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Trecho da palestra do GA 140 (apostila da Soc. Antr. p.

222), conferência de
10/10/13 em Bergen, revisto por Sonia Setzer

329 “ Outro aspecto que p o d e falar mais energicamente às almas, por a s s i m


dizer, sobre o relacionamento entre o s falecidos e os vivos, é que, de certo
modo, as almas falecidas necessitam de nutrição; não s e t r a t a do alimento de
que as pessoas necessitam aqui na Terra, mas de alimento espiritual-anímico.
Assim como é fato que nós, seres humanos aqui na Terra, necessitamos de nossas
áreas de cultivo nas quais crescem os frutos de que precisamos para viver
fisicamente na Terra - posso usar essa comparação -, as almas dos falecidos
necessitam de campos de cultivo nos quais podem colher certos frutos de que
necessitam no período entre a morte e um novo nascimento. Quando o olhar
clarividente acompanha as almas falecidas, ele vê que as almas humanas
adormecidas são a área de cultivo dos falecido, daqueles que já se foram. Para
quem c o n t e m p l a i s s o pela primeira vez no mundo espiritual, certamente
não é apenas a l g o surpreendente, mas chega a ser desconcertante ao extremo
ver como as almas humanas que se encontram entre a morte e um novo
nascimento como que correm, por assim dizer, para ju n to d as almas humanas
adormecidas à procura de ideias e 330 de pensamentos que se encontram nelas;
pois é desses pensamentos e ideias que elas se nutrem, e elas precisam desse
alimento. Quando adormecemos à noite, podemos até mesmo dizer que as ideias,
os pensamentos que passaram por nossa consciência durante nosso estado de
vigília começam a viver, tornam-se, por assim dizer, seres viventes. E as almas
mortas se aproximam e compartilham dessas ideias. Sentem-se nutridas quando
contemplam essas ideias. Há algo de d e s o l a d o r quando s e dirige o olhar
clarividente para pessoas falecidas que todas as noites se aproximam daqueles
que ficaram na Terra, quando e s t e s estão adormecidos - devemos considerar
tanto os amigos e principalmente os parentes consanguíneos - querendo se
deleitar, por assim dizer, nutrir-se com as ideias e os pensamentos que aqueles
levaram para o sono, e nada encontram que possa nutri-los. Pois, no que se refere
ao estado d e sono, há uma diferença muito grande entre ideias e ideias. Se
no decorrer do dia somente nos ocupamos com as ideias materialistas da vida,
se voltamos o olhar tão apenas ao que acontece e p o d e s e r e x e c u t a d o no
mundo físico, se antes de adormecer nem ao menos voltamos um pensamento
para os mundos espirituais, mas, do contrário, em muitas circunstâncias
passamos aos mundos espirituais de outro modo que não por meio de
pensamentos, então não oferecemos alimento aos falecidos. Conheço regiões na
Europa em que os jovens universitários são educados de tal modo q u e vão para
o sono um tanto alcoolizados pela ingestão d a quantidade exagerada de
cerveja. D e sse modo levam-se ideias para o outro lado que ali não podem viver.
Quando, então, as almas falecidas se aproximam, encontram um campo vazio, e
elas passam pelo mesmo que ocorre com nosso corpo físico quando pela
infertilidade em nossos campos irrompe um flagelo de fome. Especialmente em
nossa época pode-se observar muita fome nos mundos espirituais, pois o pensar
e sentir materialistas já estão bastante disseminados. Hoje já existe um grande
número de pessoas que sentem ser uma infantilidade ocupar-se com pensamentos
direcionados ao âmbito espiritual. 331 Assim elas privam de alimento seres
humanos a o s quais, depois da morte, deveriam oferecer essa nutrição, esse
alimento anímico.
Para compreender esse fato corretamente, é preciso mencionar que após a
morte s ó s e consegue nutrir-se das ideias e dos pensamentos daquelas almas
com as quais se estabeleceu alguma relação durante a vida. Depois da morte
não conseguimos obter nutrição daqueles com os quais não s e estabeleceu
alguma relação. Se e m n o s s o t e m p o disseminamos a ciência espiritual para
novamente termos a l g o espiritualmente vivo em nossas almas, que possa servir
de nutrição aos falecidos, não estamos trabalhando apenas para os vivos, não
apenas para que os vivos possam ter uma satisfação teórica, mas procuramos
preencher nossos corações e nossas almas com pensamentos do mundo espiritual,
porque sabemos que após a morte os falecidos que estiveram ligados conosco
durante a vida precisam alimentar-se dessas ideias e dessas sensações relacionadas
à vida espiritual. Hoje não nos sentimos apenas como trabalhadores que atuam
para os assim chamados seres humanos vivos, mas concomitantemente também
como trabalhadores que atuam de tal modo, que o trabalho da ciência spiritual, a
divulgação da vida antroposófica também sirva aos mundos espirituais. Quando
falamos aos vivos para sua vida diurna, criamos por meio da satisfação anímico­
espiritual aquelas ideias para a vida noturna que são um alimento fecundo para as
almas que, devido ao seu carma, morrem antes de nós. Por isso existe o impulso
de não divulgar a c iência espiritual ou antroposofia a p e n a s pelas vias de
comunicação exterior, mas no fundo, esse impulso está contido, por assim dizer,
secretamente em nosso anseio: divulgar a ciência espiritual ou antroposofia em
comunidades, em ramos, porque confere-se certo valor a o fato de pessoas se
ocuparem com a c iência espiritual reunindo-se pessoalmente,
f i s i c a m e n t e , em comunidade, em companhia. Como eu disse, estando
morto, sé se consegue obter nutrição das almas com as quais s e conviveu
durante a vida [na Terra]. Esforçamo-nos no sentido de reunir as almas, de
aumentar cada vez mais a área de cultivo para os falecidos. 3 3 2 Muitas das
pessoas que hoje, depois de falecer, não encontram um campo de cultivo porque
suas famílias são compostas tão somente por materialistas, pode encontrá-lo
junto às almas dos antropósofos, por terem tido um encontro com a c iência do
e spírito. E s t e é o m o t i v o m a i s profundo porque trabalhamos em
sociedade, porque tomamos certos cuidados para que aquele que vem a falecer
possa conhecer pessoas que ainda na Terra se dedicam a assuntos espirituais,
bem antes de seu desenlace. Então ele pode obter alimento quando essas pessoas
estiverem em estado de sono.”

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