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ELEMENTOS CENTRAIS DO

PROCESSO DE ACONSELHAMENTO
BÍBLICO

Coletânea de artigos selecionados

I. Coleta de dados ................................. 2


II. Envolvimento ..................................... 5
III. Esperança ......................................... 8
IV. Avaliação ......................................... 11
V. Instrução .......................................... 13
VI. Lição de casa .................................. 16
Referências .......................................... 20

Compilador:
Fernando Ferreira de Sousa

Material disponível em:


Associação Brasileira de Conselheiros Bíblicos
www.abcb.org.br
e
Conexão Conselho Bíblico
www.conselhobiblico.com
2

I. ELEMENTO: COLETA DE DADOS


A importância das perguntas no
aconselhamento bíblico1
Julie Ganschow

O centro de aconselhamento
bíblico onde sirvo oferece
treinamento para as pessoas
interessadas em ministrar no
aconselhamento bíblico, um
discipulado intensivo. Em um
dos módulos, nossos alunos
aprendem os aspectos práticos
de como proceder em um
encontro de aconselhamento
bíblico. Eles aprendem que
começamos um encontro de
aconselhamento reunindo os dados e colhendo informações do aconselhado.

Antes de podermos dar qualquer conselho, precisamos conhecer os problemas que o


aconselhado quer ou precisa tratar (Provérbios 18.13, 15, 17). Nossos aconselhados
muitas vezes, começam por compartilhar seus problemas menos
comprometedores. Antes de colocar em cima da mesa o verdadeiro problema, eles
querem saber se somos confiáveis e competentes. O problema “respeitável” e o
problema “real” nem sempre são um só e o mesmo!

É por isso que uma das melhores habilidades que alguém novato no aconselhamento
bíblico pode cultivar é aprender a fazer boas perguntas. No aconselhamento bíblico,
os tipos mais eficazes e produtivos de perguntas são aqueles direcionados
diretamente ao cerne da questão. Precisamos expor um coração que, por natureza,
oculta-se e é enganador (Jeremias 17.9). As perguntas ajudam o aconselhado no
processo de mudança bíblica e muitas vezes reduzem o tempo que é preciso investir
no relacionamento formal de aconselhamento.

Fazer perguntas que provocam respostas que expõem o coração é um trabalho


árduo! É preciso um esforço para encontrar boas perguntas que levem o aconselhado
a pensar. Cultivar essa habilidade faz com que o conselheiro pense também. Acredito
firmemente que fazer boas perguntas é central para o aconselhamento bíblico bem-
sucedido. Descobri que fazer boas perguntas tornou-se uma arte perdida.

1
GANSCHOW, Julie. A importância das perguntas no aconselhamento bíblico. Atibaia, 2017.
Disponível em: <https://conselhobiblico.com/2017/12/27/a-importancia-das-perguntas-no-
aconselhamento-biblico/>. Acesso em: 11 abr 2020.
3

Alguns erros comuns que fazemos são:

(1) fazer afirmações e colocar um ponto de interrogação no final,

(2) fazer perguntas do tipo “Por quê?”,

(3) fazer perguntas que apelam para o lado emocional.

As perguntas são uma forma de comunicação

Uma boa comunicação inclui dar e receber informações. Nosso objetivo é sermos
bons comunicadores em benefício daqueles que aconselhamos e para a glória de
Deus. Eu diria que fazer perguntas é o alicerce da boa comunicação. Na verdade, eu
daria ainda um passo a mais e diria que fazer boas perguntas é a pedra angular desse
alicerce.

Fazemos perguntas que se dirigem às questões do coração porque esse tipo de


pergunta de sondagem cumpre dois propósitos: elas nos fornecem informações e
fazem com que o aconselhado pense em vez de somente expressar emoções. As
boas perguntas podem alfinetar a consciência do aconselhado expor as áreas de
autoengano, racionalização ou justificação que ele mesmo desconhecia até então.

O que faz uma pergunta ser uma boa pergunta?

O objetivo de fazer perguntas é obter informações sobre a vida do aconselhado e o


problema conforme ele o vê. Abaixo estão alguns benefícios de fazer boas perguntas
durante um encontro de aconselhamento bíblico.

(1) As perguntas efetivas incentivam a pessoa a envolver seu cérebro e a


encontrar uma resposta que vai além de suas emoções. Em nossa cultura,
pensamentos e crenças são constantemente rotulados erradamente como
sentimentos. As boas perguntas suscitam uma resposta pensada, em vez de
uma resposta puramente emocional, como “eu sinto que não estou sendo
respeitado” ou “eu sinto que isso é injusto” ou “sinto que você não me ama /
respeita / compreende”.

(2) As perguntas efetivas revelam algo sobre o que está acontecendo nos
pensamentos e crenças do homem interior, o que é importante porque nosso
objetivo é chegar ao coração da pessoa.

(3) As perguntas efetivas ajudam o aconselhado a entender que seus


pensamentos sobre a pessoa envolvida ou o problema (ou seja, os valores e
os julgamentos que ele fez sobre essa pessoa ou a situação) criaram uma
resposta emocional como, por exemplo, tristeza, ira ou autocomiseração.

(4) As perguntas efetivas expõem o sistema de crenças do aconselhado, o que é


importante porque nós agimos de acordo com aquilo que acreditamos ser a
verdade. Elas também expõem os desejos do aconselhado. Queremos
4

conhecer as esperanças e os sonhos do aconselhado porque a Bíblia nos diz


que onde está nosso tesouro, ali está também nosso coração (Mateus 6.21)!

(5) As perguntas efetivas expõem as inconsistências entre aquilo que o


aconselhado diz acreditar e aquilo que ele faz. Um homem pode dizer que
acredita que o divórcio seja errado, mas também diz que sente paz quanto a
deixar sua esposa e sua família.

(6) As boas perguntas levam às razões fundamentais por que alguém está
procurando aconselhamento. Eles provocam a pessoa a pensar e raciocinar
sobre as questões do coração.

(7) As perguntas efetivas devem direcionar o aconselhado ao discernimento da


verdade sobre si mesmo e suas circunstâncias. Quando fazemos essas
perguntas, descobrimos fatos que ainda estavam encobertos, aquilo o
aconselhado queria que soubéssemos, mas que, de certa forma, ele tinha
receio de nos contar.

(8) As perguntas efetivas revelam as motivações escondidas no coração e revelam


aspectos que talvez fossem desconhecidos até para o próprio aconselhado,
devido ao engano de seu coração. Elas são usadas pelo Espírito Santo para
produzir conscientização e arrependimento no coração, e um senso de
responsabilidade pessoal no aconselhamento. Portanto, em poucas palavras,
nós não diremos ao aconselhado quais são os problemas de pecado que
percebemos existir. Dizer para alguém quais são seus pecados transfere para
você a responsabilidade pelo reconhecimento do pecado, uma
responsabilidade que pertence ao aconselhado. Ele poderia se tornar
defensivo, discordar de sua opinião, transferir a culpa para outros ou ignorar
sua conclusão. Quando fazemos perguntas dirigidas ao coração do
aconselhado, elas resultam em conscientização e arrependimento guiados pelo
Espírito Santo. A graça é abundante quando o aconselhado chega a uma
conclusão bíblica sobre seu pecado e reconhece a própria responsabilidade na
situação.

Faça boas perguntas, mas tenha cuidado para não transformar em pura
investigação o tempo que você passa com o aconselhado. Seu aconselhado está à
procura de alguém com compaixão e de um coração que anseie ministrar ao
dele. Lembre-se de que o Espírito Santo é o conselheiro por excelência, e que Jesus
é nosso mestre por excelência na arte de fazer perguntas. Invista tempo nos
Evangelhos e aprenda com Jesus a fazer perguntas. Esse é um exercício de muito
valor não só para os conselheiros bíblicos novatos, mas para os mais experientes
também.

Para refletir
Você já colocou como um de seus objetivos aprender a fazer perguntas que atinjam o
coração do aconselhado durante os encontros de aconselhamento?
Você está disposto a fazer uma avaliação crítica de como você costuma interagir com
seus aconselhados nesse importante aspecto do aconselhamento bíblico?
5

II. ELEMENTO: ENVOLVIMENTO


Chorar com os que choram? Conectando-
se com o aconselhado2
Lucas Sabatier

Um dos meus professores do


seminário costumava dizer que
“relacionamentos não são
eficientes”. Confesso que por algum
tempo não entendi qual era o
significado dessa frase. No entanto,
na medida em que fui me
envolvendo mais na vida ministerial,
especialmente no mundo
do aconselhamento bíblico, vim a
compreender o que ele queria dizer.

Relacionamentos humanos são cheios de problemas. Basta perguntar genuinamente


a alguém “como andam as coisas?” que os problemas imediatamente começam a se
revelar. As pessoas trazem consigo suas lutas e dores. É inevitável. Mas o que
incomoda mais é que esses problemas tendem a atrasar a minha agenda, consumir
meus recursos, interromper o dia que eu havia planejado e, às vezes, até mesmo a
minha noite de sono. Contudo, em meio a uma cultura que prega o “ema, ema, ema,
cada um com seu problema”, esse é exatamente o tipo de ministério para o qual Deus
nos chamou. Ele quer que nós nos alegremos com os que se alegram e que choremos
com os que choram (Romanos 12.15).

Um dos elementos essenciais do aconselhamento bíblico é a construção de uma


relação de amor entre conselheiro e aconselhado. Isso significa que um dos objetivos
iniciais do conselheiro é desenvolver um relacionamento significativo com o
aconselhado, criando assim um ambiente mais propício para a ministração da Palavra
de Deus em sua vida. E esse relacionamento significativo é construído somente na
medida em que o aconselhado percebe que seu conselheiro se importa genuinamente
com suas lutas e dores. A relação deixa de ser somente de conselheiro para
aconselhado, mas de pecador carente da graça de Deus para pecador carente de
graça de Deus.

2
SABATIER, Lucas. Chorar com os que choram? Conectando-se com o aconselhado. São
Paulo, 2016. Disponível em: < https://abcb.org.br/chorar-com-os-que-choram-conectando-se-com-o-
aconselhado/>. Acesso em: 11 abr 2020.
6

O EXEMPLO DA ENCARNAÇÃO

Muitos tem chamado isso de ministério de encarnação, pois segue o exemplo de


Cristo ao se fazer um de nós. Cristo, “subsistindo em forma de Deus, não julgou como
usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de
servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a
si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz” (Filipenses
2.6–8). Ele habitou entre nós (João 1.14). Ele sentiu a nossa dor. Ele lutou as nossas
lutas. “Por isso mesmo, convinha que, em todas as coisas, se tornasse semelhante
aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote nas coisas referentes a
Deus e para fazer propiciação pelos pecados do povo. Pois, naquilo que ele mesmo
sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados” (Hebreus
2.17–18).

O ministério de encarnação é, portanto, a busca por imitar a atitude amorosa de Cristo


em nossos relacionamentos com os aconselhados. Relacionar-se com o aconselhado
para ministrar a Palavra de Deus em sua vida vai além de simplesmente descobrir
quais são os hobbies em comum ou saber o nome de seus filhos e cachorro.
Relacionar-se com o aconselhado em amor é seguir o exemplo de Cristo, abrindo mão
de prioridades pessoais — e até mesmo da própria vida (1 Tessalonicenses 2.8) —,
passando a enxergar o problema do outro como seu próprio.

A VIDA EM COMUNIDADE—PASSOS PRÁTICOS

Quando vivemos a vida em conjunto, como membros do mesmo corpo,


compartilhando choros e alegrias, já não conseguimos mais deixar que os problemas
fiquem esquecidos na sala de atendimento. Se compartilhamos nossas vidas, os
problemas do meu irmão passam a ser meus problemas. Quando um membro está
machucado, o corpo todo sofre.

Mas o que posso fazer de concreto para que isso se torne realidade? O que fazer para
me envolver dessa maneira com meu aconselhado? Gostaria de sugerir alguns
passos:

(1) Seja sensível às lutas do aconselhado e tente entender como seria se estivesse
em seu lugar;
(2) Comprometa-se a orar regularmente pelo aconselhado;
(3) Busque ser seu amigo espiritual, demonstrando disponibilidade, levando seus
problemas a sério, enfatizando a suficiência da graça de Deus para sua vida e para a
vida dele, e encorajando-o a tomar passos práticos de crescimento;
(4) Seja sempre genuíno na explicação de seu sistema de valores bíblicos;
(5) Caminhe com ele em meio ao sofrimento de modo compassivo, reconhecendo o
tamanho de sua dor e ensinando a reação bíblica apropriada ao sofrimento;
(6) Exorte-o em amor em tempos de pecado, chamando-o ao arrependimento e
confissão;
7

(7) Encoraje-o sempre ao crescimento e à busca de transformação por meio do


evangelho.

Ao fazer todas essas coisas, lembre-se que o conselheiro não é o salvador de quem
o aconselhado precisa. Cristo é quem o aconselhado mais precisa — e o conselheiro
também. É Cristo que dá forças tanto para o aconselhado superar lutas e dores,
quanto capacitação para a ministração do conselheiro. É o evangelho da cruz que dá
esperança e alivia o peso tanto de um quanto do outro.

No fim das contas, o conselheiro fiel é um mensageiro fiel e um discípulo fiel, que vive
a mensagem que prega ao abnegar-se e considerar os outros mais do que a si
mesmo. O conselheiro fiel é aquele que chora com os que choram, que se alegra com
os que se alegram.
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III. ELEMENTO: ESPERANÇA


Dando Esperança em Meio a Dificuldades
— O Poder e a Simplicidade de 1 Coríntios
10.133
Robert Jones

Eu era um novo convertido de


dezessete anos quando, como
parte de uma aula de segunda à
noite no Instituto Bíblico Jersey
Shore, em Asbury Park–NJ, li pela
primeira vez o livro Conselheiro
Capaz, de Jay Adams. Este livro
iniciou minha caminhada de
quarenta anos de estudos em
aconselhamento bíblico. Ao longo
da minha jornada de incontáveis
livros, conferências, cursos, e conversas, um amigo querido que eu encontrei com
mais frequência do que qualquer outro foi 1 Coríntios 10.13. Suspeito que nenhum
verso é citado com mais frequência entre conselheiros centrados em Cristo. Eu o
nomearia como o “João 3.16” do aconselhamento bíblico.

Deixe-me mostrar um modelo de aconselhamento que fornece esperança a partir


desse texto para a Julia, que veio conversar sobre seus problemas no casamento e o
crescimento de sua ansiedade:

“Julia, deixe-me compartilhar com você uma promessa poderosa de 1 Coríntios 10


que eu acredito que possa ajuda-la em meio as dificuldades que você enfrenta. No
verso 13, Paulo escreve, “Não vos sobreveio tentação que não fosse humana;
mas Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo
contrário, juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a
possais suportar.”

(Irei numerar os pontos principais abaixo para destacar meu esboço e incluir alguns
versos adicionais para você como conselheiro.)

3
JONES, Robert. Dando esperança em meio a dificuldades: o poder e a simplicidade de 1
Coríntios 10.13. São Paulo, 2017. Disponível em: < https://abcb.org.br/dando-esperanca-em-meio-a-
dificuldades-o-poder-e-a-simplicidade-de-1-corintios-10-13/>. Acesso em: 11 abr 2020.
9

1. Você enfrentará dificuldades

Julia, a primeira coisa que essa passagem nos diz é que você enfrentará dificuldades
e tentações nessa vida. O termo grego do Novo Testamento traduzido como
“tentação” pode ter o sentido de tentação (indução ao pecado) ou de provação
(teste/fortalecimento da fé). Aqui em 1 Coríntios 10 o termo parece carregar os dois
sentidos. As dificuldades que encontramos são ao mesmo tempo testes de Deus e
tentações do inimigo [considere também 2 Coríntios 12.7–10].

Julia, seguir a Jesus não nos isenta das dificuldades. O que você tem passado não é
surpresa para Deus. Como você lidará com isso é o que importa.

2. Suas dificuldades não são únicas

A segunda verdade neste verso é que as dificuldades que você enfrenta não são
exclusividade sua. Você não está sozinha. Outros antes de você enfrentaram
provações. A Bíblia é repleta de lições e histórias sobre pessoas que enfrentaram
problemas similares. Romanos 15.4 diz: “pois tudo quanto, outrora, foi escrito para o
nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência e pela consolação das Escrituras,
tenhamos esperança” [cf. Hebreus 11; 12.1; Tiago 5.7–11]. O caminho em que você
está tem as pegadas de pessoas que passaram por ele de forma bem-sucedida.

Não são somente as pessoas do passado que passaram de forma bem-sucedida por
essas dificuldades, mas também outros ao seu redor hoje [Romanos 12.15; 1
Coríntios 12.26; 1 Pedro 4.12–19; 5.8–9].

E Julia, você também tem o Deus-Homem para olhar. O livro de Hebreus nos diz que
Jesus foi homem como nós e tentado como nós em todas as coisas (Hebreus 2.10–
18; 4.15–16). Seu Salvador completamente humano sente suas dores e entende seus
sofrimentos, porque na forma de homem, ele os enfrentou. Ele o convida a se virar a
ele, conversar com ele e a confiar nele.

3. Deus é fiel a você

Julia, a terceira lição que vemos nesse verso é que o seu soberano, fiel e poderoso
Deus garante que, pela graça dele, essas dificuldades não serão mais difíceis do que
você possa suportar.

Deus é fiel. Ele é com você em meio aos seus problemas matrimoniais e as outras
dificuldades que temos discutido. Ele jamais irá deixa-la ou desistir de você. Deus é
poderoso. Ele não deixará que suas dificuldades a destruam. Como um pastor disse,
“Deus tem o olho no relógio e a mão no termostato; ele sabe por quanto tempo e qual
a temperatura que você pode suportar”. Para citar uma outra tradução, “Deus nunca
irá deixá-la; ele nunca deixará que você seja empurrada além do seu limite; ele sempre
estará lá para ajudá-la a passar por isso”.
10

Mas, Julia, há uma verdade maior que sustenta essa promessa. Deus não permitirá
que suas dificuldades a destruam SE você lidar com elas da maneira de Deus. Se
não, como os israelitas mencionados anteriormente em 1 Coríntios 13, esses
problemas podem derrubá-la — até ao ponto de você se afastar do Senhor. Mas se
você lidar com os problemas da maneira de Deus — da maneira que iremos liderá-la
durante o aconselhamento — você será capaz de lidar com eles de forma bem-
sucedida.

4. Deus provê uma saída para você

Por último, Julia, há uma quarta verdade que eu quero que você compreenda. Deus
sempre provê um caminho para que você escape do pecado e agrade a Ele em meio
a dificuldades e provações.

No verso 13, Deus promete — em meio a suas dificuldades — “uma saída”. Uma saída
do que? Das dificuldades? Não, não é isso que o verso diz. Deus promete uma saída
para que você consiga suportar as dificuldades. Uma saída do que, então? De uma
resposta pecaminosa. Observe o verso 14, “Portanto, meus amados, fugi da idolatria”.
Este “portanto” conecta os três versos. E a parte precedente do capítulo fala sobre a
história de Israel sucumbindo a suas tentações, resultando em desobediência,
apostasia e incredulidade (versos 1–12). Julia, podemos ajudá-la a lidar com os seus
problemas da maneira de Deus.

Embora o aconselhamento acima a partir de 1 Coríntios 10.13–14 possa se


desenvolver de várias formas interativas nas minhas conversas com Julia, essas
quatro verdades trazem a ela esperança, na medida que começo a entrar em seu
mundo, entendendo suas necessidades e levando a ela Cristo e suas repostas.
11

IV. ELEMENTO: AVALIAÇÃO


A importância do coração para o processo
de mudança4
Alexandre “Sacha” Mendes

Por que o “coração” merece


atenção entre os conselheiros
bíblicos? O que existe de tão
importante sobre o “coração”?
Quais são suas implicações para
o ministério de aconselhamento
bíblico? A Palavra de Deus
aponta o “coração” como um
elemento importante para o
processo de transformação e de
ajuda mútua. Considere:

O que é?

De acordo com a Palavra de Deus, o coração é o centro de controle do homem. O


coração do homem faz referência ao homem interior, que é tudo o que não se refere
ao corpo físico (Mateus 13.15). É no coração do homem que residem os pensamentos,
intenções, crenças, desejos e emoções. No Novo Testamento, o conceito de centro
do controle do homem também é chamado de mente, alma e espírito (por exemplo,
Romanos 12.1, 2). São termos diferentes que apontam para uma mesma realidade,
como as diversas faces de um mesmo diamante. Em suma, o coração reflete a
verdadeira identidade de alguém: “Assim como a água reflete o rosto, o coração
reflete quem somos nós” (Provérbios 27.19).

Sobre seu funcionamento

A análise de algumas passagens bíblicas aponta o coração como centro de controle


em três áreas principais do funcionamento humano: intelecto, emoção e vontade.
Primariamente, o coração refere-se ao intelecto, que inclui pensamentos, crenças,
lembranças, juízos, consciência e discernimento (1 Reis 3.12; Mateus 13.15; Marcos
2.6; Lucas 24.38; Romanos 1.21; 1 Timóteo 1.5). Outra parte do centro de controle do
homem é composta pelas emoções (Deuteronômio 28.47; 1 Samuel 1.8; Salmo 20.4;
73.7; Eclesiastes 7.9; 11.9; Isaías 35.4; Tiago 3.14;). E, a terceira área do coração faz
referência à vontade. A vontade é o aspecto da parte da pessoa interior que escolhe

4
MENDES, Alexandre. O que é o coração? São Paulo, 2016. Disponível em: <https://abcb.org.br/o-
que-e-o-coracao/ >. Acesso em: 11 abr 2020.
12

ou determina ações (Deuteronômio 23.15-16; 30.19; Josué 24.15; Salmo 25.12). A


interação dos três no coração do homem resulta em ações como reflexo de uma
condição interna de seu coração (Marcos 7.21-23).

Implicações para o aconselhamento

O processo de mudança genuína tem que acontecer no coração e visando sua


transformação: “acima de tudo, guarde o seu coração, pois dele depende toda a sua
vida” (Provérbios 4.23). O problema do seu aconselhado não é uma questão
meramente comportamental, mas uma condição de coração que carece da graça
transformadora do Evangelho.
O problema é grave porque o coração é corrupto e enganoso (Jeremias 17.9). A
presença do pecado influencia tudo o que alguém pensa, deseja e sente. Nesse
contexto, o conselheiro encontra sua limitação em transformar corações e carece de
recursos espirituais. Somente o Espírito Santo, através da Palavra de Deus, pode
revelar a verdade por trás de decisões tomadas no coração humano (Hebreus 4.12).
E, somente um coração transformado pela graça de Cristo pode agradar a Deus (2
Coríntios 5.9, 15).

Por isso, o Evangelho deve ser exposto e aplicado aos pensamentos, sentimentos e
desejos do coração do seu aconselhado. A dinâmica de transformação no
aconselhamento não é meramente de ordem comportamental, mas uma mudança de
condição de coração. É o coração alcançado por Cristo que irá gerar pensamentos,
desejos e sentimentos transformados que, por sua vez, irão influenciar ações
comportamentais diferentes. Mudança genuína.
13

V. ELEMENTO: INSTRUÇÃO
Aconselhamento expositivo5
Por Joshua Hayward

No mundo do aconselhamento
bíblico, a maioria de nós está
familiarizada com a pregação
expositiva e, provavelmente, seja
certo dizer que acreditamos que
esse é o melhor método de
pregação como dieta contínua
para a igreja. Por quê? Porque a
convicção básica daqueles que
estão comprometidos com a
pregação expositiva é que a
Palavra de Deus está investida de autoridade e é suficiente para salvar e santificar o
povo de Deus.
No entanto, para alguns conselheiros bíblicos, e eu me incluo nisso algumas vezes,
parece haver uma desconexão com essa convicção quando se trata de nosso método
de aconselhamento. Os pastores comprometidos com a pregação bíblica e os
membros da igreja que esperam que seu pastor “maneje bem palavra da verdade”
(2Tm 2.15) deixam, muitas vezes, de fazer o mesmo no contexto do aconselhamento.
Eis onde quero chegar: como conselheiros bíblicos, devemos ministrar a Palavra de
Deus ao aconselhado com o mesmo cuidado que esperamos de nosso pastor em sua
pregação. À luz dessa correlação, vamos considerar algumas maneiras pelas quais
podemos praticar melhor o aconselhamento expositivo.

1- Aconselhe versículos inseridos em seu contexto.


Em primeiro lugar, devemos ter cuidado para não extrair o significado e a aplicação
dos versículos tirando-os de seu contexto. Quantas vezes os conselheiros bíblicos
usaram Filipenses 4.13 – “Posso todas as coisas por meio de Cristo, que me dá
forças” (NVT) – para encorajar um aconselhado a confiar no fortalecimento de Cristo
para uma tarefa difícil ou uma luta? Fora de seu contexto, esse versículo parece ótimo
para encorajar o aconselhado a apegar-se à força que Cristo provê para que ele possa
FAZER o que Deus o está chamando a FAZER. No entanto, o contexto mostra-nos
que Paulo está falando do que ele deveria SER – isto é, alguém contente.
Se eu fosse fazer uma suposição, eu diria, no entanto, que a maioria dos conselheiros
bíblicos são menos culpados de tirar os versículos inteiramente do próprio contexto
do que o são de privar os versículos da força total conferida pelo contexto.
Expressando-me de forma mais otimista, os versículos que ministramos aos nossos
aconselhados penetram com maior peso em seu coração quando ajudamos nossos

5
HAYWARD, Joshua. Aconselhamento expositivo. Tradução Pedro Vercelino. Atibaia, 2018.
Disponível em: <https://conselhobiblico.com/2018/11/02/aconselhamento-expositivo/>. Acesso em: 11
abr 2020.
14

aconselhados a ver o contexto. Por exemplo, muitos de nós conduziríamos


corretamente nossos aconselhados a Romanos 8.28 quando eles estivessem
sofrendo de alguma forma. Claro que nós faríamos isso depois de nos condoer com
eles e ter certeza de que eles sabem que não estamos minimizando o seu sofrimento
assim como Deus também não está. No entanto, se formos diretamente ao versículo
28 quando uma pessoa está experimentando um sofrimento intenso, o poder dessa
verdade será diminuído se utilizarmos o versículo fora de seu contexto. Se
começarmos no verso 18, porém, descobriremos que toda essa passagem trata do
sofrimento que experimentamos nesse mundo caído! O poder do versículo 28 será,
então, sentido com mais força por nosso aconselhado.

2- Aconselhe a partir de passagens, não apenas versículos.


Esse ponto está implícito no ponto acima, mas penso que precise ser declarado de
maneira explicita. A maioria dos pregadores expositivos prega, corretamente, a partir
de passagens, não de versos individuais. Mesmo aqueles que pregam um versículo
por sermão ainda situam esse versículo em seu contexto se estiverem sendo fieis a
exposição. Mais uma vez, quero argumentar que os conselheiros bíblicos devem lutar
pela mesma prática.
Provavelmente, muitos conselheiros bíblicos utilizam uma abordagem de
aconselhamento que poderíamos chamar de “abordagem dos disparos de Bíblia”.
Lembro-me de observar um encontro de aconselhamento em que o conselheiro citou
um versículo para quase tudo que o aconselhamento disse. Se aconselharmos assim,
a Bíblia pode ser tratada como se fosse uma enciclopédia dos problemas da vida.
Um dos princípios centrais em que fui ensinado no meu treinamento de
aconselhamento foi a importância de trabalhar longas porções das Escrituras com os
aconselhados. Assim como os membros da igreja recebem a Palavra de Deus por
meio da pregação de passagens, os aconselhados se beneficiam em receber a
Palavra de Deus à medida que você os aconselha por meio de passagens das
Escrituras. Você pode até utilizar uma grande porção das Escrituras e trabalhá-la com
o seu aconselhado durante vários encontros.
É importante lembrar, porém, que o aconselhamento não é um monólogo como é a
pregação. Ele é um diálogo. Envolva o aconselhado com a passagem que você está
trabalhando, servindo-se de perguntas sobre a passagem, que possam conduzir à
aplicação no coração e vida do aconselhado.

3- Procure captar o tom do texto.


Consideremos mais um exemplo de como podemos aconselhar expositivamente. É
importante que procuremos aconselhar no tom do texto. O tom da passagem é
encorajador? É convincente? Alegre? Reflexivo? Inspira urgência? O texto quer dar
conforto, repreensão, advertência ou instrução? Nosso conselho terá mais peso
quando levarmos nossos aconselhados a textos que tenham o tom que eles precisam
ouvir.
Por exemplo, 1 Coríntios 13.4-7 é conhecido como a passagem do “amor”. O texto é
inteiramente sobre o amor! Em muitos cenários, porém, e especialmente em
casamentos, o tom dessa passagem é totalmente esquecido. Seu tom não é
encorajador ou reconfortante; não foi escrito para proporcionar sentimentos calorosos
15

no coração de seus ouvintes. O tom dessa passagem é de forte exortação. Como nós
sabemos? Você adivinhou! O contexto nos diz. Os membros da igreja de Corinto
falharam em amar uns aos outros. Eles estavam divididos sobre quem seguir (3.4),
negligenciavam o pecado sexual na igreja (5.1-13), estavam levando uns aos outros
ao tribunal (6.1-8), faziam com que os membros mais fracos tropeçassem (8.1-13),
maltratavam uns aos outros na mesa do Senhor (11.17-22), e estavam divididos
acerca dos dons espirituais (12.1-31). Em resumo, eles estavam bagunçando tudo!
Em 1 Coríntios 12.31, então, Paulo diz: “Agora, porém, vou lhes mostrar um estilo de
vida que supera os demais” (NVT), e a partir de então ele se move em uma seção que
mostra com que o amor realmente se parece. Em outras palavras, ele está dizendo a
eles tudo aquilo que eles não são! “O amor é paciente…, mas vocês não são
pacientes, Coríntios. O amor é bondoso…, mas vocês são maldosos. O amor não
inveja nem se vangloria…, mas isso é exatamente o que vocês fazem! O amor não
insiste em seu próprio caminho…, mas vocês estão comprometidos com seu próprio
caminho”. Você entendeu. Esse é o tom do texto. Imagine o tipo de impacto que ele
teria em um marido ou esposa ou adolescente consumido pela própria agenda de vida.

Conclusão

Quando digo que o nosso aconselhamento deve ser expositivo, entenda que não
quero dizer que você deve usar todo o encontro – nem mesmo a maior parte de cada
encontro –para trabalhar ao longo de uma passagem das Escrituras, discutindo o
ponto principal, o contexto, a estrutura gramatical e assim por diante. Certamente não
quero dizer que o encontro deva ser um monólogo. O que quero dizer é que devemos
usar o mesmo método central de estudo e interpretação bíblica que esperamos que
nossos pastores usem em seus sermões. Devemos tomar cuidado para não tirar
versículos fora do contexto nem minimizar a força dos versículos, negligenciando
inteiramente o contexto. Devemos investir tempo significativo em grandes porções das
Escrituras, e não devemos deixar escapar o tom do texto.
Como conselheiros bíblicos, queremos continuar a nos esforçar para ser tão bíblicos
quanto pudermos! Queremos lidar e ministrar a Palavra de Deus com o mesmo
cuidado que esperamos ver em todo pregador que está atrás de um púlpito. Portanto,
vamos aconselhar expositivamente e ver a Palavra de Deus fazer a obra!

Perguntas para reflexão


O que significa para você praticar o aconselhamento expositivo, e como isso pode ser
diferente da abordagem que você costuma praticar? Quais são alguns dos versículos-
chaves que você usar quando aconselha, e como eles podem ser reconsiderados se
você for aconselhar expositivamente? Como você pode encorajar um conselheiro
bíblico a ser mais “expositivo” em seu método de aconselhamento?
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VI. ELEMENTO: LIÇÃO DE CASA


As outras 167 horas: uma cartilha sobre as
tarefas de casa no aconselhamento bíblico6
Robert Jones

Embora não seja algo exclusivo da


nossa abordagem de
aconselhamento, os conselheiros
bíblicos costumam valorizar a
prática de pedir que os
aconselhados façam tarefas de
casa – ou seja, atividades para
fazer entre os encontros – com o
propósito de ajudá-los a crescer
em Cristo durante as 167 horas
que antecedem o encontro da
semana seguinte. A tarefa é parte
essencial da nossa metodologia de aconselhamento. Vamos considerar aqui cinco
perguntas corriqueiras sobre o uso das tarefas no aconselhamento.

Pergunta 1: Por que devemos dar tarefas?


Em primeiro lugar, as atividades que visam o crescimento direcionam nossos
aconselhados para as Escrituras, e para recursos baseados nas Escrituras, de modo
que eles possam ver a Deus e a si mesmos biblicamente e, consequentemente,
possam responder com mudança agradável a Deus. As pessoas crescem quando
descobrem por si mesmas as verdades transformadoras da Palavra de Deus.
Além disso, as atividades que visam o crescimento estendem o foco do encontro para
o cotidiano da pessoa. Um encontro de uma hora não é suficiente; a tarefa de casa
reforça e aplica o conteúdo do nosso encontro. Um paciente que vai ao médico pode
se sentir encorajado por receber a prescrição de um medicamento, mas ele não ficará
mais saudável do que estava antes de ir ao consultório até que comece a tomar o
remédio.
A tarefa de casa pode ter também o propósito de preparar nosso aconselhado para
onde planejamos caminhar no encontro seguinte. Por exemplo, se estivermos
pensando em tratar no encontro seguinte a questão dos conflitos interpessoais,
podemos pedir à pessoa que memorize Tiago 4. 1, 2, e medite nesse texto em preparo
para o encontro.
Por último, as atividades que visam o crescimento colocam a responsabilidade pela
mudança no aconselhado, e não em nós. Quando fazemos da tarefa de casa uma
6
JONES, Robert. As outras 167 horas: uma cartilha sobre as tarefas de casa no aconselhamento
bíblico. São Paulo, 2018. Disponível em: <https://conselhobiblico.com/2018/06/11/uma-cartilha-sobre-
as-tarefas-de-casa-no-aconselhamento-biblico/ >. Acesso em: 11 abr 2020.
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parte vital do nosso processo de aconselhamento, não apenas um complemento


opcional, minimizamos a possibilidade de que o aconselhado desenvolva conosco um
relacionamento de dependência. O médico pode prescrever, mas não pode tomar a
medicação pelo seu paciente.

Pergunta 2: Que tipo de tarefa devemos dar?


Como conselheiros, devemos determinar quais tarefas específicas podem ser de
maior benefício para determinado aconselhado em determinado momento. Considere
este menu de categorias entre as quais escolher:
(1) Versículos bíblicos para ler, memorizar e/ou estudar. Obviamente, os conselheiros
bíblicos sempre incluem elementos desta categoria.
(2) Leitura e indicação de livros com boa base bíblica, capítulos de livros ou livretos e
outros recursos do gênero, sempre levando em conta a capacidade de leitura do
aconselhado, e incluindo anotações e aplicações específicas.
(3) Recursos em formato de áudio ou vídeo, baseados na Bíblia (por exemplo,
sermões e música), para ver e ouvir.
(4) Oração, seja como uma tarefa específica (por exemplo, um diário de oração) ou
em conjunto com as atividades propostas acima. Não devemos nos contentar com
uma versão “biblicizada” da terapia cognitivo-comportamental, que meramente chame
os aconselhados a pensar e agir biblicamente, mas negligencie a necessidade vital
da comunhão viva com Cristo e da obra transformadora de Seu Espírito.
(5) Participação nos cultos da igreja local, grupos de estudo bíblico e grupos
pequenos.
(6) Definição de passos concretos para dar — por exemplo, visite seu pai, ligue para
seu amigo, entre em contato com seu médico, venda determinada coisa ou coloque
seu o alarme para despertar.
(7) Convite para que um amigo do aconselhado, do mesmo sexo, ou um casal cristão
maduro na fé, junte-se a ele nos encontros para lhe dar apoio, e proporcionar
prestação de contas e encorajamento em oração.
Para cada tarefa, devemos especificar o que o aconselhado deve fazer para que
aconteça uma aplicação concreta à sua vida. Por exemplo, “Escreva e fale com Deus
sobre três pontos destacados no capítulo três deste livro” ou “Fale com seu pastor
durante a semana sobre o que é preciso você fazer para participar de um grupo
pequeno”.

Pergunta 3: Como devemos apresentar a tarefa?


Considere três etapas simples, que têm lugar perto do final do nosso encontro:
1) Pergunte: “Posso lhe dar algo para você fazer durante a semana e que, a meu ver,
irá ajudá-lo?”
2) Passe a tarefa: “Vou lhe pedir, em primeiro lugar, para ler …” Enquanto você
descreve a tarefa, escreva aquilo que está pedindo. Se for necessário, dê uma cópia
da sua anotação para o aconselhado ou envie pela internet.
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3) Assegure-se de que o aconselhado compreendeu a tarefa e concorde com


fazê-la: “O que você acha dessa tarefa? Ela faz sentido para você? Ela parece
viável?”.

Pergunta 4: Quando devemos conversar sobre a tarefa de casa no encontro


seguinte?

No início do encontro seguinte, ou logo após o início, costumo perguntar: “Você teve
a oportunidade de fazer a tarefa de casa? Podemos conversar sobre isso?”. Perguntar
brevemente sobre cada item completado, e sobre seu benefício para o aconselhado,
sublinha a importância da tarefa de casa, mesmo quando for preciso nos concentrar
seletivamente apenas em alguns itens específicos mais pertinentes ao encontro do
dia.

Pergunta 5: Como devemos agir se o aconselhado não fizer a tarefa?


O aconselhamento nem sempre progride conforme gostaríamos. Como devemos lidar
com os aconselhados que deixam de fazer a tarefa de casa sem que haja uma razão
legítima para isso?
Na primeira ocorrência, costumo perguntar gentilmente o que aconteceu e relembrar
a importância de fazer a tarefa, visto que Deus a usa como instrumento de ajuda entre
os encontros. Verifico novamente o quanto o aconselhado compreendeu a tarefa e se
ele está comprometido com fazê-la, e o encorajo a fazer para o encontro seguinte.
Na segunda ocorrência, volto a relembrar a importância da tarefa e os demais
considerações. Em seguida, costumo perguntar: “Como esta é a segunda vez que
você não consegue fazer sua tarefa, você pode me ajudar a entender qual foi sua
intenção e o que aconteceu com a tarefa de casa?”. Quero discernir se o aconselhado
planejou, de fato, fazê-la e como seu plano falhou. Posso voltar a usar a analogia da
consulta médica e me colocar no papel do médico que prescreve uma medicação,
mas o paciente não a toma e volta a expor os mesmos sintomas na consulta seguinte.
Na terceira ocorrência, volto a relembrar a importância da tarefa e a investigar por que
o aconselhado não a fez. Desta vez, porém, eu o lembro de que a tarefa de casa é
parte essencial do processo de aconselhamento e digo: “Você pode ir para a sala ao
lado e fazer a tarefa agora, durante o tempo em que teríamos nosso encontro. Outra
possibilidade é terminarmos agora nosso encontro, e você pode ir para casa e fazer a
tarefa durante a semana; quando ela estiver concluída, você pode me avisar para
agendarmos nosso próximo encontro”. Em outras palavras, a tarefa de casa é, de fato,
parte essencial do processo de aconselhamento.

Conclusão

Em minha experiência ministerial, poucos fatores predizem o crescimento do


aconselhado e uma conclusão satisfatória do caso melhor do que a realização das
tarefas de casa. E isso, por sua vez, requer que elaboremos com cuidado as tarefas
que damos.
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Pergunta para reflexão


Como você poderia aumentar a eficácia do uso da tarefa de casa nos
aconselhamentos que você faz?
Converse com outros conselheiros bíblicos que você conhece, pois eles podem
contribuir com novas ideias.
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REFERÊNCIAS:

GANSCHOW, Julie. A importância das perguntas no aconselhamento bíblico. Atibaia,


2017. Disponível em: <https://conselhobiblico.com/2017/12/27/a-importancia-das-perguntas-
no-aconselhamento-biblico/>. Acesso em: 11 abr 2020.
HAYWARD, Joshua. Aconselhamento expositivo. Tradução Pedro Vercelino. Atibaia, 2018.
Disponível em: <https://conselhobiblico.com/2018/11/02/aconselhamento-expositivo/>.
Acesso em: 11 abr 2020.
JONES, Robert. As outras 167 horas: uma cartilha sobre as tarefas de casa no
aconselhamento bíblico. São Paulo, 2018. Disponível em:
<https://conselhobiblico.com/2018/06/11/uma-cartilha-sobre-as-tarefas-de-casa-no-
aconselhamento-biblico/ >. Acesso em: 11 abr 2020.
JONES, Robert. Dando esperança em meio a dificuldades: o poder e a simplicidade de 1
Coríntios 10.13. São Paulo, 2017. Disponível em: < https://abcb.org.br/dando-esperanca-em-
meio-a-dificuldades-o-poder-e-a-simplicidade-de-1-corintios-10-13/>. Acesso em: 11 abr
2020.
MENDES, Alexandre. O que é o coração? São Paulo, 2016. Disponível em:
<https://abcb.org.br/o-que-e-o-coracao/ >. Acesso em: 11 abr 2020.
SABATIER, Lucas. Chorar com os que choram? Conectando-se com o aconselhado. São
Paulo, 2016. Disponível em: < https://abcb.org.br/chorar-com-os-que-choram-conectando-se-
com-o-aconselhado/>. Acesso em: 11 abr 2020.

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