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Sou a bombacha de santo

Sou o churrasco de Ogum


Entre os filhos desta terra
naturalmente sou um
Sou o trabalho e a luta
suor e sangue de quem
nas entranhas desta terra
nutre raízes também

do poema “Sou”, de Oliveira Silveira

É com muita alegria que convidamos para o III Encontro Internacional dos Povos do Campo, que será
realizado no Campus de Dom Pedrito da Universidade Federal do Pampa - Unipampa, nos dias 13, 14
e 15 de fevereiro de 2023, com programação que inclui atividades culturais, rodas de conversas,
oficinas, cozinha comunitária e outras atividades de diálogos sobre os temas:

❖ Direito à Educação protagonizada pelos povos em seus tempos, formas de organização, de


currículo e de conhecimentos, portanto que considere seus territórios e princípios;
❖ Direito à saúde protagonizada pelos povos em seus tempos, formas de organização, de
práticas e de conhecimentos, portanto que considere seus territórios e princípios;
❖ Direito à alimentação, que enfrente o grave problema da fome e promova a Soberania
Alimentar protagonizada pelos povos em seus tempos, formas de organização, de práticas e
hábitos alimentares e de conhecimentos, portanto que considere seus territórios e princípios;
❖ Direito à Cultura e formas de expressar e significar o mundo que considere formas de
organização, de práticas e de conhecimentos dos diferentes povos;
❖ Mudanças do Clima: como os povos percebem e são atingidos pela violência climática e quais
as formas de resistência já vem sendo praticadas.
A participação é gratuita, com inscrição sendo realizada na hora. Durante o evento os participantes
poderão acampar no espaço do Campus, seguindo o regulamento disponível no site do evento:

Mais informações pode ser obtida nos endereços:


Instagram: https://www.instagram.com/encontro_dos_povos_do_campo/?igshid=ZDdkNTZiNTM%3D
Site:
https://sites.google.com/unipampa.edu.br/encontro-povos-do-campo/in%C3%ADcio
PROGRAMAÇÃO

Data 13/02 14/02 15/02

Manhã Conversa sobre direito Conversa sobre direito


à saúde e oficina de à alimentação
fitoterápicos

Tarde Chegada, montagem Conversa sobre direito Conversa sobre


do acampamento, à educação Mudanças no Clima
conhecer as estruturas
da unipampa

Noite Abertura e atividades Apresentações Encerramento


culturais dos povos do Musicais e Conversa
campo Cantada Bruna Ave
Cantadeira e Pedro
Munhoz

Convidados e Convidadas:

Equipe de saúde integrativa da SMS - Dom Pedrito


Josefa Ataídes - Chá da Terra, Escola de Benzedeira do DF
Dra Jozileia Kaingang - Ministério dos Povos Indígenas
Dra Socorro Silva - SECADI/MEC
Dra Gessiane Ambrosio Nazario - CONAQ
Bruna Richter Eichler - EFASC
Cantor Popular - Pedro Munhoz
Cantora Popular - Bruna Ave Cantadeira
Dr Leonardo Melgarejo - Campanha contra agrotóxicos
Msc Juliano de Sá - Presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar - RS
Isabel Cristina Lourenço da Silva - Articulação Nacional de Agroecologia
Alvaro Delatorre - Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
Fabiani Franco - Coletivo Nacional de Estudantes Quilombola - MESPT/UnB
Comitê dos Povos e Comunidades Tradicionais do Pampa

apoio:
Sou Kaingang guerreiro

Carrego em meu semblante marcas de aflição


Questionado sobre minhas raízes, respondo com E cada vez que Topé olhar
exatidão O que é dele, vai abençoar.
Moro lá no pé do morro E cada vez que Topé olhar,
Onde brota a água O que é dele vai querer,
Que sacia a sede do meu povo No que é dele não podes tocar
Sem primeiro a ele chamar.
Ouço dizer todo dia, seus dias estão contados, está
prestes a acabar A natureza pede socorro,
Dizendo que não sou mais Kaingang! Os animais já estão clamando,
Pois celular e computador sei usar. Os rios estão poluindo
As matas estão cortando.
A mata nos alimenta e purifica o ar
O resto vou na cidade buscar Tocaram no que é mais sagrado,
Mas, nem por isso o “ser Kaingang” eu vou deixar Chegaram sem serem chamados.
No início já foram destruindo,
Do que restou da chacina, da qual tanto se
Acabando com a natureza
vangloria
Dizendo estar evoluindo.
Estátuas, nomes de rua, em uma cidade vazia
Vazia de igualdade, Se evoluir é destruir o bem,
Vazia de união, não quero e nunca serei!
Vazia de humanidade,
Tudo está interligado
Vazia de coração.
A água, o ar, o fogo e a mãe terra.
Hoje tento resgatar, mapeando o que sobrou
Mas precisa ver!
Pois sei que amanhã, a pergunta vai ficar
Será que tem olhos para isso?
Papai o que foi que deixou
Ou está pensando apenas em você?
No inverno não vejo sol,
A natureza pede clemência, mas o homem está
Pois hidrelétricas estão cada vez mais a construir.
sem paciência.
Enquanto tento preservar
Um dia você vai precisar!
O capitalismo vem e tenta destruir.
Beber água lá do rio
A sobrevivência física e cultural do meu povo, Respirar ar puro,
Depende da geografia Sentir calor, sentir frio.
Tento então salvaguardar Será que vai encontrar?
Isso com cartografia. Vai sentir falta disso, cada vez que procurar.

A relação de convívio com a natureza, Nos Quer respirar?


fortalece dia a dia Está sufocado?
Nos instiga, nos energiza a pensar, Então por que está desrespeitando esse espaço
Que não estamos separados. sagrado?

Sou guerreiro Kaingang Lembra quando você brincava?


Desse “espaço sagrado” Naquele lago azul,
Que lutará com unhas e dentes, Naquela árvore subia e descia,
Para que nada seja modificado. Sem pensar que um dia
Que seja abençoada a mãe terra Aquela vida cheia de cores, amor, crença e
Que sejam abençoadas nossas crianças valores...
Que nossos guerreiros do passado Iria acabar vazia
Não sejam apenas lembrança.
Poesia: Duko Kaingang

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