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—
Vol. XI 2.a Série
íi Cc P-Vv -
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O-
\J
TIPOGRAFIA
DA «RENASCENÇA PORTUGUESA»
PORTO—1917
O T TT A Revista mensal, órgão da «Renascença Portuguesa» — Director
artístico, Antônio Carneiro; gerente, Álvaro Pinto—Redacção,
Ai
administração e tipografia, Rua dos Mártires da Liberdade, 178.
Porto — Gravuras de Cristiano de Carvalho e Comércio do PÔrto o o XI volume —1917.
LITERATURA
o da sua de Funestos,
porventura primeiro galeria
ordem de convencionalismos.
tros do Porto.
É o momento decisivo.
sua cantaria.
simples e captivante.
vizinhos.
Cruz a Fanny?
pobre
Ermida da beira-mar, —
sua tendo contra si tudo: o marido, o
mais, o do fim!
para presagio
(') Com inteira verdade affirma Raul Brandão, ao tratar do Coronel Ovven, no
prefacio do « Cerco do Porto »:
«Por isso só inteiramente me convenci da sua desgraça quando liguei o seu
nome com o de Camillo e o de Fanny Owen.
Onde o grande escriptor põe a mão é tragédia certa.»
E mais, a proposito de Fanny:
«Estou a ve-la raptada José Augusto. Os ramos dos pinheiros tentam
por
dete-la, esfarrapam-lhe o vestido branco. As*pedras magoam-lhe os pés: chega des-
calça ao barco que a espera no rio. Noite. Cahe nas mãos da desgraça. . .
Mettem-se no buraco de granito negro do Lodeiro. Uma casinha tisnada, den-
tro um drama de Shakespeare.»
Devia ter sido de facto assim o rapto de Fanny. Ao menos Camillo assim no-lo
transmittiu, com pequenas variantes.
—«Quando transpozeram um corrego vizinho da casa, escreve o romancista,
o cavallo rebelião, assustado pelo frêmito dos vestidos de Fanny, arremessou-se em
trancos e gallões por um declive pedregoso e intransitável. O cavalleiro largou Fanny
para salva-la da maior queda e foi logo cuspido do sellim. O cavallo, refolgando bra-
veza, atirou-se ás cegas por entre os pinhaes:—seria desnecessário segui-lo. Neste
momento escondeu-se entre nuvens a lua, que havia nascido meia hora antes. José
Augusto orientou-se na direcção que devia seguir, com tamanho desacerto que, ás
quatro horas da manhã, ia caminhando para Ovar, direcção opposta. Guiado pelas
A ÁGUIA 9
creado.
loucura!
um typo acabado,
perfeito.
peccados.
até de manhã.
(') Era uma dependencia da Casa de Villa Nova que foi de Eça de Queiroz,
depois demolida para dar logar á actual estação de Arígos.
A ÁGUIA 11
buçado.
Othello
Desdemona
Othello
Desdemona
Othelo
í1) Othello.
12 A ÁGUIA
carrasco.»
E mais:
E, alludindo a estas:
«Mataram-na
a ella, e mataram-me a mim...»
«
Fanny é minha irmã.»
agora irremissivelmente
perdida.
—«
Cuidei me não conhecia, mas se ha de assim
que
chorar, melhor fôra me não conhecesse!...»
que
Perto, duas testemunhas, afinal dois comparsas do seu
a 3 de agosto de 1854.
virgem I
E José Augusto ?
gusto.
Dessa nota, inferir-se-ia o Barão de Pero Pa-
que
Augusto, amargos: —
em traços descendente de epilepticos e
tolos.
pelos
— «Veja-se livro
Fanny Owen e José Augusto: o no Bom
fessou.
* *
mulher!
(!)
DOCUMENTOS
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RETRATO
De Antônio Carneiro.
2
18 A ÁGUIA
jr
I.
2-4-51.
deste á tua, mas olha, estou aqui ha dois dias. Vim fugido delia;
que
retirou, ha vinte e cinco anos do Porto para a sua casa solar de Mosteiro,
ponense,
na margem direita do Douro. Entre os rapazes mais presados, mais cavalheirosa-
mente briosos em que o Porto primava nesse tempo, Manuel Negrão era modelo dos
mais selectos. Acercando-se de raros amigos, eu fui um dos mais honrados com a
sua estima e confiança desde 1847. Separados pela distancia das léguas e dos anos,
1849 Ainda me lembro o dia em que sahi desta cidade para não
(').
dei não só morrer moralmente, mas que este corpo em breve seria
nal, até esta mina que sou hoje. Manoel Negrão está forte, muito surdo
gastrica
como em rapaz, donoso cavalleiro como sempre, e sobretudo rejuvenescido pelas de-
licias de avô, as delicias da família que lhe foram toda a vida as supremas.»
tando nella o nome de Almeno Sincero. Foram seus collaboradores nesta fundação
Theotonio Gomes de Carvalho e Antouio Diniz da Cruz e Silva. Com este compoz
Continua hoje o seu nome e casa, a poucos passos desta donde escrevemos, seu
neto, Luiz Marcos Leite Negrão, a cuja amabilidade devemos, com a copia da pri-
meira serie de documentos que abre um dos nossos últimos livros — (Camilo inédito
*
20 A ÁGUIA
Quando leu a carta de despedida ficou «meia morta; fugiu-me, diz ella,
de sentimento!
Ouve mais:
mim? Nada...»
ella me escreveu!
Guarda-a!
J. A.
II
A RAYMUNDO BORGES
Caro Raymundo:
(') Sempre as mesmas hesitações, ainda nos seus actos mais simples!
A ÁGUIA 21
A Fanny não tem desejo de sahir daqui e neste caso não sei
o deva fazer.
que
José Augusto.
26 de Junho.
José Augusto.
José Augusto.
22
A ÁGUIA
Confirmou-se a desgraça!...
grande
José Augusto.
J. Augusto.
A ÁGUIA
23
III
Tudo inútil!
José Augüsto.
Villar 28.
daquelle anjo.
antigamente estava.
cunhada de José Augusto e como acima affirmamos uma santa senhora, companheira
LE MENDIANT
in
de la íontaine, lentement...
o
AMOUR
tes lèvres...
des abímes...
LE REGRET
au soleil de midi!...
26 A ÁGUIA
et sa voix, sa voix,
et source transparente
iff/'
TENTATIVAS PEDAGÓGICAS
"ÉGLOGA
O SENTIDO DA CRISFAL"
(') Consola-nos ter oportunidade de, desde já, nos referirmos à belíssima obra
de educação que Afonso Lopes Vieira realizou em Portugal com a sua Campanha Vi-
centina a no decorrer dêstes artigos, teremos, certamente, de fazer mais larga re-
que,
ferência, e pela qual o grande Poeta comunicou aos portugueses, que desejam amara
sua terra, não só o seu culto por Gil Vicente, como a sua fé no poder da Arte.
de Crisfal».
pedi-la-ei á saudade,
a saudade m'a dará.
Ao tocar o céu
Eu sei bem
que não me mentes,
—que o
mentir he diferente;
não fala d'alma quem mente; —
Crisfal, não te descontentes,
se me queres ver contente.
terpretadas.
vol. da Biblioteca Lusitana), belíssimo
(2) Vidè Cancioneiro popular, (l.o
trabalho de Jaime Cortesão.
registar aqui que conservámos em nosso poder e lemos,
(3) É-nos gratíssimo
de vezem quando, com comovida admiração, um trabalho escolar sôbre a «Egloga
Crisfal» do antigo aluno do Liceu «Rodrigues de Freitas», senhor Alexandre Augusto
Ferreira do Amaral, hoje, freqüenta a Faculdade de Letras de Coimbra. Eum
que,
admirável ensaio que, certamente, ainda terá redacção definitiva e a publicidade que
a falta de uma Revista, colaborada por professores e alunos, não me permitiu dar-lhe.
ENCANTO
18 Parecem crepitar,
E as lagrimas de Deus
E a melodia do Ar!
Os olhos de esplendor;
Na do poente
graça
Desfólha-se um
jasmim:
Em luz, melancholia,
A noite principia,..
USADOS EM MONÇÃO
TERCEIRA SÉRIE
armada, —
operação agrária consiste em substi-
/. que
tuír as madeiras velhas das latas, erguer as videiras, e distri-
t. —
armar, v. realizar a armada esta
(Vid. palavra).
Abonações:
t. —
arrebolar, v. arremessar.
Vocabulário Minhoto, s. v.
—
atotadela, amolgadura.
/.
1
Vej. atotar.
—
atotão, m. a compressão se sofre nos
que grandes
ajuntamentos.
2
Vej. atotar.
1 —
atotar, v. t. amolgar.
2
atotar, v. t.—comprimir, nos ajuntamentos,
grandes
bacia-de-água-às-mãos—bacia de lavatório.
documentária.
— feito com
boche, m. espécie de farinha do trigo
pão
— boche.
bòchinho, m. Vid.
—
carreteira, adj. diz-se da vasilha adaptável ao carro-
-de-bois
transporte de uvas ou de vinho.
para
Textos abonatórios:
— um monstro fantástico
coca, imagem escultural de
/.
Monção.
çâo um monstro feito de lona, de 5 metros de comprimento por 2 de altura, que depois
luta com S. Jorge, costado do dragão
que a final trespassa o
— espécie de de trigo.
cornucho, m. pão
— diz-se do carro-de-lavoura a
derradeiro, adj. quando
terior do veículo.
Exemplo:
'stá
— Olha derradeiro, rapaz; e ante'lo leves dianteiro,
qu'esse carro porque
do veículo.
—
direito, adj. aquele ao empunhar um instrumento
que
Antônimo: esquerdo.
Fiança:
« N.° 94.
Uma travesseirinha de linho, com folhos de paninho, esbicados»
(Fls. 38 processo de inventário de
do maiores havido por óbito de D. Margarida
Josefa Botelho, no cartório do primeiro ofício da comarca de Monção — n.° 33 do
maço da Vila).
veis, etc.
Documento:
«N.° 8. Um outro pote de ferro, com a boca es mona da, muito velho»
(Fls. 29 v. do inventário arquivado sob n.° 33 do maço Vila no cartório do primeiro
ofício da comarca de Monção — processado por falecimento de D. Margarida Josefa
Botelho).
adj. — um instru-
esquerdo, aquele ao empunhar
que
mento reclame a intervenção de ambas as mãos—enxada,
que
malho, — esquerda frente
etc. coloca a à da direita.
— mercado lugar
feira-do-mel, o tem no
quinzenal que
dia 20 mercados ou feiras, realizam-se em Mon-
(os quinzenais,
fonte,/. —
redondo,
prato grande.
Abonações:
—
Em espanhol há fuente prato grande Dicioná-
(Campano,
rio, s. v.).
—
m. nome se distingue um dos bois
galhardo, por que
da o apelidar incitá-lo.
junta, quer para quer para
Exemplos:
contracto de
parçaria pecuária.
Abonatório:
mencionados — n.°
Paulo José Gonçálvez pelo cartório e comarca
136 do maço Merufe, fls. 59) lê-se a locução aqui registada condi-
«N.° 11. Metade duma vaca também castanha clara (por nascer em poder das
filhas do primeiro matrimônio e filha duma vaca a ganho» {sic)
A ÁGUIA 41
—
multidão sentido depreciativo).
gavilha, /. (em
Abonações:
«De resto, o democratismo generoso ainda não intimou certa gavilha a pro-
var-lhe as continuas infâmias »
que ela vomita contra a Rèpública. (O Regional, XV
ano, n.° 666, de 2 de Outubro de 1915, p. 2, c. 2).
«Aquela
gavilha tonsurada da rua de Salvaterra está [a] arranjar passaporte
para as profundas do Inferno
—
lagarêta, a antiga de vara e fuso e compe-
/. prensa
tente tina com seus orifícios ou rasgaduras, espremer o
para
bagaço de uvas.
<N.° 32. Uma lagarêta de espremer vinho[s/c], com todos os seus aparelhos
e utensílios, avaliado tudo em seis mil reis.» (Inventário precessado por óbito de José
Antônio Barbosa de Brito, arquivado no cartório do primeiro ofício da comarca de
Monção, fls. 45).
9.«N.° e mais outra casa térrea que serve de adega, telhada, com seu
]
lagar de e lagarêta aparelhada»
pedra (Fls. 21 do processo de inventário
arquivado no referido cartório — n.° 32 do maço Vila — e
que teve lugar ao faleci-
mento de Felicidade de Amorim Azevedo). v
de pinho e um
«N.° 18. Uma pedra para lagareta com armação e barrica
fuso de freixo avaliada [s/c] em três escudos.» (Inventário processado por óbito de
Manuel Rodrigtiez, da vila de Melgaço, cartório do segundo ofício dessa comarca,
ano de 1916.)»
Exemplos:
Exemplo:
Exemplo:
— decorativo em tecelagem.
olhinho, m. motivo
Comprovação documental:
«N.° 7. Duas toalhas de estopa em bom uso, uma com olhinhos e outra
— comarca de Mon-
lisa» (Inventario havido por morte de Francisca de Morais
cartório do primeiro ofício, n.° 26 do maço da freguezia de Mazedo, fls. 20 v.).
ção,
—
ôlho-mole, m. o Pagellus Controdontus.
peixe
ao
vulgar goraz.
— Vej.
m. galhardo.
pisco,
= ao vulgar gato.
Documentação:
«N.° 36. Uma outra travessa de pó de pedra, usada, com alguns pontos,
avaliada pelos mesmos louvados em cem reis.» (Fls. 32 do processo de inventário
43
A ÁGUIA
«N.° 22. Uma caneca fina concertada com três pontos (Inventário pro-
cessado óbito de Francisco Martins Mô, comarca, cartório e maço referidos, n.° 16,
por
fls. 23 v.).
medidas-de-secos.
o rapão.
= arrasoirar, rasoirar.
sementes.
pectivas
por
SONETOS BUCOLICOS
HIPfALA
u chamo-me Acervai, de
pastor gado.
No monte, ao sol, eu guardo o meu rebanho;
II
RENUNCIA
a desquitasse a desventura,
que gente
eu tinha, Daliana, bem segura
A ÁGUIA 45
III
A FIDALGUINHA
//
•-
IDILIO
A Leonardo Coimbra
unto a um silvestre,
pinhal
mesmo á beira de uma estrada,
¦
vive uma flor ignorada:
tanta ali
gente que passa,
a ninguém ela diz nada;
á campestre,
plantasinha
perdido na vida;
própria
esquecido na beleza
do ar e da natureza,
só procura a singeleza,
só nela encontra
guarida...
Vê ele a flor, ela vê-o,
lá continua ignorada
sorrisos sorrir
para
¦A
ARTE
MÚSICOS PORTUGUEZES
actual e obra.
paciente
D. Miguel Sotto Mayor nasceu na freguezia de Ancêde,
quaes estava a sua educação, pois que seu pae tinha morrido
INTRODUCÇÃO
para sempre.
A Coca (MonfiSo)
que os consagrou á
posteridade.
do leitor.
moderna.
Ut queant laxis
/fesonare fibris,
Mi ra
gestorum
Fa muli tuorum,
Sol ve polluti
/.flbii reatum,
Sancte Joannes.
uma nota sobre cada syllaba ut, re, mi, etc. Do mesmo
fa,
eram articuladas
(2).
por um gamma; d'aqui o nome de gamma dado á escala, a cuja frente está aquella
letra.
A ÁGUIA 51
no tom
grave».
Finalmente, na opinião de o mais certo é Are-
Çap, que
tino, a fim de tornar mais fácil de encontrar a intoação, esco-
cias
(').
(') Vid. a Hist. dos Estabelecimentos scient. por Silvestre Ribeiro, tom. I,
pag. 11.
A ÁGUIA
53
em 1472.
de Rezende inculcar-nos.
perfeição, que quiz
—
era esta— .A de la ut tinha lugar as
\ passagem para (dó)
(Continua).
<-(&¦/
óp
Etnografia Artística
decorativos de importancia.
primacial
Dá-se com estes dois sinaes, cujas origens se acobertam em
(') V. Correia. Arte popular portuguesa — Suas relações com a arte popu-
lar de toda a Europa, na Terra Portuguesa, vol. I, pag. 81-87.
(2) Arte mycenica no noroeste de Hespanha, na Portugalia, vol. I, pag. 2.
62 A ÁGUIA
v/
I ! A I
>k >k
«
celona.
De Virgílio Maurício.
*
O ilustre scientista e director do Instituto Superior Técnico dr. Alfredo
tiensaúde batalha, através as dificuldades do nosso meio, por tornar aquele Instituto
um verdadeiro
orgão da vida, o mais possivel apropriado à função que deve exercer na
sociedade
portuguesa. Entendendo que compete ao público conhecer e apoiar empreen-
dimentos dessa
ordem, uma publicação que eu projectava,
pedi ao meu amigo, para
um artigo
sobre os seus Instituto; mas não podendo sair por em-
planos quanto ao
quanto tal
publicação, cedo o artigo à Águia, certo de que ele será lido com muito
aPreço
pelos leitores da nossa revista. —Antônio Sérgio.
66 A ÁGUIA
nós; nem todos são bastante patriotas para compreender, por exem-
(') Há muito quem pense ser deficiente a retribuição dos professores, o que é
certo; mas é verdade também que, dados os nossos costumes políticos, a instrução
pública nacional estaria ainda mais atrazada se os professores fossem melhor pagos.
Haveria mais procura para êsses lugares por parte de certos políticos e dos seus pro-
tegidos. A autonomia das escolas é a sua defesa contra a ingerencia das influencias
nem sempre eficaz se o candidato
políticas na nomeação do seu pessoal, mas defesa
a qualquer cargo é bem apadrinhado e tem força bastante para obter que o Parlamen-
to, ludibriado, suspenda em seu proveito a autonomia escolar.
Desgraçadamente o caso não é inédito e quando algum ingênuo reclama con-
"
tra tais misérias responde-se-lhe, são incidentes que só surpreendem os que não co-
nhecem as necessidades da política „ ; emquanto houver dessa política que tem por
norma colocar o interesse dos amigos acima do bem geral do paiz serão mais ou me-
nos inúteis os esforços dos sebastianistas que procuram melhorar a instrução
pública
e preparar um futuro ao povo português. A ingerencia de certos políticos na distri-
buição de empregos é a maior dificuldade que se opõe entre nós á bôa organização
do ensino; a outra, logo a seguir, é a resistencia da nossa ronceira burocracia a toda
a iniciativa util.
A República tem decretado bôas medidas a favor da instrução, neutializadas
causas.
em parte por estas e outras
(z) Como nas nossas escolas se tem estudado mais para fazer exame do que
para aprender, (porque a carta de curso tem muitas vezes o valor de uma senha
também a favor dos alunos que tenham mais desenvolvida essa apti-
exploração econômica.
* *
(') Certos
pedagôgos explicam os fracos resultados de algumas das nossas es-
oias como conseqúencia
da má qualidade dos alunos. A inversa é que é verdadeira,
om bons
professores consegue-se entre nós tudo o que é razoavel exigir de bons
70 A ÁGUIA
nós cursos livres. Dêle resulta uma selecção a favor dos alunos de
por
maior energia, requisito essencial o homem de acção deve ser
para que
em si.
justificadas.
Procura-se e vai-se conseguindo estabelecer no Instituto a coo-
4:
INTRODUÇÃO
apenas uma natural antecipação que o Sêr quasi garante, pois que,
se não o é, tende Universo. Só a nova experiencia limi-
para pode
tar o dominio essas formas tenham no novo fenomeno, ou an-
que
tes, até onde vai no novo fenomeno a anologia que tal ati-
justifica
tude; só a experiencia ir modificando e enriquecendo as formas
pode
do saber, pela combinação ou modificação das anteriores pela neces-
DEUS
dade superior.
este sêr e aquele dever foi o esforço de Kant com as duas criticas
mente impossíveis.
(Continua)
SCIENCIA E EDUCAÇÃO
Ibici.,
p. 99.
Estudos sobre a educação
popular, preâmbulo. O poeta foi Victor Hugo.
Citado
por Fierens Gevaert em La Tristesse Contemporaine, p. 76.
80 A ÁGUIA
gle of existence.»
Feuilles dètachées, 436.
p.
A ÁGUIA
81
6
82 A ÁGUIA
sciencia e de emoção2.»
Antero de Quental, cujo se
No nosso (exceptuando gemo
país
das modas literarias, e nas altas regiões do
manteve sempre acima
este refluxo maneira fraca, su-
idealismo) as letras reproduziram (de
respeita á idea, mas com belezas de
e imprecisa pelo que
perficial
na ultima fase de Eça de Queiroz e nos Simples
fôrma prestigiosas)
— não de uma débil, amplificação
de Junqueiro, que passam prolixa
5.
Le Devoir présent. Paris, Cotin et C.ie, p-
Le 144-5.
nouveau mysticisme, Alcan, 1891, p.
A ÁGUIA
viu-se no e ne-
os ares, Junqueiro preso proprio passado palavroso
' Ecos p. 6.
humorísticos,
2 certo anti-lntelectuallsmo está em moda, con-
Não vamosporém, com que
fundir esse sentimento das coisas com o conhecimento delas, coisa diferente que
nos merece seu lado a mais cuidadosa dedicação, e que nada pode substituir.
por
86 A ÁGUIA
—e ás vezes os
cornio do tradicionalismo, apodrecido e bolorento,
'
V. o meu artigo Espectros no n.° 11 da Atlantida.
1 A
persistência de um mal-entendido obriga-me a lembrar mais uma vez
que
chamo educação «profissional» a um
processo de educação geral,—coisa diversa, c
muito diversa, daquilo a
que chamo instrução técnica. V. Educação Civica.p. 11-12;
Cartas sobre a educação
profissional, p. 21; Educação geral e actividade parti-
cular, passim.
A ÁGUIA 89
não são aqui, como nos antigos hedonistas, os motivos da acção hu-
controu nos nossos dias. Iniciou-a Shaftesbury, que foi, neste campo,
deixei —
gar que provado; ^mas como poderia ter dito que em cada
pelo que toca aos efeitos das sciencias, se repete varias vezes, tanto
gas tumultuosas da sua eloquencia. Como mais de uma vez lhe suce-
deu, foi depois, diante das objecções, ele delimitou com suficiente
que
clareza as intuições confusas de que partira.
E essas intuições são se olharmos ás realidades em
justíssimas,
O MISTÉRIO DO TOTEM
* *
* *
(') Van Gennep — «Religions, Mceurs et Légendes», l.a serie, 1908, pag. 55.
(2) Loisy—«Le Totemisrae et 1'Exogamie» in Revue d'Histoire et de Lit.é
Religieuses, II.
pag. 404 do tom.
(3) Van Gennep. L., 4.» serie, pag. 91.
R. M.
(4) Tylor—«La Civilisation Primitive», vol. II, pag. 8 e seg.
(5) Durkheim — «Les Formes Élémentaires», etc., pag. 240.
(6) Frank Byron Jevons—«An Introduction to the History of Religion, Me-
thuen», 96 e seg.
pag.
(7) Durkheim—«Les Formes Élémentaires», etc., pag. 245.
*
100 A ÁGUIA
com essa especie, fá-lo hia supor uma certa afinidade entre a especie
uma especie de magia cooperativa: «Não tinha cada clan a sua espe-
Matozinhos, 7-2-917.
pressa do outro.
rum, o centro do Mundo Romano, até aos confins das mais remotas
Matosinhos, Janeiro—1917.
(Continua)
LETTRES son 1'action
POR TUGA1SES propre suicide, et autorisée
de M. João Chagas vint redresser coura-
José de Macedo: O Confito Interna- geusement les erreurs d'une malsaine
cional, sob o
ponto de vista português; propagande. C'est ce que mettent en évi-
Renascença Portuguesa, Porto.—Leo- dence les conclusions du livre admirable-
nardo Coimbra: A Alegria, a Dôr e a ment charpenté de M. José de Macedo:
Graça; Renascença Portuguesa, Porto. — LE CONFLIT INTERNATIONAL, AU
Antonio Arroyo: A viagem de Antero de POINT DE VUE PORTUGAIS, étude po-
Quental à America do Norte: Renas- litique et économique. M. José de Ma-
cença Portuguesa, Porto. cedo voit Iarge, et ne se dissimule point
qu'il s'agit de constituer le monde entier
S'il s'agissait d'éclaircir à fond les rai- sur des bases nouvelles.
sons de 1'intervention du Portugal dans la Après avoir étudié le jeu des alliances
guerre européenne, on se trouverait pro- plus ou moins hétérogènes et envisagé
bablement en face d'un fort 1'aspect du monde à la veille du cataclys-
probléme
cornplexe, et ceux voudraient faire me, au regard de la question d'Orient, il
qui
découler cette intervention d'un pur cal- s'efforce de déterminer la véritable situa-
cul d'intérêts tion économique et politique du Portugal.
n'auraient pas moins tort
Que les partisans d'une explication sen- C'est avec un soin minutieux qu'il passe
timentale. en revue la des échanges du
question
Ayante Portugal avec 1'Allemagne, avec l'Espa-
ouvert, lapremière, les vastes
horizons
de la terre et inauguré le grand gne, avec 1'Angleterre alliée, avec le Bré-
mouvement d'expausion coloniale mo- sil. En même temps, il s'attache à mon-
derne, la trer 1'influence d'une ma-
patrie de Camoens, qui garde un prépondérante
immense empire africain, ne rine marchande; fond le
pouvait res- puis, traitant à
ter en dehors du conflit
qui va régler les probléme vital de 1'émigration, il réfute
destins du monde. II énergie la chimère dangereuse de
y va de sa vie aussi avec
bien
que de son honneur; car le Portugal ceux qui voudraient détourner du Brésil
ne saurait etre séparé de ses colonies, et le courant colonisateur lusitanien. Pour
la lui, 1'émigration est la meilleure des in-
question du partage des colonies por-
tugaises a êté
posé par 1'Allemagne. Privé dustries portugaises, et le Brésil la plus
de son domaine colonial, le Portugal re- des colonies du Portugal. Ma-
prospere
devient une lheureusement les gouvernements portu-
simple province ibérique.
Au rest, hérítier direct de la noble tra- ont jusqu'ici manqué de plan.
gais
dition chevaleresque et façonné la Les théories de M. José de Macedo
par
culture latine, le Portugal devait se ran- se rencontrent ici d'accord avec l'action
g£r parmi les défenseurs du Droit et de de certaines d'entre les
plus éminentes
la Liberté des aux côtés de la lusitaniennes de 1'heure
peuples, personnalités
France et de 1'Angleterre. actuelle, parmi lesquelles il faut compter
II y a aussi le séculaire traité d'alliance les initiatcurs de la revue Atlantida, des-
avec la Grande-Bretagne, — et ce traité tinée à élucider les moyens de réaliser
eut à certaines époques d'assez fâcheuses une véritable coopération luso-brésilienne,
répercussions économiques en Portugal;— tant du côté intellectuel et moral, que
wais il dans 1'ordre économique et
ne semble pas que, dans le cas purement
présent, aucune durant
des deux parties, politique.
la Passant ensuite à 1'examen du
première phase du cataclysme, ait dé- pro-
siré le faire blème colonial, M. José de Macedo dé-
jouer, encore que chacune y
«tt disposée en tout nonce les de Timpérialisme et
de part et d'autre périls
'oyauté. constate la République n'a pas en-
que
Au vrai, le souci de la dignité natio- core été proclamée dans les colonies. Par
nale vint donner une forme active aux voie de conséquence, il étudie le problè-
rcvendications d'ordre économique. Le me controversé de 1'autonomie financière
Portugal crible d'une
pouvait etre neutre; toute-
ne et coloniale, passe au
et ana-
fois les arguments des lyse minutieuse 1'idée de Fédération
germanophiles ne
manquaient atlantique. Mais ce lui paraít devoir
pas de poids, á preuve le li- qui
Vre révélateur de M. Pimenta de Castro; susciter les difficultés pour
plus graves
mais la République ne pouvait accepter 1'aVenír, c'est la question' dès vofes de
110 A ÁGUIA
ting people. But he is less caustic in his sale de los limites de la política nacional
condemnation, nor does he allow his wit viene a ser una pintura
portuguesa, y
to get the better of his heart. In writing
previa de Ias causas que engendraron el
largely from his own experience of life
gran conflicto de este siglo. El senor Ma-
and literature he many cedo no solamente hace
gives glimpses gala en ella de
into the manners of the day; he descri- su amplia cultura, sino
que, abordando
bes the motley crowd wont to hang about un en que Portugal es parte liti-
pleito
a great house in Lisbon, hucksters, pe-
gante, actúa de juez con la suficiente se-
dlars, negrões, gypsies and a hundred renidad. Los más atraen su
puntos que
more, and his experience et a Spanish atención dentro de este tema, son Ias
inn (p. 107) is worthy of Don Quixote. rivalidades étnicas ha despertado en
que
His task was to describe the right rela- Europa el resurgir dei nacionalismo, Ias
tions between husband and wife, and it alianzas heterogêneas que debieron con-
must be remembered that the small de- centrar Ias potências para dominar o de-
gree of liberty of woraen in Portugal had fenderse la aparición dei nuevo impe-
y
already attracted attention in Europe. He rialismo con que Inglaterra, Alemania y
does succeed in some measure in sho- Rusia, dentro de Europa, suefían con ava-
wing how women might combine these sallar el mundo. Detallada esta lucha for-
restrictions with the of ali their midable con
practice que bregaban Ias cancillerías
natural grifts and graces. And if his anec- en los anos que precedieron a la guerra,
dotes and examples are of his own time aborda el senor Macedo otra causa
que
and country his kindly wisdom and keen debía llevar al estallido: la prepotencia
comments are for ali time. In this attrac- econômica de Alemania. El crecimiento
tive edition they are likely to entertain de Ias energias de este pueblo ahogaba
and instruct a very large number of realmente de dia en dia a sus rivales: su
readers. marina se multiplicaba prodigiosamente,
su industria llegó a tales limites que hoy
S. João do Estoril.
mismo los Estados enemigos de ella no
ven médio de substituiria con la suya
Aubrey F. G. Bell.
cuando la paz sea un hecho, y su espíritu
A ÁGUIA 113
un suelo
fecundo, recursos esplêndidos y presupuesto de Guerra consiberable du-
una inmejorable, ha rante la Monarquia y al desaparecer ésta
posición geográfica
vivido un tanto desorganizado, despro- se encontro falta de recursos, el puerto
visto de dirección en el gobierno y sin de Lisboa sin Ias defensas suficientes, y
orientación econômica en el un ejército según frase de Baracho,
pueblo. Esta que,
incapacidad de hecho se traduce en su había llegado a un estado de relajación
comercio indisciplina
y en Ia cmigración, que
exterior y de deique no se veia me-
son buenas balanzas para medir el des- jora. En sentir de Macedo la situación ha
barajuste de su vida econômica. Para cambiado bastante. Hoy soporta Portugal
remediado con la
requiérese inucha tenacidad, guerra un gasto con 150,000 contos
cordura de reis, pesadísima carga que este autor
y gran sinceridad de proce-
una
dimientos a los elementos sólo considera aceptable
que permita pensando que
dentro Ia nación la indepcndencia nacional. Así
que pnrecen más incom- garantiza
patibles se homogenicen, llevados de exclama: «No debemos esquivar tales sa-
y
una buena administración aporten a Ia crificios cuando de semejante ideal se
pátria portuguesa un manana glorioso. trata; bien deben comprenderlo los mi-
* La aiíade, lo encontro todo nistros de la República cuando negocian
Republica,
por hncer, todo arruinado y viviendo ar- en Londres una operación de crédito que
tificialmente. Tenemos extensas tierras asciende a 25.000,000 de libras. Los gas-
sin tos de
árboies; campos sin coinunicación guerra hasta hoy abonados suben
con la cabeza de los distritos; corrientes a 75.000,000 de contos y se está bastante
dc agua lejos dei final.»
perdidas ; riquezas despreciadas:
industrias Una de Ias más complejas cuestiones
que no aprovechamos y pudie-
s«r fuente de internacionales que trata igualmente, es
prosperidad para el país.
Todo abandonado, sin dar al trabajo ex- la de Ias alianzas. La opinión sobre este
Pansión ni fomento; punto no es unânime en Portugal. Optan
y una población ham-
orienta, la inglesa,
que no halla nadie que se pre- muchos por que es la tradicio-
°cupe de sus problemas sociales y de su nal. Pero observa también el sefíor Ma-
vida.» cedo: «Es cierto que, algunas veces, nos
Tocante al colonial, han venido de Inglaterra, faltas de consi-
problema punto
de especial deración El célebre tratado de
dei
competencia senor Ma- y estima.
cedo, empieza frases de Methwen no es una prueba de desinterés.
por recordar Ias
I-etourneau, Y cuando nuestros soldados ayudaron a
cuando auguraba que la fie-
bre colonial, al enemigo de Inglaterra, con-
convertida en delirio, arras- quebrantar
traria a los tribuyendo a Ia derrota napoleónica, so-
pueblos a una gran lucha, en
•a el de Beresford
que para defender el engrandecimiento portamos predomínio y
de territorios lejanos se desangrarían Ias el innoble martírio de Freire de Andrade
metrópolis. vein-
La criticaque hace este es- y sus compafieros. Posteriormente,
critor dei tiséis anos atrás, nuestra aliada nos
actual sistema colonizador por- pagó
es muy documentada y profunda. los servicios con un ultimátum humillante,
Jegues
Gran frente tuvimos
parte de sus vicios arrancan de la al cual que capitular tris-
fijilitarización En la temente, firmar ei tratado de 1891, que
de Ias colonias. pro- y
P>a administración central la mayor parte nos privó" de parte dei vasto interior de
de los funcionários superiores son mili- Mozambique. En realidad, en aquella
tares, época, Inglaterra
y en miembros dei ejército están ya tenia combinado con
vinculados, también, Ia casi totalidad de Francia e Alemania el reparto de África,
empleos civiles de Ias colonias. Excep- y si hoy sigue una política diferente no
tuando Ia está de hemos de dejar de reconocer en
magistratura, todo sus que
Manos. Así dice, la ocupa- aquel momento se nos sacrifi-
resulta, que primer
c'ón de caba». Esto no obstante, sigue opinando
Ias colonias portuguesas queda
verdaderamente es el ár-
por hacer, y con respecto
el sefíor Macedo, que Inglaterra
a Angola es una aspiración irrealizable, boi a cuya sombra ha de crecer Portugal.
si no se Desde el tiempo de don Juan I, en
sigue la táctica de Alemania que que
de sus colonias no con sus Inglaterra, a ella se acogió
poco podia
joma posición
tropas sino el espanol que le
con sus ferrocarriies. para garantir peligro
El
problema dei coste de la guerra es amenazaba. Y después de Filipe III, entra
objeto de un Portugal a negociar tratados con ella:
atinado trabajo que informa
suficientemente son éstos, seis; tres en el siglo XVII
al lector. Lo que mayor y
interés despierta, tres en el XIX, sin contar el de Methwen
naturalmente, es lo que
se refiere a los
gastos especiales de Por-
en 1703. Por los tres primeros, dice Oli-
tugal. Esta nación un veira Martins, el Oriente. Con
había soportado perdimos
8
114 A ÁGUIA
por Ia alianza inglesa por varias razones teratura um capítulo sôbre a literatura
de orden histórico, econômico e interna- portuguesa, não nos contentando a razão
cional, pero que esta alianza no la halla- com que se quere justificar essa falta.
ria indispensable si fuese posible una Bastariam as palavras com que o ilus-
alianza con Espana. A propósito es-
este tre professor mostra a relação que existe
tudia Ias relaciones hispanolusitanas, com- entre a história geral e a história literária
batiendo el prejuicio que los espano-
de para convencer que o seu trabalho é
les aspiren a dominar a Portugal y acaba orientado de harmonia com o espirito dos
por decir que el acuerdo entre Espana y programas do ensino literário nos liceus.
Portugal debiera ser el inicio de una gran Nêste sentido, no entanto, pode o Resu-
alianza latina, obra de paz, basada en la mo da história da literatura ser muito
expansión de una cultura que tiene en aperfeiçoado e, com certeza,
o será, quan-
Francia e Italia sus más gloriosos intér- do o seu autor deixar a
preocupação de
«£Este fecundo espíritu de soli- fazer um resumo, e, aproveitando a sua
pretes.
daridad histórica, termina diciendo, no larguissima erudição, o seu belo critério
podría tomar aún una forma más amplia, e as suas admiráveis qualidades de escri-
creando una Liga hispanoamericana entre lor, quizer dar ao seu trabalho o intuito
todos los elementos de un mismo ori- de revelar, dentro da literatura de cada
»
gen? povo, as figuras representativas, destacan-
La última conclusión de este libro, lo do da sua vida o
que tiver valor, sob o
centra aún con mayor firmeza a la rea- ponto de vista moral e literário, e estu-
lidad de la hora presente. Escuchémosle: dando das suas obras o que nelas houver
«No nos hagamos ilusiones, dice: de
No grande, sob o ponto de vista nacional
creamos que todo dependerá de nuestra e humano.
voluntad en la lucha que va a promo-
verse cuando termine la guerra. Portugal «ATLANTIDA» —Lisboa. N.os 15 e
en el mundo nuevo que se está elabo- 16, de janeiro e fevereiro de 1917.—Den-
rando tiene que chocar con dificultades tre a variada e interessante colaboração
numerosas, y éstas conviene estudiarlas devemos destacar a de José Caldas, Tei-
para que sorpresas no Ias
perjudiquen xeira de
Queiroz, Ofélia Correia da Cos-
nuestro avance hacia una nueva y gran- ta, Humberto de Avelar, Lúcio dosSan-
diosa civilización».— F. de A. R. tos, Antonio Sérgio e Avelino de Almeida.
Explendidas reproduções de Teixeira Lo-
«RESUMO DA HISTÓRIA DA LITE- pes e desenhos de Raul Lino, Cristiano,
RATURA ANTIGA, MEDIEVAL E MO- Manuel Gustavo e Santos Silva.
DERNA»—pelo General J. Corrêa dos
Santos—Pôrto, Biblioteca portuguesa- « REVISTA DO BRASIL » — S. Paulo.
editora, 1917. Destina-se êste livro aos N.os 12 e 13, de dezembro de 1916 e ja-
alunos da 6.® e 7.a classes das disciplinas neiro de 1917. — Cada fasciculo é uma
de português e latim, e quere-nos parecer nova revelação do no Brasil se
quanto
que prestará ao ensino esplêndidos servi- está estudando e escrevendo bem o por-
ços. São tam raros os livros de rial valor tuguês. Estudos literários, scientificos,
didáctico no nosso país que o trabalho do economicos, todos nos mostram espíritos
ilustre professor, sr. General Corrêa dos cultos e anciosos. Olavo Bilac, Alberto
Santos, vem preencher uma lacuna, e de Oliveira, Domicio da Gama, Medeiros
mereceria uma larga apreciação, feita com e Albuquerque, Mario de Alencar, Sam-
aquela honestidade que obriga a criticar paio Doria, Alberto Seabra, Mario Pinto
e não apenas a dizer palavras fáceis de Serve, Godofredo Rangel, subscrevem be-
elogio, embora justo. Tal apreciação não Ias paginas. A resenha do mês é completa
cabe, no entanto, na simples noticia bi- e brilhante.
bliográfica que, por agora, nos propuze-
mos dar. «REVISTA DE FILOLOGIA ESPA-
O novo trabalho do sr. General Cor- NOLA»—Madrid. Tomo III, Outubro-
rêa dos Santos é mais uma afirmação do Dezembro 1916. Publica artigos de Fe-
A ÁGUIA 115
decido
Teixeira de Pascoaes
LITERATURA
povo (sic).
Para fazer compreender o novo espirito da franceza,
juventude
em revista as varias fases da sua educação: o romantismo
passa
todos os vicios e degenerescencias, e cujo mestre su-
que glorificava
foi Victor Hugo; a corrente e scientifica formulada
premo positiva
Comte, Taine, Renan e Berthelot, se condensa no intele-
por que
dualismo triunfante sobre a acção ele desprezada; e finalmente
por
o falso misticismo de Melchior de Vogüé, Rod e Desjardins, forte-
(•) para notar que nenhuma referencia se faz aí aos armazéns francezes de
É
Alexandria bombardeados pelos inglezes, nem tão pouco á saida de Fachoda
por es-
tes mesmos imposta ao hoje general Marchand. Eu
pelo menos não a vi.
A ÁGUIA 119
que essa triste literatura, acima referida, de continuo agita com fra-
ses ôcas, teatrais e aparentemente inspiradas em ambições
genero-
sas, superiores e inacessíveis ás seduções dos inimigos da França.
Temos ainda de reflectir num sintoma de caracter
pessimista
que, ha poucos mezes, se tem novamente revelado na literatura, no
Conto, e nos faz descrer dessa regeneração das almas,
profunda tam
apregoada e elogiada. O tema do adultério era o favorito
prato do
(') Encontra-se uma exposição e analise destas ideas na carta que M. Emile
Boutroux dirigiu ao director da Revue des deux Mondes, nos fins de 1914, publi-
cada primeiramente nessa revista, e tempos depois no n.° 27 das Pages d'Histoire,
1914-1915, edição da Librairie militaire Berger-Levrault, Paris e Nancy. O seu custo,
nesta ultima edição, é de 40 centimos.
Tendo freqüentado as universidades alemães pouco tempo antes da guerra de
70, o ilustre filosofo teve ocasião de conhecer as duas principais correntes de pen-
samento que então ali se ensinavam: a de Bluntschli
político que pretendia chegar
á unidade pela liberdade, e a imperialista e conquistadora, de Treischke, que procla-
mava a liberdade pela unidade. E viu que era esta ultima a que mais simpatias gran-
geava.
(2) O Século de 30 de Janeiro do corrente ano publica uma longa e inte-
ressante correspondência de Roma, qual se expõe as
na teorias de M. Fõrster, em
oposição á política militarista e absorvente dos alemães.
A ÁGUIA 125
—O «
I CADINHO
CARTAS DE OUTR'ORA
tão nervosa, tão humana como temos, isso fosse possível! Mas o
de disputas com o conde que lhe não toma a serio, nem os som-
meia doida com a pontinha de íebre que a sua cadela sempre tem ao
cair da tarde, fica o meu amigo ao corrente das cousas mais impor-
Para isto como para o resto, meu caro confessor, não me ne-
a sua absolvição.
gue
Jeannine d'Esbare.
CARTAS DE AGORA
Outubro de 1914.
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H
K ll
!|i : ?¦ ,| ][i
|^
A ÁGUIA 129
como esse único olhar, sem mais contacto, nos estreitou profunda-
mente a ambos! Que indizivel comoção ao reconhecermo-nos, ao
o passado
desvenda-se-me agora, — nada quiz dizer
porque porque
me amava, porque pressentia que um prodígio misterioso havia mais
Já lhe disse que o conde, ocultando o seu vigor fisico não sei sob
Sua irman
Jeannine d'Esbare.
(Tradução de A. Arroyo).
EXTASE
ÃO de criança afaga,
que
Pomba, voando,
que geme
Segue-lhe as curvas no ar
Falta-me a nota
precisa;
Já a tarde agonisa.
quando
Talvez a doçura
juntando
Á da rôla na espessura,
Eram os teus
pastores pais?
Vão ar os teus
pelo passos.
Os meus na treva,
pés poisam
Se fait berceuse?»
Qui s'achemine?>
Qui faccompagne?»
Que tu racontes?»
Comme naguère...
S
/!£'/£As
fa"- dt-
(Vicoratesse de Rougé)
FLORES ANTIGAS
IMITAÇÃO DE DIVERSOS
a meu ver
que
da vossa dor
quando já
a ruga desairosa
quando
na formosa
cada hora:
me désse, ó desventura,
jquem
ou agora a formosura
publicando
essa flor e
graciosa pura,
que não é
goza-la perde-la;
e sapiente
Dá movimento e viveza
á beleza
ou os montões de um tesouro?
em um só e frio leito?
O
A CASSANDRA
De Ronsard.
ao sol abriu,
purpurina
em horas fanada
poucas
a foge,
primavera que
fenecerá sem
piedade
TRADUÇÕES DE
^ L'
ARTE
Vfolt friUmlX
"" V^* ^?Q
|g£
~j OCSSC«l*S%iaS22JC^tfQOOC>C^
^
AS TALHAS DE BORBA
de 177S
plicidade.
Reduz-se a pouco, afinal. O sino-saimão, simples ou duplo,
acentuado, linhas ondeadas, aqui e ali uma cruz, cravada parece que
á e eis tudo. Os mesmos motivos, no fundo, decoram
goivada, que
o vasilhame miúdo das nossas olarias ruraes...
Mo-Utto
/TKOY'
ci nAo j
L
# B &
§ i j
% %
^ f f I
ÍNTRODUCÇÃO
li
Semana —
Santa, impresso .em Lisboa no anno de 1543
de D. Passionarium Capellcz
João III, e auctor do jaxta
Regice Lusitanice consuetudinem. A estes nomes devemos
escriptor nosso
(').
harmonia.
cJ$
(Continua).
diâmetro horizontal ou
do astrolábio suspenso.
Os astrolábios de
sões suspendiam-se da
superior do limbo.
parte
Se o instrumento era de
dimensões, como
grandes
o astrolábio de pau, de
1 Veja-se o nosso estudo Astronomia dos Lusíadas, Coimbra, 1915, pag. 129,
em cujo capitulo VIII nos ocupamos do astrolábio.
10
146 A ÁGUIA
liceus.
F. Le traité
Nau, sur l'astrolabe plan de Sévère Saboki, Paris, 1899.
Veja-se Mary Byrd, A laboratory manual in asttonomy. Boston, 1899.
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Superior Técnico
A Águia—64 série)
(2.a
A ÁGUIA 149
(Canto V, 25 e 2(5).
Achamos ter de
todo ja passado
Do Semicapro peixe a grande meta,
Estando entre elle e o circulo gelado
Austral, parte do mundo mais secreta.
gínquas.
Diog.Laerc., IX, 6.
Laudatum a mihicum
ceteris (Cie., De Fin., I, 6). Qui (os outros filósofos)
illo collati classis videntur, (id., Acad., I, 23). Democritus, subtilissimus
quintae
antiquorum omnium (Sén., Quest. Nat., VII, 3).
Demócrito, diz Aristóteles, «parece ter reflectido sôbre todas as coisas » {De
Gen. et Corrupt., I, 2, 3). Nas nossas citações de Aristóteles reportamo-nos sempre á
ed. Didot.
152 A ÁGUIA
suas idéias fundamentais. Foi com essa abundante fonte êle regou
que
os seus «Os átomos, o vácuo, as imagens..., a
jardins própria
infinidade, tudo tirou dêle, assim como êsses infinitos mundos
que
2.
nascem e morrem todos os dias» No que nos ocupa
ponto
Cícero não exagerava. Diógenes Laércio, o Pseudo-Plutarcho, Hip-
observação
possível.
Há, a escola de Abdera, uma infinidade de sois, de
pois, para
luas, de terras e de mundos. Mas a simples idéia da pluralidade dos
' como fôr, o que parece insustentável é a hipótese de Rivaud (Le Pro-
Seja
blème du Devenir et la Notion de la Matière dans la phil. grecque, 1906, p. 106),
que identifica o
deus de Xenophanes com a abóbada do céu. «Sans doute, X. pensait
à la voúte du ciei, à la sphère immobile qui la limite, et à laquelle les astres sont
attachés». Porque, por um lado, essa esfera não é imóvel para os Gregos. Por outro
lado, ou há uma infinidade de céus para X., e haveria então, pela mesma razão, uma
infinidade de deuses; ou o universo é infinito, sein haver uma infinidade de mundos,
desaparece como
e nêsse caso é própria abóbada celeste que
a limitação do cosmos.
Arist., Metaphys., I, 5, 10.
Artaxag., fr. 4 Diels. Anaxágoras c contemporâneo de Leucippo.
E
não 180, como diz Rivaud, op. cit., p. 100.
Não Petron; ignora mesmo se ela ainda exis-
que êle tivesse lido a obra de
tia ao seu tempo; mas reporta-se a Phanias de Ereso, que, por sua vez cita Hippys de
Rhegio (De Defectu oracul., XXII, 41 e segg.; XXIII, 16 e segg.).
Pseudo-Plut., De Placit., II, 13, 8. O mesmo texto em Stobeu (Eclog., I,
astros, com outros sois, outras luas, outros habitantes. Nenhum dos
! A esfera estrelada era a ultima esfera do céu, a esfera das fixas. Esta inter-
pretação torna-se evidente da discussão de Aristóteles no De Caelo (1,8 e 9). «Ainda
num terceiro sentido chamamos céu o corpo ex-
que é limitado pela circumferência
trema; efectivamente, é costume chamar céu á totalidade e á universalidade das coi-
sas... Não há senão êste único céu» no
(ibid., I, 9, 6 e 8). «Todas as coisas estão
céu, «O uni-
porque o céu é o universo, ao que se pôde julgar» (PhysIV, 5, 3).
verso, no Timeu.
que nós chamamos céu ou mundo», escreve por seu lado Platão
(Para Pl. e A. há equivalência entre universo dum lado e céu e mundo do outro, por-
que admitiam um único mundo). Para Epicuro «o mundo é o conjunto das coisas
abrangidas objectos visíveis. Póde-se
pelo céu, contendo os astros, a terra e todos os
facilmente conceber há uma infinidade de mundos dêste gênero» (carta a Py-
que
thokles, á terra que
Diog. 88 e 89). Epicuro assimila tão
Laerc., X, pouco os astros
chega ser» (id.; cf.
pensar que «a grandeza do sol e dos outros astros é a que parece
a
Cie. De Fin., I, 6). Para á terra, era pre-
procurar, pois, um corpo que se assemelhasse
ciso sair Xenophanes, em
para fóra do limite do céu. (Cf. as opiniões de Anaxágoras e
Pseudo-Plut., II, 13; Plut., Vita Lysandri, X, 11). Para Anaximenes o universo é infinito,
e todavia o nosso mundo é limitado: a última circumferência do céu é duma substân-
cia terrestre (Pseudo-Plut., II, 11) Os mundos de Petron também são, evidentemente,
considerados no mesmo
ponto de vista. Trata-se aí de mundos construídos pela ima-
ginação, para além do mundo rialmente dado nos sentidos.
156 A ÁGUIA
A uma
lua é terra (Heraclito); uma terra rodeada de nuvens (Heraclides e
Ocello); coberta de planícies, de vales, de montanhas (Anaxágoras, Demócrito). [Pseu-
do-Plut., 11, 25; Stobeu, Eclog., I, 26]. O sol é muito maior que o Peloponeso (Ana-
xágoras); iguala a própria terra pelo tamanho (Anaximandro); é duma grandeza
enorme (Demócrito). [Pseudo-Plut., II, 21; Cie., De Fin., I, 6],
Nêste
ponto talvez tivessem tido como precursores a Xenophanes e Melisso.
A eterna repetição no tempo é independente do atomismo, como mostrare-
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2#' g
O a Demo-
termo ressurreição (revivescendis) podia mesmo não pertencer
crito, interpretação de Plínio. E ainda quando tivesse sido
e não passar duma simples
eu
empregado sido apenas como uma simples maneira de dizer:
por D., podia te-lo
voltarei á vida = virá um outro será o mesmo que eu.
que
O íacto de Cícero se não referir ao retornismo temporal de Democrito ex-
Plica-se pelas seguintes considerações: 1.° porque não era êsse aspecto da teoria que
idênticas no
Unha relação com o debate, visto se tratar nêle apenas de duas coisas
espaço; 2.° êsse aspecto não era desconhecido de Cicero, e não podia atri-
porque
bui-lo só a Demócrito, visto conhecia dos estoicos. Essa parte da doutrina
que bem o
dernocrítea era a idéia da repetição espacial é que devia pa-
já banal na antigüidade;
recer a tarde a Fouillée,
Cicero, como a dum francês do século XIX parecerá mais
absolutamente original.
RITOS, COSTUMES E TRADIÇÕES
ii
TOTEMISMO E SACRIFÍCIO
consoante no número de «A
prometêramos passado
Águia».
práticas Totémicas.
sangue), etc.
A ÁGUIA 161
* *
u
162 A ÁGUIA
praticado. Sem duvida não temos a prova que esta pratica seja
que
inerente ao totemismo, nem seja o donde saíram todos os
que germen
outros tipos do sacrificio Mas se a universalidade do rito é hipo-
(').
tetica, a sua existencia não é contestável» (2).
O totem é morto e comido exactamente como a vitima do sa-
crificio. Acrescentemos o intichiuma e outras cerimonias totemi-
que
cas se realisam em local sagrado, identicamente ao sacrificio. Por
exemplo: «no Intichiuma da flor Hakea, entre os Arunta, a cerimo-
nia realisa-se num sitio sagrado, etc., etc.»(8). Contrariamente á opinião
de Hubert e Mauss, não deixar de reconhecer um sacrificio
podemos
atenuado na apresentação do animal morto, da etc.
gordura, (4).
Os actores do drama totémico eram objecto de numerosas e
minuciosas como os do sacrificio. As iniciações, sobre-
purificações,
tudo, ás sociedades secretas curioso—a iniciação a canibal)
(exemplo
estão cheias de factos dessa ordem.
(') Recordemos que, para nós, o totemismo deriva do sacrificio e não o sa-
crificio do totemismo.
LITERATURA
guntou:
— E tu, Augusto, também compreendes?
Bance.
170 A ÁGUIA
não podia pensar a sangue frio nos constantes tormentos lhe fi-
que
zera sofrer aquele moço desdenhoso, elegante, trocista e indolente,
•que
o irmão agora imitar sem todavia lhe chegar aos calca-
procura
nhares. Um dia conseguira ele descobrir o- mais molestava o
que que
pobre prefeito, acima até dos chinfrins e das contendas, era a inso-
i
A ÁGUIA
171
(Trad. de A. àrroyo).
f
EM FRENTE Á MORTE
illfl
É um novo dia igual se levanta
que
—
Anch'io sono ao
poeta!—E parapeito
França. Maio—1917
A VOZ DO AMOR
que seria, não o duvidava, uma cruz de njartirio. Mas Pedro não
3 compreendera, Pedro não notara o seu movimento de fraqueza,
faltara
logo o suborno.
para
174 A ÁGUIA
sentira nos braços a onda voluptuosa do seu, corpo. Nunca mais sor-
veria, num beijo, o mel ardente da sua bôca.
Filha...
pressão...
Mamã, mamã!
-Era o o Ernesto, de
pequerrucho, filho Margarida, o melhor
Digo-to /
pelo caminho ...
Vamos...
Dize... fazes o te ?
que pedi
Sim, o
que quizeres... Mas, onde está?
—Juras?
Juro.
Jura...
Por
tudo... P'la minha felicidade...
A ÁGUIA 177
sabes ? E agora...
CrJiC.
^<4Lm
12
LE NÔMADE
(CHANSON ARABE)
et le désert 1'oasis...
plus grand que
(Vicomtesse de Rouge).
<
INTERPRETAÇÃO
DO SEBASTIANISMO
'
. •'
/ .
da Evolução do Sebastianismo do snr. J. Lúcio de Azevedo).
(A propósito
mar airado
Sube por el
Un crusado prisionero
Encubierto aventurero,
Llegara de dia al prado j
Aun que amafiessa primero.
\
182 A ÁGUIA
gal.
Uma vez espalhada a doutrina, havia de suceder-lhe o que su-
AO PORTO
(')
E entre as mais a
principal,
II
Vão ás distantes
paragens
Ganhar a honra na
guerra,
Ou tu Esposo caro,
pelo
Outras também.
penaram
IV
Da Aventura, eil-a
que passa!
Num desafio ás
procelas!
E se o mundo da Beleza
E do Amor é vir,
para
Não há
gente portuguesa
O de Portugal.
guião
O LIBERTÁRIO
A Filinto de Almeida
Ainda assim; era de louvar o seu fado. Pois, como êle conside-
rava, além do curso dos liceus, não ficava com o lugar de moço de
^guia—65,
66 (2.a série).
'
A ÁGUIA 189
gínqua Sebastianopolis.
poder entrar uma faúltia das suas doutrinas na sua alindada cabeça
e gemente!
Entretanto', o serafim insiste, dias e dias, e diz-lhe ao cabo
que
deseja o encarreire, lá no seu de estudo, em certas lições.
que ?alão
Era abuso ter êste desejo? e se lembrasse de
Que perdoasse que
sacrifício era o como indispensável ao
que proclamavam, predicado
correligionário, os máximos propagandistas...
190 A ÁGUIA
negaça irresistível:
E,por fim, como
— Meu não sei se sabe, tem uma biblioteca. Admi-
pai, grande
ra-se? Pois não tem de Herdou-a de um tio maçon, muito amigo
quê.
dos operários, e morreu em França de um ferimento recebido ao
que
combater Comuna.
pela
«Um que se batera pela Comuna. . . — diz Manuel
português
consigo.—Bravo! Admirável!»
E foi logo ao outro dia. Sempre queria vêr a livraria que pos-
suíra êsse heroico, legendário luso se arremetera, ao lado de
que
Malon, contra o trôço sanguinário de Gallifet.
pobre e feia.
gente
Ao outro dia apressára-se a mandar preguntar a Manuel se
scintilante e contundente.
13
194 A ÁGUIA
risadas
— é melhor dizer foi isto — fêz zangar aquele exce-
que por
lente rapaz, e o achar digno da nossa estima e amizade, o
que, por
vou contigo, o fazer voltar a nossa casa sem o mais
procurar para
leve ressaibo.
Que Laura ?! — estrondeja o varado de assom-
dizes tu, pai,
bro, ela, após estar com o irmão, lhe revela esse intento.
quando
—Con-
Mas, logo, a desmanchar-se com uma tirada de bom humor:
rapaz. *
Contudo, ouvi-la-ia.
A ÁGUIA 195
dade... .
rapariga era denodada! E nestas condiçães, voltaria
Contudo, a
a chegar-se ao íôgo...
o pai:
« ! Isso lá teve importância!...», disse, despren-
Ora, papá
didamente: ...
O Paredes tem toda a razão; eu não merecia tamanha
sr.
honra. .
desde a ida da filha à casa do
Enquanto isso, o sr. Visconde,
Talvez. E importa?...
que
E ardendo nela até ao outro dia, nessa idéia faíscou de um
que
dos seus transportes bizarros e doentios, a Manuel, logo
propôs que
êle entrou dar lição ao Álvaro, a raptasse. Contudo—no-
para que
tasse bem, —
sabia êla^a razão porque lhe fazia aquela desa-
proposta
tinada, repulsiva? Era ela levar a sua àvante, e,
porque queria por
êsse modo, o vêr-se-ia como'que obrigado a consentir no casa-
papá
mento... Simples... eficaz, não era verdade?
para sempre, com uma rajada forte, a flor azul se lhe estilizara
que
no espírito num repente louco. Lá se iam aquela e aquele
pureza
carácter que lhe momentos, haverem cristalizado ern
parecera por
Laura e dado uma Perovskaia lusa. (
'')
A ÁGUIA 197
querida.
A Laura ainda se não levantou, ó Álvaro? E de admirar. Ela,
pombinhos...
Não sabia se se fazia Então, e tinha êle com isso?!
perceber... que
198 A ÁGUIA
porém, não lhe valeu de nada. Porque de repente veio o vento, ela
livro «O Enforcado»).
(Do
^7
J
• • •
/.- •
/' V- r •'
'i ' '
, ''
DO AMÔR E DA GUERRA
Transmudada em alegria.
E a beijar,
para poder
Eu tenho de ajoelhar.
Portugal é pequenino.
É do tamanho da alma
É do tamanho da alma!
É a.alma sente ..
grande que
— Sentir é trazer a vida,
200 A ÁGUIA
E na —
sorrio partida
E valer-lhe á morte.
poder
Alimentar-lhe a raiz.
A palavra Portugal.
ARTE
JOÃO DA SILVA
há duvida.
(INTRODUCÇÃO)
III
da •
artes
paz.
.m-:
' ~~
I. vv
O TRIUNFO DA DIPLOMACIA
De João da Silva.
^Suia —
65, 66 (2.a série).
A ÁGUIA 205
e nos modernos
germen. Como a existência dum sêr vivo não está, que seja
passado
o fetal, necessariamente ligada á existência do seu
período progeni-
tor, assim uma idéia sobreviver á ideia-mãi lhe deu origem,
pôde que
desde nela se realizem condições de adaptação ao ambiente inte-
que
lectual em se Finalmente há considerar as
que produziu. que quais
explicações as diferentes escolas formularam essa
que para justificar
doutrina, assim lhes era imposta, não relações ela apre-
que pelas que
sentava com os seus directores, mas uma tradição com
princípios por
raizes muitas vêzes seculares e satisfação ela vinha dar a
pela que
certas necessidades do Proseguindo o mesmo simile bio-
pensamento.
lógiGo, direi a concepção resiste como a visto o meio
que planta, que
lhe não é desfavorável; mas existir de incorporar os ali-
para precisa
1
TH
208 A ÁGUIA
ções que forçosamente a hão de esgotar. Atingido que seja êsse mo-
14
210 A ÁGUIA
ceternitatis.
Demócr., Frag. Phys. Mullacli, 1 (Sext. Emp., Adv. Math., VII); Anaxag.,
Frag., Diels, e Mulach 17; Erapedocl., Diels, 8, 9, 11, 12 (os frag. cit. no texto são
os 11-12, e que corresponde, nos Emp. Carm. de Mullach, aos vv. 48-104). Para Pia-
tão v. especialmente a alegoria da caverna, no livro VII da República.
212 A ÁGUIA
grande parte por estas considerações, isto sem falar nas idéias que
impunham aos antigos a teoria da cósmica, teoria a
periodicidade
perpétuos \
pios que dêles fizessem ou outros que com êles não esti-
parte por
vessem em flagrante contradição. A Teoria das Idéias se vah
própria
acomodar á doutrina do retorno. Se Platão crê há uma fôrma,
que
uma idéia, um tipo cada espécie, engana-se; Plotino sabe
para que
há uma idéia, um exemplar, um modelo cada indivíduo. Se os
para
indivíduos se repetem é êles são cópia de tais
porque paradigmas
transcendentes, e êsses são necessariamente em número
paradigmas
limitado.
gos àquêles por que surgira entre os Gregos, mas completamente di-
XI
com a agua das ribeiras que se some no mar, foge-nos bem á gan-
daia a faminta, para ir aumentar a riquêsa imensa que êle
gente
anda criando, deixando-nos a nós cada vez mais pobres. Esquecidos
acaso das nossas tradições nobilissimas que, por ora, ainda mantemos
gente a emigrar. j
parte mais vasta e mais bela do novo mundo, onde tam depressa
por
se expandiu a civilisação européa, que mantém um caracter acentua-
plicavel, e entre êles avulta o da recusa aos hugonotes de irem ali esta-
estimulo das suas almas fortes, libertas da mais cruel e da mais hipo-
(Continua)
NOTAS E COMENTÁRIOS
BOCAGE
Lisboa de Dona Maria Primeira, não havia anjos. Bocage foi real-
O TRIUNFO DA DIPLOMACIA
De João da Silva.
^ Águia
— 65,
66 (2.a série).
A ÁGUIA 221
Elmano. Até o seu mais erudito biographo, o' sr. Theophilo Braga,
Eu sou Bocage,
Venho do Nicola;
Se dispara a pistola
bros do
júri, que mimosearam a Junta Patriótica —bem digna de
melhor sorte—com estes
primores?— Dizem-nos que não e que até
Meu amigo
presadíssitno
15
"Renascença,,
Uma entrevista sôbre a
Começa dizer: x
por
«Nos
poucos momentos de descanso demo-nos a reler as ultimas obras publi-
cadas «Renascença»,
pela grupo que se nos afigurou sempre representar uma nova
tendencia literaria, quasi ou mesmo uma escola, que abriu esperahcas e converteu
inclinações. Com o sr. Teixeira de Pascoais á frente, seguido de
perto por Mario Bei-
rào, Augusto Casimiro, Jaime Cortesão e outros —
poetas novos e escritores firmes
entre os quais o sr. Júlio Brandão—a «Renascença» tem editado excelentes livros,
muitos de notável merecimento e erudição, e outros caracterizados essencialmente
pelo novo aspecto literário, que tem sido cognominado de saudosismo e que traduz
de facto uma tendencia espiritual, a que se submeteram varias a «Renas-
penas. Que
cença», só por esta escolastica, reunindo adeptos,
pretensão provocou também um
certo espectativa—que já se desfez —e refloriu duvidas
movimento de
justificadas
quanto ao purismo e a oportunidade do movimento, é facto incontroverso, a que não
desejamos dar extensiva critica ou apreciação, que estaria fora do nosso
plano, se
não estivesse já antes fora dos nossos hábitos!»
, *
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DE 5 ESCUDOS
De João da Silva.
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V.-B
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JOÃO GRAVE.
O
AUGUSTO CASIMIRO
qui arrive, ce qui ne saurait dispenser taurer la paix. Ce n'est, du reste, pas une
pourtant les pouvoirs publics d'organiser raison pour désespérer de son avenir, en
sur des bases modernes 1'instruction des vertu des réactions de sensibilité auxquel-
masses. Une ébauche admirable d'organi- les 1'homme est à son propre eton-
sujet,
sation a cté fournie par 1'initiative privée nement. Ainsi guerre a mis en relief
la
avec iAssociation des Ecoles mobiles, les virtualités insoupçonnces, incluses au
ct chacun sait que l'un des plus grands príncipe des nationalités et, par là même,
lyriques du Portugal, João de Deus, l'au- la force de résistance des petites nations,
teur du Campo de flores, fut le crcatcur dont l'effort des Alliés prétend sauvegar-
de la methode la plus rationnelle de lec- der 1'existencc.
ture qui soit au monde, la Cartilha Ma- Le culte de Camoens fut naguère le
ternal. A ce titre, il doit prendre place à picdestal de l'idée républicaine en Portu-
cote des Frcebel et des Pestalozzi. Conti- gal; sur le culte de João de Deus s'établit
nuateur passionné de son ceuvre, le Dr. lc perfectionncment des masses par l'ins-
João de Deus Ramos, fils poete, s'est
du truetion, et l'on doit regarder comme abso-
voué à la construetion de Jardirts-Ecoles, lument légitimes les efforts d'un peuple
pédagogiquement exemplaires et d'un cn vue de vivre de sa vie
propre.
Le cn
caractère essentiellement portugais. Le xixe siècle portugais fut riche
preinier fut inaugure à Coímbre, il y a gloires jationales, dans lordre littéraire
tout au moins, à
quelques années, et l'on a choisi la date et il a paru opportun
du 11 janvier dernier, vingtunième anni- MM. de Vila-Moura et Antonio Carneiro
Y
A ÁGUIA 231
de mettre sous nos yeux une galerié con- lecteurs la tendance de ceux qui se déro-
temporaine des Grands de Portugal, bent à 1'action. Les pages qu'il consacre
Casti- à M. de Vila-Moura et qui dénoncent lá
parmi lesquels Garrett, Herculano,
Uio, Catnillo Castello Branco, Anthero de parenté de ce haut esprit avec Huysmans,
Quental, João de Deus, Eça de Queiroz, les Goncourt et d'Annunzio, donnent le
Soares dos Reis, Oliveira Martins, Rafael niveau de sa compréhension artistique et
Bordalo Pinheiro, Fialho d'Almeida, An- de son dédain des faciles succès.
tonio Nobre, tous morts déjà, s evertuèrent
en effct à rendre à leur patrie uu rang Les nouveaux qui religieuse-
poètcs
et sur la
supérieur dans lettres et dans l'art. Dans ment penchent sur la terre
se
les aèdes
la même yoie de résurrection nationale vie portugaises, comme firent
contimient de s'eíforcer le maítre roman- antiques, habiles à surprendre Ia naissance
cier Teixeira de Queiroz et Guerra Jun- des dieux, ne nous contrediront pas; j'ai
"FIALHO
M. Simões de Castro affectionne la D'ALMEIDA,
—pelo Visconde de Vila-
des crises sentimentales, qui
peinture
fiévreusement Moura— Edição da Renas-
portent les ames à goüter
le secret douloureux de la vie. C'est un cença Portuguesa. 1917.
"ETNOGRAFIA
ARTIS- dá a estudar com amor tudo o que se
TICA,, — por Virgílio Cor- prenda com Terras de Portugal.
reia. Edição da Renascença Aproveitando o ensejo do primeiro
Portuguesa. 1916. congresso regional português, organizado
para bem do Algarve, o sr. Adelino Men-
É bem consolador notar como os estudos des acompanha de perto os trabalhos e
etnográficos começam a despertar a aten- vai-nos dizendo, numa linguagem colo-
da gente moça. Ainda não há muito, rida e eloqüente, o que é a bela província
ção
quasi só os sábios cheios de pó e vistas
e que é necessário fazer para das suas
o
muito especiais é que se enfronhavam em condições naturais tirar o que melhor
tais assuntos. Virgílio Correia, com a sua possa converte-la em terra civilizada.
talentosa mocidade e com o seu estilo gra- Sobre Setúbal, a mesma tristeza de
cioso e colorido, veiu dar um novo aspecto abandono, o mesmo desleixo' do homem
á etnografia artística, convidando-nos a em desaprõveitar e até estragar o que é
ler e meditar aquilo que nos tinham tor- belo e grande.
nado árido e restrito a poucos. Terão eco estes generosos brades do
A Etnografia Artística contém interes- distinto jornalista? A actual maneira de
santíssimos estudos de etnografia portu- ser portuguesa ainda será sensível a estas
e italiana e é ilustrado com 106 coisas ?
guesa
desenhos e fotografias.
"IN
MEMORIAM — FIA-
poesia doente a sua. Há, no entanto, em vam-lhe uma vida que ele tinha infinito
toda ela assomos de pura emoção, prazer em viver, dentro duma vontade
quasi
recta e dum caracter integro. Porisso
que bem nos podiam dar versos de Espe-
rança e Exaltação vitoriosa. mesmo, talvez, que tão pouco tempo
é
A ÁGUIA 235
"EMQUANTO
A VIDA PASSA,,— tigos espalhados
por jornais c revistas.
Versos de Joaquim Costa. Porto. 1917. Entre outros artigos, vem neste 3.° vo-
—-Dá-nos este livro o aspecto dum varie- "A
lume, theorie exacte e Notation fi-
Raúl Lino, Alberto de^ Sousa, Cristiano N.os 6 a 12, 1916. Na secção pedagógica,
de Carvalho, Santos Silva, etc. entre outros, veem os seguintes artigos:
"Ensino "A
Há também umas despropositadas por- Técnico,, —Bento Carqueja;
nografias do sr. Dantas... Mas é melhor visão das cores,,—Aurélio da Costa Fer-
estudantes do Instituto Superior Técnico, zação do Brasil nos fins do século XIX»
denunciadora da optima orientação Rocha Pombo; J. C. Gomes Ribeiro —
que
nesse estabelecimento de ensino influi «As fronteiras do Brasil».
"CUBA
CONTEMPORÂNEA,,
—Ha- Liga Nacional de Instrução —Lisboa.
dos escritores.
distintos Salientare- nio Feliciano de Castilho.
por
" llustrée—Londres—Feve-
mos últimos fascículos
dos Los Pronun- La Guerre
"La 1917.—E um belo álbum
ciamientos Militares,, e América In- reiro a Abril de
"El representando aspectos
defensa,, de Júlio Villoldo; derecho de fotogravuras
J *
>.' v
LITERATURA
ARTE
(ARTIGOS)
(ILUSTRAÇÕES)
NOTAS E COMENTÁRIOS
Bocage 220
cença» 226
— 109 e 230
BIBLIOGRAFIA
I
ÍNDICE DOS AUTORES
\
T.
BIBLIOTECA
DA
RENASCENÇA PORTUGUESA
: í íüu.
244 A ÁGUIA
"A
ÁGUIA,,
1.» SÉRIE
N.°s 1 a 10—1910/11
2.a EDIÇÃO