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EFEITOS BENÉFICOS DE COMPOSIÇÃO CAPILAR CONTENDO EXTRATO DE

ALGAROBA (Prosopis juliflora)

Freire, Maria Luísa de S1, Ramos, Arthur Henrique F1, Da Silva, Clóvis G1, Cornélio, Melânia L.1
1
Departamento de Engenharia Química-CT-UFPB Campus I, João Pessoa, Brasil.
*Autor para correspondência: melania.cornelio@academico.ufpb.br Universidade Federal da Paraíba- UFPB-
, Departamento de Engenharia Química- Centro de Tecnologia- CT- Campus I- Cidade Universitária, PB
/UFPB; 58051-900, JP/PB, Brasil.

RESUMO
A Prosopis juliflora, comumente conhecida como algaroba, pertence à família das leguminosas, foi
introduzida no Brasil na década de 40 e se adaptou facilmente à caatinga nordestina, sendo uma
espécie promissora para essa região. O extrato dessa planta possui propriedades regenerativas,
antimicrobianas e hidratantes, tornando-se interessante para aplicação cosmética em um cenário cuja
demanda por produtos com componentes naturais no ramo é crescente. Esta pesquisa buscou avaliar
a ação do extrato da algaroba (Prosopis juliflora), nas concentrações de 0.5; 1,0 e 2,0%, como ativo
em formulação de shampoo e condicionador, assim como seus benefícios quando aplicados em
cabelos do tipo IIIb-cacheado. Foi realizada a caracterização físico-química do extrato aquoso
concentrado da algaroba que apresentou quantidade de açúcares, lipídios e proteínas favoráveis para
a aplicação nas formulações cosméticas. Foi realizado testes para analisar atividade antioxidante do
extrato que apresentou um valor de DPPH de (82,78 ± 1,58 g/Kg). Ainda, foi realizado um screening
fitoquímico onde foi confirmado a presenças dos seguintes metabólitos secundários: flavonoides,
esteroides e alcaloides. As formulações produzidas foram testadas nas mechas, avaliando-se a
penteabilidade, tensão dos fios e brilho com equipamentos específicos. Observou-se que o extrato de
algaroba possibilitou, em ordem crescente de concentração, aumento de brilho, melhorou a resistência
dos fios testados de forma expressiva em comparação com a mecha controle e foi detectada maior
facilidade de penteabilidade dos fios tratados com o extrato da planta em relação ao fio sem o ativo.
De tal modo, podemos considerar que o extrato da algaroba é um ativo promissor para tratar os fios.

Palavras-chave: Prosopis juliflora; algaroba, shampoo; tensão; brilho.

INTRODUÇÃO

A arquivologia descobriu que nossos ancestrais, na idade da pedra, já pintavam os cabelos


com pigmentos vermelhos para a realização de rituais sagrados, dando indícios que a modificação da
aparência seria uma das maiores e mais atemporais formas de expressão e comunicação do mundo,
sendo os cosméticos um forte agente nesse fenômeno. Hoje, o setor cosmético é um dos mais
representativos no âmbito de produtos de uso pessoal, tornando- cada vez mais abundante- o estudo
de tecnologias e ativos inovadores e eficazes para as formulações (REINALDO, 2021). No Brasil,
devido a expressiva biodiversidade da flora nativa, a pesquisa de componentes naturais provenientes
das plantas do País é favorecida. Esse fator é acrescentado ao desejo de um número cada vez maior
de consumidores por produtos com formulações que contenham ativos naturais o que, segundo Zucco
(2020), representa a maior vantagem de se realizar pesquisas que desenvolvam esse tipo de produto:
a demanda do mercado.
Nesse sentido, o estudo de formulações cosméticas que contenham a Prosopis Juliflora
(algaroba), uma planta leguminosa introduzida no Brasil na década de 40 e que se adaptou a um dos
maiores biomas brasileiros: a caatinga, é promissor, sobretudo para a região Nordeste que possui a
maior reserva algarobeira do País. Essa planta já é amplamente utilizada para a produção de bebidas
alcoólicas destiladas e de alimentos fermentados, principalmente devido à sua parede de frutos que é
rica em açúcares, proteínas e sais minerais, sendo uma planta próspera economicamente e geradora
de renda para a região (DAMASCENO, 2021).
Sobre sua caracterização química, segundo Galan et al. (2009), esse vegetal apresentou
82,7% de matéria seca; 9,91% de proteína bruta; 54,16% de carboidratos solúveis; Cálcio, 0,16% e
fósforo, 0,13%. Ainda, estudos fitoquímicos mostraram a presença dos metabolitos secundários, sendo
dominante os flavonoides, os esteróides e os alcalóides que estão relacionados com o caráter
regenerativo, antimicrobiano e hidratante do extrato da Prosopis Juliflora (ROCHA, 2019), o que é um
bom indicador para a sua utilização em formulações cosméticas.
Explorando o potencial da algaroba, esta pesquisa visa a produção de formulações capilares:
shampoo e condicionador com diferentes concentrações (0,5;1,0 e 2,0%) do extrato da planta, assim
como avaliar os benefícios do extrato nos fios se baseando em variáveis critérios, a exemplo da
resistência e compressão das mechas, brilho e penteabilidade dos cabelos. Vale ressaltar que o extrato
da Prosopis juliflora terá na composição característica de ativo, ou seja, será responsável por entregar
benefícios aos cabelos e couro cabeludo, além de ser o diferencial das formulações produzidas
(NAKAGAMI, 2020).
De tal modo, mais uma aplicação dessa planta nutritiva, versátil e abundante no Nordeste será
avaliada, podendo aumentar os lucros dessa região e movimentar a economia local gerando uma nova
fonte de renda e empregos. Além disso, a pesquisa também atua no esclarecimento de como ocorre a
inovação cosmética focada em uma tendência do mercado, de como a tecnologia cosmética é aplicada
e de quais critérios devem ser avaliados para validar a eficácia de um produto. Pelos indícios positivos
que o extrato fluído da planta apresenta, espera-se que ele enriqueça a formulação base e que tenha
bom desempenho nos cabelos.

OBJETIVOS

O objetivo dessa pesquisa foi desenvolver formulações capilares de shampoo e condicionador


com 3 concentrações distintas: 0,5%; 1,0% e 2,0% contendo o extrato da Prosopis juliflora a fim de
avaliar os seus benefícios em mechas de cabelos do tipo IIIb-cacheado.

MATERIAIS E MÉTODOS

OBTENÇÃO DO EXTRATO FLUÍDO DA ALGAROBA (Prosopis juliflora)

Sanitização do material vegetal e obtenção do extrato


A matéria prima para obtenção do extrato utilizado nas formulações cosméticas de shampoo e
condicionador foi a vargem madura da algarobeira, proveniente das regiões de clima semiárido do
estado da Paraíba. As vagens foram coletadas, colocadas em um saco de plástico (nylon) e levadas
ao laboratório para realizar o tratamento das mesmas a fim da obtenção do extrato fluido.
Posteriormente, foi feita uma seleção da matéria prima e foram pesados 2 Kg da vagem da algaroba
para, finalmente, ser feito o processo de sanitização.
Para o processo de limpeza, as vagens foram colocadas em um recipiente com 6 L de água
e 30 mL de água sanitária (3%) durante 10 minutos, evitando, assim, o aparecimento de
microrganismos indesejados que atrapalhariam o processo. Após sanitização foi obtido o extrato por
meio de prensagem em uma prensa hidráulica e posteriormente foi obtido o extrato concentrado em
rotaevaporador.

CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DO EXTRATO FLUÍDO

A caracterização físico-química da composição do extrato de algaroba foi realizada seguindo a


metodologia utilizada pelo Instituto Adolfo Lutz (2008)

Determinação do pH
O pH do extrato foi determinado por um pHmetro Quimis microprocessado de bancada, como
descrito pelo Instituto Adolf Lutz (2008);

Determinação do Brix
O brix foi determinado usando um refratômetro para açúcar, modelo KASVIK52-032, com
escala de 0-32% BRIX e com uma precisão de 0,2%;

Determinação da umidade por aquecimento direto


Fundamenta-se na evaporação da água presente no extrato, isto é, corresponde à perda em
peso sofrida pelo alimento quando aquecida. Utilizou-se uma cápsula de porcelana, previamente
tarada, em estufa a 105 °C durante aproximadamente 1 hora, posteriormente, deixou-se esfriando por
aproximadamente 30 minutos. Em seguida, cerca de 5g da amostra foram pesadas na cápsula e
levadas para o banho-maria até a evaporação de água. As operações de aquecimento e resfriamento
foram repetidas até o peso constante. O cálculo final para obter os resultados pode ser feito a partir da
equação:
% Umidade = (peso da cápsula + amostra úmida – peso da cápsula + amostra seca) / peso da
cápsula + amostra úmida – peso da cápsula) x 100;

Determinação de resíduos mineral fixo (cinzas)


Se baseia na perda de peso que ocorre quando o extrato é incinerado em temperatura próxima
a 525° - 570 °C com destruição da matéria orgânica, sem apreciável decomposição dos constituintes
do resíduo mineral ou perda por volatilização. Cerca de 3,0g da amostra foram pesadas em cadinhos
de porcelana, previamente tarados, aquecidos a 105 °C e resfriados até a temperatura ambiente. Em
seguida, as amostras foram colocadas em banho maria por 1 hora para evaporar o excesso de água.
Carbonizou-se em chapa aquecedora e incinerou-se em mufla a 550°C até que o resíduo ficasse branco
ou cinza claro. Por fim, as amostras foram resfriadas em dessecador até a temperatura ambiente e
pesadas. Para o cálculo, utilizou-se a seguinte equação:
% de Cinzas = (P2 – P1 / P) X 100.
Em que P2 = peso da cápsula mais cinzas, P1 = peso da cápsula e P = peso da amostra [g];

Quantificação das proteínas totais


Fundamenta-se na digestão ácida do extrato em presença de catalizadores, formação de
amônia, destilação desta em meio básico e titulação com solução padrão de ácido.
Proteínas totais [g/100] = (VA – VB) x fa x F x0,14 / P
Em que VA é o volume de ácido clorídrico 0,1N padronizado gasto na titulação da amostra, VB
é o volume de ácido clorídrico 0,1N padronizado gasto na titulação do branco, fa é o fator de correção
da solução de ácido clorídrico 0,1N e F é o fator de correspondência nitrogênio – proteína (5,75 pela
literatura).

Quantificação dos lipídeos pelo método BLICH & DYER (1959)


Primeiramente, dessecou-se a amostra devido a presença de umidade acima de 10%. Em
seguida, foram pesados entre 2,0 – 2,5g da amostra. Transferiu-se para o tubo de 70 mL. Adicionou-
se exatamente 10 mL de clorofórmio, 20 mL de metanol e mais 8 mL de água destilada. Agitou-se no
agitador rotativo por 30 minutos. Adicionou-se exatamente 10 mL de clorofórmio e 10 mL de solução
de sulfato de sódio 1,5%. Agitou-se vigorosamente por 2 min. Deixou-se separar as camadas
naturalmente (24h). Succionou-se a camada metanólica superior e ela foi descartada. Filtrou-se a
camada inferior em papel filtro quantitativo (a solução deve ficar límpida). Mediu-se exatamente 5 mL
do filtrado que foi transferido para um Becker de 50 mL previamente tarado. Evaporou-se o solvente
em estufa a 100 °C, esfriou-se em dessecador por 40min e, por fim, ele foi pesado. O cálculo é feito de
acordo com a equação:
% de Lipídios totais = (peso dos lipídios (Pf – Tara) (g) x 4 / peso da amostra(g)) x 100;

Quantificação dos açúcares redutores em glicose pelo método Lane & Eynon
Pesou-se 10g da amostra que foi transferida para um balão volumétrico de 250 mL e
completou-se o volume com água destilada. Em seguida, ela foi filtrada para o erlenmeyer e neutralizou-
se com solução de NaOH, usando potenciômetro. A amostra com 10 mL de acetato de zinco 1,0M e,
logo após, retirou-se o excesso com 10 mL de ferrocianeto de potássio 0,25M. Transferiu- se para uma
bureta 25 mL do filtrado obtido, pipetou- se volumetricamente 5 mL das soluções A e B de Fehling em
um erlenmeyer de 250 mLe foram adicionados aproximadamente 40 mL de água destilada e a solução
foi aquecida até a ebulição. Manteve-se a ebulição e foi feita a titulação com a amostra até o
aparecimento da coloração vermelho tijolo, usou-se 4 gotas de azul de metileno 1% como indicador.
Calculou-se os resultados obtidos a partir da equação:
AR% = (F x C x 100) / (P x V).
Em que, AR são os açúcares redutores, F, o fator de Fehling (F/2 quando usar 5ml), C é a
capacidade volumétrica do balão utilizado, P é o peso da amostra e V é o volume gasto na titulação.

Quantificação dos açúcares totais


Foram pesados 5g da amostra que foi colocada em um balão volumétrico de 200 mL e
completou-se o volume com água destilada. Então, houve a filtração para o erlenmeyer e neutralizou-
se com solução de NaOH, usando potenciômetro. A amostra foi clarificada com 5 mL de acetato de
zinco 1,0M e em seguida retirou-se o excesso com 5 mL de ferrocianeto de potássio 0,25M e foi feita
outra filtração. Em seguida, foram adicionados 10 mL de HCL concentrado. Colocou-se em banho-
maria a 68-70 °C por 20 minutos. Depois, foi feito um resfriamento rápido em banho de gelo. Colocou-
se dentro do balão um pedaço do papel indicador vermelho do congo e neutralizou-se com NaOH a
40% até a coloração violeta do papel mudar para vermelho (cor original do papel). Por fim, ocorreu a
titulação com o licor de 0, Fehling como descrito em açúcares redutores.
AT% = (F x C x100) / (P x V)
Em que AT são os açúcares totais, F é o fator de Fehling (F/2 quando usar 5 mL), C, a
capacidade volumétrica do balão utilizado, P é o peso da amostra e V é o volume gasto na titulação

Quantificação dos açúcares não redutores em sacarose (ANR)


O valor é obtido através da diferença entre os açúcares totais e os açúcares redutores,
conforme a equação:
ANR % = AT – AR
Onde ANR são os açúcares não redutores, AT são açúcares totais e AR são os açúcares
redutores

Quantificação dos carboidratos


Essa análise é feita por meio da diferença, de acordo com a equação:
% Carboidratos (E) = 100 – (A + B + C + D)
Em que A é a porcentagem de umidade, B é a porcentagem de resíduo mineral fixo, C é a
percentagem de proteína, D é a porcentagem de lipídios e E a de carboidratos.

AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIOXIDANTE PELO SEQUESTRO DO RADICAL 2,2-DIFENIL-1-


PICRILHIDRAZIL (DPPH)
A avaliação de atividade antioxidante do suco da casca do abacaxi foi realizada seguindo o
método descrito por Brand- Williams et al. 1995 para avaliar a atividade antioxidante.

ANÁLISE FITOQUÍMICA DO EXTRATO FLUÍDO DA ALGAROBA


Para análise fitoquímica foram utilizados padrões metodológicos MATOS, 2001; MARINS et.
al. 2011 e WAGNER, H & BLAT, S.1996. Realizamos os testes de triagem fitoquímica como descrito
abaixo:

a) Alcalóides: em 4 tubos de ensaio foram adicionados 2 mL da amostra. Nos três primeiros


tubos foram acrescentadas 3 gotas dos reagentes de Dragendorff, Mayer e Bertrand,
respectivamente, tendo o tubo 4 como amostra. A formação de turvação ou precipitado
floculoso indicaria reação positiva;

b) Flavonoides: foram colocados 2 mL da amostra em uma cápsula de porcelana sob a chapa


de aquecimento até haver a evaporação total. Em seguida, a cápsula foi lavada com 0,2 mL
de clorofórmio e redissolvida com 1 mL de etanol 70%. Logo após, a amostra foi transferida
para o tubo de ensaio e adicionado 200 mg de magnésio metálico em raspas e 1 mL de HCL
concentrado. O aparecimento de coloração rósea a avermelhada indicaria reação positiva;

c) Esteróides e Triterpenóides: em um tubo de ensaio foi adicionado 1 mL da amostra, mais 1


gota de anidrido acético e 2 gotas de ácido sulfúrico concentrado. Em outro tubo foi adicionado
apenas 1 mL do extrato (amostra). O aparecimento de coloração azul ou verde indicaria
esteróides e vermelha à presença de triterpenóides.

d) Taninos: em 4 tubos de ensaio foram adicionados 2 mL do extrato. No tubo 1, foram


acrescentadas 2 gotas de HCl diluído e 4 gotas de uma solução de gelatina 2,5%. No tubo 2,
foram colocadas 4 gotas de FeCl3 a 1% em metanol e 4 gotas de acetato de chumbo 10%,
mais 10 mL da solução de ácido acético a 10% no tubo 3, tendo o tubo 4 como amostra. A
formação de precipitado no tubo 1 e 3 indicaria a presença de taninos e taninos hidrolisáveis,
respectivamente. A coloração azul no tubo 2 indicaria a presença de taninos hidrolisáveis e
verde de taninos condensados.

e) Saponinas: foi colocado 1 mL do extrato e 2 mL de água destilada em um tubo de ensaio e


colocado em banho Maria durante 3 minutos. Após o aquecimento, o tubo foi agitado
vigorosamente por 1 minuto e deixado em repouso por 15 minutos. O aparecimento de
espuma persistente indicaria reação positiva.
PROPOSTA DE FORMULAÇÃO DE SHAMPOO E DE CONDICIONADOR CONTENDO O EXTRATO
DA Prosopis juliflora
Foram desenvolvidas 8 formulações cosméticas, duas (um shampoo e um condicionador) sem
o extrato fluído da algaroba e as outras seis (três shampoos e três condicionadores) contendo-o só que
em diferentes concentrações. De tal modo, foram formados 4 pares: o par shampoo/condicionador sem
extrato, o par shampoo/condicionador com 0,5 % do extrato, o par shampoo/condicionador com 1,0%
do extrato e, por fim, o par shampoo/condicionador com 2,0% do extrato fluido da Prosopis juliflora. Os
produtos desenvolvidos foram combinados em quantidades máximas e mínimas representadas por
porcentagem (p/p).

Proposta para o shampoo


A Tabela 1 contém a formulação base utilizada para o shampoo contendo o extrato de algaroba
em concentrações previamente estabelecidas (0,5;1,0 e 2,0%):
Tabela 1- Proposta de formulação para o shampoo contendo o extrato da Prosopis juliflora

Parâmetros Quantidade
(p/p) %
Veículo 0-100
Tensoativos 15-30
Espessantes 0,2-0,7
Emolientes 0,5-5
Umectantes 0,3-4
Ativo 0,2-15%
Quelante 0,01-0,02
Antioxidante 0,01-0,02
Conservantes 0,01-0,1
a
Adaptado de Barata (2018)

No caso das formulações produzidas, o ativo da formulação do shampoo foi o extrato da


algaroba, variando as concentrações. Além disso, não foi utilizada nenhuma fragrância, uma vez que
a algaroba já possui um cheiro característico e agradável.

Proposta para o condicionador


A Tabela 2 mostra a proposta de formulação base utilizada para o condicionador contendo o
extrato fluído de algaroba em concentrações pré-determinadas
Tabela 2- Proposta de formulação para o condicionador contendo o extrato da Prosopis juliflora

Parâmetros Quantidade
(p/p) %
Veículo 0-100
Espessantes 0,2-0,7
Emulsionantes 0,5-6,0
Emolientes 0,5-5
Umectantes 0,3-4
Ativo 0,2-15%
Quelante 0,01-0,02
Antioxidante 0,01-0,02
Conservantes 0,01-0,1

a
Adaptado de Barata (2018)

Seguindo a lógica dos shampoos formulados, para os condicionadores, o ativo utilizado foi o
extrato fluído da algaroba em concentrações estabelecidas e não foi utilizada fragrância.

TESTE DE ESTABILIDADE DA FORMULAÇÃO


Procedimento para análise de estabilidade nas formulações de shampoo e condicionador
contendo o extrato de algaroba
O estudo da estabilidade de produtos cosméticos fornece informações que indicam o grau de
estabilidade relativa de um produto nas variadas condições a que possa estar sujeito desde sua
fabricação até o término de sua validade. Segundo o Guia de Estabilidade de Produtos Cosméticos
(ANVISA,2004), “pelo perfil de estabilidade de um produto é possível avaliar seu desempenho,
segurança e eficácia, além da sua aceitação pelo consumidor”.
Nessa pesquisa, foi realizado o estudo de estabilidade acelerado seguindo o Guia de
Estabilidade de Produtos Cosméticos (ANVISA, 2004) . As amostras de shampoo e condicionador
contendo a maior concentração de extrato de algaroba (2%) (Prosopis juliflora), foram expostas a 3
condições ambientais, sendo elas: estufa (50 °C), ambiente e geladeira (5 °C), por um período de 1
mês (4 semanas), realizando análises semanais. Durante o estudo, foram monitorados os seguintes
parâmetros: pH, viscosidade e aspectos organolépticos (odor, cor, textura e aparência). A viscosidade
foi mensurada utilizando um viscosímetro rotativo digital – modelo NDJ-5S.
Procedimento de análise dos resultados
Além dos resultados das medições de pH e viscosidades, os critérios cor, odor e aspecto
receberam a seguinte classificação:
• Aspecto: N (normal/sem alteração); LS/LT/LP (levemente separado/turvo/precipitado) e IS/IT/IP
(intensamente separado/turvo/precipitado);
• Cor: N (normal/sem alteração); LM (levemente modificado); M (modificado) e IM (intensamente
modificado);
• Odor: N (normal/sem alteração); LM (levemente modificado); M (modificado) e IM
(intensamente modificado).

TESTES EM MECHAS PADRONIZADAS

Lavagem das mechas


Inicialmente, 4 mechas de mesmo tamanho e peso foram separadas para a realização dos
testes: na primeira foi aplicado o par shampoo/condicionador sem extrato da algaroba (mecha controle),
na segunda o par shampoo/condicionador com 0,5% do extrato da algaroba, na terceira, o par de 1%
e na quarta o par que continha 2% do extrato da planta.
Para a lavagem, o procedimento foi padrão para todas as mechas, com elas molhadas, foi
aplicado o shampoo que foi sendo massageado no cabelo durante 1 minuto e logo após enxaguado.
Depois, foi aplicado o condicionador que também foi massageado por 1 minuto, só que passou outros
dois minutos nos fios para efetivar sua ação. Vale ressaltar que, tanto pro shampoo como pro
condicionador, as quantidades foram padronizadas para todas as mechas, assim como o volume de
água utilizado. Para finalizar, foi aguardado o tempo de secagem por completa dos fios sem utilização
de calor.

Avaliação da penteabilidade em mechas padronizadas com shampoo e condicionador contendo


extrato da algaroba
Como os cabelos possuem a tendência de adquirir uma carga aniônica em sua superfície por
causa das cargas negativas doadas pelo shampoo, a principal função do condicionador é a de
neutralização dessas cargas, diminuindo o efeito estático e, consequentemente, melhorando a
penteabilidade (MONTE, 2013). Para a análise e comparação da penteabilidade entre as mechas
selecionadas do tipo III. As medidas de compressão ou penteabildade do fio foram realizadas em
texturômetro modelo Brookfield Ametek C3 nas seguintes condições (carga de tigger 6,8g; velocidade
2,5mm/s, ponta de prova TA3/100, dispositivo TA-HFC).
O procedimento se baseia em deslizar os fios sobre um aparato contendo dois pentes e a força
de atrito entre pente e mecha padronizada é adquirida e avaliada, sendo o produto que apresentar
menor força de atrito, também, aquele considerado mais fácil de pentear. De tal modo, foi observado
também a diferença desse parâmetro nas diferentes concentrações do extrato (0,5%, 1,0%,2% e o
controle) aplicadas ao shampoo e condicionador. Vale ressaltar que esse procedimento aconteceu
para as mechas quando elas estavam úmidas e após a secagem delas. A Figura 1 mostra o
equipamento no momento de realização do teste:
Figura 1- Texturômetro realizando as medidas de penteabilidade
a
Dados da pesquisa, 2023

Avaliação do brilho em mechas padronizadas com shampoo e condicionador contendo extrato


da algaroba
Apesar da principal função do condicionador ser aumentar a penteabilidade dos fios, dar ao
cabelo um aspecto brilhoso também é um atributo muito valorizado pelos consumidores, sendo um
importante parâmetro visual dos fios (SILVA, 2018). A definição de brilho se baseia em refletir luz,
sendo assim, o teste para sua avaliação é fundamentado na reflexão de luz especular e difusa em
distribuições angulares ajustadas.
Para a realização do teste, foi utilizado o equipamento denominado Glossymeter GL-200
(Courage + KhazakaeletronicGmbH). O Glossymeter direciona uma luz em um ângulo específico para
a superfície de teste e mede a quantidade de reflexão. Dessa forma, foi comparado o brilho dos cabelos,
após a lavagem, contendo o extrato fluído da algaroba nas concentrações 0% (mecha controle); 0,5%;
1,0% e 2,0%.

Testes de tensão nas mechas padronizadas com shampoo e condicionador contendo extrato de
algaroba
A resistência mecânica do cabelo pode ser mensurada levando em consideração as
propriedades de resistência ou elasticidade da fibra capilar devido à força de tensão/ carga. Levando
em consideração que as fibras capilares têm propriedades elásticas e plásticas, a primeira é
mensurável quando uma força é aplicada de forma que a fibra capilar se estende em parte devido a
essa força, esticando cerca de 2% de seu comprimento original. Após a fase elástica, o cabelo começa
a fase plástica (deformação irreversível) que é quando o cabelo se estica rapidamente, aumentando de
25% a 30% o comprimento de forma que, mantendo o valor da força constante, as fibras se esticam
proporcionalmente à carga até que ocorra a ruptura. Dessa forma, quanto menor o valor da força de
ruptura, mais danos são infligidos ao córtex e mais frágil é aquela mecha (GAMA, 2016).
Na pesquisa, foi avaliada a tensão da fibra capilar das mechas selecionadas do tipo III antes
e após aplicação do shampoo e condicionador contendo o extrato da algaroba a fim de verificar a
influência do extrato de algaroba na resistência dos fios. As medias de tensão do fio foram realizadas
em texturômetro modelo Brookfield Ametek C3 nas seguintes condições (carga de tigger 6,8g;
velocidade 0,5mm/s, ponta de prova TA3/100, dispositivo A-RT-KIT).

Análise Estatística
Os resultados são mostrados como média aritmética. Realizado teste estatístico T-Student
utilizando o software PrismGraphPad 4. O nível de significado fixado foi em (p < 0,05).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

RESULTADOS DA CARACTERIZAÇÃO FÍSICO QUÍMICA


Os resultados da caracterização físico-química são representados na Tabela 3
Tabela 3- Caracterização físico-química do extrato fluído da algaroba (Prosopis juliflora)
Parâmetro Valores obtidos
pH 5,52
o
Brix 20,23
Densidade 1,059 g/mL
Umidade 81,30%
Cinzas 0,96%
Proteínas totais 1,40%
Lipídeos 0,41%
Açúcares Totais 12,80%
Açúcares Redutores 1,39%
Açúcares Não Redutores 11,41%
Carboidratos 16,09%
a
Dados da pesquisa (2023)

Os valores da literatura encontrados para as vagens da algaroba são: 22,0 °Brix; 10,81% de
proteínas; 2,11% de lipídeos; 3,08% de açúcares redutores; 41,18% de açúcares não redutores;
44,27% de açúcares totais; 76,86% de carboidratos e 369,67 Kcal/100g, o valor calórico total (SILVA,
2009). Os teores encontrados partindo do extrato da algaroba foram mais baixos do que encontrados
na literatura para as vagens da planta, o que era de se esperar uma vez que se trata de um extrato
fluído. Contudo, as quantidades de proteínas, lipídeos e açúcares apresentadas são apresentadas em
quantidades satisfatórias para o setor cosmético e permitem a utilização do mesmo como matéria-prima
cosmética.

RESULTADO DA AVALIAÇÃO ANTIOXIDANTE DO EXTRATO FLUÍDO DA ALGAROBAPELO


SEQUESTRO DO RADICAL 2,2-DIFENIL-1-PICRILHIDRAZIL (DPPH)
No sequestro do radical DPPH, o extrato fluído da algaroba apresentou um valor de atividade
antioxidante de 82,78 ± 1,58 g/Kg, apresentando capacidade de doar hidrogênio ao radical, o que
indica a sua atividade antioxidante. Esse fator é um bom indicativo para o extrato ser utilizado como
ativo em formulações cosméticas.

RESULTADO DA AVALIAÇÃO FITOQUÍMICA DO EXTRATO FLUÍDO DA ALGAROBA


Dentre os testes realizados para a detecção de metabólitos secundários no extrato das vagens
de algaroba houve positividade para: alcaloides, esteroides e flavonoides e ausência de taninos e
saponinas. Na Tabela 4 estão descritas as classes de metabólitos detectadas no extrato da algaroba
analisados de acordo com a intensidade de positividade das reações e ausência de metabólitos.
Tabela 4- Classe de metabólito detectado no extrato de algaroba

Metabólito secundário Reação


Alcalóides ++ =
Esteróides +
Flavonóides ++
Taninos -
Saponinas -
a
(++) moderadamente positivo; (+) fracamente positivo, (-)negativo
b
Dados da pesquisa,2023

Assim, fica explícito o potencial que o extrato da algaroba possui como ativo cosmético,
principalmente levando em consideração a quantidade de flavanoides considerados metabólitos com
potencial anitioxidantes (SANTOS; RODRIGUES, 2017).

RESULTADOS DAS FORMULAÇÕES PRODUZIDAS E DO ESTUDO DA ESTABILIDADE DO


SHAMPOO E CONDICIONADOR CONTENDO EXTRATO FLUÍDO DA ALGAROBA (Prosopis juliflora)
O aspecto visual de um produto cosmético, sobretudo no atributo da cor, está diretamente
relacionado com o julgamento e com experiência que o consumidor terá com o produto (MODANEZ.
2007). As formulações produzidas possuem o aroma natural do extrato fluído da algaroba e, a mistura
com os demais componentes da formulação, apresentou uma cor de mel, remetendo ao consumidor a
ideia de hidratação e natureza. As Figuras 2 e 3 mostram, respectivamente, o shampoo e o
condicionador produzidos com o extrato fluído da Prosopis juliflora.
Figura 2- Shampoos produzidos contendo extrato fluído da algaroba
a
Da esquerda para direita: shampoo controle, shampoo contendo 0,5% do extrato, shampoo
contendo 1% do extrato e shampoo contendo 2% do extrato.
b
Dados da pesquisa, 2023.

Figura 3- Condicionadores produzidos contendo extrato fluído da algaroba


a
Da esquerda para direita: shampoo controle, shampoo contendo 0,5% do extrato, shampoo
contendo 1% do extrato e shampoo contendo 2% do extrato.
b
Dados da pesquisa, 2023.

No que tange a estabilidade das formulações, as 6 tabelas abaixo mostram os resultados do


estudo de estabilidade da formulação contendo 2% do extrato fluído em 3 condições preestabelecidas
Tabela 5- Ficha de análise de estabilidade na temperatura ambiente da formulação: Shampoo
capilar contendo extrato fluido de algaroba (Prosopis juliflora)

Parâmetros Tempo (t0) Semana 1 Semana 2 Semana 3 Semana 4


Aspecto *N N N N N
Cor N N N N N
Odor N N N N N
pH 5,80 5,61 5,54 5,58 5,55
Viscosidade 999 999,9 999,9 999,9 999,9
(mPa s)
a N: normal
b
Dados da pesquisa, 2023

Tabela 6- Ficha de análise de estabilidade na temperatura de 50ºC da formulação: Shampoo


capilar contendo extrato fluido de algaroba (Prosopis juliflora)

Parâmetros Tempo 0 Semana 1 Semana 2 Semana 3 Semana 4


Aspecto N N N N N
Cor N N N N LM
Odor N N N N N
pH 5,73 5,58 5,51 5,70 5,68
Viscosidade 998 999 999,9 999,9 999,9
(mPa s)
a
N:normal; LM: levemente modificado
b
Dados da pesquisa, 2023

Tabela 7- Ficha de análise de estabilidade na temperatura de 5ºC da formulação: Shampoo


capilar contendo extrato fluido de algaroba (Prosopis juliflora)

Parâmetros Tempo 0 Semana 1 Semana 2 Semana 3 Semana 4


Aspecto N N N N N
Cor N N N N N
Odor N N N N N
pH 5,84 5,74 5,65 5,67 5,70
Viscosidade 999 999,9 999,9 999,9 999,9
(mPa s)
a
N:normal
b
Dados da pesquisa, 2023

Tabela 8- Ficha de análise de estabilidade na temperatura ambiente da formulação:


Condicionador capilar contendo extrato fluido de algaroba (Prosopis juliflora)

Parâmetros Tempo 0 Semana 1 Semana 2 Semana 3 Semana 4


Aspecto N N N N N
Cor N N N N N
Odor N N N N LM
pH 4,46 4,70 4,62 4,67 4,84
Viscosidade 1999 1999,9 1998 1998 1998
(mPa s)
a
N:normal
b
Dados da pesquisa, 2023

Tabela 9- Ficha de análise de estabilidade na temperatura de 50ºC da formulação: Condicionador


capilar contendo extrato fluido de algaroba (Prosopis juliflora)

Parâmetros Tempo 0 Semana 1 Semana 2 Semana 3 Semana 4


Aspecto N N N N N
Cor N N N N N
Odor N N N N N
pH 4,50 4,44 4,33 4,41 4,49
Viscosidade 1999 1999,9 1998 1998 1998
(mPa s)
a
N:normal
b
Dados da pesquisa, 2023

Tabela 10- Ficha de análise de estabilidade na temperatura de 5ºC da formulação: Condicionador


capilar contendo extrato fluido de algaroba (Prosopis juliflora)

Parâmetros Tempo 0 Semana 1 Semana 2 Semana 3 Semana 4


Aspecto N N N N N
Cor N N N N N
Odor N N N N LM
pH 4,51 4,57 4,39 4,47 4,51
Viscosidade 1999 1999,9 1998 1998 1998
(mPa s)
a
N:normal
b
Dados da pesquisa, 2023
Pelos dados das 6 tabelas é possível acompanhar realizado o estudo de estabilidade
acelerado por um período de quatro semanas do shampoo e condicionador contendo como ativo o
extrato fluido de algaroba (Prosopis juliflora), observamos que não houve alteração intensa em nenhum
dos parâmetros analisados, assim, então, concluímos que as formulações de shampoo e condicionador
eram estáveis, o que é de bastante relevância para assegurar a confiabilidade de um produto
cosmético com o passar do tempo.

RESULTADO DA PENTEABILIDADE EM MECHAS PADRONIZADAS CONTENDO O ETRATO


FLUÍDO DA ALGAROBA
Após a lavagem com o shampoo e condicionador contendo o extrato fluído da planta, foi
possível observar nas mechas do tipo IIIb- cacheado um maior alinhamento e diminuição do frizz de
maneira proporcional a concentração do extrato, ou seja, a mecha de 2% estava mais alinhada que a
de 1% que, por sua vez, estava mais alinhada que a de 0,5%. Vale ressaltar também que todas as
mechas contendo a Prosopis juliflora ficaram mais alinhadas que a mecha lavada com o par
shampoo/condicionador sem o extrato da algaroba. As Figuras 4 e 5 mostram, respectivamente, as
mechas antes da lavagem e após a lavagem com as formulações produzidas.

Figura 4- Mechas selecionadas antes da lavagem


a
Dados da pesquisa, 2023

Figura 5- Mechas selecionadas após lavagem com shampoo e condicionador contendo o


extrato fluído da algaroba
a
Da esquerda para direita: mecha controle; mecha extrato da algaroba (0,5%); mecha extrato da
algaroba (1%); mecha extrato da algaroba (2%).
b
Dados da pesquisa, 2023

No que diz respeito ao teste de penteabilidade utilizando o texturômetro para medir a menor
força de atrito entre os pentes e mecha, foi possível observar que a formulação contendo o extrato da
algaroba apresenta benefício sobre a força para pentear os cabelos em relação ao controle sem o
extrato da algaroba. Nas concentrações de 0,5% e 2,0% temos uma redução na força para pentear as
mechas, indicando que o extrato foi capaz de melhorar a penteablidade dos fios trazendo mais maciez
e hidratação para os fios. Esse efeito pode estar associado a composição química encontrada no
extrato de algaroba que possibilitou maior hidratação nas mechas. Através da análise estatística, os
resultados apresentados na tabela são expressos em [média ± erro padrão]. O teste estatístico Anova
(p<0,05) mostrou resultados significativos na redução da força para pentear as mechas que foram
tratadas com o extrato de algaroba se comparadas com o controle. Assim, o extrato de algaroba é um
novo ativo com benefícios comprovados para tratar os fios promovendo maciez e hidratação (Tabela
11).
Tabela 11- Resultado da força de penteabildade da fibra capilar quando tratada com diferentes
concentrações do extrato da algaroba

Material Força da Tempo (s)


penteabilidade (g)
(µ±e.p)
Controle (sem extrato) 68,83± 1,73*** 31,67
Extrato de Algaroba 0,5% 41,33± 2,16 *** 31,65
Extrato de Algaroba 1,0% 65,16± 0,5*** 31,68
Extrato de Algaroba 2,0% 35,00±2,19*** 23,81

***(p<0,05) significativo
a
Dados da pesquisa, 2023

RESULTADO DA AVALIZAÇÃO DO BRILHO EM MECHAS PADRONIZADAS CONTENDO O


EXTRATO FLUÍDO DA ALAGAROBA
Os resultados foram apresentados em termos da refletância (G.U). A Figura 6 mostra as
refletâncias das 4 mechas antes e depois da lavagem nas formulações avaliadas.

Figura 6- Análise de brilho nas mechas antes e após uso das formulações testadas
a
1: Mecha controle; 2: Mecha extrato da algaroba (0,5%); 3: Mecha extrato da algaroba (1%); 4:
Mecha extrato da algaroba (2%).
b
Dados da pesquisa, 2023

Nota-se um aumento no brilho do cabelo considerável e proporcional à concentração de


extrato fluído de algaroba (Prosopis juliflora), obtendo melhor rendimento quando as mechas foram
lavadas com o par shampoo/ condicionador contendo 2% do extrato. Ainda, é possível enxergar que
em todas as mechas que tiveram o ativo adicionado obtiveram melhor resultado que o da mecha
controle (0% de extrato na formulação), indicando que a adição do extrato fluído da algaroba em uma
formulação base aumenta o aspecto brilhoso do cabelo.

RESULTADO DO TESTE DE RESISTÊNCIA FEITO NAS MECHAS PADRONIZADAS CONTENDO O


EXTRATO FLUÍDO DA ALGAROBA
As mechas tratadas com o shampoo e condicionador contendo diferentes concentrações do
extrato de algaroba (0,5%, 1,0%, e 2,0%) quando submetidas ao teste de tensão apresentaram maior
elasticidade do fio e maior resistência a ruptura da mecha quando comparadas com o controle. Porém,
o shampoo e condicionador contendo 0,5 % do extrato da algaroba apresentou maior elasticidade e
tempo para acontecer a ruptura do fio em relação as outras concentrações (Tabela 12). As mechas
tratadas com o extrato da algaroba foram capazes de aumentar a elasticidade do fio e o tempo de
ruptura do fio, o que indica que o extrato da algaroba é capaz de ser aplicado como ativo para tratar
os fios danificados.
Tabela 12- Resultado da resistência da fibra capilar quando tratada com diferentes
concentrações do extrato da algaroba

Material Resistência (g) Tempo (s)


(µ±e.p)
Controle (sem extrato) 85,16± 4,84* 19,89
Extrato de Algaroba 0,5% 108,83± 2,16 * 20,39
Extrato de Algaroba 1,0% 82,336± 3,08* 31,68
Extrato de Algaroba 2,0% 97,33±3,11* 21,10

* (p<0,05) significativo
a
Dados da pesquisa, 2023

CONCLUSÕES

Com o desenvolvimento da pesquisa, foi possível avaliar mais uma aplicação de uma planta
abundante e promissora para o Nordeste: a Prosopis juliflora. Os dados apresentados mostram que,
de fato, o potencial que já se era acreditado devido as características físico e fitoquímicas da planta foi
convertido em êxito, o que pode ser comprovado nas análises feitas nas mechas padronizadas. Nos
testes de mecha, o extrato fluído da algaroba se mostrou eficaz em melhorar o brilho, a penteabilidade,
a resistência e o alinhamento dos fios, parâmetros estes essenciais para comprovar a eficácia de uma
formulação cosmética de shampoo e condicionador.
No que diz respeito a concentração do extrato fluído da algaroba nas formulações, a
concentração de 2% (maior quantidade relativa) possibilitou maior alinhamento dos fios e diminuição
do frizz. Somado a isso, a mecha em que foi aplicado o par shampoo/ condicionador de maior
concentração também apresentou a maior refletância do teste, aumentando 200% o brilho do cabelo.
Nos quesitos penteabilidade e resistência, as concentrações de 0,5% e 2% foram as mais eficientes
em reduzir a força de atrito entre os pentes e as mechas nos cabelos e em aumentar o valor da força
de ruptura em relação ao controle.
Ainda, as formulações produzidas apresentaram boa manutenção de propriedades perante o
teste de estabilidade acelerado, assegurando os produtos. Além de provar o bom desempenho do
extrato fluído da algaroba quando aplicado como ativo nas composições capilares, a pesquisa
apresentou relevância em mostrar como é feita a tecnologia cosmética e como ela pode ser relevante
para otimização do aproveitamento de recursos naturais abundantes, movimentando a economia da
região fornecedora da matéria-prima. Por fim, é concluído que formulações produzidas contendo o
extrato fluído da algaroba como ativo, além de estar em consonância com o cenário atual da demanda
de produtos de apelo natural, foram efetivamente benéficas às mechas de cabelo do tio IIIb-
selecionadas.

REFERÊNCIAS

ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Guia para a realização de estudos de


estabilidade. ANVISA: revista Brasília: ANVISA, 2005. Disponível em:
http://portal.anvisa.gov.br/documents/10181/2718376/RE_01_+2005_.pdf/18746b14-c3a6-4e43-
9721-694c2488f274?version=1.0. Acesso em: 08 de jul. 2019.

BARATA, Eduardo A. F. Cosméticos. A cosmética, inovações e enquadramento legal. 2. ed. Lisboa:


Libel, 2018.

DAMACENO, G. Produto cosmético sólido com Prosopis juliflora: avaliação da segurança,


desenvolvimento de formulações e estudo da eficácia hidratante e anti-rugas. Ufrn.br, 2021.

GAMA, R.M; ROLIM, A.; VELASCO, M. In vitro methodologies to evaluate the effects of hair care on
hair fiber. Cosmetics, 2016.

GRACIANE, M. Desenvolvimento e avaliação da estabilidade física de condicionador capilar contendo


óleo de pequi (Caryocar brasiliense Camb.). Bdm.unb, 5 dez. 2013.
INSTITUTO ALDOLFO LUTZ. Métodos físico químicos para análise de alimentos. 4 ed. São Paulo:
Instituto Aldolfo Lutz, 2008.

MODANEZ, P.S et al. Cor e sua influência na decisão de compra: análise em bens de consumo com
venda direta. Mostra acadêmica Unimep, 2007.

REINALDO, G. Das cavernas às prateleiras: sobre pigmentos, maquiagens e filtros. Galáxia (São
Paulo), n. 46, 2021.

ROCHA, A.B. Prospecção fitoquímica e efeito de extratos da folha da algarobeira (Prosopis juliflora
(Sw)) no controle do Colletotrichum gloeosporioides (Penz.) Penz & Sacc do cajueiro (Anacardium
occidentale L.). Ufrpe.br, 2019.

SANTOS, D.; RODRIGUES, M.M. Atividades farmacológicas dos Flavanoides: um estudo de revisão.
Scientia Generalis, 2017. Disponível em:
http://scientiageneralis.com.br/index.php/SG/article/view/395/316. Acesso em: 14 maio. 2023.

SILVA, C.G. da. Otimização do processo de produção da aguardente de algaroba e


aproveitamento dos resíduos sólidos em produtos alimentares. 2009. Tese de doutorado
(Engenharia de Processos) – Universidade Federal de Campina Grande, 2009.

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