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COMPOSIÇÃO E BENEFÍCIOS DA GEOPRÓPOLIS

DA ABELHA MELÍPONA SUBNITIDA

Amanda Fayne dos Santos Peixoto; Francisca Claudete Costa Dias; Regina
Célia Pereira Marques

Universidade Potiguar- UnP, Av. João da Escóssia, 1561 - Nova Betânia, Mossoró -
RN, 59607-330

Palavras-chave: Própolis. Abelhas. Melípona Subnitida. Composição.

RESUMO

As melíponas brasileiras, que faz parte da ordem das


Hymenopteras, são abelhas sem ferrão que produzem a geoprópolis que
se trata de uma resina misturada com argila. Popularmente esse produto
é conhecido por suas propriedades medicinais, que pode possuir ação
antimicrobiana, antioxidante, e um potencial preventivo de doenças
crônicas de degeneração, porém sua composição química varia
qualitativa e quantitativamente, a depender da região em que se origina,
o que carece ainda de maiores estudos e comprovação. O trabalho teve
como objetivo a avaliação da atividade antimicrobiana e atividade
antioxidante, determinando teores de fenóis totais, flavonoides totais e
antocianinas, seguindo os protocolos padrões. Nesse contexto, o presente
estudo, teve como base a extração etanólica da geoprópolis da Melípona
subnitida, coletado no Município de Mossoró, interior do nordeste
brasileiro. As Análises foram realizadas com o extrato na concentração
de 0,5mg/mL. Os dados, evidenciaram capacidade antioxidante, além da
atividade antibacteriana frente as cepas Staphylococcus aureus,
Streptococcus pyogenes e Pseudomonas aeruginosa, contudo, estudos
desta natureza devem ser estimulados, pois fornecem informações
importantes para obter um perfil sobre as regiões produtoras e as
propriedades biológicas que possuem. Portanto, novos estudos deverão
ser realizados, utilizando-se de um número maior de amostras de própolis
com variação de concentração em cada região considerando sua
sazonalidade a fim de obter resultados mais significativos.

INTRODUÇÃO

Segundo Lima (2015), a apicultura é a mestria de criar abelhas


de modo pensante e estratégico, sendo um oficio conhecido por fabricar,
os melhores produtos, em menor tempo e custo, de modo a obter o maior
lucro. Esta é uma atividade antiga, existe a mais de mil anos, possui
finalidade alimentar e terapêutica, além disso, essa técnica exige
investimento inicial um tanto baixo.

As abelhas constituem uma das maiores ordens das


Hymenopteras, assim como as formigas e vespas. As abelhas são
importantes agentes polinizadores, encarregadas por preservar a
sequência gênica em diversas espécies de plantas nativas e cultivadas em
várias regiões ao redor do mundo. Descendentes das vespas, as abelhas
modificaram suas condições de sobrevivência, passando a se alimentar
do pólen das flores ao contrário de minúsculos insetos, num processo de
evolução milenar (AZEVEDO, 2015).

Segundo Milojkovic (2013), várias espécies de abelhas foram


surgindo, e nos dias atuais são conhecidas uma média de 20 mil espécies
em todo o mundo, dentre essas estima-se que apenas 3% estão no Brasil,
e 2% são sociais e produtoras de mel. Dentre as espécies de abelhas, os
meliponíneos ou “abelhas sem ferrão”, as meliponas, são espécies
famosas por apresentarem a degeneração do ferrão, perdendo assim a
capacidade de ferrar.

A espécie trabalhada nessa pesquisa é a abelha Jandaíra


(Melípona subnitida), esta apresenta a cor de seu pelo laranja claro na
lateral, já na parte de cima do tronco é mais escuro e bem pequena. Ela é
um meliponídeo típico do sertão. Ocupa regiões relativamente secas do
Nordeste e sua principal ocorrência está nos estados da Bahia, Ceará,
Pernambuco e Rio Grande do Norte (SOUZA et al., 2013).

Um dos materiais produzidos por estas abelhas e que apresenta


grande aceitabilidade no mercado devido o seu alto valor biológico, é a
geoprópolis. O termo “geoprópolis” é utilizado para diferenciar a
própolis produzida pelas abelhas sem ferrão daquela produzida por outras
espécies. A geoprópolis é uma substância resinosa e aromática de
composição química e complexa, coletada pelas abelhas de brotos,
exsudatos de outras partes das plantas, e por fim, modificada através de
processos enzimáticos por adição de secreções, sendo adicionados terra
e/ou barro (BARTH et al. 2013).

De coloração e consistência variantes dependendo da região, o


material é usado pelas abelhas para proteção da sua colmeia contra os
invasores. Sua composição depende da especificidade da flora no local
da coleta e estação do ano. Portanto, as substâncias presentes encontram-
se diretamente relacionadas com a composição química da resina da
planta de origem. No entanto, os principais constituintes são compostos
fenólicos, como flavonoides, ácido fenólicos e ésteres de ácidos fenólicos
(SILVA, 2016).

Segundo Souza et al. (2013), o material possui um poder


antimicrobiano, antioxidante, e um complemento potencial para
prevenção de doenças crônicas de degeneração, características
especificas desta espécie de abelha encontradas a partir de análises
realizadas em estudos. A geoprópolis é um tipo diferente de própolis que
tem sido usada na medicina popular para diversos fins terapêuticos.

OBJETIVOS

Devido a abelha M. Subnitida ser conhecida popularmente por


produzir produtos como o mel com alto poder medicinal e diante de uma
escassez de estudos relacionando a geoprópolis produzida por estas
abelhas, este trabalho teve como objetivo a avaliação in vitro da atividade
antimicrobiana, determinação da atividade antioxidante, o teor de fenóis
totais e flavonoides totais, a partir dos extratos Etanólicos e
hidroalcoólico respectivamente de amostras de geoprópolis, coletado no
Município de Mossoró, interior do nordeste brasileiro.

MATERIAL E MÉTODOS

O presente artigo confere uma pesquisa científica, que tomou


por base análises laboratoriais, a partir da extração etanólica da
geoprópolis da região, na concentração de 0,5mg/mL buscou-se obter os
constituintes qualitativos e quantitativos em sua composição. Além disso,
para a fundamentação teórica foram utilizados teses, dissertações e
artigos científicos, contemplando os objetivos apresentados.

Na leitura científica procurou-se reconhecer a composição da


geoprópolis supracitada, e comparar os seus resultados para enfim
associar no auxílio do tratamento de doenças.

Desse modo, proporcionar ao leitor o conhecimento de seus


benefícios na apiterapia, assim como contribuir para futuras pesquisas e
descobertas cientificas.

Amostra

Uma amostra da geoprópolis de Melípona subnitida “Jandaíra”


foi coletada em agosto de 2019 em um apiário localizado no município
de Mossoró, região semiárida do estado do rio grande do Norte, Brasil.
A coleta da geoprópolis foi realizada no cortiço das abelhas,
pelo próprio apicultor, aplicando técnicas de raspagem com materiais
higienizados (espátula), colhido em sacos plásticos estéreis, colocado em
recipientes plásticos de coletor ésteres, depois armazenado em
refrigeração a 6ºC. O objetivo da preferência pela baixa temperatura se
dá pela preservação de suas características físicas e composição
nutricional, assim como impedimento de possíveis contaminações
bacterianas e fúngicas.

Método de extração

Após a coleta, o processo de extração foi realizado no


laboratório de química avançada da própria universidade. O material foi
pesado onde obteve- se a quantidade de 77 g da geoprópolis bruta, em
seguida macerado em cadinho de porcelana para obtenção de um pó, que
facilitasse a mistura. Na diluição, foi utilizado álcool etílico a 30%, onde
a proporção de concentração da substância resultante foi de 1mg/ml,
peso/peso. A solução foi deixada em repouso por dez dias. Após isso,
observou-se a existência de uma mistura homogênea de textura argilosa
e coloração marrom, portanto para obtenção de uma substância aquosa
que facilitasse as análises, adicionou-se água destilada, tornando a
concentração da substância obtida em 0,5 mg/ ml, peso/peso. Após isso
aplicou-se o método de decantação, onde consiste na separação de
material sólido e líquido. Com um pipetador foi possível fazer a coleta
da parte líquida, para filtragem com gazes estéreis em um outro recipiente
estéril, obtendo assim o produto final de extrato hidroalcoólico de
própolis.

Quantificação de fenóis totais.

O teor de fenóis totais foi determinado empregando-se o método


Waterman e Mole (1994), em que alíquotas de 0,02ml em triplicata do
extrato hidroalcoólico de geoprópolis foram transferidas para um tubo de
ensaio, adicionando-se 0,08ml de Metanol (MeOH) e em seguida,
transferidos para balões volumétricos de 10ml, contendo 3,9ml de água
destilada. Adicionaram-se 0,75ml de carbonato de sódio (Na2CO3) e
0,25ml do reagente Folin-Ciocalteau. Após 60 minutos, realizou-se a
leitura em espectrofotômetro (Coleman 33D) a 760nm, utilizando como
padrão o ácido tânico, nas concentrações de 100, 200, 400, 600, 800,
1000 e 1200mg/ml para construir uma curva de calibração. A partir da
equação da reta obtida na curva do gráfico do padrão, realizou-se o
cálculo do teor de fenóis totais, sendo os resultados expressos em
porcentagem de ácido tânico por grama de matéria seca.

Quantificação de flavonoides totais

A determinação dos teores de flavonoides totais foi realizada


segundo o método descrito por Woisky e Salatino (1998), em que
alíquotas de 0,5 ml, em triplicata de cada amostra do extrato
hidroalcoólico de geoprópolis, foram adicionadas a um volume igual de
solução metanólica de Cloreto de alumínio 5% (AlCl3). Após repouso
por 15 minutos, realizou-se a leitura em espectrofotômetro (Coleman
33D) a 420nm. O conteúdo de flavonoides totais foi determinado usando
uma curva padrão de quercetina nas concentrações de 0, 25, 50, 75, 100,
125, 150, 175, 200, 250 e 300mg/ml. A partir da equação da reta obtida
na curva do gráfico do padrão, realizou-se o cálculo do teor de
flavonoides totais, sendo os resultados expressos em mg de quercetina
por 100g da geoprópolis.

Atividade antioxidante in vitro

Para avaliação da atividade antioxidante do extrato da


geoprópolis, foi utilizado o método fotocolorimétrico in vitro do radical
livre DPPH (2,2-difenil-1-picrilhidrazil) descrito por Mensor et al.
(2001). Para a análise da amostra, adicionou-se 20μg/ml da solução
metanólica dos extratos diluídos a 220μg/ml de uma solução metanólica
de radical livre DPPH. Após 20 minutos de reação, realizou-se a leitura
em 518nm, utilizando-se espectrofotômetro Ultravioleta UV-vis
Shimadzu UV 1601. Todas as leituras foram realizadas em triplicata e
com a média dos dados obtidos, foi calculado o percentual da atividade
antioxidante do extrato de geoprópolis, pela seguinte fórmula: AA=100
- [(Aa - Ab) x100] /Ac. Onde %AA= porcentagem de atividade
antioxidante; Aa= absorbância da amostra; Ab= absorbância do branco;
AC= absorbância do controle.
Extração de antocianinas

Adaptada de Araújo et al. (2007), tomou-se 1 ml (0,5 mg/mL)


da amostra em recipiente de aço inox, adicionando-se cerca de 30 mL de
solução extratora de etanol 95% + HCl 1,5 N (85:15). A amostra foi
homogeneizada em homogeneizador de tecidos tipo “turrax”, por dois
minutos em velocidade “1”, e transferida para balão volumétrico de 50
ml, envolto em papel alumínio, sendo o volume completado com solução
extratora. Para a extração, deixou-se o material por uma noite em
refrigerador. Em seguida, filtrou-se para um Becker de 100 mL, também
envolto em alumínio. Imediatamente, procedeu-se à leitura da
absorbância, a 535 nm, com os resultados expressos em mg.100 g -1 de
polpa e calculados através da fórmula: fator de diluição x
absorbância/98,2.

Atividade antibacteriana in vitro

Foi utilizado o método de difusão em ágar Mueller Hinton


(AMH), pela técnica de perfuração de poços (Ostrosky et al. 2008). Para
a análise foi usado o extrato etanólico com a concentração de 0,5mg/mL.
As cepas utilizadas foram provenientes de coleções padronizadas pela
American Type Cell Culture (ATCC), devidamente caracterizadas
morfológica, fisiológica e bioquimicamente. As cepas testadas foram de
Staphylococcus aureus (ATCC 25923), Streptococcus pyogenes (ATCC
1961), Escherichia coli (ATCC 11302) e Pseudomonas aeruginosa
(ATCC 10145). Foi utilizado como controle: ampicilina, tetraciclina e
neomicina e como controle negativo 50µl de álcool 30° GL. Os
resultados foram obtidos através da mensuração do diâmetro dos halos
de inibição ao redor dos poços, com o auxílio de paquímetro e expressos
em milímetros, de acordo a metodologia descrita por Lima et al. (2006).
A presença de zonas de inibição de crescimento de ≥5,0mm ao redor dos
poços foi considerada como indicativo de atividade antibacteriana.

RESULTADOS

A amostra se destaca por apresentar, altos valores de fenóis


totais e flavonoides totais (tabela 1). O resultado indica excelente
atividade antioxidante, acima de 95% (tabela 1).

Tabela 1. Concentrações (massa seca) mg/ml, teor de fenóis


totais (%) (m/m), teor de flavonóides totais (mg/100g) e atividade
antioxidante (%) respectivos do extrato hidroalcoólico da geoprópolis

Fonte: Autores (2019)


O teor de fenóis totais encontrado nas amostras investigadas
(Tabela 1), também atende ao requisito do Ministério da Agricultura, que
é de no mínimo 0,5% para extratos de própolis comerciais (BRASIL,
2001).

O trabalho de Funari e Ferro (2006) encontrou o valor de 7,39%


em uma amostra coletada no Estado de São Paulo, aplicando o mesmo
método espectrofotométrico, mostrando que a geoprópolis aqui testada,
apresenta um bom potencial. De acordo com Silva e colaboradores.
(2006), ao analisarem amostras de própolis da Paraíba, colhida em
diferentes épocas do ano, encontraram teores de fenóis entre 2,93 a
8,13%, verificando que os compostos bioativos da própolis podem sofrer
variações de acordo com o período de colheita, estes dados corroborando
assim com os dados obtidos neste estudo.

Já segundo Silva et al. (2016), em um estudo bem semelhante


aos desta pesquisa, porém com produto de outra espécie de abelha da
ordem dos meliponíneos, a Plebeia. aff. Flavocincta, obteve- se os
valores considerados alto e de destaque entre suas amostras em fenóis
totais (5,67±0,39% e 9,40±0, 28%) e de flavonoides totais (10,05mg e
22,00mg/100g de geoprópolis). Este, por sua vez foram os valores que
mais se aproximaram da Melípona subnitida se em comparações entre
espécies.
Ainda seguindo a comparação entre espécies, um estudo sobre
a composição da própolis da abelha Apis melífera, teve por objetivo
verificar “in vitro” a atividade antimicrobiana de extratos alcoólicos de
própolis (EAP) obtidas nas localidades de Botucatu –SP, Urubici – SC e
Mossoró – RN. As linhagens microbianas foram Staphylococcus aureus,
Enterococcus sp, Escherichia coli, Pseudomonas aeruginosa e Candida
albicans. Os ensaios de sensibilidade foram realizados em duplicatas em
placas de Petri, segundo a técnica da diluição em ágar para determinação
da concentração inibitória mínima (CIM). A atividade antimicrobiana
variou de acordo com o local em que a amostra de própolis foi produzida,
sendo as bactérias Gram positivas (S. aureus e Enterococcus sp) e C.
albicans mais susceptíveis à própolis obtida na região de Botucatu
enquanto para as Gram negativas, a amostra de Urubici foi a mais
eficiente sobre E. coli e a de Mossoró para P. aeruginosa. Porém, mesmo
com os valores considerados altos ainda não foram suficientes para
superar a atividade antimicrobiana da M. subnitida, com exceção da E.
coli (JÚNIOR, 2006).

Também se constatou correlação positiva entre atividade


antioxidante e as variáveis de fenóis totais e flavonoides totais, ou seja, à
medida que aumentaram os teores nas amostras, houve o aumento
percentual da atividade antioxidante (tabela 2).
Tabela 2. Correlação entre concentrações (massa seca) mg/ml,
atividade antioxidante (%), fenóis totais (%) (m/m) e flavonoides totais
(mg/100g) do extrato hidroalcoólico da Geoprópolis

Fonte: Autores (2019)

De acordo com a literatura, a atividade antioxidante dos extratos


etanólicos e hidroalcoólico de própolis são conferidos aos flavonoides
(PRATT; BIRAC, 1979). No entanto, o extrato avaliado apresentou teor
(%) de flavonoides acima do mínimo requisitado pelo Ministério da
Agricultura, e uma excelente atividade antioxidante.

Segundo Silva et al. (2016), há capacidade de interceptar a


cadeia de oxidação de radicais livres através da doação de hidrogênio de
suas hidroxilas fenólicas pelos compostos fenólicos. Desse modo, a
verificação e constatação da existência da atividade antioxidante nos
extratos da geoprópolis poderá colaborar para autenticar seu uso no
tratamento de doenças, uma vez que, a apiterapia na utilização dos
produtos elaborados pelos meliponídeos, faz parte dos hábitos de muitas
comunidades rurais no semiárido do nordeste brasileiro. Ainda segundo
Silva:

“Os antioxidantes são definidos como qualquer substância que,


presente em menores concentrações que as do substrato oxidável, seja
capaz de atrasar ou inibir a oxidação deste de maneira eficaz. Tais
substâncias podem agir diretamente, neutralizando a ação dos radicais
livres e espécies não-radicais, ou indiretamente, participando dos
sistemas enzimáticos com tal capacidade. ”

Os dados mostram (quadro 1), que a extração de antocianinas


apresenta bons resultados já em uma hora, mantendo-se até três horas,
contudo, em seis horas existe uma diminuição significativa, o que deve
ser melhor avaliado em estudos futuros.
Quadro 1, Teores de antocianinas totais a 45°C nos tempos 1, 3 e 6 horas
do extrato de geoprópolis

Fonte: Autores (2019)

Segundo Monroy (2018), as antocianinas são uma classe de


polifenóis responsáveis pelas cores laranja, vermelha, roxa e azul de
muitas frutas, legumes, cereais, flores e outras plantas. Além de sua
capacidade colorífica e tintorial, diversas são as atividades biológicas
atribuídas às antocianinas como atividade anticarcinogênica,
antioxidante e anti-inflamatória.

Os compostos fenólicos presentes na própolis podem


potencializar a capacidade das células de neutralizar o estresse oxidativo
e prevenir a apoptose. A própolis possui atividade antioxidante no fígado,
rins e trato gastrointestinal, onde provavelmente seus compostos se
acumulam, influenciando esses tecidos mesmo do lado de fora da célula
(MOURÃO, 2013).
De forma geral, o extrato de própolis inibiu o crescimento dos
patógenos testados de forma significativa em Staphylococcus aureus
(12,5 mm) e Pseudomonas aeruginosa (9,5 mm). Os resultados indicam
(quadro 2), que os compostos bioativos da amostra analisada têm ação
antimicrobiana para alguns tipos de patógenos.

Quadro 2. Valor do halo de inibição, em milímetros, de


diferentes concentrações (%) de extrato de própolis sobre o crescimento
de Staphylococcus aureus (Sa), Streptococcus pyogenes (Sp),
Escherichia coli (Ec) e Pseudomonas aeruginosa (Pa).

Sa Sp Ec Pa

Geoprópolis 12,5 6,5 1,2 9,5

Fonte: Autores (2019)

A composição química da própolis se distingue de região para


região, e que a proporção dos tipos de substâncias encontradas é variável
e dependente dos locais de coleta, influenciando no tipo de ação
farmacológica e toxicológica de uma amostra (BURDOCK, 1998).

As espécies Gram-negativas avaliadas (E. coli e Pseudomonas


aeruginosa), foram utilizadas neste experimento, A E. coli, apresentou
baixa sensibilidade a concentração utilizada do extrato nesta pesquisa.
Esse comportamento era esperado, uma vez a concentração utilizada do
extrato (0,5/ml) está abaixo da concentração dos demais estudos.

Silva et al. (2016), desenvolveu uma pesquisa sobre o


crescimento de Staphylococcus aureus (Sa), Escherichia coli (Ec) e
Pseudomonas aeruginosa (Pa), pelo método de difusão em ágar, mesmo
método utilizado neste presente estudo, porém com produto de outra
espécie de abelha da ordem dos meliponíneos, a Plebeia aff. Flavocincta.
O extrato da geoprópolis da M. subnitida, na análise de crescimento de
Sa obteve- se o valor do alo de inibição mais alto e de Pa aproximado se
comparado DA.

Além disso, diversos trabalhos relatam que a atividade


antibacteriana da própolis é mais efetiva sobre bactérias Gram-positivas,
independentemente do local de coleta da resina (MARCUCCI et al.,
2001; MENEZES, 2005; SILVA et al., 2006; VARGAS et al., 2004),
contudo a bactéria Pseudomonas aeruginosa, apresentou um alo de
inibição em torno de 9,5mm, indicando atividade antimicrobiana para
esta bactéria. Este dado é relevante, contudo, precisa ser confirmado em
estudos futuros.

Os dados para as bactérias Gram-positivas estão de acordo com


a literatura e indicam um potencial importantes do geoprópolis em
manipulações farmacêuticas. Staphylococcus aureus é a mais perigosa de
todas as bactérias estafilocócicas mais comuns. Essa bactéria Gram-
positiva, em forma de esferas (cocos), frequentemente causa infecções
cutâneas, mas pode causar pneumonia, infecções da válvula cardíaca e
infecções ósseas (MENEZES, 2005), isto mostra a importância de achar
bioativos que apresente atividade antimicrobiana para esta bactéria.

Streptococcus pyogenes é uma espécie de bactéria Gram-


positiva com morfologia de coco, pertencentes ao género Streptococcus
beta-hemolítico do grupo A de Lancefield. Elas causam uma variedade
de doenças, desde uma faringite bacteriana comum até doenças mais
graves como a escarlatina (SILVA et al., 2006), os dados positivos de
atividade antimicrobiana é interessante e tem alto potencial para o
tratamento de laringite com uso tópico, um spray por exemplo.

CONCLUSÃO

No extrato hidroalcóolico de geoprópolis da abelha Melípona


subnitida, da região de Mossoró/RN, foi detectado altos teores de fenóis
e flavonoides totais e capacidade antioxidante.

Nas condições experimentais utilizadas, evidenciou-se


atividade antibacteriana as cepas: Staphylococcus aureus, Streptococcus
pyogenes e Pseudomonas aeruginosa.

Contudo, estudos desta natureza devem ser estimulados, pois


fornecem informações importantes para obter um perfil sobre as regiões
produtoras e as propriedades biológicas que possuem. Portanto, novos
estudos deverão ser realizados, utilizando-se de um número maior de
amostras de própolis com variação de concentração em cada região
considerando sua sazonalidade a fim de obter resultados mais
significativos.

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