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COSTA
Astronomia no Zênite
Cada um de nós é tripulante de uma grande espaçonave que todos os anos percorre
mais de novecentos e vinte milhões de quilômetros pelo espaço. Estamos falando, é claro,
da Espaçonave Terra, que se move em torno do Sol enquanto este nos leva, junto com
todos os demais integrantes da grande família solar, num longo passeio pela galáxia.
Como todos os corpos celestes estão se movendo, inclusive o Sol, não estamos
simplesmente dando voltas num mesmo lugar. O caminho que percorremos todos os anos,
que chamamos de órbita, nos leva – a rigor – a um pedacinho diferente do espaço sideral a
cada ano. Mas afinal o que ocorre em cada uma dessas jornadas anuais? Quais os pontos
que poderíamos destacar e o que eles significam? É o que vamos ver agora...
Diário de bordo
Nossa Espaçonave Terra se desloca pelo espaço ao longo de uma elipse com
excentricidade muito pequena (0,0167 ou quase uma circunferência), estando o Sol num
dos focos dessa elipse. Ela faz isso há bilhões de anos, mas geralmente só a
acompanhamos por um século ou menos. Somos seus tripulantes, não seus donos.
Hoje é o 91º dia de nossa mais recente jornada: o ano de 2009. Vamos olhar o painel de
controle da Espaçonave Terra e checar as últimas informações de nossa viagem.
Galáxia
Aglomerado de bilhões de estrelas e outros objetos (planetas, nebulosas, aglomerados,
etc), unidos por forças gravitacionais e girando em torno de um centro de massa comum.
Existem quatro tipos principais de galáxias: Elípticas, Lenticulares, Espirais e Irregulares.
Órbita
A trajetória curva (elíptica) de um corpo no espaço, influenciada pela atração gravitacional
de outro corpo de maior massa.
Elipse
Do grego elleipsis, defeito. Conjunto dos pontos no plano com a propriedade que a soma
das distancias a dois pontos fixos nesse plano tem soma igual a uma constante. O
designativo alude a aparente imperfeição da curva, pois, na Antigüidade, somente o
círculo era considerado perfeito. A elipse porém, é mais comum na natureza que o círculo.
Veja Kepler.
As elipses
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Definição
Lugar geométrico dos pontos de um plano, cujas distâncias a dois pontos fixos nesse plano
têm soma constante.
Fórmula
Elementos
a: semi-eixo maior
b: semi-eixo menor
f1 e f2: focos da elipse
2 × c = distância entre os focos
Excentricidade
e=c÷a
Área
A= ×a×b
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Estações do ano
JOSÉ ROBERTO V. COSTA
Astronomia no Zênite
É por causa dessa inclinação que, durante um ano, uma dada região da Terra não recebe a
mesma quantidade de irradiação solar. Isso interfere sensivelmente no clima do planeta e
dá origem as estações.
Outono: 20/Mar às 08h44min (92,75 dias) Inverno: 21/Jun às 02h45min (93,65 dias)
Primavera: 22/Set às 18h18min (89,85 dias) Verão: 21/Dez às 14h47min (88,99 dias)
Dados referentes ao fuso de Brasília (UTC - 3). Acrescente 1 hora durante o horário de verão.
Em Portugal acrescente 3 horas e inverta o nome das estações (outono por primavera, verão por
inverno, etc).
O início de cada estação é definido por dois fenômenos astronômicos: o solstício (para o
verão e o inverno) e o equinócio (para a primavera e o outono). Solstício vem do latim
solstitium, e significa parada do Sol. Equinócio vem das palavras latinas aequus, igual, e
nox, noite, ou seja, duração do dia igual a noite.
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Para entender como acontecem as estações imagine que você está no campo, longe da
cidade, e todos os dias você observa o Sol se pôr no horizonte. A primeira coisa que
percebe é que o Sol não está se pondo exatamente no Oeste, mas um pouco ao lado.
A cada dia você constata que o pôr-do-sol se dá num local diferente e decide fazer uma
marcação na cerca da propriedade. Você não muda o seu ponto de observação, apenas faz
marcas que coincidam com o local em que ocorre o pôr-do-sol.
No dia em que começou o verão o Sol estava mais ao Sul, e este foi também o dia mais
longo do ano. Quando o inverno começou o Sol estava mais para o Norte e a noite foi a
mais longa de todo o ano.
São os solstícios, quando o Sol parece ter parado no horizonte. Se a experiência tivesse
sido feita no hemisfério Norte, a única diferença é que com o Sol mais ao Sul seria o
solstício do inverno, e não do verão. A mesma inversão ocorreria entre primavera e outono.
Disponível em www.zenite.nu?estacoesdoano
Acesso em 1/abr/2009
Publicação e créditos:
Costa, J. R. V. Espaçonave Terra - Equinócio. Tribuna de Santos, Santos, 17 mar. 2003. Caderno de
Ciência e Meio Ambiente, p. D-3.
Astronomia no Zênite ©1999-2009. Todos os Direitos Reservados.
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Solstício
Instante no qual o Sol está mais afastado do equador. Corresponde ao início do verão
num hemisfério e inverno no outro, o que na Terra ocorre em meados de junho e
dezembro.
Equinócio
Do latim aequs, igual, e nox, noite. Duração do dia igual a da noite. Representa os
instantes em que o Sol, em seu movimento anual, atravessa o equador celeste. São
também os pontos de interseção do equador celeste com a eclíptica (equinócio da
primavera e equinócio de outono).
Hemisfério
Nome dado a uma metade da superfície da Terra ou de outro mundo, limitado por um
círculo máximo, um meridiano ou a linha do Equador.
Declinação solar
O ângulo entre a linha que liga o centro do sol ao centro da terra e o plano do equador
terrestre. Durante o ano a declinação solar oscila de +23°27' (Trópico de Câncer) em
junho até -23°27' (Trópico de Capricórnio) em dezembro. Assim, a posição do Sol num
mesmo horário (meio dia, por exemplo) muda gradualmente a cada dia do ano.
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Fases da Lua
JOSÉ ROBERTO V. COSTA
Astronomia no Zênite
Em cada dia da lunação enxergamos a Lua um pouco diferente e assim podemos imaginar
cerca de 30 diferentes fases da Lua – mas isso ainda não é o bastante (veja o quadro “Ponto
chave”).
Entre duas fases iguais (duas luas novas, por exemplo) passam-se 29,5 dias. Portanto, em 1
ano temos 12,4 ciclos lunares completos. Isto significa que uma mesma fase pode
acontecer no mínimo 12 e no máximo 13 vezes num único ano.
Quando é Lua Cheia vemos o disco lunar 100% iluminado. Quando é Lua Nova não a
vemos, pois não há luz solar refletida (0% de iluminação). Nos demais dias do mês a Lua
não é cheia e nem nova. Ela pode estar crescendo ou minguando, mas enquanto não chegar
o dia, ainda não será quarto-crescente nem quarto-minguante.
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Caracterizando as 4 principais fases
UMA MESMA FASE LUNAR OCORRE PARA O MUNDO TODO, não importa a
localização do observador. Porém, elas não são vistas da mesma forma. No hemisfério
Norte o aspecto da Lua é invertido em relação ao visto por um observador no hemisfério
Sul.
A seguir, mais explicações sobre o que caracteriza cada uma das quatro principais fases da
Lua.
Nova
É quando o hemisfério lunar voltado para a Terra não reflete nenhuma luz do Sol.
Dizemos também que a Lua está em conjunção com o Sol. A Lua Nova só é visível durante
os eclipses do Sol que, aliás, só acontecem quando é Lua Nova. Nessa fase, o ângulo entre
Sol, Terra e Lua é praticamente zero. A Lua Nova nasce por volta das seis horas da manhã
e se põe às seis da tarde. Ou seja, ela transita pelo céu durante o dia.
Crescente
Cerca de sete dias e meio depois da Lua Nova, a Lua deslocou-se 90° em relação ao Sol
e está na quadratura ou primeiro quarto. É o quarto-crescente. A Lua nasce
aproximadamente ao meio-dia e se põe à meia-noite. Seu aspecto é o de um semicírculo
voltado para o Oeste. Vista do hemisfério Sul, a aparência do quarto-crescente lembra a
letra “C”, de crescente. Mas no hemisfério Norte, ao contrário, a Lua crescente se parece
um “D”.
Cheia
Passados 15 dias da Lua Nova, dizemos que a Lua está em oposição ao Sol. É Lua
Cheia. Os raios solares incidem verticalmente sobre o nosso único satélite natural,
iluminando 100% do hemisfério voltado para a Terra. O ângulo Sol-Terra-Lua agora é de
180 graus.
Curiosamente, essa é a pior ocasião para observar a Lua ao telescópio, pois a luz do Sol
que incide sobre o satélite quase não produz sombra, o que dificulta o reconhecimento de
crateras e outros acidentes do terreno. A Lua Cheia é visível durante toda a noite, nascendo
por volta das dezoito horas e se pondo às seis da manhã. Somente numa noite de Lua Cheia
pode acontecer um eclipse lunar.
Minguante
Uma nova quadratura surge quando a diferença angular é de 270°. Neste dia, o aspecto da
Lua é de um semicírculo voltado para o Leste. A Lua nasce à meia-noite e se põe ao meio-
dia, aproximadamente. O quarto-minguante é também conhecido como quarto-decrescente
e, visto do hemisfério Sul, a Lua realmente lembra uma letra “D” (de decrescente).
Em qualquer fase intermediária podemos imaginar o lado iluminado da Lua como sendo
um grande arco. A flecha dele disparada irá sempre atingir o Sol, indicando sua direção,
mesmo que o astro-rei não esteja mais acima do horizonte.
Representando corretamente
EMBORA ESSE ARTIFÍCIO DA FLECHA SEJA ÚTIL para encontrar o Sol, é
importante lembrar que nos quartos crescente e minguante a Lua jamais assume a forma de
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um arco ou foice. Essas fases devem ser mostradas como semicírculos.
Lado oculto
EXISTE UMA SINCRONIA entre os movimentos de rotação e revolução da Lua. Por
causa disso, ela mantém sempre a mesma face voltada para a Terra. Não podemos observar
plenamente o outro lado, que por isso recebe o nome de “lado oculto”.
Já o “lado escuro” varia, do mesmo modo que na Terra. A Lua gira sobre si mesma, só que
demora tanto tempo quanto para circular a Terra. Por isso os dias e noites na Lua duram,
cada um, cerca de 14 dias terrestres.
Quando é Lua Nova a face voltada para nós está no escuro (não recebe luz do Sol), mas o
hemisfério oposto – o lado oculto – está 100% iluminado (é dia). Também é fácil perceber
que durantes os quartos (crescente e minguante), metade da Lua está de dia, enquanto é
noite na outra metade. O mesmo está ocorrendo no lado oculto.
O luar
ALBEDO É UM VALOR APROXIMADAMENTE FIXO que indica o quanto a superfície
de um corpo celeste sem luz própria é capaz de refletir a luz que nele incide.
O albedo da Lua Cheia, o luar, vale cerca de 0,07. É o mesmo que dizer que o satélite
reflete 7% da luz do Sol. Em comparação, vista da Lua, a “Terra cheia” reflete 39% (mais
de cinco vezes o luar).
Apesar de bela, a luz do luar é intensa o bastante para prejudicar à visão de outros corpos
celestes. Recomenda-se observar objetos pouco luminosos (como nebulosas, aglomerados
ou chuvas de meteoros) nos horários em que a Lua não está acima do horizonte.
Mais comum é a convenção sobre a “idade da Lua”. Ao contrário do que ela sugere, não se
trata do tempo desde que a Lua se formou, mas da quantidade de dias desde a última Lua
Nova (sempre variando de zero a 29).
Disponível em www.zenite.nu?fasesdalua
Acesso em 1/abr/2009
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Publicação e créditos:
Costa, J. R. V. A Lua e o dragão. Tribuna de Santos, Santos, 11 abr 2005. Caderno de Ciência e
Meio Ambiente, p. D-4.
Astronomia no Zênite ©1999-2009. Todos os Direitos Reservados.
Albedo
Capacidade de reflexão de um corpo. Um espelho perfeito teria albedo igual a 1 ou 100%.
O albedo é atribuído geralmente a planetas e asteróides. O albedo da Terra, por exemplo,
é 0,39, ou seja, a terra reflete 39% da luz que recebe do Sol.
Libração
Movimento da Lua que tem origem no sincronismo imperfeito entre o movimento de
rotação e revolução do satélite. A libração permite que vejamos cerca de 9% da face
oculta da Lua; o restante é permanentemente invisível para um observador na Terra.
Lunação
Intervalo de tempo de 29 dias, 12 horas, 44 minutos e 2,976 segundos, que separa duas
luas novas consecutivas.
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Chuvas de meteoros
JOSÉ ROBERTO V. COSTA
Astronomia no Zênite
A Terra, porém, não atravessa todos os enxames de fragmentos deixados pelos cometas. As
chuvas de meteoros ocorrem apenas nos poucos casos em que o nosso planeta intercepta
esses detritos no espaço, ao longo de su órbita em torno do Sol. Isso normalmente ocorre
em dias específicos.
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21/10/2009 Orionids 25 6h24m 15° 0,14
2/11/2009 Taurids 8 3h44m 14° 1,00
17/11/2009 Leonids 10 10h08m 22° 0,01
8/12/2009 Puppids-Velids 15 9h00m -48° 0,52
13/12/2009 Geminids 75 7h28m 32° 0,07
22/12/2009 Ursids 5 14h28m 78° 0,33
25/12/2009 Puppids-Velids 15 9h20m -65° 0,61
Fonte: Eric Bergman-Terrell, Astronomy Lab 2 v. 2.03, 2005.
Povos antigos acreditavam que os meteoros eram estrelas que se moviam rapidamente, ou
mesmo caíam sobre a Terra, por isso até hoje eles são popularmente conhecidos por
estrelas cadentes.
A maioria dos meteoróides possui ferro e silício, entre outros elementos. Dependendo de
sua densidade, velocidade e ângulo de penetração, um fragmento do tamanho de um punho
já é o bastante para atravessar toda a atmosfera e chocar-se contra o solo.
Mas não é a fricção que aquece os meteoritos. Quando um gás é comprimido ele se aquece.
Um meteorito se movendo a 15 km/s na atmosfera comprime o ar a sua frente. O ar se
aquece e se torna incandescente. Repare que isso não é fricção. O ar não está em contato
com a partícula (entenda partícula como o objeto em queda e meteoro como todo o
fenômeno atmosférico).
A superfície do meteoróide derrete com o calor do gás comprimido em frente a ele, num
processo chamado ablação. A alta velocidade produz calor e luz, mas essa energia
dissipada diminui também sua velocidade. Quando ela fica abaixo da velocidade do som a
onda de choque se acaba, o calor e a ablação também. Agora o meteorito cai mais
lentamente, mas em geral ainda está na alta atmosfera.
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Leva vários minutos até que ele finalmente atinja o chão, e enquanto cai a rocha esfria
ainda mais. Lembre-se de que ela estava no espaço e seu núcleo ainda é bastante frio. Além
disso a porção derretida já foi perdida durante o início da queda.
Tudo isso junto e o resultado é que a maioria dos meteoritos estão bem frios quando
atingem o chão. Alguns já foram encontrados cobertos de gelo imediatamente após sua
queda. A exceção fica por conta dos grandes meteoritos, é claro. Nesse caso o impacto com
o solo dissipa grande quantidade de calor, que pode permanecer no local por horas.
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Os planetas
JOSÉ ROBERTO V. COSTA
Astronomia no Zênite
APENAS CINCO PLANETAS são visíveis a olho nu. É fácil distingui-los entre as
estrelas se seguirmos algumas dicas:
2• Mercúrio e Vênus se afastam muito pouco do Sol e por isso são vistos sempre ao
entardecer ou ao amanhecer.
A “Noite estrelada”, de 1889, é considerada uma das obras de arte mais importantes do
século XIX, mas é apenas um dos feitos do célebre pintor holandês que exalta aspectos do
céu.
O Sol, a Lua e as estrelas são presença constante na história da arte, como elemento
inspirador de pintores, poetas, escritores e toda a sorte de artistas deste mundo.
Também pudera; há algo tão vasto e fascinante quanto um céu estrelado? Talvez, somente
o mar, outra imensidão exaltada freqüentemente nas artes.
Porém – verdade seja dita – o espaço é infinitamente maior que a soma de todos os mares
do mundo. E também é “habitado” por uma variedade imensa de “criaturas”, entre planetas
e nebulosas, galáxias e quasares, buracos negros e outros personagens exóticos.
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Constelações zodiacais.
O Zodíaco compreende uma faixa de aproximadamente 18° centrada na eclíptica.
Tesouros à mostra
PARA SABERMOS QUE ESSES OBJETOS EXISTEM, nem sempre é preciso mergulhar
os olhos nos telescópios mais poderosos. Às vezes, basta contemplar o mesmo céu
estrelado de Van Gogh – a olho nu. Bem ali, diante de nossa vista erguida, entre os
milhares de pontinhos brilhantes que acreditamos serem sempre estrelas, estão os planetas,
por exemplo.
Para começar, todos os planetas visíveis a olho nu (alguns se destacam mais que a estrela
mais brilhante) estão em órbita do Sol, assim como a Terra. Mas apenas cinco ou seis deles
podem ser vistos no céu sem auxílio de uma luneta. Então, como identificá-los em meio a
tantas estrelas?
Por incrível que pareça, não é difícil. Planetas não piscam. Seu brilho é estático, e não
cintilante como o das estrelas. Isso porque o piscar – a intermitência luminosa de um
objeto no céu – é resultado da turbulência constante em nossa atmosfera.
A luz que vem das estrelas é praticamente pontual pois, de tão distantes, seus tamanhos
(até mesmo as muito grandes) acabam sendo desprezíveis. O piscar acontece porque a
atmosfera é estratificada, dividida em camadas, e porque o objeto em questão está muito
longe ou é muito pequeno, sendo observado com um ponto.
É a diferença de refração de cada camada que faz com que os raios de luz de objetos assim
sejam desviados continuamente antes de chegar aos nossos olhos. Por isso sua imagem
escapa continuamente e ele pisca. No fim, tudo não passa de uma ilusão (no espaço, onde
não existe atmosfera, os astronautas não notam o cintilar das estrelas).
Caçando planetas
MAS COM PLANETAS É DIFERENTE. Como estão muito mais perto, seus tamanhos
devem ser considerados. Planetas não são vistos como pontos, mas como pequenos discos.
É por causa disso que no mesmo instante em que um raio de luz vindo de um planeta foge
dos seus olhos, outro ocupa o lugar.
Portanto, na pior das hipóteses (atmosfera poluída e muito turbulenta) um planeta “se
sacode” por um instante ou outro, mas não cintila. Outra dica: os planetas estão sempre ao
longo da mesma trajetória aparente que o Sol percorreu durante o dia, que é também o
mesmo caminho da Lua no céu: o zodíaco. Por isso você nunca verá um planeta perto da
constelação do Cruzeiro do Sul, por exemplo.
Disponível em www.zenite.nu?planetas
Acesso em 1/abr/2009
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Atividade solar
JOSÉ ROBERTO V. COSTA
Astronomia no Zênite
A OBSERVAÇÃO INDIRETA DO SOL (por projeção) é uma das atividades mais simples
e ao alcance de qualquer amador. A contagem das manchas solares, regiões onde ocorre
uma redução da temperatura e pressão das massas gasosas, fornece a cientistas e
entusiastas informações importantes sobre a atividade solar.
Quanto mais manchas, mais intensos os campos magnéticos locais e maior a possibilidade
de alterações na ionosfera terrestre, influindo nas comunicações de longa distância aqui na
Terra.
O Sol não é um corpo rígido. Formado sobretudo por gás hidrogênio na forma de plasma
(uma espécie de gás ionizado), o Sol tem uma rotação diferenciada em função da latitude.
Uma região equatorial leva cerca de 26 dias para completar uma volta, enquanto próximo
aos pólos a rotação pode chegar aos 30 dias.
Provavelmente esta é a principal causa das manchas. A cada rotação as linhas do campo
magnético do Sol aproximam-se mais e mais uma das outras, arrastando consigo o plasma.
Chega um momento em que as linhas se reconectam, com tremenda liberação de energia.
Ocorre então a expulsão de matéria da fotosfera (a camada visível do Sol) na direção das
linhas de campo magnético.
Ocorre então a expulsão de matéria da fotosfera (a camada visível do Sol) na direção das
linhas de campo magnético. As regiões em que os laços magnéticos saem e retornam à
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fotosfera possuem polaridades magnéticas opostas e nelas surgem as manchas solares, com
temperatura média de 4.300K (contra os usuais 6.000K nas regiões ausentes de manchas).
Na verdade as manchas não são negras. Elas possuem uma coloração avermelhada,
parecendo escuras apenas por causa do contraste com as regiões vizinhas.
As manchas solares podem surgir isoladas ou em grupos, quando então o campo magnético
associado é bem mais intenso. Os grupos de manchas ressurgem em intervalos de cerca de
11 anos, período conhecido como ciclo solar.
O tamanho das manchas varia bastante, sendo geralmente maiores que o nosso planeta.
Elas são medidas em termos de milionésimos da área visível do Sol. Uma mancha é
considerada grande quando mede entre 300 e 500 milionésimos do disco solar. A maior já
registrada foi em 1947, com 6.132 milionésimos, ou quase 1/7 do disco solar.
Tempestades no Sol
NO AUGE DA ATIVIDADE DESSAS REGIÕES PERTURBADAS manifesta-se uma
rápida, porém colossal explosão chamada labareda solar (ou solar flare, em inglês). Um
indicativo da iminência de um flare é o rápido aumento da área ocupada por um grupo de
manchas, comuns nos períodos de máximo solar. Durante os períodos de máximo ocorrem
muitas tempestades solares (o que não significa que nos períodos de mínima atividade elas
não aconteçam!).
Ejeções de massa coronal do Sol podem atingir a Terra. Ao interagir com o campo
magnético do planeta elas produzem o espetáculo das auroras, mas também perturbam os
instrumentos de orientação de satélites em órbita, podem interromper as comunicações de
longa distância, os serviços de GPS (posicionamento global por satélite), ou até mesmo
provocar apagões em cidades do norte da Europa, Estados Unidos e Canadá. Tempestades
solares também podem ameaçar a saúde dos astronautas em órbita, caso eles estejam
realizando atividades do lado de fora de suas naves.
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uma aurora vista pela janela do ônibus espacial, em órbita.
Disponível em www.zenite.nu?atividadesolar
Acesso em 1/abr/2009
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Previsão do tempo
JOSÉ ROBERTO V. COSTA
Astronomia no Zênite
E é assim que deve ser. Todos na Terra devem ter a oportunidade de maravilhar-se com a
beleza e o encantamento das imagens obtidas do espaço — e de quebra, ainda saber
quando vai chover!
Imagens de satélite
QUANDO EM 1963 O ASTRONAUTA GORDON COOPER, a bordo de uma cápsula
Mercury, relatou os detalhes que conseguia ver na Terra, os controladores da missão
suspeitaram que pudesse estar louco.
Cooper afirmou que conseguia ver as ruas das cidades nas regiões de pouca umidade e sem
nuvens, disse que viu uma locomotiva a vapor numa estrada de ferro na Índia, a esteira
deixada por um barco num rio da Birmânia. Mas ninguém acreditou no começo. Acharam
que ele pudesse estar tendo alucinações.
Depois de outras missões espaciais, como Gêmini e Apolo, a verdade das observações de
Cooper tornou-se evidente: em órbita, pode-se ver detalhes incríveis. Logo, a mais rica
fonte de informações da Terra passou a vir dos sofisticados olhos eletrônicos dos satélites
artificiais.
Mais que isso, ver o planeta do espaço mudou para sempre a forma como enxergamos
nosso próprio mundo. A foto no quadro acima é uma pequena amostra disso. Uma
composição fotográfica que inclui dados dos satélites meteorológicos GOES, Meteosat e
GMS.
Disponível em www.zenite.nu?previsaodotempo
Acesso em 1/abr/2009
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Auroras
JOSÉ ROBERTO V. COSTA
Astronomia no Zênite
É o vento solar. A Terra, porém, é protegida pelo seu próprio escudo magnético, a
magnetosfera, e deflete a maior parte dessas partículas. As que são aprisionadas na
magnetosfera aceleram ao longo das linhas de campo enquanto viajam até atingir uma
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região circular denominada oval das auroras, ou annulus.
O annulus tem cerca de 3.000 km de diâmetro e localiza-se em torno dos pólos magnéticos
da Terra (que não coincidem com os pólos geográficos), entre 60° e 70° Norte e Sul de
latitude. Ali, a pelo menos 100 km da superfície, elétrons chocam-se com átomos de
oxigênio e nitrogênio das moléculas da alta atmosfera, dando-lhes uma energia extra que,
absorvida, provoca um estado excitado: os elétrons saltam para níveis mais energéticos e,
como não podem manter-se nesse estado por muito tempo, retornam aos seus níveis de
origem devolvendo a energia extra na forma de um fóton — ou um pulso de luz. Trilhões
de átomos e moléculas no estado excitado produzirão a luz da aurora.
Cada molécula de gás atmosférico brilha com uma cor em particular, dependendo se é
neutra ou eletricamente carregada, e também da energia da partícula que a atinge. Oxigênio
molecular, a cerca de 100 km de altitude, é fonte de uma luz levemente esverdeada. O
mesmo oxigênio, mas acima de 300 km, emite luz vermelha ou, durante grandes
tempestades magnéticas, um tom vermelho-sangue. Átomos de nitrogênio também
produzem uma luz avermelhada. Mas o nitrogênio da alta atmosfera emite em azul e
violeta.
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Disponível em www.zenite.nu?auroras
Acesso em 1/abr/2009
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Observação do céu
JOSÉ ROBERTO V. COSTA
Astronomia no Zênite
Mas como reencontrar as maravilhas que os nossos antepassados tanto admiraram no céu?
Como reconhecer as constelações, localizar os planetas e saber com antecedência sobre os
melhores eventos celestes do mês? Bem, é para isso que serve está página!
Uma linha através das Três Marias o leva a estrela Aldebaran, em Touro, e de lá para outro
famoso asterismo, as Plêiades (também conhecidas como Sete Irmãs). Para o outro lado,
você chegará em Sírius, de Cão Maior, a estrela mais brilhante do céu noturno.
Por estarem muito mais perto de nós que as estrelas, os planetas se movem noite após noite
por entre o céu estrelado. Para encontrá-los siga estas dicas:
• Planetas têm brilho estático. Eles não cintilam como as estrelas (a menos que estejam
próximos do horizonte ou sejam observados sob uma atmosfera turbulenta/poluída).
• Planetas seguem o mesmo caminho no céu por onde passaram o Sol e a Lua
(a eclíptica). Você nunca verá Marte, por exemplo, perto do Cruzeiro do Sul.
• Planetas são objetos extensos quando vistos numa luneta com magnificação de pelo
menos 40 vezes (as estrelas sempre aparecem como pontos). Com uma luneta você
distinguirá as fases de Vênus, o disco avermelhado de Marte, o sistema de satélites de
Júpiter e os anéis de Saturno.
• Imprima e use mapas celestes on line, como os fornecidos aqui. Eles fornecem a posição
atual dos planetas no céu. Assim você não corre o risco de confundí-los com estrelas,
especialmente se ainda não adquiriu experiência.
• Não esqueça os planisférios celestes (como os que você pode baixar gratuitamente aqui).
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Ao contrário das cartas on line, eles não fornecem a localização de um planeta, mas lhe
ajudarão muito para que você se familiarize cada vez mais com o céu noturno.
Escolhendo o lugar
SEMPRE QUE VOCÊ FOR OBSERVAR O FIRMAMENTO, especialmente quando em
busca de objetos de céu profundo como galáxias e nebulosas, é preferível deslocar-se para
locais afastados, longe das luzes da cidade. Visite um local apropriado durante o dia e
confira as condições de segurança e mobilidade, para que à noite você saiba o quanto pode
se deslocar em volta do seu telescópio.
Você será capaz de enxergar mais estrelas quando seus olhos se adaptarem à escuridão,
normalmente após uns vinte minutos sem luz artificial por perto. Ao consultar mapas e
acessórios use uma pequena lanterna com o refletor encoberto com papel celofane
vermelho.
Finalmente, apesar da Lua ser um dos astros mais fascinantes para observação
astronômica, a luz do luar dificulta a visibilidade dos objetos mais débeis. Por isso, se o
seu objetivo não é a própria Lua, procure observar nas noites sem luar.
Nesta página fornecemos dois tipos de mapas celestes para você imprimir e observar o céu.
O primeiro está pré-configurado para todas as capitais do Brasil e para as principais
cidades de Portugal, sendo gerado pelo “Heavens-Above”, de Chris Peat.
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Se você vive em outra localidade, basta consultar a seção “Meu céu”, que disponibiliza
mapas do céu e outras informações sob medida para o lugar em que você mora. Se tiver
dúvidas quanto ao uso desses mapas, consulte esta ajuda.Também disponibilizamos o
mapa “Your Sky” de John Walker.
Planisférios
O PLANISFÉRIO CELESTE é o jeito mais prático de reconhecer as constelações. Afinal, os mapas
celestes obtidos com os recursos acima tem uma desvantagem óbvia: eles são gerados para uma
certa data e hora. Isso é ótimo para localizar um planeta ou outro astro errante, como os
cometas. Mas só serve numa noite, num certo horário.
Se você quer ter a liberdade de pesquisar o céu em qualquer noite do ano e na hora que lhe for
mais conveniente, o planisfério é a solução. Ele é uma esfera celeste planificada que deixa à
mostra apenas a parte do céu visível ao longo do ano em uma determinada região da Terra.
Uma carta celeste comum também não consegue mostrar todas essas combinações ao mesmo
tempo. Seria preciso ter várias a mão. Mas um planisfério celeste combina em um único
dispositivo todas essas cartas – e de uma forma muito simples de montar e prática para usar e
transportar.
MODO DE USAR Faça coincidir a escala das 24h do dia com a escala de datas, de modo
a corresponder o dia da sua observação. Com isso, o mapa mostrará a porção do céu
visível. Agora levante o mapa sobre sua cabeça com a parte indicada por N apontando na
direção norte.
Medidas angulares
EM ASTRONOMIA DE POSIÇÃO, A MEDIDA DE DISTÂNCIA É O GRAU. É fácil de
perceber o motivo. Toda a abóbada celeste (de um horizonte ao outro) abrange 180 graus.
Do horizonte ao zênite temos a metade, 90º. É útil saber distâncias angulares ainda
menores.
De sorte que para a maioria das pessoas a relação entre o largura da mão e o comprimento
do braço é um valor constante. Assim, com o braço estendido, um adulto pode obter uma
estimativa de valores angulares usando partes de sua mão.
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Ao fecharmos a mão, o punho cobre um ângulo de cerca de 10º. Da mesma forma, com a
mão aberta na direção do céu, a largura do dedo mínimo (ou a ponta do indicador ou ainda
1cm de uma régua) cobre um ângulo de 1º. Vários segmentos do dedo indicador também
podem fornecer estimativas angulares muito úteis no reconhecimento do céu. Mas é
importante manter o braço estendido ao efetuar essas medidas. Céus limpos!
Disponível em www.zenite.nu?ceu
Acesso em 1/abr/2009
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Dia Juliano
JOSÉ ROBERTO V. COSTA
Astronomia no Zênite
Referenciá-los através da data que ocorrem seria um processo pouco eficiente e cansativo,
de modo que se recorre a um sistema de contagem do tempo chamado Dia Juliano (ou JD,
de Julian day), baseado inicialmente no calendário introduzido pelo imperador romano
Júlio César.
Trata-se de uma seqüência de números inteiros, um para cada dia, simplificando a tarefa de
determinar o número de dias transcorridos entre duas datas.
O francês Joseph Julius Scaliger (1540-1609), considerado um dos fundadores dos estudos
cronológicos modernos, elaborou o chamado Período Juliano ou Ciclo de Scaliger, que
tem seu ano 1 em 4712 a.C., terminando 7980 anos depois, pelo calendário de Júlio César,
no ano de 3268. Este período é, na verdade, uma combinação elaborada de ciclos de 28, 19
e 15 anos (7980 é o menor múltiplo comum de 28, 19 e 15) cuja explicação detalhada foge
ao objetivo desta seção.
MJD = JD - 2.400.000
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novembro de 1858 UTC). Ou seja, o MJD 0 designa a meia-noite entre 16 e 17 de
novembro de 1858. Pode-se inserir quantas casas decimais após a vírgula se achar
necessário para representar a fração do dia com a precisão desejada.
É possível fazer alguns cálculos curiosos usando dias julianos. Suponha que alguém nasceu
ao meio-dia de 13 de janeiro de 1974. Subtraindo dias julianos pode-se descobrir o
intervalo de dias transcorridos dentro de um período, como no exemplo abaixo.
Disponível em www.zenite.nu?diajuliano
Acesso em 1/abr/2009
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Atmosfera, morada das nuvens
JOSÉ ROBERTO V. COSTA
Astronomia no Zênite
Muito tênue e quase transparente, ela é 99% nitrogênio e oxigênio, proporção derivada da
complexa história dos processos físicos, químicos e biológicos que ocorreram
incessantemente no planeta nos últimos bilhões de anos. Mas o ar que respiramos hoje não
é o mesmo de quando a atmosfera surgiu. Antes quase não havia oxigênio, e o hidrogênio
era abundante. Os químicos diriam que temos hoje uma “atmosfera oxidante”, enquanto no
passado tínhamos uma “atmosfera redutora”.
Troposfera
TODO O AR QUE RESPIRAMOS e os fenômenos meteorológicos concentram-se na
camada imediatamente acima do solo – a troposfera. O prefixo “tropo” significa mudança:
todas as alterações nessa camada resultam no que chamamos de clima.
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termina o invólucro de ar que envolve a Terra. Gases que já são mínimos a somente
algumas dezenas de quilômetros tornam-se cada vez mais rarefeitos até se dispersarem no
espaço. Traços da atmosfera podem ser detectados a mais de 500 km, mas 80% da massa
de ar que envolve a Terra fica na troposfera.
Geralmente o ar não está saturado, contendo apenas uma fração do vapor da água possível.
Essa fração, expressa em percentagem, é a umidade relativa, que também se relaciona com
a temperatura do ar. Se resfriarmos o ar não saturado em algum momento ele atingirá a
saturação. Qualquer resfriamento maior levará a condensação da água, como quando sua
respiração úmida e quente causa o embaciamento das janelas frias de um carro.
Vapores e nuvens
O VAPOR DE ÁGUA É LEVADO PELAS MASSAS DE AR QUENTE a grandes
altitudes, onde é mais frio. Mas a condensação não bastaria para criar as nuvens. O que
leva as gotículas de água a se aglomerarem são os chamados núcleos de condensação,
fragmentos de matéria sólida distribuídos na atmosfera pelas correntes de ar aquecido.
Microscópios, porém com grande poder aglutinador, quando a temperatura cai os núcleos
de condensação agarram as moléculas de água em suspensão, formando grandes massas
esbranquiçadas de umidade concentrada que chamamos de nuvens.
E talvez você não saiba, mas há uma classificação para as nuvens. Não estão vivas, mas
também são divididas em gêneros e espécies, cada uma com suas particularidades.
Outro tipo de nuvem muito comum são as "estratos". Cinzentas, elas surgem com o ar
calmo e têm a forma de um lençol baixo e uniforme, não raras vezes anunciando chuva. Já
as “cirrus” têm o aspecto de plumas, véus – ou como sugere o nome, mechas de cabelo.
São formadas por cristais de gelo e assumem formas peculiares devido aos fortes ventos
das altitudes onde se encontram.
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Composição de fotografias em preto e branco obtidas pelo robô Spirit exibem
o céu marciano decorado com nuvens do tipo cirrus. Imagem: Nasa/JPL.
Sem atmosfera, mesmo de dia o céu pareceria negro. Sobrariam apenas o brilho ofuscante
do Sol e de outros corpos celestes. Visto da Terra o Sol aparece amarelo, mas do espaço ou
da Lua ele seria branco, pois lá não há dispersão da luz. A atmosfera permite a vida na
Terra e ainda determina o modo como nós vemos o mundo – embaixo de seis quadrilhões
de toneladas de ar.
Disponível em www.zenite.nu?atmosfera
Acesso em 2/abr/2009
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Nascer o ocaso
JOSÉ ROBERTO V. COSTA
Astronomia no Zênite
O nascer do sol é uma das maiores certezas da vida. Ansiamos por estar aqui amanhã
para viver mais um dia, mas ainda que não estejamos, estamos certos de que o Sol vai se
erguer novamente sobre o horizonte, iluminar os caminhos e depois se pôr, permitindo as
estrelas se exibirem mais uma vez, num ciclo que existe desde que o mundo é mundo.
E desde que o nosso planeta começou a gira sobre si mesmo, todos os lugares da Terra
ficam alternadamente à luz e à sombra. As durações de cada período, porém, nem sempre
se mantiveram as mesmas.
Dias e noites
HÁ BILHÕES DE ANOS a Lua pairava ameaçadoramente próxima da Terra. Nessa época
distante um mês lunar durava cerca de 20 dias, e um dia por aqui não demorava mais que
18 horas (se existissem homens de negócios naquela época, certamente eles diriam: “se ao
menos eu tivesse um dia de 24 horas...”).
Mas a Lua está pouco a pouco ficando mais longe desde que se desprendeu das entranhas
da própria Terra. Isso foi quando o nosso mundo, ainda quente e mole como um bolo no
forno, viu-se atingido meio de raspão por um corpo com quase o mesmo tamanho de
Marte.
O nascimento da Lua deve ter durado somente uns dois dias, mas foi um péssimo final de
semana para se estar na Terra.
Vivemos numa época em que há um sincronismo entre o movimento da Lua sobre seu
próprio eixo e o período orbital do satélite em torno da Terra. Isso significa que vemos
sempre o mesmo lado da Lua – e quem estiver por lá assiste ao nascer do Sol uma vez a
cada duas semanas.
Além disso, seja dia ou noite na Lua, um astronauta na face voltada para nós veria a Terra
no céu o tempo todo. Mas se estivesse no lado oculto, nosso mundo jamais seria visto
acima do horizonte.
Crepúsculos a auroras
NA TERRA, O ESPETÁCULO DIÁRIO do nascer e do pôr-do-sol encanta os entusiastas
da natureza, mas é usualmente ignorado pela maioria dos apressados humanos. Para nós, o
alvorecer de um novo dia começa no instante em que o limbo superior do astro-rei cruza o
horizonte do observador. Porém, mesmo que estejamos ao nível do mar, a aurora terá
começado horas antes, num jogo de luzes e sombras que se alternam pelo céu até o
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despontar do Sol.
Existe também o crepúsculo náutico, quando o centro do Sol fica 6º mais baixo que no
crepúsculo civil. Bem mais sutil, ele assinala o instante em que a linha do horizonte
começa a tornar-se indistinta do mar escuro, ou quando ela começa a aparecer, no caso do
crepúsculo náutico matutino.
Por fim há o crepúsculo astronômico, quando o centro do sol está 18º abaixo do horizonte
(três vezes mais baixo que o crepúsculo civil e uma vez e meia o crepúsculo náutico).
O crepúsculo astronômico marca o início (ou o fim) da noite verdadeira, a escuridão total.
Mas essas situações raramente se aproximam do modelo idealizado se as observações
forem feitas em terra firme, com elevações e obstáculos no horizonte.
Um último consolo aos insatisfeitos com suas horas diárias: se nossos descendentes
puderem sobreviver ao inchaço do Sol, daqui a cinco bilhões de anos, eles contarão 960
horas entre o nascer e o pôr-do-sol.
Naquelas noites sem fim, metade do mundo enxergará apenas uma Lua diminuta no céu,
por períodos que hoje seriam dias. Será quando os crepúsculos deixarão de ser banais,
como muitos de nós crêem hoje.
Disponível em www.zenite.nu?nascerdosol
Acesso em 2/abr/2009
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Asteróides perigosos
JOSÉ ROBERTO V. COSTA
Astronomia no Zênite
Uma estatística baseada nos dados disponíveis indica que 10 mil toneladas de matéria
penetram em nossa atmosfera a cada ano, com velocidades entre 11 e 70 km/s. Os
principais geradores dos meteoritos estão os cometas, embora sejam os asteróides os
candidatos preferidos pelos pesquisadores.
Nenhum PHA conhecido está em curso de curso de colisão com o nosso planeta. Isso
inclui os rumores de colisões de asteróides em 2019 e similares. Por outro lado,
estatisticamente não é tolice pensar que um impacto é pura questão de tempo.
Disponível em www.zenite.nu?pha
Acesso em 2/abr/2009
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Cometas: os astros travessos
JOSÉ ROBERTO V. COSTA
Astronomia no Zênite
Talvez eles sejam os astros mais misteriosos de todo o Sistema Solar – e também os
mais traquinas. Não é seguro tentar prever suas condições de visibilidade e, às vezes, um
espetáculo anunciado pode se transformar num grande fiasco. Também não é raro sermos
pegos de surpresa por um cometa novo, recém-capturado pelo Sol, que se torna a
coqueluche do momento entre os astrônomos.
Bem-vindo ao universo dos cometas. Em geral eles não são astros muito grandes. Em cada
um deles há um núcleo rochoso irregular com uns poucos quilômetros de extensão. Uma
“bola de gelo suja” com dióxido de carbono,
metano, amônia, água e alguns minerais.
Caudas esvoaçantes
COMETAS PODEM TER VÁRIAS CAUDAS. Quando um cometa está longe do Sol e o
núcleo congela, seu brilho é muito fraco e ele não pode ser observado sem instrumentos.
Porém, quando a coma se desenvolve, o pó reflete muito mais luz, e o gás na coma absorve
radiação ultravioleta do Sol e se torna fluorescente.
À medida que ficam ainda mais perto, a pressão da radiação e do vento solar faz com que
eles percam matéria, que jorra para o espaço em diferentes velocidades.
As partículas de pó com mais massa são aceleradas devagar, e tendem a se formar uma fila
que acaba se encurvando no espaço. Mas parte do material é ionizado e, por ser muito
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menos volumoso, recebe um impulso tão grande que se estende quase em linha reta para
longe do cometa, na direção oposta ao Sol. É a cauda de plasma.
A longa viagem
MUITO ALÉM DA ÓRBITA DE PLUTÃO há uma
imensa região que lembra o Cinturão de Asteróides,
aquele que fica entre Marte e Júpiter. Só que ali
residem, silenciosamente, talvez uns 100 bilhões de
astros pequenos, onde fragmentos de rocha e metal
combinam-se com gases como o nitrogênio e o
monóxido de carbono.
De sorte que esses astros escuros formam suas caudas luminosas justamente quando se
aproximam do astro-rei. Por outro lado, essa sorte pode se transformar num prenúncio de
catástrofe, na remota hipótese, porém plausível, de estarmos no caminho de um deles.
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Quando morrem os príncipes
A OBSERVAÇÃO DE COMETAS É TÃO ANTIGA quanto o registro dos eclipses e
funde-se com a própria história da humanidade. Na Antiguidade, era comum associá-los a
maus presságios.
No ano 44 a.C., por ocasião da morte de César, um cometa brilhante visto em Roma foi
acreditado como sendo o seu próprio fantasma! Bem mais recentemente, há 500 anos, logo
depois que a frota comandada por Pedro Álvares Cabral partiu do Brasil em direção às
Índias, um cometa de cauda comprida foi visto em pleno Atlântico Sul. Dias depois, um
tufão afundou impiedosamente quatro naus e as que seguiram viagem encontrariam
desafios terríveis.
Mas que ninguém deseje ter estado na Terra no dia que um deles
caiu sobre o Mar do Caribe, há 65 milhões de anos.
Não há, contudo, motivo algum para As caóticas EJEÇÕES DE MATERIAL de seus
pânico. Travessos, esses belos astros núcleos fazem questão de se COMPORTAR COMO
parecem se divertir apenas por nos fazer QUEREM
perscrutar os céus por horas a fio à sua
procura.
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Nome Período Excentricidade Inclinação
S-W 1: Schwassman-Wachmann 1.
H-M-P: Honda-Mrkos-Pajdusakova.
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Asteróides: os pequenos mundos
Era o ano de 1801 e Piazzi já estava muito velho, de forma que não
conseguiu acompanhar o astro em suas novas observações e acabou
perdendo-o. Muitos astrônomos da época tentaram reencontrá-lo, mas em
vão.
No ano de 1802 o Sistema Solar contava então com oito planetas: Mercúrio, Vênus, Terra,
Marte, Júpiter e Saturno (conhecidos desde a Antiguidade), Urano (descoberto em 1781) e
Ceres.
Contudo, este quadro não duraria muito e neste mesmo ano anunciou-se a descoberta de
um novo planeta: Pallas. Em 1807 foi a vez de Vesta, até que, no ano de 1866 já haviam
sido descobertos mais de 60 novos planetas entre Marte e Júpiter. Quantos planetas
existiriam afinal?
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O Sistema Solar como era conhecido no ano de 1866.
Logo percebeu-se que os novos astros não eram propriamente planetas, mas os corpos hoje
conhecidos como asteróides, astros escuros, com formas variadas e percorrendo órbitas
excêntricas e bastante inclinadas em relação à eclíptica, como é chamado o plano da órbita
da Terra. Além disso eles não eram tão grandes quanto os planetas.
Porém, nem todos se concentram no cinturão. Alguns formam grupos distintos e gravitam
o Sol na mesma órbita de Júpiter, como é o caso dos Troianos, ou seguem órbitas
altamente excêntricas, inclusive passando pelo Sistema Solar interior, como Eros.
Segundo alguns pesquisadores, os asteróides poderiam semear a vida nos planetas (por
exemplo, deixando na Terra microorganismos ou substâncias orgânicas elementares a
partir das quais a vida evoluiu). Por outro lado, o impacto de um grande asteróide poderia
resultar na completa extinção da vida. Segundo essa visão, os asteróides podem tanto
criar quanto destruir.
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Vesta é um dos asteróides mais espetaculares. Com aproximadamente 500 km de
comprimento, ele pode ter sido formado por aglomeração de rochas menores e o seu
interior talvez ainda esteja quente. Sua estrutura geológica, distinta de seus semelhantes e
similar a de planetas como Terra ou Marte, levou alguns astrônomos a vê-lo como um
quinto planeta rochoso.
A maioria dos meteoritos que caem na Terra têm origem nas colisões mútuas entre
asteróides, muito comuns no passado e que ainda podem ocorrer hoje.
1
Valor médio, em milhões de quilômetros.
* Objetos do Cinturão de Kuiper (Trans-netunianos).
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Caçadores de satélites
JOSÉ ROBERTO V. COSTA
A luz surge de repente. Vai ficando cada vez mais intensa enquanto se move
lentamente, até que supera o brilho de todas as outras estrelas do céu. É surpreendente e, às
vezes, assustador. Mas tudo se desfaz na mesma velocidade com que surgiu. Não fica nada
no lugar, nenhum vestígio.
O que foi aquilo? Terá sido um disco voador? Uma estrela cadente? Uma supernova? Nada
disso. Por trás daquele brilho intenso está uma marca bem conhecida, que muitos carregam
no bolso – e um dos maiores fracassos comerciais de todos os tempos.
Fracasso luminoso
A MOTOROLA LEVOU MAIS DE 10 ANOS E 20 BILHÕES de dólares para
desenvolver seu ambicioso projeto mundial de telecomunicações. Naquela época os
celulares eram grandes e analógicos, e a empresa pretendia fornecer telefones móveis que
funcionassem em qualquer parte, mantidos por uma rede de mais de 60 satélites ao redor
do globo.
O que eles não esperavam foi o rápido desenvolvimento da tecnologia, junto com um
aumento espantoso das áreas de cobertura. Quando os primeiros satélites Iridium foram
lançados, já era possível fazer e receber ligações entre as maiores cidades do mundo no
sistema digital, muito superior em qualidade e facilidades.
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Flares indesejáveis
O BRILHO MOMENTÂNEO DE UM SATÉLITE IRIDIUM
(em inglês Iridium flare) é causado pela reflexão da luz do Sol
em suas três antenas polidas, do tamanho de uma porta,
montadas com 120º de separação uma da outra e inclinadas 40º
com relação ao corpo do satélite.
A maioria atinge magnitude -8, mas alguns podem chegar a -9.5. Quando não estão
brilhando dessa maneira, um satélite Iridium ainda pode ser visto a olho nu, mas sua
magnitude fica em torno de +6, o mesmo que uma estrela bem fraquinha.
A maioria dos astrônomos não gosta deles. Seu brilho intenso pode estragar a foto de uma
nebulosa e até danificar alguns instrumentos sensíveis. Mas há quem simplesmente se
renda e vire um caçador de Iridium.
Seguindo satélites
POR SORTE NÃO É PRECISO FICAR COM DOR NO PESCOÇO, esperando
indefinidamente até que um deles lhe surpreenda em alguma parte do céu. Ao contrário de
um meteoro, cuja hora exata é imprevisível, a passagem de um satélite pode ser calculada
com muitos dias de antecedência.
Qualquer que seja a opção, vai lhe dar o prazer de escolher qual objeto rastrear. Você vai
saber se está acompanhando a passagem da Estação Espacial Internacional, do telescópio
Hubble, de um satélite espião Cosmos ou de um luminoso Iridium.
E você que achava que o céu noturno era um lugar completamente diferente daquela
rodovia movimentada...
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