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INTRODUCAO

Desde os sete anos de idade, quando foi levado por uma vizinha a conhecer uma igreja
evangélica, ele sonhava pregar a Palavra de Deus. Foi esta mesma senhora quem lhe deu de
presente sua primeira Bíblia.

O sonho, entretanto, só se tornou realidade bem mais tarde. Filho único, ele precisou
começar a trabalhar aos 14 anos. Já casado e tendo cursado a Escola de Oficiais da
Reserva, ele se formou em Engenharia Civil exatamente para construir igrejas. Ficou, então,
durante muitos anos responsável pelas obras da Igreja Universal do Reino de Deus no
Brasil e no exterior.

A consagração ao ministério pastoral veio apenas a lhe dar mais condições de fazer o que já
vinha fazendo por toda a vida, isto é, pregar a Palavra de Deus a quem se dispusesse a ouvi-
lo.

Em 1991 ele foi para a África, continente assolado por guerras, doenças, miséria e
preconceito, berço da feitiçaria e, por tudo isto, extremamente carente da Palavra e do
poder de Deus. Lá permaneceu por cerca de sete anos.

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, existem atualmente no continente


africano 34 milhões de pessoas infectadas com o vírus da Aids. Lá, os pais vendem
legalmente suas filhas, os homens podem ter várias esposas e é grande a influência das
seitas e religiões pagãs.

Com a esposa e os três filhos, ele chegou à África do Sul quando ainda reinava o apartheid,
a violenta política de segregação racial, e foi ali que pôde desenvolver plenamente a sua
chamada missionária, levando o Evangelho aos humilhados e oprimidos, e pregando a
igualdade entre todos os homens.

O trabalho evangelístico se ampliou para outros países africanos. São agora 400 templos
espalhados em 23 países, e foram criadas dezenas de centros de ajuda aos necessitados,
funcionando diariamente e fornecendo a milhares de pessoas roupas, calçados, refeições e
serviços médicos, de enfermagem e higiene, além do apoio espiritual.

Por tudo isso a África tem, sem dúvida alguma, um lugar cativo no seu coração, mas é no
sertão do Brasil que ele está agora resgatando vidas, através do revolucionário Projeto
Nordeste, trazendo para o país técnicas agrícolas para clima árido e semi-árido, utilizadas
em Israel.

Se lhe perguntarmos como se autodefine, ele responde:

— Sou um simples pregador do Evangelho.

Estamos falando do bispo Marcelo Crivella, hoje senador, o autor deste livro. Suas
histórias falam do quanto é sábio ser humilde, posto que o orgulho, segundo ele, “é o pior
câncer que corrói a alma humana”.

Ao adquirir um exemplar você está ajudando a diminuir o sofrimento do povo do sertão


nordestino, pois todos os recursos captados com as vendas são revertidos para o Projeto
Nordeste.

Leia e divulgue, porque: “...A seara, na verdade, é grande, mas os trabalhadores são
poucos.” (Mateus 9.37). Para saber mais sobre o trabalho do bispo Marcelo Crivella,
acesse o site: www.marcelocrivella.com.br

Mônica Luz
O orgulho do imperador

Em uma época na qual os poderosos faziam suas próprias leis, quando o mundo era algo a
ser conquistado a qualquer preço, reis e imperadores escreveram sua própria história e
inspiraram inúmeras lendas.

Uma delas, passada de geração em geração, conta que, ao regressar vitorioso de suas
investidas pelos reinos da Europa, trazendo riquezas e prisioneiros, um imperador mandou
preparar um suntuoso banquete. Ainda embriagado pelo orgulho das suas recentes
conquistas, disse diante dos seus convidados:

— Tenho realizado inúmeras conquistas e o meu império se espalha por todos os povos e
nações! O meu exército é o mais poderoso do mundo! Por isso, sou temido pelos meus
inimigos e admirado pelo meu povo! A partir de hoje, decreto que devo ser tratado como
“deus”, pois é isto mesmo que sou: deus!

Os convidados, um bando de bajuladores e aproveitadores, romperam em palmas e gritos,


aclamando o imperador: “Nosso deus! Nosso deus!”.

Um sábio viajante, bem sucedido comerciante do Oriente, vendo o delírio insano dos
convidados, aproximou-se do soberano e lhe fez um pedido:
— Senhor “deus”, venho com humildade pedir-vos ajuda. Tenho, neste instante, uma enorme
caravana, carregada com as mais preciosas iguarias, que trago para comercializar em vosso
império. São mais de 60 camelos e 120 homens, parados em pleno deserto por causa de uma
tempestade de areia. Meu experiente caravaneiro nada pode fazer — disse ele.

— Por que te atormentas com tão pouco? Mandarei agora mesmo que 400 soldados saiam
ao encontro da tua caravana, e a resgatem. Em breve, estarão todos aqui e nada será perdido
— assegurou o orgulhoso “deus”.

O homem, ouvindo a resposta, retrucou respeitosamente:

— Não vos incomodeis a tal ponto, senhor “deus”, deslocando centenas de homens que,
certamente, têm outras funções e se encontram a vosso serviço. Tão-somente mandai que o
vento se aquiete e, assim, em poucos minutos resolveremos o problema.

Nesse instante, vendo que não poderia realizar tal feito, o imperador sentiu a insanidade da
sua pretensão. Como controlar o vento? Fez-se então um profundo silêncio naquele imenso
salão; até a música parou. A multidão entendeu quão absurda era a comparação de um
simples mortal com o próprio Deus.

Quantas vezes, ainda que não sejamos loucos de nos perdermos em tais devaneios, temos
um pouco do orgulho do imperador? Quando julgamos, condenamos ou criticamos alguém,
assumimos, sem notar, a posição do próprio Deus. Até mesmo quando tomamos decisões em
nossa vida pessoal, sem qualquer consulta ao Criador. Chamamos Jesus de Senhor mas, na
verdade, servimos a nós mesmos.

O Senhor Jesus, certa vez, quando chamado a intervir em causa alheia, mostrando o Seu
cuidado em emitir conceitos, respondeu: “...Homem, quem me constituiu juiz ou partidor
entre vós?” (Lucas 12.14). Bem disse o apóstolo Tiago:

“Atendei, agora, vós que dizeis: Hoje ou amanhã, iremos para a cidade tal, e lá passaremos
um ano, e negociaremos, e teremos lucros. Vós não sabeis o que sucederá amanhã. Que é a
vossa vida? Sois, apenas, como neblina que aparece por instante e logo se dissipa. Em vez
disso, devíeis dizer: Se o Senhor quiser, não só viveremos, como também faremos isto ou
aquilo.”

Tiago 4.13-15

Que o Senhor tenha misericórdia de nós e nos ensine a servir.


A arvore que produzia pao

Era uma vez um reino distante, nos confins do Oriente, onde havia uma árvore muito
especial. Era inigualável. Seus galhos e folhas protegiam do sol os que se abrigavam na sua
sombra, enquanto suas flores espalhavam no ar um perfume suave.

O mais formidável disso tudo era que o fruto dessa árvore era o pão. Sim, isso mesmo!
Cada manhã essa extraordinária árvore produzia pães frescos. Pães da cor do trigo, que
cintilavam sob os raios do Sol que passavam por entre as folhas.

O pão sempre foi e sempre será a alimentação básica de todos os povos. No Brasil, quando
os portugueses aqui desembarcaram, os índios já produziam seu próprio pão, feito da
mandioca.

Imagine o valor de uma árvore que produzia pão a cada manhã, em abundância e para
sempre! Não há preço que pague isso!

Os pássaros se ajuntavam a cada amanhecer, batendo as suas asas e bicando os pães. Como
a árvore estava à beira de um riacho, seus pães também alimentavam os peixes, que
abocanhavam as migalhas que caíam na água.

Um certo pardal vivia a se gabar e a zombar dos peixes. Ele dizia em tom de deboche:
— Tenho pena de vocês, que comem o pão molhado. Eu posso saboreá-lo fresco e seco. Se
ao menos soubessem voar...

Os peixes não viam nada de mais em comer o pão molhado, uma vez que sempre comeram
tudo molhado. Contudo, a arrogância do pardal incomodava.

Com o fim do Outono, o vento frio trouxe as chuvas geladas. O pardal, que havia nascido na
última Primavera, não se preveniu como os outros pássaros mais velhos. Assim, num
sábado pela manhã, após uma noite de sono profundo, como de costume, foi até a árvore-
pão para se alimentar.

Quando deu a primeira bicada, ficou horrorizado com aquele sabor gelado. A chuva, que
embalara o seu sono durante a noite, havia estragado o seu alimento preferido. O pássaro
ficou desolado e voou em círculos ao redor da árvore, na esperança de encontrar um pedaço
seco.

Os peixes também apareceram para comer e ficaram curiosos com a atitude do passarinho
zombador.

— O que houve, passarinho? Por que tanto desespero ao redor dessa árvore? —
perguntaram.

O pardal percebeu que todo aquele tempo em que zombou dos peixes veio-lhe como uma
bofetada, pois agora passava fome, enquanto aqueles, a quem sempre humilhou, comiam do
pão com o mesmo prazer, pois a chuva em nada mudava o sabor do alimento deles.

Os dias foram passando e o pardal não encontrava pão seco. O frio do Inverno aumentou,
ele adoeceu e morreu.

Nesta história, a árvore que produz pão representa o Senhor Jesus, chamado de “Árvore da
Vida”, e também de “Pão da Vida”. Os pássaros e os peixes somos nós, os cristãos. Alguns
de nós somos como os peixes. Devido às perseguições e injúrias que sofremos, às
constantes acusações e deboches, estamos acostumados a comer o nosso pão, isto é, servir a
Jesus, molhado pelas lágrimas que vertemos nos momentos das dificuldades.

Já outros cristãos são semelhantes aos pássaros, apenas acostumados a comer o pão nos
dias ensolarados pela alegria e pelo sucesso. Quando chegam as perseguições e o pão se
torna molhado, rejeitam-no e acabam por morrer na fé.
A botija e a alma

Era uma vez um rei que enviou o seu servo em uma jornada:

— Vês esta longa estrada, meu servo? Seguirás por ela sem te desviares. O reino para onde
vais está no final dela. Por todo o caminho levarás esta botija, a qual entregarás ao rei
daquele lugar, e receberás a tua recompensa.

Assim, conforme lhe foi ordenado, partiu o servo, levando a preciosa botija, obra-prima do
oleiro. A estrada se perdia de vista. Atravessava planícies e rios. Algumas vezes se
estendia pelo alto dos montes, outras vezes pelo fundo dos vales.

Havia trechos ladeados de árvores, que proporcionavam sombra, mas havia outros áridos,
fustigados pelo sol. Passados muitos dias, o servo encontrou uma caravana de ciganos.
Estes insistiram e acabaram por convencê-lo a seguir com eles.

Logo ele aprendeu a arte de trapacear e mentir, fingindo ler na palma da mão o destino de
crédulos incautos. Entre os vadios, o servo adquiriu o hábito do desleixo e da indolência.
Enganado e enganando, não viu o tempo passar.

Um dia, como se acordasse de um pesadelo, lembrou da ordem do rei e foi procurar a


botija. Achou-a jogada, empoeirada e com muitas trincas. Tomou-a e voltou para a estrada.
Mas não por muito tempo!

Bastou encontrar a primeira subida para abandonar outra vez o caminho, procurando
desbordar a montanha por um atalho. Assim fazendo, acabou por se deparar com uma cidade
onde um templo idólatra estava sendo construído.

O servo, que ficara ganancioso, achou que poderia ganhar ali muito dinheiro. O templo
demorou anos para ser terminado. Durante esse tempo, ele adotou os costumes locais e se
entregou ao pernicioso culto aos ídolos e às práticas pagãs. Adquiriu novos vícios e se
prostituiu, como era a tradição daquele povo.

Com o tempo, tornou-se fraco e doente. Perdeu tudo o que tinha, foi desprezado e expulso
da cidade. Na sua miséria, lembrou-se mais uma vez da botija e da ordem do rei. Sentiu que
a última chance da sua vida era terminar a jornada e receber a recompensa.

A botija, cujas trincas tinham se tornado rachaduras, estava jogada em um canto. Havia
perdido todo o brilho e a beleza. Trôpego e cansado, o servo retomou a estrada. Agora, já
não havia ciganos que se interessassem por ele, ou quem lhe desse trabalho.

O servo estava feio, envelhecido, doente e fraco. Com sacrifício, chegou finalmente ao seu
destino. Vendo os majestosos portões, o primeiro sentimento que teve foi de remorso.
Desperdiçara tanto tempo por nada.

Imediatamente procurou o rei e lhe contou a sua história. Entregando-lhe a botija, disse:
— Majestade, eis a botija! Estou velho, cansado e nada tenho na vida. Rogo-vos que me
concedas a recompensa, para que descanse em paz.

O rei abriu a velha botija e verificou que estava completamente vazia.

— Pobre homem! Não cuidaste desta botija, pensando que estava vazia. Na verdade ela
trazia a tua recompensa: o fino e valioso ouro em pó que nela foi colocado, e tu deixaste
cair pelas trincas e rachaduras. Se tivesses ouvido a voz daquele que te enviou, terias
guardado este tesouro. Assim também foi a tua vida. O teu corpo era a botija e a tua alma o
ouro que ela continha. Deixando o caminho no qual devias andar, adquiriste males e vícios,
trincando o teu corpo com o pecado e a doença, tal qual esta botija envelhecida. As
sublimes virtudes, o amor, a bondade, a fidelidade e a obediência foram levadas da tua
alma, assim como o ouro foi derramado da botija, sem que tu percebesses. Hoje não tens
recompensa. Está vazia a tua botija, como vazia está a tua alma.

Sábio é o homem que guarda a sua botija, preservando a sua alma. Terá sempre um precioso
tesouro, do qual virá paz, alegria e a recompensa final: a nossa salvação em Jesus!
A Fe, a Esperança e o Amor

Um dia, a Fé, a Esperança e o Amor saíram pelo mundo, para ajudar os aflitos. Quem dos
três seria capaz de realizar o melhor trabalho para a glória de Deus?

À beira da estrada da vida encontraram um pobre paralítico, que sofria desde o seu
nascimento. Ele permanecia todo o tempo naquele lugar, mendigando às almas caridosas, a
fim de obter o sustento para sobreviver.

Diante daquela situação, a Fé tomou a frente da Esperança e do Amor, e se prontificou a


resolver o caso:

— Esperem aqui. Vou realizar a minha obra na vida deste infeliz e arrancá-lo desta
miserável situação.

Sem delongas, a Fé levou ao homem a Palavra de Deus, e esta penetrou no seu coração.
Imediatamente o paralítico se rebelou contra a sua situação. Usando a Fé, que agora possuía
no coração, determinou a sua cura. Orou a Deus e os seus ossos e as suas juntas se tornaram
firmes. Pela primeira vez na vida ele ficou de pé e, por isso, saltou de alegria!

— Estou livre! Estou livre! — gritava com euforia.

A Fé o havia libertado. Agora ele era um novo homem. Estava realmente liberto das
algemas da doença. Não precisava mais ficar à beira da estrada para mendigar, muito menos
padecer as dores de antes. Que obra maravilhosa a Fé havia realizado!

Porém, passada a euforia das primeiras horas, o homem lembrou que não tinha para onde ir.
Não tinha casa, amigos ou qualquer profissão que lhe desse condições de se estabelecer na
vida. A única coisa que sabia fazer era mendigar pelo pão. A incerteza, então, invadiu o seu
coração.

Nesse momento a Esperança sentiu que era chegada a sua vez de agir:

— Deixe-me acudir este homem. Farei por ele o que a Fé não pôde fazer.

Assim, ela o levou para o alto de uma montanha e fez com que ele visse os férteis campos
da Terra. Dessa maneira, o seu coração foi mudando e ele entendeu que podia prosperar.
Movido pela força da Esperança, ele se levantou e se pôs a caminho.

Logo conseguiu trabalho em uma fazenda próxima e rapidamente aprendeu a cultivar a terra.
Em pouco tempo ajuntou o suficiente para comprar seu próprio campo. Com Fé e
Esperança, renovava as suas forças a cada dia e, em poucos anos, expandiu grandemente os
seus negócios.

Suas colheitas passaram a ser exportadas em navios, alcançando portos em todo o mundo.
Tinha muitos empregados e se tornou um dos homens mais ricos da Terra.
A Fé e a Esperança estavam satisfeitas com o maravilhoso trabalho que haviam produzido
na vida daquele homem. As duas, então, disseram ao Amor:

— Não se preocupe em realizar a sua obra. Veja que juntas mudamos completamente a vida
deste homem, fazendo-o saudável e próspero.

Assim, o Amor partiu em busca de quem pudesse ajudar. E aquele homem continuou a
crescer. Seu império foi se expandindo por todo lado. Eram tantas as suas casas, que muitas
delas ele nem sequer conhecia. Viajou o mundo inteiro e não havia mais nada que lhe
surpreendesse.

Provou das melhores iguarias e se vestiu com as melhores roupas. Era tanta a sua riqueza,
que com o passar do tempo o homem perdeu o interesse na vida, tornando-se enfastiado e
triste.

— Tenho tudo que um homem possa desejar, mas ainda me sinto vazio — dizia ele.

A Fé e a Esperança perguntavam a si mesmas o que poderiam fazer para torná-lo forte como
antes. Ele agora já possuía tudo o que a Fé e a Esperança podiam conquistar. Não precisava
do milagre da cura, nem ter esperanças no futuro, pois era muito rico.

— Quem poderá nos ajudar? Não queremos que a obra que realizamos na vida deste homem
venha a desmoronar, porque grande será esta ruína — diziam elas.
Assim, as duas foram em busca do Amor, para lhe pedir ajuda. O Amor voltou com elas e
realizou a obra no coração daquele homem. Ao sentir Amor, ele passou a entender a Deus e
a Sua extraordinária obra.

Começou a ver surgir em si mesmo uma mudança completa, que lhe trouxe o desejo imenso
de ter comunhão com Deus, e estes momentos eram, agora, muito mais importantes que tudo
quanto havia experimentado antes. Mais importantes que a sua própria saúde e
prosperidade.

Surgiu também em sua vida o desejo de ser útil, de ajudar aos outros que padeciam, como
ele um dia havia sofrido à beira da estrada. Assim, esquecendo de si mesmo, ele se
dedicava a servir ao próximo.

A cada dia a sua força aumentava. A sua motivação, agora, vinha do amor e da
transformação que via na vida daqueles a quem ajudava. Dessa maneira encontrou a
felicidade e nunca mais veio a perdê-la.

A Fé e a Esperança entenderam que, embora as suas obras tivessem sido de uma grandeza
extraordinária, com o passar do tempo sem o Amor tudo perdia o sentido. A Fé é rápida, a
Esperança permanece por mais tempo, mas o Amor nunca acaba.

Por isso o apóstolo Paulo nos ensina, na primeira carta aos cristãos da cidade de Corinto:
“Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o maior destes é
o amor.” (1 Coríntios 13.13).
Amor de mae

Conta-se que, em uma pequena cidade, um incêndio ocorreu em uma casa modesta,
levando-a em pouco tempo a arder em chamas. Os bombeiros foram acionados de imediato,
porém, sendo a estrutura da casa feita de madeira, ao chegarem no local não entraram, pois
o risco de desabamento era iminente.

Assim, concentraram-se em evitar que o fogo se espalhasse pelas casas vizinhas. As chamas
cresciam e lançavam no ar uma coluna de fumaça. Aquela ruela, usualmente calma, lotou de
pessoas atônitas, as quais observavam, espantadas, a fúria do fogo. Jatos de água eram
lançados pelos bombeiros, mas pareciam sumir, evaporados no calor das chamas, sem
produzir nenhum efeito.

Foi por entre esse amontoado de espectadores que uma senhora surgiu gritando. E antes que
alguém pudesse impedi-la, cega pela obstinação, venceu as cordas de segurança e, sem
sequer olhar para trás, invadiu a casa, sumindo em segundos, envolvida por toda aquela
fumaça.

Vários gritos se seguiram, vindos de toda parte. Uns chamando a mulher, outros a alertar os
bombeiros. A confusão já era tão grande, que ninguém sabia o que fazer diante da
desvairada atitude daquela jovem senhora.
O que a teria feito desafiar a morte, invadindo arrojadamente aquele inferno em chamas? O
calor e a fumaça eram tão intensos, que faziam todos ao redor, ainda que à distância,
manterem as mãos sobre o rosto, como forma de proteção.

Pouco tempo depois, a multidão viu a mesma mulher surgir de dentro da nuvem de fumaça,
protegendo com o próprio corpo alguma coisa que trazia coberta com uma colcha branca, já
completamente enegrecida pela fumaça.

Os bombeiros correram para ampará-la, e qual não foi a surpresa, ao verem que envolvido
naquele pano havia um bebê? Embora soluçando, a criança parecia estar bem. Infelizmente
não se podia dizer o mesmo da senhora, que teve as mãos e parte do seu rosto atingidos
pelas chamas.

Por milagre, ambas sobreviveram, a mãe e a criança, que se tornou uma linda menina. A
mãe, porém, tinha um lado do rosto e as mãos completamente deformados. A sua aparência
assustava, causando pavor em quem, distraído, olhasse tão horrendas cicatrizes.

Assim, aquela pobre mulher viu, ainda jovem, a sua vida ser confinada à reclusão, evitando
o máximo que podia se expor ao constrangimento que a sua deformação causava. Passava os
dias a costurar e, assim, obtinha o seu sustento.

Sua filha, a quem salvara do fogo, era, portanto, tudo o que de mais precioso lhe restara na
vida. Como mãe, não poupava nenhum sacrifício para mantê-la bem vestida e na melhor
escola das redondezas.
Um dia, sem poder contar com ninguém que buscasse a criança, a mãe teve de ir à escola
apanhar a menina. Ao se aproximar do portão do colégio, as outras crianças se espantaram
com a sua feiúra. Quando as colegas perguntaram à menina se aquela horrível mulher era a
sua mãe, ela respondeu de pronto:

— Não, não! Esta é a empregada da minha mãe. Minha mãe é muito linda, não é feia como
esta mulher.

Aquelas palavras atingiram fundo o coração da pobre senhora. Talvez tenham doído mais
que as chamas daquele incêndio. No caminho de volta ela não conteve as lágrimas e, ao
chegar em casa, disse à menina:

— Minha filha, eu sei que você se sente envergonhada, diante das suas amigas, pela mãe
que tem. Quero lhe dizer que um dia fui muito bonita, até que uma tragédia atingiu a minha
vida. Eu havia deixado você dormindo no berço, enquanto rapidamente fui buscar o bolo do
seu primeiro aniversário. Ao voltar, encontrei a nossa casa em chamas e, desesperada pelo
medo de perder você, corri em seu socorro. As chamas queimavam o meu rosto e a fumaça
fazia os meus olhos arderem. Encontrei você chorando, no berço. Então eu lhe agarrei nos
meus braços e lhe tirei da casa, usando o meu corpo para lhe proteger das labaredas. Fiquei
muito queimada, mas você nada sofreu. Hoje sou feia, mas este foi o preço que paguei para
que você permanecesse linda.

Nesse instante, a menina entendeu a dor da sua mãe e, em lágrimas, respondeu:


— Minha querida mãe, hoje vejo o quanto a senhora é bela. É para mim a mais linda de
todas as mães, pois sacrificou a sua beleza pela minha — concluiu a jovem.

Quando Jesus foi levado à cruz pelos nossos pecados, e lá foi deixado, das nove da manhã
às três da tarde, diz a Bíblia que os que O olhavam não viam n’Ele nenhuma formosura de
que se agradassem. Assim, foi desprezado e d’Ele não fizeram caso.

A cidade de Jerusalém estava cheia de judeus e gentios, que tinham ido para comemorar a
Páscoa. Todos estavam ocupados, preparando os pães asmos, as ervas amargas e o
cordeiro, para celebrar a festa que havia dois mil anos tradicionalmente se repetia.

Enquanto isso, o verdadeiro Cordeiro era abandonado sobre a cruz, nu e sangrando, com
uma coroa de espinhos. E os que passavam não podiam ver que aquela feiúra na verdade é a
beleza de cada um de nós.
A cruz pesada

Há muitos e muitos anos, um homem partiu em direção a Jerusalém, carregando uma cruz
grande e pesada. Ela media três metros de comprimento por dois de envergadura. Enquanto
carregava a cruz, lembrava-se do sofrimento de Jesus e imaginava a dor que Ele havia
sentido quando foi pregado nela.

Assim o homem seguia compenetrado em sua resolução e, passo a passo, lentamente


carregava a cruz cuja ponta inferior arrastava pelo chão, fazendo um risco na terra.

Depois de muitas horas de caminhada, o homem avistou um morro. Esgotado como estava,
teve dúvidas se conseguiria vencer aquela subida acentuada. Enquanto meditava na
dificuldade à sua frente, alguém que passava sugeriu que cortasse um pedaço da cruz,
tornando-a mais leve.

É uma boa idéia! Diminuindo um pouco a carga, terei mais condições de subir a montanha,
pensou consigo mesmo. Assim, tirou um pedaço da cruz, que se tornou bem mais leve, e
continuou a sua caminhada.

Quem já esteve em Jerusalém sabe que para chegar lá é preciso subir muitas montanhas. A
cidade do rei Davi, também chamada na Bíblia de “Umbigo do Mundo”, fica no topo de uma
montanha e é cercada por muitas outras. Trata-se, portanto, de um terreno difícil, em
ambiente arenoso, seco, muito quente durante o dia e muito frio à noite.

A cada subida que encontrava no caminho o homem cortava um pedaço da cruz. Daí que,
com o decorrer da jornada, a cruz pesada foi ficando cada vez mais leve, e em vez da
caminhada lenta do início o homem já podia andar a passo acelerado, cantarolando
descontraidamente.

Tudo parecia ir muito bem até que surgiu em seu caminho um rio caudaloso, cujas águas
desciam volumosas do alto da montanha para banhar os vales. A ponte sobre o rio estava
partida, faltando-lhe exatamente um trecho de quase três metros no vão central. Diante
daquele obstáculo, o peregrino fez a seguinte oração:

“Senhor, Tu sabes que o meu maior desejo é chegar a Jerusalém. Venho de longe e, agora
que me aproximo de realizar o meu sonho, não sei como poderei fazer para, sem arriscar a
vida, chegar ao outro lado do rio. Vês, Senhor, que a ponte está rompida e não tenho como
atravessá-la”.

Então uma voz do céu respondeu:

— Meu filho, para transpor este obstáculo com segurança basta usar a cruz que Eu lhe dei!

Muito triste, o homem constatou que a cruz, agora, depois de tantos pedaços cortados, havia
se tornado pequena demais e não vencia o vão que ele precisava transpor. A cruz do início,
com os seus três metros, tinha exatamente a medida que ele precisava para atravessar a
ponte quebrada.

Na vida, todos nós carregamos a cruz necessária para nos preparar para vencermos os
obstáculos que surgem durante a nossa jornada. Não é maior nem menor: é exata!

Moisés, o grande líder do povo de Israel, é um exemplo nítido disso. Foi peregrino por
quarenta anos no deserto do Sinai. Enfrentou o calor do dia e o frio da noite, como um
simples pastor do rebanho do seu sogro. Então, preparado, também por outros quarenta anos
liderou a caminhada de mais de três milhões de israelitas à Terra Prometida.
Mestre Ze, Rita e Rosinha

A palavra álcool é de origem árabe e significa sutil. Realmente não há nada que seja mais
sutil que a bebida alcoólica. Ela entra em qualquer ambiente e freqüenta desini​bidamente
todas as classes sociais. Não só está presente na confraria miserável dos mendigos, debaixo
das pontes, como também é convidada de honra nos grandes bailes, nos palácios e nas
recepções aos líderes de Estado.

Quando o sujeito está triste, bebe para esquecer. Quando está alegre, bebe para comemorar.
Se está calor, toma uma “geladinha”. Se está frio, uma dose para esquentar. Lá está a
maldita sutileza. Vai chegando devagar, passo a passo, para tomar o seu lugar.

Foi assim que a bebida entrou na vida de José Severino da Silva, um jovem do interior, que
veio tentar a sorte na cidade de São Paulo. Ele deixou o Ceará com o sonho de se tornar
rico. Seu primeiro emprego foi de servente de obra. Era um rapaz forte, de boa vontade e
rápido para aprender.

O velho pedreiro e o experiente carpinteiro de formas brigavam para ter o Zé como


ajudante. Foi assim que ele aprendeu todas as profissões na construção, formou-se na escola
da vida e na prática do trabalho se fez mestre-de-obras.

Ganhando melhor e bem ajuizado, Mestre Zé se casou com Rita dos Anjos e construiu a sua
própria casa. Não era de luxo, mas estava longe de ser um barraco qualquer. Era um
sobradinho jeitoso, de frente para a pracinha do bairro, com um muro bem pintado e um
jardim sempre florido. Era mesmo o que se pode chamar de um lar feliz.

A família aumentou com a chegada de Rosinha, a primeira filha. Ela recebeu o nome da avó,
a mãe do Zé, em uma homenagem merecida à memória da falecida senhora.

Zé, Rita e Rosinha viviam uma vida simples, mas cheia de paz e fartura. Até que um dia,
após o serviço, o Zé parou no bar, a convite dos amigos. Maldita hora!

Entre conversas, risos e músicas, a bebida foi chegando, tomando lugar no seu sangue,
acendendo-lhe os olhos, impondo o seu gosto, o seu cheiro e o seu ardor, com os quais
construiria mais tarde as muralhas da prisão do vício e da dependência.

As visitas ao bar foram ficando mais constantes. De duas a três vezes por semana passaram
a ser todo dia. Zé, que costumava estar em casa por volta das sete da noite, para jantar com
a família e assistir ao filme da TV, agora não chegava antes das dez, distante, trôpego,
fingindo que nada havia acontecido.

O fim do dia, que marcava com alegria na vida de Rita e Rosinha a volta do pai para o lar,
passou a ser momento de angustiada espera, de debruçar na janela, de ficar de pé no portão,
olhando de um lado para o outro.

Zé já não podia ficar sem a bebida. Nos finais de semana, então, aí mesmo é que a bebida já
o tomava desde cedo. Possuído pelo vício, começou a chegar atrasado na obra. Ficou
desinteressado e perdeu a voz de comando. Errava em coisas simples e se esquivava do
serviço.

Não precisou de muito tempo para perder o emprego e mergulhar a família na crise
financeira. O dinheiro da indenização foi quase todo para pagar dívidas no bar.
Desempregado, Zé se entregou de vez ao vício. De Mestre Zé passou a ser chamado de “Zé
Cachaça”, “Zé Bebum”, um “Zé” qualquer, nome desses que se dá ao pobre infeliz que cai
nas garras do alcoolismo.

A casinha, bem construída, era uma tristeza só. A pintura ficou suja, o portão caiu e o jardim
era puro mato. A televisão, o estofado, as cortinas... Foi tudo sendo pouco a pouco vendido
para saldar as dívidas contraídas nas bebedeiras.

Rita, amargurada, carregava sozinha a vergonha diante dos vizinhos. As contas atrasadas, o
pede aqui e ali para remediar a situação. Alguém já disse, sabiamente, que a mulher de um
alcoólatra é uma heroína e merece uma estátua, em escala 10 por 1, no centro da praça
pública.

Aquela aparente alegria das primeiras visitas ao bar transformaram a vida do Zé. A bebida
mostrou suas garras cruéis e dilacerou a sua vida, o seu destino e a felicidade da sua
família.

Mas o pior ainda estava por vir. Um dia, quando ele bebia como de costume, alguém veio
lhe chamar com a notícia de que a sua filha Rosinha ardia em febre. Precisava da sua
atenção e de providências urgentes.

Os mensageiros foram muitos, desde cedo até o anoitecer. Mas Zé adiava a sua ida para
“daqui a pouquinho”, “já vou”, “dois minutos”.

Combalida pelas vicissitudes da vida, pela ausência do pai e pelos dias de pouco ou quase
nada, a linda Rosinha agora era pele e osso. Seu corpinho indefeso foi vítima da tuberculose
impiedosa que, sorrateiramente, alastrou-se por seus pequeninos pulmões.

Tarde da noite, hora do vendeiro enxotar os embriagados e fechar as portas do bar, o Zé, a
passos trôpegos, tomou o rumo de casa. A certa distância, viu estranhas luzes brilhando,
vindas da sala. Ao se aproximar, lá estava, sendo velado, o pequeno caixão de Rosinha,
cercado por pequeninas velas e flores simples. A pobre menina não resistira.

Insensibilizado pelo álcool, Zé se recostou em um canto da sala, sem dar conta da tragédia
que atingira seu lar. Nas horas tristes daquela madrugada, o outrora lar feliz do Mestre Zé
era um velório de dor, de perda e de saudade. Nunca mais se veria Rosinha, com o brilho
dos seus olhos a esperar pelo pai querido no portão, ou a correr pelo jardim.

Quando o efeito do álcool foi pouco a pouco deixando a mente daquele pai infeliz, o
desespero e o remorso foram lhe trazendo as trevas. Impotente para enfrentar a realidade,
foi tomado pela sede louca do álcool, da busca da fuga, que crescia no seu interior.
Sem dinheiro para saciar o vício, aproximou-se sorrateiramente e, antes de fecharem o
pequeno caixão, arrancou dos pés da filha os sapatinhos novos, que haviam sido doados
para o enterro. Rosinha foi enterrada descalça. Assim culminou a sua curta existência.

A história do Zé é verdadeira. É também verdade que, pelos muitos anos passados desde
que estes fatos se sucederam nos arredores da capital de São Paulo, fugiram-me da memória
os detalhes completos deste drama, razão pela qual nomes e profissões foram trocados. Mas
de uma coisa jamais esquecerei: O álcool marcou para sempre a vida daquele lar, outrora
tão feliz.

Afaste-se, meu irmão, do sutil. Não dê a ele nenhum espaço na sua vida. Lembre-se de que
ele destrói suas vítimas, sem que elas percebam.
Omar e Abdul

Há uma lenda antiga que expõe ao ridículo os inacreditáveis níveis de ódio e inveja que
atingem o coração dos homens. Homens que desprezam o maior tesouro que existe, isto é, o
amor de Deus, para invejar coisas passageiras, como os bens materiais.

No infindável deserto do Cazaquistão, dois miseráveis, Omar e Abdul, caminhavam lado a


lado, à procura de um oásis onde pudessem se refugiar do calor fustigante e matar a sede
que os afligia.

Os dois haviam sido muito ricos. Eram negociantes estabelecidos no ramo de venda de
tapetes. Ganharam muito dinheiro, e porque tinham seus bazares um defronte do outro, em
uma das principais ruas da cidade de Pertião, tornaram-se terríveis rivais.

Viviam a se acusar e a denunciar as falcatruas um do outro, e, ainda que fossem primos, a


rivalidade que havia entre eles era maior que qualquer vínculo sangüíneo.

No desejo de juntar mais dinheiro, os dois faziam qualquer negócio. Falsificavam


mercadorias, exorbitavam nos preços, enganavam no troco e sonegavam os impostos, além
de roubarem os empregados.

Passavam o dia à frente das suas lojas, sentados em pequeninos bancos, um defronte do
outro. Vez por outra cruzavam os olhares, quando o tráfego da rua permitia, para desviar
logo em seguida, como se nem notassem a existência um do outro.

Tudo mentira! Na verdade vigiavam cada cliente que entrava nos bazares. Se algum deles
saísse carregado com muitos produtos, o que significava um bom negócio, o concorrente se
doía de inveja, enquanto o que tinha feito o negócio voltava à porta do bazar para exibir o
seu sorriso, alisando lentamente a vasta barriga.

Era tanta a inveja entre os dois que cada um deles enviou uma carta aos fiscais do rei,
denunciando as irregularidades do outro. Ambos foram condenados. Por ironia do destino,
na noite em que fugiram, antes que fossem parar na cadeia, encontraram-se na mesma
estrada, sofrendo juntos a aridez do deserto.

A cada passo que davam, discutiam e se acusavam, lembrando da riqueza que haviam
deixado para trás. Lamentavam-se e reconheciam a estupidez que haviam feito. Punham-se a
andar novamente e mais à frente lá estavam a se digladiar outra vez.

Após muitas horas, quando a tarde caía, anunciando em ventos o frio que assola todas as
noites o deserto, os dois miseráveis, que tinham perdido tudo na vida, com exceção dos
maus sentimentos, já exaustos, choraram em alta voz e clamaram a Deus por socorro.

Foi então que um anjo lhes apareceu e iluminou tudo ao redor com a luz do seu rosto.

— Omar e Abdul, vim para salvá-los. Peçam o que quiserem e vos será concedido!
Ao ouvirem isso, os dois explodiram de alegria. Imagine os palácios, servos e servas,
reinos, fortunas, comércios, tapetes, propriedades e principalmente escapar daquele deserto
sem fim. Tudo era como um sonho!

— Lembrem-se de que vocês destruíram a si próprios. Agora lhes dou a chance de


recuperarem suas vidas e suas famílias. Terão, porém, que aprender o segundo mandamento
da Lei de Deus: o amor ao próximo! Um de vocês fará o pedido do que mais anseia o seu
coração. Pode pedir o que de melhor existe no mundo, que concederei. Então, ao seguinte
darei em dobro, para que o desejo de um venha a abençoar ainda mais o outro — finalizou o
anjo.

— Abdul! Pense com cuidado em todas as maravilhas que os seus olhos já viram, nos
lugares por onde você passou e nos livros que leu, e não se esqueça de pedi-las todas! —
gritou Omar.

— Amigo, este conselho que você me dá é para você mesmo! Jamais pedirei as maravilhas
que desejo, pois sei que você as receberá em dobro! — respondeu Abdul.

Começou a briga outra vez. Muito pior que antes! Em minutos estavam a rolar pelo chão, um
tentando forçar o outro a fazer o primeiro pedido.

— Pede, miserável! Pede ou lhe arrebento de pancada! — gritava um.

— Nunca! Você é quem vai pedir, nem que eu tenha que lhe matar, desgraçado! — respondia
o outro.

Então o mais forte, Omar, prevalecendo na luta, apertou o pescoço do outro, até que ele, já
não resistindo mais, gritou o seguinte pedido:

— Peço que me seja concedido o desejo de ficar cego de um olho!

Ao que se seguiu o grito desesperado:

— Maldito! Onde você está, desgraçado, que não lhe vejo mais?

O amor ao dinheiro é mesmo a raiz de todos os males, como diz a Bíblia Sagrada. E a
inveja que isso causa não tem limites. Parece que para aquele que ama o dinheiro não basta
apenas ser rico, mas é preciso também que os outros sejam pobres e lhe invejem. A derrota
de outrem lhe traz mais alegria que a própria vitória.

Quando nos alegramos e oramos pela vitória, não daqueles que nos amam, mas daqueles que
nos odeiam, é aí que nos tornamos filhos do Altíssimo. Ele, por amor à humanidade, que O
despreza, ainda assim deu o Seu Filho Jesus para salvá-la.

É isso que diz um dos mais lindos versos da Bíblia: “Porque Deus amou ao mundo de tal
maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a
vida eterna.” (João 3.16).
Deus ama, e porque ama dá o que tem de melhor: Seu Filho! O diabo odeia, e porque odeia,
rouba!
A historia de Valdir e Tonhao

Era uma vez um circo que corria todo o interior de Minas Gerais. Não era lá essas coisas,
mas para as pequenas cidades da roça era uma grande atração. Quando as carretas
apontavam na estrada, com as cabines pintadas e os animais nas jaulas, chegavam a
novidade e a alegria.

O que mais chamava a atenção eram os elefantes. O maior deles era o Valdir, um animal
vindo da Índia, país onde os elefantes são sagrados e adorados como deuses. Quando
criança, elefantinho ainda, ele via seu pai desfilar enfeitado pelas ruas, e gente de todo o
tipo ajoelhada a lhe pedir favores.

As práticas pagãs na Índia são mais uma armadilha do diabo para enganar os incautos. São
milhares os deuses que se originam de um entendimento completamente contrário à Palavra
de Deus.

Se fosse verdade o que pregam, com o passar dos milênios, reencarnando e evoluindo, o ser
humano melhoraria na sua índole. O que se observa, entretanto, é que o pecado se multiplica
à medida que se aproxima o fim dos tempos. O Senhor Jesus sabiamente advertiu: “E, por
se multiplicar a iniqüidade, o amor se esfriará de quase todos.” (Mateus 24.12).

Pela força do destino, o paquiderme foi vendido ainda jovem e acabou vindo de navio para
o Brasil. Como era orgulhoso, nunca aprendeu nenhum truque. Aliás, nem sequer deu a
mínima atenção aos tantos treinadores que teve.

Assim, o elefante indiano foi sendo empurrado de circo em circo, até que terminou sem
grandes privilégios em um bem modesto, de interior, onde o Tonhão, um elefante africano e
muito humilde, fazia sucesso e acabava trabalhando pelos dois.

— Você é ridículo, Tonhão. Jamais me sujeitarei a este papel de elefante de circo. Fique
sabendo que sou um animal sagrado, um deus reencarnado — dizia o presunçoso Valdir.

Para não dizer que Valdir era inútil, o dono do circo, que sabia da total apatia do animal,
oferecia um prêmio em dinheiro para quem conseguisse fazê-lo sentar, que é o truque mais
elementar para um elefante adestrado.

Os candidatos puxavam a corda amarrada no pescoço do elefante; penduravam-se no seu


rabo; empurravam-lhe as patas; levavam camundongos para assustá-lo; ofereciam
amendoim; nada, porém, surtia qualquer efeito.

O Valdir era mesmo um elefante muito orgulhoso. Até que um dia um rapaz esperto,
acostumado a lidar com a teimosia das mulas, assistindo ao espetáculo decidiu enfrentar o
desafio.

Ele era o ponta-esquerda do time de futebol. Tinha uma canhota poderosa. O chute do rapaz
era uma bomba de furar a rede.
— Senhoras e senhores, agora o elefante mais teimoso do mundo desafia quem possa fazê-lo
se sentar — anunciou o dono do circo.

O rapaz se levantou e se dirigiu ao centro do picadeiro. Olhou seriamente nos olhos


pequenos e soberbos do animal. Depois passou a rodeá-lo lentamente, como a procurar um
ponto fraco. Quando estava por detrás do elefante, mandou o pé num chute potentíssimo, que
atingiu em cheio os testículos graúdos do Valdir, que lhe caíam pendurados entre as patas
traseiras.

O elefante só teve tempo de emitir um longo e doloroso “uuuuiiiiiiiii!!!”, enquanto as patas


de trás perdiam a sustentação e escorregavam, fazendo aquelas toneladas se sentarem no
chão.

A platéia delirou e o rapaz recebeu o prêmio. No dia seguinte o circo partiu para outra
cidade. O dono agora tinha um problema. Como aproveitar aquele elefante como uma
atração que justificasse toda a comida que lhe custava, e o incômodo de transportá-lo de um
lado para o outro?

Resolveu mudar a exigência. Agora, em vez de fazê-lo se sentar, o prêmio seria dado a
quem fizesse Valdir falar sim e não. Dessa maneira, estaria seguro de que ninguém levaria o
prêmio.

Na primeira noite de espetáculo na nova cidade, com casa cheia, quando o desafio foi
lançado à platéia, o mesmo rapaz desceu da arquibancada em direção ao picadeiro. Ao vê-
lo, o orgulhoso elefante sentiu um arrepio percorrê-lo desde a ponta do rabo até a ponta da
tromba. Todo mundo já ouviu falar da tal “memória de elefante”. O Valdir lembrava
claramente daquele chute de canhota.

O rapaz olhou firme dentro dos seus olhos e lentamente começou a rodeá-lo, exatamente
como da outra vez. A cada volta Valdir suava frio. O jovem se aproximou, levantou aquela
orelha imensa e lhe sussurrou ao ouvido:

— Você me conhece, Valdir? — ao que o elefante de imediato respondeu, movendo a


cabeça de cima para baixo, exprimindo um “sim”!

— Quer levar outro chute daquele? — ao que o elefante imediatamente, movendo a cabeça
de um lado para o outro, expressou um angustiado “não!”

— Então senta, Valdir! — ao que o animal prontamente obedeceu, dobrando as patas


traseiras, sentando docilmente.

O público explodiu em aplausos, enquanto o dono do circo, boquiaberto e a contragosto,


pagava o prêmio ao rapaz.

O orgulho é mesmo terrível e nos faz teimosos como o elefante Valdir. Admirador de si
próprio, o orgulhoso não ouve ninguém e se considera o dono da verdade. Até que chega o
dia, aquele dia, em que o Valdir sentou. Melhor e muito menos doloroso é aprender através
da humildade.
Tonhão, o humilde elefante africano, que era tido por Valdir como ridículo, até hoje dá
gargalhadas quando lembra da cara do Valdir.
O Ganso Didi

No tempo em que o continente africano era habitado apenas por duas tribos, houve um grave
problema na floresta de Gana. Um terrível incêndio começou a se levantar no horizonte, e
suas chamas, espalhadas pelo vento, foram formando um círculo, que precisava ser
abandonado antes que se fechasse e levasse à morte todos os que estivessem dentro dele.

A bicharada nunca havia enfrentado uma situação de perigo como esta. O pior é que os
animais eram desunidos e egoístas. Corriam para um lado e para o outro, de maneira
desordenada, procurando se defender e, se bobeassem, o maior pisoteava o menor.

Cheios de dúvidas, logo voltavam atrás e assim promoviam, com relinchos, rugidos e urros,
toda aquela desesperada balbúrdia. Instaurou-se então o caos na floresta. Do jeito que a
coisa ia, poucos se salvariam.

Claro que precisavam de alguém com uma ampla visão da situação, que lhes guiasse com
segurança pelo melhor caminho. Unidos e um ajudando ao outro, teriam melhores chances
de escapar daquele horrendo incêndio.

Quando estavam exaustos, e muitos choravam achegados aos seus filhotes, foram parar no
alto de um monte, onde a fumaça vinha de todos os lados. Parecia que o círculo já tinha se
fechado. Era só esperar o fogo chegar, para morrerem todos.
Foi neste instante de angústia que, olhando para o alto, viram o vôo de um bando de gansos
liderados por Didi. Ele ia à frente daquela formação em “V”, lutando contra a dificuldade
do ar aquecido pelo fogo e, portanto, com pouca sustentação para o vôo. Incentivado pelos
gritos dos seus companheiros que vinham atrás, Didi batia suas asas cada vez mais forte,
guiando-os para fora daquele círculo mortal.

Didi sabia que o ganso que vai à frente não está lá para se exibir vaidosamente. Pelo
contrário, tem uma grande responsabilidade, pois o movimento de ar que provoca na
formação em “V” da esquadra, ao bater suas asas com empenho e força, facilita em setenta
por cento o vôo dos demais.

Assim ia ele, com toda a coragem, vencendo a barreira de fumaça e de calor, conduzindo os
demais ao caminho da salvação!

Que lição maravilhosa para aquele momento de desespero. Aquele “V” voando no céu era
na verdade o “V” de vitória, e era também como a seta de uma bússola a apontar o caminho
da saída.

Imediatamente os animais aprenderam a lição e nomearam a girafa para os guiar. A ela


caberia o dever de manter os olhos na esquadra de gansos do Didi, e todos os demais iriam
segui-la.

Assim encontraram a única saída disponível e se salvaram todos. Mais que isso:
aprenderam uma grande lição. A união em torno do líder é na verdade o segredo de um vôo
seguro, onde os que vêm atrás se aproveitam do esforço do que vai à frente.

Não foi assim que o Senhor Jesus nos ensinou? Que aquele que é o primeiro serve a todos
os demais? Só os cegos, pela vaidade ou orgulho, não entendem e preferem voar sozinhos.
O rei que se condenou a morte

Havia um rei cujo exército estava em guerra. A luta era contra os povos que tentavam
invadir suas terras. Aquele rei, que tinha sido um excelente soldado no passado, agora um
tanto cansado permanecia no palácio, recebendo notícias da frente de batalha por
intermédio dos seus mensageiros.

Não que fosse um homem velho, porque isto ele não era, mas pensava que depois de tantas
conquistas merecia permanecer em seus aposentos. Como era o rei, a ninguém mais cabia
qualquer opinião.

Foi então que, em um belo dia, enquanto passeava no terraço do seu palácio, avistou por
cima do muro uma mulher que se banhava em sua casa. Impressionado com a sua beleza, o
rei logo tratou de trazê-la à sua presença.

Ao conversar com ela, soube que se tratava da esposa de um dos seus mais valorosos
soldados, o qual se encontrava, juntamente com o restante do exército, no campo de batalha.

Aproveitando-se da situação e crendo que ninguém descobriria sua trama, o rei tomou
aquela mulher como sua e a obrigou a dormir aquela noite com ele no palácio.

No dia seguinte, o rei a despediu bem cedo, procurando esquecer o fato. Recomendou que
ela guardasse segredo e que voltasse para sua casa, como se nada tivesse acontecido.
Alguns meses depois, tudo parecia estar em ordem. O rei já nem se lembrava mais daquela
noite.

Um dia, porém, a mulher retornou ao palácio. Aflita, desejava uma audiência particular com
“Sua Majestade”. Alegava que o assunto era muito grave. O soberano a recebeu em
particular. Assim que ela entrou, revelou que estava grávida. Foi como se o céu desabasse
sobre a cabeça do rei!

E agora? Como seria quando o marido voltasse da guerra, e encontrasse sua mulher
grávida? Certamente a levaria à Corte e, de acordo com as leis, ela seria declarada adúltera
e punida com a morte!

Como salvá-la e também a criança, sem revelar o pecado que havia cometido? O rei estava
aflito, sem poder se consultar com qualquer um dos seus conselheiros ou súditos! Foi então
que teve uma idéia para encobrir o problema.

Por que não chamar o soldado urgentemente, e dar-lhe alguns dias de folga? Vindo para
casa, naturalmente possuiria sua esposa, e, quando voltasse da guerra e a encontrasse
grávida, pensaria que a fecundara no dia de sua folga.

Assim o soldado foi, por ordem real, levado ao palácio. Após ter tido a honra de jantar com
o rei, recebeu ordem para que aproveitasse a sua folga em casa, com a esposa.
Ao se despedir do soldado, o rei tinha a certeza de que tudo estava resolvido. Na manhã
seguinte, porém, teve uma grande surpresa. “Sua Majestade” encontrou o fiel soldado
dormindo à porta do palácio.

— O que é isto, homem? Não te trouxe eu de volta da guerra para que tivesses a recompensa
de estar em tua casa, com tua mulher? Que fazes deitado à porta do meu palácio? — disse o
rei, indignado.

— Majestade, sinto-me honrado por tudo quanto Vossa Excelência me proporcionou.


Ocorre, porém, que ontem à noite, quando deixava o palácio, senti-me imensamente
pesaroso pelo fato de estar indo ao encontro da mulher que amo, enquanto meus
companheiros dormiam ao relento da noite, acampados pelas colinas, lutando pela paz do
nosso país. Decidi, portanto, dormir à porta do palácio, a fim de que de alguma forma, ao
sentir o vento da noite, pudesse compartilhar a dor dos meus companheiros — respondeu o
soldado.

O rei se sentiu envergonhado. O que dizer a tão nobre guerreiro? Mais do que nunca passou
a temê-lo. Não podendo quebrar a sua fidelidade para com os seus companheiros de guerra,
ele o enviou de volta à frente de combate.

Antes de partir, porém, o rei lhe deu uma carta lacrada, para ser entregue ao comandante do
exército. Sem saber, o soldado levou sua própria sentença de morte. A carta determinava
que ele fosse colocado na frente mais cruel da batalha. Lá, veio a morrer em ação. O rei se
casou com a viúva. Enfim, tudo resolvido, pensou ele.
Passado algum tempo, quando novamente a paz reinava no país, sentado o soberano no seu
trono, um profeta lhe apresentou uma causa curiosa:

— Apenas uma ovelha, uma única ovelha, era tudo o que um dos servos fiéis de Vossa
Majestade possuía. O pobre homem cuidava dela com todo o amor, pois era tudo quanto
tinha na vida. Amava-a como o bem mais precioso que Deus lhe dera. Um dia, um homem
rico, dono de vastos rebanhos, tendo recebido visitas em sua casa, não querendo se desfazer
de uma das suas ovelhas, mandou que apanhassem e preparassem a ovelha daquele pobre
homem.

Interrompendo, o rei indignado exclamou:

— Que caia sobre mim a punição de Deus se ainda hoje eu não tirar a cabeça de tal homem!

Toda a Corte se calou diante do furor do rei. O homem que cometeu tamanho desatino
jamais escaparia com vida. Antes que os soldados saíssem em busca do tal criminoso, o
profeta disse ao rei:

— És tu o homem a quem me refiro, ó rei! E com as tuas próprias palavras condenaste a ti


mesmo!

O rei que se condenou à morte é nada mais nada menos que o rei Davi. Deus o perdoou,
porém a punição do seu erro foi talvez uma das maiores aplicadas na Bíblia. Seu pecado
cometido em oculto foi trazido à luz do Sol, e aquilo que o rei tanto queria esconder, ainda
hoje, aproximadamente quatro mil anos depois, é assunto nesta história.

Jesus disse que não há nada escondido que não venha a ser revelado.

“Nada há oculto, que não haja de manifestar-se, nem escondido, que não venha a ser
conhecido e revelado.”

Lucas 8.17

Que o Espírito Santo possa dirigir as nossas vidas, para vigiarmos e nos mantermos na
batalha diária, o melhor lugar para nos refugiarmos da tentação.
Os tres pinheiros

Era uma vez três pinheiros plantados em uma vasta floresta no reino da Swazilândia, Sul da
África. Cada um deles tinha um sonho. O primeiro, muito ambicioso, sonhava ser rico, o
mais rico de todos os pinheiros. Queria ser, no futuro, um grande baú, adornado por pedras
preciosas, onde o rei guardasse o que de mais valioso possuísse.

Já podia se ver como o centro das atenções, na sala mais luxuosa do palácio, aberto apenas
em ocasiões especiais e para convidados ilustres. E então, neste instante em que fosse
aberto, veria o olhar de admiração daqueles que tivessem tido a honra de contemplá-lo. Era
a glória que ele mais queria na vida.

O segundo pinheiro, que só pensava em si mesmo, queria aproveitar a vida e viajar pelo
mundo. Seu sonho era se tornar uma caravela, que os ventos empurrassem pelos mares da
vida.

Imaginava-se aportando nas belas ilhas do Caribe, ou nos luxuosos portos da Europa,
recebendo a brisa fresca do Pacífico e sendo beijado pelas águas frias do Índico. Queria ter
da vida o que ela de melhor pudesse lhe oferecer.

O terceiro pinheiro era bem diferente dos outros dois. Não era tão alto quanto o primeiro, e
nem tinha um tronco tão forte quanto o segundo. Seu sonho era ser útil de alguma forma e
poder ajudar quem dele precisasse.

Achava que não havia maior riqueza que servir, e para ter o melhor que a vida pudesse
oferecer devia amar e se dedicar ao próximo. Assim, tinha certeza que encontraria a paz e a
felicidade.

É claro que os outros dois pinheiros o consideravam estúpido e ingênuo. Eles o


desprezavam e, embora tivessem sido plantados próximos uns dos outros, mantinham-no
fora das conversas.

O tempo foi passando e os três pinheiros crescendo. Um dia apareceu na floresta um oficial
do rei, com a missão de escolher o pinheiro ideal para construir um baú, onde o rei pudesse
guardar o seu tesouro.

Quando o primeiro pinheiro ouviu isso, entendeu que a sua chance havia chegado. Esticou o
máximo que pôde os seus galhos e estufou o seu tronco. Era mesmo muito lindo.

Quando o homem o viu, ficou impressionado e o comprou. E lá se foi o primeiro pinheiro se


tornar o guardião do tesouro do rei.

Não muito depois, outro comprador visitou a floresta. Era um capitão que procurava
madeira para construir uma caravela.

O segundo pinheiro tinha agora a chance que esperava. Envergou-se o quanto pôde, para um
lado e para o outro, mostrando grande elasticidade em suas fibras para se adaptar à forma
do casco do navio.

Não precisou de mais nada. O marinheiro o comprou. Lá se foi o segundo pinheiro para se
transformar em caravela, o que era o seu sonho. Assim vieram compradores de todas as
partes do mundo para escolher a madeira que melhor se adaptasse aos seus negócios.

Uma a uma as árvores se foram e, daquela imensa floresta que cobria as montanhas como
um tapete, restou apenas o terceiro pinheiro. O único que não foi escolhido, porque
achavam que não servia para os negócios deste mundo.

Até que um dia um carpinteiro veio à procura de madeira. Queria uma bem simples, sem
nada de especial, pois o que pretendia fazer com ela não era uma suntuosa arca de tesouro,
tampouco uma caravela. Assim, o terceiro pinheiro foi levado embora da floresta, onde foi
iniciado um processo de reflorestamento.

O primeiro pinheiro se transformou em uma linda arca, entalhada com o brasão real. Ficava
no centro da sala mais bela do palácio. Até que um dia o palácio foi invadido por inimigos,
que mataram o rei e lhe saquearam o tesouro.

Como a arca era muito grande e pesada, tiraram tudo o que havia nela e puseram fogo no
palácio. O pobre pinheiro morreu queimado nas chamas do incêndio, sozinho e vazio.

O segundo pinheiro, quando viajava pelos mares gelados do Norte, foi açoitado pelos
ventos e lançado violentamente contra as rochas de uma ilha, vindo a se despedaçar. Dessa
forma morreu afogado, sendo sepultado no fundo do mar.

O terceiro pinheiro, cujo sonho era servir, foi transformado pelas mãos do carpinteiro em
uma cruz, a qual um dia foi colocada sobre as costas ensangüentadas do Senhor Jesus
Cristo.

Ali, ajudou o Senhor a cumprir o maior serviço que um servo jamais cumpriu: Dar a Sua
própria vida para salvar Seus irmãos.

Seu desejo de servir fez dele o mais precioso tesouro de madeira da humanidade: a cruz de
Jesus. E ainda o levou a viajar por todas as partes do mundo, carregado por aqueles que
sabem que a verdadeira riqueza é servir, e obedecem à ordem: “...Se alguém quer vir após
mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me.” (Lucas 9.23).

Pesa-me no coração, ao escrever esta história, a lembrança de alguns colegas, missionários


como eu, que se deixaram levar, para se tornarem baús de dinheiro ou para serem senhores
de si mesmos, nos ventos dos sentimentos e pensamentos da carne.

Nosso Deus e Pai possui todas as coisas e a tudo conhece. No entanto, escolheu servir como
Seu grande tesouro. Disse Jesus: “Mas vós não sois assim; pelo contrário, o maior entre
vós seja como o menor; e aquele que dirige seja como o que serve.” (Lucas 22.26).

Penso que Ele Se baseava no próprio Deus, quando proferiu estas palavras. Ele é o maior,
mas também o que mais serve! Todos os seres neste mundo, e se outros houver fora dele,
foram criados e são sustentados por Ele. Sem Ele, nada do que existe teria surgido. Por
isso, a Ele toda a glória, para sempre. Amém!
A montanha e o grao de areia

Era uma vez uma montanha imponente, que se erguia à beira do mar. Seu topo atingia as
nuvens do céu. Ela se orgulhava da sua grandeza e, como rainha em seu trono, reinava
soberana, tendo o mar aos seus pés, o respeito e admiração dos homens.

Junto à montanha havia uma praia, e nela um grão de areia. Era tão comum e pequeno como
qualquer outro dos incontáveis grãos que formavam aquela faixa branca entre o mar e a
terra.

— Senhora montanha, poderia me dizer o que vê do alto da sua grandeza? Conte-me, por
favor, como são os reinos dos homens, os campos, os rios e os vales. Sei que a senhora tem
a visão do mundo e nada se esconde aos seus olhos.

Do alto da sua imponência, a montanha olhou com desdém e respondeu:

— Quem é você, insignificante grão de areia, para me fazer perguntas e querer saber o que
vêem os meus olhos? Não percebe a distância que existe entre nós, e que jamais perderia o
meu tempo conversando com alguém tão pequeno e desprezível? Se você tem a pretensão de
conhecer o mundo, então que seja levado nos pés de alguém, para ser deixado por aí, em
qualquer lugar, seguindo o seu destino anônimo e inútil.
Compreendendo a sua pequenez, o grão de areia se calou. A montanha levantava os seus
olhos altivos para o horizonte, como se nada tivesse acontecido. Ao cair da noite, o pobre
grão de areia contemplava o infinito dos céus e a sua imensidão de estrelas. Distantes a
reluzir, pareciam também pequenos grãos de areia a flutuarem no espaço.

Pela manhã, o mesmo sol que iluminava a montanha também fazia brilhar a areia na praia.
Uma brisa suave, soprando da terra gentilmente, levantou aquele grão de areia e o lançou no
mar. Enquanto afundava lentamente, penetrando nas profundezas do oceano, ele pensava
triste no sonho que tinha.

Agora, tudo parecia perdido. Jamais teria de novo a chance de contemplar a beleza do
mundo, nem mesmo a majestosa montanha, que tanto o desprezava. Mas, ao vagar pelas
águas, o grão de areia veio a cair na membrana macia de uma ostra aberta, que, ao senti-lo,
fechou-se de pronto.

— Quem é você? — perguntou o molusco.

— Sou um pequenino grão de areia, que o vento lançou no mar — respondeu ele.

E os dois começaram a conversar. Quando a ostra ouviu a história do grão de areia e do


sonho que tinha, ficou muito triste e começou a chorar. Suas lágrimas o envolveram e ele foi
ficando cada dia maior, até se transformar em uma linda pérola.

Um dia, os mergulhadores acharam aquela ostra no fundo do mar. Abrindo-a, descobriram a


preciosa pérola. Era a mais bela que jamais tinham visto. Vendida por alto preço, acabou se
tornando um valioso anel de uma rainha. Assim, o grão de areia viajou por todos os cantos
da Terra.

Diz a Palavra de Deus que o Senhor Jesus exalta o humilde e abate o altivo. Por isso, muitas
vezes somos levados ao deserto, pois sob o intenso calor do dia e o frio da noite a mais
sólida montanha acaba por se transformar em pequeninos grãos de areia.

De certa forma, o grão de areia, na sua pequenez e humildade, é mais forte que a montanha.
Esta, sob o efeito da erosão, esfarela-se a cada dia. Já o grão de areia, por seu próprio
tamanho, é praticamente indivisível.
A viagem da Humildade

Conta-se que a Humildade resolveu fazer uma viagem, para abençoar o povo que vivia em
uma terra distante e muito pobre. Não havia entre aquela gente ninguém abençoado; o povo
vivia na mais completa miséria, sem rei e sem rainha.

O caminho para aquela cidade era bastante longo e árduo, cheio de pedras, e ainda por cima
havia um rio muito caudaloso para atravessar. Por isso, a Humildade procurou um barco
para transportá-la.

O primeiro que encontrou era bonito e grande. Não ficava nada a dever aos mais famosos
iates dos quais se tem notícia, e que navegam, como se costuma dizer, “pelos sete mares”.
Tinha imensas velas, suas ferragens eram cobertas de ouro e a madeira do seu casco era a
mais nobre que havia.

Assim que a Humildade lhe pediu ajuda, o barco se dispôs a colaborar, porém o pagamento
que exigiu foi altíssimo: queria que a Humildade lhe desse glória e admiração, por sua
beleza e força. Ela não tinha como pagar o preço desejado por aquele barco e, assim, outro
passageiro o alugou e partiu com ele em viagem.

A Humildade, então, achou outra embarcação. Era também muito bela, pronta para cruzar
aquelas águas, pois tinha um motor de grande potência. Queria, porém, um pagamento em
ouro e prata, cujo valor era incontável. Enquanto a Humildade se espantava com o preço,
outro passageiro apressado lançou sobre o seu convés um baú cheio de ouro, e lá se foram a
navegar pelas águas.

O terceiro barco que a Humildade encontrou não era lá tão formoso quanto o primeiro, nem
tinha a força do segundo. Entretanto, quando soube da importância de sua missão,
transformar a vida dos miseráveis, o barquinho começou a se mover e, todo alegre, levou-a
para a outra margem do rio, vencendo a distância e a força da correnteza.

Do outro lado, o povo esperava a chegada da Humildade para abençoá-lo. Quando os


barcos chegaram, a maioria das pessoas correram para o primeiro, atraídas por sua beleza.
O passageiro que encontraram lá, no entanto, era o Orgulho, e quem o recebeu acabou
amaldiçoado.

Outro grande grupo correu para o segundo barco, atraído pelo barulho daquele motor forte,
e pelo ouro que reluzia no seu convés. O passageiro que estava lá, triste desilusão, era o
Amor ao Dinheiro, e, assim, quem para lá correu se tornou ainda mais miserável.

Somente algumas poucas pessoas viram no terceiro barquinho algo mais forte que a beleza
do primeiro e a força do segundo. Correram ao seu encontro e, que maravilha, encontraram
a Humildade e se tornaram muito felizes. Foram todas honradas.

A maior virtude ensinada pelas Sagradas Escrituras é a humildade; ela sempre precede a
honra. O Senhor Jesus nos garantiu que aquele que se humilha a si mesmo herdará o Reino
de Deus e será exaltado.

Israel esperou vários reis e ainda espera o Messias. O Senhor Jesus, nosso Salvador, veio
montado em um jumentinho. Ele era o Rei que oferecia a outra face aos Seus inimigos,
atendia aos pobres, comia com os pecadores e não lutou pela glória deste mundo.

Os judeus esperavam um Rei que lutasse contra o domínio romano e lhes devolvesse a
glória dos tempos de Davi. Por isso não O aceitaram.

O Senhor Jesus é a Humildade; nós, cristãos, somos os barquinhos. Se O levarmos às


pessoas, os que sofrem serão abençoados.
A oracao antes da refeicao

Era uma vez um jovem africano, que não freqüentava a igreja e pouca importância dava à
oração. Ele vivia em Moçambique, mas sonhava imigrar para a África do Sul. Este país
vizinho, achava ele, ofereceria melhores condições de vida e de trabalho. Como não tinha o
visto para cruzar a fronteira, resolveu ir pelo meio do mato, atravessando os campos e
montanhas que separam esses países.

Assim ele partiu em busca do seu sonho. Quando o Sol se pôs, sentiu medo. É que os
campos da África são cheios de leões ferozes, que saem para caçar na escuridão da noite.

De repente ele ouviu o pavoroso rugido e viu o brilho das enormes presas do leão. Com o
corpo a tremer, caiu de joelhos e passou a orar como nunca havia feito antes.

Passados alguns instantes sem que nada tivesse acontecido, ele abriu um pouquinho um dos
olhos e, para sua surpresa, viu que o leão também estava de joelhos, fazendo uma oração.

O rapaz se encheu de coragem. A oração parecia ter funcionado. Afinal, mesmo sem nunca
ter buscado a Deus, havia conseguido se safar da situação. Sem medo, levantou-se e disse:

— Muito bem, Seu Leão. Fico muito feliz em ver que o senhor é também um cristão!

Ao que o rei da selva respondeu:


— Nem tanto, meu jovem. Porém nunca deixo de fazer a minha oração antes das refeições!

Sábio é aquele que anda sempre com Deus, mesmo antes que o leão apareça. O que vive em
comunhão constante com seu Criador desfruta o melhor desta vida. A cada dia planta a boa
semente e vai colher com abundância pelo resto da vida.
Fe sem inteligencia

Precisamos ter um coração humilde diante de Deus, para aceitarmos aqueles que nos são
enviados e recebermos a ajuda que nos vêm trazer.

Trabalhando por muitos anos como missionário na África, vi muitas pessoas em sofrimento.
Creio que todas pedem a Deus ajuda em suas orações. Creio também que em resposta a
essas orações é que somos enviados a ajudá-las, porém muitas não nos aceitam.

Conta-se que pelos idos de 1940, uma pequena cidade da Flórida, nos Estados Unidos, foi
assolada por fortes tempestades. À medida que as chuvas se prolongavam, o sistema de
escoamento se mostrou deficiente e a cidade começou a inundar nos bairros mais baixos.

O Governo, então, anunciou pelo rádio e pela televisão que os moradores daqueles trechos
deveriam se deslocar para ginásios e prédios públicos, na parte alta da cidade, onde
receberiam assistência, até que pudessem voltar às suas casas.

Em uma das ruas da parte baixa, um dos moradores se negava a deixar sua casa. Dizia ter fé
que Deus iria socorrê-lo. Seus vizinhos, antes de partirem, bateram insistentemente à sua
porta, pedindo-lhe que os acompanhasse. Pelo menos uns dez. A todos o homem respondia:

— Deus vai me salvar!


Aquela rua ficou deserta. As outras também; aliás, todo o bairro. Até os gatos e cachorros
se foram. Somente o homem continuava em casa.

As águas cobriram as calçadas, avançaram pelo jardim e já estavam chegando à porta da


casa quando um enorme caminhão do Exército, deslocando-se lentamente, anunciou que se
alguém ainda estivesse no local, que embarcasse imediatamente. O homem nem deu as
caras.

Assim, viu as águas entrarem por baixo da porta e encherem a sala. Subiu na cadeira, da
cadeira passou para a mesa, da mesa foi para o telhado.

A essa altura, soldados do Corpo de Bombeiros, vasculhando a área, aproximaram-se em


um barco e insistiram para que ele os acompanhasse. Lançaram corda, colete salva-vidas, e
nada. O homem, já no telhado da casa, repetia:

— Deus vai me salvar!

Ao entardecer, o nível da água já lhe tocava os pés quando um helicóptero da Força Aérea
lançou sobre ele um possante jato de luz. Foi então desenrolada uma escada, a qual, no
balanço do vento, tocava-lhe os braços e o corpo, como que calada e humilde lhe
implorasse que nela subisse. O homem encolheu as pernas para fugir da água, mas nem
sequer olhou para cima.

O helicóptero foi embora, em busca de outros que quisessem socorro. A chuva continuou a
cair e o homem morreu afogado.

No Céu, ele chegou muito zangado e passou a reclamar e inquirir o porquê de sua fé não ter
sido honrada. Então, foi-lhe dito:

— Sua oração chegou por aqui e a resposta voltou de imediato. Em seu socorro foram
mandados mais de dez vizinhos, o Exército, os Bombeiros e, finalmente, até um helicóptero
da Força Aérea. Mas você não aceitou nenhuma ajuda!

A Bíblia ensina que Deus constitui autoridades governamentais e espirituais. O coração


humilde as conhece, respeita e acata. E assim se vive com sabedoria.
O sapo que sonhava voar

Foram inúmeras as vezes em que o Senhor Jesus nos ensinou o valor da modéstia, e como é
importante fugir da glória traiçoeira deste mundo. Aliás, esta glória, que pertence ao diabo,
foi oferecida a Jesus na tentação no deserto. O Senhor de pronto a desprezou, e o tentador,
humilhadamente derrotado, retirou-se.

Conta-se que, anualmente, os animais de uma certa parte da selva amazônica se reuniam em
uma clareira, próxima ao caudaloso Rio Negro, para realizar um grande festival de
novidades. Cada bicho comparecia trazendo alguma coisa especial: uma nova comida;
histórias interessantes; descobertas; provas de força; saltos acrobáticos...

Tudo com a finalidade de eleger o mais admirável, o mais esperto, ao qual era concedido o
título de “Campeão da Selva”. De longe se ouvia a movimentação entusiasmada da
bicharada, vinda de todas as partes e indo para aquela clareira, especialmente preparada
para servir de palco de exibição.
O show começava com o leão em um número de força. Seguia-se o macaco com saltos,
depois o joão-de-barro mostrava uma nova maneira de construir. Assim, um após o outro,
esforçavam-se para impressionar a audiência e arrebatar o título.

Bento, o sapo, muito vaidoso, arranjou para aquele ano algo tão espetacular, que levava
como certa sua vitória. Combinou com um pássaro amarrar em sua pata uma corda, que ele
seguraria com a boca. Toda vez que abaixasse a cabeça, puxando a corda, seria o sinal para
que o pássaro voasse mais alto.

Pela primeira vez na história da selva todos veriam um sapo voador. O pássaro contratado
era o urubu, pois Bento pensava: “Não faz sentido usar uma ave colorida, que ofusque o
meu verde”.

Enquanto os bichos se revezavam em ocupar o palco, Bento nem dava bola. Apenas
aguardava o momento certo para a sua entrada triunfal.

Ao se aproximar o fim do festival, o sapo surgiu voando por cima das copas das árvores, e
começou a rodear a clareira. Quem primeiro notou foi a girafa, que não conteve o espanto:

— Olhe para cima, bicharada! Quem vai lá voando no céu?

De imediato todos olharam para o alto e o sapo passou a ser o centro das atenções. Era tudo
o que Bento mais queria. Frases se seguiram: “Que idéia formidável!”; “É um gênio!”; “Que
coragem!”.

E assim, cada vez que ouvia uma dessas frases, Bento puxava a corda e o urubu subia mais
alto. A admiração era geral. Tão alto estava que não se podia distinguir quem era ele.

Os bichos se perguntavam uns aos outros: “Quem é o valente? Será o rato, ou a perereca?”.
Ao perceber, do alto, que a bicharada o confundia com outros bichos, Bento quis esclarecer
e gritou:

— É o sapo, pessoal!

Foi a última frase que disse na vida. O pobre Bento, ao abrir o bocão, soltou-se da corda e
despencou das alturas de sua glória, esborrachando-se no chão.

A história do sapo nos ensina uma grande lição. Os elogios são ciladas armadas para
insuflar a vaidade humana, levando às alturas o ego daqueles que procuram a glória deste
mundo. Quanto mais sobem, maior será o tombo.

Diz a Bíblia:

“O homem que elogia a seu próximo arma-lhe uma rede aos passos.”

Provérbios 29.5
O ciume da mulher

Diz-se por aí que fogo de morro acima, água de morro abaixo e a fúria da mulher ciumenta
são coisas que ninguém segura! Aquele que se casa com uma delas tem um vulcão dentro de
casa. Ninguém sabe quando vai explodir.

Aliás, até bem pouco tempo atrás os americanos costumavam batizar os furacões, que vez
por outra arrasavam suas cidades, com nomes femininos. Aurora, Elvira, Jane e tantos
outros.

Essa prática, por sinal de muito mau gosto, foi abolida recentemente pelo esforço do ativo
Movimento Feminino Americano.

Alguns dizem que toda mulher é ciumenta e que tudo começou com a nossa mãe Eva, ainda
lá no Paraíso. Conta-se que tudo corria muito bem no maravilhoso Jardim do Éden, onde os
nossos pais eram felizes e levavam a vida na doce comunhão do amor.

Estavam sempre juntos e conversavam sobre tudo, sem nenhuma interferência alheia e sem
segredos. Como brigar? Como discutir? Não havia absolutamente nenhuma razão, por menor
que fosse, para criar a discórdia!

Nada de disse-me-disse, de fofocas de vizinhos, de telefone, de televisão. Nada de contas


atrasadas, de despesas, de escola das crianças. Engarrafamento? Nem pensar!

Imagine só um lugar sem qualquer preocupação, saúde perfeita, completa alegria e um


Universo inteiro para ser desvendado! Tudo era novidade! Nem chuva havia; apenas um
delicado orvalho regava a vegetação pelas madrugadas!

Um dia, porém, enquanto colhia cachos de uvas, nosso pai Adão se deteve a observar um
pássaro diferente, com cores muito lindas, que estava a voar de um galho para outro,
exibindo a sua linda penugem.

Adão se sentou e passou a pensar no nome que daria à linda ave. Precisava ser um nome
bem especial. Pensou, pensou e, cativado pelo som que a ave emitia, parecido com o da
vogal “a”, quando pronunciada bem aberta, decidiu qual seria o nome daquela ave.

Levantou-se e chamou a ave, que, obedecendo, voou suavemente do galho onde estava, até
que pousou em seu braço estendido.

— Você é uma bela ave, e ouvindo o seu canto decidi que o seu nome será “arara” — disse
o homem.

Movendo o braço para cima, impulsionou o pássaro que, voando, desapareceu entre as
árvores. Então, pegou as frutas e se pôs a caminho, sem notar o tempo que havia passado.

Chegou no Jardim do Éden já bem tarde, deitou-se sobre a relva, e adormeceu. Nossa mãe
Eva estava desconfiada! Pela primeira vez Adão chegara tão tarde, e simplesmente deitara
para dormir. Então, pôs-se a contar: uma, duas, três, quatro...

O que estaria ela conferindo, contando com tanta preocupação e nervosismo? O que teria
lhe tirado a calma, fazendo-a ficar, pela primeira vez, tão agitada?

Contava as costelas do nosso pai Adão, para ver se Deus havia tirado alguma, para fazer
outra mulher!

Assim, a arara causou o atraso do homem e, conseqüentemente, o ciúme da mulher. Ninguém


sabe se esta história é verdade. Mas não é curioso que até os dias de hoje, quando os
homens se atrasam, digam “minha mulher vai ficar uma arara”?

O amor não arde em ciúmes. Ciúme é um sentimento vazio, motivado muitas vezes por fatos
irrelevantes. Ainda assim, causa tanta dor ao coração.

Como ser feliz no amor? Cristão entrega a vida ao Espírito Santo e se casa com cristão. É
feliz e não precisa ter ciúme algum!
O atirador de pedras

Eis a narração de um fato curioso, ocorrido no tempo em que Saul era o rei de Israel e o
sábio profeta Samuel liderava espiritualmente o povo.

Conta-se que um dia três rapazes praticavam, junto às montanhas da Judéia, o esporte de
lançar pedras com a funda, uma espécie de atiradeira, que servia como arma contra os
animais selvagens.

Um deles era caçador, o outro era tecelão e o terceiro tocava harpa. Com grande
velocidade, as pedras se soltavam da funda e iam zunindo, até baterem na encosta da
montanha.

Porém, quis a fatalidade que uma delas atingisse em cheio o rosto de um pastor desavisado
que, contornando a montanha, entrou sem saber naquela zona de tiro. A pedra criou
imediatamente um grande hematoma sobre o olho daquele homem. Revoltado com o
ocorrido, ele não aceitou qualquer desculpa e levou o caso ao profeta Samuel, que julgava o
povo no templo.

— Estes rapazes me causaram grande dano. Conforme determina a Lei de Deus, entregue a
Moisés no deserto do Sinai, exijo que aquele que irresponsavelmente lançou a pedra seja,
da mesma forma, ferido sobre o olho, sofrendo o mesmo dano que me infligiu — disse a
vítima.

O profeta estava diante de uma causa simples de olho por olho, dente por dente. Havia,
porém, uma dúvida. Como as pedras foram atiradas ao mesmo tempo, não se podia precisar
de que funda havia saído aquela que atingira o homem.

O profeta, portanto, determinou que o alfaiate, o mais velho e o mais forte entre os três,
recebesse a pedrada sobre o olho.

— Meu senhor, sábia é a vossa palavra, porque vem da Lei do nosso Deus. Porém, peço que
tenhais clemência. Sou alfaiate e preciso muito das minhas vistas para exercer a profissão
que me dá o sustento. Todavia, sabemos que o caçador, quando estica o seu arco, para
desferir a flecha que abaterá a sua caça, fecha um dos olhos. Ora, como só precisa de um
para exercer a sua profissão, que seja ele a sofrer a pedrada — argumentou o primeiro
rapaz.

De pronto o profeta concordou e determinou que a sentença recaísse sobre o caçador.

— Meu senhor, quem sou eu para me opor à sabedoria de vossas palavras? Se sou eu a
sofrer o dano, que assim se cumpra na vida do vosso servo. Gostaria de lembrá-lo,
entretanto, que mesmo fechando um dos meus olhos, quando estou para atirar a flecha, ao me
deslocar pelo mato preciso dos dois, para me defender das feras que procuram me atacar. É
sabido que o tocador de harpa, que não corre nenhum perigo em sua profissão, ao dedilhar
seu instrumento fecha ambos os olhos, para se concentrar no som que sai de suas cordas
afinadas. Ora, como não lhe faz falta nem sequer um dos olhos para exercer a sua arte, que
nele se cumpra a vossa sábia sentença — refutou o segundo.

Nesse instante, o tocador de harpa, que era o mais jovem e menor entre eles, ao ver que não
tinha outro a quem passar a sentença, e vendo cair sobre ele o peso e a dor daquela pena,
com sabedoria clamou:

— Meu senhor, profeta de Israel, de que adiantará a este pastor que eu sofra a dor de uma
pedrada sobre os olhos? Porventura não lhe será muito mais valioso que o alfaiate lhe
prepare uma capa, com a melhor e mais grossa lã dos carneiros, para lhe servir de agasalho
contra o frio que varre as noites do deserto? Da mesma forma que o caçador lhe prepare um
suculento cozido da caça do campo, que lhe renove as forças e, assim, possa descansar de
todo o transtorno que sofreu? — sugeriu o harpista.

A esta idéia, a vítima concordou de pronto, expressando esfuziante alegria.

— Mas e tu, sábio rapaz, qual será a tua parte na sentença que indenizará o dano da vítima?
— indagou o homem de Deus.

— Peço ao meu senhor que considere como minha contribuição o fato de ter encontrado
nesta causa o caminho para a paz, alegrando a vítima e poupando da dor os que sem
intenção lhe causaram dano — respondeu ele.

O profeta Samuel, impressionado com a esperteza do rapaz, mudou a sentença e, assim,


ninguém teve de sofrer a dor da pedrada.

Alguns anos mais tarde, aquele jovem tocador de harpa, com a sua habilidade de atirar
pedras com a funda, veio a matar o gigante Golias em uma memorável batalha. Com a sua
sabedoria e simplicidade, ele se tornaria, em breve, o mais famoso e amado rei da história
de Israel.

Quando a punição recai sobre alguém, há os que tentam passá-la para algum outro e há os
que tentam encontrar uma saída melhor. Nesta história, aprendemos que sempre existe uma
maneira honrada e digna de enfrentarmos as conseqüências dos nossos erros. Que o Senhor
nos ajude a encontrá-la.
O cheque escondido

Era uma vez um rapaz que ia muito mal na escola. As suas notas e o seu comportamento
eram uma decepção para os seus pais que, como bons cristãos, sonhavam vê-lo formado e
bem-sucedido. Um dia, o pai lhe propôs um acordo:

— Se você, meu filho, mudar o comportamento, se você se dedicar aos estudos e conseguir
ser aprovado no vestibular para a faculdade de Medicina, eu lhe darei um carro de presente.

Por causa disso, o rapaz mudou da água para o vinho. Passou a estudar como nunca e a ter
um comportamento exemplar. O pai estava feliz, mas tinha uma preocupação. Sabia que a
mudança do rapaz não era fruto de uma conversão sincera, mas do interesse em obter o
automóvel. Isso era mau!

O jovem seguia os estudos e aguardava o resultado dos seus esforços. Assim, o grande dia
chegou! Foi aprovado para o curso de Medicina! Como havia prometido, o pai convidou a
família e os amigos para uma festa de comemoração. O rapaz tinha por certo que receberia
o automóvel. Quando pediu a palavra, o pai elogiou o resultado obtido pelo filho e lhe
passou às mãos uma caixa de presente.

Certo de que ali estavam as chaves do carro, o rapaz abriu o pacote, emocionado. Para sua
surpresa, o presente era uma Bíblia. Ele ficou visivelmente decepcionado, mas guardou
silêncio.

Naquela mesma noite, com o coração cheio de rancor, o rapaz deixou a casa para nunca
mais voltar. Ele se sentia traído e agora lutava para ser independente.

O tempo passou, ele se formou, conseguiu um emprego em um bom hospital e esqueceu


completamente o pai. Todas as tentativas que os seus pais fizeram para reatar os laços foram
em vão.

Até que, um dia, o velho, muito triste com a situação, adoeceu e veio a falecer. No enterro, a
mãe entregou ao filho indiferente aquela Bíblia, último presente do pai, que havia sido
deixada para trás.

De volta a sua casa, o rapaz, que nunca perdoara o pai, colocou o livro na estante, mas
notou que havia um envelope dentro dele. Ao abri-lo, encontrou uma carta e um cheque.

A carta dizia: “Meu querido filho, sei o quanto você deseja ter um carro. Eu prometi e aqui
está o cheque, para que você escolha aquele que mais lhe agradar. No entanto, fiz questão de
lhe dar um presente ainda melhor: a Bíblia Sagrada. Nela você aprenderá o amor a Deus e a
fazer o bem, não pelo interesse da recompensa, mas pela gratidão e pelo dever de
consciência”.

Corroído de remorso, o filho caiu em profundo pranto. Como é triste a vida dos que não
sabem perdoar. Isso leva a erros terríveis e a um fim ainda pior.
Antes que seja tarde, devemos perdoar aqueles que nos fazem mal. Talvez, se olharmos com
cuidado, veremos que há também um “cheque escondido” em todas as adversidades da vida.
Depenando o pato

Após conquistar Jerusalém, o rei Davi tratou de levar para lá a Arca de Deus, que nestsa
ocasião estava em Baalim de Judá. Assim fez Davi, com todo o Israel, subir a Arca de Deus
com júbilo e ao som de trombetas.

O próprio rei dançava com todas as suas forças. Ao entrar a Arca em Jerusalém, Mical,
filha de Saul e esposa de Davi, vendo da janela que o seu marido ia saltando e dançando
diante do Senhor, desprezou-o em seu coração e, por causa disso, Deus tirou dela a
fertilidade para ser mãe.

Manter as aparências, o ar de nobreza e a distância da plebe era o que Mical esperava do


rei Davi. Este, sabedor de que Deus não olha conforme olham os homens, visto que fora
escolhido por Ele sendo ainda um humilde pastor de ovelhas, dizia:

— Ainda mais desprezível me farei, e me humilharei aos meus olhos.

Como se enganam os que apenas cuidam das aparências e se importam em receber e cultuar
a glória deste mundo! Os que cultuam a Deus com a mesma simplicidade de Davi ainda hoje
são criticados e desprezados, rotulados de “gentinha” ou de “fanáticos”.

Por se vestirem de modo simples, ou porque não puderam freqüentar escola, sofrem em
filas, são mal atendidos, fitados com olhares críticos e até desprezados por familiares que,
tendo obtido educação ou sucesso, gostam de manter clara a diferença.

Conta-se que há muitos e muitos anos, em um reino distante do Oriente, um sábio rei era
atormentado por um dos seus ministros, que perseguia os pobres imigrantes. Estes eram
hábeis artesãos, alfaiates e sapateiros, que não haviam tido a chance de estudar.

Construíam pequenas casas de madeira, mantendo à frente uma humilde oficina, onde
efetuavam consertos, teciam, esculpiam, enfim, mantinham-se ocupados, levando as suas
vidas de maneira pacata.

De modo geral, eram aceitos pelos cidadãos daquele reino, graças ao bom trabalho das suas
mãos. O pagamento que recebiam não era lá dos melhores, obrigando-os a trabalhar também
durante a noite.

Do seu castelo, o rei observava de longe, com certa admiração, aquelas lâmpadas de azeite
a reluzirem, iluminando as oficinas. Assim era, dia após dia. Portanto, sempre que o
invejoso ministro trazia ao rei críticas contra os imigrantes, este não as levava em
consideração.

A cada dia, porém, crescia a maldade do ministro. Ordenou então aos mercadores que
cobrassem dez vezes mais pelo azeite vendido, a fim de que os estrangeiros não pudessem
mais trabalhar à noite.
Por isso, diminuía cada vez mais o número de lâmpadas acesas. Até que, passados alguns
dias, não se podia ver nem mais uma chama.

O rei, curioso, chamou o ministro para saber o que se sucedia. Este foi rápido em informar
que os preguiçosos,
cobrando preços caríssimos, tinham enriquecido rapidamente e não precisavam mais
trabalhar à noite.

Insistia em que o rei confiscasse tudo quanto tivessem e os expulsasse. O rei, achando muito
estranha aquela história, decidiu ir, com o ministro, pessoalmente averiguar.

Constatou, então, que os imigrantes trabalhavam como se não tivessem tempo suficiente para
terminarem suas tarefas. Ninguém sequer perdia um momento.

O soberano se aproximou de um velho sapateiro e perguntou:

— Com os dez tiras para os doze?

— Não, Vossa Alteza. Com os dez não tiro nem para os trinta e dois.

— E quantos trinta e dois possuis?

— Seis, Majestade, sendo um incêndio que espero apagar em breve.


— Se tens um incêndio para apagar em breve, por que não depenas um pato?

O homem, de aparência cansada, como que a esconder um leve sorriso, arrematou:

— Assim farei, meu bom rei. Assim farei.

O rei e o ministro voltaram para o castelo. Em lá chegando, o monarca lhe perguntou:

— Entendeste a conversa que tive com aquele pobre homem?

— Nem uma só palavra! — respondeu ele, prontamente.

— Como pode tal coisa? O mais importante e culto ministro do meu reino não consegue
entender a conversa que tive com aquele pobre sapateiro, que nem sequer escreve o próprio
nome! Dou-lhe três dias e nada mais. Se não puderes me dizer o sentido daquela conversa,
serás demitido e outro tomará o teu lugar – sentenciou o rei.

O ministro nunca se sentira tão humilhado. Como podia ele não entender as palavras de um
pobre e inculto sapateiro? Pensou por toda a noite, mas nada concluiu. Chamou os seus
assistentes e consultou os seus amigos, porém tudo em vão.

Ao terceiro dia, estava desesperado. Como escapar de tão vergonhosa demissão? Foi então
que lhe ocorreu que só uma pessoa poderia ajudar: o próprio sapateiro.
Seu desespero era tamanho que venceu o seu orgulho e foi à sua procura. Lá chegando,
arrogante e impaciente, questionou o velho sobre o sentido daquela conversa, ao que este
lhe respondeu:

— Senhor ministro, sou apenas um velho e iletrado sapateiro, mas se posso ser útil em
alguma coisa, ponho-me ao vosso inteiro dispor. Apenas peço que não me negues o salário,
pois vivo do que Deus me ajuda a ganhar.

Assim, o ministro lhe deu 20 moedas de ouro.

— O rei, vendo que trabalho com as mãos, perguntou se com os dez dedos consigo tirar o
sustento para os doze meses do ano — começou o velho a explicar.

O homem exultou e quis saber do resto. O velho não aceitou menos que 200 moedas de ouro
para continuar. O ministro enviou os seus servos ao cofre, que mantinha em casa, para
tirarem tudo que lá houvesse.

Logo voltaram e entregaram ao sapateiro as bolsas com o devido pagamento.

— “Com os dez não tiro nem para os trinta e dois” significa que, com o trabalho das minhas
mãos, não tiro sequer para os trinta e dois dentes que tenho na boca. O rei, então, perguntou
quantos “trinta e dois” eu possuía, querendo saber quantas bocas tenho para alimentar —
explicou o sapateiro.
O ministro começava a se sentir aliviado:

— Continue! Continue!

— Pois não, senhor ministro. Porém a próxima frase é de grande profundidade, e se lhe
revelar por menos de duas mil moedas de ouro, estarei desprezando a sabedoria do rei, o
que na verdade não é bom — respondeu o velho.

O ministro relutou em aceitar, mas a vergonha de ser demitido não lhe dava opções. Assim,
mandou os seus servos ao banco, e estes voltaram com uma caixa contendo tudo quanto ele
tinha. O velho a guardou e recomeçou a explicação:

— A frase “seis, Majestade, sendo um incêndio que espero apagar em breve” significa que
tenho seis bocas para sustentar: eu, minha mulher, três filhos e uma filha solteira, que estou
para casar em breve.

Conforme a tradição do meu povo, o pai da noiva deve pagar pela roupa de casamento de
toda a família, arcar com as despesas da festa e ainda oferecer ao noivo um substancial
dote, suficiente para sustentar o casal durante os três primeiros anos de casados.

O prejuízo é de tal ordem que costumamos chamar filha solteira de incêndio, e, sendo para
breve o seu casamento, disse ao rei que este incêndio esperava em breve apagar — disse o
velho sapateiro.
O ministro mal podia aguardar o momento de revelar ao rei o curioso sentido daquele
diálogo. Assim, arrematou:

— Vamos então para a última frase, e não me peças mais nada, porque eu lhe dei tudo que
tinha.

Ele usava, naquele fim de tarde, um traje de palácio, tecido em fina seda e veludo de
excelente qualidade. O velho sapateiro, que tinha começado a vida como alfaiate, sabia
apreciar uma boa roupa. Assim, concluiu:

— Pelas últimas e derradeiras frases não pedirei nenhum dinheiro, pois já tenho tudo quanto
precisava. Faltam só os trajes das bodas. Portanto, na conclusão do nosso negócio, aceito as
roupas que vestes como pagamento.

O ministro não esperava tal pedido, mas já que havia investido todo o seu dinheiro para
salvar o seu posto, e se aproximava a hora final dada pelo rei, retirou as vestes, ficando
apenas com os sapatos, as meias e o calção de baixo, que não era lá grande coisa.

— Quando disse “se tens um incêndio para apagar em breve, por que não depenas um
pato?”, o rei estava me avisando que entendia a situação difícil na qual eu me encontrava.
Estava, então, a me providenciar um “pato”, um incauto, alguém que, julgando-se entendido
e sábio na verdade não passasse de um estúpido orgulhoso. Depená-lo significava tirar-lhe
o que tivesse, em troca de uma verdadeira lição. O senhor foi o “pato” que acabo de
depenar — finalizou o sapateiro.
O agora pobre ministro foi-se embora sem nada mais dizer. Assim, diz a Bíblia, Deus faz
com todos os altivos: Ele os reduz a nada e, através das coisas loucas deste mundo,
envergonha as sábias. Lembremos do mau ministro, que se tornou um pato depenado.
A verdadeira virtude se conhece de olhos fechados

Um velho rei tinha dois filhos. Como já se sentia fraco para governar, chamou o mais velho
e lhe pediu que encontrasse entre as donzelas do reino aquela que reunisse mais condições
para se tornar rainha, e a desposasse.

O velho monarca sabia o quanto era importante para o futuro rei ter uma mulher sábia como
esposa. Assim, mandou preparar um grande baile no palácio e convidou as mais lindas
jovens, para que o príncipe pudesse escolher.

Depois de observar cuidadosamente todas as candidatas, o príncipe se decidiu por duas,


que eram absolutamente magníficas! Eram as mais belas, as mais prendadas e igualmente
educadas.

Sem saber qual escolher, ele as convidou para morarem no palácio, onde poderia, através
da convivência, certificar-se de que a escolhida seria mesmo a mais preparada.

O príncipe era, como seu pai, uma pessoa simples e de bom coração. Queria que o seu
casamento viesse a dar ao seu povo uma verdadeira rainha, que servisse de exemplo para
todas as demais jovens do reino.

Um dia, quando em viagem a lugarejos distantes do seu reino, ele sofreu um acidente. Caiu
do cavalo e bateu com a cabeça na raiz de uma árvore, vindo a ficar cego. Que tragédia para
um jovem tão distinto, e com um futuro tão brilhante!

Voltando ao seu palácio, fez questão de renunciar ao seu direito de reinar, em favor do seu
irmão mais jovem, pois achava que um rei cego não poderia servir tão bem ao seu povo.

Já não freqüentava mais os salões de baile e nem desfilava garbosamente pelas ruas do
reino. O príncipe cego preferia ficar trancado nos seus aposentos, meditando na sua vida.

Aos poucos, todos os amigos foram se afastando e ao mesmo tempo se aproximando do seu
irmão, agora o futuro monarca. Um outro baile foi então realizado, para escolher a donzela
que viria a desposar este filho mais novo do rei.

As duas moças foram também convidadas para o evento. Uma delas, porém, não aceitou
comparecer. Ela havia se apaixonado pelo outro príncipe, que agora estava cego, e sentia
que não poderia ser feliz com mais ninguém.

O salão de festas do palácio estava lotado com lindas donzelas, todas bem vestidas para a
ocasião. Em meio à festa, o príncipe cego adentrou o salão, com trajes reais, e, para a
surpresa de todos, enxergando perfeitamente.

Em meio ao silêncio que se seguiu, o príncipe subiu os degraus que levavam ao trono e
anunciou calmamente ao povo:
— Mais uma vez a Palavra de Deus se prova sábia e maravilhosa. Tinha uma decisão muito
difícil a tomar, pois as duas jovens que escolhi me pareciam absolutamente iguais e
merecedoras da coroa. Um dia, quando lia a Bíblia, notei que o Senhor havia fechado os
olhos de Adão, fazendo-o cair em profundo sono, enquanto lhe preparava a sua esposa.

Percebi que o meu dilema estaria resolvido se também fechasse os meus olhos. De olhos
abertos, atentava para os aspectos físicos, não enxergando os atributos invisíveis de um
verdadeiro caráter. Das duas jovens que diziam me amar, apenas uma provou o que sentia,
não aceitando comparecer a este baile. Assim, ela é a escolhida para ser a futura rainha e
reinar ao meu lado — sentenciou o príncipe.

Não é mesmo interessante que, embora a visão seja importante, as coisas invisíveis são
ainda mais importantes e permanentes que as visíveis? Não vive o justo pela fé? E não é a
fé a certeza das coisas que não se vêem? Não foi o rei Davi escolhido por qualidades que
não se podiam ver com os olhos físicos?

O apóstolo Paulo nos ensina:

“não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se
vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas.”

2 Coríntios 4.18
Agua milagrosa

Havia uma água milagrosa, de uma fonte situada em uma daquelas altas montanhas que
ladeiam os fiordes da Escandinávia. Possuía o notável poder de trazer de volta a paz e a
harmonia aos lares, quando estes eram afetados pela ira de um marido nervoso, chato e
implicante, daqueles que reclamam até da própria sombra.

Foi Bekhail, conhecida como “a idosa”, que descobriu o segredo da água e difundiu o seu
uso na aldeia gelada de Celsinik, no extremo Norte da Europa, onde hoje é a Finlândia.

A sábia senhora era esposa de um daqueles antigos guerreiros vikings, que usavam
capacetes com chifres, comiam com as mãos e saíam em bandos de esquadras para arrumar
confusão pelos mares afora.

Ela usava a água milagrosa para manter o seu lar unido e feliz. Era mesmo um prodígio o
efeito pacificador da água. Quando o bárbaro voltava da guerra, e na mesma fúria do
combate entrava em casa, chutando a porta e berrando o nome da mulher, Bekhail já tinha
bem à mão a sua moringa, cheinha de água milagrosa.

Quando o bruto começava a implicar com a comida, o jeito da casa, a cara da mulher, era
hora de apelar para os poderes da água, e logo o homem se aquietava, encostava num canto
e adormecia, como se fosse um bebê.

Não há caso registrado de que a água tenha falhado uma só vez. E olhe que o seu poder foi
testado em situações dificílimas! As mulheres dos vikings resolveram, então, escrever a
receita de como usá-la em uma pedra monumental, na praça principal da aldeia.

Aqueles homens conquistaram muitas terras e grandes vitórias. Eram temidos pelos mares e
famosos por serem guerreiros invencíveis. Em casa, porém, graças à água milagrosa, eram
cordatos e pacíficos, facilmente dominados pela sabedoria das suas esposas.

Finalmente aquela aldeia, aninhada nos fiordes da Escandinávia, foi invadida por outros
povos bárbaros e
tomada cativa. A avalanche de neve de um rigoroso inverno soterrou todas as casas e ruas,
varrendo a cidade do mapa.

Assim, por séculos, o segredo da água milagrosa ficou perdido e milhares de famílias
ficaram privadas dos benefícios do seu uso.

Discussões, agressões físicas e divórcios, que arrasaram milhares de lares, poderiam ter
sido evitados, se o segredo da água milagrosa tivesse sido revelado.

Escavações recentes de um grupo de arqueólogos, entretanto, revelaram a aldeia perdida


debaixo de uma grossa camada de neve, e a pedra onde as mulheres haviam escrito a receita
de como usar a água milagrosa.
Eis a receita:

Ter sempre à mão uma botija cheia de água milagrosa, especialmente antes da chegada do
marido. Assim que notar sintomas de fúria e desvario no marido, isto é, voz alterada,
implicância sem justo motivo, olhos avermelhados, artérias do pescoço sobressaltadas,
correr à botija e fazer uso de uma dose da água milagrosa, na quantidade necessária para
encher completamente a boca, até que as bochechas fiquem bem estufadas.

É muito importante manter a água milagrosa dentro da boca, sem engoli-la, até que o marido
tenha parado completamente o seu falatório.

Após o item anterior estar completamente cumprido, engolir a água milagrosa e respirar
bem fundo. A paz já terá voltado ao lar, mas, caso haja algum imprevisto, como o marido
voltar a berrar, repetir a dose, quantas vezes forem necessárias!

Ora, a água que os antigos habitantes de Celsinik tinham como milagrosa era semelhante a
qualquer outra água. O segredo era a receita de Bekhail. Não falha nunca!

É exatamente o que diz a Palavra de Deus:

“A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira.”

Provérbios 15.1
Aconteceu lá na roca

Um missionário itinerante saiu percorrendo o interior do Estado de Minas Gerais,


alcançando as mais distantes fazendas, para levar a mensagem do Evangelho.

Era assim que, no princípio do século, muitos homens honrados serviam ao Senhor. Um
deles foi o missionário inglês Fredrick Glass, avô da minha esposa, que durante trinta anos
percorreu, no lombo de um burro, o interior do Nordeste do Brasil.

No seu livro Aventuras com a Bíblia no Brasil, ele dedica um capítulo a contar como foi
apedrejado e perseguido, simplesmente porque estava distribuindo e ensinando a Bíblia.
Sabem quem era o perseguidor? Nada mais nada menos que um sacerdote para o qual até
ergueram uma grande estátua, em uma cidade nordestina, fustigada pela seca.

Esse homem, transformado pela crendice popular em figura mitológica, não só mandava
apedrejar os pregadores do Evangelho como também queimar as Bíblias em praça pública.

Voltando à história, um dia o missionário avistou no alto de uma colina a fumaça que subia
da chaminé de uma casa muito simples. Isso era lá no meio da roça, a léguas de distância da
cidade grande. Ali o pregador encontrou um jovem casal.
Ele foi muito bem acolhido na simplicidade daquela gente humilde. Como já caía a tarde,
foi convidado a passar a noite na casa. Muito agradecido e honrado pela hospitalidade,
depois da ceia o pastor tirou uma Bíblia do alforje e a apresentou ao casal. Na verdade só o
marido dominava a arte da leitura.

— Este livro é a Palavra de Deus. Recomendo que vocês o leiam com muita atenção e
obedeçam aos seus ensinamentos, para terem uma vida feliz — disse o missionário,
segurando a Bíblia.

De manhã cedinho, lá se foi o pastor estrada afora, seguindo o seu ministério itinerante.
Passaram os tempos e aquele episódio ficou perdido em uma das páginas do livro da vida.

Muitos anos mais tarde, o missionário veio a passar pelo mesmo lugarejo. Quando avistou a
colina, deslumbrou a casa que logo trouxe à lembrança aquela noite passada no convívio
com o casal.

Ao chegar à porteira, notou que o movimento tinha crescido. O sítio prosperara. Havia
empregados e também crianças. Eram os filhos do casal, que brincavam contentes ao redor
da casa.

Quando se aproximou, foi reconhecido de pronto. O casal também lembrava daquela visita
de tantos anos. Depois do cafezinho e da broa de milho, o pastor foi direto ao assunto:

— E aí, meus irmãos? E aquele exemplar da Palavra de Deus que deixei de presente? Os
irmãos têm feito a leitura?

— Sim senhor, “Seu Pastor”. E tiramos do livro o nome de cada um dos nossos oito filhos
— disse o homem.

O missionário ficou muito satisfeito, e o casal começou a chamar as crianças: Josafá;


Abirão; Elão; Patrusim; Hadorão; Sabá; Havilá. A cada nome chamado lá vinha um degrau
da escadinha, até que sete se apresentaram.

— Mas eu pensei que o irmão tinha falado em oito filhos. Aqui só estão sete! — disse o
pastor, contando as crianças.

— Ah, desculpa, “Seu Pastor”, mas o Satanás é um incontrolado. Tá sempre perdido lá pelo
meio do mato! — justificou-se o homem.

Aí está o perigo da leitura fora do contexto! Esta é apenas uma história engraçada, mas
mostra o que acontece quando pessoas, mesmo as educadas, formam conceitos da leitura da
Palavra de Deus, sem qualquer revelação do Espírito Santo.

Trabalhos são abertos, religiões são fundadas, convertem-se seguidores e, no final, a única
coisa que a letra produz é a morte, e nada mais.

Não é verdade que os religiosos fariseus, que condenaram o Senhor Jesus à cruz, eram
profundamente conhecedores da letra das Escrituras? Na África, vi falsas religiões, que
levam o povo a adorar espíritos de ancestrais e a se casar com muitas mulheres. Espalham
demônios, Aids, e ainda se chamam cristãs…

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