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NUNO CARLOS DA SILVA QUINTEIRO

Alameda Maria da Fonte, nº 13, 6º DT


4710-405 – São Victor
Braga
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AUTORIDADE NACIONAL DA SEGURANÇA RODOVIÁRIA


Parque de Ciências e Tecnologia de Oeiras
Avenida Casal de Cabanas,
Urbanização de Cabanas Golf, n.º 1
Tagus Park
2734-507 Barcarena

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Auto de Contraordenação n.º: 403 797 403

Assunto: Impugnação do Auto/ Defesa

Carta Registada c/AR

Braga, 12 de fevereiro de 2019


Exmo.(a) Sr.(a) Presidente 1/8
da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária,
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NUNO CARLOS DA SILVA QUINTEIRO, NIF 227 114 078, residente na


Alameda Maria da Fonte, nº 13, 6º DT, 4710-405 São Victor, Braga, Arguido nos
autos em epígrafe e aí melhor identificado, vem nos termos do artigo 175º nº 2
alínea b) do Código da Estrada, apresentar a sua defesa/contestação
relativamente ao Auto n.º 403 797 403, nos termos e com os seguintes
fundamentos:

A. QUESTÃO PRÉVIA:

Foi o Impugnante autuado através do auto de notícia supra identificado,


por circular, no dia 23 de dezembro de 2018, pelas 14 horas, na A1, ao km 188.6,
Coimbra, em excesso de velocidade.
NUNO CARLOS DA SILVA QUINTEIRO
Alameda Maria da Fonte, nº 13, 6º DT
4710-405 – São Victor
Braga
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Ora, o Impugnante está convicto de que não circulava com o veículo


ligeiro de passageiros, com a matrícula 96-FE-98 em excesso de velocidade,
pelo que terá que ter sido outro veículo a disparar o radar.
Pelo exposto,

I. REQUER a exibição de mais fotografias emitidas pelo radar e que


mostrem que não circulava outro veículo perto do veículo da impugnante,
passível de ter disparado o radar, e caso a fotografia não mostre com precisão
o veículo conduzido pelo Impugnante a disparar o radar - deverão os autos ser
arquivados.

II. MAIS REQUER, sejam juntos aos autos o certificado de inspeção de


qualidade da máquina de controle de velocidade utilizada e o certificado da
última revisão à mesma,

e caso este não esteja conforme a lei deverão os autos ser arquivados. 2/8

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III. REQUER AINDA, caso os autos não sejam arquivados, a notificação
do Impugnante para proceder ao pagamento da coima pelo mínimo, sem custas,
uma vez que se encontra a aguardar os meios de prova supra requeridos.

B. DEFESA:
SEM PRESCINDIR,

1. O arguido vem acusado de no dia 23/12/2018, às 14 h, na A1, ao


km 188,6, Coimbra, conduzir o veículo ligeiro de passageiros de
matrícula 96-FE-98, à velocidade de 145 km/h, correspondente à
velocidade registada de 153 Km/h, deduzido o valor de erro
máximo admissível, sendo a velocidade máxima permitida no local
de 120 Km/h.
NUNO CARLOS DA SILVA QUINTEIRO
Alameda Maria da Fonte, nº 13, 6º DT
4710-405 – São Victor
Braga
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2. A alegada velocidade foi apurada através do Radar 593-


072/72185, Jenoptik Multa Radar C, aprovado pela ANSR em
11/11/2016, p/ IPQ através do Desp. De Aprovação Mod. Nº
111.22.16.3.40, D.R. de 25 de outubro de 2016, verificado em 13
de março de 2018.

3. O arguido é um condutor cuidadoso e diligente, que, no âmbito da


sua vida pessoal e atividade profissional, percorre centenas de
quilómetros por ano,

4. cumprindo escrupulosamente as regras de condução do Código da


Estrada.

5. Conhece muito bem o local da alegada infração, por onde passa


habitualmente, e tem plena consciência de não ter causado, com o
seu comportamento, qualquer perigo para terceiros.

6. Tem, ainda, plena consciência que, atendendo às características


da via e do seu veículo, conjugado com as condições
meteorológicas existentes naquele dia e hora, conduzia em perfeita
segurança, tanto para si como para terceiros. 3/8

7. Não se pode deixar de duvidar sobre os factos de que é acusado,


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porquanto é seu apanágio cumprir os limites impostos por lei.

8. Por outro lado, a descrição sumária dos factos constante no auto


de notícia, não discrimina o rolo fotográfico do qual consta o registo
da alegada velocidade,

9. não refere qual o número de fotografia obtida, através do radar -


elemento de prova imprescindível do auto de notícia, conforme
prevê o n.º 4 do artigo 170º. do Código da Estrada.

10. Nos termos do n.º 1 do artigo 170º. do Código da Estrada, o auto


de notícia deve conter, entre outros, “…os factos que constituem a
infração, o dia, a hora, o local e as circunstâncias em que foi
cometida…”.

11. Já o n.º 3 do citado artigo, prescreve que o auto de notícia


levantado nos termos do disposto no nº. 1, faz fé sobre os factos
presenciados pela entidade autuante, até prova em contrário, o
mesmo se aplicando aos “elementos de prova obtidos através de
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aparelhos ou instrumentos aprovados nos termos legais e


regulamentares”, conforme o consagrado no n.º 4 do mesmo artigo
170º do Código da Estrada.

12. Na descrição da infração cometida não se discrimina qual o número


da fotografia obtida, através do aparelho utilizado, elemento de
prova imprescindível do auto de notícia, conforme prevê o n.º 4 do
artigo 170º do Código da Estrada.

13. Conforme a descrição dos autos, o radar utilizado foi o sistema


Radar 593-072/72185, marca Jenoptik Multa Radar C.

14. Este sistema realiza o controlo do tráfego e monitoriza a velocidade


dos veículos em determinados locais das vias de rodagem.

15. A velocidade dos veículos é medida através de um feixe de radar


que opera segundo o princípio Doppler onde um sinal é emitido por
uma antena parabólica acoplada ao equipamento e refletido
quando o veículo passa.

16. Sempre que o limite de velocidade estabelecido é excedido, o


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aparelho regista a imagem do veículo, que será utilizado mais tarde
como prova da infração.
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17. Nessa imagem consta a velocidade medida (km/h), a velocidade


regulamentada para o local (km/h), número de identificação do
equipamento, local, número e imagem, o dia e a hora da infração.

18. Ora, na descrição do auto de notícia supra referenciado não se


refere a existência de qualquer prova fotográfica específica, tudo
levando a crer que a mesma não existe.

19. Consagra o artigo 4 n.º 3 do DL 207/2005, de 29 de Novembro, que


“Os dados obtidos através dos equipamentos de vigilância, …
podem ser usados, a partir dos respetivos registos, para efeitos de
prova em processo penal ou de contraordenação...” e o artigo 15º.
n.º 1 do mesmo diploma que “ Os dados gravados e os elementos
probatórios acompanham os respetivos autos e processos … “,

20. pelo que os registos obtidos através dos aparelhos de radar


deverão acompanhar e inserir-se no respetivo auto, neste caso a
prova obtida através de radar e a prova fotográfica.
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21. O arguido desconhece se no presente auto de notícia existe algum


meio de prova que possa ser valorado.

22. Inexistindo meios de prova significa que o levantamento do auto à


margem identificado viola um dos mais elementares direitos e
garantias dos cidadãos constitucionalmente protegidos, devendo,
por essa razão, o presente procedimento por contraordenação ser
considerado nulo.

Sem prescindir,

23. Se porventura se vier a verificar a existência dos elementos


probatórios referidos, cumpre salientar, de qualquer modo, a
necessidade de aferir da rigorosidade do aparelho de medição
utilizado, da sua conformidade metrológica, nomeadamente da sua
calibração por entidade competente, erro máximo admissível,
incerteza e registos do controlo diário necessários para limitar a
existência de valores anómalos.

24. Relativamente à descrição sumária dos factos constante do auto


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de notícia, cumpre referir que a mesma, pese embora contendo
alguns dos elementos indispensáveis a que alude o art. 170º do
_____
Código da Estrada, encontra-se formulada em termos conclusivos,
vagos e genéricos, não permitindo ao arguido o efetivo exercício
do direito de defesa consagrado constitucionalmente.

25. De facto, a descrição dos factos não enquadra as circunstâncias


em que foi cometida a alegada infração, elemento essencial para a
apreciação do caso em concreto, nomeadamente, mas sem limitar
se aquele comportamento causou perigo para terceiros, quais as
condições climatéricas naquela data e hora ou qual o volume de
tráfego.

26. Todas estas circunstâncias ou outras que pudessem ser


verificadas pelo agente autuante são elemento fundamental na
descrição do auto de notícia não só para a justa defesa do arguido,
como para a determinação da medida da sanção a aplicar,
conforme determina o n º 1 do artigo 139º do Código da Estrada,
encontrando-se tal acusação, por isso mesmo, ferida de nulidade.

Ainda sem prescindir,


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27. Na eventualidade, que não se admite, de não ser este o


entendimento relativamente à falta de elementos essenciais na
descrição sumária do auto, caso o meio de prova exista e tenha
sido obtido de forma legal, o arguido, então, aceitará a
contraordenação de que vem acusado.

28. Quando notificado do auto de notícia, o arguido apenas recebeu as


guias para pagamento voluntário da coima, mas não recebeu as
guias para efetuar o depósito.

29. Não pode, de forma alguma, a sua defesa ser prejudicado por esse
lapso, encontrando-se aguardar que lhe sejam enviadas as guias
para proceder ao depósito.

30. Como já atrás se referiu, o arguido considera-se um condutor


cuidadoso e diligente, que tem plena consciência de não ter
causado, com o seu comportamento, qualquer perigo para
terceiros.

31. O arguido exerce as funções de aprendiz de distribuidor.


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32. Ora, as funções e as atividades exercidas pelo arguido,


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determinam que o mesmo necessita de se deslocar diariamente,
para vários pontos da cidade / do país, com vista a realizar as suas
tarefas profissionais, tal como decorre da declaração que se junta
e cujo o conteúdo se dá aqui por integralmente reproduzido para
todos os efeitos legais (Cfr. Doc. n.º 1).

33. Dada a sua atividade profissional, tem, pois, necessidade de utilizar


o seu veículo diariamente, seja para se deslocar da sua residência
para o local de trabalho, seja para cumprir as obrigações e serviços
inerentes à atividade que desempenha.

34. Ora, a necessidade de utilização diária do seu veículo é


imprescindível para o exercício da sua atividade profissional, pelo
que a aplicação da sanção acessória de inibição de conduzir lhe
trará avultados transtornos e prejuízos, tanto a nível pessoal como
profissional.

35. Com efeito, do seu trabalho provem o seu sustento, bem como os
fundos necessários e imprescindíveis para fazer face a encargos
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de natureza variada, nomeadamente às despesas necessárias ao


dia-a-dia, como renda de casa, água, luz, gás, alimentação, etc…

36. O arguido sempre conduziu, e conduz, com todo o zelo e diligência


exigidos, sendo especialmente atento, cuidadoso, prudente e
sensato, nunca dando origem a situações ou manobras perigosas.

37. O arguido é primário, não tendo sido condenado, nos últimos cinco
anos, pela prática de qualquer crime rodoviário ou por qualquer
contraordenação grave ou muito grave.

38. Assim, afigura-se-lhe que face às circunstâncias acima alegadas,


relativas à sua personalidade, atividade e condição de vida, às
circunstâncias em que a infração foi praticada, deve concluir-se
que o pagamento do depósito, a censura do facto e a ameaça da
sanção realizam de forma adequada e suficiente a finalidade da
punição.

Pelo exposto,

Requer-se a V. Exas. se digne a proferir decisão de 7/8


arquivamento do procedimento por contraordenação e
consequente devolução ao arguido do montante de depósito,
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devidamente fundamentado na insubsistência de acusação,
dada:

a) A inexistência dos meios de prova obtidos pelo aparelho de


controlo e subsequente nulidade do auto noticia;

b) A nulidade do auto de notícia por falta de elementos


determinantes na descrição sumária dos factos.

Termos em que, se requer a V/ Exa.,


- que a presente contraordenação seja arquivada e que
o Arguido seja absolvido da prática da contraordenação
que lhe é imputada;

Sem prescindir, se tal não for o caso,

- a atenuação especial da sanção acessória, devendo


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para o efeito, ser o Arguido notificado das referências


para pagamento da coima, e bem assim, atento o
requerimento de atenuação especial da sanção
acessória, requerer a V. Exª o não desconto de pontos
da sua Carta de Condução

Junta: 1 documento.

Testemunhas:
- André Nuno Torres Faria, residente na Rua Nascente, nº 7, 4705-
473 – Braga;
- Francisco Manuel Costa e Cunha, residente na Rua Nascente, nº
7, 4705-473 – Braga.
relativamente a toda a matéria de facto constante dos artigos 1º a
38º da presente defesa.

8/8

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P.E.D.

O Requerente,

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