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“Porque Luís, Maria Antonieta e a Corte não foram razoáveis com os revolucionários

moderados, antes de 10 de agosto? De fato, por quê? A monarquia na frança tinha de ser
arrancada pela raiz. Os que estão no poder jamais cedem e admitem a derrota apenas
para tramar e conspirar para reconquistar seu poder e seus privilégios. Se, na França, a
monarquia fosse branca, os burgueses mestiços e as massas, negras, a Revolução
Francesa teria sido registrada na História como uma guerra de raças. Mas, embora na
França fossem todos brancos, lutaram do mesmo modo. A luta de classes termina ou na
reconstrução da sociedade ou na ruína comum das classes em luta. A Revolução
Francesa assentou as bases da França moderna. O país, como um todo, era forte o
suficiente para aguentar o choque e beneficiar-se dele, mas a sociedade escravocrata de
São Domingos era tão corrupta e podre que não poderia aguentar nenhuma pressão e
pereceu como merecia perecer.” P.128

O autor C.L.R. James aborda a Revolução de São Domingos a partir de uma


perspectiva fortemente influenciada pela ideia de Luta de Classes. Ao longo do texto ele
demonstra esse pensamento em diversos momentos, o trecho escolhido sintetiza boa
parte da sua interpretação, trazendo alguns dos principais pontos expostos pelo autor.

James defende a ideia de que a Revolução deve ser entendida como uma
consequência natural da luta de classes. Como ele demonstra no trecho exposto, a
dominação e uma classe sobre a outra só pode ser vencida através da luta. Os
dominados então se organizam para enfrentar o poder exercido pelos dominadores. No
caso de São Domingos, os negros escravizados se organizaram e deram inicio ao levante
ao qual se juntaram outros grupos dominadas pela elite branca.

Ao longo do texto ele reforça essa visão, trazendo o processo revolucionário


como a luta entre oprimidos x opressores. James chama atenção para as condições de
vida dos escravizados, sendo este tratado como propriedade e sujeito as vontades de
seus senhores, Os castigos, humilhações e torturas que foram amplamente empregadas
durante o período da escravidão e a forma desumana e cruel com que os senhores
brancos tratavam os negros.

Ao falar sobre a violência empregada pelos revolucionários contra os senhores


brancos, o autor interpreta como uma forma de reação natural a violência que os
escravos haviam sofrido ao longo de todo o período da escravidão. Ele ainda chama
atenção para o fato de que mesmo durante o auge das ações violentas no processo
revolucionário, os negros não chegaram a usar da violência e do terror com a mesma
crueldade e desumanidade que os brancos praticavam.

Concluindo, os pontos centrais da argumentação de James estão relacionados ao


elemento da luta de classes como modelo interpretativo do processo de revolução e a
importância que o protagonismo dos negros, sendo esses a classe mais baixo daquela
estrutura social tem para a consolidação de uma Revolução.

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