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150-4
A ARTE DE
ESCREVER CONTOS
DE IMPACTO
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Vem comigo?
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O QUE É O CONTO?
Veja bem: o conto é uma narrativa curta, mas nem toda narrativa
curta é um conto.
ROMANCE CONTO
Clímax antes do desfecho Clímax junto com o desfecho
Ênfase em contar história Ênfase em produzir efeito estético
Exploração da cadeia dramática Exploração da situação
"Ganha por pontos" "Ganha por nocaute"
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O QUE É O CONTO?
Explicando:
EXPLORAÇÃO DA SITUAÇÃO
O conto deve explorar um recorte de tempo e espaço bastante
restrito. Ou seja, algo que se reduza a uma única situação, como é o
caso, por exemplo, de "Colinas como elefantes brancos", de
Hemingway, que se passa em uma mesa de bar.
O QUE É O CONTO?
Já o romance...
O QUE É O CONTO?
Edgar Allan Poe vai nos dizer, ainda, que: “O autor de conto deve
conseguir, com o mínimo de meios, o máximo de efeitos.”
O QUE É O CONTO?
COESÃO
Para haver coesão em um conto, é preciso haver síntese dramática.
RITMO
Cortázar diz que no conto deve-se evitar digressões, reflexões e
flashbacks – o instante presente é vital.
IMPACTO
Para Cortázar, o conto deve terminar como um nocaute.
O QUE É O CONTO?
O QUE NÃO CONDIZ COM UM CONTO
•Narrativa com inúmeros conflitos.
•Muitos ambientes.
•Saltos temporais muito grandes.
ARCO DO PERSONAGEM
O arco do personagem, ou seja, a transformação interna pela qual o
personagem passa, só existe em narrativas longas, como no romance.
MORAL DA HISTÓRIA
O único gênero de conto que possui moral, é o infantil.
O QUE É O CONTO?
TEORIA DO ICEBERG - ERNEST HEMINGWAY
Ernest Hemingway foi um escritor e jornalista americano que criou
uma teoria que dizia o seguinte: o bom conto é como um iceberg.
O QUE É O CONTO?
1 - SAIBA ANTES O FINAL DA SUA HISTÓRIA
Embora muitos autores prefiram descobrir o final que vão dar para
sua história conforme vão escrevendo, Poe dizia que era preciso
estabelecer isso antes mesmo de começar a escrever para saber como
direcionar a história.
2 - SEJA BREVE
Para Poe, um bom conto é aquele que é lido "em uma sentada só". Se
por um acaso o leitor para no meio da história por algum motivo, é
porque algo deve ser revisto.
O QUE É O CONTO?
5 - ESCOLHA UM TEMA PARA SUA OBRA
Tudo o que você escrever estará marcado pelo tema que você
escolheu. Poe falava da morte e tudo girava em torno disso.
7 - DETERMINE O CONTEXTO
Os detalhes, o contexto, o espaço em que se desenvolverá as ações.
tem que ser pensado para apontar o que o leitor vai encontrar
quando chegar ao momento determinante.
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O QUE É O CONTO?
UNIDADE DE EFEITO E CONTENÇÃO - ANTON TCHEKHOV
Tchekhov também considera necessário ao conto causar o efeito ou o
que chama de impressão total no leitor, que “deve seve sempre ser
mantido em suspense”.
O QUE É O CONTO?
INVERSÃO KAFKIANA - FRANZ KAFKA
De acordo com Güther Anders, "se Kafka deseja afirmar que o
‘natural’ e ‘não-espantoso’ de nosso mundo é pavoroso, então ele faz
uma inversão: o pavor não é espantoso".
Por exemplo:
Em "A metamorfose", Gregor Samsa se transforma em um inseto
monstruoso e passa a ser parasita de uma família que antes o
parasitava (pois o personagem é caixeiro viajante e sustentava
financeiramente a família).
O QUE É O CONTO?
DICAS PARA ESCREVER BONS CONTOS
1 - Tenha uma premissa (e se...).
Ex.: E se dois jovens de famílias inimigas se apaixonassem? (Romeu e
Julieta)
4 - Conte uma história oculta. Uma história que fique nas entrelinhas.
DESCRIÇÕES
DESCRIÇÕES NA MEDIDA CERTA
As descrições, quando bem usadas, são muito bem-vindas nos contos.
Isso significa que não deve haver descrições? Não! Isso significa que
no conto, elas devem contribuir para manter o fluxo da ação.
Devem ser descrições que façam a narrativa “andar”, e não que
sirvam meramente de acessório.
DESCRIÇÕES
DESCRIÇÕES POR STEPHEN KING
Sim, eu trouxe esse mestre da literatura do terror para te ensinar um
pouco (muito, na verdade) sobre a descrição literária.
2. Você com certeza já ouviu alguém dizer que vivenciou uma cena
tão extraordinária que não conseguiu descrever. Se quiser ser um
escritor de sucesso, você terá que conseguir descrevê-la. E de forma
que faça o leitor sentir um “comichão de reconhecimento”.
DIÁLOGOS
QUANDO USAR OS DIÁLOGOS
Muita gente evita escrever diálogos em seus contos simplesmente
porque têm pavor de utilizá-los. Acham que eles não ficam
verossímeis o suficiente e acabam não convencendo o leitor.
Acredito que a primeira coisa que precisa ficar muito clara na cabeça
do contista, é QUANDO utilizar o diálogo. Ele pode ser muito bem
aplicado quando você quiser:
DIÁLOGOS
FUNÇÕES DO DIÁLOGO - ROBERT MCKEE
Segundo o escritor e roteirista norte-americano Robert McKee, o
diálogo possui basicamente QUATRO funções.
São elas:
Mas assim:
"João, pode me ajudar? Acho que o Antônio não volta mais pra casa
hoje."
Viu? Eu MOSTREI como ela está assustada em vez de DIZER que ela
está assustada.
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DIÁLOGOS
FUNÇÕES DO DIÁLOGO - ROBERT MCKEE
2. RITMO
Os diálogos devem ser moldados de forma a intensificarem as cenas,
crescendo em direção e ao redor do clímax (do final).
3. CARACTERIZAÇÃO
Os diálogos servem para distinguir os personagens. Cada estilo verbal
serve para caracterizar um papel único.
4. VEROSSIMILHANÇA
A linguagem do diálogo precisa soar autêntica dentro da ambientação
da história e verdadeira para o personagem. Ou seja, é preciso fazer o
leitor imergir, de modo a fazê-lo pensar estar diante dos
personagens, e não de um texto.
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DIÁLOGOS
O QUE MAIS NOS DIZ MCKEE SOBRE DIÁLOGOS?
Um bom diálogo traz subtextos;
Bons diálogos trazem falas características, que nos ajudam a
identificar os personagens;
Bons diálogos são econômicos: extraem o máximo de
expressividade do mínimo de palavras.
EVITE:
Conversa vazia;
Ex.: "Oi, tudo bem? Tudo, e você? Tudo, também."
RECURSOS NARRATIVOS
SHOW, DON'T TELL!
O famoso “mostre, não diga!” também conhecido por “show, don’t
tell!” é um conceito muito utilizado na literatura para fazer um alerta
a um escritor.
Vou explicar melhor. Não diga: “Ricardo estava nervoso para fazer a
prova”.
RECURSOS NARRATIVOS
SHOW, DON'T TELL!
Você pode fazer isso ainda de algumas outras maneiras. Dá só uma
olhada:
Por meio de diálogos – em vez de dizer, por exemplo: “Tiago
zangou-se com Cristina e foi tirar satisfação com ela”, crie um
diálogo MOSTRANDO o desentendimento entre Tiago e Cristina.
RECURSOS NARRATIVOS
ARMA DE TCHEKHOV
Você já ouviu falar dessa tal de Arma de Tchekhov?
Criado por Anton Tchekhov, a Arma nada mais é do que uma regra
para ajudar escritores a focar no que realmente importa ao criar uma
narrativa. Segundo ele:
Por ser uma narrativa curta, em que o escritor deve apelar para a
precisão vocabular, evitar personagens e outros elementos que não
contribuem em nada para a obra é essencial para dar a cadência e o
ritmo necessários que os contos exigem.
RECURSOS NARRATIVOS
SUMÁRIO
Você já conhecia esse recurso? Já aprendeu a usá-lo no conto?
Vamos a um exemplo:
“[...] Naquele ano, debulhou-se em lágrimas pelas próximas duas
estações. O ano seguinte, também passou entre lenços e sessões de
terapia. Dois anos depois, já não sentia seu coração doer com tamanha
intensidade. Os raios de sol voltaram a entrar pela janela. [...]”
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RECURSOS NARRATIVOS
SUMÁRIO
Percebe como um sumário conseguiu sintetizar a passagem de três
anos doloridos da personagem em poucas linhas? Depois desse
sumário, o conto deve continuar se desenrolando normalmente.
FLUXO DE CONSCIÊNCIA
A ideia do fluxo de consciência é reproduzir o fluxo contínuo de
pensamentos.
RECURSOS NARRATIVOS
FLUXO DE CONSCIÊNCIA
Exemplo:
“Mas quem sou eu, recostada neste porão a observar meu setter que
fareja em torno? Às vezes penso (ainda não tenho vinte anos) que não
sou uma mulher, mas a luz que cai neste portão, no solo. Sou as
estações, penso às vezes, janeiro, maio, novembro, a lama, a neblina, a
madrugada. Não posso agitar-me nem esvoaçar docemente, nem
misturar-me com outras pessoas. Mas agora, recostada neste portão
até o ferro deixar marcas nos meus braços, sinto o peso que se formou
dentro de mim. Algo foi-se formando na escola, na Suíça, algo duro.
Nem suspiros nem risos; nem volteios nem frases engenhosas; nem as
estranhas comunicações de Rhoda, quando olhos além de nós, sobre
nossos ombros; nem as piruetas de Jinny, membros e corpo uma coisa
só. O que sou é peso.”
RECURSOS NARRATIVOS
MONÓLOGO INTERIOR
E mbora muitos escritores tratem o monólogo interior como sinônimo
do fluxo de consciência, existe uma diferença primordial entre esses
recursos.
LEITMOTIV
Originário nas óperas do alemão Richard Wagner, posteriormente
esse recurso passou a ser utilizado na literatura e no cinema.
Por exemplo:
RECURSOS NARRATIVOS
LEITMOTIV
Na literatura, em “Casa tomada”, conto de Julio Cortázar, em diversas
ocasiões que o narrador faz referência à sua irmã, ela está
tricotando. Isso também é um exemplo de Leitmotiv.
“Irene era uma moça nascida para não fazer mal a ninguém. Fora sua
atividade matinal, passava o resto do dia tricotando no sofá de seu
quarto. Não sei por que tricotava tanto. Acho que as mulheres tricotam
quando encontram nesse trabalho o grande pretexto para não fazer
nada. Irene não era assim, tricotava coisas sempre necessárias,
camisolas para o inverno, meias para mim, cachenês e coletes para ela.
Às vezes tricotava um colete e depois o desfazia rapidamente, porque
alguma coisa não lhe agradava; era engraçado ver, na cestinha, o
montão de lã encrespada, recusando-se a perder a forma de algumas
horas antes. Aos sábados, eu ia ao centro lhe comprar lã; Irene tinha
confiança no meu gosto, aprovava as cores e nunca precisei devolver
uma só meada.” (Casa tomada – Julio Cortázar)
CHEGAMOS AO FIM
Caro contista, chegamos ao fim dessa jornada de aprendizado sobre
um gênero literário tão fabuloso que é o conto.