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Gênero Campylobacter spp

FAVET-UFRGS
Prof. Marcos JP Gomes
2013

Gênero Campylobacter spp

Prof. Marcos JP Gomes

Campilobacteriose Genital Bovina (CGB),


Doença venérea bovina
Aborto Ovino

ATUALIDADES
Atualmente (2013), na “List of Prokaryotic names with Standing in Nomenclature”,
organizada pelo pesquisador J.P. Euzéby cita 32 espécies e de 13 subespécies. No momento
há 25 diferentes espécies no gênero Campylobacter spp.

TAXONOMIA
O gênero Campylobacter foi proposto, em 1963, por Sebald e Véron para um grupo
de espécies com características diferentes das bactérias conhecidas como do gênero Vibrio.
Em 1973, Véron e Chatelain incluíram no gênero Campylobacter novas espécies
tendo como base suas características fenotípicas e estas foram didaticamente classificadas
em três grupos: a) Campilos catalase positivos e H2S negativos (Campylobacter fetus
subsp. fetus e Campylobacter fetus subsp. venerealis); b) Campilos catalase positivos e H2S
positivos (Campylobacter coli e Campylobacter jejuni) e c) Campilos catalase negativos
(Campylobacter sputorum subsp. bubulus e Campylobacter sputorum subsp. sputorum).
Em 1980, essas diferentes espécies foram listadas no “Approved Lists of Bacterial
Names”. Depois disso, muitas mudanças ocorreram no gênero Campylobacter, incluindo: I)
Descrição de novas espécies; II) Evidenciaram-se semelhanças e III) Transferenci de
antigos campilos para outros gêneros Arcobacter ou Helicobacter.
O gênero Campylobacter constitui assim como os gêneros Arcobacter,
Dehalospirillum e Sulfurospirillum, a família da Campylobacteraceae colocada na classe
Epsilonproteobacteria (filo das "Proteobacteria", domínio ou império das "Bacteria" ou
das "Eubacteria").
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Atualmente, esse gênero conta com 25 espécies: 1) Campylobacter avium; 2)


Campylobacter canadensis; 3) Campylobacter coli; 4) Campylobacter concisus; 5)
Campylobacter cuniculorum; 6) Campylobacter curvus; 7) Campylobacter fetus;
(Campylobacter fetus subsp fetus, Campylobacter fetus subsp venerealis), 8)
Campylobacter gracilis; 9) Campylobacter helveticus; 10) Campylobacter hominis; 11)
Campylobacter hyoilei 12)Campylobacter hyointestinalis; (Campylobacter hyointestinalis
subsp. hyointestinalis, Campylobacter hyointestinalis subsp. lawsonii), 13) Campylobacter
insulaenigrae; 14) Campylobacter jejuni; (Campylobacter jejuni subsp. doylei,
Campylobacter jejuni subsp. jejuni), 15) Campylobacter lanienae; 16) Campylobacter lari;
17) Campylobacter mucosalis; 18) Campylobacter peloridis; 19) Campylobacter rectus;
20) Campylobacter showae; 21) Campylobacter sputorum; (Campylobacter sputorum
subsp bubulus, Campylobacter sputorum subsp sputorum) 22) Campylobacter
subantarcticus; 23) Campylobacter upsaliensis; 24) Campylobacter ureolyticus; 25)
Campylobacter volucris.
Os resultados das homologias de ADN-ADN mostraram que a divisão do
Campylobacter sputorum em duas subespécies não se justifica mais, mas ao contrário, esta
espécie comporta três biovares: Campylobacter sputorum biovar Sputorum, Campylobacter
sputorum biovar Fecalis ("Campylobacter fecalis") e Campylobacter sputorum biovar
Paraureolyticus.
Segundo On e colaboradores em 1998, as linhagens da subespécie Campylobacter
sputorum subsp bubulus devem ser consideradas como pertencentes ao Campylobacter
sputorum biovar Sputorum.
O reconhecimento de certas espécies do gênero Campylobacter como patógenos
para o homem, nestes últimos 40 anos, reforçou a importância deste gênero em medicina
veterinária. Algumas espécies são consideradas zoonoses importantes tais como o C. jejuni,
o C. coli e o C. fetus subsp fetus, os quais resultaram em estudos dirigidos para a
taxonomia, epidemiologia, biologia molecular e patogenia. Estudos em modelos animais

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têm ajudado a elucidar, os mecanismos patogênicos desses agentes, especialmente quanto


aos fatores de virulência.
Vandamme et al. (1991), utilizando sondas de hibridização DNA-rRNA,
“immunotyping” e testes fenotípicos, sugeriram a revisão dos gêneros Campylobacter,
Helicobacter, Wollinella, propondo a criação do gênero Arcobacter. Assim, o gênero
Campylobacter foi reclassificado dentro da superfamília VI de rRNA (subdivisão epsilon
da Proteobacteria) e, que é distinta das outras superfamílias de rRNA dentro do grupo das
bactérias Gram negativas.
A maioria é habitante do trato reprodutor, intestinal e oral. Outros membros (C.
cryaerophilus; C. pylori) que foram associados com infecções humanas e animais foram
transferidos para novos gêneros (Arcobacter spp e Helicobacter spp).

CARACTERÍSTICAS GERAIS
O Gênero Campylobacter é constituído de bactérias Gram negativas, encurvadas ou
em forma de S; espiralada, não esporulada; possuem tamanho de 0,2 a 0,5 m de diâmetro
de largura e 0,5 a 5,0 m de comprimento; podem apresentar forma filamentosa ou cocóide
nos cultivos velhos; geralmente móveis (movimento de cambalhotas) graças a um flagelo
localizado em uma ou nas duas extremidades da célula; quimiorganotróficos; metabolismo
respiratório; incapazes de utilizar açúcares (nem oxidação nem fermentação); oxidase
positiva, catalase variáveis; não hidrolisam a gelatina nem a ureia (com exceção as
linhagens atípicas do C. lari e linhagens do C. sputorum biovar Paraureolyticus);
desprovidos de lipase.
No cultivo, não requerem nem soro nem sangue; pode crescer a 25°C; 37°C e 42°C,
mas não a 15°C. A maioria das espécies é microaerófila (necessitam de 3 a 15% de
oxigênio). O C. rectus e C. curvus são capazes de crescer na presença de 1 a 5% de
oxigênio, entretanto essas espécies devem ser cultivadas em anaerobiose.

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anaerobiose (após a repicagem as cepas são frequentemente, aptas a crescer pouco em microaerofilia).
Gênero Campylobacter
As principais características que permitem diferenciar spp Campylobacter estão contidas na Tabela 1 e
as espécies do gênero
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Tabela 2 (Os resultados foram obtidos, utilizados e preconizados por On e Holmes em 1991 e em 1992).
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1 2 3 4 5 6 7 8 9 10201311 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25
CCDA** - ++ (-) (+) (+) + + d + + + + + + + - + (+) +

Agar - +d - - (+) (+) d (+) - - d d - - + - (+) - + d (-) -


MacConkey**
Bile (1%)** d (+) - d - + + - + + (+) + + + + - - d + +

Glicina (1%)** - d + (-) - + + - + d + + d + (-) + - + d + + d + (+) +

NaCl (2%)** - - (-) - d - - d - + - - - - - - (+) + (+) d + + + -

Safranina + (-) + + (+) + - - + + - d - d + - - - (+) - +


(0,05 %)**
Exigência em d - - + - + - - + - + d d - - - - + + + - - -
hidrogênio
Ácido nalidíxico - d - (+) d + + d d - d + + + - - + d (+) (+) (+) - (+) + -
(32 mg/L)***
Carbenicilina (+) - - - - - d - - - + d d + + - - - - - - -
(32 mg/L)***
Cefalotina (32 +- + - (+) - - - - - - (-) - + - + + + - (-) - - - - (-)
mg/L)***
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25

1) C. avium; 2) C. canadensis; 3) C. coli; 4) C. concisus; 5) C. cuniculorum; 6) C. curvus; 7) C. fetus subsp fetus; 8) C.


fetus subsp venerealis; 9) C. gracilis; 10) C. helveticus; 11) C. hominis; 12) C. hyointestilis subsp hyointestilis; 13) C.
hyointestilis subsp lawsonii; 14) C. insulaenigrae; 15) C. jejuni subsp doylei; 16) C. jejuni subsp jejuni; 17) C. lanienae;
18) C. lari*; 19) C. mucosalis; 20) C. peloridis; 21) C. rectus; 22) C. showae; 23) C. sputorum; 24) C. subantarcticus; 25)
C. upsaliensis.
As colônias do gênero Campylobacter não são pigmentadas com exceção do C.
mucosalis e do C. hyointestinalis que produzem um pigmento amarelado. C. gracilis é a
espécie imóvel e desprovida de flagelos. O C. hominis, espécie descrita em março de 2001,
apresenta características bacteriológicas originais. As linhagens dessa espécie são
constituídas de bastonetes retos, imóveis (desprovidos de flagelo) e que se cultivam em
*: As duas subsp de Campylobacter lari se diferenciam por sua capacidade de crescer na presença de 0,05 % de safranina.
A resposta é positiva para o Campylobacter lari subsp lari e negativa para o Campylobacter lari subsp concheus.
**: Crescimento.
***: Resistente. +: 90 a 100 % das cepas dão resposta positiva.
-: 0 a 10 % das cepas dão resposta positiva.
(+): 75 a 89 % das cepas dão resposta positiva.
(-) : 11 a 25 % das cepas dão resposta positiva.
d: 26 a 74 % das cepas dão resposta positiva.
f: Resposta fraca positiva.
CCDA: Charcoal Cefoperazone Deoxycholate Agar (Oxoid).
TTC : Cloreto de tri-fenil-tetrazólio.

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Tabela 3 Origem das espécies Isoladas


Patogenicidade eventual para Patogenicidade eventual para os
Espécies Fonte(s)
o Homem Animais

C. canadensis Ave (Grus americana) ? ?

Suínos, Aves, bovinos, Gastrenterites, septicemias, Gastrenterites suínos e macacos;


C. coli
ovinos abortos abortos nos roedores

C. concisus Homem Periodontites, gastrenterites ?

C. curvus Homem Periodontites, gastrenterites ?

Septicemias, gastrenterites,
C. fetus subsp. fetus Bovinos, ovinos Abortos em ovinos e bovinos
abortos, meningites

Esterilidade enzoótica dos bovinos,


C. fetus subsp. venerealis Bovinos Septicemias
abortos nos bovinos

Periodontites, empiemas,
C. gracilis Homem ?
abscessos.

C. helveticus Cães e gatos ? Gastrenterite dos cães e gatos

C. hominis Homem Espécie comensal do intestino ?

C. hyointestinalis subsp. Suínos, bovinos, hamsters,


Gastrenterites Enterites nos suínos e bovinos
hyointestinalis veados, homem

C. hyointestinalis subsp. lawsonii Suínos (estômago) ? ?

C. insulaenigrae Mamíferos marinhos ? ?

Gastrenterites, gastrites,
C. jejuni subsp. doylei Homem ?
septicemias.

Aves, suínos, ruminantes, Gastrenterites, septicemias,


Abortos (ovinos, caprinos, bovinos),
C. jejuni subsp. jejuni cães gatos, água, visons, meningites, abortos, rectites,
gastrenterites, hepatite aviária.
coelhos, insetos. síndrome de Guillain-Barré

C. lanienae Homem ? ?

Espécies Fonte(s) Patog. eventual Homem Patog. eventual Animais

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Espécies Fonte(s) Patog. eventual Homem Patog. eventual Animais

Aves, água doce, água de


C. lari mar, cães, gatos, macacos, Gastrenterites, septicemias Gastrenterites nas aves
equinos, focas

C. mucosalis Suínos ? Enterite necrótica e ileíte nos suínos

C. rectus Homem Periodontites ?

C. showae Homem Periodontites ?

C. sputorum biovar. Fecalis Ovinos, bovinos ? ?

C. sputorum biovar
Bovinos, homem Enterites ?
Paraureolyticus

C. sputorum biovar Sputorum


Homem, bovinos, ovinos,
(compreendem as cepas do C. Abscessos, gastrenterites ?
suínos.
sputorum subsp. bubulus)

Gastrenterites, septicemias,
C. upsaliensis Cães, gatos, homem. Gastrenterites nos cães e gatos
abscessos, abortos

Espécies Fonte(s) Patog. eventual Homem Patog. eventual Animais

C. jejuni, C. coli, C. lari


As espécies C. jejuni, C. coli e C. lari são denominadas de campilos termofílicos. O
C. jejuni possui duas subespécies: o C. jejuni subsp. jejuni e C. jejuni subsp. doylei.
A subsp. jejuni é comensal, no trato intestinal de aves e mamíferos, incluindo
animais domésticos (produção e companhia). As aves domésticas são fontes de C. jejuni
subsp. jejuni. O C. jejuni subsp. doylei tem sido isolado em fezes de crianças com diarréia
e, em biópsia gástrica.
O C. coli é isolado do intestino de suínos, mas de outras espécies (bovinos, aves,
homem etc.).
O C. lari foi isolado inicialmente de gaivotas, mas também isolado de bovinos, cães,
galinhas e outras espécies.
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O C. jejuni é importante causa de aborto em ovinos, mostrando semelhança com o


aborto causado pelo C. fetus subsp fetus. O C. jejuni causa, esporadicamente aborto em
cães, caprinos e outros animais. É causa de enterite, em animais jovens, incluindo bovinos,
aves, suínos, gatos cães, furões e primatas, especialmente animais jovens. O agente tem
sido associado com mastite bovina, com hepatite vibriônica das aves e aborto em martas. É
a principal causa de enterite no homem e a principal causa de diarreia de origem bacteriana,
no mundo.
O C. coli e C. lari somam aproximadamente 5% das amostras isoladas dos casos de
enterite humana.
A enterite causada pelo C. jejuni nos animais está associada com fezes amolecidas
ou aquosas, acompanhadas de muco e raias de sangue. A maioria dos animais adquire o
agente quando jovem (imunidade passiva presente) em condições naturais. A doença pode
ser subclínica. A doença clínica é frequente, em animais de companhia e outras espécies,
mantidas em boas condições de higiene, tornando-as infectadas na ausência da imunidade
passiva ou adquiridas.

FATORES DE VIRULÊNCIA
Estudos experimentais, em camundongos e pintos, indicaram que C. jejuni
localizam-se nas criptas, contendo muco e parecendo colonizar o muco, sem aderência às
células epiteliais das microvilosidades. A grande motilidade e a forma espiralada facilitam
a colonização do muco. O C. jejuni é atraído quimiotaxicamente pela mucina, podendo
utilizá-la como substrato para crescimento. Experimentalmente a colonização das criptas
cecais pelo C. jejuni é diminuída ou impedida pela colonização pela E. coli, K. pneumoniae
e Citrobacter diversus que ocupam os mesmo nichos ecológicos, produzindo metabólitos
antagonistas do C. jejuni.
Cepas com habilidade de colonização do trato intestinal de pintos foram
desenvolvidas. Um dos componentes, com 69 kDa, está presente na colonização de cepas,

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mas não presentes em cepas não colonizantes, podendo estar envolvido na colonização. A
habilidade do C. jejuni em invadir as células epiteliais intestinais tem sido confirmada em
estudos em embriões de galinha, camundongos, hamster e linhagem celular de mamíferos.
Os campilos são ativamente móveis por um único flagelo polar em uma ou nas duas
extremidades da célula, parecendo que a motilidade, tem importância fundamental na
colonização. Variantes do C. jejuni, imóveis, com flagelo incompleto ou com ausência de
flagelo não conseguem colonizar ou requerem grandes quantidades de inoculo, em relação
às cepas móveis (flagelo completo). Algumas cepas de C. jejuni possuem uma transição
bidirecional chamada variação de fase, entre fenótipos flagelados e não flagelados. Quando
as variantes não flageladas são utilizadas para infectar coelhos, somente células flageladas
são recuperadas de amostras fecais. Outras cepas de campilo expressam reversivelmente
dois tipos de flagelos, podendo ser diferenciados antigenicamente por sua mobilidade
relativa (Mr), (subunidades de flagelina) na eletroforese em SDS (Sodium dodecyl Sulfate)
de poliacrilamida. O C. coli produz uma fase antigênica 1 (P1) de flagelina com 61,5 kDa e
uma fase dois (P2) de flagelina de 59,5 k Da. Coelhos infectados, experimentalmente com a
P2 eliminam predominantemente P2 durante toda infecção, enquanto que em coelhos
infectados com P1, inicialmente eliminam P1, mais tarde, (no 7º dia) eliminam,
exclusivamente P2 (Logan et al., 1989).
A variação flagelar antigênica do C. coli é acompanhado pelo rearranjo reversível
do DNA, envolvendo dois genes de flagelina (Guerry et al., 1991). Dois genes de flagelina
(flaA e flaB) estão também presentes nas cepas do C. jejuni e, organizados, de maneira
semelhante, ao C. coli (Nuijten et al., 1992).

Lipopolissacarídio (LPS)
Todas as cepas-padrão do C. coli, segundo o esquema de sorotipagem baseado nos
antígenos termoestáveis, têm o tipo liso de LPS, com alta Mr da cadeia lateral O, além de
componentes com baixa Mr. Em contrate, aproximadamente 2/3 das amostras de referência

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do C. jejuni, possuem somente componentes com baixa Mr, enquanto que 1/3, possui o tipo
liso de LPS. Uma porção do lipídio A do LPS é semelhante quimicamente e
antigenicamente aos de outras bactérias Gram negativas. Mudanças nas especificidades
antigênicas do LPS foram observadas, em 2 cepas de C. coli, após contínuos subcultivos
em laboratório e, atribuído ao rearranjo genômico (Mills et al., 1991). O LPS, de algumas
cepas do C. jejuni, possuem ácido N-acetilneuramina (AcNeu), um componente, raramente
encontrado em células procarióticas, mas comum em glicolipídios e glicoproteínas de
mamíferos. LPS que possui AcNeu pode ser pouco ou não imunogênico para o hospedeiro,
mas sua presença, pode conferir soro-resistência.

Toxinas
O C. jejuni, C. coli e C. lari produz fator citotônico, o qual é semelhante às
enterotoxinas ativadoras da adenilatociclase e, termolábeis do Vibrio cholerae (toxina
cólera, CT) e da E. coli (enterotoxina termolábil, LT) (Ruiz-Palacios et al., 1983). Tem
massa molecular entre 60-70 kDa, sendo completamente inativada, no pH 2 e 8. Há
divergências, entre as condições necessárias, para produzir inativação, pelo calor desta
toxina. A toxina produz resposta citotônica, nas células de tumor adrenal de camundongo
(Y-1) e nas células de ovário de hamster chinês (CHO), aumentando os níveis de AMP c
nas CHO e Vero, produzindo secreção fluida em ligadura de alça intestinal de coelhos e
ratos, aumentando a permeabilidade, no teste dérmico em coelhos. O nível de produção de
enterotoxinas nas cepas de campilo está, entre 20 e 2000 vezes, mais baixo do que para a
LT ou CT (Johnson & Lior, 1986).
A enterotoxina é parcialmente neutralizada, pelo anticorpo para CT ou LT e, a pre-
incubação com antissoro para CT, suspende o efeito citotônico, em cultura de tecidos e alça
intestinal de ratos. Como a subunidade B da CT e LT, as enterotoxinas se aderem ao GM1,
receptor tecidual ao gangliosídio, reage ao ELISA com GM1 na fase sólida, podendo ser
purificado por métodos baseados na afinidade aos componentes de galactose do

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gangliosídio GM1; pre-incubação com GM1 inibe a resposta citotônica, no ensaio celular
(cultivo).
C. jejuni, C. coli, e C. lari também produzem citotoxina, sensível à tripsina, e tóxica
para células de rim bovino, Vero, HeLa. A citotoxina é lábil a 70ºC, por 30 min; estável a
60ºC, por 30 min e não é neutralizada pelo antissoro para Shiga toxin (Shigella
dysenteriae), Clostridium difficile toxina ou verotoxina (E. coli). Tanto enterotoxina ou
citotoxina é produzida por estes campilos termofílicos. Alem das enterotoxinas e
citotoxinas, outra toxina termolábil, sensível à tripsina, não dialisável, chamada “Cytolethal
distending toxin” (CLDT), com massa molecular acima de 30 kDa está presente em
filtrados de cultura de muitas cepas do C. jejuni, C. coli e C. lari. Ela (CLDT) é citoletal
para células CHO, Vero, HeLa e Hep-2 e negativa em células Y-1. Ela é negativa na
ligadura de alça intestinal (íleo) de coelho adulto, camundongos lactentes e, no teste
intradérmico, em coelhos. A CLDT é neutralizada pela antitoxina produzida em coelho.
Uma quantidade de ferro utilizável pode ser importante na expressão dessas toxinas.

Imunidade do Hospedeiro e Interações


Os flagelos facilitam a aderência do C. jejuni às células epiteliais humanas (INT
407) e a ligação não é reduzida pela presença de fucose. O LPS também intermedia a
aderência do C. jejuni às células INT 407. Entretanto a ligação às células, com LPS
purificado, é reduzida na presença de fucose. O LPS se liga ao muco intestinal, mas não o
flagelo. Parece que uma proteína da membrana externa, com 27 kDa, está envolvida, na
aderência dos campilos entéricos às células epiteliais. Estes estudos sugerem que as células
do hospedeiro podem possuir receptores para vários componentes dos campilos. A
resistência à fagocitose tem sido demonstrada em cepas de C. jejuni e C. coli, podendo
contribuir na permanência do agente no hospedeiro infectado.
A vacinação experimental (camundongo) das fêmeas preveniu a colonização em
85% dos camundongos lactentes, quando desafiados com a mesma cepa; preveniu ainda a

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colonização em 57% dos camundongos quando desafiados com diferentes cepas.


Entretanto, a vacinação falhou em impedir a colonização quando foi utilizada cepa de
diferentes sorogrupos de Lior. A proteção foi associada com alta concentração de
anticorpos IgG no colostro de mães vacinadas, podendo ter sido envolvida a resposta ao
flagelo ou outros antígenos termolábeis. Não houve proteção com as cepas, possuindo os
mesmos antígenos termoestáveis do esquema de sorotipagem de Penner, mas pertencentes a
diferentes sorogrupos de Lior (Abimiku & Dolby, 1988). Estudos com outros modelos
mostraram que os animais desenvolvem resposta imune tanto sistêmica quanto local, após o
desafio com C. jejuni. Parece que a IgA persistiu mais do que IgG, sendo induzida pelo
flagelo ou outros antígenos de superfície, aparecendo ser importante no estabelecimento do
C. jejuni, no intestino.

PERSPECTIVAS
Apesar de um grande número de fatores potenciais de virulência ter sido
identificado nos campilos termofílicos, o seu papel na patogenia da doença, não está
suficientemente compreendido. Enterotoxinas não têm sido demonstradas nas amostras
isoladas do homem com diarreia e há discrepância na identificação de cepas
enterotoxigênicas. Estudos futuros serão necessários, no estabelecimento da importância
das enterotoxinas, citotoxinas, adesinas, invasinas e outros fatores importantes na biologia
destes organismos para definir a imunidade ao C. jejuni. Tais estudos estarão associados,
certamente à genética molecular dos campilos.

C. mucosalis, C. hyointestinalis
C. mucosalis e o C. hyointestinalis têm sido isolados de suínos com enterite
proliferativa, doença complexa, do intestino delgado e, ocasionalmente do ceco e colo.

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A Enterite proliferativa dos Suínos (EPS) compreende quatro enfermidades


entéricas: 1) Adenomatose intestinal, 2) Enterite necrótica, 3) Ileíte regional e 4)
Enteropatia hemorrágica proliferativa.
EPS possui distribuição mundial, causando prejuízos econômicos, especialmente em
leitões desmamados. A fase inicial é caracterizada, por hiperplasia das criptas do epitélio
intestinal, pela presença de bactérias espiraladas intracelulares estão entre os achados
patológicos mais consistentes do EPS. A microscopia eletrônica revelou que as bactérias
intracelulares não estão ligadas por membrana, permanecendo livres no citoplasma da
célula do hospedeiro.
O C. mucosalis foi, inicialmente isolado da adenomatose intestinal dos suínos; um
adenoma benigno da mucosa intestinal de leitões desmamados. Mais tarde, o organismo foi
isolado de outras condições de EPS e da cavidade oral de suínos saudáveis, onde ocorria
adenomatose intestinal.
C. hyointestinalis tem sido isolado de lesões de EPS, assim como do intestino de
bovinos hígidos e, mais recentemente, das fezes do homem com distúrbios gastrintestinais.
Tanto o C. mucosalis e o C. hyointestinalis, podem ser, consistentemente isolados, das
lesões de EPS. A tentativa de reprodução experimental, em suínos gnobióticos ou
convencional, não tem tido sucesso.
Em 1995, este grupo foi denominado pelo Comitê de Bacteriologia como
Campylobacter hyoilei. Mais tarde, em 1997, o C. hyoilei foi incluído como parte do C.
coli. Mais recentemente, esta bactéria intracelular foi denominada de Lawsonia
intracellularis, agente etiológico da ileíte suína.

C. sputorum e C. upsaliensis
Os três biovares do C. sputorum tem sido implicado nas infecções humanas e
animais. O biovar sputorum tem sido isolado da cavidade oral humana. O biovar fecalis é
considerado como não patogênico, embora experimentalmente, possa causar infecções

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entéricas em bezerros. O biovar bubulus é saprófito e, frequentemente presente no prepúcio


do touro (Garcia et al., 1983). Tanto o biovar sputorum quanto o biovar bubulus tem sido
isolados de abscessos humanos.
O C. upsaliensis causa diarreia / bacteremia, tanto em pessoas saudáveis ou
imunocomprometidas. A maioria das amostras foi isolada das fezes de crianças, com
doença diarreica autolimitante. Este organismo foi relatado, pela primeira vez, em cães,
com e sem diarreia, suspeitos de transmitirem o patógeno ao Homem. A presença de
plasmídios idênticos nas amostras de C. upsaliensis isolados de cães e do homem sugere
que essas infecções são zoonoses.

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Campylobacter fetus subsp fetus e


Campylobacter fetus subsp venerealis
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Campilobacteriose enzoótica Ovina


Campilobacteriose Genital Bovina
HISTÓRICO
Os primeiros estudos sobre as campilobacterioses animais foram realizados, no
início deste século, na Inglaterra, por McFadyean e Stockman (1909, 1913); nos Estados
Unidos, por (Smith e Taylor, 1919; Smith, 1923), e avançaram, especialmente com os
trabalhos de Plastridge (1941), na Austrália, e, prosseguindo nas décadas subsequentes,
entre os anos 40 e 70.
Os dados da pesquisa brasileira sobre a campilobacteriose tiveram início,
principalmente, no final da década de 50, com os trabalhos desenvolvidos em São Paulo.
Mais tarde, outros grupos se destacaram, especialmente nos Estados do Rio de Janeiro,
Paraná, Minas Gerais, Bahia, Goiás e Rio Grande do Sul.

INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA
A produtividade do rebanho leiteiro ou o rebanho de corte está associado a 5
variáveis principais: alimentação, manejo, genética, controle sanitário e administração. A
produção de leite e de carne exige efetivamente altos níveis de fertilidade de fêmeas e de
machos. Gameta fértil e ambiente livre de doenças são pré-requisitos para um produto
saudável. A adoção de tecnologias na área reprodutiva, a globalização dos mercados
(Mercado Econômico Europeu, Mercosul), o aumento de competitividade produtiva dos
produtos de origem animal, atrelados à crescente alta dos custos (alimentação, genética,
manejo), todos juntos, justificam a aplicação de medidas sanitárias preventivas, tomadas

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para manter e assegurar, o desempenho reprodutivo reprodutores bovinos, especialmente na


campilobacteriose bovina e ovina (Fernandes & Gomes, 1992, Gomes, 1998)

Definição
Campilobacteriose bovina é o termo genérico utilizado para designar doenças
causadas por espécies do gênero Campylobacter spp, incluindo o C. fetus subsp fetus e o C.
fetus subsp venerealis.
O C. fetus subespécie fetus tem como habitat o tubo gastrintestinal, podendo causar
abortamentos esporádicos, em bovinos. Entretanto, uma cepa intermediária, desta
subespécie, pode causar infertilidade e persistência, no trato genital de novilhas,
experimentalmente inoculadas, conforme Maclaren & Agumbah (1988). No homem, o C.
fetus subsp fetus pode causar infecções intestinais e sistêmicas.
A ocorrência de infecções, no homem, pelo C. fetus subsp fetus, é rara e até,
recentemente não havia sido registrada.
Em 1987, na Suécia, foi relatado o isolamento de amostras semelhantes ao C. fetus
subsp venerealis por Holst e colaboradores. Na Austrália, foi relatado em homossexuais
com diarreia. As amostras suecas foram confirmadas como C. fetus subsp venerealis,
através de testes bioquímicos e experimentais realizados em novilhas.
As duas subespécies do C. fetus são geneticamente muito semelhantes, embora, com
manifestações clínicas, bem distintas. A subespécie venerealis e seu biovar intermedius são
responsáveis pela campilobacteriose genital bovina (CGB), caracterizada por infertilidade e
abortamentos. Estas duas subespécies desenvolveram uma relação parasitária com o trato
reprodutor bovino. O biovar intermedius pode ocorrer no trato intestinal.
Recentemente, a análise sequencial da região hipervariável do 16S rRNA das duas
subespécies, indicaram uma homologia de 99,9% e, somente uma única base diferente entre
1400 bases sequenciadas. Há relatos ocasionais em que o C. fetus subsp fetus foi isolado e

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associado com infertilidade bovina, colocando em questão, a confiança dos testes atuais,
especialmente os testes de tolerância à glicina e apresentação doença.

LOCALIZAÇÃO
O C. fetus subsp venerealis e o seu biótipo intermedius são os agentes responsáveis
pela campilobacteriose genital bovina (CGB); doença venérea, exclusivamente dos
bovinos, relacionada com infecção assintomática, no touro e, inflamação aguda ou crônica
do aparelho genital feminino.
O habitat natural deste organismo é o trato reprodutor bovino, não se multiplicando
no trato intestinal. Cepas intermediárias pertencentes ao biótipo intermedius podem causar
a mesma infecção tanto do trato reprodutor quanto do trato intestinal, conforme Elazhary
(1968). No touro, o agente está confinado à mucosa da glande peniana, prepúcio e porção
distal da uretra. Em novilhas e vacas, os locais de infecção são: lúmen vaginal, cérvice,
útero e oviduto.

IMPACTO ECONÔMICO
O impacto econômico está direta e indiretamente associado à doença na fêmea, e
infecção assintomática, no macho portador.
As fêmeas apresentam uma taxa de concepção mais tardia, ciclos estrais irregulares,
aumento no número de coberturas por concepção; diminuição no número de terneiros;
mortes embrionárias; abortos; diminuição na produção de leite e carne. Indiretamente,
temos despesas com serviços veterinários, medicamentos e na reposição precoce de animais
improdutivos.
Nos machos, os prejuízos com a CGB estão associados, principalmente pelo fator de
risco que provocam frente à população de fêmeas, sexualmente maturas e produtivas.
Somam-se ainda os custos na identificação do agente, no tratamento com antimicrobianos e
no descarte de touros, geneticamente superiores e nos custos com a reposição dos machos.

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Os prejuízos econômicos causados pela CGB foram objetos de importantes trabalhos na


Europa, Estados Unidos e Austrália. No Brasil, esses dados raros e podem ser examinados
no trabalho de Leite (1977).
Leite em 1977, em Minas Gerais, trabalhou com 10 rebanhos leiteiros, distribuídos
em nove municípios, avaliando o custo / benefício da vacinação contra a CGB. Nesse
estudo, o cálculo total de perdas relativas a um dos rebanhos foi de C$ 2.128,02 por vaca e,
retorno de C$ 47,68 por cruzeiro investido, no controle e prevenção da doença. Em outros
dois rebanhos em que só foi computado, o prejuízo na produção leiteira, o cálculo das
perdas, foi estimado em C$ 499,92 e C$ 823,70 e, retorno de C$ 11,09 e C$ 18,30,
respectivamente. Confirmando, o retorno no investimento realizado, através da vacinação
contra a CGB.

EPIDEMIOLOGIA
A CGB é, sem dúvida, causa de infertilidade de bovinos, especialmente onde não há
plano sanitário ou ele é negligenciado.
Em países, como o nosso, a CGB é uma das principais causas de problemas
reprodutivos. Na Argentina, Villar & Spina (1982), em um estudo de 15 anos
compreendendo os anos de 1966 a 1981, detectaram a prevalência da infecção em 22%,
onde foram testados 11.300 touros, através da técnica de imunofluorescência. Akhtar et al.
(1990), nos Estados Unidos, em estudo, compreendendo 400 fêmeas detectaram uma
prevalência de 47% para o C. fetus, através da sorologia pela técnica de ELISA.
Os primeiros estudos sobre a CGB foram direcionados para o isolamento e
identificação do agente, o qual comprometia seriamente a fertilidade de bovinos leiteiros.
Atualmente, o problema direcionou-se, especialmente para a pecuária de corte pelas
dificuldades na aplicação de técnicas eficazes, na identificação, cultivo e produção de
imunobiológicos que possam ser aplicados no combate da doença ou infecção.

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Os dados obtidos da pesquisa nacional sobre a CGB estão concentrados, após a


metade do século 20, principalmente, nas décadas de 60 e 70. Atualmente, poucos são os
trabalhos que estudam a presença desta doença ou analisam a evolução da enfermidade, no
nosso país, existindo, segundo Pitombo (1993), pouca divulgação do problema; os dados
estão desatualizados e, frequentemente sofrem descontinuidade.

HISTÓRICO NO BRASIL
Em 1956, D'Apice, em SP, isolou pela primeira vez, o C. fetus do abomaso de um
feto bovino abortado.
Em 1963, Pestana de Castro e colaboradores, isolaram o agente da CGB de um
touro e de um feto bovino abortado.
Em 1967, Pestana de Castro e colaboradores, isolaram novas amostras do C. fetus e
testaram amostras de muco vaginal, através do teste de muco aglutinação, estimando em
8%, o percentual de amostras reagentes.
Em 1971, Pestana de Castro e colaboradores detectaram aglutininas contra o C.
fetus, no muco vaginal de bovinos, no Estado de São Paulo, Minas Gerais e Paraná,
detectando reagentes em 14,4% das 1.068 amostras testadas.
Em 1971, Giorgi e colaboradores, tipificaram 10 amostras isoladas de bovinos,
utilizando testes bioquímicos clássicos na diferenciação entre as variedades: intestinais,
venerealis e a intermedius, do gênero Campylobacter spp. Das 10 amostras tipificadas,
cinco amostras foram consideradas variante intermediária (subsp intermedius); três cepas
foram consideradas como a variante intestinais (subsp fetus) e duas foram típicas da
variedade venerealis (subsp venerealis). Os autores encontraram dificuldade em classificar
as amostras isoladas do trato genital, considerando não existir diferenças significativas
entre estas amostras e os sinais clínicos.
Em 1978, No Rio de Janeiro, Auvanir Ramos e Hélio Gustavo Guida, testaram
4.092 amostras de muco vaginal, através da mucoaglutinação de fêmeas provenientes de

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251 propriedades rurais, distribuídas em 39 municípios. Estimaram sua infecção em


aproximadamente 13% com reações positivas com ponto de corte igual ou superior a 1:100.
Medeiros e Figueiredo, Cohn e Costa estudaram o comportamento desta
enfermidade respectivamente em Minas Gerais em 1971; no Rio de Janeiro em 1976 e na
Bahia em1976.
Em 1983, Auvanir Ramos e colaboradores publicaram o isolamento e identificação
de 14 amostras de C. fetus, a partir de amostras de lavado prepucial, esmegma, sêmen,
muco vaginal e fluido do abomaso de fetos abortados, de bovinos com problemas
reprodutivos. Das 14 amostras isoladas e identificadas; 13 foram caracterizadas como C.
fetus subsp fetus (atualmente subsp venerealis) e apenas uma foi classificada como C. fetus
subsp intestinais (atualmente subsp fetus).
Em 1960, no Rio Grande do Sul, Mies Filho, utilizando o teste de mucoaglutinação
estimou a prevalência da CGB em 27%, dentre as 311 amostras de fêmeas pertencentes a
22 rebanhos leiteiros, provenientes de nove municípios do estado.
Em 1963, Mies Filho evidenciou os sinais clínicos da enfermidade aguda num
rebanho leiteiro, no município de São Leopoldo. Das 36 fêmeas examinadas, somente 12
estavam fecundadas. As fêmeas infectadas apresentaram um quadro de cervicite e vaginite
não purulenta. As fêmeas infectadas e não fecundadas, evidenciaram um intervalo médio
entre cios de 35 dias; uma média de 6,8 inseminações por animal. A queda na produção de
terneiros foi de 50%, em relação, ao ano anterior. O teste de mucoaglutinação detectou 83,3
% reagentes dentre as 24 fêmeas.
Em 1975, no Rio Grande do Sul S, Joaquim Fernandes e colaboradores, isolaram e
identificaram o C. fetus subsp venerealis em dois touros de uma propriedade com CGB. As
amostras foram tipificadas, conforme os critérios utilizados a época em Weybridge. As
amostras foram testadas pela imunofluorescência, frente aos sorotipos conjugados A, B e C.
As duas amostras brasileiras foram classificadas como A.

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Em 1986, em Goiás, Andrade e colaboradores estimaram em 22,37% a prevalência


da CGB, através da técnica de mucoaglutinação. Foram testadas 1.685 amostras bovinas
provenientes de 72 rebanhos leiteiros situados em 21 municípios do estado.
Em 1986, em São Paulo, Genovez e colaboradores, testaram 46 touros: 26
provenientes da região do Vale do Paraíba e 20 reprodutores machos da região Centro-
Leste do Estado, identificando o agente da CGB em 11 (23,9%) dos reprodutores bovinos
testados.
Em 1998, no MS, Pellegrini e colaboradores, testando amostras de esmegma de 132
touros, detectaram 74 (56 %) animais infectados, através da técnica de imunofluorescência
direta.
Em 2001, no RS, Agueda Vargas e colaboradores, em 2001, reproduziram a
infecção natural de reprodutores bovinos e demonstraram que as amostras do C. fetus subsp
venerealis expressaram padrões diferenciados de proteínas de superfície, sendo a proteína
de 100 kDa a mais prevalente.

SUSCEPTIBILIDADE E TRANSMISSÃO
Fêmeas não expostas à infecção são suscetíveis, mas as novilhas imaturas são
refratárias. Os machos são suscetíveis, parecendo que alguns, possuem um grau
diferenciado de suscetibilidade. A infecção pelo C. fetus subsp venerealis é geralmente
venérea. Desse modo, a infecção pode propagar-se, tanto da vaca infectada para o touro
suscetível, quanto do touro infectado para a vaca suscetível. O touro infectado possui maior
importância, especialmente pela forma de transmissão da enfermidade. A utilização de
touros infectados, pelo sistema de empréstimo entre as pequenas propriedades rurais
representa um risco à difusão da doença. A infecção pode propaga-se, através da
inseminação artificial, tanto com o sêmen infectado refrigerado quanto pelo sêmen
infectado e congelado. A transmissão de fêmea para fêmeas é rara, entretanto entre machos,
ela é mais bem mais frequente, especialmente quando criados em grandes lotes onde os

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animais podem apresentar sodomia. A infecção pode ocorrer nos centros de I.A., pela
manipulação incorreta de material contaminado. O touro infectado pelo C. fetus subsp
venerealis, permanece infectado por um longo período de tempo, muito embora seja
possível, às vezes, ocorrer o restabelecimento espontâneo.
A transmissão pelo touro infectado pode alcançar 100% das fêmeas servidas. A
infecção no trato feminino pode causar lesões que vão desde uma inflamação catarral leve,
até abortamentos. A infertilidade está associada à repetição de cios (superiores a 20 - 21
dias), especialmente em novilhas e abortamentos (10%) nas vacas infectadas.
No começo da doença podem ocorrer casos de vaginite catarral. Alguns animais
prenhes podem abortar especialmente as primíparas. Abortamentos, geralmente ocorrem
durante o 5º e 6º mês de gestação. Outros sinais podem incluir: endometrites, salpingites e
aumento dos ciclos estrais (acima de um mês). As fêmeas (novilhas e vacas) doentes,
geralmente não permanecem inférteis, retornando a vida reprodutiva normal em 180 dias (6
meses). Algumas vezes, o campilo pode sobreviver, na cérvice e fundo de saco vaginal,
durante todo o período de gestação e, infectar, touros susceptíveis, no período de monta
subsequente.
Os touros infectados são assintomáticos, existindo uma ocorrência maior, de touros
portadores com mais de 5 anos. O aumento e profundidade das criptas epiteliais do pênis
favorecem as condições de persistência do C. fetus subsp venerealis.
O C. fetus subsp fetus causa aborto esporádico, em bovinos e aborto epizoótico em
ovinos, alem de infecções entéricas e sistêmicas no homem. A infecção pode ser adquirida
pela ingestão de material contaminado. Durante a gestação pode ocorrer uma bacteremia
em que o organismo se difunde do intestino para o fígado e, deste, para o útero, placenta e
feto; raramente encontrado no útero não grávido. O organismo se localiza nos placentomas,
induzindo placentite necrótica e aborto, geralmente entre os dias 100º - 150º de gestação.
Nos ovinos, o abortamento, geralmente acontece à época dos partos.

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FATORES DE VIRULÊNCIA
Proteínas de superfície (Camada S ou “S layer” )
As amostras de “campo” do C. fetus possuem subunidades proteicas, em arranjos
regulares, como componente externo de seus envelopes celulares. A localização superficial
dessas proteínas sugere fortemente que esta camada tem papel importante, nas interações
entre agente-hospedeiro. A camada S representa menos de 10% do total das proteínas
celulares, podendo ocorrer como formas múltiplas e de peso molecular entre 90 a 149 kDa.
Estas proteínas cristalinas são autoarranjáveis, podendo assumir padrões hexagonais,
tetragonais ou padrões oblíquos. Estas formas específicas podem estar relacionadas ao
tamanho molecular e antigenicidade.
Determinantes compartilhados podem estar presentes entre diferentes formas,
sugerindo que essas cepas de C. fetus produzem uma família de proteínas de Camada S “S-
layer”, com características estruturais e antigênicas comuns. Formas múltiplas de proteína
S podem ser expressas, por uma única célula com uma forma predominante. Inicialmente,
relatada com microcápsula de glicoproteina e, posteriormente como proteínas hidrofóbicas
e, altamente ácidas com uma sequencia terminal de aminoácidos único para a espécie.
Alem do mais, não há evidências que confirmam a glicosilação ou presença de açúcares na
camada S, do C. fetus. A ligação não covalente da camada S aos componentes da
membrana externa subjacente facilita a extração de proteínas em estado quase puro. Isto
implica que as proteínas da camada S podem ser facilmente perdidas ou rearranjadas aos
componentes celulares específicos.
Em 1992, Yang e colaboradores demonstraram que a ligação da camada S envolve a
metade da ligação N terminal à cadeia O do LPS que é sorotipo específico. Esta ligação é
mediada por cátions bivalentes tais como Ca++ que age como uma ponte, entre os grupos
carregados negativamente, das cadeias laterais do LPS, produzindo um dímero e
alinhamento da cadeia lateral em orientação própria e necessária a ligação à proteína da
Camada S.

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Pouco é conhecido sobre os mecanismos regulatórios genéticos, envolvendo a


capacidade do C. fetus em produzir múltiplas formas de Camada S, assim como o
mecanismo de iniciação e suspensão na sua produção. Laser e Gotschlich (1990), clonaram
o gene estrutural de 98kDa da Camada S, utilizando o bacteriófago Gt 11, como vetor. O
clone continha uma inserção com abertura freio codificando um polipeptídio com 933aa
que se aproxima muito da massa molecular da proteína da Camada S purificada. Um sítio
de ligação ribossomal e a sequencia de terminação da transcrição têm sido também
identificados. Uma observação significativa indicou que as proteínas da Camada S eram
exportadas sem uma sequencia líder (um único segmento de nucleotídeos não traduzido,
precedendo a iniciação do códon do mRNA). Entretanto, um segmento interno curto
mostrou homologia a sequencia líder das proteínas fimbriais de várias bactérias, sendo
interpretado como função alvo da Camada S para a superfície celular. Além disso, outra
sequencia interna foi descoberta como correspondendo a sequencia de sinais para proteínas
exportadoras em outras espécies.
A Habilidade de muitos patógenos, em produzir componentes de superfície, com
diferentes especificidades antigênicas, interferindo na relação agente hospedeiro,
possibilitando um mecanismo contrário e alternativo contra a resposta imune do
hospedeiro.
Em 1975, McCoy e colaboradores foram os primeiros, a sugerir a importância da
Camada S como fator de virulência, mostrando que, sua presença conferia propriedades
antifagocíticas. Estudos “in vitro” realizados com camundongos demonstraram que a
Camada S era o principal fator responsável pela habilidade do C. fetus em causar infecções
intestinais e extraintestinais. A presença da Camada S do C. fetus inibiu a ligação do C3b
(hospedeiro) do Complemento, evitando a formação de convertase C5, eficientemente. A
ligação C3 imperfeita, mesmo na presença de soro imune, sugere que o anticorpo
direcionado aos locais da superfície celular, não é importante para a resistência da cepa de
C. fetus encapsulada.

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Embora, os estudos da Camada S tenham sido baseados, principalmente em cepas


de C. fetus subsp fetus, eles podem ter associação com a patogenia da CGB. Estudos mais
recentes indicam que cepas do C. fetus subsp venerealis produz, variações antigênicas da
Camada S, nos animais infectados. A variação, na forma predominante da Camada S, pode
explicar, as variações antigênicas observadas, em bovinos infectados pelo C. fetus. O
mecanismo subjacente, pelo qual o C. fetus pode alterar, o produto do gene, durante o curso
da infecção, está longe de ser clareado.

Lipopolissacarídio (LPS)
O aborto provocado pelo campilos pode ser admitido como uma resposta alérgica às
endotoxinas termoestáveis. Choque anafilático tem sido demonstrado, quando animais são
inoculados, com amostras de C. fetus subsp venerealis, recentemente isoladas ou inativadas
pelo calor (fervidas).
A estrutura do LPS possui determinante antigênico comum, entretanto há
diferenças, entre as especificidades antigênicas da cadeia lateral O do LPS, sendo a base
para a sorotipagem (Perez-Perez et al. 1986).

PATOGENIA E SINAIS CLÍNICOS


O C. fetus subsp venerealis é um parasita obrigatório do aparelho genital bovino. A
introdução da enfermidade em um rebanho suscetível é seguida de um período de
infertilidade em todas as fêmeas suscetíveis por um período de aproximadamente 120 dias.
Em rebanhos cronicamente infectados são observados sinais de infertilidade nos
animais recentemente introduzidos e suscetíveis.
O agente localiza-se na porção anterior da vagina e cérvice durante a fase
ovulatória, mas não invade. Posteriormente, há invasão na fase progestacional do útero e
oviduto. Inicialmente há o desenvolvimento de moderada endometrite e salpingite que pode

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durar semanas a poucos meses. O animal permanece infértil durante este período, tanto pela
falha na implantação ou por causa do aborto precoce. Em raras ocasiões a gestação pode
continuar até 5-7 meses antes de a lesão placentária causar a morte fetal e expulsão
(aborto).
O agente na infecção natural, geralmente é introduzido no trato genital feminino,
durante a fase ovulatória do ciclo estral, quando neutrófilos estão abundantemente
presentes, nas secreções. Os campilos que escapam da fagocitose são capazes de
multiplicar-se e invadir o útero, durante a fase lutea, quando a resposta de neutrófilos é
menor. Este fato, permite a produção de anticorpos IgG no útero e, IgA na vagina.
A IgG possui atividade opsonizante na fagocitose do agente pelos neutrófilos e
células mononucleares, mas não mediada pelo complemento.
A IgA (que não é muito opsonizante) imobiliza o microrganismo nas superfícies
cérvico-vaginais, limitando sua entrada no útero e mucosas. Deste modo, facilitando o
controle do C. fetus, especialmente no estro, ou, permitindo o estado de portador
assintomático.
As imunoglobulinas contra o C. fetus, nos touros portadores, estão em baixos níveis,
provavelmente pela localização superficial do agente no prepúcio e o pequeníssimo
estímulo ao sistema imune do hospedeiro ou ainda pelo tratamento com antimicrobianos e
vacinação.
A vacinação de novilhas está recomendada em propriedades onde a prevalência da
CGB é alta, existindo boa correlação entre os títulos de anticorpos sorológicos e a proteção
contra a CGB.
As alterações fisiológicas nos animais infectados são geralmente discretas ou
inexistentes, permitindo que a infecção possa estar presente numa propriedade ou região,
por meses ou mesmo anos, antes de ser reconhecida ou detectada.
O C. fetus subsp venerealis é transmitido pelo macho à fêmea, geralmente pela
monta natural ou monta orientada.

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A doença na novilha é uma infecção aguda do trato genital feminino e caracterizado


por uma endometrite leve. O microrganismo localiza-se na parte anterior da vagina; invade
o útero e oviduto, produzindo endometrite e salpingite moderada. A infecção nas vacas
pode ser aguda, mas nas novilhas ela é aguda, tornando-se gradativamente crônica.
Geralmente a infertilidade (parcial) está associada com a fase aguda, e o aborto associado à
fase crônica, embora o aborto possa ocorrer, na fase aguda. A passagem da fase aguda para
a crônica pode estar relacionada com a aquisição de resistência à infecção.
O exame vaginal inicialmente revela uma vaginite catarral com secreção mucosa
abundante, podendo durar 3 a 4 meses. O muco é geralmente claro, mas pode ser
ligeiramente turvo ou, em casos excepcionais, purulentos. A mucosa vaginal, às vezes, está
avermelhada, principalmente na região do corpo uterino, que é característico de cervicite
catarral. Ao mesmo tempo, acontece o processo de endometrite que nem sempre, pode ser
detectado clinicamente.
A introdução da CGB em uma propriedade pode está associada a diversos e
variados índices de fertilidade. Aproximadamente 15 a 45% das vacas tornam-se
fecundadas, na primeira cobertura. O repasse de coberturas é realizado nos animais com
retorno tardio ao cio e, deste modo, difundindo a infecção aos touros susceptíveis. Na
maioria dos casos, ocorre aborto com placentite, entre o 4º e o 7º mês de gestação.
O organismo pode persistir no fundo de saco vaginal por longos períodos,
semelhantemente ao comportamento deste agente, no touro, mas com menor duração. A
maioria das fêmeas infectadas recupera-se espontaneamente após 3 a 6 ciclos estrais ou
pelo descanso sexual de 120 a 180 dias, desde que não reinfectadas.
No macho, o Campylobacter fetus subsp venerealis se localiza na cavidade
prepucial, principalmente nas criptas e porção distal da uretra. Não se observam alterações
clínicas nos animais portadores. A qualidade do sêmen não é comprometida. Touros jovens
infectados adquirem a infecção, por pouco tempo, recuperando-se em poucas semanas ou
meses, espontaneamente desde que o agente não seja reintroduzido no prepúcio. Touros

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com idade superior a cinco anos, geralmente permanecem, cronicamente infectados, mesmo
quando tratados. O touro parece não desenvolver imunidade permanente, nem de longa
duração. A infecção tende a se cronificar, à medida que o touro torna-se mais velho, pela
associação entre número, tamanho das criptas prepuciais e a idade.

DIAGNÓSTICO
No laboratório
Na CGB o isolamento do C. fetus continua sendo o “gold standard” e o
procedimento mais indicado no diagnóstico. Podemos utilizar ainda, na ausência de
isolamento bacteriano, outros testes por meio de reações imunológicas, especialmente
muco-aglutinação ou pelo teste de ELISA no lavado prepucial e muco vaginal, utilizando
anticorpo monoclonal ao LPS do C. fetus pela IF, ELISA e PCR.

Inoculação das amostras e isolamento do C. fetus


Amostras de esmegma, placenta, secreção vaginal, tecido fetal são colhidas; diluída
em salina estéril e inoculadas em meio de Clark e Dufty (1978). O meio de transporte e
enriquecimento de Clark e Dufty (1978) ou meio de Lander ou Weybridge são produzidos
pelo Laboratório de Bacteriologia da FAVET-UFRGS.

Meio de Clark e Dufty


O meio de Clark e Dufty é composto, basicamente de soro bovino (estéril) e
antimicrobianos (300 g / mL de 5-fluoruracila, 100 UI / mL de sulfato de polimixina B, 50
g / mL de verde brilhante, 3 g / mL de ácido nalidíxico e 100 g / mL de
ciclohexamida).
Amostras de materiais clínicos são diluídas em solução fisiológica; sedimentar por
15-20 minutos. Após esse tempo, um mL do sobrenadante é retirado e, inoculado no meio
de transporte. A amostra é misturada e os frascos transportados ao laboratório na

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temperatura de 18-37ºC (não refrigerar). No Laboratório, os frascos são incubados a 37ºC


por quatro dias. Então 2-3 mL de salina fisiológica é misturada vigorosamente a cada
amostra e todo o fluido removido para um tubo estéril. O fluido deve ser examinado para a
presença de C. fetus, através do exame direto ou imunofluorescência. Para o isolamento em
cultivo, o fluido deve ser filtrado em membrana do tipo Millipore ( 0,65) e / ou
inoculado, diretamente em placas de agar sangue (Mueller-Hinton, Brucella agar, Albimi
agar ou Tryptose agar).
Recentemente, nosso laboratório vem utilizando meios mais complexos, no
isolamento e identificação de C. fetus. O meio de Weybridge é um bom exemplo. O meio
foi desenvolvido por Lander, em 1990.

Meio de Lander ou Weybridge


O meio de Lander ou Weybridge é composto de:
Caldo Mueller-Hinton
Carvão bacteriológico (5 g);
Sangue hemolisado de equino (70 mL);
Antimicrobianos: Vancomicina (40g / mL);
Trimetoprima (20g / mL),
5-fluoruracila (500g / mL),
Ciclohexamida (100g / mL),
Polimixina B 10 UI / mL).
As amostras inoculadas, nesses meios (seletivos), devem ser colocadas em estufa
bacteriológica à 30º C, permanecendo lá, durante 5-10 dias. Após esse período, as amostras,
serão diluídas em salina; centrifugadas a 1.000 X G, durante 10-15 minutos; filtradas em
membrana do tipo Millipore ( 0,65m); semeadas em Mueller-Hinton agar, com adição
de 10% de sangue ovino. As placas são incubadas a 30º C, em ambiente de microaerofilia
(10% de CO2; 5% de O2 e 85% de N2), durante sete dias.
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Exame direto
O exame direto (conteúdo do abomaso, muco e fluidos amnióticos) pode ser
realizado por três caminhos: o exame microscópico direto, imunofluorescência e / ou
cultivo. Estes procedimentos devem ser realizados, concomitantemente, auxiliando o
laboratorista ou pesquisador, no diagnóstico presuntivo da doença. Uma gota do fluido
recém-colhido é colocada, entre lâmina e lamínula, e, examinada (aumento de 400 X) em
microscópio de contraste de fase ou campo escuro.
A presença de bactérias com grande motilidade e, em especial, com movimento de
saca-rolhas é indicativa do gênero Campylobacter.

Identificação bacteriana
As colônias com 1-3 mm de diâmetro; lisas, redondas, inteiras, elevadas,
translúcidas, butirosas e não hemolíticas são suspeitas, devendo ser submetidas às provas
tintoriais, através da coloração de Gram.

Motilidade
A motilidade pode ser checada, através da coloração de Bryner e Frank (1955)
conforme composição abaixo.

Coloração de Bryner e Frank:


Cristal Violeta 0,1 g; Azul de Metileno 0,5 g;
Oxalato de Amônio 0,2 g; Álcool Etílico 95% 5 mL;
H2O Destilada 120 mL.

Procedimento:

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Dissolver os corantes no álcool 95% e na água destilada e posteriormente, adicionar


187 mL de solução salina estéril.

Uso: Colocar uma gota do corante a colônia de campilo misturar bem e olhar em entre
lâmina/lamínula em imersão (campo escuro ou contraste de fase).
As bactérias móveis, Gram negativas, com forma de "S" ou de vírgula; com 0,3 m
de diâmetro e 2-10 m de comprimento devem ser identificados, conforme as
características culturais, bioquímicas e imunológicas, contidas no Manual Bergey, 1984;
Carter & Cole, 1990; On et al.,1998). Entretanto, a identificação mais precisa e completa do
agente envolve análises fenotípicas (bioquímico, tolerância, etc.) e as análises genotípicas
(hibridização DNA-DNA, amplificação pelo PCR, sequenciamento e análise do 16S
rDNA).

Prova da Hidrólise do Hipurato


Objetivo: A utilização da enzima hipurato hidrolase de bactérias ao substrato hipurato de
sódio resultando em ácido benzoico e glicina. Sua utilidade é importante para os gêneros
Campylobacter spp, Actinobacillus spp e Streptococcus ssp
Composição:
Hipurato de sódio 10 g
Caldo Simples 1L
Uso:Inocular o microrganismo em caldo hipurato e incubar 4 dias. É prudente inocular um
tubo controle. 1 mL do tubo controle é inoculada quantidades crescentes (o,2;0,3;0,4 e 0,5)
mL de cloreto férrico,agitando atá que apareça coloração clara ao meio que é a quantidade
minima que deve ser adicionada ao caldo inoculado. A hidrólise do hipurato para benzoato
é obtida pela adição de cloreto ferrico

Prova da Hidrólise do acetato de Indoxil (Mills & Gherna, 1987)

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Objetivo:
Adicionar 50 µL de uma solução de 10% de acetato de indoxil em acetona a um
disco de papel absorvente com 6 mm de diâmetro e deixe secar ao ar

Uso: Aplicar colônias de Campylobacter diretamente ao(s) disco (s) e logo em seguida
coloque gota de água destilada estéril sobre o disco.
O aparecimento de cor verde-azulada em 5-10 minutos indica um resultado positivo.
Nota: Os discos secos são estáveis por pelo menos 12 meses se estocados a 4 °C em
garrafa com vidro escuro com silica gel.
Controle positivo: - Campylobacter jejuni
Controle negativo: - Campylobacter fetus

Identificação bacteriana e Motilidade


As colônias com 1-3 mm de diâmetro; lisas, redondas, inteiras, elevadas,
translúcidas, butirosas e não hemolíticas são suspeitas, devendo ser submetidas às provas
tintoriais, através da coloração de Gram.
A motilidade pode ser checada, através da coloração de Bryner e Frank (1955)
conforme composição abaixo.

Coloração de Bryner e Frank:


Cristal Violeta 0,1 g; Azul de Metileno 0,5 g; Oxalato de Amônio 0,2 g; Álcool Etílico 95%
5 mL; H2O Destilada 120 mL.
Dissolver os corantes no álcool 95% e na água destilada e posteriormente, adicionar 187
mL de solução salina estéril. Uso Colocar uma gota do corante a colônia de campilo
misturar bem e olhar em entre lâmina/lamínula em imersão (campo escuro ou contraste de
fase).

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As bactérias móveis, Gram negativas, com forma de "S" ou de vírgula; com 0,3 m
de diâmetro e 2-10 m de comprimento devem ser identificados, conforme as
características culturais, bioquímicas e imunológicas, contidas no Manual Bergey, 1984;
Carter & Cole, 1990; On et al.,1998). Entretanto, a identificação mais precisa e completa do
agente envolve análises fenotípicas (bioquímico, tolerância, etc.) e as análises genotípicas
(hibridização DNA-DNA, amplificação pelo PCR, sequenciamento e análise do 16S
rDNA).

CONTROLE E PREVENÇÃO
Inúmeras medidas que podem ser aplicadas no controle da CGB. Estas medidas
podem incluir:
1) O tratamento dos touros infectados;
2) O tratamento do sêmen contaminado;
3) Tratamento das vacas com antimicrobianos;
4) A separação de rebanhos infectados e não infectados;
5) O uso da IA;
6) O uso de touros livres da infecção e
7) Imunização com bacterina.
A maioria dessas medidas, exceto a vacinação, não são práticas, são caras e não
podem ser aplicadas às populações de bovinos de quase todo mundo e, especialmente na
nossa região ou mesmo no nosso país.
A vacinação de bovinos é o método mais prático e rápido, no controle da CGB. O
controle da CGB, no passado, foi direcionado para a produção de imunidade através da
inoculação de C. fetus vivos ou bacterinas, as quais não obtiveram sucesso, ou ele foi
pequeno.
A vacinação de fêmeas com bacterina teve início na década de 50, com o trabalho
pioneiro, de Amell & Stockton, em 1956, e, citado, por Leite (1977). Hoerlein & Kramer,

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em 1963, estudaram a proteção contra a CGB, em novilhas, experimentalmente infectada.


As fêmeas foram inoculadas, com amostra viva de C. fetus, de origem bovina e ovina, antes
da estação de monta, e, posteriormente, submetidas à prova de desafio com C. fetus de
origem bovina. O grupo tratado obteve uma taxa de prenhez igual a 78%, necessitando de
3,5 montas por prenhez. O grupo controle obteve uma taxa de prenhez de 14% e,
necessitando de 27,0 acasalamentos por prenhez. A proteção obtida, experimentalmente foi
de 19 semanas. Em 1964, Hoerlein & Kramer, na Universidade do Colorado, relatou altas
taxas de concepção em novilhas inoculadas com bacterinas em adjuvante oleoso ou com
organismos vivos. A taxa de prenhez alcançou 80-100% nos animais vacinados e 10% nos
animais controle. O trabalho cooperativo entre a Universidade do Colorado e os
Laboratórios Norden foi iniciado em 1964, possibilitando o desenvolvimento de uma
bacterina comercial. Beckenhauer (1966) estudou o comportamento de uma vacina
comercial, a duração da imunidade e a eficácia do produto no campo. Relataram bons
resultados, utilizando bacterinas com adjuvante, em experimentos de campo, no Colorado,
Nebrasca e Wyoming. Considerou que a desempenho reprodutivo poderia ser, o critério
preferido, na avaliação da eficácia da vacina. Firehamer & Berg (1966), em Montana,
utilizaram uma bacterina com 3 diferentes amostras do C. fetus subsp. venerealis, na
imunização de novilhas, antes da época de reprodução, numa propriedade infectada. A taxa
de concepção das fêmeas imunizadas foi de 91,5%, dentre 353 animais. Contrariamente, a
taxa de concepção foi de 45,5% entre 407 animais do grupo controle. Newhall (1966)
comparou a eficácia da vacina com três amostras de C. fetus subsp venerealis. O resultado
em 7 propriedades, sob condições controladas, foi prenhez de 91,5% dentre 353 bovinos
vacinados com duas aplicações; dos 407 animais em que foi dado placebo, 45,5%
tornaram-se prenhes e dos 155 animais controle, 44,5% tornaram-se prenhes. As taxas de
concepção nas propriedades não expostas variaram de 85,9% a 96,4%. Enquanto que, nas
propriedades expostas (controles) variaram de 27,5% a 72,3%. A eficácia desta vacina
variou de 80,4% a 91,2%. Quando foi comparada a eficácia entre uma única aplicação da

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vacina com a aplicação dupla, os resultados evidenciaram que das 42 novilhas vacinadas
com uma aplicação, 73,8% tornaram-se prenhes, enquanto que das 36 novilhas vacinadas
com duas aplicações, 91,6% tornaram-se prenhes. A eficácia de uma aplicação foi de 54,9
% enquanto que a eficácia de duas aplicações foi de 85,6%.
O tempo transcorrido, entre as vacinações e o início da época reprodutiva, também é
importante. Berg & Firehammer (1978), observaram que as fêmeas imunizadas e agredidas,
após 10 semanas da revacinação, possuíam uma taxa de concepção de 54%, enquanto que
os animais desafiados após 10 dias da revacinação possuíam uma taxa de concepção média
de 92%. A imunização com bacterina, com um ou dois intervalos, produz um bom nível de
imunidade em novilhas virgens, mesmo quando servidas, por touros infectados. A
vacinação de novilhas, 10 a 14 dias antes da época de reprodução é recomendada. A
imunidade vacinal ou adquirida decresce entre 1 a 4 anos pós-vacinação ou pós-exposição.
Há, portanto indicação na vacinação anual de todas as fêmeas, especialmente, durante o
período de 30 a 120 dias, antes do início do período de monta, em propriedades infectadas.
No Brasil, o uso de bacterinas no combate da CGB, segundo Pitombo (1993) foi,
pioneiramente realizado, por Leite (1977), em Minas Gerais; Gomes (1984), no Rio Grande
do Sul, e, por Ramos et al. (1986), no Rio de Janeiro. Esses autores produziram bacterinas,
utilizando culturas autóctones de Campylobacter fetus subsp venerealis e seu subtipo
intermedius e o C. fetus subsp fetus, em adjuvante oleoso. Estes trabalhos são os primeiros
relatos brasileiros, objetivando o controle da doença através de imunobiológicos.
Leite (1977) produziu uma bacterina oleosa composta de três amostras de C. fetus.
Das três amostras, 2 eram do tipo A biótipo 1 (C. fetus subsp venerealis) e a outra era do
Tipo A biótipo 2 (C. fetus subsp intermedius). A eficiência da vacina foi testada,
comparando os seus resultados com uma vacina comercial aplicada em dois rebanhos,
comprovadamente positiva. A eficiência das bacterinas oleosas foi avaliada pela
diminuição no número de repetições de cio. Antes da aplicação da vacina, houve 136
repetições de cio, na propriedade A e, 47 na B. Após, a primeira vacinação, houve uma

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diminuição no número repetições de cios em 74,3%, na A (experimental) e 72,4% na B


(comercial). Após a segunda vacinação, houve uma diminuição de 97,2% na propriedade A
(experimental) e 92,4%(comercial) na propriedade B.
Ramos et al. (1986), obtiveram uma eficácia reprodutiva de 100% e 75%, para uma
e duas aplicações, tendo como base, o desempenho reprodutivo obtido, com, no máximo,
três inseminações. Demonstraram que a avaliação conferida pela vacina seria o
desempenho reprodutivo dos planteis imunizados.
A cura da CGB, através da vacinação foi investigada por Schurig et al. (1975). Os
resultados de seus estudos indicaram que a imunização de novilhas com a bacterina (C.
fetus) foi suficiente para curar portadoras cérvico-vaginais. Observaram ainda que, uma
pequena percentagem de fêmeas, não era curada da infecção e, a eliminação da infecção
seria dependente da resposta imune montada pelo hospedeiro e pelo grau de alteração
antigênica do agente.
A imunização preventiva em touros tem sido relatada como eficaz na prevenção e
cura da CGB. Em 1968, na Austrália, Clark et al. (1968), utilizaram uma bacterina em
adjuvante oleoso na vacinação de quatro touros infectados com o C. fetus subsp venerealis.
Os animais foram revacinados cinco semanas, após a primeira inoculação. Todos os
animais foram considerados livres da infecção, 15 dias, após a segunda imunização.
Bouters et al. (1973), na Bélgica, imunizaram 41 touros portadores do C. fetus subsp
venerealis. A bacterina era composta do C. fetus subsp intermedius em adjuvante
incompleto de Freund. Dos 40 touros vacinados, 30 (70%) livraram-se da infecção com
apenas uma inoculação e, 11 (30%) animais, após a segunda imunização. Nenhum dos 288
touros livres da infecção tornou-se infectados, após a segunda temporada de monta.
Concluíram que a vacinação de touros era segura e efetiva, no tratamento e prevenção da
CGB. Clark et al. (1979) concluíram também que a vacinação, com o C. fetus subespécie
venerealis e o seu biotipo intermedius foram efetivos, na prevenção da infecção de touros.

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Allan (1972) e Clark et al. (1974) sugeriram que os touros vacinados poderiam
transferir mecanicamente a infecção para uma fêmea suscetível, após a cobertura por um
touro infectado. Clark et al. (1975), confirmaram a contaminação temporária do pênis e
prepúcio pelo C. fetus subsp venerealis e biótipo intermedius em machos vacinados.
Entretanto em 2 experimentos delineados para determinar a freqüência com que novilhas
poderiam ser, passivamente infectadas concluíram que, sob condições de campo, a
transmissão passiva da infecção, por machos vacinados, não seria um fator importante na
difusão da CGB. Esses dados foram contestados por Fivaz et al. (1978), na Rodésia, que
sugeriram e demonstraram que a transmissão da infecção, pelo touro imunizado, sob
condições de intensa atividade sexual.

TRATAMENTO
Em 1966, Seger e colaboradores recomendaram o tratamento de touros infectados
com a aplicação local e parenteral de di-hidroestreptomicina.
O tratamento, utilizando antimicrobianos em fêmeas, machos e sêmen contaminado
foi relatado por Lein et al. (1968). A estreptomicina é a substância mais utilizada no
controle das infecções causadas por amostras do C. fetus.
Atualmente, o tratamento de machos infectados de corte está desaconselhado, pois
os resultados são insatisfatórios. Dificilmente, os locais de permanência do agente (criptas
prepuciais) são modificados pelos antimicrobianos, além de ser antieconômico. O valor do
tratamento nas fêmeas está limitado, especialmente pela resposta montada pelo hospedeiro.
Autores canadenses recomendaram tratamentos combinados; vacinação e di-
hidroestreptomicina, tendo como objetivo de suprimir ou eliminar portadores do C. fetus
em centrais de (I.A.). Essa aplicação é amplamente rejeitada por grande parte dos
veterinários especialistas nesse assunto.
Outro tratamento sugere a administração diária de 5 gramas de estreptomicina,
associada à massagem vigorosa, com o orifício prepucial fechado, durante 5 minutos, por 5

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dias. Alem disso, recomendou-se a aplicação parenteral de 22 mg / kg de sulfato de di-


hidroestreptomicina no 1º e no 3º dia.
O tratamento com antimicrobianos (penicilina, estreptomicina, tetraciclinas e
cloranfenicol) para a CGB está desaconselhado ou contraindicado. A relação custo-
benefício do tratamento deve ser bem avaliada pelo veterinário.

PESPECTIVAS
Embora já se tenha produzido conhecimento sobre a imunologia da CGB, ainda há,
pouca informação sobre o mecanismo que envolve a relação entre o agente e o hospedeiro,
especialmente no tropismo tecidual, quimiotaxia, ambiente venéreo ou presença de
receptores à célula do hospedeiro. A possível função dos flagelos do C. fetus, na
colonização do muco não tem sido explorada. Outra área pouco explorada, segundo Garcia
e Brooks (1993) é a função dos hormônios, na persistência do C. fetus e, de outras
infecções venéreas, no trato reprodutor.
O desenvolvimento de vacinas e novos meios para diagnóstico das infecções
causadas pelo C. fetus deverão ter como base, a regulação genética dos fatores de
virulência, e os estudos sobre variação antigênica das infecções.
O LABACVET-UFRGS tem trabalhado com o agente da CBG, no RS, há mais de
40 anos dos quais alguns dados são mostrados na Tabela 1 abaixo.

Tabela 1. Número de amostras suspeitas ou positivas do C. fetus (C. fetus subsp. fetus e venerealis)
processadas no LABACVET-UFRGS entre 1995 a 2012.
______________________________________________________________________
Ano Nº Amostras Amostras +/susp %
________________________________________________________________________________
1995 326 26 7,9
1996 550 42 7,6
1997 ? ? ?
1998 233 2+15 5,58
1999 120 10+27 22,5
2000 076 0 00
2001 101 0 00

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2002 033 0 00
2003 023 4 17,3
2004 032 4 14,8
2005 100 5 9,43
2006 071 2 2,8
2007 204 1 0,4
2008 036 2 5,5
2009 056 0 00
2010 017 1 5,8
2011 0 0 0
2012 0 0 0
________________________________________________________________________________
Total 1978 141 7,12

Referencia Bibliográficas Recomendadas para o Gênero Campylobacter spp


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