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JOSÉ ROBERTO V.
COSTA Astronomia no
Zênite
Ao comparar o firmamento com o mar, o Sol (e seus planetas) são apenas um grãozinho
de areia numa imensa ilha que chamamos Via Láctea – a nossa galáxia. A Via Láctea é
uma densa coleção de estrelas agrupadas principalmente ao longo de uma imensa
espiral. Vista da Terra, a galáxia parece um cinturão envolvendo o céu, ou uma espinha
dorsal que sustenta a noite.
Galáxias são como gigantescas ilhas de estrelas. Centenas de bilhões delas, mantidas
juntas graças a força gravitacional entre cada estrela, cada nebulosa de gás e poeira. E
existem bilhões de ilhas de estrelas como a Via Láctea; muitas se aglomerando em
arquipélagos celestiais.
Outra bela galáxia das proximidades é Andrômeda. Via Láctea e Andrômeda são duas
das maiores ilhas de estrelas num grande arquipélago que chamamos Grupo Local, que
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contem de 35 a 50 galáxias – ainda não sabemos o número exato. Galáxias também se
adensam em superaglomerados, verdadeiros continentes de estrelas.
Porém, muito mais que os ¾ de mares que recobrem a Terra, o predomínio do mar
celestial é absoluto. Só que ao contrário dos oceanos de água salgada, cheios de vida, o
espaço em si é um grande vazio, um meio e também um obstáculo para chegarmos onde
realmente interessa – às estrelas e seus mundos.
Gravidade
Os planetas giram ao redor de estrelas, as estrelas se agrupam em galáxias e as galáxias
em aglomerados – tudo por causa da força da gravidade. A gravidade depende da massa
dos corpos que estão interagindo (quanto mais massa, maior a força) e da distância entre
eles (quanto mais longe, menor a força).
Foi Isaac Newton quem descobriu que não é a maça que cai da árvore, é a maça e a
Terra que se atraem. É claro que sendo o planeta muito mais massivo que a fruta, o
deslocamento mais significativo ficará por conta da maça. Mas no caso da Terra e da
Lua o puxão mútuo é considerável.
Para evitar que todo o universo se transforme numa massa compacta – com todos
caindo sobre todos – existe o movimento orbital. Enquanto a Terra se move a 30
quilômetros por segundo em volta do Sol, por exemplo, não há perigo de colisão.
Mas se o movimento de translação diminuir muito, Terra e Lua serão aos poucos
atraídos pelo astro-rei, numa lenta espiral da morte. E se, ao contrário, a velocidade
aumentar, nos afastaremos do Sol até cair nas invisíveis garras gravitacionais de um
planeta mais massivo, ou de outra estrela.
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Classificação de Edwin Hubble dos diversos tipos de galáxias.
Canibalismo
Galáxia é simplesmente o nome grego para Via Láctea. O termo vem de galakt, que
significa leite. Via Láctea é “caminho de leite”. Parece estranho; mas se você tiver a
oportunidade de olhar o céu noturno num local afastado das luzes da cidade, vai ter a
impressão que uma parte do céu realmente contém uma estrada esbranquiçada.
Desde os primeiros estudos, as galáxias vem sendo classificadas de acordo com sua
forma. As mais famosas são as espirais. A Via Láctea é espiral. A princípio foi difícil
percebermos que estávamos dentro de uma galáxia, e mais difícil ainda – mas não
impossível – identificarmos sua forma.
A
A VIA LÁCTEA, HOJE. Como
distância
imaginamos a nossa galáxia.
média
Gravura em alta resolução mostra a
entre as
posição do Sol e sua órbita. Clique
galáxias
na imagem para ampliar.
em um
aglomerado é da ordem de seu próprio diâmetro.
Assim, tão próximas, o movimento orbital não é
suficiente para mantê-las separadas e por isso as
colisões são freqüentes.
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pode se desfazer completamente. E se uma delas for muito maior que a outra, a menor
praticamente desaparece. É o chamado canibalismo galáctico.
Agora mesmo a Via Láctea está canibalizando duas pequenas galáxias próximas,
mostrando como o oceano cósmico também pode ser revolto. Porém, como a nossa
civilização ainda nem saiu da beira da praia, nós nem percebemos direito. Mas navegar
é preciso!
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As colisões de galáxias
JOSÉ ROBERTO V.
COSTA
Astronomia no Zênite
O gás pode ser como uma "mortalha" das estrelas que já morreram ou
como a "placenta" que envolve aquelas que estão por nascer. Sem
mencionar que muitas estrelas devem possuir planetas ao seu redor.
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Como tudo no Universo, as galáxias também se movimentam. Mas é de se esperar que
estruturas tão gigantescas movam-se relativamente devagar. De fato, para dar uma volta
completa em torno de si mesma, nossa galáxia, a Via Láctea, leva 250 milhões de anos,
embora viajando a respeitáveis 250 km/s.
Existem galáxias em forma de espiral, como a nossa, galáxias lenticulares, como a bela
Sombrero, e ainda galáxias elípticas e irregulares. Uma galáxia produz uma imagem
extensa quando fotografada ou observada através de um telescópio. Isso as distingue
muito bem das estrelas, que produzem imagens pontuais.
É que a distância que as separa é muito grande em relação a seus tamanhos, de modo
que uma galáxia inteira pode passar por dentro de outra sem que haja um único choque.
O primeiro caso é o mais violento. Ocorre quando duas galáxias se encontram, mas não
têm velocidade suficiente para continuar em movimento e, ao invés disso, "caem" uma
sobre a outra várias vezes, formando por fim uma única galáxia em lugar de duas.
E se uma delas for muito grande pode restar pouco modificada após a colisão, ao
contrário da outra, praticamente absorvida pela maior. Isto é chamado “canibalismo
galáctico”.
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Recentemente, o telescópio espacial Hubble enxergou
mais de mil "fogos de artifício" acompanhando uma
"Os que descem ao mar em distante colisão de galáxias.
navios, mercando nas
grandes águas, esses vêem Cada um deles era na verdade uma miríade de novas
as grandes obras do estrelas, trazida à vida enquanto nuvens de gás se
Senhor, e suas maravilhas comprimiam violentamente durante o encontro das
no abismo." galáxias Antena (assim chamadas por causa do par de
longos filamentos de estrelas que lembram as antenas de
Salmos, 107 (Cerca de 150 um inseto).
a.C.)
As idades desses aglomerados forneceram uma
estimativa preciosa do tempo decorrido da colisão. Excelente oportunidade para
entender, passo a passo, essa complexa seqüência de eventos.
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Via Láctea versus Andrômeda
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Astronomia no Zênite
A Via Láctea está em rota de colisão com Andrômeda (M31), uma galáxia duas
vezes maior. Elas se aproximam uma da outra a cerca de 480.000 km/h. Mas ainda não
sabemos com certeza se haverá uma colisão frontal ou apenas uma interação.
Uma colisão fundirá ambas numa imensa galáxia elíptica. De qualquer forma, isso
levará não menos que três bilhões de anos para acontecer – tempo que pode coincidir
com a morte do Sol.
Recentemente foram descobertas novas evidências de que Andrômeda não é tão grande
por acaso. Seu tamanho teria sido conquistado às custas da massa de galáxias vizinhas,
de menor porte, ao longo dos últimos bilhões de anos.
Fome de viver
ANDRÔMEDA É VISÍVEL A OLHO NU, longe das luzes da cidade e numa noite sem
luar, como uma pálida mancha de luz nas noites de primavera. Através do estudo de
outras colisões de galáxias e usando simulações em computador, os astrônomos
montaram um cenário, quadro a quadro, do que eventualmente poderá acontecer com a
Via Láctea no caso de uma interação.
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À medida que as duas galáxias se aproximarem uma da outra, Andrômeda irá crescer no
firmamento terrestre, até aparecer como uma enorme espada de
luz.
Mas eles não encontrarão qualquer vestígio de que ali existiram duas majestosas
galáxias espirais onde viveu uma civilização há muito esquecida. Assim mesmo tudo o
que fizemos terá valido a pena, se ao contemplar o céu, pelo breve instante de nossa
existência, tivermos aprendido a lição da humildade.
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Buracos negros
JOSÉ ROBERTO V.
COSTA
Astronomia no Zênite
As estrelas não duram para sempre. Embora não sejam seres vivos, cada uma tem
um ciclo que vai do seu nascimento, envolta numa nuvem de gás como um recém-
nascido ainda molhado pela placenta da mãe; passa pela maturidade, que na Astronomia
recebe o nome de “seqüência principal”, e por fim chega à morte, a extinção de seu
brilho.
Cada estrela tem um ciclo parecido, mas a duração e o modo como morrem pode variar
bastante (assim como os seres vivos!). Diz-se que uma entre cada cem estrelas que
chegam ao seu último momento de existência faz de seu “canto de cisne” um evento
formidável. Elas explodem violentamente difundindo de uma só vez energia equivalente
a um bilhão de sóis e se fazem notar entre as estrelas de toda a galáxia. São as
supernovas.
Outras vezes o núcleo não pára mais de se contrair e nasce um buraco negro. Mesmo
sendo invisível, sua presença é palpável. A matéria adicionada em um disco ao redor de
um buraco negro emite raios X – e foi assim que sua existência foi confirmada. Uma
fonte denominada Cygnus X-1, na constelação de Cisne, foi provavelmente o primeiro
buraco negro descoberto pelos astrônomos, em 1971.
Hoje, há fortes suspeitas que o centro da Via Láctea – a galáxia onde vivemos – abrigue
um super buraco negro, milhões de vezes mais massivo que o Sol. Ou então vários de
menor massa.
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Planetas extra-solares
JOSÉ ROBERTO V.
COSTA
Astronomia no Zênite
O Sistema Solar existe. Isto é um fato. Por causa de sua existência, nada mais
natural que nos perguntemos se há ou não outros planetas girando em torno de estrelas
que não o Sol.
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A idéia de planetas em órbita de outras estrelas
não é nova. Os gregos já haviam cogitado essa
hipótese, mas somente a partir do final do século
20 pudemos averiguá-la com rigor.
Se uma estrela tem apenas um único companheiro, ambos se movem numa órbita quase
circular em torno do centro de massa do sistema. Ainda que um deles seja muito menor
que o outro, as leis da Física garantem que ambos continuam se movendo em volta do
centro de massa, embora este fique bem perto do corpo mais massivo.
Métodos de detecção
EXISTEM DIVERSOS MÉTODOS PARA DESCOBRIR PLANETAS EXTRA-
SOLARES. Métodos diretos ou indiretos. De longe, a maioria dos planetas já
descobertos são frutos das medidas de Velocidade Radial, que consiste em medir as
sutis variações na posição de uma estrela enquanto sofre oscilações provocadas pelo
puxão gravitacional de um ou mais planetas ao seu redor.
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As ondas sonoras são comprimidas na direção
do movimento e relaxadas na direção oposta.
Esse efeito também ocorre com a luz, mesmo
sendo esta uma radiação eletromagnética e não
uma perturbação mecânica.
Outro mundo bizarro é o achado em volta da estrela anã-vermelha Gliese 876. Com sete
vezes a massa terrestre, tudo indica que não possui atmosfera (ou ela é muito fina),
como um Mercúrio gigante.
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Calendário cósmico
JOSÉ ROBERTO V.
COSTA
O Universo é tudo para nós
Imagine que toda a história do Universo pudesse ser comprimida em um único ano.
Tudo. Desde o Big-Bang, o evento que criou a matéria, o espaço e o tempo, até o último
instante, este que você vive enquanto percorre essas palavras.
Foi exatamente isto que o astrônomo Carl Sagan imaginou logo no primeiro capítulo de
seu livro "Os dragões do Éden" (1977). Até hoje esta é uma das formas mais didáticas
de expressar a cronologia do Universo.
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Neste calendário estão assinalados os principais eventos atualmente disponíveis da
história do cosmos, como a época da formação da nossa galáxia, do Sistema Solar, do
surgimento dos primeiros organismos vivos na Terra e o despertar do ser humano.
É claro que existem imperfeições. Pode-se descobrir, por exemplo, que as plantas
colonizaram a Terra antes do que os cientistas calcularam (e portanto num dia diferente
do nosso calendário).
Além disso, devido à extrema compressão do tempo a que nos submetemos nessa
escala, todos os eventos de nossa história escrita ficam comprimidos literalmente nos
últimos instantes do dia 31 de dezembro e é quase impossível registrá-los integralmente.
Mas isso não importa. O Calendário Cósmico nos lembra que além de muito pequenos
perante o Universo, ocupamos também um instante de tempo insignificante em sua
existência. Acima de tudo, que o nosso destino – e o de toda a vida na Terra –
dependerá a partir de agora da sensibilidade humana e de nosso valioso conhecimento
científico.
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Calendário cósmico
Datas mais importantes
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01 Aparecimento do sexo (primeiros microorganismos
sexuados)
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Primeiras plantas fotossintéticas
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Primeiras células com núcleo (eucariotas)
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Medindo a Terra e a Lua
Como medir distâncias no espaço
JOSÉ ROBERTO V.
COSTA
O Universo é tudo para nós
Astronomia no Zênite vai lhe mostrar agora que estas medidas foram feitas pela
primeira vez, e muito antes da conquista espacial. Também vamos compreender que
além de confiáveis, essas medidas são fruto de contas maravilhosamente simples e
elegantes. Senão vejamos...
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Como medir distâncias no espaço
JOSÉ ROBERTO V.
COSTA
O Universo é tudo para nós
Cultura inútil, diriam alguns. Não para um homem observador como Eratóstenes. Ele
percebeu que o mesmo fenômeno não ocorria no mesmo dia e horário em Alexandria e
pensou:
Se o mundo é plano como uma mesa, então as sombras das varetas têm
de ser iguais. Se isto não acontece é porque a Terra deve ser curva!
Mais do que isso. Quanto mais curva fosse a superfície da Terra, maior seria a diferença
no comprimento das sombras. O Sol deveria estar tão longe que seus raios de luz
chegam à Terra paralelos.
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Eratóstenes mediu A=7° (aproximadamente). Se as varetas estão na vertical, dá para
imaginar que se fossem longas o bastante iriam se encontrar no centro da Terra. Preste
atenção na figura acima. O ângulo B terá o mesmo valor que A, pois o desenho de
Eratóstenes se reduz a uma geometria muito simples: se duas retas paralelas
interceptam uma reta transversal, então os ângulos correspondentes são iguais.
Repare que o conhecimento utilizado por Eratóstenes (retas paralelas cortadas por uma
transversal) é formalmente adquirido hoje nas aulas de geometria do ensino
fundamental.
Fica a sugestão para a realização dessa experiência fantástica entre escolas de lugares
distantes. Com as facilidades de comunicação de hoje fica ainda mais fácil sentir o
prazer de usar um raciocínio tão simples e elegante para obter uma medida tão preciosa
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Como medir distâncias no espaço
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O Universo é tudo para nós
Hiparco foi um dos maiores astrônomos gregos e entre suas muitas contribuições estão
os fundamentos da trigonometria. Aliás, sua construção geométrica baseia-se justamente
na medida de ângulos.
Podemos notar que a duração de um eclipse lunar é equivalente a duas vezes o ângulo d.
Vamos escrever nossa primeira equação: 2 × d = T1. O período orbital da Lua, ou
seja, o tempo que ela gasta para completar uma volta (360°) em torno da Terra já era
conhecido.
Vamos representá-lo como T2 e escrever a segunda equação: 360 = T2. Como podemos
medir o tempo T1, a única variável é d, obtida com as duas equações numa regra de três
simples e direta.
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A engenhosa geometria que Hiparco utilizou para medir a distância
Terra-Lua é trivial para qualquer bom aluno do Ensino Médio.
Mas o que Hiparco queria mesmo era X, você concorda? Note que o seno de b será R ÷
X. Se ele calculasse b obteria o seu seno, consultando as velhas tábuas trigonométricas.
Sobraria R, o raio da Terra. Hiparco também poderia expressar o resultado como uma
função de R, isto é, quantos raios da Terra existem até a Lua – o que já seria um
excelente resultado.
O resultado de Hiparco foi um valor de X entre 62 e 74 vezes R. O valor real fica entre
57 e 64, mas seu erro é justificável face à precisão requerida nas medidas angulares.
Acima de tudo, que método elegante, que conclusão arrebatadora!
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Como medir distâncias no espaço
JOSÉ ROBERTO V.
COSTA
O Universo é tudo para nós
O método da paralaxe
EXISTEM DIVERSAS MANEIRAS DE SE OBTER UMA MESMA MEDIDA. No
caso da distância da Terra à Lua, por exemplo, podemos usar o método da paralaxe. O
termo paralaxe designa um ângulo entre dois segmentos de reta que partem de um
determinado astro e se dirigem um para o centro da Terra e o outro para o observador.
Recordando que o seno de um ângulo é igual ao cateto oposto a esse ângulo, dividido
pela hipotenusa do triângulo retângulo, é fácil ver que o seno de p (um valor conhecido)
será igual ao raio da Terra (também conhecido) dividido pela distância do centro da
Terra até a Lua (a incógnita). Basta rearranjar a equação e subtrair o raio terrestre do
resultado para obtermos a distância (aproximada) até a Lua.
Este problema não é original. Ele foi solucionado no século XVIII pela dupla Lalande
(em Berlim) e Lacaille (no Cabo da Boa Esperança), mas permite algumas variações
bastante criativas. Pense um pouco.
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Como medir distâncias no espaço
JOSÉ ROBERTO V.
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O Universo é tudo para nós
Repare como é simples. Aristarco sabia que quando a Lua exibia um quarto iluminada
(crescente ou minguante) era possível desenhar o triângulo retângulo da figura abaixo.
É claro que tamanha simplificação traz limitações ao resultado. Porém, o maior desafio
aqui é saber o instante exato da Lua em quarto crescente ou minguante, para que o
ângulo A reflita um resultado pelo menos aproximado.
Além disso, como precisamos de valores trigonométricos, boas tábuas tinham de ter
sido elaboradas antes. Vale lembrar que, naquela época, a constante pi (3,14159...) era
calculada como 22 ÷ 7.
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está, necessariamente, afastado de nós 57 vezes o seu tamanho. Como sabemos disso? É
fácil. Basta recordar o conceito de tangente e verificar que a tangente de 1° (um grau)
vale aproximadamente 0,01745.
Acontece que vemos a Lua Cheia sob um ângulo médio de 31 minutos de arco, o que
nos diz que ela esta distante de nós cerca de 115 vezes o seu diâmetro. Se você já
conhece a distância da Terra à Lua, agora também já pode saber o seu diâmetro. Daí
também não será difícil calcular o volume, a área da superfície...
Conclusões
PODEMOS LAMENTAR QUE AS AULAS de geometria da maioria de nós nunca
tenham ido tão longe. Podemos imaginar o estado de êxtase ao qual Eratóstenes,
Hiparco, Aristarco e tantos outros se depararam ao vislumbrar métodos tão simples,
descobertas tão soberbas.
Não tem a menor importância se os resultados divergiram dos que hoje obtemos quando
disparamos um raio laser contra a Lua, e o fazemos refletir de volta, com intuitos
semelhantes. Não importa que agora já dispomos de algoritmos que permitem medidas
muito mais ousadas. O importante é ressaltar o quanto a imaginação vale mais que o
conhecimento.
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Hora universal
No início, até mesmo os relógios mecânicos eram acertados pelo tempo fornecido
pelos relógios de Sol. A hora comum, no entanto, aquela usada em nosso cotindiano,
não se baseia inteiramente no Sol. A velocidade da Terra em seu movimento de
translação não é constante, e por isso a duração dos dias solares é desigual.
Foi preciso imaginar um “Sol fictício”, que produzia dias iguais durante todo o ano.
Esse corpo, também chamado Sol médio, percorre sobre o equador celeste espaços
iguais em tempos iguais. Apenas por praticidade, começamos a contar o dia solar médio
quando o Sol médio atinge a chamada culminação inferior. Em outras palavras, quando
é meia-noite.
Antes os viajantes nem se davam conta que ao chegar a um destino longínquo a hora do
lugar era diferente. A precisão dos horários de partida e chegada se confundia com as
irregularidades dos mecanismos dos relógios da época, mais a lentidão dos meios de
transporte movidos a tração animal.
Porém, cada país tinha a sua – e isso não ajudava muito. Era
preciso uma padronização. E foi a Inglaterra o primeiro país a
adotá-la (embora Estados Unidos e Canadá disputem até hoje essa
primazia). Não foi nada fácil. Política, religião e orgulho nacional puseram de lado
argumentos científicos, numa disputa que envolveu até mesmo o Brasil.
Meridiano zero
A HORA MÉDIA DE GREENWICH (Greenwich Mean Time ou GMT) foi utilizado
como padrão mundial de tempo até 1986, quando surgiu o Tempo Universal
Coordenado (Coordinated Universal Time ou UTC), que é baseado em padrões
atômicos em vez da rotação da Terra.
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Internacional de Pesos e Medidas. Mas zero hora UTC ainda corresponde,
aproximadamente, à meia-noite no meridiano de Greenwich, Inglaterra.
24 fusos
OS FUSOS HORÁRIOS SÃO AS FAIXAS DE 15° DE LARGURA correspondentes a
um intervalo de tempo de uma hora que partem do meridiano que passa por Greenwich.
Os fusos orientais são precedidos do sinal + para indicar que as horas se adiantam para
Leste, ocorrendo o oposto para os fusos ocidentais (a Oeste de Greenwich).
Uma lei sancionada em 2008 alterou o número de fusos horários brasileiros de quatro
para três. Com a mudança, todo o estado do Pará ficou com a mesma hora do Distrito
Federal, assim como todos os municípios do Amazonas e do Acre passaram a ficar
somente uma hora atrás do fuso de Brasília. Os fusos brasileiros agora são UTC – 2
(ilhas oceânicas), UTC – 3 (Brasília) e UTC – 4.
Durante o horário de verão adiciona-se uma hora, de modo que cada localidade passa a
ter uma nova correção em relação ao UTC, conforme a tabela abaixo. Em Portugal, a
hora certa é sempre igual ao próprio UTC, exceto nos períodos em que o horário de
verão está em vigor.
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O horário de verão
JOSÉ ROBERTO V.
COSTA
O Universo é tudo para nós
A adoção do horário de verão brasileiro Quando é o próximo?
costuma levantar as mesmas questões todos os
anos. A economia de energia realmente justifica os O horário de verão 2008/2009 no
transtornos causados à população? Afinal, por que Brasil começou à zero hora de 19
são adotados? E quem foi o autor dessa idéia? de outubro de 2008 (domingo) e
terminou às 24h de 14 de fevereiro
Histórico de 2009 (sábado). Durante esse
ESTABELECIDOS NO BRASIL POR DECRETO período os relógios foram
desde 1931 (por Getúlio Vargas), ainda que de adiantados em uma hora nas
forma descontínua, suas origens na verdade regiões Sul, Sudeste e no estado de
remontam à Inglaterra do ano de 1907. Goiás.
As polêmicas surgiram ali mesmo. Especialmente entre os fazendeiros, que têm que
acordar com o Sol não importa que horas marquem os relógios. Willett não viveu o
suficiente para ver sua idéia colocada em prática. O primeiro pais a adotar o horário de
verão acabou sendo a Alemanha, em 1916, seguido pela Inglaterra.
Como funciona
O PRINCÍPIO DO HORÁRIO DE VERÃO continua o mesmo: adaptar nossas
atividades diárias à luz do Sol. Nos meses de verão o Sol nasce antes que boa parte da
população tenha iniciado seu ciclo de trabalho. Assim, se os relógios forem adiantados
30
durante esse período, a luz do dia será melhor aproveitada e as pessoas passarão a
consumir energia em melhor acordo com a luz solar.
Boa parte das porções continentais do planeta está no hemisfério norte. Ali o inverno
costuma ser rigoroso e o Sol se põe bem cedo, levantando-se timidamente durante o dia.
No verão ocorre o contrário: é comum ainda haver claridade por volta das 20 ou até 22
horas. É por isso que nesses lugares o horário de verão faz muita diferença.
E o Brasil?
O Brasil é o ÚNICO PAÍS EQUATORIAL
NOS PAÍSES EQUATORIAIS
que adota o horário de verão
(cortados pela linha do equador) e nos
tropicais (situados entre o Trópico de Câncer e o Trópico de Capricórnio), a incidência
da luz solar é mais uniforme durante todo o ano e dessa forma não há muita vantagem
na adoção do horário de verão.
No caso do Brasil – atualmente o único país equatorial do mundo que adota o horário de
verão – a economia de energia elétrica não é considerada o fator predominante. Segundo
o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a motivação de se estabelecer esse
dispositivo no Brasil é pela segurança do sistema.
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coincidir com a chegada das pessoas em casa após o trabalho. Por causa de fatores como
este o aumento da demanda se dá de forma mais gradual, o que melhora a segurança do
sistema, segundo o ONS.
Economia só no Sul
Verifica-se uma economia de energia nos Estados da região Sul (até 5% de redução da
demanda integrada durante o consumo de pico), porque essas localidades estão
inteiramente ao sul do Trópico de Capricórnio.
Enquanto está em vigor (nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil) o único
impacto no Norte e Nordeste do país é na programação das emissoras de televisão, que
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seguem o horário em vigor no Rio de Janeiro e São Paulo.
Isso sem mencionar o fato de que, como as estações são opostas em cada hemisfério da
Terra, nos quase 10% de terras brasileiras ao norte do equador, em vez de verão,
rigorosamente falando, temos inverno (embora as temperaturas nesses locais
permaneçam altas entre dezembro e março).
Dia de 25 horas
SEMPRE QUE COMEÇA UM HORÁRIO
DE VERÃO, isto é, quando se subtrai uma
hora do dia, adiantando os relógios em uma
hora, causamos um desconforto físico (por
afetar o relógio biológico) e psicológico (por
causar a sensação de perda de tempo).
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Unidades astronômicas
JOSÉ ROBERTO V.
COSTA
Astronomia no Zênite
O Universo é enorme. Não foi à toa que a expressão "astronômico" entrou para o
nosso cotidiano como sinônimo de números grandes, muito grandes. E não é mesmo
fácil assimilar as distâncias envolvidas em boa parte dos textos sobre Astronomia.
A nave espacial mais rápida – e que até hoje foi mais longe – é a Voyager 1. Ela partiu
em 1977 com destino a Júpiter e Saturno. Hoje ela está a mais de 12 bilhões de
quilômetros da Terra e continua se afastando a 17.000 quilômetros por hora.
Mesmo assim, levará 76.000 anos para que a Voyager 1 percorra a distância que se
encontra a estrela mais próxima do Sol, chamada Proxima Centauri, situada a 4,3 anos-
luz (o equivalente a 271.931 U.A). E agora que estamos falando de estrelas, a Unidade
Astronômica (U.A.) também deixa de ser prática. Precisamos de uma medida maior. É a
vez do ano-luz.
O ano-luz (abreviatura: al) é a unidade de distância (não de tempo!) mais usada pelos
astrônomos. Ela equivale ao percurso de um raio de luz que viaja pelo espaço durante
um ano. Sabemos que a velocidade da luz é de 300.000 quilômetros por segundo. Para
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saber quantos quilômetros há num ano-luz temos que multiplicar esse valor pelo
número de segundos que tem um ano.
Repare no que isso significa. Se o Sol se apagar nesse instante, ainda teremos oito
minutos de luz até que tomemos conhecimento da terrível notícia. Da mesma forma, se
você partir agora numa nave espacial rumo a Plutão, vai demorar cerca de cinco horas,
viajando à velocidade da luz, para chegar ao seu destino.
Mas se o seu objetivo for alcançar Proxima Centauri a viagem demorará mais de quatro
anos. Se decidir atravessar a Via Láctea, nossa galáxia, de ponta a ponta, nem todos os
seus descendentes juntos adiantarão muita coisa: será preciso esperar 100 mil anos para
cumprir o trajeto. E a Via Láctea é apenas uma entre bilhões de outras galáxias. O
Universo é mesmo de tirar o fôlego.
Além do ano-luz
PODEMOS IR AINDA MAIS LONGE nas unidades
usadas pela Astronomia. Imagine que você afinal
conseguiu viajar pelo espaço e está tão longe de casa que
mal consegue ver o Sol. Na verdade você veria um
objeto gigantesco, com 1 U.A. de diâmetro, sob um
ângulo de visada de apenas um segundo de arco. A que
distância você está?
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expressarem seus números gigantes. Algumas galáxias que vemos em belas fotografias
do telescópio espacial estão a vários Mpc de distância.
Máquina do tempo
NO ENTANTO, TALVEZ A INFORMAÇÃO MAIS EXTRAORDINÁRIA que
aprendemos com as unidades de distância astronômicas seja o fato de que olhar para o
céu é como fazer uma viagem no tempo.
Se eu vejo uma estrela que está a precisamente mil anos-luz de distância, significa que a
luz partiu desse astro há exatos mil anos. A estrela pode até não existir mais – mas eu a
vejo agora como ela era no passado.
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As 88 maravilhas do céu
JOSÉ ROBERTO V.
COSTA
O Universo é tudo para nós
Longe de ser uma concepção tola, ela advém da observação visual – mas felizmente não
dispomos apenas dos olhos para investigar a natureza.
Outra ação involuntária do ser humano é associar os grupos de estrelas mais brilhantes a
figuras conhecidas, como num jogo de juntar os pontos. Esses desenhos imaginários são
as constelações. Constelação, do latim constellatio, significa reunião de estrelas, um
agrupamento arbitrário de estrelas que representa a silhueta de entes mitológicos,
animais ou objetos.
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A constelação da Baleia é uma das mais fáceis de
reconhecer no firmamento.
Hoje, imersos nas luzes artificiais das cidades e longe do poder criativo dos povos
antigos, é difícil imaginar que Orion, por exemplo, seja a figura de um caçador. É
sempre mais fácil associar figuras mais familiares, é o caso do Sagitário, que lembra
mais um bule que um ser metade homem, metade cavalo.
O conceito moderno
PARA MINIMIZAR OS INEVITÁVEIS REARRANJOS ESTELARES e facilitar o
estudo do céu, os astrônomos concordaram em fixar o número das constelações em 88,
porém modificando o seu conceito.
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As constelações
Lista completa
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Nome em Estrela mais
Nome latino Abrev Área Região
português brilhante
Corona Borealis Coroa Boreal CrB Alphecca, Gemma 179 Boreal
Corvus Corvo Crv Alchiba 184 Equatorial
Crux Cruzeiro do Sul Cru Acrux 68 Austral
Delphinus Delfim Del Sualocin 189 Equatorial
Dorado Dourado Dor Alpha Doradus 179 Austral
Circumpolar
Draco Dragão Dra Thuban 1083
Norte
Eridanus Eridano Eri Achernar 1138 Equatorial
Scorpius Escorpião Sco Antares 897 Zodiacal
Escudo (de
Scutum Sct Alpha Scuti 109 Equatorial
Sobieske)
Sculptor Escultor Scl Alpha Sculptoris 475 Austral
Esquadro (ou
Norma Nor Gamma2 Normae 165 Austral
Régua)
Phoenix Fênix Phe Ankaa 469 Austral
Sagitta Flecha Sge Alpha Sagittae 80 Equatorial
Fornax Forno (Químico) For Alpha Fornacis 398 Austral
Gemini Gêmeos Gem Castor 514 Zodiacal
Alpha Circumpolar
Camelopardus Girafa Cam 757
Camelopardus Norte
Grus Grou Gru Al Nair 366 Austral
Hercules Hércules Her Rasalgethi 1225 Boreal
Hydra Hidra Hya Alphard 1303 Equatorial
Circumpolar
Hydrus Hidra Macho Hyi Alpha Hydri 243
Sul
Indus Índio Ind Alpha Indi 294 Austral
Lacerta Lagarto Lac Alpha Lacertae 201 Boreal
Leo Leão Leo Regulus 947 Zodiacal
Leo Minor Leão Menor Lmi 46 Lmi 232 Boreal
Lepus Lebre Lep Arneb 290 Equatorial
Lynx Lince Lyn Alpha Lyncis 545 Boreal
Lyra Lira Lyr Vega 286 Boreal
Lupus Lobo Lup Alpha Lupi 334 Austral
Máquina
Antlia Ant Alpha Antiliae 239 Austral
Pneumática
Circumpolar
Mensa Mesa (Monte) Men Alpha Mensae 153
Sul
Microscopium Microscópio Mic Alpha Microscopii 210 Austral
Musca Mosca Mus Alpha Muscae 138 Austral
Octans Oitante Oct nu Octantis 291 Circumpolar
40
Nome em Estrela mais
Nome latino Abrev Área Região
português brilhante
Sul
Orion Órion Ori Betelgeuse 594 Equatorial
Pavo Pavão Pav Peacock 378 Austral
Piscis Austrinus Peixe Austral PsA Fomalhaut 245 Austral
Volans Peixe Voador Vol Alpha Volantis 141 Austral
Pisces Peixes Psc Alrescha 889 Zodiacal
Perseus Perseu Per Mirfak 615 Boreal
Pegasus Pégaso Peg Markab 1121 Equatorial
Pictor Pintor Pic Alpha Pictoris 247 Austral
Columba Pomba (de Noé) Col Phaet 270 Austral
Popa (do navio
Puppis Pup Naos 673 Austral
Argus)
Vulpecula Raposa Vul Alpha Vulpeculae 268 Equatorial
Horologium Relógio Hor Alpha Horologii 249 Austral
Reticulum Retículo Ret Alpha Reticuli 114 Austral
Sagittarius Sagitário Sgr Rukbat 867 Zodiacal
Serpentário
Ophiuchus Oph Ras Alhague 948 Equatorial
(Ofiúco)
Serpente (Cabeça
Serpens Ser |Unukalhai 636 Equatorial
e Cauda)
Sextans Sextante Sex Alpha Sextantis 314 Equatorial
Crater Taça Crt Alkes 282 Equatorial
Telescopium Telescópio Tel Alpha Telescopii 252 Austral
Taurus Touro Tau Aldebaran 797 Zodiacal
Triangulum Triângulo Tri Rasalmothallah 132 Boreal
Triangulum
Triângulo Austral TrA Atria 110 Austral
Australe
Tucana Tucano Tuc Alpha Tucanae 295 Austral
Monoceros Unicórnio Mon Alpha Monocerotis 482 Equatorial
Ursa Maior Ursa Maior Uma Dubhe 1280 Boreal
Circumpolar
Ursa Minor Ursa Menor Umi Polaris 256
Norte
Vela Vela Vel Suhail al Muhlif 500 Austral
Virgo Virgem Vir Spica 1294 Zodiacal
TOTAL 88 constelações
41
O círculo dos animais
JOSÉ ROBERTO V.
COSTA
O Universo é tudo para nós
Zodíaco
A PALAVRA ZODÍACO VEM DO GREGO zodion, animal, e kyklos, círculo. Nos
primeiros zodíacos havia apenas dez constelações: Touro, Gêmeos, Leão, Virgem,
Escorpião, Sagitário, Capricórnio, Aquário, Peixes e Áries. Depois foram introduzidos
Câncer e Balança, fazendo o zodíaco ter um número de partes igual ao numero de meses
do ano.
42
Foi assim que surgiu a idolatria dos astros. A Para onde foi a era de Aquário?
Lua, dona da noite, o Sol, senhor do dia, e até
algumas estrelas que teimavam em surgir no
céu no tempo das secas ou enchentes
passaram a ser apontadas como causadores
destas.
Originalmente, um signo é a constelação ocupada pelo Sol numa certa época do ano. Se
você nasceu quando o Sol estava em Câncer, o signo correspondente é Câncer. Mas o
céu astrológico não corresponde ao céu real. Cada signo ocupa exatos 30 graus ao longo
da eclíptica (pois 30 vezes 12 é 360, uma volta completa).
Porém, as constelações não têm o mesmo tamanho. Por isso os períodos em que o Sol
permanece em cada uma não são iguais. Pelo contrário, variam bastante conforme
mostra o quadro abaixo. O céu astrológico também ignora a precessão dos equinócios –
veja o quadro Para onde foi a Era de Aquário?
43
Constelação Entrada Saída Total de dias
Sagitário 18 de dezembro 18 de janeiro 32
1 Capricórnio 19 de janeiro 15 de fevereiro 28
2
Aquário 16 de fevereiro 11 de março 24
3
4 Peixes 12 de março 18 de abril 38
5 Áries 19 de abril 13 de maio 25
6 Touro 14 de maio 19 de junho 37
7 Gêmeos 20 de junho 20 de julho 31
8 Câncer 21 de julho 9 de agosto 20
9
Leão 10 de agosto 15 de setembro 37
10
11 Virgem 16 de setembro 30 de outubro 45
12 Libra 31 de outubro 22 de novembro 23
13 Escorpião 23 de novembro 29 de novembro 7
Ofiúco 30 de novembro 17 de dezembro 18
Atenção: as datas podem variar ligeiramente de um ano para outro.
O zodíaco é uma faixa centrada na eclíptica onde a maior parte dos planetas do Sistema
Solar podem ser observados ao longo de um ano. Todo o céu está dividido em 88
constelações. E dentro da faixa zodiacal podemos ver não doze ou treze, mas nada
menos que vinte e quatro constelações diferentes.
44
História das constelações ocidentais
1ª parte
JOSÉ ROBERTO V.
COSTA
O Universo é tudo para nós
No caso do brilho das estrelas, isto significa que para se ter a mesma sensação
provocada pelo brilho de uma estrela de primeira grandeza seriam necessárias 2,5
estrelas de segunda grandeza ou 2,5 × 2,5 = 2,5² estrelas de terceira grandeza ou ainda
2,5³ estrelas de quarta e assim por diante. Esta é a semente do conceito moderno de
magnitude.
45
A época das Grandes Navegações deu início a um conhecimento mais amplo das partes
do céu ao Sul, onde viviam os povos que criaram as constelações mais antigas.
Bayer ainda estabeleceu que as estrelas de cada constelação seriam designadas por letras
do alfabeto grego: Alfa ( ) para a mais brilhante, Beta ( ) para a segunda mais
brilhante e assim por diante. Nem sempre esse conceito se aplica.
Em 1697 o arquiteto do rei Luís XV, Augustin Royer, desmembrou a Crux Australis da
constelação do Centauro e a partir daí surgiu nas cartas celestes, oficialmente, a
constelação do Cruzeiro do Sul. Bartschius, em 1624, nomeou a constelação da Pomba.
46
As constelações modernas
Quem mais influiu na criação de novas constelações foi, sem dúvida, o abade francês
Nicolas-Louis Lacaille (1713-1762).
Em 1751 ele viajou até o Cabo da Boa Esperança, no sul da África, onde permaneceu
por alguns anos para estudar o firmamento austral.
Lacaille também dividiu Argos, o navio, em quatro constelações menores, pois seu
tamanho a tornava pouco útil como referência.
* excluindo Bússola
47
História das constelações ocidentais
Final
JOSÉ ROBERTO V.
COSTA
O Universo é tudo para nós
Outro asterismo muito significativo fica na constelação da Ursa Maior. The Big dipper
(a Grande Concha), era conhecida como La Casserole (a caçarola) pelos franceses, mas
na Inglaterra Medieval era um arado de madeira e para os habitantes do Norte da
Europa, uma carruagem medieval (veja a figura ao lado).
Felizmente não deu certo. Mais tarde, outro conterrâneo de Halley, William Herschel,
tentou fazer o mesmo ao descobrir o sétimo planeta. Para Herschel, Urano também
deveria se chamar Jorge.
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Constelações do futuro
AS CONSTELAÇÕES SÃO MERAMENTE UM
EFEITO ILUSÓRIO. Na verdade as estrelas estão a
diferentes distâncias e teriam sua "forma"
completamente modificada se vistas por um observador
longe da Terra.
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