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2018
INTRODUÇÃO
Como cediço, os roubos e furtos de aparelhos celulares têm se tornado rotina nos últimos
anos, quer pela facilidade na compra e venda, quer pelo considerável valor que estes aparelhos
possuem no mercado, sendo que muitos aparelhos oriundos do crime têm como destino final as
mãos de criminosos, tanto nas ruas como nas penitenciárias.
Diante do crescente número de roubos e furtos, o presente Manual tem como objetivo apenas
difundir alguns métodos para se tentar descobrir o destino dos aparelhos subtraídos, de modo a
tentar descobrir os autores dos crimes, bem como se chegar aos receptadores, quer dolosos, quer
culposos, quer qualificados, uma vez que é crescente o número de pessoas que comercializam
telefones produtos de crime.
Por óbvio, este Manual não procura esgotar o assunto e está longe de ser completo, motivo
pelo qual sugestões e modificações sempre serão bem vindas para se aperfeiçoarem cada vez mais
as investigações.
Assim, incumbe ao Delegado de Polícia orientar o escrivão para que sempre observe, na
confecção do boletim, o preenchimento obrigatório das seguintes informações:
Caso não conste no boletim de ocorrência a operadora na qual o chip estava cadastrado,
poderá ser realizada consulta através do seguinte link, o qual pode ser acessado no computador da
delegacia:<http://consultanumero.abrtelecom.com.br/consultanumero/consulta/consultaSituacaoAtu
alCtg>. Clicando em “consulta histórico recente”, o usuário poderá selecionar a data que deseja
consultar e verificar, inclusive, se houve portabilidade do número telefônico para outra operadora.
Caso não conste no boletim de ocorrência se o IMEI se encontra bloqueado ou não, poderá ser
realizada consulta através do seguinte link, evitando-se desperdiçar tempo e recursos:
<https://www.consultaserialaparelho.com.br/public-web/homeSiga>.
Caso a vítima possua o aplicativo Google Maps instalado no celular subtraído, poderá
consultar os locais por onde o celular passou através da ferramenta “sua linha do tempo”.
2. REQUISIÇÃO DOS DADOS CADASTRAIS
Caso a vítima não forneça o número do IMEI do aparelho subtraído, a Autoridade Policial,
inicialmente, deverá encaminhar requisição à operadora solicitando o número do IMEI do celular da
vítima. No mesmo documento, o Delegado de Polícia poderá requisitar à operadora que informe se
algum usuário habilitou número no referido IMEI, de modo a otimizar o trabalho.
“URGENTÍSSIMO”
Requisição nº 013/2017 – 8º DP
2. Tal requisição tem em vista apurar crime objeto de investigação conforme Boletim de
Ocorrência constante no documento da referência. Por oportuno, requisito que sejam fornecidos os dados
cadastrais de todos os titulares de linhas telefônicas que habilitaram número (chip) no aparelho telefônico
cujo IMEI é objeto da presente representação, a partir de 07 de dezembro de 2017, haja vista que o referido
aparelho celular foi roubado da vítima XXXXXXXXXXXXXX na referida data, devendo constar na
resposta, caso possível, o dia e hora da primeira e última ligações realizadas.
3. Diante do exposto, solicito que tais informações sejam encaminhadas a esta Delegacia
de Polícia no prazo de 24h (vinte e quatro horas), sob pena de, descumprida a presente requisição, haver a
responsabilização penal pelos crimes de desobediência, previsto no artigos 330 do Código Penal Brasileiro,
sem prejuízo de eventual representação formal perante à ANATEL em relação à eventual conduta
administrativa ilícita por parte da pessoa jurídica operadora de telefonia móvel, podendo tais dados serem
encaminhados diretamente para o e-mail dp@policiacivil.ce.gov.br ou xxxxxxxxxx@policiacivil.ce.gov.br.
XXXXXXXXXXXXXXXXXXX
Delegado de Polícia Civil
b) Requisição caso a vítima forneça o IMEI no boletim de ocorrência ou após resposta das
operadoras de celular
Caso a vítima forneça o número do IMEI do aparelho celular ou após a operadora ter
respondido a requisição do IMEI do telefone roubado, caberá ao Delegado de Polícia encaminhar
requisição a todas as operadoras (OI, VIVO, CLARO e TIM) solicitando os dados cadastrais
daqueles que habilitaram número telefônico no aparelho celular subtraído da vítima a partir da data
do crime.
“URGENTÍSSIMO”
Requisição nº 047/2017 – CIRCULAR – 8º DP
2. Tal requisição tem em vista apurar os crimes de roubo ou receptação, conforme o caso,
uma vez que tem aumentado demasiadamente o número de crimes envolvendo roubo de telefones celulares.
3. Diante do exposto, solicito que tais informações sejam encaminhadas a esta Delegacia
de Polícia no prazo de 48h (quarenta e oito horas), sob pena de, descumprida a presente requisição, haver a
responsabilização penal pelos crimes de desobediência, previsto no artigos 330 do Código Penal Brasileiro,
sem prejuízo de eventual representação formal perante à ANATEL em relação à eventual conduta
administrativa ilícita por parte da pessoa jurídica operadora de telefonia móvel, podendo tais dados serem
encaminhados diretamente para o e-mail 8dp@policiacivil.ce.gov.br ou
giovani.moraes@policiacivil.ce.gov.br.
Atenciosamente,
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
Delegado de Polícia Civil
3. RESPOSTA DAS OPERADORAS DE TELEFONIA
Com o recebimento da resposta das operadoras, inicia-se uma nova fase, qual seja, a coleta
dos dados do IMEI do telefone, quando não fornecido pela vítima, e das pessoas que habilitaram
chip nos aparelhos subtraídos.
Caso não tenha sido habilitado chip no aparelho subtraído após o crime, a operadora
informará apenas o número do IMEI do aparelho celular e os dados do titular que teve o telefone
subtraído, conforme exemplo abaixo:
Nesse caso, conforme resposta obtida, nenhum usuário habilitou número telefônico no
aparelho celular da vítima, de modo que a Autoridade Policial, de posse do número do IMEI
(35330508619794) fornecido pela companhia telefônica, deverá proceder conforme a requisição
constante no modelo da letra b do número 2.
Para se certificar que o telefone da vítima corresponde ao aparelho cujo IMEI foi fornecido
pela operadora, o Delegado de Polícia deverá consultar o site www.imei.info, o qual permite
verificar o modelo do telefone a partir do IMEI. Para isso, basta o delegado entrar na referida
página e clicar em “calculator” (http://www.imei.info/calc), colocando o número do IMEI no local
determinado, clicando posteriormente em Check. Imediatamente aparecerá o modelo do telefone.
Interessante observar que algumas operadoras, como a Oi, não fornecem o IMEI completo, sendo
que a Tim, geralmente, sempre informa o “0” como último dígito, motivo pelo qual é importante
realizar a consulta no referido site. Para ter acesso ilimitado às consultas, aconselha-se realizar o
cadastramento gratuito no site.
Pode ocorrer, também, de o número da vítima ter sido habilitado, antes do crime, em mais de
um aparelho celular, motivo pelo qual é necessário acessar o site www.imei.info para verificar qual
é o IMEI que corresponde ao aparelho subtraído.
Somente através de consulta ao site www.imei.info foi possível comprovar que o telefone
cujo IMEI era 35413307585867 correspondia ao aparelho Lenovo Vibe K5 Plus A6020a46, sendo
que o outro IMEI correspondia a outro aparelho celular que não possuía relação com o crime.
b. Resposta informando o número do IMEI e o nome da pessoa que habilitou número
telefônico após a subtração do celular da vítima.
Após a resposta das operadoras, inicia-se o procedimento de analisar o que consta na referida
resposta, de modo que a se chegar na pessoa que está com o aparelho celular da vítima. Para isso,
são observadas as seguintes informações:
a) o primeiro campo corresponde aos dados da vítima, cuja última chamada realizou no dia 07
dez 17, às 06h57min
b) o segundo campo corresponde aos dados de quem habilitou número telefônico no aparelho
subtraído da vítima, o qual realizou a primeira chamada no dia 13 dez 17, às 17h52min, e a a última
chamada no dia 21 dez 17, às 19h07min.
c) o usuário do segundo campo foi quem habilitou número no aparelho da vítima. O telefone
provavelmente está com o referido usuário pois ele utilizou o celular até o dia em que a operadora
recebeu a requisição, ou seja, 21 dez 17, conforme data da última chamada.
d) a data de ativação corresponde à data em que o chip foi cadastrado pelo titular junto a
operadora e não à data em que o usuário colocou o chip no aparelho celular da vítima, não havendo
relação com a data em quem o titular habilitou o chip no aparelho. Data de ativação significa o dia
em que o número foi designado para o titular do número telefônico.
De posse dos dados cadastrais do usuário que habilitou o chip no aparelho celular da vítima,
incumbe à Autoridade Policial expedir notificação solicitando o comparecimento da pessoa na
Delegacia de Polícia. Em razão de muitos endereços estarem desatualizados, pode-se efetuar ligação
telefônica para o número da pessoa, de modo a agilizar o trabalho.
Podem ocorrer diversas situações envolvendo a pessoa que está com o telefone celular
subtraído da vítima, conforme rol apenas exemplificativo:
c) O notificado ter comprado o telefone sabendo ser produto de crime: nesse caso, aconselha-
se a lavratura do Auto de prisão em flagrante pelo crime de receptação dolosa, previsto no caput do
artigo 180 do Código Penal;
d) O notificado ter achado o telefone celular: nesse caso, caso alegue ter achado a mais de 15
dias, aconselha-se a lavratura de TCO pelo crime de apropriação de coisa achada, previsto no artigo
169, parágrafo único, inciso II do Código Penal
e) O notificado ter comprado o aparelho celular pelo preço de mercado em uma loja de
celulares ou de quem venda telefone pela internet: nesse caso, ouvir o noticiado como testemunha e
representar por busca e apreensão no comércio/residência de quem vendeu o telefone, o qual
responderá pelo crime de receptação qualificada.
6. TELEFONES E EMAIL DAS OPERADORAS DE TELEFONIA CELULAR
As operadoras Claro e Tim aceitam as requisições através dos seus respectivos e-mail.
Já as operadoras Oi e Vivo somente aceitam as requisições através de Fax.
Outro problema encontrado é o endereço desatualizado do titular da linha telefônica. Por tal
motivo, sempre que possível, o ideal é que a Autoridade Policial realize uma ligação para o titular
do número telefônico habilitado no celular da vítima e se certifique de sua qualificação, perguntado
seu nome e endereço atual.
a) A pessoa que está com o telefone conhece o titular que consta no cadastro da
operadora
b) A pessoa que está com o telefone não conhece o titular que consta no cadastro da
operadora e, possivelmente, o número está habilitado no nome de terceiro de boa-fé.
Essa é uma situação corriqueira. Diante da facilidade em se habilitar um chip e adquirir uma
nova linha telefônica, criminosos utilizam o nome de terceiros para não serem descobertos e
continuarem praticando crimes. Tal prática é evidenciada nos crimes de estelionato, bem como no
uso de aparelhos telefônicos por presidiários, os quais, quase sempre, nunca possuem número
telefônico habilitado em seu nome.
“URGENTÍSSIMO”
Ofício nº 052/2018 – 8º DP
Atenciosamente,
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
Delegado de Polícia Civil
8. APREENSÃO DO APARELHO CELULAR APRESENTADO
Com a apresentação da pessoa na delegacia, trazendo o aparelho celular da vítima, deverá ser
realizada a apreensão do aparelho celular no SIP3W. Todavia, antes de realizar a apreensão, o
delegado deverá se certificar que o aparelho apresentado corresponde ao aparelho subtraído da
vítima. Para isso, deverá verificar o IMEI, quer retirando a bateria e visualizando o IMEI gravado
no aparelho, quer digitando *#06#. Confirmando que se trata do mesmo aparelho celular, realizar a
apreensão e entregar cópia do termo de apreensão e arrecadação para o apresentador.
Após o aparelho celular ter sido entregue e apreendido na Delegacia de Polícia, deverá ser
realizada a notificação da vítima para comparecer à delegacia para reconhecer o telefone e,
confirmando-se ser seu, realizar a restituição através do SIP3W. Recomenda-se realizar uma ligação
para o número telefônico da vítima ou de algum familiar.
Caso seja retirada fotografia da pessoa que apresentou o aparelho celular da vítima, realizar o
reconhecimento fotográfico para verificar se há participação do apresentador no crime de roubo ou
furto.
10. MODELOS DE RELATÓRIOS SINTÉTICOS DE TCO
Trata-se de procedimento instaurado para apurar infração, em tese, ao artigo 169, parágrafo único,
inciso II do Código Penal, uma vez que LINCOLN THOMAS CASSIANO FONTENELE teria se
apropriado de um telefone Samsung J5 encontrado na Arena Castelão, aparelho que fora roubado da
vítima Gerardo de Abreu Vasconcelos em 24 de outubro de 2017.
DOS FATOS:
Instaurou-se Termo Circunstanciado de Ocorrência para apurar, em tese, o crime de receptação culposa previsto no
artigo 180, §3º do Código Penal Brasileiro.
O autuado XXXXXXXXXX declarou que achou o telefone celular Samsung J5 na Arena Castelão no dia 14 de
novembro de 2017, por volta das 20h40min, durante o jogo do Ceará, motivo pelo qual ficou com o telefone até o
presente momento, sendo que, inclusive, mandou consertar o telefone. Negou ter roubado o aparelho celular ou
conhecer quem o roubou, bem como negou ter comprado o telefone, alegando desconhecer que se apropriar de coisa
achada seria crime.
Pelas características do autuado, levando-se em consideração que é trabalhador, que não responde a nenhum
procedimento judicial, que jamais foi processado, condenado ou investigado, tem-se que o caso se enquadra delito de
apropriação de coisa achada, tanto que o telefone havia sido utilizado por outra pessoa anteriormente, não sendo
razoável presumir se tratar do crime de receptação dolosa ou receptação culposa, motivo pelo qual se encontram
presentes a autoria e a materialidade delitiva. A autoria ficou evidenciada pelo fato de o autuado ter se apropriado do
telefone de outrem. A materialidade ficou comprovada em razão de o autuado não ter devolvido o aparelho ao dono ou a
autoridade no prazo máximo de quinze dias.
CONCLUSÃO
Diante do exposto, havendo prova suficiente de autoria e de materialidade para o crime de apropriação de coisa achada,
esta autoridade policial responsabiliza penalmente o autuado XXXXXXXXXXXXXXXX pelo crime previsto no artigo
169, parágrafo único, inciso II do Código Penal, uma vez que se apropriou de um telefone celular Samsung J5, motivo
pelo qual encerro o presente Termo Circunstanciado de Ocorrência.
É o relatório.
b) Receptação culposa
Trata-se de procedimento instaurado para apurar infração, em tese, ao artigo 180, §3º do Código Penal, uma vez que
XXXXXXXXXXXXXXXX teria adquirido um telefone Samsung J2 Prime, cuja origem seria o roubo contra a vítima
XXXXXXXXXXXXXXXXXX, nesta Cidade.
DOS FATOS:
Instaurou-se Termo Circunstanciado de Ocorrência para apurar, em tese, o crime de receptação culposa previsto no
artigo 180, §3º do Código Penal Brasileiro.
A autuada XXXXXXXXXXXXXXXXXX declarou que foi roubada e como trabalha em um salão e necessita de
telefone celular para falar com clientes, foi até a Feira da Parangaba para comprar um telefone celular. Declarou que viu
um vendedor, entre várias bancas, e gostou do aparelho Samsung J2 Prime, o qual estava sendo vendido por R$ 150,00
(cento e cinquenta reais), sendo que a declarante deveria assumir um defeito no teclado, bem como a película estava
quebrada, tendo a declarante adquirido o aparelho celular". Perguntado se sabia que o telefone era roubado, respondeu
que não e que se soubesse não teria comprado; perguntado se conhecia o vendedor, respondeu que não; perguntado se
lembra as características do vendedor, respondeu que era uma pessoa branca, alta e bem apresentada, motivo pelo qual
não desconfiou.
Pelas características da autuada, levando-se em consideração que é trabalhadora, que não responde a nenhum
procedimento judicial, que jamais foi processada, condenada ou investigada, tem-se que o caso se enquadra no crime de
receptação culposa, não sendo razoável presumir se tratar do crime de receptação dolosa, uma vez que o autuada
adquiriu objeto que deveria saber se tratar de crime, mas pela metade do preço de um aparelho novo, havendo, ainda
assim, desproporção entre o valor de mercado e o valor pago pelo autuada, motivo pelo qual se encontram presentes a
autoria e a materialidade delitiva do crime de receptação culposa. A autoria ficou evidenciada pelo fato de o autuado ter
comprado pessoalmente o telefone. A materialidade ficou comprovada em razão de o autuado ter adquirido produto que
deveria saber se tratar de objeto obtido através de meio criminoso.
Isso porque o crime previsto no artigo 180, §3º do Código Penal tem como verbo do tipo “Adquirir ou receber coisa
que, por sua natureza ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve
presumir-se obtida por meio criminoso”, motivo pelo qual foi lavrado o Termo Circunstanciado de Ocorrência em
desfavor do autuado.
CONCLUSÃO
Diante do exposto, havendo prova suficiente de autoria e de materialidade para o crime de receptação culposa, esta
autoridade policial responsabiliza penalmente a autuada XXXXXXXXXXXXX pelo crime previsto no artigo 180, §3º,
uma vez que adquiriu um telefone celular Samsung J2 Prime pelo valor de R$ 150,00 de pessoa desconhecida, em uma
Feira na Parangaba, sendo que o aparelho havia sido roubado anteriormente, motivo pelo qual encerro o presente Termo
Circunstanciado de Ocorrência.
É o relatório.