Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Caberá a cada município legislar sobre este tema no âmbito de seus limites.
quarta-feira, 18 de maio de 2022
Atualizado às 08:56
Em 29 de dezembro de 2021, foi publicada a lei 14.285, que dispõe sobre as faixas
marginais de curso d'água em área urbana consolidada. O objetivo da norma foi atribuir
aos municípios a competência para definir a abrangência da APP - Área de
Preservação Permanente no entorno dos corpos hídricos situados em suas áreas
urbanas.
A lei 6.766/79, que dispõe sobre o parcelamento do solo urbano, previa uma faixa não
edificável de 15 metros de cada lado, ao longo das águas (art. 4º, III-A). No entanto, o
Código Florestal (lei 12.651/12) estabelece como APP a faixa mínima de 30 metros (art.
4º, I).
Em maio de 2021, ao julgar o tema repetitivo 1010, a 1ª seção do STJ firmou a tese de
que deve ser observada não a faixa mínima estabelecida na Lei de Parcelamento do
Solo, mas sim a estabelecida no Código Florestal, "a fim de assegurar a mais ampla
garantia ambiental a esses espaços territoriais especialmente protegidos e, por
conseguinte, à coletividade".
A lei 14.285/21 alterou tanto o Código Florestal quanto a lei de parcelamento do solo.
Compartilhar
No primeiro, foi acrescentado o inciso XXVI ao art. 3º para definir como área urbana
consolidada aquela que está no perímetro urbano, dispõe de sistema viário e está
organizada em quadras, com edificações e infraestrutura urbana (saneamento,
iluminação, coleta de lixo). Além disso, houve o acréscimo do §10 ao art. 4º para dispor
que, em áreas urbanas consolidadas, ouvidos os conselhos estaduais e municipais de
meio ambiente, lei municipal poderá definir faixa marginal diferente da estabelecida no
inciso I. Os requisitos são: que não haja ocupação de área com risco de desastres; que
seja observado o plano de recursos hídricos; que os empreendimentos a serem
instalados nestas áreas sejam de utilidade pública ou baixo impacto ambiental.
Caberá, portanto, a cada município legislar sobre este tema no âmbito de seus limites.
No dia 18 de abril de 2022, PT, PSOL e PSB ajuizaram a ADIn 7146 contra a lei 14.285/21.
O relator é
Atualizamos o ministro
nossa políticaAndré Mendonça.
de cookies
Utilizamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar sua experiência. Ao continuar
navegando, você aceita a nossa política de monitoramento. Mais informações, consulte os Termos de Uso.
Francisco Augusto Zardo Guedes
Sócio e coordenador de Direito Administrativo do Escritório
OK
Professor René Dotti.
Dotti Advogados
Siga-nos no
CONTEÚDO RELACIONADO
A possibilidade de Sabino
Jamilson Lisboa redução das áreas de preservação permanente por lei municipal
quinta-feira, 13 de janeiro de 2022
Atualizado em 20 de maio de 2022 10:43
Compartilhar
0 Comentar
Siga-nos no
A redação original da lei 12.651/12 previa que a "área urbana consolidada" era aquela
de que tratava o inciso II, do artigo 47, da lei 11.977/09 (Minha Casa, Minha Vida) e essa
expressão era destinada para fins de regularização fundiária de assentamentos
irregulares. Segundo esse dispositivo legal, "área urbana consolidada" era a parcela da
Acontece que o artigo 47 foi revogado pela lei 13.465/17 (Lei de Reurb) e, desse modo,
o conceito de "área urbana consolidada" também foi revogado. A intenção da lei
13.465/17 foi substituir a expressão "área urbana consolidada" por "núcleo urbano
informal consolidado", e assim o fez, alterando a redação dos artigos 64 e 65 da lei
12.651/12 e estabelecendo na lei 13.465/17 o conceito de "núcleo urbano informal
consolidado". Assim, a antiga finalidade de definir "área urbana consolidada" era para
funcionar como um critério na regularização fundiária instituída pela lei 11.977/09.
A "área urbana consolidada" precisa atender aos critérios estabelecidos no artigo 3º,
XXVI, da lei 12.651/12:
a) estar incluída no perímetro urbano ou em zona urbana pelo plano diretor ou por
lei municipal específica;
2. esgotamento sanitário;
Explica José Afonso da Silva que podemos adotar como definição de "zona urbana" a
indicada pelo artigo 32, §1º, do Código Tributário Nacional, segundo o qual entende-se
como zona urbana a definida em lei municipal, desde que existam dois dos seguintes
equipamentos, construídos ou mantidos pelo Poder Público: a) meio-fio ou
calçamento, com canalização de águas pluviais; b) abastecimento de água; c) sistema
de esgotos sanitários; d) rede de iluminação pública, com ou sem posteamento para
distribuição domiciliar; e) escola primária ou posto de saúde a uma distância máxima
de 3 (três) quilômetros do imóvel considerado.
Caso a área não preencha os requisitos indicados no artigo 32, §1º, do Código Tributário
Nacional, mas possua usos e características urbanas (moradia, comércio, serviços,
lazer), será qualificada como "zona de expansão urbana".
oficial. E o terreno que ocupe uma quadra inteira ou mais também precisa ter frente
para um sistema oficial.
É razoável destacar que a legislação não exige que seja uso "exclusivamente" urbano,
pois adotou literalmente o termo "predominantemente" urbano. Da mesma forma que
essa parcela do território municipal precisa ser dividida em quadras e lotes
predominantemente edificados, também exige a predominância do uso urbano.
Algumas propriedades com vocação ou destinação rural, inseridas na "zona urbana" ou
na "zona de expansão urbana", não são proibidas, mas a doutrina e jurisprudência
indicam que para estes imóveis rurais aplica-se a legislação rural.
Mas há uma diferença entre o disposto no Código Tributário Nacional e na lei 12.651/12.
Enquanto o Código Tributário Nacional indicou dentre os equipamentos a existência de
escola primária ou posto de saúde a uma distância máxima de 03 (três) quilômetros, a
lei 12.651/12, exclusivamente para fins de definição de "área urbana consolidada", optou
por não exigir o posto de saúde ou a escola, mas a execução de serviço público de
"limpeza urbana, coleta e manejo de resíduos sólidos".
É por isso que o §10, inciso III, do artigo 4º, da lei 12.651/12 estabelece que a "área de
preservação permanente urbana" somente poderá ser ocupada nos casos de "utilidade
pública", "interesse social" ou "baixo impacto ambiental". Sendo urbana ou rural, as
"áreas de preservação permanente" estão sujeitas a mesma proteção legal. O citado
inciso III procura enfatizar essa ideia, que a "área de preservação permanente urbana",
remanescente da redução, observará as restrições ambientais impostas pela lei
12.651/12.
A intenção da inclusão do §10 foi trazer segurança jurídica na aplicação dos casos de
"utilidade pública", "interesse social" ou "baixo impacto ambiental", permitindo que o
Município estabeleça previamente a "área urbana consolidada" onde todos os terrenos
nela inseridos em "área de preservação permanente" possam ser ocupados com os
usos compatíveis. Não fosse assim, para cada atividade ou empreendimento, seria
necessário analisar o preenchimento dos requisitos legais para a intervenção ou
supressão de vegetação em "área de preservação permanente". Com o prévio
estabelecimento dos terrenos sujeitos a ocupação, há uma consequente redução no
tempo e nos custos para análise e aprovação dos projetos, visto que a área estará
ambientalmente liberada, mas condicionada aos usos legalmente estabelecidos.
Siga-nos no
VEJA TAMBÉM