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21/01/2023 07:33 SEI/MAPA - 26218724 - Ofício-Circular

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA


SECRETARIA DE DEFESA AGROPECUÁRIA
DEPARTAMENTO DE INSPEÇÃO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL
COORDENACAO GERAL DE INSPECAO
 

          

OFÍCIO-CIRCULAR Nº 2/2023/CGI/DIPOA/SDA/MAP
Brasília, 18 de janeiro de 2023.
Aos(Às)
Coordenadores(as) dos Serviços de Inspeção de Produtos de Origem Animal - SIPOA
 
Assunto: Uso de expressões de qualidade. Marcas registradas. Linhas de produto. Forma de indicação
na rotulagem para atendimento ao disposto no art. 446-B do Decreto nº 9.013, de 2017.
 
Senhores Coordenadores,
 
1. O Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal - DIPOA/SDA recebeu várias
demandas de consumidores, denúncias na Ouvidoria/MAPA e comunicações das vigilâncias sanitária
quanto ao uso de marcas, expressões e/ou alegações de qualidade na rotulagem de produtos de origem
animal, a exemplo das expressões "gourmet", "royale", "especiale", "ouro", "premium", "reserva", dentre
outras. 
2. A Divisão de Registros de Produtos - DIREP/CGI, unidade responsável pela análise de
registros e auditorias em registros de produtos de origem animal, já vinha emitindo pareceres
desfavoráveis à utilização desses termos, por ferirem o disposto no caput do art. 446 do Decreto 9.013,
de 29 de março de 2017, e nos itens 3.1., 7.1 e 7.2. do Anexo da Instrução Normativa MAPA nº 22, de 24
de novembro de 2005.
3. Em defesa, algumas empresas alegaram que as "expressões de qualidade" utilizadas
comporiam as "marcas" dos produtos, e estariam devidamente  registradas no Instituto Nacional da
Propriedade Industrial -  INPI, propondo-se a incluir no rótulo o símbolo correspondente das "marcas
registradas" (®),  no entanto, a simples inclusão do referido símbolo não descaracteriza o não
atendimento aos atos legais mencionados. A mesma lógica se aplica aos casos de alegações de que as
expressões em questão seriam referentes a "linhas de produção" específicas.
4. Na continuidade das discussões sobre o tema foram realizadas reuniões entre a  equipe
técnica do DIPOA/SDA e  representantes da Secretaria Nacional do Consumidor do Ministério da Justiça -
Senacon/MJ, em que aquele órgão mostrou-se alinhado com o entendimento do DIPOA/SDA, de que os
termos ou expressões que remetem a diferenciais de qualidade dos produtos de origem animal apenas
podem ser utilizados, se informado ao consumidor, na rotulagem dos produtos, os diferenciais e/ou
critérios utilizados para sua definição.
5. Com a publicação do Decreto nº 10.468, de 18 de agosto de 2020, que incluiu o art. 446-
B ao Decreto nº 9.013, de 2017,  passou a ser permitido que os estabelecimentos registrados junto ao
SIF/DIPOA,  na inexistência de especificações  de qualidade em regulamentação específica (ex.:
regulamentos técnicos de identidade e qualidade), incluam "expressões de qualidade" na rotulagem,
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desde que seguidas de texto informativo ao consumidor para esclarecer os critérios utilizados para sua
definição, conforme §º1 do citado dispositivo. Adicionalmente, o §2º do artigo prevê que os parâmetros
ou critérios utilizados devem ser baseados em evidências técnico-científicas,  mensuráveis e auditáveis,
além de estarem descritos nos registros dos produtos.
6. Diante do apresentado, esta Coordenação-Geral de Inspeção - CGI/DIPOA, no uso das
atribuições conferidas pelo Decreto n° 11.231, de 10 de outubro de 2022, e pela Portaria MAPA n° 562,
de 11 de abril de 2018, e considerando o disposto nos nos incisos III e IV do art. 6º e no art. 55 da Lei nº
8.078, de 11 de setembro de 1990; nos  arts. 446 e 446-B do Decreto nº 9.013, de 2017;  no Anexo da
Instrução Normativa MAPA nº 22, de 2005, e objetivando a padronização dos critérios oficiais de
avaliação da conformidade do uso de expressões de  qualidade na rotulagem dos produtos de origem
animal, ESCLARECE que as marcas, linhas de produtos, e demais expressões que remetam a padrões de
qualidade diferenciados podem ser utilizadas na rotulagem dos produtos de origem animal, atendido o
disposto nos art. 446 e 446-B do Decreto nº 9.013, de 2017, em especial o que segue:
I- nos casos em que os critérios ou padrões de qualidade estejam definidos em
legislação específica, deverá ser observada a forma de indicação estabelecida na
legislação para o produto  (ex.: manteiga comum / manteiga extra /  manteiga de
primeira qualidade; presunto cozido / presunto cozido superior);
II- na inexistência de parâmetros ou critérios de qualidade em legislação, as "expressões
de qualidade" podem ser utilizadas na rotulagem dos produtos de origem animal, desde
que  acompanhadas ou seguidas de texto explicativo ao consumidor, que informe os
critérios utilizados para diferenciação da qualidade do produto;
III- o texto explicativo deve ser apresentado na rotulagem de forma clara, objetiva
e destacada, em local de fácil  visualização pelo consumidor;
IV- alternativamente à forma de indicação apresentada no item II acima, nos casos em
que a "expressão de qualidade" for indicada no painel principal da rotulagem e, no
mesmo, não houver espaço disponível suficiente para inclusão do texto explicativo com
a especificação dos critérios utilizados para diferenciação do produto, poderá ser
incluída referência ou expressão  que especifiquem o local da rotulagem em que
as  informações serão apresentadas. É permitida, para este fim, a inclusão das
informações nos painéis laterais e secundários da rotulagem, atendidos os critérios
indicados no item III acima; e
V- no registro do rótulo no sistema informatizado, deverão  ser descritos, de forma
completa e detalhada, os procedimentos de diferenciação do produto, bem como os
registros ou controles gerados, para posterior verificação pelo serviço oficial.
7. Neste contexto, é recomendável que os estabelecimentos revisem  as rotulagens de seus
produtos  em que há  a utilização de marcas, linhas de produção e outras expressões  sugestivas
de  padrões de qualidade diferenciado, e procedam às suas adequações no sistema  PGA-SIGSIF.
Quando necessário, as empresas poderão solicitar a solicitação de utilização das embalagens em estoque,
não sendo permitidas novas impressões de rótulos que apresentem falhas. 
8. A  DIREP/CGI e a CGI/DIPOA, têm concordado pela liberação do uso de embalagens em
estoque,  proibindo a reimpressão de rotulagem em desacordo, exceto em casos de uso de termo ou
informação enganosa ou quanto a expressão não seja condizente com o produto apresentado, situações
em que os pedidos são indeferidos. No entanto, as empresas devem adequar os registros dos produtos
na PGA-SIGSIF bem como proceder a correção dos rótulos para as novas impressões.
9. De forma a manter a isonomia no tratamento entre os estabelecimentos registrados e
conferir maior celeridade aos trâmites de análise, observadas as mesmas premissas indicadas no
parágrafo anterior, os SIPOAs poderão autorizar a utilização das embalagens em estoque por até 120 dias.
As autorizações concedidas devem ser encaminhadas à DIREP/CGI para ciência. Caso o prazo deferido não
seja suficiente para esgotamento das embalagens ou, ainda, nas solicitações de uso por prazo superior ao
indicado, os pedidos de uso de embalagens em estoque deverão ser encaminhados para análise  pela
DIREP/CGI.
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10. As equipes de fiscalização, quando da verificação oficial dos rótulos, devem observar o
atendimento ao disposto neste documento, sendo considerada como não conformidade a utilização de
rótulos com expressões de qualidade  sem que a empresa tenha iniciado o processo de adequação no
processo de registro na PGA/SIGSIF.
11. Solicitamos dar ciência aos estabelecimentos sob SIF/DIPOA sua jurisdição.
 

Atenciosamente,
 
Instrução Normativa nº 22, de 2005, Anexo:
 
"3. PRINCÍPIOS GERAIS
3.1. Os produtos de origem animal embalados não devem ser descritos ou apresentar rótulo que:
a) utilize vocábulos, sinais, denominações, símbolos, emblemas, ilustrações ou outras
representações gráficas que possam tornar as informações falsas, incorretas, insuficientes, ou que
possa induzir o consumidor a equívoco, erro, confusão ou engano, em relação à verdadeira
natureza, composição, procedência, tipo, qualidade, quantidade, validade, rendimento ou forma de
uso do produto de origem animal;
b) atribua efeitos ou propriedades que não possuam ou não possam ser demonstradas;
c) destaque a presença ou ausência de componentes que sejam intrínsecos ou próprios de produtos
de origem animal de igual natureza, exceto nos casos previstos em regulamentos técnicos
específicos;
d) ressalte, em certos tipos de produtos de origem animal processado, a presença de componentes
que sejam adicionadas como ingredientes em todos os produtos de origem animal com tecnologia
de fabricação semelhante;
e) ressalte qualidades que possam induzir a engano com relação a reais ou supostas propriedades
terapêuticas que alguns componentes ou ingredientes tenham ou possam ter quando consumidos
em quantidades diferentes daquelas que se encontram no produto de origem animal ou quando
consumidos sob forma farmacêutica;
f) indique que o produto de origem animal possui propriedades medicinais ou terapêuticas;
g) aconselhe seu consumo como estimulante, para melhorar a saúde, para prevenir doenças ou com
ação curativa.
...
 
7. ROTULAGEM FACULTATIVA
7.1. Da rotulagem pode constar qualquer informação ou representação gráfica, assim como matéria
escrita, impressa ou gravada, sempre que não estejam em contradição com os requisitos
obrigatórios do presente regulamento, incluídos os referentes à declaração de propriedades e as
informações enganosas, estabelecidos no item 3 - Princípios Gerais.
7.2. Denominação de Qualidade
7.2.1. Somente podem ser utilizadas denominações de qualidade quando tenham sido
estabelecidas as especificações correspondentes para um determinado produto de origem animal,
por meio de um Regulamento Técnico específico.
7.2.2. Essas denominações deverão ser facilmente compreensíveis e não deverão de forma alguma
levar o consumidor a equívocos ou enganos, devendo cumprir com a totalidade dos parâmetros que
identifica a qualidade do produto de origem animal.
7.3. Informação Nutricional Pode ser utilizada a informação nutricional sempre que não entre em
contradição com o disposto no item 3 - Princípios Gerais." (n.g.)
 
Decreto nº 9.013, de 2017:
"Art. 446. Nos rótulos dos produtos de origem animal é vedada a presença de expressões, marcas,
vocábulos, sinais, denominações, símbolos, emblemas, ilustrações ou outras representações

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gráficas que possam transmitir informações falsas, incorretas, insuficientes ou que possam, direta
ou indiretamente, induzir o consumidor a equívoco, erro, confusão ou engano em relação à
verdadeira natureza, composição, rendimento, procedência, tipo, qualidade, quantidade, validade,
características nutritivas ou forma de uso do produto.
§ 1º Os rótulos dos produtos de origem animal não podem destacar a presença ou ausência de
componentes que sejam intrínsecos ou próprios de produtos de igual natureza, exceto nos casos
previstos em legislação específica.
§ 2º Os rótulos dos produtos de origem animal não podem indicar propriedades medicinais ou
terapêuticas.
§ 3º O uso de alegações de propriedade funcional ou de saúde em produtos de origem animal deve
ser previamente aprovado pelo órgão regulador da saúde, atendendo aos critérios estabelecidos
em legislação específica.
§ 4º As marcas que infringirem o disposto neste artigo sofrerão restrições ao seu uso." (n.g.)
 
"Art. 446-B. Poderão constar expressões de qualidade na rotulagem quando estabelecidas
especificações correspondentes para um determinado produto de origem animal em regulamento
técnico de identidade e qualidade específico. (Redação dada pelo Decreto 10.468, de 2020)
§ 1º Na hipótese de inexistência de especificações de qualidade em regulamentação específica de
que trata o caput e observado o disposto no art. 446, a indicação de expressões de qualidade na
rotulagem é facultada, desde que sejam seguidas de texto informativo ao consumidor para
esclarecimento sobre os critérios utilizados para sua definição. (Redação dada pelo Decreto 10.468,
de 2020)
§ 2º Os parâmetros ou os critérios utilizados devem ser baseados em evidências técnico científicas,
mensuráveis e auditáveis, e devem ser descritos na solicitação de registro. (Redação dada pelo
Decreto 10.468, de 2020)
§ 3º A veracidade das informações prestadas na rotulagem nos termos do disposto nos § 1º e § 2º
perante os órgãos de defesa dos interesses do consumidor é de responsabilidade exclusiva do
estabelecimento. (Redação dada pelo Decreto 10.468, de 2020)."
 
Lei nº 8.078, de 1990:
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
...
III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação
correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem
como sobre os riscos que apresentem;             (Redação dada pela Lei nº 12.741, de 2012)   Vigência
...
IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou
desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos
e serviços;
...
 
Art. 55. A União, os Estados e o Distrito Federal, em caráter concorrente e nas suas respectivas
áreas de atuação administrativa, baixarão normas relativas à produção, industrialização, distribuição
e consumo de produtos e serviços.
§ 1° A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios fiscalizarão e controlarão a produção,
industrialização, distribuição, a publicidade de produtos e serviços e o mercado de consumo, no
interesse da preservação da vida, da saúde, da segurança, da informação e do bem-estar do
consumidor, baixando as normas que se fizerem necessárias.
...

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Documento assinado eletronicamente por DOUGLAS HAAS DE OLIVEIRA, Coordenador(a) Geral de


Inspeção, em 19/01/2023, às 14:59, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no art.
6º,§ 1º, do Decreto nº 8.539, de 8 de outubro de 2015.

Documento assinado eletronicamente por JULIANA SATIE BECKER DE CARVALHO CHINO, Diretor(a)
Substituto(a), em 19/01/2023, às 15:18, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no
art. 6º,§ 1º, do Decreto nº 8.539, de 8 de outubro de 2015.

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Administrativa – Telefone: (61) 3218-2171   
CEP 70043900 Brasília/DF 

Referência: Processo nº 21000.116575/2022-37 SEI nº 26218724

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