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TRATAMENTO E CONTROLE DE QUALIDADE DE ÁGUA UTILIZANDOEXTRATO


DE SEMENTE DE Moringa oleifera Lam

TREATMENT AND CONTROL OF WATER QUALITY USING SEED EXTRACT


Moringa oleifera Lam

Subtítulo: Tratamento de Água com Moringa olefeira Lam

Iray Caria Junior1, Sérgio Alexandre Valentini2.

* Endereço para correspondência: Faculdade Integrado de Campo Mourão

Campus: Rodovia BR-158, Km207 - Jardim Batel CEP: 87300-970

Telefone: (44) 3518-2200;

e-mail: valentini.sa@gmail.com

1
Discente do curso de Farmácia da Faculdade Integrado de Campo Mourão – PR
2
Docente do curso de Farmácia da Faculdade Integrado de Campo Mourão – PR
4

RESUMO
O trabalho teve como objetivo desenvolver um método fácil e eficiente de tratamento
que águas superficiais, através de extratos feitos com a semente da planta Moringa
oleifera Lam como coagulante orgânico, que possa ser utilizado em regiões que
devido a problemas de falta de água potável, sofrem com epidemias de doenças
hídricas. A preparação de extrato de semente de Moringa oleifera Lam, foi elaborado
através da trituração das sementes e colocado em estufa para secagem, o pó seco foi
adicionado a diferentes solventes e passado por processo de turbólise, foi filtrado
separando a parte sólida da liquida. E realizado o tratamento de água superficial com
extrato através de ensaio de floculação e por decocção, e realizado análises físico-
químicas e microbiológica na água tratada. Os resultados obtidos demonstraram a
capacidade do extrato de Moringa oleifeira Lam, como coagulante natural para o
tratamento de água potável de consumo humano.

Palavras chave: água, semente de Moringa oleifera Lam; termotolerantes.

ABSTRACT
The study aimed to develop an easy and efficient method of treatment that surface
waters through extracts made from the seed of the plant Moringa oleifera Lam as
organic coagulant, which can be used in regions that due to problems of lack of drinking
water, suffer with epidemics of water borne diseases. Preparation of seed extract of
Moringa oleifera Lam, was prepared by grinding the seeds and placed in drying oven,
the dry powder was added to different solvents and spent by turbólise process was
filtered separating the solid from the liquid. And performed the treatment of surface
water with extract by flocculation test and decoction, and performed physical-chemical
and microbiological analyzes in treated water. The results demonstrated the ability of
the extract of Moringa Lam oleifeira as natural for the treatment of potable water for
human consumption coagulant.

Keywords: water; seeds of Moringa oleifera Lam; thermotolerants.

INTRODUÇÃO

A água é um dos principais componentes de manutenção da vida, ela constitui


mais de 60% do organismo humano e participa da maioria das funções que ocorrem
no corpo, sendo de muita importância não deixar que o corpo desidrate por falta de
água, sua reposição no organismo ocorre por ingestão de alimentos como verduras e
frutas, mas principalmente pela ingestão da própria água (1).
Porém grande parte do consumo de águas superficiais (rios e lagos)
apresentam alto índice de contaminação devido à industrialização, urbanização e
outras intervenções humanas. E se não for feito um tratamento nestas águas antes
5

do consumo humano podem gerar doenças como, cólera, febre tifoide, hepatite A e
doenças diarreicas agudas causadas por bactérias como a Escherichia coli e parasitas
como Giardia spp. e Cryptosporidium spp. (2).
A qualidade da água então se tornou de interesse da saúde pública no final
do século 19, a fim de obter um controle epidemiológico e pesquisas de doenças
hídricas. No início do século 20, nos Estados Unidos, foram desenvolvidos os
primeiros sistemas de tratamento de água para o controle de qualidade de água (3).
O tratamento de águas superficiais, é feita em estações de tratamento de água
(ETA), consiste na remoção de partículas sólidas em suspensão usando processos
físicos e químicos, chamados coagulação e floculação que aglutinam as substâncias
sólidas formando pequenos flocos. Após estas etapas a água passa ainda por
processo de sedimentação, filtração e desinfecção, onde só então é considerada
potável para consumo humano (4).
Estas estações apresentam elevados custos para construção e manutenção da
mesma. Assim regiões isoladas de centros urbanos e de baixo poder econômico, que
dependam de rios ou lagos para seu abastecimento, estão propensas a doenças de
contaminação hídrica (5). Todos os anos em países como a Nigéria, Angola e
Moçambique, há relatos de mortes de pessoas por cólera, devido à situação precária
do saneamento básico destes países (6).
Há várias pesquisas sobre desenvolvimentos de novos métodos de tratamento
de água potável. Entre estas pesquisas, o estudo da semente da planta de Moringa
oleifera Lam, como coagulante natural, pode beneficiar as regiões com carência de
água potável. Esta planta pertence à família Moringaceae, originaria da Índia, que
atualmente está bem difundia no Brasil principalmente no nordeste brasileiro por ser
uma planta que se desenvolve com pouca umidade (7).
Pesquisas feitas sobre a semente desta planta sugerem sua utilização como
substituto proteico na alimentação, por possuir uma fonte rica em proteínas (8),
também aplicações farmacológicas como anti-inflamatórios e antimicrobianos e
preparação de cosméticos (9).
Um dos primeiros relatos da utilização da semente de Moringa oleifera Lam,
ocorreu em pequenas comunidades rurais da Angola, na África, país onde a maior
parte do consumo de água depende de águas superficiais (10). O método utilizado
consiste em colocar num recipiente 1000 ml de água bruta em contato com uma
quantidade da semente de Moringa oleifera Lam, que varia conforme sua turvação, e
6

após 2 horas em contato com água é retirado o sobrenadante e utilizado a água para
consumo (11).
Estudos sobre sua composição fitoquimica revelaram que a presença de
grande quantidade de proteína polieletrólitos catiônica de baixo peso molecular é
responsável pela coagulação de água turvas que por serem solúveis em água e em
contato com as partículas coloidais de águas superficiais realizam o mesmo processo
de coagulantes químicos e a presença das proteínas pectina e lectina, substâncias
antimicrobianas, favorece a eliminação de micro-organismos patógenos na água (12).
A Pesquisa feita por Muyubi e Evison (13), relata a eficiência do tratamento
utilizando Moringa oleifera Lam para a remoção de agentes patógenos na água
superficial devido à presença destas substâncias antimicrobianas que em
determinada concentração pode eliminar de 98 a 100% a contagem de coliformes
fecais presentes na água in natura e de 80 a 99,5% da turbidez desta água.
Outras pesquisas mencionam o potencial da semente na remoção de metais
como zinco, ferro, alumínio, cádmio, crómio e níquel na tratamento de água (14). E
remoção de compostos orgânicos como benzeno, tolueno, etilbenzeno e
ispropilbenzeno (15). O trabalho de Nishi, et al. (16) apresentou resultados satisfatório
quando contaminado a água bruta com cistos de Giardia spp. e oocistos de
Cryptosporidium spp., apresentou remoções de 94% e 90% respectivamente destes
parasitas após tratamento por coagulação e floculação por semente de Moringa
oleifera Lam.
Porém grande parte das pesquisas sobre a utilização da semente no tratamento
de água, para utilização de larga escala industrial, em estações de tratamento, o que
ainda gera muitas dúvidas sobre sua utilização (10). Devido ao seu rico teor de
proteínas, pode causar interferências nos desinfectantes utilizados numa estação de
tratamento aumentado a carga orgânica alterando cor, odor e sabor da água (17).
Podendo ainda estas cargas orgânicas favorecer o crescimento microbiológico (18).
Devido ao potencial descrito em material bibliográfico, mencionando a semente
de Moringa oleifera Lam como coagulante natural para tratamento de água potável,
o presente trabalho tem como objetivo avaliar a qualidade de tratamento de água
superficias utilizando extratos das sementes de Moringa oleifera Lam.

MATERIAIS E MÉTODOS
7

Este trabalho foi realizado em parte no Laboratório de Manipulação


Farmacêutica da Faculdade Integrado de Campo Mourão/ PR e no Laboratório Físico-
Químico da Estação de Tratamento de Água de Companhia de Saneamento do
Paraná (SANEPAR) de Campo Mourão.

Obtenção das sementes

As sementes de Moringa oleifera Lam foram obtidas no sítio Campo Alegre, na


cidade de Casa Nova, no estado da Bahia e foram coletadas amostras de água do Rio
do Campo da cidade de Campo Mourão- PR, uma em abril e outra em maio de 2014.

Análise Físico-Química da água do Rio do Campo

A água coletada foi submetida às análises físico-químicas de pH, cor e turbidez,


conforme descrito por Borba (5).

Produto sólido da semente de Moringa oleifera Lam

Foram triturados 30 gramas da polpa da semente de Moringa oleifera Lam em


um moinho, formando um farelo bem fino. Logo em seguida foi realizado turbólise
entre as 30 gramas da semente com 100mL de água destilada, deixado em repouso
por 30 minutos filtrado a vácuo, a massa que sobrou da filtração a vácuo foi colocada
em um molde de plástico para formar pequenas pastilhas, foi colocado em estufa para
secar a 60 graus por 24 horas e depois pesado.

Teste de coagulação do extrato da semente

Foi reproduzido o teste com a solução aquosa feita por Valverde, et al. (12).
Onde foi preparado o extrato, no laboratório da faculdade integrado, através de
turbólise, com um multiprocessador, por 3 minutos, de 1 grama de semente de
Moringa oleifera Lam em 100 mL de água destilada, deixado em repouso por 30
minutos e filtrada a vácuo em papel filtro e a solução foi armazenada em um frasco
âmbar esterilizado.
8

Foi coletada água do rio do campo, realizado análise físico-química de uma


amostra desta água e colocado em 3 frascos de 1000 mL de água bruta. E adicionado
5 mL, 7,5 mL e 10 mL do extrato aquoso respectivamente nos frascos e colocado no
aparelho de floculação, Jar Test Policontrol – Modelo floc control II, no laboratório da
SANEPAR de Campo Mourão. Logo após a sedimentação foi filtrado à água por filtro
de papel comum.

Preparo do extrato com 1 % de solução salina NaCl 1M e 10% de sementes de


Moringa oleifera Lam

Foi preparado um novo extrato conforme descrito por Borba (5) e Valverde, et
al. (12) com a adição de solução salina NaCl 1%, e aumentado à concentração de
semente de Moringa oleifera Lam de 1% para 10%.

Método de tratamento de água por Decocção

Foi realizado um novo método de tratamento de água por Decocção, onde foi
utilizado como coagulante o extrato salino. Foram colocadas amostras de 2000 mL da
água do Rio do Campo em 3 frascos transparentes e adicionados respectivamento
1mL, 2 mL 3mL do extrato salino e levado a aquecimento no bico de bunsen, e após
começar o processo de ebulição foi deixado mais 10 minutos. Foi deixado em repouso
por 10 minutos e em seguida filtrado. O teste foi repetido mais uma vez com uma nova
coleta de amostra de água do Rio do Campo e realizado análises físico-quimicas.

Análise microbiológica

A análise microbiológica foi realizada utilizando o kit de análise Colilert, utilizado


para detecção de coliformes totais e Escherichia coli ou termotolerantes.
Após realizar o tratamento da água do Rio do campo com o extrato salino. Foi
colocado 10 mL da amostra de água tratada em frasco esterilizado e adicionado o kit
colilert e colocado na incubadora a 35ºC. Uma amostra de 10 mL água do rio sem
9

tratamento também foi preparada para o controle positivo. Foi repetido o teste mais
uma vez com água do Rio do Campo após longo período de chuvas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Análise físico- química

As coleta de água do Rio do campo foram submetidas a análises físico-


químicas descrita por Borba (5) de turbidez, com o Turbidimetro hach 2100Q, pH com
o phmetro Digimed, e de cor com o aparelho Aqua Tester Orbeco- Hellige do
laboratório da SANEPAR, e apresentaram as seguintes características conforme
mostradas na Tabela 1:

Tabela 1: Resultados da análises físico-química da água do Rio do Campo meses de abril e maio

Parâmetros Valores abril Valores maio


pH 6,95 7,08
Cor 54 uH 125 uH
Turbidez 40 NTU 80 NTU
Aspecto Turvo Turvo
Legenda: (uH) Unidades Hazen; (NTU) Unidades nefelométricas de turbidez

As característica físico- química da água superficial pode variar de um período


de tempo para outro conforme as alterações climáticas de tempo, temperatura e
umidade, além de interferentes humanos como despejo de substâncias estranhas no
rios como agrotóxicos entre outros (20).

Ensaio de floculação com extrato aquoso

A reprodução do método de Borba (5) e Valverde et al. (12) serviu para


identificar se a semente de Moringa oleifera Lam realmente tinha o potencial descrito
em revisões bibliográficas, obtendo os seguintes resultados conforme descrito na
tabela 2:
10

Tabela 2: Resultado da Analise Físico-Química da Água após Tratamento utilizando aparelho de


floculação com o Extrato aquoso de Moringa oleifera Lam 1%.
Vol. Extrato Floculação Aspecto pH Cor Turbidez

5 mL Não Turvo 7,0 20 uH 30 NTU

7,5 mL Sim Límpido 7,08 5 uH 8 NTU

10 mL Sim Leitoso 7,10 7,5 uH 15 NTU


Legenda: (uH) Unidades Hazen; (NTU) Unidades nefelométricas de turbidez

O resultado obtido demonstrou que a semente de Moringa oleifera Lam tem o


potencial, descrito por Borba (5) e Valverde et al. (12). Porém neste primeiro teste
não se mostrou dentro dos parâmetros de potabilidade exigidas pela portaria 2914 do
Ministério da Saúde (19) para águas de consumo humano. Possivelmente pela baixa
concentração de Moringa oleifera Lam no extrato de 100 mL. As adicionar o volume
de 10 mL do extrato para o tratamento da água, observou-se que a mesma
apresentava uma coloração esbranquiçada, cor característica do extrato.

Ensaio de floculação com o farelo compactado da semente

Ao realizar a trituração da semente de Moringa oleifera Lam notou-se o


aparecimento de uma substância oleosa que ficava presente no farelo, Gallão, et al.
(21) menciona em seu trabalho a presença do óleo na semente de Moringa Oleifera
Lam devido a seu alto teor de lipídios e saponinas e ele também menciona a presença
de alto teor de proteína, também mencionado por Ghebremichael et al. (17). A
presença destas substâncias, fez com que o farelo não obtivesse uma boa
compactação e que após uma semana de armazenamento a massa desenvolveu
fungos e bolores. Este desenvolvimento já descartou a possibilidade desta massa ser
utilizada para tratamento de água para consumo humano. Porém a fim de analisar se
no farelo ficavam retidas as proteínas responsável pela floculação da água foi
realizado o ensaio de floculação descrito anteriormente, nas seguintes proporções 1,
2 e 3 pastilhas de 3 g, respectivamente. Logo após foi realizado análise de turbidez,
obtendo resultados conforme descrito na tabela 3:
Tabela 3: Resultado da Análise Físico-Química após tratamento utilizando aparelho de ensaio de
floculação e o farelo de Moringa oleifera Lam
Amostras / 3g Floculação Aspecto Turbidez
1 Sim Límpido 8 NTU
2 Sim Límpido 6 NTU
11

3 Sim Leitoso 14 NTU


Legenda: (NTU) Unidades nefelométricas de turbidez

O ensaio com o farelo demonstrou que na massa solida também fica retida as
propriedade coagulantes. Porém devido ao aparecimento de fungos o teste com a
massa seca foi descartada.

Tratamento por Decocção utilizando o extrato salino

A elaboração do extrato com substancia salina é descrita no trabalho de


Valverde, et al. (5) por que a solução salina de NaCl é melhor para extrair as
substâncias lectina e pectina da semente de Moringa oleifera Lam., e foi decidido
aumentar a concentração da semente no extrato para poder conseguir floculações
com menores dosagens do extrato evitando que água após tratamento apresenta-se
uma coloração esbranquiçada.
A utlização do método de decocção como método alternativo para tratamento
utilizando a Moringa oleifera Lam como coagulante se deve, a facilidade de reproduzir
o processo em pequenas comunidades carentes em relação ao processo de
floculação que é mais utilizado em ETA. O trabalho de Gnoatto, et al. (22) cita a
decocção como melhor método de extração para materiais vegetais, o que poderia
potencializa o efeito coagulante da semente de Moringa Oleifera Lam. Outra
justificativa para escolha do processo de decocção é por que ao aquecer a água a
altas temperaturas ajuda na eliminação de micro-organismo presentes tanto no
material vegetal como na própria água (23). O resultado do tratamento obteve os
resultados demonstrados na tabela 4:

Tabela 4: Resultado da análise físico-química após tratamento por decocção utilizando extrato salino
de Moringa oleifera Lam 10%
Amostra Tipo do produto pH Cor Turbidez
12

2000 mL 1 mL de solução 7,20 5 uH 5 NTU


2000 mL 2 mL de solução 7,40 2,5 uH 1,80 NTU
2000 mL 3 mL de solução 7,45 2,5 uH 2,3 NTU
Legenda: (uH) Unidades Hazen; (NTU) Unidades nefelométricas de turbidez

O tratamento de água por decocção pelos resultados obtidos se mostrou mais


eficiente que o processo de floculação, principalmente por ter sido feito pela solução
salina, além de clarificar melhor a água, os flocos de sujeira formados sedimentaram
instantaneamente
O tratamento feito com as 3 dosagens apresentaram parâmetros dentro do
padrão de potabilidade exigidos pelo Ministério da Saúde (19).
Devido aos resultados obtidos do tratamento de decocção com extrato salino
10% da semente, foi repetido o teste desta vez utilizando a água coletada no mês de
maio que apresentava maior turbidez, obtendo os resultados conforme tabela 5:

Tabela 5: Resultado da análise físico-química após tratamento por decocção, das águas coletadas no
mês de maio.
Amostra Produto pH Cor Turbidez
2000 mL 2 ml de solução 7,0 5 uH 4,50 NTU
2000 mL 4 ml de solução 7,87 2,5 uH 2,70 NTU
2000 mL 6 ml de solução 7,9 2,5 uH 3,00 NTU
Legenda: (uH) Unidades Hazen; (NTU) Unidades nefelométricas de turbidez

O resultado demonstrou que aplicação de regra de 3 simples funciona para


determinar a dosagem de aplicação de produto tendo como base que para 2000 mL
de água com turbidez de 40 NTU são necessários aproximadamente 2 mL de solução
salina 10% de Moringa oleifera Lam.

Análise Microbiológica

A análise microbiológica, pelo kit colilert, basea-se na técnica de substrato


cromogênicos é um método fácil e rápido de detecção dos micro-organismos
indicadores de contaminação patógena, coliformes totais e Escherichia coli ou
coliformes termotolerantes, a presença de coliformes é indicada quando a água
presente no frasco esterilizados apresenta coloração amarela. A presença de
Escherichia coli é determinada quando a amostra de água que apresentou coloração
amarela, apresente fluorescência azulada, quando em contato com luz ultravioleta, e
13

resultados incolor indicam que não a presença de coliformes totais e termotolerantes


na água (24). O resultado obtido conforme a tabela 6:

Tabela 6: Resultados Microbiológicos após Tratamento por Decocção por solução salina de Moringa
oleifera Lam 10%
Amostra Coliformes totais Escherichia coli
Água in natura 10 mL Positivo Negativo
Água tratada 10 mL Negativo Negativo
Água tratada 5 mL/ água destilada 5 mL Negativo Negativo
Água tratada 2,5mL/ água destilada 7,5 mL Negativo Negativo

O primeiro resultado da análise microbiológica demonstrou que água tratada


por solução salina de Moringa oleifera Lam 10% por decocção conseguiu eliminar os
micro-organismos coliformes totais presentes na água superficial do Rio do Campo,
porém a mesma água não apresentou resultado positivo para coliformes
termotolerantes, o que poderia indicar um falso resultado, já que águas superficiais
geralmente apresentam Escherichia coli quando não tratadas. O resultado negativo
pode ter sido causado por residual de cloro presente na água, já que a amostra foi
coletada na estação de tratamento de água da SANEPAR de Campo Mourão.
A segunda análise foi realizada com a água coletada no mês de maio após
período de chuva, obtendo os resultados descritos na tabela 7:

Tabela 7: Resultados Microbiológicos após tratamento por decocção e solução salina de Moringa
oleifera Lam 10% de água superficial após longo período de chuva
Amostra Coliformes totais Escherichia coli
Água in natura 10 mL Positivo Positivo
Água tratada 10 mL Negativo Negativo

As características da água depois de prolongado período de chuva e a adição


do tiossulfato de sódio 10% para inibir o cloro, apresentaram bom resultado e o
controle positivo apresentou coliformes totais e Escherichia coli. E o tratamento por
decocção e solução salina de Moringa oleifera Lam, se mostrou eficiente conseguindo
eliminar os coliformes totais e Escherichia coli presentes na amostra da água
superficial. Como a Escherichia coli é o principal micro-organismo indicador para
coliformes termotolerantes sua ausência na análise indica que esta água esta livre de
micro-organismos termotolerantes (24). Embora, a eliminação destes coliformes tenha
sido eliminados pelo processo que decocção ao elevar a temperatura da água a mais
de 60 C° (23). A eliminação de outros micro-organismos, como Giárdia spp. são
14

removidas junto com o lodo que fica no fundo do frasco pelo processo de remoção
das partículas coloidais, conforme descrito por Nishi, et al. (16).
Comparando os resultados obtidos nas análises físico-químicas e
microbiológicas do tratamento da água superficial do Rio do Campo por decocção e
solução salina de Moringa oleifera Lam a 10%, com o padrão de potabilidade em
residências exigidos pela portaria 2914 do Ministério da Saúde (19), conforme
compara a tabela 8:

Tabela 8: Comparação entre as analises físicos químicas e microbiológicas exigidos pelo Ministério da
Saúde e o tratamento por decocção e solução salina de Moringa oleifera Lam 10% utilizando 2mls da
solução em água superficial com características da Tabela 1.(19)
Tipo de análise Portaria 2914 do MS Melhor resultado da pesquisa
pH Entre 6,60 a 9,00 7,40
Cor Menos ou igual a 15 HU 2,5 HU
Turbidez Menor ou igual a 5 NTU 1,80 NTU
Escherichia Coli Ausência Ausência
Legenda: (uH) Unidades Hazen; (NTU) Unidades nefelométricas de turbidez

O resultado da comparação entre o padrão de potabilidade em residências


exigida pelo Ministério da Saúde (19) e os resultados obtidos do tratamento com
Moringa oleifera Lam por decocção, ficaram dentro do padrão exigidos.
A semente da planta Moringa oleifera Lam apresenta capacidade para
clarificação e desinfecção de água superficial devido a sua composição rica em
proteínas catiônicas de baixo peso molecular e também pela pectina e lectina
proteínas antimicrobianas. A elaboração de extrato salino potencializa a extração
destas proteínas e melhora a qualidade do tratamento, ainda mais quando o método
de tratamento escolhido é por decocção chegando a atingir os padrões de potabilidade
exigidos pela portaria 2914 do Ministério da Saúde.

CONCLUSÃO

O método de tratamento por decocção com adição deste coagulante natural,


por ser fácil preparação e mais barato que o processo de agitação utilizadas em
estações de tratamento de água pode ser uma das soluções a ser utilizadas em
lugares de carência de água potável.
Porém antes que este produto de Moringa oleifera Lam possa ser considerado
próprio ao tratamento de água sem risco algum para a saúde do homem, mais testes
15

devem ser realizados, como sua possível toxicidade, testes em animais e teste em
humanos, para só então ser comercializado para o tratamento de água.

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Detecção de Coliformes Totais e Coliformes Fecais em Amostra de Água, em
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(Mestrado em Ciências dos Alimentos). Universidade Estadual Paulista Julio de
Mesquita Filho, Faculdade de Ciências Farmacêuticas . Araraquara, 2005.

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