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AVALIAÇÃO DAS ATIVIDADES DE CONTROLE INTERNO DO

SISTEMA DE DEFENSORIAS NACIONAL E REGIONAL DE


DIREITOS HUMANOS – DNDH/DRDH’s

Brasília, novembro de 2022


RELATÓRIO DE AUDITORIA SAO Nº 01/2022

LEVANTAMENTO: AVALIAÇÃO DAS ATIVIDADES DE


CONTROLE INTERNO DO SISTEMA DE DEFENSORIAS
NACIONAL E REGIONAL DE DIREITOS HUMANOS –
DNDH/DRDH’s.

PROCESSO: 08038.008126/2021-40

EQUIPE DE AUDITORIA:
Fernanda Santos Bastos
Marcos Oliveira Santos

SUPERVISOR
Walber Rondon Ribeiro Filho

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

QUADRO 1 Iniciativas Estratégicas do DNDH contidas no Plano de Autuação da DPU –


Biênio 2021-2022.

TABELA 1 Quantitativo da Força de Trabalho do DNDH.

TABELA 2 Resultado da avaliação dos controles internos por componentes do Modelo Coso.

GRÁFICO 1 Quantitativo da foça de trabalho atual x quantitativo da força de trabalho


desejada.

GRÁFICO 2 Quantitativo de PAJ’s gerados na atuação coletiva por eixo temático no exercício
de 2021.

GRÁFICO 3 Quantidade total de atendimentos prestados em tutela coletiva e direitos humanos.

GRÁFICO 4 Quantitativo de DRDH’s com cargos de titular vagos/providos.

GRÁFICO 5 Quantitativo de DRDH’s com cargo de titular provido, mas sem substitutos.

GRÁFICO 6 Quantitativo de vagas preenchidas nos cursos com temas de direitos humanos.

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LISTA DE SIGLAS

ACT Acordo de Cooperação Técnica Preliminar


AGU Advocacia Geral da União
ASCOM Assessoria de Comunicação Social
ASPLAN Assessoria de Planejamento Estratégia e Modernização da Gestão
AMC Ambiente de Controle
ATC Atividades de Controle
AVR Avaliação de Risco
CEAD Coordenação de Educação a Distância
CGE Comitê de Gestão Estratégica
CGTEC Comitê Gestor de Modernização Tecnológica
CODR Coordenação de Defensoras/es Regionais de Direitos Humanos
COSO Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission (Comitê
das Organizações Patrocinadoras da Comissão Treadway)
COVID-19 Coronavírus
CSDPU Conselho Superior da Defensoria Pública da União
CTCO Coordenação de Tutela Coletiva
DNDH Defensor/a Nacional de Direitos Humanos
DPGF Defensor Público-Geral Federal
DPGU Defensoria Pública-Geral da União
DPU Defensoria Pública da União
DRDH Defensor/a Regional de Direitos Humanos
GABDPGF Gabinete do Defensor Público-Geral Federal
GSI Grupo Executivo de Segurança Institucional
GT Grupo de Trabalho
INC Informação e Comunicação
MON Monitoramento
ODHTC Ofício de Direitos Humanos e Tutela Coletiva
PAJ Processo de Assistência Jurídica
PCCDPU Plano de Carreiras e Cargos de Provimento Efetivo dos Servidores da Defensoria
Pública da União
PSI Política de Segurança Institucional

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QACI Questionário de Avaliação de Controles Internos
SAO Secretaria de Acompanhamento e Orientação da Gestão
SAPIENS Sistema AGU de Inteligência Jurídica
SEI Sistema Eletrônica de Informações
SGE Secretaria-Geral Executiva
SIS-DH Sistema de Banco de Dados da Atuação em Tutela Coletiva e em Direitos
Humanos
SISDPU Sistema de Informações Simultâneas da Defensoria Pública da União
SGCIA Secretaria-Geral de Controle Interno e Auditoria
SGAI Secretaria-Geral de Articulação Institucional
STJ Superior Tribunal de Justiça
STF Supremo Tribunal Federal
TCU Tribunal de Contas da União

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 7
1.1. Objetivo e Escopo ......................................................................................................... 7
1.2. Metodologia aplicada .................................................................................................... 7
1.3. Limitações ..................................................................................................................... 8
1.4. Visão Geral.................................................................................................................... 8
1.4.1. Sistema de Direitos Humanos ............................................................................... 8
1.4.2. Histórico ................................................................................................................ 9
1.4.3. DNDH ................................................................................................................. 11
1.4.4. DRDH’s............................................................................................................... 11
1.4.5. Estrutura do DNDH............................................................................................. 12
1.4.6. Perfil da força de trabalho do DNDH.................................................................. 13
1.4.7. Planejamento Estratégico .....................................................................................14
2. RESULTADOS OBTIDOS..................................................................................................... 17
2.1. Deficiência de diretrizes e parâmetros operacionais que fomentem a atuação
estratégica para a área de direitos humanos......................................................................... 17
2.2. Estados da Federação sem cargos de Defensor/a Regional de Direitos Humanos e seus
respectivos substitutos providos. ......................................................................................... 21
2.3. Estrutura de apoio operacional inadequada ao cumprimento das atribuições pelos
DRDH´s. .............................................................................................................................. 26
2.4. Inexistência de um programa de capacitação contínua para servidores, colaboradores e
defensores do Sistema DNDH/DRDH’s.............................................................................. 27
2.5. Sistemas informatizados inadequados e não confiáveis para o exercício da tutela
coletiva e promoção dos direitos humanos. ......................................................................... 29
2.6. Fragilidades na integração das informações e controles compartilhados entre DNDH e
DRDH’s. .............................................................................................................................. 33
2.7. Canais de interlocução/comunicação do sistema DNDH/DRDH inadequados e sem
alcance institucional com os demais órgãos de atuação da DPU e a sociedade. ................. 34
2.8. Deficiência na divulgação de resultados das ações voltadas à promoção dos direitos
humanos............................................................................................................................... 36
2.9. Fragilidade na sistemática formal de acompanhamento e avaliação do Sistema
DNDH/DRDH. .................................................................................................................... 38
2.10. Política de Segurança Institucional não implementada. ............................................. 39
3. ANÁLISE DOS QUESTIONÁRIOS (QACI) NÍVEL DE MATURIDADE DO DNDH ...... 41
4. CONCLUSÃO ........................................................................................................................ 43
ANEXO I - Análise das manifestações dos gestores ...................................................................45
ANEXO II - Cálculo do nível de maturidade dos controles internos...........................................50

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Natureza: Relatório de Auditoria
Órgão/Entidade: Defensoria Pública Geral da União-DF

Sumário: RELATÓRIO DE AUDITORIA.


AVALIAÇÃO DAS ATIVIDADES DE CONTROLE
INTERNO DO SISTEMA DE DEFENSORIAS
NACIONAL E REGIONAL DE DIRREITOS
HUMANOS – DNDH/DRDH’s

1. INTRODUÇÃO

Trata-se do Relatório de Levantamento que avalia as atividades de controle interno do


Sistema de Defensorias Nacional e Regional de Direitos Humanos (DNDH/DRDH’s),
elaborado em cumprimento ao Plano Anual de Controle Interno e Auditoria - PAINT 2022,
aprovado pelo Despacho GABDPGF DPGU 4951772, no Processo 08038.024193/2021-10.

O trabalho foi desenvolvido pelos integrantes da Secretaria de Acompanhamento e


Orientação da Gestão – SAO/SGCIA – a fim de dar cumprimento à sua finalidade precípua:
orientar os gestores no desempenho de suas funções e responsabilidades no campo da correta
gestão.

1.1. Objetivo e Escopo

O objetivo dessa auditoria foi avaliar a estrutura dos controles internos do Sistema de
Defensorias Nacional e Regional de Direitos Humanos, a fim de fornecer subsídios para o
conhecimento da área de atuação coletiva e promoção dos Direitos Humanos e fomentar
melhorias tanto nas atividades de governança e gestão, como no direcionamento dos esforços de
controle.

1.2. Metodologia aplicada

Adotou-se como metodologia de trabalho os padrões estabelecidos pelas Instruções


Normativas SGCIA n° 01/2014 e n° 43/2018 que instituíram os manuais e padrões básicos da
Secretaria-Geral de Controle Interno e Auditoria (SGCIA) e os processos de trabalho da SAO,
respectivamente.
Esse levantamento foi baseado nos conceitos e nas terminologias constantes no modelo
de referência Coso I – Estrutura integrada de controles internos, do Committee of Sponsoring
Organizations of The Treadway Commission (Comitê das Organizações Patrocinadoras da

7
Comissão Treadway) que está entre os modelos internacionais de referência para avaliação dos
controles internos e gerenciamento de riscos.
A fase de planejamento envolveu a coleta e análise de informações disponíveis na
legislação aplicável, trabalhos técnicos, processos do SEI, planejamento estratégico, plano de
atuação da DPU e relatório de gestão.
A fase de execução envolveu entrevistas semidirigidas (8 DRDH’s + DNDH), aplicação
de questionários, confronto de dados, exames analíticos, observação e consolidação de
informações coletadas.
As conclusões do trabalho estão consubstanciadas e embasadas nas informações
repassadas pelos gestores, nas verificações realizadas pela equipe de fiscalização e nos normativos
e documentos analisados, em estrita observância às normas de auditoria aplicáveis ao serviço
público federal.
Convém ressaltar que foram analisadas informações disponíveis até agosto de 2022.

1.3. Limitações

As limitações ocorridas na execução da auditoria estão relacionadas ao quantitativo


reduzido de servidores da SAO/SGCIA e ao surgimento do COVID-19, que ocasionou
afastamentos por motivos de saúde, sobrecarga de trabalho e atrasos nos prazos estabelecidos para
entrega de resultados.

1.4. Visão Geral

1.4.1. Sistema de Direitos Humanos

Com o objetivo de organizar a atuação da DPU na área coletiva e de agir estrategicamente


em questões sensíveis e de repercussão regional ou nacional, foram criadas, pelo Conselho
Superior da Defensoria Pública da União (CSDPU), no ano de 2016, as funções de Defensor
Nacional de Direitos Humanos (DNDH) e de Defensor Regional de Direitos Humanos (DRDH).
O Sistema de Defensores Nacional e Regionais de Direitos Humanos da DPU atua em
diálogo constante com a sociedade e com o Estado, a fim de identificar questões de maior
sensibilidade aos grupos em situação de vulnerabilidade e de promover a proteção dos direitos
humanos e a tutela coletiva desses segmentos, contribuindo, assim, com o objetivo construir uma
sociedade livre, justa e solidária, conforme estabelecido pela Constituição Federal1.

1
Fonte: Portal de Direitos Humanos da DPU (https://promocaodedireitoshumanos.dpu.def.br/sistema-de-defensoras-
e-defensores-nacional-e-regionais-de-direitos-humanos/).

8
1.4.2. Histórico

Exposição contida no Anuário de Ação Coletiva da Defensoria Pública da União – Abril de 2017
– Maio de 2018:

“O início de formalização de órgãos da Defensoria Pública da União


especialmente destinados à tutela de direitos coletivos precede a edição da Lei
11.448/2007, considerada o primeiro diploma normativo a atribuir tal função
à Defensoria Pública, ao incluí-la no rol de legitimados para propositura de
ação civil pública.
Além de incursões esparsas e pioneiras de diversos defensores em anos
anteriores, o Acórdão 725/2005 do Tribunal de Contas da União já
recomendava à instituição a criação de “grupos de defensores especializados
em direitos humanos nos seus Núcleos”, e ao Ministério da Justiça o
encaminhamento de proposta “alteração na Lei Complementar 80/94, de modo
a conferir à DPU atribuições de propor ações civis públicas na defesa de
interesses difusos e ações coletivas”.
A partir dessas iniciativas, durante a I Reunião Executiva de Defensores
Públicos Chefes da DPU, entre 19 e 20 de outubro de 2006, foi formalizada a
proposta ao Defensor Público-Geral de criação de ofícios especializados em
“Direitos Humanos, Tutelas das Minorias e Tutelas Coletivas”, que culminou,
naquele mesmo mês, na implantação do primeiro Ofício de Direitos Humanos
e Tutela Coletiva (ODHTC) do país, na unidade do Estado do Rio de Janeiro.
O modelo de ODHTC, pautado na criação de ofícios específicos para condução
de medidas coletivas de assistência jurídica, com competência preferencial
sobre outros ofícios da mesma abrangência territorial e garantia de
inamovibilidade de seus titulares, foi ampliado ao longo de uma década,
alcançando presença em nove unidades - Amazonas, Bahia, Distrito Federal,
Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo
- com 12 ofícios especializados.
Apesar de ter alcançado inegáveis avanços na consolidação do papel da DPU
na tutela de coletividades, o sistema de Ofícios de Direitos Humanos e Tutela
Coletiva, com sua excessiva concentração de atribuições e pouca amplitude de
acesso aos membros da carreira, passou por profunda revisão pelo Conselho
Superior da Defensoria Pública da União em 2016.
Nesse período de 10 anos, a Defensoria Pública já havia passado por profunda
transformação no cenário institucional brasileiro, deixando de ser um órgão
exclusivamente vocacionado à defesa individual e judicial de vulneráveis para
assumir incumbências constitucionais de tutela coletiva dos necessitados
(Emenda Constitucional 80/2014), devendo exercê-la por meio de todas as

9
espécies de ações capazes de propiciar a adequada assistência, principalmente
extrajudiciais (Lei Complementar 132/2009), e, por fim, sendo reconhecida
dentro do novo processo civil brasileiro como uma das instituições incumbidas
de buscar soluções para demandas de massa, racionalizando sua atividade e do
próprio sistema de Justiça (Código de Processo Civil de 2015). Sensível a essa
mudança de paradigma, o Conselho Superior da DPU editou, em 6 de abril de
2016, a Resolução n° 127, que reformulou totalmente o modelo de atuação
coletiva da Defensoria Pública da União.
A partir da Resolução 127/2016, posteriormente substituída pela Resolução
183/2021, todos os membros da DPU, dentro de sua esfera de atribuição
(territorial, material, funcional), passaram a gozar de competência comum para
solucionar demandas sob o viés coletivo, não estando mais essa atuação
confinada aos antigos ODHTCs. Todo defensor público federal é um potencial
agente de assistência jurídica à coletividade de beneficiários da DPU.
No intuito de organizar e qualificar essa multiplicidade de novos legitimados
na DPU em todo o território nacional, foram criadas novas figuras dentro da
organização administrativa da instituição: os Defensores Regionais de Direitos
Humanos (DRDHs) e o Defensor Nacional de Direitos Humanos (DNDH).
Os DRDHs e o DNDH, funções com mandato fixo e processo interno de
escolha por meio de lista, além de disporem de atribuições de atuação coletiva,
como todos os outros membros da carreira, tem como específica missão a
organização estratégica e racionalização dos processos de assistência jurídica
coletiva no país, mapeando as iniciativas da instituição e ajustando-as a
diretrizes nacionais estabelecidas. Além disso, são afastados de seus ofícios
originários para conduzir a aproximação, em âmbito local e nacional, com os
principais atores e colegiados de Direitos Humanos no país, de forma a
estabelecer canais qualificados e estratégicos de colheita e instrução de
demandas de grupos específicos da população nacional, muitas vezes alienados
das vias ordinárias de acesso à DPU e à Justiça2”.

2
Anuário de Ação Coletiva da Defensoria Pública da União – Abril de 2017 – Maio de 2018. Disponível em:
(https://promocaodedireitoshumanos.dpu.def.br/anuario/)

10
1.4.3. DNDH

O Defensor Nacional de Direitos Humanos (DNDH) tem como função coordenar


nacionalmente a atuação dos Defensores Regionais de Direitos Humanos e organizar a atuação
coletiva da Defensoria Pública da União, mantendo banco de dados específico, revendo
arquivamentos de procedimentos coletivos e publicando diretrizes nacionais do órgão.
Além disso, cumpre ao DNDH a interlocução nacional da DPU com outros órgãos e
instituições na temática de direitos humanos e na defesa coletiva de pessoas em situação de
vulnerabilidade, inclusive mediante participação em colegiados federais nos quais a DPU tenha
assento, podendo manifestar-se em nome da instituição em face de leis e outros atos normativos
relacionados a esses temas.
Atua também no judiciário, sobretudo na resolução de demandas repetitivas, no Superior
Tribunal de Justiça e no Supremo Tribunal Federal (neste, assessorando o/a Defensor/a Público
Geral Federal em feitos já em curso). E representa aos sistemas internacionais de proteção dos
direitos humanos, postulando perante seus órgãos.

1.4.4. DRDH’s

Os/as Defensores/as Regionais de Direitos Humanos (DRDH’s) estão presentes nas


unidades das capitais dos Estados e no Distrito Federal, coordenando e subsidiando regionalmente
a atuação coletiva dos/as defensores/as públicos federais, mantendo bancos de dados de processos
coletivos instaurados pela DPU em seus territórios, com comunicação ao Defensor Nacional de
Direitos Humanos.
Entre as atribuições dos DRDH’s está a de promover diretamente medidas de assistência
jurídica coletiva em favor dos grupos vulnerabilizados, inclusive perante a segunda instância,
sempre que entenderem necessário, e sem prejuízo à atuação dos ofícios originalmente
responsáveis por promover essa assistência, podendo inclusive atuar em conjunto com estes.
Os DRDH’s também atuam na interlocução local da DPU com outros órgãos e
instituições de sua região para a promoção de direitos humanos e defesa coletiva de pessoas em
situação de vulnerabilidade, participando de colegiados estaduais ou distritais relacionados a tais
temáticas. Promovem a difusão e a conscientização dos direitos humanos, da cidadania e do
ordenamento jurídico3.

3
Fonte: Portal DPU: https://promocaodedireitoshumanos.dpu.def.br/defensoras-e-defensores-regionais-de-direitos-
humanos-drdhs/

11
1.4.5. Estrutura do DNDH

O Gabinete do DNDH é composto da seguinte estrutura e


responsabilidades para dar suporte a atividade de promoção
e proteção dos direitos humanos (Resolução nº 202/2022 –
Regimento Interno da DPU):

Secretaria do Defensor Nacional de Direitos Humanos:


responsável por planejar e coordenar a execução das
atividades de apoio administrativo e secretariado-executivo
necessários ao DNDH.

Assessoria do Defensor Nacional de Direitos Humanos: responsável por assessorar o DNDH


na elaboração de planos e programas de atuação estratégica junto à DPGU; assessorar o DNDH
no desenvolvimento de relações com órgãos de estado e outras instituições nacionais e
estrangeiras; auxiliar o DNDH na atuação perante Tribunais Superiores e Sistemas Internacionais
de Direitos Humanos; auxiliar na elaboração de notas técnicas, recomendações e informações
referentes à atuação coletiva, bem como estudos jurídicos nos assuntos de sua competência por
solicitação do DNDH; acompanhar e instruir os processos relacionados às atribuições judiciais e
internacionais originárias do Defensor Nacional de Direitos Humanos, elaborando estudos,
levantamentos, minutas e subsídios relacionados a tais atividades; realizar o controle de prazos
de processos judiciais e internacionais; desempenhar outras atividades típicas de assessoria.

Coordenação de Tutela Coletiva – CTCO: responsável por auxiliar a implementação e


funcionamento do banco de dados de processos de assistência jurídica coletiva da DPU; manter
registro das normas e orientações gerais relacionadas à atuação coletiva da DPU; apoiar a
elaboração de relatórios e informações relacionados à atuação coletiva da DPU; apoiar a análise
de arquivamentos de PAJ’s coletivos, elaborando minutas e sugestões de parecer ao Defensor
Nacional de Direitos Humanos; e desempenhar outras atividades relacionadas a assuntos de sua
competência.

Coordenação de Defensores Regionais de Direitos Humanos – CODR: responsável por


acompanhar mandatos, vacâncias e afastamentos temporários das funções de Defensor Regional
de Direitos Humanos; manter informações atualizadas sobre a estrutura dos DRDHs; promover a
comunicação entre o DNDH e os DRDHs; acompanhar e instruir processos que tratem do
exercício das funções de Defensor Regional de Direitos Humanos e da estruturação dos DRDHs;
manter registro das normas e orientações gerais relacionadas ao funcionamento dos DRDHs;

12
apoiar a elaboração de relatórios e informações relacionados aos DRDHs; desempenhar outras
atividades relacionadas a assuntos de sua competência.

1.4.6. Perfil da força de trabalho do DNDH

A força de trabalho do DNDH é composta de 08 (oito) colaboradores que estão divididos


dentro dos seguintes perfis:

Tabela 1: Quantitativo da Força de Trabalho do DNDH


Gabinete do/a Defensor/a Nacional de Direitos Humanos
Secretaria Assessoria CTO CODR Total
Servidores 0 0 1 1 2
Terceirizados 1 2 0 0 3
Estagiários 0 1 2 0 3
Fonte: Planilha Força de trabalho DNDH em agosto/2022 (5453146)

O gráfico abaixo traz um comparativo entre a força de trabalho atual e a força de trabalho
desejada pelo GABDNDH para melhor desenvolver suas atividades.

Gráfico 1: Quantitativo da foça de trabalho atual x quantitativo da força de trabalho desejada.

FORÇA DE TRABALHO DNDH


Quantidade atual Quantidade desejada
4
2

2
1
1

1
0
0

0
0

0
0

0
0

0
0
SERVIDORES

SERVIDORES

SERVIDORES

SERVIDORES
TERCEIRIZADOS

TERCEIRIZADOS

TERCEIRIZADOS

TERCEIRIZADOS
ESTAGIÁRIOS

ESTAGIÁRIOS

ESTAGIÁRIOS

ESTAGIÁRIOS

SECRETARIA ASSESSORIA CTCO CODR

Fonte: Planilha Força de trabalho DNDH em agosto/2022 (5453146)

O cenário exposto evidencia fragilidade no perfil da força de trabalho do DNDH, visto


que a maioria dos colaboradores possuem vínculos precários com a instituição. A situação se
agrava porque existem coordenações providas com apenas um servidor o que pode prejudicar a
continuidade na prestação do serviço em casos de férias e afastamentos.

13
1.4.7. Planejamento Estratégico e Indicadores:

Verifica-se que a tutela coletiva e promoção dos direitos humanos representam uma forma
de se atingir os resultados estabelecidos no plano institucional da DPU por meio do seguinte
objetivo estratégico: 2.04 Otimizar a Atuação na Tutela Coletiva e na Defesa dos Direitos
Humanos.
O sistema DNDH/DRDH contribui para o resultado de dois indicadores vinculados a esse
objetivo (5228879):

2.04.01 Quantidade de potenciais beneficiários alcançados pela atuação coletiva: indicador


de periodicidade anual que mede o quantitativo de pessoas potencialmente alcançadas pela
atuação dos Defensores Regionais de Direitos Humanos e pelos Grupos de Trabalho Temáticos.
Está sob a responsabilidade do DNDH e da SGAI.
De acordo com os dados do Relatório de Gestão 2021, foram contabilizados
aproximadamente 12,9 milhões de potenciais beneficiários alcançados pela atuação coletiva nesse
exercício. A meta de 6.292.361 foi atingida com um desempenho de 206%.
A meta para 2022 consiste em beneficiar 6.606.980 (seis milhões, seiscentos e seis mil
novecentos e oitenta) de pessoas.

2.04.02 Quantidade de atendimentos realizados na temática tutela coletiva e direitos


humanos: indicador de periodicidade mensal que quantifica o total de atendimentos prestados na
pretensão tutela coletiva e direitos humanos. Está sob responsabilidade de aferição pela ASPLAN,
com dados do SISDPU, e tem como meta para 2022 14.971 (quatorze mil novecentos e setenta e
um) atendimentos.

14
Em termos gerais, segundo dados do “DPU em Números”, no período compreendido
entre 01/01/2021 e 31/12/2021, foram realizados 9.781 atendimentos relativos à “tutela
coletiva e direitos humanos”. O quadro abaixo, detalha o quantitativo de PAJs gerados por eixo
temático:

Gráfico 2: Quantitativo de PAJ’s gerados na atuação coletiva por eixo temático no exercício de 2021.

Atendimentos realizados - 01/01/2021 a 31/12/2021


Questões Criminais e Execução Penal 108
Direito Trabalhista 136
Direito Agrário 96
Direito Ambiental 76
Direito do Consumidor 32
Saúde 353
Tráfico de Pessoas 6
Mulheres em Situação de subnutrição e… 5
Catadores/as 13
Migração e Refúgio 494
Identidade de Gênero e Cidadenia LGBTQIA+ 21
Pessoas em Situação de Rua 63
Vítimas de Tortura 6
Pessoas com Deficiência 25
Comunidades Indígenas 210
Comunidades Tradicionais 187
Proteção de Vítimas e Testemunhas 9
Trabalho Escravo 103
Direito Previdenciário 108
Direito à Moradia 675
0 200 400 600 800
Fonte: Anuário de Atuação Coletiva do Sistema de Defensorias Nacional e Regionais de Direitos Humanos - 1° de janeiro a 31 de
dezembro de 2021. Disponível em: https://promocaodedireitoshumanos.dpu.def.br/anuario/

No exercício de 2022, tem-se os seguintes resultados até o mês de julho de 2022:

Gráfico 3: Quantidade total de atendimentos prestados em tutela coletiva e direitos humanos.

QUANTIDADE DE ATUAÇÕES POR TUTELA COLETIVA E DIREITOS HUMANOS

2021 2022
1108

1047

1034
980
969

936
848
816

815
807

803
791

788
780
775

725
576
571

565

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Acumulado 2021: 9.959 Acumulado 2022: 5.775 Meta até dezembro: 14.971
Fonte: Relatório de Indicadores e Metas 2022. Disponível em: (https://www.dpu.def.br/transparencia/prestacao-de-contas-tcu)

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Além dos indicadores estratégicos, o DNDH possui iniciativas estratégicas (projetos e
ações) delimitadas no Plano de Atuação da DPU para biênio 2021-2022. O quadro abaixo traz
uma síntese das principais iniciativas para a abordagem desse trabalho:

Quadro 1: Iniciativas Estratégicas do DNDH contidas no Plano de Autuação da DPU – Biênio 2021-2022.

OBJETIVO: 2.02 CAPACITAR AS ESTRUTURAS DE ATUAÇÃO COLETIVA DA DPU


Estratégia Iniciativa

2.02.01 Promover capacitação Iniciativa: Elaborar e implementar programa de capacitação contínua em tutela
e reflexão contínua das formas coletiva.
de resolução de demandas
Iniciativa: Fomentar a participação da DPU em eventos e outras iniciativas
coletivas
relacionadas a solução coletiva de demandas.
Iniciativa: Elaborar e implementar projeto de divulgação institucional de atuação
coletiva da DPU.

2.02.02 Promover divulgação Iniciativa: Criar rotinas de divulgação periódica da atuação em canais oficiais e
institucional de boas práticas redes sociais, em conjunto com a ASCOM.

Iniciativa: Manter a rotina de publicação do anuário de atuação coletiva da DPU,


focando nas principais atuações do órgão na temática.

OBJETIVO: 2.03 FOMENTAR A INTEGRAÇÃO E O FORTALECIMENTO DOS DRDHS


Estratégia Iniciativa
2.03.02 Estabelecimento de Iniciativa: Elaborar e implementar rotinas de comunicações com ofícios
normas e orientações de individuais e Administração Superior (notadamente DNDH).
funcionamento dos
Defensores Regionais. Iniciativa: Elaborar orientações gerais de estruturação administrativa dos DRDHs.

Iniciativa: Elaborar e implementar programa de reforço material e humano das


estruturas.
Iniciativa: Estabelecer e implementar fluxos de interlocução de demandas
coletivas de âmbito nacional com autoridades centrais da República em Brasília,
com apoio do DNDH e DPGF.
2.03.03 Fortalecer estruturas
de apoio à atuação das DRDHs Iniciativa: Promover aproximação do DNDH com os gabinetes de DRDHs.

Iniciativa: Promover e ampliar formas de pesquisa do acervo geral de casos da


DPU, para fins de identificação e instrução de demandas de DRDHs.
Iniciativa: Realizar mapeamento de servidores de especialidades técnicas da DPU
atinentes à atuação em direitos humanos.
OBJETIVO: 2.04 PARTICIPAR DA ATUAÇÃO ESTRATÉGICA NA TEMÁTICA COLETIVA E DE DIREITOS HUMANOS
Estratégia Iniciativa
2.04.01 Colaborar com a Iniciativa: Estabelecer fluxos de análise e manifestação sobre a criação de
edição de atos de organização Grupos de Trabalho e outras instâncias administrativas de atuação estratégica.
administrativa atinentes à Iniciativa: Estabelecer fluxos de participação e manifestação na elaboração de
atuação estratégica da DPU planos de programas nacionais de atuação estratégica.
OBJETIVO: 2.05 PROMOVER A COORDENAÇÃO DA ATUAÇÃO COLETIVA DA DPU
Estratégia Iniciativa
Iniciativa: Elaborar e implementar projeto de cooperação entre os órgãos da
2.05.01 Estabelecer DPU.
parâmetros de atuação Iniciativa: Elaborar e implementar projeto com o objetivo de definir modelo de
institucional na temática alinhamento de atuação coletiva.
coletiva Iniciativa: Elaborar e publicar as diretrizes nacionais de atuação coletiva do
órgão.

16
Iniciativa: Promover publicações periódicas com orientações complementares
em tutela coletiva ao público interno da DPU.
Iniciativa: Propor e acompanhar medidas de adequação do SISDPU às
particularidades da atuação coletiva.
2.05.02 Integrar as
Iniciativa: Desenvolver e manter banco de dados de PAJs coletivos da DPU.
Informações em torno das
atuações coletivas dos órgãos Iniciativa: Elaborar e publicar relatórios periódicos sobre a atividade da DPU na
da DPU seara coletiva.
OBJETIVO: 2.06 PROMOVER A INTERLOCUÇÃO NACIONAL DA DPU NA DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS
Estratégia Iniciativa

2.06.02 Buscar inserção da Iniciativa: Estabelecer, em conjunto com DRDHs, planos anuais de divulgação e
DPU em debates públicos defesa de temas de direitos humanos.
atinentes ao respeito a Iniciativa: Promover a aproximação com os principais atores institucionais e da
direitos humanos sociedade civil de defesa dos direitos humanos.

OBJETIVO: 3.01 ACOMPANHAR E ZELAR PELA MANUTENÇÃO DA ESTRUTURA HUMANA DO SISTEMA DNDH/DRDH

Estratégia Iniciativa
Acompanhar e zelar pela
manutenção da estrutura Iniciativa: Apoiar a DPGU na solução de vacâncias provisórias e ausência de
humana do sistema substituições de DRDHs
DNDH/DRDH

Com base nesse cenário, avaliou-se, de forma ampla, o desempenho dos controles
internos do Sistema de Direitos Humanos da Defensoria Pública da União. Os exames
basearam-se na identificação dos eventos de riscos que podem comprometer, de modo
sistêmico, o alcance dos objetivos estratégicos da instituição.
Os resultados encontrados, a partir da análise dos dados coletados, serão apresentados
ao longo deste relatório.

2. RESULTADOS OBTIDOS

CONSTATAÇÕES:

2.1. Deficiência de diretrizes e parâmetros operacionais que fomentem a atuação


estratégica para a área de direitos humanos.

De acordo com os artigos 1° e 2º da Resolução 183/2021, a promoção e proteção dos


direitos humanos é atribuição de todos os/as Defensores/as Públicos/as Federais cabendo ao/à
Defensor/a Nacional e Regional de Direitos Humanos garantir a proteção e promoção dos direitos
humanos.
A partir de uma visão mais abrangente, o DNDH ficou responsável por estimular a
atuação coordenada dos DRDH’s, bem como elaborar o plano anual e programas de atuação
estratégica para a área de direitos humanos (incisos IV e VII do art. 10).

17
Mesmo com essas delimitações normativas, a avaliação do sistema DNDH/DRDH
resultou no reconhecimento de lacunas ou escassez de diretrizes e orientações que favoreçam o
integral desenvolvimento da tutela coletiva e promoção de direitos humanos no âmbito da DPU.
Ao longo do trabalho, verificou-se deficiências na estrutura de coordenação e nos
mecanismos de articulação das ações voltadas para promoção dos direitos humanos. O cenário
atual é marcado por vários atores envolvidos com a temática de direitos humanos (DRDH’s,
defensores, GT’s e entes do Governo), mas sem sinergia e harmonia, com vistas a alinhar e unir
as diversas ações institucionais existentes. Observou-se que muitas das ações são isoladas, sem
uma abordagem integrada dos grupos envolvidos que conduza a uma estratégia comum na
proteção e promoção dos direitos humanos4.
Cabe ressaltar que o alinhamento das estratégias trazido pela coordenação e pela
integração das iniciativas evita a fragmentação, duplicidade, sobreposição de projetos, ações e/ou
atribuições executados pelos diversos atores institucionais envolvidos, que podem levar à
ineficiência.
Sendo assim, é essencial fortalecer a regulamentação do Sistema de direitos humanos de
forma a permitir a cooperação a nível organizacional e o desenvolvimento de litigância
estratégica.
Nesse aspecto é importante destacar que a atuação finalística da Defensoria Pública da
União padece, historicamente, da ausência de padronização, com multiplicidade de fluxos, o que
se mostra incompatível com o grande volume de trabalho vivenciado cotidianamente nos órgãos
de atuação.

Esse mesmo volume de trabalho excessivo também impede que os membros da DPU,
nos diversos órgãos de atuação, possam se dedicar a atividades mais complexas ou à atuação
estratégica no âmbito coletivo e de direitos humanos.

A partir do reconhecimento de que significativa parte das demandas submetidas à DPU


possuem caráter repetitivo/de massa e à vista dos avanços tecnológicos e do incremento do
trabalho remoto, é necessário avançar em alternativas para que a DPU se reorganize e otimize a
atuação coletiva para alcançar um importante padrão de eficiência na prestação do serviço
público de assistência jurídica integral e gratuita às pessoas necessitadas.
Nesse ponto, a DPU priorizou iniciativas estratégicas (projetos e ações) no seu Plano de
Atuação para o período de 2020 a 2022 com o objetivo de otimizar a atuação na tutela coletiva e
na defesa dos direitos humanos, especialmente ao incumbir o DNDH de estabelecer parâmetros
de atuação institucional e colaborar com a edição de atos de organização administrativa.

4
257ª Sessão do Conselho – Parte 2 (2h e 55’). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=0qvjfZwbH2c&t=10981s

18
A partir disso, o DNDH iniciou projeto para implementar um Modelo de Alinhamento
de Atuação Coletiva, nos termos da inciativa estratégica prioritária de número 2.04.01.02 (SEI
5228879). Para o exercício de 2022 estão previstas as seguintes ações: 1) Elaborar plano anual
e programas de atuação estratégica para a área de direitos humanos; 2) Mapear e
regulamentar, por meio de Instrução Normativa, os procedimentos relacionados aos
processos de assistência jurídica sobre direitos humanos instaurados no âmbito da DPU,
designação de DRDH e divulgação sobre a atuação na Tutela Coletiva da DPU.
Cabe mencionar que para um programa de atuação estratégica obter êxito, deve
contar com normativos e regulamentos precisos, além de uma articulação de ações em
todos os níveis institucionais. O programa deve abranger todos os contextos e as necessidades
do público-alvo e oferecer uma variedade de serviços e intervenções capaz de atender as
especificidades de todos os segmentos sociais. Para isso, seu planejamento e gestão deve ser
flexível e seu acompanhamento e avaliação deve ser contínuo, com adequações sendo realizadas
à medida que sejam identificadas.
Dentro desse entendimento, o Referencial para Avaliação de Governança em Políticas
Públicas do Tribunal de Contas da União (TCU) descreve que uma política pública deve ser
oficialmente formalizada, com o estabelecimento de normas, padrões e procedimentos que
definam claramente seu campo de atuação, os atores envolvidos e suas atribuições, dando
legitimidade à política, o que fortalece sua sustentação e a definição segura das fontes de
recursos a serem alocados. Essa institucionalização permite a identificação dos objetivos; dos
papéis, responsabilidades, obrigações de todos os envolvidos, incluindo a abordagem para tratar
da resolução de conflitos; dos padrões e procedimentos aplicáveis; e das formas de revisão,
avaliação e monitoramento a serem utilizadas.
Por fim, é importante trazer a visão dos/as DRDH’s sobre a necessidade de
regulamentação e organização do sistema DNDH/DRDH’s coletadas por meio de
entrevistas:
Apurou-se que um problema comum enfrentado pelos DRDH’s diz respeito a
descontinuidade da função de DRDH com consequente descontinuidade das estratégias de
atuação devido à ausência de normativos que disponham sobre estruturação/organização do
Sistema e regras de cooperação entre os envolvidos na atuação coletiva e promoção dos direitos
humanos.
A inconstância do cargo de DRDH gera a falta de planejamento local e isso impacta
diretamente na prestação do serviço ao cidadão. Nesse sentido, o DNDH deve pensar em algo
do tipo: “orientação do que seja estratégico". Pode ainda criar um manual de atuação com
orientações para os DRDH’s.
Além disso, os DRDH’s consideram importante o estabelecimento de diretrizes
nacionais para dar suporte a atuação do defensor público e organicidade ao funcionamento do

19
Sistema. Segundo os defensores, as diretrizes devem ter o objetivo de delimitar estratégias e
estruturar os trabalhos; precisam trazer uma visão macro do sistema para fortalecer os
mecanismos de atuação regionalizados. Ponderam, contudo, que as demandas da sociedade têm
particularidades locais que devem ser levadas em conta no momento de definir os eixos
prioritários de atuação. Uma ação coletiva, por exemplo, pode ser importante para uma região,
mas nem tanto para outra.
Sob a ótica dos DRDH’s, seguem algumas sugestões para construção de diretrizes que
podem fomentar a integração e o fortalecimento do sistema de direitos humanos:

 Estabelecer eixos prioritários de atuação.


 Regulamentar a estrutura e organização dos DRDH’s.
 Padronizar nomenclaturas.
 Padronizar encaminhamentos.
 Padronizar a alimentação do SISDPU ou outro sistema que vier a substituí-lo.
 Parametrizar PAJ’s coletivos, dados e relatórios para dar acesso à informação.
 Criar um manual de atuação com orientações para os DRDH’s.
 Criar um banco de peças no portal da DPU com modelos de documentos que
possam ser disponibilizados aos demais colegas (ofícios, peças judiciais...). Um
sistema com ferramenta eficiente de busca no qual se possa identificar boas
práticas.
 Compartilhar informações atualizadas sobre as ações de impacto nacional e regional
em curso.
 Fomentar boas práticas que estão sendo desenvolvidas nos DRDH’s (avaliar a
viabilidade de multiplicação).
 Automatizar os mecanismos de controles dos DRDH’s.
 Publicizar as informações da atuação coletiva em um canal de comunicação mais
transparente e disponível, por exemplo no Portal da DPU e, assim, reduzir a
possibilidade de atuação em duplicidade.

2.1.1. Recomendação:

2.1.1.1. Ao/à DNDH: Propor e articular a aprovação de diretrizes, regulamentos e


parâmetros de atuação institucional, após planejamento adequado envolvendo todos os
interessados, prevendo elementos de coordenação intersetorial e intergovernamental,
monitoramento e avaliação, e outros componentes fundamentais à boa governança.

20
2.2. Estados da Federação sem cargos de Defensor/a Regional de Direitos Humanos
e seus respectivos substitutos providos.

A Resolução nº 183/2021 alterou a organização do sistema de defensores de direitos


humanos da DPU, determinando a criação de pelo menos uma Defensoria Regional de Direitos
Humanos em cada unidade da federação:

Art. 17. Ficam criadas uma Defensoria Regional de Direitos Humanos em cada
Estado e no Distrito Federal, exceto em São Paulo e Rio de Janeiro, onde ficam
criadas duas.
[...]
§ 3º. Ficam mantidos os mandatos das atuais Defensoras e Defensores
Nacional e Regionais de Direitos Humanos.

Inobstante a referida previsão normativa, ainda existem unidades da federação que não
contam com Defensor Regional de Direitos Humanos, como é o caso de Acre (AC), Amapá (AP),
Amazonas (AM), Ceará (CE), Rio de Janeiro (RJ), Rio Grande do Norte (RN), Roraima (RR),
Santa Catarina (SC), Tocantins (TO), conforme gráficos abaixo (SEI 5304001):

Gráfico 4: Quantitativo de DRDH’s com cargos de titular vagos/providos.

Fonte: Mandatos de DRDHs SEI 5304001

Observa-se que dos 29 DRDH’s criados pela Resolução 183/2021, apenas 66% possuem
titulares e 34% estão vagos.

21
Gráfico 5: Quantitativo de DRDH’s com cargo de titular provido, mas sem substitutos.

Fonte: Mandatos de DRDHs SEI 5304001

Atualmente 19 DRDH’s possuem titulares, sendo que 32% deles estão com substitutos e
68% sem substitutos.

A fim de demonstrar os prejuízos sociais e institucionais decorrentes da ausência de um


DRDH no estado, segue a perspectiva do DNDH quanto ao problema (SEI 5145508):

[...]
“A função de Defensor/a Regional de Direitos Humanos detém especial
importância para a proteção e promoção coletiva de direitos humanos. A
atuação ocorre por meio de busca ativa de violações de direitos humanos e a
partir de provocação da sociedade civil. Trata-se de instrumento assaz
relevante para a concretização da dignidade dos grupos vulneráveis.

Os Defensores/as Regionais de Direitos Humanos atuam em favor de grupos


cuja vulnerabilidade é ainda mais agravada que, muitas vezes, não teriam
meios para fazer cessar violações aos seus direitos fundamentais.
A despeito de a norma da Resolução 183/2021 expressamente dispor sobre a
necessidade de criação de ao menos uma função de DRDH em cada Estado,
até o início desse ano ainda existiam unidades da federação que não contavam
com Defensor/a Regional de Direitos Humanos, como era o caso do Amapá
e Roraima, que, até então, dividiam uma mesma Defensoria Regional,
respectivamente com os estados do Pará e do Amazonas.
Vale destacar que os Estados do Norte do país reúnem processos ainda mais
complexos e estruturais relacionados a grupos vulnerabilizados, atraindo
temas como direitos humanos e empresas decorrentes de empreendimentos
de alto impacto socioambiental, tais como a construção da UHE de Belo
Monte e a iminência de Licença de Instalação da Mineradora Belo Sun, sem
olvidar para a grave crise migratória de venezuelanos que chegam à fronteira
de Roraima.

22
A ausência de DRDH´s afetados exclusivamente para a função no Pará,
Amazonas, Roraima e Amapá impossibilitava a efetivação do modelo de
promoção e proteção de direitos humanos de forma coletiva, tal como
ansiado pela sociedade e almejado também pela gestão da DPGU. Conforme
destacado pelo Defensor Público-Geral Federal, Dr. Daniel de Macedo Alves
Pereira, no Memorando SEI 4715241, “é importante reconhecer que
a mudança do sistema de defensores regionais de direitos humanos da DPU
sinalizou importante avanço na tutela coletiva”.
É compreensível que, diante da escassez de recursos, tenha sido necessário
tomar "decisões trágicas" para instalar, ainda que de forma embrionária, uma
Defensoria Regional por meio da cumulação de funções por um único
Defensor/a Regional.
Passado algum tempo, porém, é necessário que adotemos medidas
administrativas para implantar de forma efetiva e permanente a DRDH em
cada Estado, de modo que os assistidos de todos os Estados federados sejam
contemplados com a prestação de tão relevante serviço público.

Essa, aliás, foi a intenção do CSDPU ao editar a Resolução 183/21.

No entanto, em algumas unidades da DPU a função de DRDH resta vaga,


sem interessados em que pese os remansosos editais abertos, como é o
caso dos estados de Sergipe, Santa Catarina, Tocantins, Rondônia, Rio
Grande do Norte, Ceará, Amazonas, Amapá e Acre (SEI 5145577).
A prática, ao nosso sentir, é confortável para a unidade que deixa de perder
um Ofício individual em detrimento da tutela de direitos coletivos. Esse fato,
porém, gera grave consequência à proteção dos direitos humanos na região,
pois, ausente uma DRDH, a própria sociedade deixa de ver a DPU como
Instituição voltada a essa finalidade e aos poucos essa demanda mingua. Com
pouca demanda, aquela que resta é equitativamente distribuída
pelos Defensores remanescentes na Unidade. Assim, a busca ativa e a
provocação da sociedade civil para a tutela de direitos coletivos são
preteridas.
Não bastasse, a ausência de DRDH em cada Estado da federação pressiona
ainda mais o gabinete do DNDH que já acompanha incontáveis outras pautas
isolada ou conjuntamente com outras DRDH´s e outros órgãos da DPGU.
Onde não há DRDH titular e substituto, é comum o DNDH atuar em
substituição ou, muitas vezes, por provocação de Defensor/Público Federal
de ofícios individuais que, atuando em substituição, remete o feito ao DNDH
para análise. Nesse sentido, são exemplos de situações as ilustradas pelos
despachos 4811452 e 4773438 relacionados ao Caso Rio
Doce/Brumadinho.

23
A ausência de DRDH titular e substituto também gera despesa à DPGU com
o pagamento de diárias para designação extraordinária de Defensores
Públicos Federais, forte no art. 8°, § 2°:

Art. 8º. O exercício da função de Defensor ou Defensora Nacional ou Regional


é sempre com prejuízo das atribuições do ofício originário.

§ 2º. Nas ausências do Defensor ou Defensora Pública Regional e do substituto


ou substituta haverá designação extraordinária em que terão preferência os
demais Defensores e Defensoras Regionais, substitutas e substitutos. ”
(...)

Vale observar ainda que dentro do sistema de carreira, a assunção da função de DRDH
gera aumento da carga de trabalho para os demais defensores dos ofícios individuais, uma vez
que o membro eleito assume a função do DRDH deixando a responsabilidade dos PAJ´s do
ofício originário para os outros defensores da unidade, que passam a atuar em substituição sem
qualquer contrapartida. Essa substituição gera resistência quanto à implementação do DRDH
na Unidade.
No mais, há também desinteresse quanto à ocupação do cargo de DRDH em razão da
ausência de incentivo ao exercício da função por parte da DPGU (estruturação), bem como por
pressão interna dos colegas. Atualmente, por exemplo, os editais para substituição da função e
até mesmo designações temporárias têm sido desertos, encontrando-se grande óbice para
exercício da função quando há necessidade de afastamento do DRDH titular (SEI 5304027).
Além disso, o trabalho de DRDH exige um perfil de atuação que muitos defensores não
estão dispostos a enfrentar, por exemplo: dar entrevistas na mídia, participar de reuniões e
audiências públicas, atuar de forma política... A exposição na mídia demanda muito do
defensor e de sua família e ainda o expõe a críticas.
Também é importante mencionar que o DRDH sofre muita pressão devido a insatisfação
do cidadão por não ter o seu pleito atendido/resolvido porque é juridicamente inviável. A atuação
do DRDH possui limites legais e isso, muitas vezes, não é compreendido pelos movimentos
sociais.
A constante pressão submetida aos DRDH’s tem provocado o adoecimento físico e
mental dos defensores. Esse fato, atrelado a grande dificuldade de substituição dos defensores
afastados por motivo de saúde, prejudica a atuação coletiva e sobrecarrega ainda mais os
DRDH’s. Nesse quesito, os defensores citam a falta apoio institucional para resolver a questão,
pois não existe um plano de contingência para tratar situações emergenciais de saúde.
Sob outro aspecto, os DRDH’s não conseguem abranger uma área territorial grande do
Estado com apenas um defensor. Não é possível estar em todas as regiões. Considerando que
a promoção dos direitos humanos é atribuição de todos os Defensores Públicos Federais, alguns
membros argumentam que as demandas coletivas “sem prioridade” poderiam ser atendidas

24
pelo defensor público do ofício individual, ao invés de serem repassadas diretamente para o
DRDH, conforme prática habitual. O DRDH, nesse entendimento, atuaria em demandas
coletivas mais complexas, adequando-se a sua estrutura de atendimento.
Por fim, foi possível notar que a circunstância de não haver DRDH substituto enseja a
prestação inadequada do serviço durante os afastamentos do titular, uma vez que os editais de
designação para substituição não são atrativos.
Na ausência de interessados, os PAJ’s do DRDH têm sido pulverizados entre os ofícios
individuais nos afastamentos do titular. No entanto, é difícil que outros defensores,
assoberbados com prazos e audiências judiciais, compareçam em reuniões administrativas e
executem a extensa agenda de eventos de um DRDH. Na prática, apenas atos judiciais com o
prazo são cumpridos durante a substituição, o que equivale a dizer que a substituição é feita de
forma parcial.

2.2.1. Recomendação:

2.2.1.1. Ao GABDPGF com auxílio do DNDH: Promover medidas administrativas viáveis


para estimular o provimento dos DRDH’s, avaliando a conveniência de valorizar/beneficiar as
Unidades que mantenham o cargo provido, por exemplo:

 Propor alterações normativas junto ao Conselho Superior para avaliar a possibilidade de:
melhorar a pontuação para promoção na carreira; possibilitar que um Defensor Público
Federal de outro Estado da Federação possa exercer a função de DRDH na ausência de
interessados da Unidade; utilizar o provimento da função de DRDH no respectivo estado
como critério para participação em designações extraordinárias e itinerantes.
 Priorizar a distribuição de cargos de membros e servidores e de assessoria as Unidades
que tenham provida a função de DRDH.
 Melhorar a estruturação dos gabinetes com assessoria qualificada.
 Direcionar uma estrutura de atuação remota/virtual para apoiar as Unidades impactadas
com afastamento Defensor/a para ocupar a função de DRDH.
 Priorizar os estados com a função de DRDH provida para recebimento de novos ofícios.

É importante esclarecer que os exemplos citados são sugestões apresentadas pelos


defensores por ocasião das entrevistas realizadas.
Logo, a exposição dos exemplos apenas tem o objetivo de subsidiar a Administração
Superior a tomar decisões de acordo com a sua conveniência e oportunidade.

25
2.3. Estrutura de apoio operacional inadequada ao cumprimento das atribuições
pelos DRDH´s.

O Sistema DNDH/DRDH´s tem por missão a defesa coletiva dos direitos humanos por
meio das funções consultiva, de monitoramento, de investigação, de promoção e de representação
perante os sistemas internacionais e regionais de direitos humanos. Sua atuação majoritária ocorre
em processos coletivos e estruturais, por meio de atuação judicial e extrajudicial.
Para sistematizar essas funções no âmbito institucional, foi normatizada uma estrutura
mínima de apoio para as Defensorias Nacional e Regionais de Direitos Humanos desempenharem
suas atribuições (Portaria GABDPGU 745/2016).
Embora a norma defina que os DRDH’s contarão com, no mínimo, um servidor e quatro
estagiários para atividades administrativas e de assessoramento, esse quantitativo não é obedecido
na prática.
Os defensores alegam que essa estrutura é insuficiente ante quantidade de demandas e as
peculiaridades das ações coletivas. O reduzido número de colaboradores não permite a divisão de
atribuições de forma especializada e impossibilita a expansão das atividades. O ideal seria ter uma
assessoria técnica em áreas como direito, assistência social, comunicação, medicina e estatística
ou, ao menos, gestão pública (08038.019889/2021-16).
O DNDH sugere que sejam estabelecidas regras que assegurem aos DRDH´s o direito de
fazer uso de toda a estrutura física e de pessoal da unidade, tal como cartório e atendimento, dada
a existência de divergência interpretativa sobre o tema. Em determinada Unidade, por exemplo,
a Chefia não autoriza o uso do cartório pelo DRDH. Outra possibilidade, seria o uso
compartilhado, de forma remota, de servidores e/ou terceirizados de outras unidades.
A Defensoria Pública-Geral da União, como responsável pelo suporte ao sistema de
direitos humanos (art. 12 Res. 183/21), deve pensar na estruturação dos gabinetes tanto pelo
aspecto finalístico (ex: assessoria jurídica), quanto pelo cumprimento das obrigações
administrativas - meio (ex: fluxos internos, contatos, registros, distribuições, elaboração do
relatório, etc). A atual estrutura não permite realizar a contento as atividades fins e, muito menos,
as atividades meio. Por vezes, o próprio Defensor tem que acumular tais atividades gerando
sobrecarga de trabalho.
Destaca-se que a sobrecarga de responsabilidades atrelada a estrutura deficiente dos
DRDH’s tem ocasionado impactos negativos a saúde dos defensores e limitações a atuação
coletiva colocando em risco o direito dos grupos ou pessoas assistidas.
Uma solução oportuna seria desenvolver um processo de planejamento da força de
trabalho dentro do Sistema DNDH/DRDH com objetivo de auxiliar a DPU à tomar decisões mais
adequadas sobre o perfil e o quantitativo de pessoal necessários para o desenvolvimento das suas
funções.

26
O ACÓRDÃO 358/2017 – TCU-PLENÁRIO, que trata sobre o Perfil de Governança e
Gestão de Pessoas da Administração Pública, faz a seguinte exposição sobre o planejamento da
força de trabalho dos órgãos:

“O processo de planejamento da força de trabalho busca identificar as lacunas


entre as necessidades atuais e futuras da organização e a capacidade existente,
tanto em termos quantitativos como qualitativos. Um planejamento adequado
da força de trabalho permite à organização o alinhamento entre a força de
trabalho e a estratégica organizacional, assim como o desenvolvimento de um
quadro sobre as lacunas de competências existentes e as necessidades futuras
da organização.
Além disso, auxilia a organização a tomar decisões mais adequadas sobre
seleção de colaboradores externamente e a movimentação de colaboradores
dentro da organização. Também permite estruturar a organização conforme a
estratégia e a força de trabalho disponível. ”

Cabe mencionar que algumas medidas já estão sendo empregadas para amenizar o
problema de estruturação das Defensorias Regionais: o DNDH está trabalhando junto a SGE para
contratar terceirizados para os DRDH’s, bem como carros 4x4 para viabilizar vistas a locais de
difícil acesso (Anuário de Atuação Coletiva - 1° de janeiro a 31 de dezembro de 2021).

2.3.1. Recomendação:

2.3.1.1. Ao DNDH, ASPLAN e SGP: Realizar o planejamento da força de trabalho do


Sistema DNDH/DRDH’s, de forma a definir o perfil e o quantitativo adequado de pessoal para
desenvolver as atividades de promoção e proteção dos direitos humanos sem prejuízos.

2.4. Inexistência de um programa de capacitação contínua para servidores,


colaboradores e defensores do Sistema DNDH/DRDH’s.

Relativamente à análise da competência profissional, no decorrer do trabalho, foi possível


verificar que os DNDH/DRDH’s não adotam medidas para aferir as necessidades de treinamento
dos membros e servidores a fim de atender as lacunas de competências funcionais. Por
conseguinte, não existe um plano interno de capacitação voltado para as necessidades dos
membros, servidores e colaboradores dentro do sistema de direitos humanos.
O DNDH entende que a Escola Nacional da Defensoria Pública da União (ENADPU) é
a responsável por identificar as necessidades de capacitações, principalmente aquelas
direcionadas aos servidores das Unidades.

27
Mas, ainda que ENADPU seja a responsável por ofertar cursos que guardem pertinência
com a litigância em direitos humanos (art. 12 da Res. 183/2021), compete ao DNDH definir o
programa ou o plano de capacitação para o seu corpo técnico de acordo com as suas necessidades.
Essa inciativa está prevista no Plano de Atuação da DPU Biênio 2021/2022 (Estratégia: 2.02.01 -
Iniciativa: elaborar e implementar programa de capacitação contínua em tutela coletiva).
Assim sendo, os DRDH’s reforçam a necessidade de participação em cursos, eventos e
congressos nacionais atinentes às temáticas de direitos humanos além de capacitação para funções
em habilidades úteis, como organização e produtividade (5204073).
Segundo a ENADPU, nos anos de 2020 e 2021, foram ofertados 63 cursos relacionados
a temática de direitos humanos, dos quais 664 vagas foram preenchidas pelo quadro de pessoal
da DPU, conforme detalhado abaixo:

Gráfico 6: Quantitativo de vagas preenchidas nos cursos com temas de direitos humanos.

Vagas Preenchidas

162
129 120 120

57 64
0 12

DEFENSORES ESTAGIÁRIOS SERVIDORES TERCEIRIZADOS

2020 2021

Fonte: Memorando CEAD DPGU 5254105

É importante mencionar que as ações educacionais têm o objetivo de contribuir para o


desenvolvimento do desempenho no trabalho e permitem a vinculação entre as necessidades das
tarefas e capacidade do ser humano em realizá-las. Possuem influência positiva no desempenho
individual e como consequência, organizacional.
A falta de profissionais preparados para exercerem adequadamente as atividades
relacionadas diretamente aos resultados organizacionais, colocam em risco os serviços prestados
para a sociedade.
A simples troca de experiências entre os servidores não supre as lacunas de competências
profissionais necessárias para o desempenho das tarefas. Os gestores devem estabelecer um
programa de capacitação e insistir para que todos sejam adequadamente capacitados para
desempenhar as funções de maneira proveitosa.

28
2.4.1. Recomendações:

2.4.1.1. Ao DNDH: Criar estímulos para os DRDH’s produzirem o seu plano de capacitação,
de modo a aferir as necessidades de treinamento funcionais de acordo com as particularidades
locais.

2.4.1.2. Ao DNDH: Instituir um programa de capacitação contínua alinhado com as


necessidades funcionais do Sistema DNDH/DRDH.

2.5. Sistemas informatizados inadequados e não confiáveis para o exercício da tutela


coletiva e promoção dos direitos humanos.

SISDPU - Sistema de Informações Simultâneas da Defensoria Pública da União

O sistema utilizado para registrar, distribuir e acompanhar todos os procedimentos de


atuação coletiva e promoção dos direitos humanos é o SISDPU.
Os DRDH’s referem que o sistema possui limitações e não está estruturalmente adequado
para receber as informações da tutela coletiva. Reforçam que não há um desenho direcionado a
temática de direitos humanos, pois faltam fases processuais, mecanismos de busca/pesquisa e
ferramentas adequadas para extração de dados.
Quando o sistema foi construído, a DPU não lidava com demandas coletivas. Ele foi
idealizado para a atuação individual e, da mesma forma, não foi pensado como um sistema de
processos. Partiu de um modelo antigo de tramitações físicas e sem recursos tecnológicos
avançados. (4811175).
Hoje, os campos do SISDPU não permitem um detalhamento padronizado da ação
coletiva e uma classificação adequada dos registros. O sistema também não atende as
especificidades dos processos coletivos de longa duração. A pesquisa geralmente ocorre por meio
de palavras chaves; mas, em assuntos não notórios, fica difícil buscar informações nos PAJ’s.
Com efeito, o sistema apresenta um baixo desempenho no processamento de
informações, produção de dados estatísticos não confiáveis e impossibilidade de produção
de relatórios automáticos.
A falta de um sistema adequado prejudica as ações coletivas e impõe rotinas de retrabalho
que acabam por inviabilizar a ampliação e prestação do serviço de assistência jurídica integral e
gratuita à população necessitada. É comum o DRDH pedir informações estatísticas a outros
órgãos porque o SISDPU não é capaz de gerar dados quantitativos para a instrução dos processos.
Essas restrições colocam em risco o direito dos grupos ou pessoas assistidas.

29
Ao ser questionada sobre as limitações atuais do SISDPU para levantamento de dados, a
ASPLAN trouxe o seguinte esclarecimento (5228879):

“(...) há dificuldade e limitação para a aferição do indicador "quantidade de


potenciais beneficiários alcançados pela atuação coletiva" em
decorrência do SISDPU não estar preparado para receber informações do
quantitativo de pessoas atendidas/assistidas quando se trata da pretensão
tutela coletiva / direitos humanos. Não há campo específico para o
preenchimento da informação. Nesse caso, o DNDH precisou desenvolver o
Sistema de Banco de Dados dos Diretos Humanos – Sis-DH para tratar dos
PAJs coletivos, bem como elaborar Instrução Normativa específica para o
processo de trabalho "Manter banco de dados atualizado de abertura e atos
estruturais de PAJs de ações coletivas no âmbito da DPU", conforme
mencionado no item 1. Orienta também aos DRDH que informem o
quantitativo de pessoas assistidas no campo narrativa do SISDPU, o que pode
prejudicar os dados estatísticos, vez que resultados gerados a partir do campo
narrativa são imprecisos. Por fim, há ainda outros casos de tutela coletiva
registrados no SEI, não só pela DNDH, mas também pelos GTs da SGAI. Tal
registro depende, de qualquer forma, do somatório manual, ficando sujeito
a erros. Quanto ao segundo indicador, "quantidade de atendimentos
realizados na temática tutela coletiva e direitos humanos", acredita-se
que o resultado seja mais preciso. ”

Constata-se, desse modo, que não há como traduzir efetivamente o benefício real
(impacto concreto) e potencial da promoção dos direitos humanos no âmbito da DPU. Isso
representa perda de informações relativas à missão e à visão definidas no Planejamento
Estratégico, já que o Sistema DNDH/DRDH’s possui importante papel em ações junto à
sociedade.
Importa destacar que recentemente a Defensoria Pública da União celebrou Acordo de
Cooperação Técnica Preliminar (ACT) junto à Advocacia Geral da União (AGU) que estabelece
Regras de permissão temporária de acesso ao código-fonte do Sistema Único de Procuradoria
Públicas – SUPP, a fim de possibilitar a criação de um módulo específico para Defensoria
Públicas, bem como aproveitar a atual base de dados do Sistema da DPU (SISDPU) 4872383.
Trata-se de um sistema com arquitetura multíplice que busca elevado nível de
interoperabilidade com outros sistemas, bem como acoplamento de módulos. No momento, a
DPU está contratando uma empresa de programação para adaptar o novo sistema (SAPIENS)
ao órgão (08038.023928/2021-80 ).
Além disso, a partir da publicação da Resolução n° 202/2022, foi criada uma
Coordenação de Estatística vinculada a ASPLAN que tem por competência fornecer
informações estatísticas que possibilitem o aprimoramento das atividades finalísticas da DPU.

30
Adicionalmente foi desenvolvido, como iniciativa executada do Plano Estratégico DPU
2040, painel de BI disponível no Portal da DPU por meio do qual é possível fazer busca/pesquisa
para extração de dados (DPU em Números"/"Pretensões Integradas - https://www.dpu.def.br/dpu-em-
numeros).

SIS-DH - Sistema de Banco de Dados da Atuação em Tutela Coletiva e em Direitos


Humanos.

O DNDH deve manter um banco de dados atualizado de todos os processos de assistência


jurídica de direitos humanos instaurados no âmbito da Defensoria Pública da União por força da
Resolução 183/2021.
Nesse sentido, em março de 2021, o Sistema de Atuação em Tutela Coletiva e em
Direitos Humanos (SIS-DH) entrou no ar com objetivo de integrar informações em torno das
atuações coletivas dos órgãos da DPU e subsidiar a atuação estratégica dos defensores públicos
federais (4288367).
Para estabelecer um fluxo de alimentação e atualização do banco de dados, o DNDH
instituiu uma narrativa padrão de forma a mapear os PAJ’s coletivos e organizar o sistema de
controle de prevenção (IN 99/2022). Isso porque o principal repositório de informações
processuais da DPU - o SISDPU - não possui campos próprios para pesquisas de PAJ’s coletivos,
repousando toda a busca de acervo nesse sistema a partir de consultas por narrativa ("Pesquisa
Narrativa" - 2771960; 4288367).
Dentro do fluxo estabelecido, ao se instaurar um PAJ na unidade de origem (DRDH), o
titular deve notificar a sua abertura ao DNDH via SISDPU/SEI para que as informações sejam
inseridas no SIS-DH (banco de dados). A alimentação é feita manualmente por estagiários e
permite realizar pesquisas das ações coletivas. A correta alimentação do sistema depende do
preenchimento adequado da narrativa padrão dentro dos PAJ’s e da comunicação das Defensorias
Regionais (4706703; IN DNDH 99/2022).
Destaca-se que, por ser um banco de dados em fase de aperfeiçoamento, o SIS-DH possui
muitas limitações; uma delas, por exemplo, refere-se a falta de integração com o SISDPU. Se um
DRDH ou um defensor de um ofício individual abrir um PAJ coletivo e não comunicar ao DNDH,
a informação fica perdida.
Outra limitação descrita pelo DNDH refere-se à geração de informações: o sistema não
faz compilação de dados de forma adequada (sobre matéria) e, por isso, não é possível fazer
pesquisas rápidas ou atender demandas urgentes de órgãos ou imprensa. Também não é possível
fazer o controle de prevenção por meio do banco de dados, pois o sistema não se mostra confiável
para esse tipo de atividade.

31
Sendo assim, o DNDH alimenta, paralelamente, uma planilha eletrônica que permite
tratar os dados de forma manual e extrair informações de forma mais célere. Quando um DRDH
consulta o DNDH sobre a prevenção de uma demanda coletiva (via WhatsApp), o DNDH pede
ao gabinete para fazer uma pesquisa nas planilhas eletrônicas para resposta.
A centralização do banco de dados no DNDH também pode ser considerada uma
limitação, visto que a extensão do SISDH para os DRDH's melhoraria o gerenciamento dos
processos e ajudaria na gestão da informação sobre atuação coletiva, evitando-se o risco de
inconsistência nos registros e perda de informações em atuações de repercussão coletiva ou
individual.
Percebe-se, nesse ponto, que apesar do SIS-DH ter sido pensado para suprir as
deficiências do SISDPU, ele ainda não cumpriu o seu papel. O controle desenhado para mitigar
os riscos de inadequação do SISDPU, resultou em um sistema informatizado de baixa qualidade,
que não faz um controle adequado dos processos e não produz dados significativos para
demonstrar o alcance da atuação coletiva e promoção dos direitos humanos.
Devido às lacunas de normas e orientações sobre o controle de processos, ocorreu a
sobreposição de soluções próprias, sem adequada comunicação entre os atores envolvidos, o que
impactou na burocratização da atuação coletiva.
Nota-se, portanto, a necessidade de aprimorar o banco de dados (SIS-DH) de forma que
ele possa subsidiar a atuação estratégica dentro do Sistema DNDH/DRDH’s e melhorar a
comunicação e integração entre os sistemas e as partes envolvidas na promoção de direitos
humanos.

2.5.1. Recomendações:

2.5.1.1. Ao DNDH e ao Comitê Gestor de Modernização Tecnológica (CGTEC): adotar


medidas para aperfeiçoar o SIS-DH, de forma que o sistema possa tratar informações
adequadamente e transformar dados em números; prover meios necessários para efetivar a
interoperabilidade entre os sistemas utilizados para promoção e proteção dos direitos humanos.

2.5.1.2. Ao DNDH e ao CGTEC: Avaliar a conveniência e oportunidade de desenvolver um


modulo específico para atuação coletiva no sistema SAPIENS.

2.5.1.3. Ao DNDH:
a) Divulgar a criação da Coordenação de Estatística para os DRDH’s, de maneira que
eles tomem conhecimento de que a DPU dispõe de um setor especializado em pesquisa
e tratamento de dados estatísticos vinculado a ASPLAN (art. 10 da Res. 202/2022).

32
b) Divulgar a existência do painel BI disponível no Portal da DPU junto aos DRDH’s
(DPU em Números"/"Pretensões Integradas" - https://www.dpu.def.br/dpu-em-numeros).

2.6. Fragilidades na integração das informações e controles compartilhados entre


DNDH e DRDH’s.

Diante da ineficiência do SISDPU em possibilitar a rápida visualização do acervo


coletivo, os DRDH’s instituíram mecanismos de controle próprios para organizar e monitorar os
processos instaurados em âmbito local.
De forma geral, o controle é realizado por meio de planilhas eletrônicas, alimentadas
manualmente com os dados dos PAJ’s coletivos e parametrizadas por número, eixo temático,
assunto e fase processual.
No mesmo sentido, o DNDH adotou a sistemática de divulgar semanalmente no "Informe
DPU” planilhas temáticas separadas por eixos prioritários, de forma a cientificar os Ofícios
Individuais e Coletivos acerca dos procedimentos já instaurados no Sistema DNDH/DRDH’s e
dar visibilidade institucional aos processos de atuação coletiva.

Apesar da inciativa ser útil, ela possui limitações tecnológicas de compartilhamento de


dados e de segurança da informação. A falta de interoperabilidade entre os sistemas, os bancos
de dados e as planilhas eletrônicas elevam o risco de inconsistência nos registros, partilha de
dados desatualizados e perda da informação.
Nesse aspecto, os defensores consideram importante estender o SIS-DH para os DRDH's
e, assim, automatizar o gerenciamento dos processos de atuação coletiva, de forma a viabilizar
consultas em uma única base de dados.
De forma complementar, a ASCOM informa que uma nova intranet está em
desenvolvimento no âmbito da DPU e deve prever a possibilidade de atualização e inserção de
conteúdos pelas próprias unidades da DPU, sendo uma solução adequada para a construção de
um banco de peças e modelos, conforme sugerido por DRDHs (5580552).

2.6.1. Recomendações:

2.6.1.1. Ao DNDH: Avaliar a possibilidade de estender o acesso do SIS-DH para os DRDH’s


com objetivo de automatizar o controle e gerenciamento dos processos de atuação coletiva, bem
como viabilizar consultas em uma única base de dados para todos os membros da Defensoria
Pública da União e demais áreas da DPGU que tenham interesse (Ascom).

33
2.6.1.2. Ao GABDPGF e ao DNDH: Avaliar a conveniência e oportunidade de desenvolver
um banco de peças para compartilhar documentos, informações e experiências dos defensores
públicos federais no âmbito institucional.

2.7. Canais de interlocução/comunicação do Sistema DNDH/DRDH inadequados e


sem alcance institucional com os demais órgãos de atuação da DPU e a sociedade.

A norma que regulamenta o Sistema DNDH/DRDH’s estabelece que a promoção e


proteção de direitos humanos é atribuição de todos os defensores públicos federais, nos limites de
seus ofícios de atuação. Determina ainda que as ações institucionais buscarão a
interlocução/articulação junto aos grupos de trabalho (GT’s) e núcleos temáticos criados pela
Defensoria Pública da União, bem como demais órgãos encarregados da promoção de direitos
humanos.
Dentro dessa visão integrada, atribui aos defensores públicos federais o monitoramento
de políticas públicas, o acompanhamento do trâmite de projetos de lei e a participação em
colegiados voltados ao tema de direitos humanos (art. 1°; art. 10 e art. 11 da Res. 183/2021)
Ainda que o regulamento considere o necessário envolvimento de vários atores para um
melhor desempenho e entrega de resultados pretendidos, observa-se que não há compreensão de
todos sobre o seu papel dentro da promoção e proteção de direitos humanos. Os ofícios
individuais, por exemplo, não se consideram parte do sistema; poucos desenvolvem iniciativas de
tutela coletiva, sendo a opção sempre remeter o PAJ para o DRDH. Na prática, os defensores
encaminham os PAJ’s coletivos que já existiam no âmbito dos ofícios antes da criação do DRDH
e informam situações de PAJ’s individuais que podem dar origem a atuações coletivas
(08038.019889/2021-16).
No mesmo sentido, alguns DRDH’s citam que a articulação com os GT’s nem sempre é
muito fluida e que não existe um fluxo de informações entre o Sistema e esses grupos de trabalho.
Tal afirmação pôde ser comprovada na 257ª Sessão do Conselho Superior da Defensoria Pública
da União (CSDPU), na qual foi exposta a falta de diálogo entre o DNDH e o GT Mulheres ao
tomarem decisões contraditórias em um caso concreto que envolvia direitos humanos5.
A fim de evitar esse descompasso, é fundamental estabelecer uma coordenação eficiente
entre os diversos atores envolvidos na promoção de direitos humanos, com o desenvolvimento de
ações conjuntas, de forma complementar, aproveitando esforços e recursos, promovendo o
alinhamento de ações/estratégias numa visão sinérgica, gerando um planejamento integrado, em
busca de resultados mais efetivos, sem deixar de respeitar a independência funcional de cada
defensor.

5257ª Sessão do Conselho – Parte 2 (2h e 55’). Disponível em:


https://www.youtube.com/watch?v=0qvjfZwbH2c&t=10981s

34
Sob outro aspecto, é importante também, dentro da governança do Sistema, estabelecer
um fluxo de informações claras, transparentes e acessível em tempo real para todos os envolvidos,
promovendo a confiança no processo.
Os dados levantados pela equipe de auditoria evidenciaram que os canais de comunicação
do sistema de direitos humanos são insatisfatórios e não tem alcance institucional. Os espaços de
diálogo entre o DNDH/DRDH’s se resumem ao grupo de WhatsApp para repasse de informações
da atividade fim. Mesmo que seja uma ferramenta célere, esta não se constitui no meio mais
adequado para comunicações oficiais; seja pelo risco de segurança da informação, seja pela
impossibilidade de todos os envolvidos visualizarem as mensagens no momento de envio. Há de
se considerar também que aqueles que estão fora do grupo não tem acesso a informação, a
exemplo dos defensores dos ofícios individuais, defensores dos GT’s e novos membros que
ingressam no sistema (4706703).
Os DRDH’s consideram que os canais de comunicação instituídos pelo DNDH podem
ser aprimorados, tendo em conta que as informações para fins de organização/coordenação estão
espalhadas pelo SEI e pelas mensagens de WhatsApp/e-mail dificultando o seu acesso. O fluxo
de informações não alcança quem está fora do sistema de direitos humanos, por isso é necessário
o DNDH aperfeiçoar a comunicação institucional.
Ademais, hoje não existe um sistema que identifique automaticamente a prevenção sobre
determinada matéria. O mecanismo de controle adotado pelo DNDH consiste em receber a
consulta sobre prevenção pelo aplicativo de mensagens, realizar a verificação dos processos em
planilhas eletrônicas e responder aos DRDH’s via WhatsApp. Tal dinâmica eleva o risco de
ocorrer duplicidade de ações coletivas se um defensor de um ofício individual não comunicar a
instauração de um PAJ coletivo ao DNDH (4706703).
É preciso estabelecer métodos e canais apropriados de comunicação para divulgar
informações necessárias e de qualidade para alcançar objetivos institucionais. Medidas simples
podem ser implementadas de forma a dar maior visibilidade a atuação dentro do sistema de
direitos humanos e facilitar o fluxo de informações, tais como6:

 Criar um espaço na internet/intranet da DPU para divulgar orientações e uma síntese de


todos os normativos e regulamentos do DNDH/DRDH de forma a facilitar o trabalho do
defensor e permitir o acesso à informação daqueles que ingressam no sistema.
 Desenvolver ferramentas para emitir alertas sobre as mudanças
administrativas/organizacionais e alterações nos regulamentos.
 Criar um banco de peças para consulta dos defensores na página da DPU.

6
Sugestões dos Defensores Públicos Federais coletadas por meio de entrevistas.

35
 Estabelecer canais de comunicação entre os servidores dos DRDH’s para trocar ideias
sobre questões administrativas (troca de experiências; como resolver determinada
situação).
 Promover reuniões periódicas, a fim de compartilhar ideias e discutir a tutela coletiva e
promoção dos direitos humanos no âmbito da DPU.

Destaca-se que uma nova intranet está em desenvolvimento no âmbito da DPU e deve
prever a possibilidade de atualização e inserção de conteúdos pelas próprias unidades da DPU. O
espaço também poderá ser utilizado para a reunião das normativas do Sistema DNDH/DRDHs,
de modo a permitir o acesso facilitado por todos os envolvidos (5580552).

2.7.1. Recomendação:

2.7.1.1. Ao DNDH: estabelecer mecanismos efetivos de comunicação que favoreçam o


compartilhamento de informações, a integração entre todos envolvidos com o sistema de direitos
humanos e a sinergia dos trabalhos.

2.8. Deficiência na divulgação de resultados das ações voltadas à promoção dos


direitos humanos.

A transparência favorece a prestação de contas, facilitando a justificação das decisões


pelos governantes e revelando possíveis falhas, o que propicia o debate público em torno delas.
Além disso, a exposição pública dos resultados pode servir de estímulo à eficiência. A partir da
divulgação dos resultados das ações governamentais e de seu impacto social, o governo informa
o que tem sido feito, podendo estabelecer uma comunicação efetiva, divulgando ainda o que
pretende fazer e se abrindo para a discussão com a sociedade civil.
A participação da comunidade nesse processo, levando suas percepções às instâncias
públicas, possibilita que as decisões tomadas sejam fundamentadas nas prioridades e necessidades
locais, promovendo discussões que podem ser eficazes em melhorar a prestação de serviços,
voltando-a ao que realmente é necessário para cada comunidade.
No entanto, para que ocorra uma abordagem participativa, que promova o envolvimento
do cidadão no aprimoramento da qualidade das ações, não basta às instâncias governamentais
apenas publicarem seus atos. As informações colocadas à disposição da sociedade devem ser
acessíveis, compreensíveis e suficientes ao pleno exercício do controle social, tanto para o cidadão
que o realiza de forma individualizada como para os órgãos representativos da sociedade
organizada. Faz-se necessário, portanto, apresentar a sociedade informações consistentes que

36
cumpram com o papel de prestação de contas e que também permitam ao cidadão conhecer e
distinguir as realizações governamentais.
Por meio dos exames realizados, verificou-se que a divulgação institucional dos
resultados da atuação coletiva e promoção dos direitos humanos não possui uma linguagem
cidadã. A análise teve como subsídio as pesquisas realizadas pela equipe de auditoria no sítio
eletrônico, as manifestações dos DRDH’s por meio de entrevistas e análise dos relatórios
produzidos pelo DNDH (Anuário e Boletins Informativos).
Atualmente o DNDH se utiliza de dois instrumentos para fazer a divulgação dos seus
resultados: o Relatório Anual de Atuação Coletiva da DPU (Anuário), publicado no portal da
DPU, e o Boletim Informativo da Defensoria Nacional de Direitos Humanos, publicado
internamente a cada semestre. Ambos os documentos são muitos extensos e trazem uma
linguagem técnica que não proporciona a compreensão do cidadão comum ou o interesse dos
envolvidos no sistema de direitos humanos. Grande parte dos textos cita processos/documentos
do SEI e expõe dados e informações que não são de interesse geral, como escalas de trabalho,
frequência de servidores, ressarcimento de auxílios... O formato do Anuário não possui uma
linguagem acessível e não favorece a comunicação necessária com o público alvo da DPU7.
É importante ressaltar que o uso de técnicas textuais baseadas na simplicidade e
informalidade contribui para o empoderamento de grupos desfavorecidos, pois promove o
acolhimento e a interação do público leigo com a gestão pública. Adequar a linguagem técnica ao
interlocutor amplia a clareza e a transparência na relação entre as partes e o Estado. Isso pode
estimular as pessoas a participar mais ativamente do processo decisório. O resultado desse esforço
de mudança é a democratização do acesso as políticas públicas e a garantia da consciência de
direitos próprios, à luz do princípio da dignidade humana.
Nesse sentido, a Assessoria de Comunicação (ASCOM) está desenvolvendo um projeto
para melhorar o layout e visual das divulgações da atuação do DNDH: seja trabalhando na criação
do Anuário de Atuação, seja trabalhando em folders sintéticos para entrega a parlamentares e a
órgão do Poder Executivo (5259308).

Avaliação da interlocução com a ASCOM:

Por outro prisma, os DRDH’s consideram positivas as mudanças instituídas na Assessoria


de Comunicação (ASCOM) para organizar e centralizar as ações de divulgação do órgão. Antes
de ocorrer a reformulação das atividades, havia muitas queixas relacionadas ao tempo adequado
de divulgação das matérias de atuação coletiva.

7
https://www.dpu.def.br/images/2022/Anuario_DNDH_DRDH_2021_compressed.pdf

37
De outro lado, informam que, geralmente, não conseguem divulgação de uma pauta
urgente tendo que apelar para jornalistas locais e, nesse aspecto, reforçam que uma matéria
divulgada fora do tempo adequado, já não é mais notícia.
Os DRDH’s ressaltam que é muito importante o defensor titular aprovar o texto final da
matéria, dado que um texto mal elaborado pode trazer repercussões negativas para a instituição.
Além disso, pontuam que nem sempre é estratégico para o órgão divulgar uma ação do DRDH
que seja polêmica, pois isso pode afetar a imagem institucional da DPU. O DRDH sempre deve
ser ouvido e respeitado na sua decisão quanto a divulgação de determinadas matérias.
Mencionam ainda que as ações da ASCOM são mais voltadas para o público interno da
DPU dando-se pouca importância para divulgações externas, como TV, jornal... sendo necessário
dar mais visibilidade para a atuação em direitos humanos.

Dentro desse cenário, o DNDH sugere regulamentar a comunicação direta entre os


DRDH´s e a ASCOM para melhorar a sistemática de divulgação, instituindo um ponto focal de
conversação. Sugere ainda que seja criado um portfólio com nome e foto dos jornalistas da DPU
para que os Defensores, uma vez contatados, possam ter certeza de que tratam com represente da
DPU (4799923).

2.8.1. Recomendações:

2.8.1.1. Ao DNDH: Estabelecer, com base no princípio da publicidade da administração


pública, parcerias com a ASCOM a fim de enfatizar as ações para a promoção e proteção dos
direitos humanos.

2.8.1.2. Ao DNDH, STI e ASCOM: Revisar a página do Sistema DNDH/DRDH’s no portal


de Direitos Humanos da DPU para tornar a exposição do seu conteúdo mais acessível e
transparente ao público interno e externo.

2.9. Fragilidade na sistemática formal de acompanhamento e avaliação do Sistema


DNDH/DRDH.

A atuação na proteção de direitos humanos assegura a grupos hiper-vulnerabilizados,


em geral, formados por pessoas socialmente invisibilizadas, a efetivação do direito de acesso à
justiça, vez que torna possível, por meio do Sistema DNDH-DRDH’s, a realização de busca ativa
de situações violadoras de direitos humanos com ênfase na tutela coletiva de tais direitos.
Para ter convicção de que grupos hipervulneráveis realmente receberam os serviços de
que necessitam, é preciso estabelecer um sistema de monitoramento e avaliação de resultados que

38
julgue em que medida esses direitos estão realmente sendo garantidos ou se estão sendo
negligenciados.
O monitoramento tem como objetivo realizar um acompanhamento constante de
indicadores gerais ou específicos, que informam se as ações de um programa estão sendo
realizadas dentro do que foi planejado e se os recursos têm sido utilizados corretamente. Por meio
dele é possível tomar providências imediatas para solucionar problemas do cotidiano e assegurar
a boa condução das atividades.
Já a avaliação envolve julgamento e atribuição de valor, no sentido de melhorar seus
processos de tomada de decisão e ajustar as linhas de intervenção. Trata-se de informação mais
aprofundada e detalhada sobre o funcionamento e os efeitos do programa.
A partir dos exames realizados, não foi possível identificar a utilização de instrumentos
de coleta de dados, monitoramento e avaliação para acompanhar os resultados advindos do
Sistema DNDH/DRDH’s.
Apurou-se que, apesar do DNDH possuir dois indicadores estratégicos, os dados
coletados são utilizados para fins de prestação de contas em relação a padrões de produção.
Dedica-se muito menos a coleta de indicadores de resultados, soluções e impactos. Isso limita o
uso dos dados disponíveis para uma prestação de contas que vá além de produtos.
Em consequência, os sistemas de dados acabam funcionando como depósitos de
informações sobre prestação de serviços e não como veículos para melhoria da qualidade e
desenvolvimento das ações.
Cabe lembrar que o DNDH tem dificuldade de aferir os indicadores para avaliar o alcance
dos seus resultados devido as limitações tecnológicas do SISDPU e SIS-DH. Portanto, não há
como traduzir efetivamente os benefícios gerados para a sociedade. Isso representa perda de
informações relativas à missão e à visão definidas no Planejamento Estratégico.

2.9.1. Recomendação:

2.9.1.1. Ao DNDH com auxílio da ASPLAN: Instituir mecanismos de coleta sistemática de


dados, monitoramento e avaliação periódica dos resultados do Sistema DNDH/DRDH’s.

2.10. Política de Segurança Institucional não implementada.

A Defensoria Pública da União instituiu, em 19 de fevereiro de 2021, a Política de


Segurança Institucional (PSI) cujo objetivo é sistematizar práticas institucionais de segurança
que possam contribuir com o suporte necessário ao exercício de suas funções (Portaria
GABDPGF 173/2021).

39
De acordo com o art. 5° da norma, a segurança institucional compreende o conjunto de
medidas voltadas a prevenir, detectar, obstruir e neutralizar as ações de qualquer natureza que
constitua ameaça à salvaguarda da Organização e de seus integrantes, inclusive imagem e
reputação.

Ela se segmenta nos seguintes grupos de medidas:


I - Segurança Física e Patrimonial
II - Segurança da Informação
III - Segurança de Recursos Humanos
IV - Segurança Ambiental
V - Segurança da Imagem Institucional
VI - Gestão de Riscos

A segurança de recursos humanos envolve as medidas voltadas a proteger a integridade


física e moral de seus assistidos, servidores, colaboradores e visitantes em face de riscos
concretos ou potenciais decorrentes do desempenho das funções institucionais.

Abrange a aplicação de atividades planejadas, coordenadas e subsidiadas por


conhecimento de inteligência a respeitos da situação, com emprego de pessoal, material,
armamento e equipamentos especializados.

Duas instâncias estão responsáveis por conduzir a Política no âmbito da DPU:


I – O Comitê de Gestão Estratégica (CGE), de caráter deliberativo,
propositivo e consultivo, a quem compete, no âmbito da PSI/DPU,
promover o direcionamento das ações de segurança institucional, por meio
de deliberações que promovam a uniformização, padronização e integração
das normas de segurança institucional.

II – O Grupo Executivo de Segurança Institucional (GSI), a quem compete


executar a implementação das diretrizes e medidas aprovadas pelo CGE,
das normas aprovadas pelo DPGF e pelo Secretário-Geral Executivo
(SGE).

Diante da importância do tema, ficou estabelecido que os dispositivos de Segurança


Institucional devem ser estruturados e monitorados de forma a permitir sua contínua melhoria.

Contudo, passados 18 meses da inauguração da Política, não houve qualquer tipo de


avanço institucional para planejar, coordenar e executar as atividades de segurança e proteção no
âmbito da DPU (5261049).
Por consequência, os Defensores Regionais de Direitos Humanos relatam episódios
de insegurança no exercício de suas funções, principalmente em áreas perigosas e violentas.

40
Muitas vezes, se colocam em regiões de conflitos sem orientações organizacionais ou
equipamentos adequados para o cumprimento da sua missão, tais como: veículos blindados e com
identificação do órgão, colete a prova de balas, apoio policial ou instruções de comportamento
diante de situações de risco.
Mesmo que a atuação coletiva possa impor ameaça à integridade física e/ou mental do
defensor e de seus familiares em decorrência da atuação, a instituição ainda não discutiu
medidas para proteger o seu corpo funcional.
Sendo assim, é primordial que o órgão se debruce sobre a regulamentação da Política de
Segurança Institucional, a fim de discutir ações sobre um plano de contingência para situações de
emergência, gestão de riscos, investigação de incidentes e outros assuntos relacionados à
segurança, com o fim de garantir a preservação da vida dos seus agentes públicos e o exercício
das funções institucionais.

2.10.1. Recomendação:

2.10.1.1. Ao Comitê de Gestão Estratégica (CGE) e à SGE: Adotar medidas para


regulamentar e executar a Política de Segurança Institucional da DPU, de forma a garantir a
proteção da integridade física e/ou mental de servidores, defensores e colaboradores no exercício
das suas funções.

3. ANÁLISE DOS QUESTIONÁRIOS (QACI) NÍVEL DE MATURIDADE DO DNDH

A avaliação de controles internos nos permite visualizar em que estágio de implantação


dos sistemas de controles internos administrativos se encontra o DNDH. Trata-se de avaliação
com o propósito de verificar se os controles estão adequadamente concebidos e se funcionam de
maneira eficaz. Em outras palavras, significa diagnosticar a presença e o funcionamento de todos
os componentes e elementos da estrutura de controle interno utilizada como referência o Modelo
Coso I – Estrutura Integrada de Controles Internos.
Nesse contexto, considerando a situação atual das estruturas administrativas do DNDH e
o que estabelece o Modelo de Referência Coso I, o Questionário de Avaliação de Controles
Internos - QACI foi estruturado com 38 (trinta e oito) questões distribuídas dentre os 5 (cinco)
componentes do modelo: Ambiente de Controle – AMC (13 questões); Avaliação de Riscos -
AVR (6 questões); Atividades de Controles - ATC (9 questões); Informação e Comunicação -
INC (4 questões) e Monitoramento - MON (6 questões).
As respostas às questões, procedida de análise pela equipe de auditoria, trouxeram o
seguinte resultado avaliativo:

41
Tabela 2: Resultado da avaliação dos controles internos por componentes do Modelo Coso.

Componentes Nota Nível de Maturidade


AMC Ambiente de Controle 4,25 Administrado / Bom
AVR Avaliação de Risco 2,96 Intuitivo / Incipiente
ATC Atividades de Controle 3,67 Definido / Regular
INC Informação e Comunicação 4,75 Administrado / Bom
MON Monitoramento 3,63 Definido / Regular
Média do DNDH 3,85 Definido / Regular
Fonte: Resultado dos Questionários de Avaliação de Controles Internos (QACI).

O diagnóstico dos controles internos por componente do Modelo Coso evidencia que, de
uma forma geral, o DNDH alcançou o nível definido/regular de maturidade. Isso quer dizer
que os colaboradores estão cientes dos seus papéis e de suas responsabilidades e que os controles
administrativos existem, são documentados e que, apesar de a administração ser hábil em
responder a situações que envolvam controles, ainda persistem falhas que precisam ser corrigidas.
Dessa forma, as recomendações expostas nesse relatório têm a intenção de induzir um
comportamento proativo dos gestores, de modo a aperfeiçoar os controles administrativos de suas
unidades.
O componente Avaliação de Risco - AVR alcançou o nível intuitivo/incipiente de
maturidade, tendo em vista que o DNDH não faz gestão de riscos. O reconhecimento dos eventos
que possam vir a prejudicar os processos de trabalho ocorre de forma intuitiva, não havendo
emprego de métodos formais para diagnosticar, analisar, avaliar e controlar os riscos.
De modo geral, somente após a ocorrência de um evento é que são tomadas medidas para
correção ou solução dos problemas. O setor adota ações reativas aos riscos.
A ausência dessa atividade impacta diretamente em outros componentes, especialmente,
“Atividades de Controle”. Observou-se, nesse caso, que as operações relacionadas a controles
dependem de conhecimento individual e motivação dos colaboradores.
Importa destacar que o DNDH está participando das Oficinas de Mapeamento e
Modelagem de Processos de Trabalho coordenadas pela ASPLAN, nas quais são aplicadas
metodologias para identificar e tratar os riscos operacionais (5228879). Três processos de trabalho
já foram mapeados: Acompanhamento dos mandatos de Defensores Regionais de Direitos
Humanos (IN DNDH 81/2021); Arquivamento de Processos de Assistência Jurídica Coletivos
(IN DNDH 82/2021); Manter banco de dados atualizado de abertura e atos estruturais de PAJ's
de ações coletivas no âmbito da DPU (IN DNDH 99/2022).
.

42
4. CONCLUSÃO

O presente trabalho teve por objetivo avaliar a estrutura dos controles internos do
Sistema de Defensorias Nacional e Regional de Direitos Humanos, a fim de fornecer subsídios
para o conhecimento da área de atuação coletiva e fomentar melhorias nas atividades de
governança e gestão.
Os exames empreendidos focaram no julgamento dos cinco componentes integrantes da
estrutura de controle interno, quais sejam: 1) ambiente de controle; 2) avaliação de riscos; 3)
atividades de controle; 4) informação/comunicação; e 5) monitoramento. Para tanto, a equipe de
fiscalização aplicou questionários avaliativos, realizou entrevistas, analisou processos e solicitou,
quando pertinente, documentos comprobatórios.
Os resultados encontrados a partir da análise dos dados permitiram concluir que, embora
sejam notáveis os avanços alcançados pelo Sistema de Direitos Humanos da Defensoria Pública
da União nos últimos anos, ainda persistem fragilidades, intrinsecamente correlacionadas, que
precisam de maior controle e atenção por parte dos gestores.
O atual cenário revela que o Sistema DNDH/DRDH’s carece de diretrizes e orientações
que fomentem a atuação estratégica para a área de direitos humanos; que existem deficiências na
estrutura de coordenação e nos mecanismos de articulação institucional; e que os canais de
comunicação são inadequados e não tem alcance institucional.
Além disso, alguns Estados estão sem Defensores Regionais de Direitos Humanos para
atuar na proteção de direitos humanos; a estrutura operacional dos DRDH’s é inadequada ao
cumprimento das suas atribuições; e não foi elaborado um programa de capacitação contínua para
servidores, colaboradores e defensores dentro da temática de direitos humanos.
Para mais, os sistemas de informações e de banco de dados possuem limitações
tecnológicas e não são confiáveis; a integração das informações e controles compartilhados entre
o DNDH e os DRDH’s é ineficiente; a metodologia de acompanhamento e avaliação dos
resultados é insuficiente para aferir os benefícios gerados para a sociedade; e, ainda, a divulgação
institucional dos resultados da atuação coletiva e promoção dos direitos humanos não possui uma
linguagem cidadã.
O diagnóstico executado demonstrou que os controles internos instituídos pelo DNDH
são relativamente satisfatórios, mas ainda precisam ser aperfeiçoados. As recomendações ora
expostas buscam tornar as estruturas de controles mais eficientes e efetivas, além de promover
melhorias na gestão e orientar o desempenho de ações para o alcance dos objetivos
organizacionais.

43
Por fim, cabe mencionar que as ações realizadas pelo Sistema de Direitos Humanos
tiveram importante papel não só por levar assistência jurídica gratuita a locais de difícil acesso à
justiça, mas também por levar informação a cidadãos em situação de vulnerabilidade que, em
muitos casos, sequer sabem da existência da DPU, ressaltando que tais ações proporcionaram um
efeito multiplicador de grande proporção da missão do órgão perante a sociedade.

Brasília, DF, 14 de novembro de 2022.

Fernanda Santos Bastos Marcos Oliveira Santos


Auditora interna Auditor Interno

À Consideração do Secretário-Geral de Controle Interno e Auditoria.

Walber Rondon Ribeiro Filho


Secretário-Geral de Controle Interno e Auditoria

44
ANEXO I

MANIFESTAÇÕES DAS UNIDADES / ANÁLISE DOS COMENTÁRIOS DOS GESTORES:

O Relatório Preliminar, com a avaliação das atividades de controle interno do Sistema


de Defensorias Nacional e Regional de Direitos Humanos (DNDH/DRDH’s), foi encaminhado
para manifestação do DNDH e demais áreas envolvidas da DPU (Despacho 5585480/2022 -
DPGU/SGCIA/SAO).
As informações e argumentos apresentados pelos gestores, em suma, ratificam as
fragilidades apontadas neste relatório e buscam dar conhecimento sobre novas ações em
desenvolvimento no âmbito institucional que trazem impacto na resolução dos problemas
identificados.
Sendo assim, algumas recomendações foram acrescidas (recomendação 2.5.1.3) ou
alteradas (recomendação 2.6.1.1 e 2.8.1.2) e algumas sugestões dos DRDH’s foram retiradas do
relatório por entendermos que já foram superadas com medidas promovidas pela administração,
(Despacho ASCOM 5580552 e Despacho Asplan 5653084).
Segue abaixo a exposição dos comentários que trazem informações relevantes para o
aperfeiçoamento do Sistema DNDH/DRDHs.

Manifestações das áreas envolvidas:

Despacho Asplan 5653084


“NO ITEM 1.4.7, sugiro alterar a frase "O DNDH possui dois indicadores estratégicos
vinculados a esse objetivo" para "O sistema DNDH/DRDH contribui para o resultado de dois
indicadores vinculados ao objetivo estratégico 2.04". Essa alteração é necessária vez que todos
os defensores públicos federais contribuem para o alcance da meta, não só o DNDH e os
DRDHs.”

Análise da equipe de auditoria:


O Art. 1° da Resolução 183/2021 dispõe que a promoção e proteção de direitos humanos
no âmbito da Defensoria Pública da União é atribuição de todos os/as Defensores/as Públicos/as
Federais, nos limites de seus ofícios de atuação.
Portanto, a alteração sugerida pela ASPLAN reflete de maneira mais adequada o resultado
dos indicadores vinculados ao objetivo estratégico 2.04. Sugestão acatada.

45
CONSTATAÇÃO 2.1; 2.5 E 2.7:
Manifestações das áreas envolvidas:

Despacho ASCOM 5580552


“A nova intranet, em desenvolvimento, deve prever a possibilidade de atualização e
inserção de conteúdos pelas próprias unidades da DPU, sem a necessidade de intermediação da
Ascom ou da STI, sendo uma solução adequada para a construção de um banco de peças e
modelos, conforme sugerido por DRDHs. O espaço também poderá ser utilizado para a reunião
das normativas do Sistema DNDH/DRDHs, de modo a permitir o acesso facilitado por todos os
envolvidos.”

Despacho Asplan 5653084


“No item 2.1 (pág.20), quanto à menção à criação de setor específico para tratar dados e
gerar informação para atuação finalística, informo que foi criada, a partir da Resolução nº
202/2022, a Coordenação de Estatística vinculada à Asplan. Logo, sugiro uma nova
recomendação ao DNDH no sentido de divulgar essa informação aos DRDHs. Trata-se de
iniciativa oriunda do Plano Estratégico DPU 2040.

Análise da equipe de auditoria:


Em resposta ao Relatório Preliminar de Auditoria, os gestores informam algumas
iniciativas que estão sendo adotadas e que contribuem para sanar as deficiências observadas nesse
trabalho: (1) Desenvolvimento de uma nova intranet da DPU; (2) Criação da Coordenação de
Estatística vinculada à Asplan.
Consideramos oportunas as informações trazidas, bem como as recomendações
propostas, ajustando-se o relatório para incluir a participação dos gestores antes não evidenciada.

CONSTATAÇÃO 2.5:
Manifestações das áreas envolvidas:

Despacho ASCOM 5580552


“Em relação a este tópico, a Ascom destaca que também encontra dificuldades para obter,
com rapidez, por meio dos sistemas de gerenciamento dos processos de assistência jurídica,
dados estatísticos confiáveis e informações sobre casos com características específicas, o que,
por vezes, compromete o sucesso da divulgação do trabalho da DPU. Ainda, informa que não
tem acesso ao sistema SisDH, que pode ser uma ferramenta de consulta bastante útil para o
trabalho da Ascom.”

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Análise da equipe de auditoria:
Em sua manifestação, a ASCOM reforça as limitações do SISDPU quanto a produção de
dados estatísticos confiáveis e demonstra interesse em ter acesso ao SIS-DH como ferramenta de
consulta.
Diante disso, foi acrescida a recomendação 2.6.1.1 que também seja viabilizado o acesso
de consulta ao SIS-DH para as áreas da DPGU que tenham interesse.

Despacho Asplan 5653084


“Quanto ao item 2.5, informo, como avanço, que já foram incluídas novas fases no
SISDPU, conforme Memorando Asplan 5598102, que contemplarão algumas das necessidades
dos DRDHs, bem como uma melhor aferição de indicadores e maior fidedignidade da atuação
coletiva através dos indicadores. Adicionalmente, foi solicitada a criação de um campo no
SISDPU para registrar o número dos potenciais beneficiários alcançados pela tutela coletiva, a
fim de captar o registro das atuações dos DRDHs, a qual ainda aguarda execução pelo Serpro.
Também foi desenvolvido pela Asplan, como iniciativa executada do Plano Estratégico DPU
2040, painel de BI disponível no Portal da DPU em "DPU em Números"/"Pretensões Integradas"
(https://www.dpu.def.br/dpu-em-numeros), por meio do qual é possível fazer busca/pesquisa para
extração de dados. Com efeito, proponho uma recomendação para que o DNDH divulgue as
ações realizadas junto aos DRDH.”

Análise da equipe de auditoria:


As informações apresentadas buscam dar conhecimento sobre o andamento de ações
desenvolvidas pela ASPLAN que contribuem para mitigar algumas deficiências identificadas.
Destaca-se que essas medidas representam o início de um processo de readequação e
aperfeiçoamento da sistemática de aferição dos indicadores estratégicos ligados a atuação coletiva
e defesa dos direitos humanos, bem como da produção de dados estatísticos institucionais.
Embora seja um avanço, tais medidas não suprem as deficiências dos sistemas informatizados
para lidar com as demandas coletivas.
Ainda assim, consideramos oportunas as informações trazidas, bem como as
recomendações propostas, ajustando-se o Relatório para incluir a participação dos gestores.

47
CONSTATAÇÃO 2.10
Manifestações das áreas envolvidas:

Despacho Asplan 5541775

“Em atenção ao Memorando SGCIA DPGU (SEI nº 5521054), sugiro que a


Recomendação "2.10.1.1. Ao Comitê de Gestão Estratégica (CGE) e à SGE: Adotar medidas
para regulamentar e executar a Política de Segurança Institucional da DPU, de forma a
garantir a proteção da integridade física e/ou mental de servidores, defensores e colaboradores
no exercício das suas funções." seja destinada somente à SGE, visto que o Comitê de
Governança Estratégica (CGE), instância de governança recentemente reformulada pela
Portaria nº 580/2022, possui, no âmbito da Política de Segurança Institucional da DPU,
atribuição deliberativa, propositiva e consultiva, conforme previsto no art. 22 da Portaria nº
173, de 19 de fevereiro de 2021, que dispõe sobre a Política de Segurança Institucional da DPU,
conforme segue:

"Art. 22 A Política de Segurança Institucional será conduzida


mediante a atuação das seguintes instâncias:

I – Comitê de Gestão Estratégica (CGE), instituído conforme portaria


vigente, terá caráter deliberativo, propositivo e consultivo, a quem
competirá, no âmbito desta PSI/DPU, promover o direcionamento
das ações de segurança institucional, por meio de deliberações que
promovam a uniformização, padronização e integração das normas
de segurança institucional.

II – Grupo Executivo de Segurança Institucional (GSI), a quem


competirá executar a implementação das diretrizes e
medidas aprovadas pelo CGE, das normas aprovadas pelo/a
Defensor/a Público/a-Geral Federal e pelo/a Secretário/a-Geral
Executivo (SGE), com a seguinte composição:(...)"

Com efeito, entendo que a minuta do ato de regulamentação deva ser elaborada pela
área técnica, no caso, a SGP/SGE, por tratar-se de temática que abrange recursos humanos, a
qual deverá ser encaminhada posteriormente ao CGE, para apreciação, e ao DPGF ou
Secretário-Geral Executivo, para aprovação, conforme previsto no inciso II do mesmo artigo
22. Ao Grupo Executivo de Segurança Institucional, bem como todas as áreas e pessoas que
compõem a DPU, caberá a execução das medidas e normas.

48
Despacho SGE 5607351

“(...) em que pese a manifestação da ASPLAN, com sugestão de dirigir os autos à


SGP para elaborar minuta do ato de regulamentação relativa a Política de Segurança
Institucional da DPU, de forma a garantir a proteção da integridade física e/ou mental de
servidores, defensores e colaboradores no exercício das suas funções, deve-se destacar que
a tarefa irá exigir conhecimento do qual a referida Secretaria não possui, principalmente por
não participar das atividades em si, que conforme o Relatório SAO: "Abrange a aplicação de
atividades planejadas, coordenadas e subsidiadas por conhecimento de inteligência a respeitos
da situação, com emprego de pessoal, material, armamento e equipamentos
especializados." (grifo nosso)

Desta forma, sugiro que na reunião a ser agendada, o assunto seja levado à tona, para que o
CGE, junto com a SGP, defina as áreas competentes para participar do trabalho e assim, após
objetiva orientação, elaborando-se a minuta em conjunto.”

Análise da equipe de auditoria:


Ainda que a minuta do ato de regulamentação da Política de Segurança Institucional
voltada para a segurança de recursos humanos diga respeito a área de pessoal, a temática envolve
o conhecimento multidisciplinar, bem como o conhecimento da atividade finalística.
Segundo o parágrafo § 1° do art. 11 da Portaria 173/2021, a segurança de recursos humanos,
entre outras ações, abrange a aplicação de atividades planejadas, coordenadas e subsidiadas por
conhecimento de inteligência a respeito da situação, com emprego de pessoal, material,
armamento e equipamentos especializados.

Tendo em vista que o Comitê de Governança Estratégica tem caráter deliberativo,


propositivo e consultivo, e deve promover, no âmbito da PSI/DPU, o direcionamento das
ações de segurança institucional, por meio de deliberações que promovam a uniformização,
padronização e integração das normas de segurança institucional, a equipe de auditoria mantém
a recomendação como incialmente proposta, a fim de que a CGE, junto com a SGE e SGP,
definam as áreas competentes para participar do trabalho de regulamentação da Política de
Segurança Institucional da DPU.

49
ANEXO II – APLICAÇÃO DO QACI E CÁLCULO DO NÍVEL DE MATURIDADE
DOS CONTROLES INTERNOS DO SISTEMA DNDH/DRDH’S

Uma das técnicas de auditorias escolhidas para execução desse trabalho envolveu a
aplicação do Questionários de Avaliação de Controles Internos (QACI) junto ao DNDH e ao
corpo de servidores que atuam no setor.
O modelo de Questionário (QACI) combinou uma escala de pontuação para auxiliar os
julgamentos do auditor. As cinco possíveis respostas variaram do "nunca", passando pelo
"raramente", "às vezes", "frequentemente", até o "sempre" e; nesse sentido, foram mensuradas de
um a cinco pontos. Alguns campos receberam espaços para observações/comentários a fim de se
obter um melhor detalhamento das afirmações.
A tabela a seguir mostra o valor atribuído a cada categoria de resposta do questionário:

Tabela 1: Valores atribuídos a cada categoria de resposta do questionário


Tipos de Resposta Valores
Nunca 1
Raramente 2
Às vezes 3
Frequentemente 4
Sempre 5
Fonte: QACI

Calculou-se o nível de maturidade por componente do modelo COSO (ambiente de


controle; avaliação de riscos; atividade de controle; informação e comunicação; e monitoramento)
a partir da análise das respostas e do confronto dessas respostas com entrevistas, normativos e a
realidade expressa nos processos administrativos do SEI.

Tabela 2: Pontuação Média – Interpretação do nível de maturidade:


Pontuação Média Interpretação
Até 1 Inadequado
1.1 a 2.0 Deficiente
2.1 a 3.0 Insatisfatório
3.1 a 4.0 Satisfatório
4.1 a 5.0 Adequado
Fonte: TCU - Curso de Avaliação de Controles Internos (Instituto Serzedello Corrêa)

O nível de maturidade nos diversos componentes do modelo COSO foi determinado pela
média geral das respostas aos seus respectivos itens. A partir dos valores obtidos, foi calculado o
índice consolidado das avaliações, que refletiu a situação encontrada nos controles internos do
Sistema DNDH/DRDH’s.

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