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RICO PRODUÇÕES ARTÍSTICAS

2018
100 DICAS PARA NOVOS AUTORES (E OUTROS NEM TÃO NOVOS ASSIM)

– JANAINA RICO
© 2018 Janaina Rico
Todos os direitos reservados

2ª Edição – Rico Produções Artísticas


Brasília – Janeiro de 2018

Editor responsável: Luiz Neto


Editora chefe: Janaina Rico
Revisão: Luciane Rangel
Diagramação: Thati Machado
Capa: Thati Machado

Dados Internacionais de Catalogação (CIP)


Rico, Janaina
100 Dicas para novos autores (e outros nem tão novos assim)/
Janaina Rico -- 1ª ed. –Brasília, Brasil
ISBN:
1.Literatura e retórica 2. Técnicas e estilos. I.Título.
CDD 800

São proibidos o armazenamento e/ou a reprodução de qualquer parte dessa obra, através
de quaisquer meios — tangível ou intangível — sem o consentimento por escrito da
autora.
Dedico este livro à grande escritora Tatiana Amaral.
Primeiro ela foi minha aluna, depois virou leitora, e hoje é uma
amiga para toda vida. Minha eterna gratidão.
“Os poetas e os romancistas são aliados preciosos, e o seu
testemunho merece a mais alta consideração, porque eles
conhecem, entre o céu e a terra, muitas coisas que a nossa
sabedoria escolar nem sequer sonha ainda. São, no conhecimento
da alma, nossos mestres, que somos homens vulgares, pois bebem
de fontes que não se tornaram ainda acessíveis à ciência.”

Sigmund Freud
“Qual é a tarefa mais difícil do mundo? Pensar.”
Ralph Waldo Emerson

Introdução

Se você está com este livro em mãos é porque no mínimo já


pensou em ser um escritor. Ou seja, você tem aquele comichão de
contar histórias, inventar enredos, dizer ao mundo algo que você
acredita que nunca foi dito.
Pois bem, eu sou uma dessas pessoas. Há dez anos coloquei
na minha cabeça que um dia seria uma escritora profissional. Isso
era pouco provável para alguém com o meu currículo até ali. Mas,
sem contar nada para ninguém, resolvi escrever um livro.
Em 2009, com um livro publicado e outro na cabeça, eu
abandonei o mundo em que eu trabalhava para trilhar meu sonho.
Eu era servidora pública federal muito bem paga, formada em
Direito, dava aulas de Direito do Trabalho e Direito Constitucional
nos melhores cursinhos de Brasília. E os que me cercavam me viam
estudando ardentemente para ser Defensora Pública ou Juíza.
Num ato que muitos à época consideraram uma loucura, eu
me agarrei às letras. Saí de Brasília e fui passar uma temporada no
Rio de Janeiro estudando, fazendo especializações com autores
renomados como o saudoso Moacir Costa Lopes ou roteiristas
consagrados como Regiana Antonini. Coloquei-me uma meta de,
pelo menos, um livro por ano, juntei todas as economias de uma
vida e me lancei a viajar pelo país em feiras, bienais e eventos
literários.
Fiz todo o caminho que a maioria das pessoas que enveredam
pelo mundo da literatura trilhou. Já paguei para publicar livro, já
fechei contrato com editora que me enrolou, já fui independente, já
estive em editora pequena, média e grande. Já pensei em desistir, já
fiquei sem um centavo e já achei que tinha feito a escolha errada.
E hoje?
A maioria dos meus livros já passou pela lista dos mais
vendidos da Revista Veja. Meu livro publicado pela Qualis Editora
em parceria com a autora Liana Cupini, o “As aparências enganam”,
esgotou a primeira tiragem em menos de 6 meses após o seu
lançamento, em uma tiragem significativa. O mesmo aconteceu com
o “Um doce de confeiteiro”, que ainda ficou entre os dez e-books
mais vendidos do país por mais de uma semana. Fui convidada
para escrever livro em uma série conhecida em todo mundo, o Para
Leigos (nos Estados Unidos for dummies). Já organizei eventos
literários com mais de 100 escritores. Criei uma das maiores
campanhas de valorização da literatura nacional, a Eu leio Brasil,
que se tornou uma das hashtags mais conhecidas no mercado
editorial, além de já ter publicado mais de 07 revistas que são
distribuídas nas principais bienais do livro do país. Fui editora-chefe
do Selo Divas, da Qualis Editora, uma casa editorial com 20 anos de
mercado. Tenho a minha própria editora que conta com grandes
nomes do atual cenário literário do país.
E digo a você, sem a menor vergonha, a cada livro que eu
lanço, eu recorro às essas 100 dicas que estou colocando aqui para
vocês.
Muitas delas parecerão óbvias e é aí onde a maioria dos
escritores se enrola hoje em dia. Esquecemos do óbvio. Achamos
que nossa história é tão única, tão criativa, tão encantadora que não
precisamos do óbvio para alcançar o sucesso. E sabe qual é o
resultado? Frustração, livro entulhado, tristeza e vontade de largar
tudo.
Nas artes, de uma maneira geral, não existe fórmula mágica
nem receita de bolo. Muitas vezes o que funciona perfeitamente
para um é um desastre para o outro. Mas posso te assegurar,
depois de anos dando aulas de escrita criativa além de palestras
sobre os mais variados temas dentro do mundo da literatura e do
mercado editorial, essas 100 dicas básicas farão uma diferença
enorme no resultado do seu trabalho.
Não tenha medo. É possível ser um escritor, uma escritora, de
sucesso. Arregace as mangas, trabalhe com afinco e foque no seu
trabalho e não no dos outros. Mais rápido do que você imagina,
seus livros e suas histórias ganharão o mundo.

EXERCÍCIO!
→ Liste os 05 motivos principais pelos quais você deseja ser um
escritor.

→ Resuma em cinco linhas por qual motivo a história que você tem
na cabeça deve virar um livro e por que ele deve ser publicado:
A) Planejando

“Que a inspiração chegue não depende de mim. A única coisa que


posso fazer é garantir que ela me encontre trabalhando.”
Pablo Picasso

1 – Escreva o roteiro do seu livro. Pense em uma viagem de carro.


Aquelas que mais rendem são as que a gente já sabe de onde vai
sair, aonde chegará, e quais os lugares ideais para as pausas. Claro
que esse planejamento não é fixo. Muitas vezes enquanto estamos
criando o roteiro achamos que um personagem terá maior destaque,
ou que um casal deverá se formar, mas no decorrer da escrita
percebemos que não é o caminho mais adequado. Contudo, o seu
processo de escrita será facilitado se você já tiver em mente qual
história exatamente quer contar, evitando assim furos na trama,
remendos e personagens desnecessários.

2 – No seu planejamento deixe bem claro qual o tipo de livro quer


escrever. Se é uma ação, um romance, um drama… Especifique
seu tipo de escrita, e tenha foco nisso. Caso você comece a
escrever um drama e no meio da história mude para uma comédia,
o seu leitor ficará perdido. Perceba que, um romance histórico, por
exemplo, tem que ter muito cuidado com o seu linguajar, tem que
existir uma pesquisa aprofundada da época em que se narra, assim
por diante. Um livro de suspense deve terminar cada capítulo
deixando o leitor agoniado para saber o desfecho do problema,
assim como uma comédia romântica deve arrancar lágrimas e
suspiros. Definindo com clareza o estilo da sua história, você poderá
trabalhar melhor com o seu público-alvo, conforme veremos mais
para frente.

3 – No momento de planejar o cenário da sua história você deve


conseguir visualizar cada detalhe, reconhecer os cheiros, percorrer
as ruas. É muito mais crível quando escrevemos de um lugar que
conhecemos, se não pessoalmente, pelo menos por exaustivas
pesquisas. Você só conseguirá passar verdade ao seu leitor se
aquilo tudo for verdade para você. Um bom exemplo é a J.K.
Rowling. Toda vez que questionada sobre o mundo do Harry Potter,
ela é capaz de desenhar em minutos todo o castelo de Hogwarts,
com riqueza de informações. Na cabeça da autora aquilo tudo é
real, e por isso ela fez com que milhões de pessoas acreditassem
na realidade dela.

4- Independente do gênero escolhido, o leitor deve se sentir no


cenário escolhido por você. Planeje com cuidado, lembrando-se de
coisas como o espaço, a temperatura, a presença ou ausência de
móveis assim como a sua disposição… Em muitos livros o próprio
cenário pode ser um personagem importante. Planejá-lo com
carinho é fundamental.

5- Seus personagens devem ser seus melhores amigos de infância.


Você deve saber exatamente o que cada um deles pensa, como
eles reagem às mais diversas situações, o que realmente passa na
cabeça de cada um deles. O ideal é ter a imagem, definir antes de
começar a escrever quem é alto, quem é baixo, quem é magro,
quem é gordo… Com essas características você evita contradições.

6- A melhor maneira de construir seus personagens é criando uma


ficha para cada um deles, conforme o exemplo a seguir. Liste todas
as informações que você julgar necessárias, que podem ir desde a
data de nascimento, profissão que exerce até o número de
romances que já viveu ou quantas vezes viajou na vida e para onde.
Tudo o que aconteceu na vida daquele personagem determinará as
suas decisões, o seu modo de agir na trama. Um personagem
impulsivo certamente terá um comportamento diferente de alguém
extremamente planejador.
Colocarei aqui como exemplo a protagonista do meu romance “Ser
Clara”. Trata-se de um chick-lit, voltado para o público feminino, com
idade acima de vinte anos. Perceba que o mundo da minha
personagem em muito se assemelha ao universo do público-alvo. O
cuidado para que não haja furos na personalidade dela deve ser
enorme!

Personagem Clara
Profissão Professora de portguês
Idade 28
Local de Brasília
nascimento
Medo Barata
Maior sonho Viver um grande amor
Melhor amigo Chico
Melhor amiga Laura

EXERCÍCIO!
→ Preencha a ficha de pelo menos dois personagens que você
pensa em colocar no seu livro

7- Defina um prazo para começar e terminar seu livro. Isso te


motivará. Um dos maiores motivos de desistência dos escritores
iniciantes é que eles têm a sensação de que não conseguem
concluir a história. Tendo um prazo a ser cumprido – e levando-o a
sério – a vontade de terminar será maior.

8- Organize uma rotina de escrita. O ideal é que seja todos os dias,


mas tente pelo menos uma vez por semana. Reserve aquele tempo
exclusivamente para a escrita, e desligue-se do celular, da televisão
e redes sociais. Algumas pessoas criam metas com número de
palavras ou quantidade de páginas. Outras por horas dedicadas.
Perceba qual se encaixa mais com o seu estilo e siga fielmente.

9- Crie um ambiente agradável para conseguir escrever. É


importante que você esteja focado e confortável. A escrita precisa
lhe proporcionar uma sensação gostosa, de que está valendo a
pena, e o local onde você trabalha é fundamental para que essa
sensação exista.

10- Leia exaustivamente o gênero que você deseja escrever. É


importante estar antenado nos livros que fazem sucesso naquela
área, os que atingem a lista dos mais vendidos e conseguem
destaques nas livrarias. Algum motivo tem para que eles consigam
fazer mais sucesso que os outros, e isso você só conseguirá captar
lendo muito. Ler o gênero que você se propõe a escrever não é
apenas um prazer, e sim uma obrigação. Pesquise quais são os
autores mais famosos e devore os seus livros. Mas cuidado! Não
copie. Por mais que algumas histórias possam ter temas parecidos,
a originalidade é fundamental. Inspiração é uma coisa, plágio é
outra.

“Talento é 1% inspiração, 99% transpiração.”


Thomas Edison
11- Existe uma fórmula que muitos escritores utilizam chamada
PLAPS para lembrarem de todas as necessidades de uma boa
história:
P- Personagens
L – Lugar (cenário)
A – Ação (enredo)
P – Problema (conflito)
S – Solução (desfecho)

EXERCÍCIO!

Preencha o seu próprio PLAPS:

P-
L-
A-
P-
S–

12 - Entre o problema e a solução deve existir também o clímax, o


ponto alto da sua história. Este é o acontecimento mais aguardado
pelo seu leitor, ele deve passar a maior parte do livro aguardando
pelo momento em que as pontas soltas serão amarradas. Por isso
calcule bem quando lançar mão do artifício, que só deve existir uma
vez. Não há a possibilidade de criar mais de um clímax, pois assim
o trecho que deveria ser único e mágico na trama perde todo o
impacto.
13- Inicie pensando que seu leitor é sempre mais inteligente que
você. Devemos ter um profundo respeito com a pessoa que, no final
das contas, receberá o seu produto final, chamado livro. Então, se
dedique em criar uma história nova, intensa, que faça com que a
pessoa não perca o seu tempo, que hoje em dia é tão precioso, ao
ler seu livro. O leitor deve chegar à palavra “fim” com a sensação de
que valeu a pena.

14- Na literatura existem pessoas extremamente talentosas que não


se destacam por não serem disciplinadas. E, na outra ponta,
existem escritores nem tão talentosos assim, mas que acabam
virando best-sellers por encararem a escrita como profissão. Estude,
leia, marque prazos, estabeleça metas, cumpra objetivos. Ser
escritor é como ser um professor, um médico, um advogado… É
necessário tempo de dedicação, rotina, trabalho e suor para que se
consiga alcançar o efetivo sucesso.

15- No momento de estruturar a sua história, lembre-se de que seu


personagem principal necessitará passar por uma transformação. O
livro só terá um motivo para existir se o personagem principal sofrer
algo que fará com que ele repense sua vida, seus valores e
conceitos. Se não, qual o motivo para contar aquela história? Não
importa o gênero, mas a história tem que ter uma razão de ser. Se
aquilo que você contou no primeiro parágrafo apenas se arrastar até
o último, terá sido uma perda de tempo sua ao escrever e do leitor
ao ler.

16- Tenha claro na sua mente quem serão os seus leitores, quem
você quer atingir. Isso mudará substancialmente a sua forma de
contar a história. Pegue como exemplo “Romeu e Julieta”. Ela já foi
contada de centenas de formas diferentes, desde histórias em
quadrinhos até superprodução de Hollywood, o que faz com que
cada uma delas seja diferente é o público a quem se destina.
17- Não se baseie em modismos para definir aquilo que você vai
escrever. Já tivemos vários tipos de modismos na literatura, como
uma febre de livros de vampiros e uma enxurrada de livros eróticos.
Lembre-se que a moda passa e seu desejo é que seu livro fique
para sempre. Escolha o tema levando em conta especialmente
aquilo que você gosta de ler, ou qual história você gostaria que
contassem para você. Se for uma boa trama, superará qualquer
modismo.

18- Divida a sua história em partes. Além da tradicional divisão de


capítulos, em partes grandes, como “apresentação dos
personagens”, “solução do problema x”, “surgimento do problema y”.
Isso facilitará o desenvolvimento da sua escrita.

19- A estrutura do seu livro deve passar despercebida pelo seu


leitor. Isso quer dizer que os capítulos estejam amarrados de tal
forma que a leitura seja natural. O único a saber como o esqueleto
daquela história foi montado é você. Para quem ler, o enredo deve
se desenvolver naturalmente. Por isso, as passagens de tempo e os
retornos ao passado devem ser feitos de maneira muito cuidadosa.
Eles não podem servir para tapar buracos criados na história e nem
devem ser utilizados sem um propósito. A função desses recursos é
trazer uma informação relevante ao enredo.

20- O principal ponto a ser definido antes de começar a escrever o


livro é: qual o conflito a ser resolvido? Além de personagem e
cenário, o conflito é a mola propulsora da sua história. Sem a
definição deste, nada anda, a história não desperta interesse. E da
mesma forma, o excesso de conflitos deixa o livro confuso e pouco
interessante. Um livro que se torna inesquecível é aquele que o
conflito é apresentado no começo e só terá uma solução
permanente no final. Lembre-se de “O Senhor dos Anéis”. Desde o
começo sabemos qual é o dilema, que só terá uma efetiva
conclusão no término da história. Para preencher o enredo, o autor
utiliza diversas histórias paralelas, mas sem nunca desviar do
escopo inicial do livro.
EXERCÍCIO!

→ Desenvolva o esqueleto da sua história.


→ Trace o perfil psicológico de todos os personagens que você
imagina.
→ Escolha o número e o tamanho dos capítulos.
→ Defina o estilo que terá o seu livro.
→ Roteirize a sua história.

“Escrever é esquecer. A literatura é a maneira mais agradável de


ignorar a vida. A música embala, as artes visuais animam, as artes
vivas (como a dança e a arte de representar) entretêm. A primeira,
porém, afasta-se da vida por fazer dela um sono; as segundas,
contudo, não se afastam da vida - umas porque usam de fórmulas
visíveis e portanto vitais, outras porque vivem da mesma vida
humana. Não é o caso da literatura. Essa simula a vida. Um
romance é uma história do que nunca foi e um drama é um romance
dado sem narrativa. Um poema é a expressão de ideias ou de
sentimentos em linguagem que ninguém emprega, pois que
ninguém fala em verso.”
Fernando Pessoa
B) Escrevendo

“Se a sua fidelidade ao perfeccionismo for


grande, você nunca fará nada”
David Foster Wallace

21- Não se preocupe ainda se seu livro será um best-seller ou não,


se é a melhor história que você pode contar ou se atingiu ou não um
grau de excelência. Não é o momento. Jogue fora os pudores, as
vergonhas, e a autocrítica. Essa é a hora de você colocar no papel
tudo o que vier a sua cabeça, sem medo! Mais para frente você terá
a oportunidade de tirar os entulhos, tapar furos da história, ver se
alguma coisa realmente valeu a pena ou não. Deixe a sua
imaginação correr solta, porque muitas vezes das ideias mais bobas
podem surgir as cenas mais geniais.

22- Se você criou regras para a sua história, elas devem ser
respeitadas. Regra é regra, lei é lei. Se lá no capítulo dois você
decidiu que todas as pessoas que pegassem em uma determinada
pedra deveriam morrer, não vale mudar a regra no capítulo final
apenas para salvar um mocinho. Lembre-se sempre do respeito
pelo leitor. Ele passou todo o livro sabendo que aquela era a regra.
Não é justo mudar no meio do caminho, além de deixar o seu livro
cheio de furos, sem a possibilidade de que as pessoas acreditem
nele.

23- Muito cuidado com o excesso de adjetivos. Se você colocar na


mesma frase, por exemplo, que um determinado personagem é
brilhante, genial e espetacular, além de você queimar três cartuchos
de uma só vez e ter o risco de repetir desnecessariamente as
palavras, perde o impacto de cada um dos adjetivos. Use-os com
parcimônia.
24- Ande sempre com um bloco de notas. Muitas vezes a resposta
para um problema que você ainda não conseguiu solucionar para o
seu enredo surge quando se está dirigindo, ou caminhando pelo
calçadão, ou andando de ônibus… Não perca nada. Mesmo que
você não utilize naquele exato momento, pode ser muito útil mais
adiante.

25- Crie ganchos entre um capítulo e outro. Faça com que seu leitor
sinta vontade de passar a página, de ler mais cinco minutinhos
mesmo que esteja com sono, que fique preso na história. Deixe em
todos os capítulos uma pergunta a ser respondida, isso é o que
despertará o interesse do seu leitor.

26- Os diálogos devem ser críveis ao universo que você criou. Se


seu livro é narrado em dois séculos atrás, é impossível que alguém
fale “valeu” na hora de agradecer. Tenha o cuidado de colocar as
pessoas como elas realmente falam no ambiente onde vivem.

27- Um erro muito comum dos autores brasileiros é americanizar os


diálogos, como se fosse parte de um romance ou filme estrangeiro.
Pense bem em quantos policiais brasileiros você já viu falando “vou
dar um chute nesse seu traseiro gordo”. Isso é uma fala tipicamente
americana e colocá-la em uma história que se passa no Brasil deixa
o livro com um aspecto falso. Também ocorre o contrário, como por
exemplo, escrever um livro que se passa na Inglaterra e o
personagem usar a expressão “Minha Nossa Senhora” que é
tipicamente brasileira.

28- O leitor é conquistado no primeiro parágrafo. Evite os lugares


comuns como “abriu os olhos”, “acordou naquela manhã” ou “era o
primeiro dia de aula”. Crie algo novo e já deixe claro desde o
começo que sua história é única e merece ser lida.

29- Os personagens devem encontrar dificuldades pelo caminho.


Isso faz com que o leitor crie empatia por ele, torça pela sua vitória,
queira ver o final que você planejou. Se tudo sempre der certo na
vida dos seus personagens, além da história ficar chata, ela fica
pouco crível. Pense nos filmes de terror. A gente sabe que a
mocinha não deveria andar sozinha a noite em uma cidade que tem
fantasmas. Mas se ela não desse essa “bobeira” não daria o medo
esperado.

30- Muito cuidado com o excesso de detalhes na sua história. Tudo


o que for escrito deve ter algum valor. Muitas vezes, descrever um
cenário com riquezas de detalhes pode ser fundamental para a
história, mas existem coisas que não precisam ser ditas. Por
exemplo “O Sol estava quente naquela manhã”. O Sol sempre é
quente. Não existe Sol frio. Colocar esse tipo de informação deixa a
leitura lenta, chata e monótona. Por outro lado, se naquela manhã

o Sol estava gelado, aí sim temos um caso de algo que deva ser
narrado.

“A literatura antecipa sempre a vida. Não a copia,


molda-a aos seus desígnios.”
Oscar Wilde

31- Comece a escrever. Pode parecer besteira dizer isso, mas


muitas vezes a pessoa está com uma ideia maravilhosa na cabeça,
sabe o ponto de partida, o ponto de chegada e exatamente onde
acontecerá o clímax, mas nunca senta para dar início à jornada.
Para um livro ficar pronto, ele deve ser escrito.

32- Seja persistente. Muitos escritores enfrentam o bloqueio criativo


quando estão no meio das suas histórias. O fato de você ter uma
rotina de escrita já lhe ajudará profundamente para não passar por
esse tipo de situação, e se por acaso passar, sair dela com mais
facilidade. Mesmo que você não esteja em um bom dia de escrita se
force a produzir algumas linhas. Quando você for revisar,
certamente lhe sobrará tempo para dizer se aquele trecho estava
bom ou se ele precisa de ajustes, mas não quebre a sua rotina de
escrita.
33- De tempos em tempos se questione se o seu livro continua
dentro do tema que foi proposto. Sempre que possível retorne às
suas anotações iniciais e perceba se você não está fugindo da
história, criando personagens desnecessários ou dando voltas
inúteis para chegar ao desfecho do enredo. O seu leitor perceberá
rapidamente se você estiver “enchendo linguiça” ou perdido na sua
história. Certifique-se de estar sempre no caminho certo.

34- Nem sempre as coisas precisam ser ditas diretamente ao seu


leitor. Colocar elementos para que eles percebam os dados que
você deseja passar enriquecem muito a sua história. Por exemplo,
você pode dizer pura e simplesmente: “era verão e eles estavam de
férias”. Você perdeu uma excelente oportunidade de colocar o seu
leitor para pensar. Por outro lado, se você diz “estava muito quente,
termômetros atingiam 40 graus e as pessoas se divertiam nas
praias em plena quarta-feira”, o leitor perceberá que é verão e que
os personagens estão de férias.
EXERCÍCIO!

-> Liste algumas das situações corriqueiras do seu livro e as


descreva de forma indireta, de maneira a deixar o seu leitor
pensando na circunstância criada por você, sem que isso seja
narrado explicitamente no texto.

35- Todo personagem deve ter uma motivação para fazer alguma
coisa, exatamente como acontece na vida real. Se duas irmãs
brigam, isso deve ter não apenas um motivo como também um
propósito. E para isso, sempre que algum personagem for fazer
alguma coisa muito importante na trama, use das fichas que você já
deve ter criado para os seus personagens, para que as reações
sejam de acordo com a personalidade dele, e não da sua. Muito
cuidado para não misturar os seus sentimentos e suas
características com as dos seus personagens.

36- Não crie um personagem inútil. Todos os personagens devem


ter uma importância na trama. Eles não podem estar ali apenas para
encher linguiça. Se um personagem surgiu na história e não tem
nada a acrescentar, é melhor que ele nem exista. Seus personagens
devem ter profundidade.
37- Acredite absurdamente naquilo que você escreve. Se você, por
exemplo, criar um mundo fantástico, onde elefantes voam, faça-o de
tal forma que você acredite naquilo, assim as pessoas que lerem
também acreditarão. E você só acreditará se desenvolver esse
mundo com riqueza de detalhes, tendo intimidade com ele, sendo o
poderoso daquela história. Um escritor tem o poder de dar a vida e a
morte aos seus personagens, de criar os mais diversos universos e
de escrever tudo o que a sua imaginação puder inventar. Mas para
isso ser uma coisa que encante os outros, deve prioritariamente
encantar a você.

38- Muitas vezes, durante o processo da escrita, novas ideias


surgirão à sua mente. Agarre-as. Tenha o cuidado de, sempre que
for necessário, dar uma olhadinha lá no esboço inicial, e alterá-lo
caso necessário, para que a história não fique sem pé nem cabeça.
Mas não se furte de inserir boas ideias que a sua mente lhe der no
decorrer do processo.

39- Tenha um certo controle do número de páginas por capítulo.


Essa regra não precisa ser rígida, mas é bom que tenha uma certa
coerência, para facilitar não apenas a sua vida, como a do leitor.
Assim você terá facilidade em organizar o começo, o meio e o fim
da sua história.

40- Durante o período da escrita, pense no seu livro todos os dias,


em momentos diferentes, em lugares diversos. Coloque os seus
personagens nas suas reflexões diárias e imagine o que eles fariam
em situações adversas. Tente visualizar como estará o seu cenário
em dias de chuva, em dias de sol, com ventania. Abra a sua mente
para que a criatividade possa existir.

-> É chegada a hora de efetivamente colocar a mão na massa.


Planeje sua rotina de escrita e dê início a ela. Encare como um
compromisso inadiável. Estabeleça um prazo para o término do
projeto.

DATA DE INÍCIO
DATA PREVISTA PARA O TÉRMINO
TEMPO DIÁRIO DE ESCRITA
META DIÁRIA DE PALAVRAS
DEMAIS INFORMAÇÕES IMPORTANTES

“Leite, leitura
letras, literatura,
tudo o que passa,
tudo o que dura
tudo o que duramente passa
tudo o que passageiramente dura
tudo, tudo, tudo
não passa de caricatura
de você, minha amargura
de ver que viver não tem cura”
Paulo Leminski
C) Revisando

“Amo a minha vocação, que é escrever. Literatura é uma vocação


bela e fraca. O escritor tem amor, mas não tem poder.”
Rubem Alves

41- Se você decidir que o livro é em terceira pessoa, ele deve ser
todo em terceira pessoa. Se você decidir que o livro é em primeira
pessoa, ele deve ser todo em primeira pessoa. Ficar alterando isso
no meio da história deixa o enredo confuso, desconexo e faz com
que seu leitor não se prenda à história como deve. A coerência é
fundamental.

42- O mesmo do tópico anterior vale para o tempo em que se passa


a história. Ou é no presente ou é no passado. Misturar os tempos
deixa o seu livro empobrecido e confuso.

EXERCÍCIO!

-> Confira qual pessoa você optou para o seu texto, atentando-se a
possíveis confusões.

43- A pontuação é sua melhor amiga e deve ser utilizada com muito
carinho. Muitas vezes uma história brilhante perde toda a sua força
por ser pobre em vírgulas ou por ter excesso de reticências.
44- Muita atenção àquilo que a pontuação quer dizer. Um ponto de
interrogação, por exemplo, já indica que é uma pergunta. Exemplo:
“- Fui clara na informação? - perguntei com raiva” empobrece o seu
texto violentamente. Perceba que está em primeira pessoa, já
indicando quem falou, e no final, o ponto de interrogação já diz que
é uma pergunta, tornando a informação redundante. Você
enriquecerá em muito o seu texto, se no local do “perguntei” você
colocar uma ação da personagem. Exemplo: “- Fui clara na
informação? - fixei profundamente meu olhar, demonstrando toda a
minha revolta.”

45- O mesmo do tópico anterior vale para as expressões “indaguei”,


“questionei”, “exclamei”…

46- O travessão no início do parágrafo já indica que alguém disse


alguma coisa. Colocar, como por exemplo : “- Fui clara na
informação – disse.”, assim como “falei”, “informei” e sinônimos, é
mais um caso de redundância.

47- Recorra a profissionais como “beta reader” e revisor. Eles


devem ser os primeiros leitores do seu texto. Quando escrevemos,
está tudo claro na nossa cabeça, sabemos exatamente aquilo que
queremos escrever, por isso costumo dizer que o escritor tem a
“visão viciada”. Peça para alguém, com qualificação para isso, fazer
a primeira leitura do seu texto e apontar os erros de gramática, os
furos na história e pequenos defeitos que você não seria capaz de
enxergar, por conhecer profundamente o seu enredo.

48- Não tenha medo de cortar os entulhos e tudo o que não


funciona no texto. Corte os excessos, as informações
desnecessárias, o que não foi bem escrito. Apague personagens
inúteis e exclua cenários irrelevantes. Dê ao leitor o prazer de ler um
livro sem passagens desnecessárias.
49- Da mesma forma, não se prive de criar elementos necessários
para responder dúvidas que ficaram em aberto, ou de dar voz a um
personagem que você achou que não teria muita importância na
trama mas acabou se tornando alguém fundamental. Preencher
vazios é tão importante quando cortar entulhos.

50- Uma boa técnica de revisão é ler o seu livro em voz alta, de
preferência para que uma outra pessoa, de sua confiança, possa
ouvir. A escritora Paula Pimenta já disse em várias entrevistas que
usa essa técnica em todos os seus livros. Lendo em voz alta você
será capaz de perceber algumas falhas que a sua “visão viciada”
deixou passar.

“A tarefa da literatura é ajudar o homem a


compreender-se a ele mesmo.”
Máximo Gorky

51- Não caia na bobeira de querer revisar o livro enquanto ele ainda
está sendo escrito. Além de ser desanimador, você pode acabar se
prendendo mais ao trabalho de revisão do que ao de escrita,
propriamente dito. E assim colocar o enredo todo a perder. Revisar
é muito trabalhoso, além de exigir que o autor seja extremamente
detalhista.

52- Antes de cair no trabalho da revisão deixe o texto descansar. Se


você for revisá-lo logo após escrever, a sua “visão viciada” fará com
que você não perceba nem os erros de digitação. E quando eu digo
que o texto deve descansar, ele deve descansar mesmo. Esqueça
da existência dele por, pelo menos, um mês, antes de relê-lo. Assim
você se desligará dos detalhes que estavam grudados na sua
cabeça e poderá se concentrar em encontrar erros e furos na trama.

53- Não tenha preguiça de reler o seu texto. Faça três, quatro,
quantas vezes forem necessárias. O momento da lapidação da sua
história é o mais precioso.

54- Revisão nem de longe quer dizer apenas tirar os erros


gramaticais ou ortográficos. Revisar quer dizer aperfeiçoar o seu
texto, lapidá-lo, deixá-lo agradável aos olhos de quem lê. Por isso é
um momento que exige muita atenção, carinho e cuidado. O autor
deve ler o seu próprio texto com olhos críticos, procurando falhas.
Deixe para pensar nas qualidades no momento de divulgar. Tudo o
que lhe parecer, mesmo que levemente, que não se encaixou
perfeitamente deve ser modificado. O texto deve fluir, transcorrer de
forma agradável, sem entulhos.

55- Muitas pessoas acham mais fácil revisar um texto impresso. Dá


a impressão de que os erros “saltam” aos olhos. Analise se esse é o
seu caso.

56- Principais tópicos a serem analisados no processo de revisão:


- conjugação verbal;
- erros de digitação;
- construção da frase;
- compreensão textual;
- pontuação;
- uso de letras maiúsculas ou minúsculas

57- A revisão feita por você não elimina a necessidade de que o


livro passe por um revisor. Contudo, quanto melhor o texto que você
envia para o revisor, assim como para o leitor crítico, melhor será o
trabalho deles, que poderão se concentrar mais na escrita, sem ter
que ficar marcando erros bobos de digitação, por exemplo.
58- Cuidado com frases e parágrafos muito longos. Quanto maior a
frase, maior a complexidade, sendo assim, aumenta a probabilidade
de erros bem como de que o texto fique mais difícil de ser
compreendido pelo leitor.

59- Quando estiver revisando certifique-se de que a linguagem


utilizada é própria para o seu público-alvo.

60- Muito cuidado com as repetições de palavras e termos. Isso é


um indicativo de pobreza de vocabulário. Utilize sinônimos e
expressões correlatas sempre que necessário. Havendo dificuldade
não se prive de utilizar um dicionário.

“A solução dos problemas humanos terá que contar com a literatura,


a música, a pintura, enfim com as artes.
O homem necessita de beleza como necessita de pão e de
liberdade. As artes existirão enquanto o homem existir sobre a face
da terra. A literatura será sempre uma arma do homem em sua
caminhada pela terra, em sua busca de felicidade.”
Jorge Amado
D) Publicando

“Muito prazer, meu nome é Caio Fernando Abreu. Faço literatura,


teatro, música, cinema e crítica. Mas de amor é o que eu gosto
mais.”
Caio Fernando Abreu

61- Existem basicamente três tipos de publicação: a auto-


publicação, onde o autor é responsável por todas as etapas da
produção do livro; a publicação sob demanda, onde o autor paga
para que uma editora publique o seu livro; e a tradicional, caso em
que a casa editorial é responsável por todas as etapas da
publicação.

62- Se você deseja encontrar uma editora que banque os custos do


seu livro bem como invista em marketing e ainda faça distribuição
nas livrarias, saiba desde o começo que o caminho é árduo e a
possibilidade de você receber muitos nãos é enorme. Vários
escritores com um longo tempo de jornada ainda não conseguiram
entrar em editoras que façam esse tipo de investimento.

63- O melhor caminho para começar no mundo da literatura é com a


auto-publicação. Mas tome muito cuidado para colocar no mercado
um produto de qualidade, pois caso o leitor tenha acesso ao seu
primeiro livro e não goste, a possibilidade de ele novamente ler
alguma coisa sua é mínima!

64- O autor auto-publicado deve investir em revisão, uma boa capa


e trabalho de marketing, especialmente nas redes sociais.

65- Existem plataformas na internet, como o Wattpad ou o Sweek,


em que você publica de graça, assim como o leitor também não
precisa pagar nada para ter acesso ao seu livro. É uma ferramenta
maravilhosa para quem está começando ou para quem já tem livros
e deseja acessar novos leitores. O trabalho deve ser feito com
dedicação para que você conquiste números expressivos de
leituras. Nomes que hoje estão em editoras renomadas, como Mila
Wander, Juliana Parrini e Camila Moreira começaram suas carreiras
em sites assim.

66- Caso você publique em plataformas como o wattpad, o widbook


e outros do gênero, faça um calendário para as suas publicações e
cumpra. Se você prometer ao seu leitor que publicará todos os dias,
em um determinado horário, não fazer a publicação é uma falta de
respeito e afasta os leitores. O público dessas plataformas costuma
ser muito fiel com os escritores que cumprem as suas promessas.

67- Nessas plataformas o texto é publicado por capítulos. Evite


postar mais de um capítulo por dia e menos de um capítulo por
semana. A regularidade é fundamental e a cada capítulo postado
divulgue em suas redes sociais. Existem vários grupos no facebook
específicos para interação entre leitores e escritores. Aproveite a
seu favor, mas muito cuidado com o spam, pois ele certamente lhe
atrapalhará mais do que ajudará.

68- Outra maneira de publicar on line, e sem custos é pela Amazon.


O fenômeno “50 tons de cinza” surgiu lá, e é sem sombra de
dúvidas uma grande porta para quem deseja se aventurar pela
escrita. Hoje, mesmo escritores já renomados e que tinham espaço
em editoras grandes, optam por ter títulos auto-publicados na
Amazon por receberem uma melhor remuneração e terem o controle
de vendas sobre as suas obras.

69- Para chamar atenção entre os milhares de títulos da Amazon é


fundamental que o livro esteja muito bem escrito e revisado, com um
título interessante e uma capa comercial. Apenas colocar um
trabalho lá e não divulgar ou não despertar o interesse do público
não adiantará nada. Todos os dias livros novos surgem no portal, e
obter destaque é realmente algo que requer muita dedicação.
70- Para que você consiga sozinho fazer o upload do seu livro, a
Amazon disponibiliza um vídeo, ensinando o passo a passo. Caso
ainda assim você tenha dificuldade, existem profissionais que
cobram para realizar o serviço.

“Assim é, se lhe parece.”


Luigi Pirandello

71- Selecione com muito cuidado a categoria que você cadastrará o


seu livro, uma vez que ela ajudará o seu público-alvo a achá-lo.

72- Caso você opte por ter o livro impresso, você pode pagar
diretamente para uma gráfica ou para uma editora sob demanda.

73- No caso de escolher uma gráfica, todo o trabalho de editoração


fica por sua conta, e aí estão incluídos capa, revisão, diagramação,
divulgação… Se você fizer alguns desses trabalhos ou tiver amigos
que façam, até pode ser que saia mais barato. Mas se você for
pagar cada um dos profissionais para fazer, deve sair quase o preço
que as editoras em média cobram. O ponto positivo de você mesmo
fazer é poder ter o controle de toda a produção do seu livro.

74- Caso você opte por uma editora sob demanda, fique de olho
pois algumas no mercado cobram preços abusivos! Faça uma
pesquisa minuciosa, veja se a editora oferece principalmente uma
boa distribuição e veja outros títulos que ela já tenha publicado.
Perceba se as capas são bem feitas, se trabalham com papel de
qualidade, se a revisão foi boa. Se eles cometeram muitos erros em
livros anteriores, provavelmente cometerão com o seu.

75- O principal ao se contratar uma editora sob demanda é


conversar com outros autores que tenham publicado por lá. Veja
como é a relação deles com seus editores, se estão satisfeitos, se
acham que o trabalho valeu a pena ou não.
76- Existem sites específicos onde você pode disponibilizar o livro
gratuitamente, e ele só será impresso caso um leitor resolva
comprá-lo. Geralmente o preço de compra do livro acaba saindo
caro, mas é uma boa opção para quem não tem condições
financeiras de investir em tiragens de suas obras. Além disso,
diversos autores utilizam o sistema de financiamento coletivo
custeando a impressão.

77- Caso a sua escolha seja a busca de uma editora que invista,
tenha paciência. Elas costumam demorar a responder, pois recebem
centenas de livros por mês para serem analisados.

78- Não fique enviando e-mails nem mensagens cobrando.


Provavelmente o tiro sairá pela culatra. A possibilidade de nem
lerem o seu original, pois você demonstrou desde o princípio que é
“um chato”, é muito grande. Entenda que o mercado é
extremamente competitivo e um pequeno deslize em um e-mail
cobrando pode te colocar fora do jogo.

79- Uma boa possibilidade para conseguir entrar em editoras


grandes é contratando um agente literário, mas os bons costumam
ser tão concorridos quanto as editoras grandes. Se tiver algum
amigo que possa te indicar ou um escritor já da agência que te
conheça e dê uma carta de recomendação ficará mais fácil para que
você consiga.

80- Parece que publicar é muito complicado, mas você pode ter
certeza de que ao ver o seu livro bonito, bem feito, bem escrito e
bem revisado, com o seu nome na capa, você sentirá uma alegria
indescritível.

“Para que minha vida me bastasse, precisava dar seu lugar à


literatura. Em minha adolescência e minha primeira juventude,
minha vocação fora sincera, mas vazia; limitava-me a declarar:
"Quero ser uma escritora". Tratava-se agora de encontrar o que
desejava escrever e ver em que medida o poderia fazer: tratava-se
de escrever. Isso me tomou tempo. Eu jurara a mim mesma, outrora,
terminar com vinte e dois anos a grande obra em que diria tudo; e
tinha já trinta anos quando iniciei o meu primeiro romance publicado,
A convidada. Na minha família e entre minhas amigas de infância,
murmurava-se que eu não daria nada. Meu pai agastava-se: "Se
tem alguma coisa dentro de si, que o ponha para fora". Eu não me
impacientava. Tirar do nada e de si mesma um primeiro livro que,
custe o que custar, fique em pé, era empresa, bem o sabia, exigente
de numerosíssimas experiências, erros, trabalho e tempo, a não ser
em virtude de um conjunto excepcional de circunstâncias favoráveis.
Escrever é um ofício, dizia-me, que se aprende escrevendo. Assim
mesmo dez anos é muito e durante esse período rabisquei muito
papel. Não creio que minha inexperiência baste para explicar um
malogro tão perseverante. Não era muito mais esperta quando
iniciei A convidada. Cumpre admitir que encontrei então "um
assunto" quando antes nada tinha a dizer? Mas há sempre o mundo
em derredor; que significa esse nada? Em que circunstâncias, por
que, como as coisas se revelam como devendo ser ditas?

“A literatura aparece quando alguma coisa na vida se desregra; para


escrever — bem o mostrou Blanchot no paradoxo de Aytré — a
primeira condição está em que a realidade deixe de ser natural;
somente então a gente é capaz de vê-la e de mostrá-la”.
Simone de Beauvoir
E) Divulgando

“A publicidade é uma das formas mais interessantes


e difíceis da literatura moderna.”
Aldous Huxley

81- É impossível que todas as pessoas que irão ler o seu livro
gostem dele. Mesmo usando de toda a técnica e tendo uma história
espetacular, sempre existirão aqueles que amam, aqueles que
acharam apenas mais uma história e aqueles que odiaram. Respeite
as críticas negativas. Elas sempre farão parte da sua vida a partir do
momento que você lançar um livro.

82- De outro lado, agarre-se às críticas positivas. O escritor tem


todo o direito de ficar imensamente feliz quando alguém diz que
gostou da sua escrita, e use isso a seu favor. Divulgue nas redes
sociais, coloque na orelha do próximo livro. Não tenha vergonha do
seu sucesso.
83- Crie um release do seu livro. Existem vários sites que ensinam o
passo a passo de um release. Elabore-o com cuidado, não se
esquecendo de colocar a sinopse, um pouco da sua história como
escritor e a ficha técnica.

84- Com o release pronto, entre em contato com toda a imprensa da


sua cidade e regiões próximas. Claro que nada impede de você
tentar pautas em todo país, mas a possibilidade de um escritor
iniciante conseguir destaque em pequenos jornais e revistas é muito
maior. E a mídia de sua cidade provavelmente se interessará em
divulgar um autor novato da região.

85- Invista seu tempo nas suas redes sociais. Hoje em dia elas são
o melhor e mais vasto espaço de divulgação para quem está
começando. Seja ativo em grupos do WhatsApp e do Facebook que
tratem de livros e leitura. Adicione amigos que sejam relacionados à
área, como blogueiros, escritores, agentes, editores. E tenha muito
cuidado com o português em suas postagens. As pessoas te darão
ou não uma chance de acordo com aquilo que você escreve, as
opiniões que emite e especialmente a qualidade da sua forma de se
comunicar.

86- Mesmo que seja apenas para os seus amigos e sua família,
marque um lançamento e tire muitas fotos. Elas serão fundamentais
para a divulgação da obra. Se for possível, invista em fotos
profissionais. Elas serão utilizadas pela imprensa, pelos blogues
parceiros, por você em suas redes sociais. E divulgue muito o antes
e o depois do evento. Faça para a ocasião brindes como bottons e
marcadores.

87- Caso você tenha feito o seu livro apenas em e-book, faça um
lançamento virtual. Você pode fazer um hangout, ou criar um evento
no facebook onde fará sorteio de brindes e baterá papo com os
leitores. Mas não deixe passar em branco, pois essa divulgação fará
uma enorme diferença.
88- Selecione alguns blogues literários e faça parceria com eles. A
parceria consistirá basicamente em você enviar o seu livro e o blog
fazer uma resenha. Se o trabalho do blogue for sério e seu livro for
bom, certamente renderá frutos, pois outras pessoas que se
interessam por literatura terão conhecimento da existência do seu
texto.

89- Busque sites ou blogues onde você possa escrever colunas,


divulgar o seu trabalho de alguma forma. Com a variedade de livros
que existe hoje no mercado, para que o leitor te dê uma chance e
leia o seu livro é necessário que ele te conheça de algum lugar,
tenha uma referência de você e, pelo menos, desconfie que gostará
da história que você está contando.

90- Anuncie em revistas e jornais, mas tendo o cuidado de saber se


é uma publicação voltada para o seu público-alvo. Esse tipo de
anúncio deve deixar muito claro os locais onde o leitor poderá
encontrar o seu livro. De nada adianta você apenas colocar a capa e
a sinopse, e o seu livro só for comprado no seu site, por exemplo.

“Aquele que lê maus livros não leva vantagem


sobre aquele que não lê livro nenhum.”
Mark Twain

91- Ter um minilivro ou folheto com o primeiro capítulo e distribuí-lo


em feiras, bienais ou nas livrarias onde o seu livro está exposto gera
ótimos resultados. As pessoas que gostaram ficarão curiosas para
saber o resto da história. Mas nunca se esqueça de deixar claro na
publicação onde o livro pode ser comprado. Se você distribuir
panfletos ou os marcadores de livro, provavelmente não atrairá tanta
atenção.

92- Sempre que possível, faça palestras para o seu público-alvo. De


nada adianta falar com crianças em idade escolar se seu livro é para
adultos, por exemplo. Busque lugares onde as pessoas se
interessarão por aquilo que você tem para falar, bem como pelo seu
livro.

93- Participe do maior número possível de feiras, bienais e eventos


literários que puder, e sempre leve marcadores ou folhetos de
divulgação. As pessoas precisam te conhecer, e quanto mais
familiar for o seu rosto ou a capa do seu livro, maior a oportunidade
de comprarem a sua história.

94- Inscreva o seu livro em portais como o Skoob.

95- Book trailers no Youtube são uma ótima ferramenta de


divulgação do livro, desde que sejam bem feitos. Vídeos muito
longos, amadores, com falhas de som e iluminação produzirão o
efeito contrário. Esse é o tipo de coisa que se você não souber fazer
e estiver sem dinheiro para investir, é melhor ficar sem.

96- Crie o seu site e coloque informações importantes como todos


os textos que você já publicou, os próximos eventos que estará e
fotos de artigos que saíram com você na imprensa. As pessoas
poderão fazer uma busca na internet para saber um pouco mais de
você e certamente o seu site deve ser o seu cartão de visitas.

97- Mantenha seus leitores atualizados daquilo que você está


fazendo. Hoje em dia não existe mais a figura do escritor isolado em
uma casinha para escrever livros e a editora divulgando sozinha e
produzindo best-sellers. Um autor para se firmar no mercado deve
mostrar a que veio, sempre produzir coisas novas, ficar atento ao
mercado e ao que está acontecendo no mundo.

98- Não espere ficar rico e famoso de um dia para o outro. O


trabalho de um escritor leva anos para se firmar. Trabalhe com
afinco e dedicação, empenhe-se em produzir um excelente texto e
divulgá-lo na web e na imprensa sempre que puder. Mas mantenha
a calma e não se afobe. Raríssimos são os casos de autores que
atingiram o sucesso logo no primeiro livro.
F) Para finalizar, duas dicas que não são minhas:

99- “Respirei fundo e escutei o velho e orgulhoso som do meu


coração. Eu sou, eu sou, eu sou.” Sylvia Plath

100- “Nada inspira mais coragem ao medroso do que o medo


alheio.” Umberto Eco

“Não me venham com conclusões! A única conclusão é morrer.”


Fernando Pessoa
Agradecimentos

Meus queridos alunos espalhados pelo Brasil, em especial


Andrea Gadelha, Cristina Valori, Dayana Araujo, Elisa Medeiros,
Fernanda Terra, Geyse Ribeiro, Glau Tambra, Gisele Sousa, Iuri
Kefer, Jonata Fraga de Oliveira, LM Gomes, Paula Pilar, Raphael
Albuquerque, Simone Fraga, Tatiana Amaral, Vanessa Marques e
Vitor Hugo Ribeiro, podem ter certeza de que eu aprendi muito mais
com vocês do que vocês comigo.
Luiz Berto Neto, meu filho e meu editor, a sua empolgação em
querer assistir todas as minhas aulas, sempre que possível, fazem
de mim uma pessoa extremamente feliz. Aguardo com ansiedade
pelo seu livro.
Elisabete, mamãe, mais um, hein? Obrigada por sempre
confiar em mim.
Samuel, seu apoio é sempre fundamental.
Meus queridos blogueiros janáticos, vocês me fazem sorrir
todos os dias. Muita gratidão por fazerem de mim quem eu sou.
Agradeço especialmente a você, escritor e meu colega de
profissão (já publicado ou a caminho) que veio até o final. Por favor,
não deixe de me convidar para a sua noite de autógrafos.

Com amor,
Janaina Rico

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