Você está na página 1de 1

Lisbela e o Prisioneiro

Osman Lins
Adaptação Anderson Bernardes

CENA 2
PRAZERES: Você tem diploma de salafrário, não é?
LELÉU: Tenho, mas é falsificado.
PRAZERES: Gaiato! Sua garrafada não serviu de nada, viu? Dei o frasco todinho e meu marido continua lá derrubado,
todo mole, acabado.
LELÉU: É que pra marido tem que ser mais concentrado. E o seu remédio eu misturei com água pra ter o gosto de lhe
ver de novo.
PRAZERES: E como é que fica meu prejuízo?
LELÉU: A senhora quer o dinheiro de volta? Ou a satisfação garantida?
PRAZERES: Olhe aqui, eu não lhe dou ousadia! E eu lá lhe conheço?!
LELÉU: Manoel Felício, mais conhecido como Mané Gostoso. E olhe que eu não ganhei esse apelido de graça.
PRAZERES: Por que é que todo propagandista é mentiroso?
LELÉU: É nada.
PRAZERES: É, sim.
LELÉU: Sou não. Eu prometo lhe indenizar pelo tempo desperdiçado, pelo dinheiro gasto e pelas esperanças perdidas.
PRAZERES: Se depender do seu xarope...
LELÉU: Eu lá preciso disso?! O elixir melhor que tem é a senhora... Dona...
PRAZERES: Prazeres.
(Toinha. Marilda. Doralice. Selma. Das Dores. )
PRAZERES: Prazeres.
LELÉU: De novo?
PRAZERES: E então?! Por isso que meu nome é no plural.
LELÉU: E isso lá é nome? lsso é um reclame do seu produto.
PRAZERES: Já vai embora, meu nego?
LELÉU: Viver é que nem andar de bicicleta, dona. Se parar, cai.
PRAZERES: Por que você não me leva contigo?
LELÉU: Eu já te carrego aqui dentro do meu coração!

Você também pode gostar