da palavra em estado latente

Segue uma citação de uma antiga inscrição feita pelos


sacerdotes de Ptah

"Assim foi que o coração e a língua adquiriram poder sobre


todo o membro, ensinando que ele Ptah estava (sob a forma
de coração) no coração e (sob a forma de língua) na boca de
todos os deuses, os homens, os gados, os répteis, todos os
seres vivos, ao mesmo tempo em que ele Ptah pensa e

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ordena tudo aquilo que deseja. A boca de ptah que
pronunciou os nomes de todas as coisas…``.

Ensinam os egiptólogos que os antigos egípcios usavam a


palavra coração em lugar de mente ou inteligência.

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A referência à língua diz respeito à palavra falada – à
imperiosa palavra pela qual todos os pensamentos foram
concretizados, tornando-se realidade

Num outro texto encontrado em "Mênfis, lê-se:

``Ptah, o grande, é o pensamento e a língua dos deuses e o


pensamento é o que dá nascimento a toda manifestação e é
de Ptah que procede o poder do pensamento e da língua."

Os sumérios por seu turno, consideravam as


palavras entidades reais e vivas, dotadas de um poder que
refletia um verbo divino. A este respeito, a inscrição em um
templo sumério afirma:
``a palavra que ele pronunciou do alto sacudiu o céu, e a
palavra que ele pronunciou de baixo fez tremer a Terra``
(2150 a.c.)

Podemos presumir que, em algum ponto desses


antigos mistérios, havia silabas, mantras e sons que teriam
poderes universais especiais para a criação de coisas
terrenas

Em última análise, a explicação da palavra perdida


está perfeitamente expressa no evangelho segundo João
que, talvez, mais que qualquer outro escrito, traduz
maravilhosamente essa idéia:
``No princípio era o verbo,

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E o verbo estava junto de Deusdeus

E o verbo era Deus.


Ele estava no princípio com Deus.

Tudo foi feito por intermédio dele,

E sem ele nada do que foi feito se fez.


A vida estava nele,

E a vida era a luz dos homens.


E a luz resplandece nas trevas,

E as trevas não prevaleceram contra ela`

Terá sido esta declaração do novo testamente um eco das


doutrinas dos sacerdotes de Ptah de séculos atrás?

O ponto máximo que a maioria das pessoas pode se


acercar ao tema do grau de mestre é a experiência sublime
e única na vida de cada um. Um momento assim pode se dar
em circunstâncias muito diversas, mas sua qualidade é
sempre a mesma. A consciência física agudizada se torna em
lucidez psicológica, que por sua vez se transforma numa
profunda consciência da totalidade do universo e da
presença da divindade. Uma pessoa entra em contato direto
com todos os mundos ao mesmo tempo e percebe tanto a
complexidade, como a unidade de todas as coisas. Embora
esse momento possa durar apenas um segundo, sempre é
inesquecível. É o dom do céu, e se uma pessoa deseja tomar
a opção da iniciação, esse momento pode ser a porta que

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conduz ao reino interior e ao superior. Aqui, Moisés
experimenta um desses momentos. Suas escolhas
alternativas consistem em conduzir os escravizados filhos
de Israel - a psique, com sua massa de hábitos de
descontentamento enraizados - à terra prometida ou mundo
espiritual da criação, ou em permanecer, sem atingir sua
realização, num deserto situado entre os cozinhados de
carne do Egito e a terra onde corre leite e mel.

(A Salsa Ardente, Pintura De Ernst Fuchs, Austria, Século


XX)

À primeira vista o grau de mestre parece ser muito


pessimista, eis que constata a condição miserável do homem
materialista (ignorante-jubelas, fanático-jubelos e

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ambicioso-jubelum); seu cotidiano é como a morte
comparado ao seu potencial.
Até que nível uma pessoa consegue realizar o seu
potencial depende da amplitude e da profundidade da
conscientização da sua verdadeira natureza.
Mas essa conscientização acontece em diferentes
graus, de acordo com a amplitude mental, o nível
espiritual e a profundidade do amor.

Conforme essa graduação, a vida de uma pessoa sofre uma,


duas, milhares ou centenas de milhares de transformações,
dependendo da postura mental que tiver.

O grau de mestre demonstra que a mais elevada


postura mental é a conscientização de que tudo é existência
espiritual.
Reconhecer a nós próprios como seres espirituais,
reconhecer que o universo físico é manifestação da idéia-
origem (tetragrama sagrado), e reconhecer que o
pensamento é a força que a tudo dirige – esta é a mais
elevada postura mental.
É a conscientização da essência da existência
verdadeira (gênesis I – criação perfeita).

Demonstra também o grau de mestre a


compreensão do fato de que poderemos obter tudo o que
desejarmos assim que tivermos preparo mental suficiente
para recebê-lo.

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O mestre já não está mais sujeito à lei de causa e efeito, pois
é um com o todo.
Esta abordagem pode parecer irreal aos nosso olhos.
É a um só tempo difícil e fácil. Porém é só uma questão de
aplicar e esperar pelo resultado. Mas contempla o principal
princípio que norteia a maçonaria, ou seja, a Preponderância
do espírito sobre a matéria
O mundo material é projeção da nossa mente. Este é o
grande segredo da maçonaria.

Para terminar uma exortação: ``Não coloque a lucerna


debaixo do alqueire. Vós sois a luz do mundo. Não pode
esconder-se uma cidade situada sobre um monte; nem
acendem uma lucerna, e a põe debaixo do alqueire, mas
sobre o candeeiro, a fim de que dê luz a todos os que estão
em casa. Assim brilhe a vossa luz diante dos homens, para
que eles vejam as vossas obras, e glorifiquem o vosso pai que
está nos céus.” (Mt.5.14-16)

Bibliografia:
Freemasonary – W. Kirk MacNulty

Revista O Rosacruz

Evangelho de João – Prólogo


Internet – diversas imagens

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