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000002/2022-27
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
SECRETARIA-EXECUTIVA DA COMISSÃO MISTA DE REAVALIAÇÃO DE INFORMAÇÕES
Decisão nº 2/2022/CMRI
1.RELATÓRIO
3.ANÁLISE DO MÉRITO
Em análise dos autos, verifica-se que o Órgão nega o pedido de acesso ao CNPJ das
empresas que tiveram armas roubadas, furtadas ou extraviadas, pois considerou
que são informações estratégicas. Em terceira instância recursal a Controladoria-
Geral da União desproveu o recurso recepcionado por corroborar com a incidência
de restrição de acesso, já que os dados expostos ofereceriam informação
privilegiada aos concorrentes das empresas no mercado em que atuam. O
Requerente, todavia, discorda do sigilo avocado, por entender que a transparência
poderia ocasionar aprimoramento de mecanismos de controle por parte das
empresas, bem como contribuir com investigações de possíveis irregularidades nas
mesmas. Sobre tal apontamento, impende esclarecer que determinados dados de
pessoas físicas ou jurídicas de direito privado são restritos, na forma da lei, àqueles
órgãos ou entidades que têm necessidade de conhecer, em razão do exercício de
sua atividade de controle, regulação e supervisão da atividade econômica e porque
sua divulgação pode representar vantagem competitiva a outros agentes
econômicos. No caso em apreço, as informações solicitadas pelo Cidadão no recurso
a esta Comissão, que correspondem aos subitens “f” e “h” do item 2 do pedido
inicial, são custodiadas pelo Órgão recorrido em vista de sua competência para
fiscalizar e controlar o armamento e a munição utilizados por empresas particulares
que exploram serviços de vigilância e de transporte de valores, disposta no art. 20 da
Lei nº 7.102, de 1983. No âmbito da referida competência, o Departamento de Polícia
Federal editou a Portaria nº 3.233/2012-DG/DPF, de 10 de dezembro de 2012, que
Decisão 2 (3173441) SEI 00131.000002/2022-27 / pg. 3
dispõe sobre as normas relacionadas às atividades de Segurança Privada. O art. 138
da mencionada Portaria preconiza que “As empresas especializadas e as que possuem
serviço orgânico de segurança comunicarão ao DPF, por qualquer meio hábil, as
ocorrências de furto, roubo, perda, extravio ou recuperação das armas, munições ou
coletes de proteção balística de sua propriedade, em até vinte e quatro horas do
fato”. Sobre a possibilidade de concessão de acesso aos dados pleiteados no
presente recurso, o Órgão recorrido asseverou que “CNPJ e quantidade de armas
por CNPJ são consideradas informações estratégicas das empresas de segurança
privada”. Avaliando-se tal ponderação e os riscos envolvidos na eventual divulgação
de tais dados, que podem revelar, direta ou indiretamente, aspectos relevantes de
empresas que atuam no mercado concorrencial de serviços de segurança, decide-se
pela manutenção da negativa de acesso, nos termos do art. 5º, § 2º, do Decreto nº
7.724, de 2012.
4.DECISÃO
A Comissão Mista de Reavaliação de Informações, por unanimidade, decidepelo
conhecimentodo recursoe,no mérito, peloindeferimento, com fundamento no art.
5º, § 2º, do Decreto nº 7.724, de 2012, tendo em vista que, uma vez
disponibilizados, os dados pleiteados podem colocar em risco a atuação de empresas
no mercado em que estão inseridas.
5.PROVIDÊNCIAS
A Secretaria-Executiva da CMRI cientificará da presente decisão o Recorrente, o
Departamento de Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União.