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PROCESSO: 08038.008126/2021-40
EQUIPE DE AUDITORIA:
Fernanda Santos Bastos
Marcos Oliveira Santos
SUPERVISOR
Walber Rondon Ribeiro Filho
2
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
TABELA 2 Resultado da avaliação dos controles internos por componentes do Modelo Coso.
GRÁFICO 2 Quantitativo de PAJ’s gerados na atuação coletiva por eixo temático no exercício
de 2021.
GRÁFICO 5 Quantitativo de DRDH’s com cargo de titular provido, mas sem substitutos.
GRÁFICO 6 Quantitativo de vagas preenchidas nos cursos com temas de direitos humanos.
3
LISTA DE SIGLAS
4
QACI Questionário de Avaliação de Controles Internos
SAO Secretaria de Acompanhamento e Orientação da Gestão
SAPIENS Sistema AGU de Inteligência Jurídica
SEI Sistema Eletrônica de Informações
SGE Secretaria-Geral Executiva
SIS-DH Sistema de Banco de Dados da Atuação em Tutela Coletiva e em Direitos
Humanos
SISDPU Sistema de Informações Simultâneas da Defensoria Pública da União
SGCIA Secretaria-Geral de Controle Interno e Auditoria
SGAI Secretaria-Geral de Articulação Institucional
STJ Superior Tribunal de Justiça
STF Supremo Tribunal Federal
TCU Tribunal de Contas da União
5
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 7
1.1. Objetivo e Escopo ......................................................................................................... 7
1.2. Metodologia aplicada .................................................................................................... 7
1.3. Limitações ..................................................................................................................... 8
1.4. Visão Geral.................................................................................................................... 8
1.4.1. Sistema de Direitos Humanos ............................................................................... 8
1.4.2. Histórico ................................................................................................................ 9
1.4.3. DNDH ................................................................................................................. 11
1.4.4. DRDH’s............................................................................................................... 11
1.4.5. Estrutura do DNDH............................................................................................. 12
1.4.6. Perfil da força de trabalho do DNDH.................................................................. 13
1.4.7. Planejamento Estratégico .....................................................................................14
2. RESULTADOS OBTIDOS..................................................................................................... 17
2.1. Deficiência de diretrizes e parâmetros operacionais que fomentem a atuação
estratégica para a área de direitos humanos......................................................................... 17
2.2. Estados da Federação sem cargos de Defensor/a Regional de Direitos Humanos e seus
respectivos substitutos providos. ......................................................................................... 21
2.3. Estrutura de apoio operacional inadequada ao cumprimento das atribuições pelos
DRDH´s. .............................................................................................................................. 26
2.4. Inexistência de um programa de capacitação contínua para servidores, colaboradores e
defensores do Sistema DNDH/DRDH’s.............................................................................. 27
2.5. Sistemas informatizados inadequados e não confiáveis para o exercício da tutela
coletiva e promoção dos direitos humanos. ......................................................................... 29
2.6. Fragilidades na integração das informações e controles compartilhados entre DNDH e
DRDH’s. .............................................................................................................................. 33
2.7. Canais de interlocução/comunicação do sistema DNDH/DRDH inadequados e sem
alcance institucional com os demais órgãos de atuação da DPU e a sociedade. ................. 34
2.8. Deficiência na divulgação de resultados das ações voltadas à promoção dos direitos
humanos............................................................................................................................... 36
2.9. Fragilidade na sistemática formal de acompanhamento e avaliação do Sistema
DNDH/DRDH. .................................................................................................................... 38
2.10. Política de Segurança Institucional não implementada. ............................................. 39
3. ANÁLISE DOS QUESTIONÁRIOS (QACI) NÍVEL DE MATURIDADE DO DNDH ...... 41
4. CONCLUSÃO ........................................................................................................................ 43
ANEXO I - Análise das manifestações dos gestores ...................................................................45
ANEXO II - Cálculo do nível de maturidade dos controles internos...........................................50
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Natureza: Relatório de Auditoria
Órgão/Entidade: Defensoria Pública Geral da União-DF
1. INTRODUÇÃO
O objetivo dessa auditoria foi avaliar a estrutura dos controles internos do Sistema de
Defensorias Nacional e Regional de Direitos Humanos, a fim de fornecer subsídios para o
conhecimento da área de atuação coletiva e promoção dos Direitos Humanos e fomentar
melhorias tanto nas atividades de governança e gestão, como no direcionamento dos esforços de
controle.
7
Comissão Treadway) que está entre os modelos internacionais de referência para avaliação dos
controles internos e gerenciamento de riscos.
A fase de planejamento envolveu a coleta e análise de informações disponíveis na
legislação aplicável, trabalhos técnicos, processos do SEI, planejamento estratégico, plano de
atuação da DPU e relatório de gestão.
A fase de execução envolveu entrevistas semidirigidas (8 DRDH’s + DNDH), aplicação
de questionários, confronto de dados, exames analíticos, observação e consolidação de
informações coletadas.
As conclusões do trabalho estão consubstanciadas e embasadas nas informações
repassadas pelos gestores, nas verificações realizadas pela equipe de fiscalização e nos normativos
e documentos analisados, em estrita observância às normas de auditoria aplicáveis ao serviço
público federal.
Convém ressaltar que foram analisadas informações disponíveis até agosto de 2022.
1.3. Limitações
1
Fonte: Portal de Direitos Humanos da DPU (https://promocaodedireitoshumanos.dpu.def.br/sistema-de-defensoras-
e-defensores-nacional-e-regionais-de-direitos-humanos/).
8
1.4.2. Histórico
Exposição contida no Anuário de Ação Coletiva da Defensoria Pública da União – Abril de 2017
– Maio de 2018:
9
espécies de ações capazes de propiciar a adequada assistência, principalmente
extrajudiciais (Lei Complementar 132/2009), e, por fim, sendo reconhecida
dentro do novo processo civil brasileiro como uma das instituições incumbidas
de buscar soluções para demandas de massa, racionalizando sua atividade e do
próprio sistema de Justiça (Código de Processo Civil de 2015). Sensível a essa
mudança de paradigma, o Conselho Superior da DPU editou, em 6 de abril de
2016, a Resolução n° 127, que reformulou totalmente o modelo de atuação
coletiva da Defensoria Pública da União.
A partir da Resolução 127/2016, posteriormente substituída pela Resolução
183/2021, todos os membros da DPU, dentro de sua esfera de atribuição
(territorial, material, funcional), passaram a gozar de competência comum para
solucionar demandas sob o viés coletivo, não estando mais essa atuação
confinada aos antigos ODHTCs. Todo defensor público federal é um potencial
agente de assistência jurídica à coletividade de beneficiários da DPU.
No intuito de organizar e qualificar essa multiplicidade de novos legitimados
na DPU em todo o território nacional, foram criadas novas figuras dentro da
organização administrativa da instituição: os Defensores Regionais de Direitos
Humanos (DRDHs) e o Defensor Nacional de Direitos Humanos (DNDH).
Os DRDHs e o DNDH, funções com mandato fixo e processo interno de
escolha por meio de lista, além de disporem de atribuições de atuação coletiva,
como todos os outros membros da carreira, tem como específica missão a
organização estratégica e racionalização dos processos de assistência jurídica
coletiva no país, mapeando as iniciativas da instituição e ajustando-as a
diretrizes nacionais estabelecidas. Além disso, são afastados de seus ofícios
originários para conduzir a aproximação, em âmbito local e nacional, com os
principais atores e colegiados de Direitos Humanos no país, de forma a
estabelecer canais qualificados e estratégicos de colheita e instrução de
demandas de grupos específicos da população nacional, muitas vezes alienados
das vias ordinárias de acesso à DPU e à Justiça2”.
2
Anuário de Ação Coletiva da Defensoria Pública da União – Abril de 2017 – Maio de 2018. Disponível em:
(https://promocaodedireitoshumanos.dpu.def.br/anuario/)
10
1.4.3. DNDH
1.4.4. DRDH’s
3
Fonte: Portal DPU: https://promocaodedireitoshumanos.dpu.def.br/defensoras-e-defensores-regionais-de-direitos-
humanos-drdhs/
11
1.4.5. Estrutura do DNDH
12
apoiar a elaboração de relatórios e informações relacionados aos DRDHs; desempenhar outras
atividades relacionadas a assuntos de sua competência.
O gráfico abaixo traz um comparativo entre a força de trabalho atual e a força de trabalho
desejada pelo GABDNDH para melhor desenvolver suas atividades.
2
1
1
1
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
SERVIDORES
SERVIDORES
SERVIDORES
SERVIDORES
TERCEIRIZADOS
TERCEIRIZADOS
TERCEIRIZADOS
TERCEIRIZADOS
ESTAGIÁRIOS
ESTAGIÁRIOS
ESTAGIÁRIOS
ESTAGIÁRIOS
13
1.4.7. Planejamento Estratégico e Indicadores:
Verifica-se que a tutela coletiva e promoção dos direitos humanos representam uma forma
de se atingir os resultados estabelecidos no plano institucional da DPU por meio do seguinte
objetivo estratégico: 2.04 Otimizar a Atuação na Tutela Coletiva e na Defesa dos Direitos
Humanos.
O sistema DNDH/DRDH contribui para o resultado de dois indicadores vinculados a esse
objetivo (5228879):
14
Em termos gerais, segundo dados do “DPU em Números”, no período compreendido
entre 01/01/2021 e 31/12/2021, foram realizados 9.781 atendimentos relativos à “tutela
coletiva e direitos humanos”. O quadro abaixo, detalha o quantitativo de PAJs gerados por eixo
temático:
Gráfico 2: Quantitativo de PAJ’s gerados na atuação coletiva por eixo temático no exercício de 2021.
2021 2022
1108
1047
1034
980
969
936
848
816
815
807
803
791
788
780
775
725
576
571
565
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Acumulado 2021: 9.959 Acumulado 2022: 5.775 Meta até dezembro: 14.971
Fonte: Relatório de Indicadores e Metas 2022. Disponível em: (https://www.dpu.def.br/transparencia/prestacao-de-contas-tcu)
15
Além dos indicadores estratégicos, o DNDH possui iniciativas estratégicas (projetos e
ações) delimitadas no Plano de Atuação da DPU para biênio 2021-2022. O quadro abaixo traz
uma síntese das principais iniciativas para a abordagem desse trabalho:
Quadro 1: Iniciativas Estratégicas do DNDH contidas no Plano de Autuação da DPU – Biênio 2021-2022.
2.02.01 Promover capacitação Iniciativa: Elaborar e implementar programa de capacitação contínua em tutela
e reflexão contínua das formas coletiva.
de resolução de demandas
Iniciativa: Fomentar a participação da DPU em eventos e outras iniciativas
coletivas
relacionadas a solução coletiva de demandas.
Iniciativa: Elaborar e implementar projeto de divulgação institucional de atuação
coletiva da DPU.
2.02.02 Promover divulgação Iniciativa: Criar rotinas de divulgação periódica da atuação em canais oficiais e
institucional de boas práticas redes sociais, em conjunto com a ASCOM.
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Iniciativa: Promover publicações periódicas com orientações complementares
em tutela coletiva ao público interno da DPU.
Iniciativa: Propor e acompanhar medidas de adequação do SISDPU às
particularidades da atuação coletiva.
2.05.02 Integrar as
Iniciativa: Desenvolver e manter banco de dados de PAJs coletivos da DPU.
Informações em torno das
atuações coletivas dos órgãos Iniciativa: Elaborar e publicar relatórios periódicos sobre a atividade da DPU na
da DPU seara coletiva.
OBJETIVO: 2.06 PROMOVER A INTERLOCUÇÃO NACIONAL DA DPU NA DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS
Estratégia Iniciativa
2.06.02 Buscar inserção da Iniciativa: Estabelecer, em conjunto com DRDHs, planos anuais de divulgação e
DPU em debates públicos defesa de temas de direitos humanos.
atinentes ao respeito a Iniciativa: Promover a aproximação com os principais atores institucionais e da
direitos humanos sociedade civil de defesa dos direitos humanos.
OBJETIVO: 3.01 ACOMPANHAR E ZELAR PELA MANUTENÇÃO DA ESTRUTURA HUMANA DO SISTEMA DNDH/DRDH
Estratégia Iniciativa
Acompanhar e zelar pela
manutenção da estrutura Iniciativa: Apoiar a DPGU na solução de vacâncias provisórias e ausência de
humana do sistema substituições de DRDHs
DNDH/DRDH
Com base nesse cenário, avaliou-se, de forma ampla, o desempenho dos controles
internos do Sistema de Direitos Humanos da Defensoria Pública da União. Os exames
basearam-se na identificação dos eventos de riscos que podem comprometer, de modo
sistêmico, o alcance dos objetivos estratégicos da instituição.
Os resultados encontrados, a partir da análise dos dados coletados, serão apresentados
ao longo deste relatório.
2. RESULTADOS OBTIDOS
CONSTATAÇÕES:
17
Mesmo com essas delimitações normativas, a avaliação do sistema DNDH/DRDH
resultou no reconhecimento de lacunas ou escassez de diretrizes e orientações que favoreçam o
integral desenvolvimento da tutela coletiva e promoção de direitos humanos no âmbito da DPU.
Ao longo do trabalho, verificou-se deficiências na estrutura de coordenação e nos
mecanismos de articulação das ações voltadas para promoção dos direitos humanos. O cenário
atual é marcado por vários atores envolvidos com a temática de direitos humanos (DRDH’s,
defensores, GT’s e entes do Governo), mas sem sinergia e harmonia, com vistas a alinhar e unir
as diversas ações institucionais existentes. Observou-se que muitas das ações são isoladas, sem
uma abordagem integrada dos grupos envolvidos que conduza a uma estratégia comum na
proteção e promoção dos direitos humanos4.
Cabe ressaltar que o alinhamento das estratégias trazido pela coordenação e pela
integração das iniciativas evita a fragmentação, duplicidade, sobreposição de projetos, ações e/ou
atribuições executados pelos diversos atores institucionais envolvidos, que podem levar à
ineficiência.
Sendo assim, é essencial fortalecer a regulamentação do Sistema de direitos humanos de
forma a permitir a cooperação a nível organizacional e o desenvolvimento de litigância
estratégica.
Nesse aspecto é importante destacar que a atuação finalística da Defensoria Pública da
União padece, historicamente, da ausência de padronização, com multiplicidade de fluxos, o que
se mostra incompatível com o grande volume de trabalho vivenciado cotidianamente nos órgãos
de atuação.
Esse mesmo volume de trabalho excessivo também impede que os membros da DPU,
nos diversos órgãos de atuação, possam se dedicar a atividades mais complexas ou à atuação
estratégica no âmbito coletivo e de direitos humanos.
4
257ª Sessão do Conselho – Parte 2 (2h e 55’). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=0qvjfZwbH2c&t=10981s
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A partir disso, o DNDH iniciou projeto para implementar um Modelo de Alinhamento
de Atuação Coletiva, nos termos da inciativa estratégica prioritária de número 2.04.01.02 (SEI
5228879). Para o exercício de 2022 estão previstas as seguintes ações: 1) Elaborar plano anual
e programas de atuação estratégica para a área de direitos humanos; 2) Mapear e
regulamentar, por meio de Instrução Normativa, os procedimentos relacionados aos
processos de assistência jurídica sobre direitos humanos instaurados no âmbito da DPU,
designação de DRDH e divulgação sobre a atuação na Tutela Coletiva da DPU.
Cabe mencionar que para um programa de atuação estratégica obter êxito, deve
contar com normativos e regulamentos precisos, além de uma articulação de ações em
todos os níveis institucionais. O programa deve abranger todos os contextos e as necessidades
do público-alvo e oferecer uma variedade de serviços e intervenções capaz de atender as
especificidades de todos os segmentos sociais. Para isso, seu planejamento e gestão deve ser
flexível e seu acompanhamento e avaliação deve ser contínuo, com adequações sendo realizadas
à medida que sejam identificadas.
Dentro desse entendimento, o Referencial para Avaliação de Governança em Políticas
Públicas do Tribunal de Contas da União (TCU) descreve que uma política pública deve ser
oficialmente formalizada, com o estabelecimento de normas, padrões e procedimentos que
definam claramente seu campo de atuação, os atores envolvidos e suas atribuições, dando
legitimidade à política, o que fortalece sua sustentação e a definição segura das fontes de
recursos a serem alocados. Essa institucionalização permite a identificação dos objetivos; dos
papéis, responsabilidades, obrigações de todos os envolvidos, incluindo a abordagem para tratar
da resolução de conflitos; dos padrões e procedimentos aplicáveis; e das formas de revisão,
avaliação e monitoramento a serem utilizadas.
Por fim, é importante trazer a visão dos/as DRDH’s sobre a necessidade de
regulamentação e organização do sistema DNDH/DRDH’s coletadas por meio de
entrevistas:
Apurou-se que um problema comum enfrentado pelos DRDH’s diz respeito a
descontinuidade da função de DRDH com consequente descontinuidade das estratégias de
atuação devido à ausência de normativos que disponham sobre estruturação/organização do
Sistema e regras de cooperação entre os envolvidos na atuação coletiva e promoção dos direitos
humanos.
A inconstância do cargo de DRDH gera a falta de planejamento local e isso impacta
diretamente na prestação do serviço ao cidadão. Nesse sentido, o DNDH deve pensar em algo
do tipo: “orientação do que seja estratégico". Pode ainda criar um manual de atuação com
orientações para os DRDH’s.
Além disso, os DRDH’s consideram importante o estabelecimento de diretrizes
nacionais para dar suporte a atuação do defensor público e organicidade ao funcionamento do
19
Sistema. Segundo os defensores, as diretrizes devem ter o objetivo de delimitar estratégias e
estruturar os trabalhos; precisam trazer uma visão macro do sistema para fortalecer os
mecanismos de atuação regionalizados. Ponderam, contudo, que as demandas da sociedade têm
particularidades locais que devem ser levadas em conta no momento de definir os eixos
prioritários de atuação. Uma ação coletiva, por exemplo, pode ser importante para uma região,
mas nem tanto para outra.
Sob a ótica dos DRDH’s, seguem algumas sugestões para construção de diretrizes que
podem fomentar a integração e o fortalecimento do sistema de direitos humanos:
2.1.1. Recomendação:
20
2.2. Estados da Federação sem cargos de Defensor/a Regional de Direitos Humanos
e seus respectivos substitutos providos.
Art. 17. Ficam criadas uma Defensoria Regional de Direitos Humanos em cada
Estado e no Distrito Federal, exceto em São Paulo e Rio de Janeiro, onde ficam
criadas duas.
[...]
§ 3º. Ficam mantidos os mandatos das atuais Defensoras e Defensores
Nacional e Regionais de Direitos Humanos.
Inobstante a referida previsão normativa, ainda existem unidades da federação que não
contam com Defensor Regional de Direitos Humanos, como é o caso de Acre (AC), Amapá (AP),
Amazonas (AM), Ceará (CE), Rio de Janeiro (RJ), Rio Grande do Norte (RN), Roraima (RR),
Santa Catarina (SC), Tocantins (TO), conforme gráficos abaixo (SEI 5304001):
Observa-se que dos 29 DRDH’s criados pela Resolução 183/2021, apenas 66% possuem
titulares e 34% estão vagos.
21
Gráfico 5: Quantitativo de DRDH’s com cargo de titular provido, mas sem substitutos.
Atualmente 19 DRDH’s possuem titulares, sendo que 32% deles estão com substitutos e
68% sem substitutos.
[...]
“A função de Defensor/a Regional de Direitos Humanos detém especial
importância para a proteção e promoção coletiva de direitos humanos. A
atuação ocorre por meio de busca ativa de violações de direitos humanos e a
partir de provocação da sociedade civil. Trata-se de instrumento assaz
relevante para a concretização da dignidade dos grupos vulneráveis.
22
A ausência de DRDH´s afetados exclusivamente para a função no Pará,
Amazonas, Roraima e Amapá impossibilitava a efetivação do modelo de
promoção e proteção de direitos humanos de forma coletiva, tal como
ansiado pela sociedade e almejado também pela gestão da DPGU. Conforme
destacado pelo Defensor Público-Geral Federal, Dr. Daniel de Macedo Alves
Pereira, no Memorando SEI 4715241, “é importante reconhecer que
a mudança do sistema de defensores regionais de direitos humanos da DPU
sinalizou importante avanço na tutela coletiva”.
É compreensível que, diante da escassez de recursos, tenha sido necessário
tomar "decisões trágicas" para instalar, ainda que de forma embrionária, uma
Defensoria Regional por meio da cumulação de funções por um único
Defensor/a Regional.
Passado algum tempo, porém, é necessário que adotemos medidas
administrativas para implantar de forma efetiva e permanente a DRDH em
cada Estado, de modo que os assistidos de todos os Estados federados sejam
contemplados com a prestação de tão relevante serviço público.
23
A ausência de DRDH titular e substituto também gera despesa à DPGU com
o pagamento de diárias para designação extraordinária de Defensores
Públicos Federais, forte no art. 8°, § 2°:
Vale observar ainda que dentro do sistema de carreira, a assunção da função de DRDH
gera aumento da carga de trabalho para os demais defensores dos ofícios individuais, uma vez
que o membro eleito assume a função do DRDH deixando a responsabilidade dos PAJ´s do
ofício originário para os outros defensores da unidade, que passam a atuar em substituição sem
qualquer contrapartida. Essa substituição gera resistência quanto à implementação do DRDH
na Unidade.
No mais, há também desinteresse quanto à ocupação do cargo de DRDH em razão da
ausência de incentivo ao exercício da função por parte da DPGU (estruturação), bem como por
pressão interna dos colegas. Atualmente, por exemplo, os editais para substituição da função e
até mesmo designações temporárias têm sido desertos, encontrando-se grande óbice para
exercício da função quando há necessidade de afastamento do DRDH titular (SEI 5304027).
Além disso, o trabalho de DRDH exige um perfil de atuação que muitos defensores não
estão dispostos a enfrentar, por exemplo: dar entrevistas na mídia, participar de reuniões e
audiências públicas, atuar de forma política... A exposição na mídia demanda muito do
defensor e de sua família e ainda o expõe a críticas.
Também é importante mencionar que o DRDH sofre muita pressão devido a insatisfação
do cidadão por não ter o seu pleito atendido/resolvido porque é juridicamente inviável. A atuação
do DRDH possui limites legais e isso, muitas vezes, não é compreendido pelos movimentos
sociais.
A constante pressão submetida aos DRDH’s tem provocado o adoecimento físico e
mental dos defensores. Esse fato, atrelado a grande dificuldade de substituição dos defensores
afastados por motivo de saúde, prejudica a atuação coletiva e sobrecarrega ainda mais os
DRDH’s. Nesse quesito, os defensores citam a falta apoio institucional para resolver a questão,
pois não existe um plano de contingência para tratar situações emergenciais de saúde.
Sob outro aspecto, os DRDH’s não conseguem abranger uma área territorial grande do
Estado com apenas um defensor. Não é possível estar em todas as regiões. Considerando que
a promoção dos direitos humanos é atribuição de todos os Defensores Públicos Federais, alguns
membros argumentam que as demandas coletivas “sem prioridade” poderiam ser atendidas
24
pelo defensor público do ofício individual, ao invés de serem repassadas diretamente para o
DRDH, conforme prática habitual. O DRDH, nesse entendimento, atuaria em demandas
coletivas mais complexas, adequando-se a sua estrutura de atendimento.
Por fim, foi possível notar que a circunstância de não haver DRDH substituto enseja a
prestação inadequada do serviço durante os afastamentos do titular, uma vez que os editais de
designação para substituição não são atrativos.
Na ausência de interessados, os PAJ’s do DRDH têm sido pulverizados entre os ofícios
individuais nos afastamentos do titular. No entanto, é difícil que outros defensores,
assoberbados com prazos e audiências judiciais, compareçam em reuniões administrativas e
executem a extensa agenda de eventos de um DRDH. Na prática, apenas atos judiciais com o
prazo são cumpridos durante a substituição, o que equivale a dizer que a substituição é feita de
forma parcial.
2.2.1. Recomendação:
Propor alterações normativas junto ao Conselho Superior para avaliar a possibilidade de:
melhorar a pontuação para promoção na carreira; possibilitar que um Defensor Público
Federal de outro Estado da Federação possa exercer a função de DRDH na ausência de
interessados da Unidade; utilizar o provimento da função de DRDH no respectivo estado
como critério para participação em designações extraordinárias e itinerantes.
Priorizar a distribuição de cargos de membros e servidores e de assessoria as Unidades
que tenham provida a função de DRDH.
Melhorar a estruturação dos gabinetes com assessoria qualificada.
Direcionar uma estrutura de atuação remota/virtual para apoiar as Unidades impactadas
com afastamento Defensor/a para ocupar a função de DRDH.
Priorizar os estados com a função de DRDH provida para recebimento de novos ofícios.
25
2.3. Estrutura de apoio operacional inadequada ao cumprimento das atribuições
pelos DRDH´s.
O Sistema DNDH/DRDH´s tem por missão a defesa coletiva dos direitos humanos por
meio das funções consultiva, de monitoramento, de investigação, de promoção e de representação
perante os sistemas internacionais e regionais de direitos humanos. Sua atuação majoritária ocorre
em processos coletivos e estruturais, por meio de atuação judicial e extrajudicial.
Para sistematizar essas funções no âmbito institucional, foi normatizada uma estrutura
mínima de apoio para as Defensorias Nacional e Regionais de Direitos Humanos desempenharem
suas atribuições (Portaria GABDPGU 745/2016).
Embora a norma defina que os DRDH’s contarão com, no mínimo, um servidor e quatro
estagiários para atividades administrativas e de assessoramento, esse quantitativo não é obedecido
na prática.
Os defensores alegam que essa estrutura é insuficiente ante quantidade de demandas e as
peculiaridades das ações coletivas. O reduzido número de colaboradores não permite a divisão de
atribuições de forma especializada e impossibilita a expansão das atividades. O ideal seria ter uma
assessoria técnica em áreas como direito, assistência social, comunicação, medicina e estatística
ou, ao menos, gestão pública (08038.019889/2021-16).
O DNDH sugere que sejam estabelecidas regras que assegurem aos DRDH´s o direito de
fazer uso de toda a estrutura física e de pessoal da unidade, tal como cartório e atendimento, dada
a existência de divergência interpretativa sobre o tema. Em determinada Unidade, por exemplo,
a Chefia não autoriza o uso do cartório pelo DRDH. Outra possibilidade, seria o uso
compartilhado, de forma remota, de servidores e/ou terceirizados de outras unidades.
A Defensoria Pública-Geral da União, como responsável pelo suporte ao sistema de
direitos humanos (art. 12 Res. 183/21), deve pensar na estruturação dos gabinetes tanto pelo
aspecto finalístico (ex: assessoria jurídica), quanto pelo cumprimento das obrigações
administrativas - meio (ex: fluxos internos, contatos, registros, distribuições, elaboração do
relatório, etc). A atual estrutura não permite realizar a contento as atividades fins e, muito menos,
as atividades meio. Por vezes, o próprio Defensor tem que acumular tais atividades gerando
sobrecarga de trabalho.
Destaca-se que a sobrecarga de responsabilidades atrelada a estrutura deficiente dos
DRDH’s tem ocasionado impactos negativos a saúde dos defensores e limitações a atuação
coletiva colocando em risco o direito dos grupos ou pessoas assistidas.
Uma solução oportuna seria desenvolver um processo de planejamento da força de
trabalho dentro do Sistema DNDH/DRDH com objetivo de auxiliar a DPU à tomar decisões mais
adequadas sobre o perfil e o quantitativo de pessoal necessários para o desenvolvimento das suas
funções.
26
O ACÓRDÃO 358/2017 – TCU-PLENÁRIO, que trata sobre o Perfil de Governança e
Gestão de Pessoas da Administração Pública, faz a seguinte exposição sobre o planejamento da
força de trabalho dos órgãos:
Cabe mencionar que algumas medidas já estão sendo empregadas para amenizar o
problema de estruturação das Defensorias Regionais: o DNDH está trabalhando junto a SGE para
contratar terceirizados para os DRDH’s, bem como carros 4x4 para viabilizar vistas a locais de
difícil acesso (Anuário de Atuação Coletiva - 1° de janeiro a 31 de dezembro de 2021).
2.3.1. Recomendação:
27
Mas, ainda que ENADPU seja a responsável por ofertar cursos que guardem pertinência
com a litigância em direitos humanos (art. 12 da Res. 183/2021), compete ao DNDH definir o
programa ou o plano de capacitação para o seu corpo técnico de acordo com as suas necessidades.
Essa inciativa está prevista no Plano de Atuação da DPU Biênio 2021/2022 (Estratégia: 2.02.01 -
Iniciativa: elaborar e implementar programa de capacitação contínua em tutela coletiva).
Assim sendo, os DRDH’s reforçam a necessidade de participação em cursos, eventos e
congressos nacionais atinentes às temáticas de direitos humanos além de capacitação para funções
em habilidades úteis, como organização e produtividade (5204073).
Segundo a ENADPU, nos anos de 2020 e 2021, foram ofertados 63 cursos relacionados
a temática de direitos humanos, dos quais 664 vagas foram preenchidas pelo quadro de pessoal
da DPU, conforme detalhado abaixo:
Gráfico 6: Quantitativo de vagas preenchidas nos cursos com temas de direitos humanos.
Vagas Preenchidas
162
129 120 120
57 64
0 12
2020 2021
28
2.4.1. Recomendações:
2.4.1.1. Ao DNDH: Criar estímulos para os DRDH’s produzirem o seu plano de capacitação,
de modo a aferir as necessidades de treinamento funcionais de acordo com as particularidades
locais.
29
Ao ser questionada sobre as limitações atuais do SISDPU para levantamento de dados, a
ASPLAN trouxe o seguinte esclarecimento (5228879):
Constata-se, desse modo, que não há como traduzir efetivamente o benefício real
(impacto concreto) e potencial da promoção dos direitos humanos no âmbito da DPU. Isso
representa perda de informações relativas à missão e à visão definidas no Planejamento
Estratégico, já que o Sistema DNDH/DRDH’s possui importante papel em ações junto à
sociedade.
Importa destacar que recentemente a Defensoria Pública da União celebrou Acordo de
Cooperação Técnica Preliminar (ACT) junto à Advocacia Geral da União (AGU) que estabelece
Regras de permissão temporária de acesso ao código-fonte do Sistema Único de Procuradoria
Públicas – SUPP, a fim de possibilitar a criação de um módulo específico para Defensoria
Públicas, bem como aproveitar a atual base de dados do Sistema da DPU (SISDPU) 4872383.
Trata-se de um sistema com arquitetura multíplice que busca elevado nível de
interoperabilidade com outros sistemas, bem como acoplamento de módulos. No momento, a
DPU está contratando uma empresa de programação para adaptar o novo sistema (SAPIENS)
ao órgão (08038.023928/2021-80 ).
Além disso, a partir da publicação da Resolução n° 202/2022, foi criada uma
Coordenação de Estatística vinculada a ASPLAN que tem por competência fornecer
informações estatísticas que possibilitem o aprimoramento das atividades finalísticas da DPU.
30
Adicionalmente foi desenvolvido, como iniciativa executada do Plano Estratégico DPU
2040, painel de BI disponível no Portal da DPU por meio do qual é possível fazer busca/pesquisa
para extração de dados (DPU em Números"/"Pretensões Integradas - https://www.dpu.def.br/dpu-em-
numeros).
31
Sendo assim, o DNDH alimenta, paralelamente, uma planilha eletrônica que permite
tratar os dados de forma manual e extrair informações de forma mais célere. Quando um DRDH
consulta o DNDH sobre a prevenção de uma demanda coletiva (via WhatsApp), o DNDH pede
ao gabinete para fazer uma pesquisa nas planilhas eletrônicas para resposta.
A centralização do banco de dados no DNDH também pode ser considerada uma
limitação, visto que a extensão do SISDH para os DRDH's melhoraria o gerenciamento dos
processos e ajudaria na gestão da informação sobre atuação coletiva, evitando-se o risco de
inconsistência nos registros e perda de informações em atuações de repercussão coletiva ou
individual.
Percebe-se, nesse ponto, que apesar do SIS-DH ter sido pensado para suprir as
deficiências do SISDPU, ele ainda não cumpriu o seu papel. O controle desenhado para mitigar
os riscos de inadequação do SISDPU, resultou em um sistema informatizado de baixa qualidade,
que não faz um controle adequado dos processos e não produz dados significativos para
demonstrar o alcance da atuação coletiva e promoção dos direitos humanos.
Devido às lacunas de normas e orientações sobre o controle de processos, ocorreu a
sobreposição de soluções próprias, sem adequada comunicação entre os atores envolvidos, o que
impactou na burocratização da atuação coletiva.
Nota-se, portanto, a necessidade de aprimorar o banco de dados (SIS-DH) de forma que
ele possa subsidiar a atuação estratégica dentro do Sistema DNDH/DRDH’s e melhorar a
comunicação e integração entre os sistemas e as partes envolvidas na promoção de direitos
humanos.
2.5.1. Recomendações:
2.5.1.3. Ao DNDH:
a) Divulgar a criação da Coordenação de Estatística para os DRDH’s, de maneira que
eles tomem conhecimento de que a DPU dispõe de um setor especializado em pesquisa
e tratamento de dados estatísticos vinculado a ASPLAN (art. 10 da Res. 202/2022).
32
b) Divulgar a existência do painel BI disponível no Portal da DPU junto aos DRDH’s
(DPU em Números"/"Pretensões Integradas" - https://www.dpu.def.br/dpu-em-numeros).
2.6.1. Recomendações:
33
2.6.1.2. Ao GABDPGF e ao DNDH: Avaliar a conveniência e oportunidade de desenvolver
um banco de peças para compartilhar documentos, informações e experiências dos defensores
públicos federais no âmbito institucional.
34
Sob outro aspecto, é importante também, dentro da governança do Sistema, estabelecer
um fluxo de informações claras, transparentes e acessível em tempo real para todos os envolvidos,
promovendo a confiança no processo.
Os dados levantados pela equipe de auditoria evidenciaram que os canais de comunicação
do sistema de direitos humanos são insatisfatórios e não tem alcance institucional. Os espaços de
diálogo entre o DNDH/DRDH’s se resumem ao grupo de WhatsApp para repasse de informações
da atividade fim. Mesmo que seja uma ferramenta célere, esta não se constitui no meio mais
adequado para comunicações oficiais; seja pelo risco de segurança da informação, seja pela
impossibilidade de todos os envolvidos visualizarem as mensagens no momento de envio. Há de
se considerar também que aqueles que estão fora do grupo não tem acesso a informação, a
exemplo dos defensores dos ofícios individuais, defensores dos GT’s e novos membros que
ingressam no sistema (4706703).
Os DRDH’s consideram que os canais de comunicação instituídos pelo DNDH podem
ser aprimorados, tendo em conta que as informações para fins de organização/coordenação estão
espalhadas pelo SEI e pelas mensagens de WhatsApp/e-mail dificultando o seu acesso. O fluxo
de informações não alcança quem está fora do sistema de direitos humanos, por isso é necessário
o DNDH aperfeiçoar a comunicação institucional.
Ademais, hoje não existe um sistema que identifique automaticamente a prevenção sobre
determinada matéria. O mecanismo de controle adotado pelo DNDH consiste em receber a
consulta sobre prevenção pelo aplicativo de mensagens, realizar a verificação dos processos em
planilhas eletrônicas e responder aos DRDH’s via WhatsApp. Tal dinâmica eleva o risco de
ocorrer duplicidade de ações coletivas se um defensor de um ofício individual não comunicar a
instauração de um PAJ coletivo ao DNDH (4706703).
É preciso estabelecer métodos e canais apropriados de comunicação para divulgar
informações necessárias e de qualidade para alcançar objetivos institucionais. Medidas simples
podem ser implementadas de forma a dar maior visibilidade a atuação dentro do sistema de
direitos humanos e facilitar o fluxo de informações, tais como6:
6
Sugestões dos Defensores Públicos Federais coletadas por meio de entrevistas.
35
Estabelecer canais de comunicação entre os servidores dos DRDH’s para trocar ideias
sobre questões administrativas (troca de experiências; como resolver determinada
situação).
Promover reuniões periódicas, a fim de compartilhar ideias e discutir a tutela coletiva e
promoção dos direitos humanos no âmbito da DPU.
Destaca-se que uma nova intranet está em desenvolvimento no âmbito da DPU e deve
prever a possibilidade de atualização e inserção de conteúdos pelas próprias unidades da DPU. O
espaço também poderá ser utilizado para a reunião das normativas do Sistema DNDH/DRDHs,
de modo a permitir o acesso facilitado por todos os envolvidos (5580552).
2.7.1. Recomendação:
36
cumpram com o papel de prestação de contas e que também permitam ao cidadão conhecer e
distinguir as realizações governamentais.
Por meio dos exames realizados, verificou-se que a divulgação institucional dos
resultados da atuação coletiva e promoção dos direitos humanos não possui uma linguagem
cidadã. A análise teve como subsídio as pesquisas realizadas pela equipe de auditoria no sítio
eletrônico, as manifestações dos DRDH’s por meio de entrevistas e análise dos relatórios
produzidos pelo DNDH (Anuário e Boletins Informativos).
Atualmente o DNDH se utiliza de dois instrumentos para fazer a divulgação dos seus
resultados: o Relatório Anual de Atuação Coletiva da DPU (Anuário), publicado no portal da
DPU, e o Boletim Informativo da Defensoria Nacional de Direitos Humanos, publicado
internamente a cada semestre. Ambos os documentos são muitos extensos e trazem uma
linguagem técnica que não proporciona a compreensão do cidadão comum ou o interesse dos
envolvidos no sistema de direitos humanos. Grande parte dos textos cita processos/documentos
do SEI e expõe dados e informações que não são de interesse geral, como escalas de trabalho,
frequência de servidores, ressarcimento de auxílios... O formato do Anuário não possui uma
linguagem acessível e não favorece a comunicação necessária com o público alvo da DPU7.
É importante ressaltar que o uso de técnicas textuais baseadas na simplicidade e
informalidade contribui para o empoderamento de grupos desfavorecidos, pois promove o
acolhimento e a interação do público leigo com a gestão pública. Adequar a linguagem técnica ao
interlocutor amplia a clareza e a transparência na relação entre as partes e o Estado. Isso pode
estimular as pessoas a participar mais ativamente do processo decisório. O resultado desse esforço
de mudança é a democratização do acesso as políticas públicas e a garantia da consciência de
direitos próprios, à luz do princípio da dignidade humana.
Nesse sentido, a Assessoria de Comunicação (ASCOM) está desenvolvendo um projeto
para melhorar o layout e visual das divulgações da atuação do DNDH: seja trabalhando na criação
do Anuário de Atuação, seja trabalhando em folders sintéticos para entrega a parlamentares e a
órgão do Poder Executivo (5259308).
7
https://www.dpu.def.br/images/2022/Anuario_DNDH_DRDH_2021_compressed.pdf
37
De outro lado, informam que, geralmente, não conseguem divulgação de uma pauta
urgente tendo que apelar para jornalistas locais e, nesse aspecto, reforçam que uma matéria
divulgada fora do tempo adequado, já não é mais notícia.
Os DRDH’s ressaltam que é muito importante o defensor titular aprovar o texto final da
matéria, dado que um texto mal elaborado pode trazer repercussões negativas para a instituição.
Além disso, pontuam que nem sempre é estratégico para o órgão divulgar uma ação do DRDH
que seja polêmica, pois isso pode afetar a imagem institucional da DPU. O DRDH sempre deve
ser ouvido e respeitado na sua decisão quanto a divulgação de determinadas matérias.
Mencionam ainda que as ações da ASCOM são mais voltadas para o público interno da
DPU dando-se pouca importância para divulgações externas, como TV, jornal... sendo necessário
dar mais visibilidade para a atuação em direitos humanos.
2.8.1. Recomendações:
38
julgue em que medida esses direitos estão realmente sendo garantidos ou se estão sendo
negligenciados.
O monitoramento tem como objetivo realizar um acompanhamento constante de
indicadores gerais ou específicos, que informam se as ações de um programa estão sendo
realizadas dentro do que foi planejado e se os recursos têm sido utilizados corretamente. Por meio
dele é possível tomar providências imediatas para solucionar problemas do cotidiano e assegurar
a boa condução das atividades.
Já a avaliação envolve julgamento e atribuição de valor, no sentido de melhorar seus
processos de tomada de decisão e ajustar as linhas de intervenção. Trata-se de informação mais
aprofundada e detalhada sobre o funcionamento e os efeitos do programa.
A partir dos exames realizados, não foi possível identificar a utilização de instrumentos
de coleta de dados, monitoramento e avaliação para acompanhar os resultados advindos do
Sistema DNDH/DRDH’s.
Apurou-se que, apesar do DNDH possuir dois indicadores estratégicos, os dados
coletados são utilizados para fins de prestação de contas em relação a padrões de produção.
Dedica-se muito menos a coleta de indicadores de resultados, soluções e impactos. Isso limita o
uso dos dados disponíveis para uma prestação de contas que vá além de produtos.
Em consequência, os sistemas de dados acabam funcionando como depósitos de
informações sobre prestação de serviços e não como veículos para melhoria da qualidade e
desenvolvimento das ações.
Cabe lembrar que o DNDH tem dificuldade de aferir os indicadores para avaliar o alcance
dos seus resultados devido as limitações tecnológicas do SISDPU e SIS-DH. Portanto, não há
como traduzir efetivamente os benefícios gerados para a sociedade. Isso representa perda de
informações relativas à missão e à visão definidas no Planejamento Estratégico.
2.9.1. Recomendação:
39
De acordo com o art. 5° da norma, a segurança institucional compreende o conjunto de
medidas voltadas a prevenir, detectar, obstruir e neutralizar as ações de qualquer natureza que
constitua ameaça à salvaguarda da Organização e de seus integrantes, inclusive imagem e
reputação.
40
Muitas vezes, se colocam em regiões de conflitos sem orientações organizacionais ou
equipamentos adequados para o cumprimento da sua missão, tais como: veículos blindados e com
identificação do órgão, colete a prova de balas, apoio policial ou instruções de comportamento
diante de situações de risco.
Mesmo que a atuação coletiva possa impor ameaça à integridade física e/ou mental do
defensor e de seus familiares em decorrência da atuação, a instituição ainda não discutiu
medidas para proteger o seu corpo funcional.
Sendo assim, é primordial que o órgão se debruce sobre a regulamentação da Política de
Segurança Institucional, a fim de discutir ações sobre um plano de contingência para situações de
emergência, gestão de riscos, investigação de incidentes e outros assuntos relacionados à
segurança, com o fim de garantir a preservação da vida dos seus agentes públicos e o exercício
das funções institucionais.
2.10.1. Recomendação:
41
Tabela 2: Resultado da avaliação dos controles internos por componentes do Modelo Coso.
O diagnóstico dos controles internos por componente do Modelo Coso evidencia que, de
uma forma geral, o DNDH alcançou o nível definido/regular de maturidade. Isso quer dizer
que os colaboradores estão cientes dos seus papéis e de suas responsabilidades e que os controles
administrativos existem, são documentados e que, apesar de a administração ser hábil em
responder a situações que envolvam controles, ainda persistem falhas que precisam ser corrigidas.
Dessa forma, as recomendações expostas nesse relatório têm a intenção de induzir um
comportamento proativo dos gestores, de modo a aperfeiçoar os controles administrativos de suas
unidades.
O componente Avaliação de Risco - AVR alcançou o nível intuitivo/incipiente de
maturidade, tendo em vista que o DNDH não faz gestão de riscos. O reconhecimento dos eventos
que possam vir a prejudicar os processos de trabalho ocorre de forma intuitiva, não havendo
emprego de métodos formais para diagnosticar, analisar, avaliar e controlar os riscos.
De modo geral, somente após a ocorrência de um evento é que são tomadas medidas para
correção ou solução dos problemas. O setor adota ações reativas aos riscos.
A ausência dessa atividade impacta diretamente em outros componentes, especialmente,
“Atividades de Controle”. Observou-se, nesse caso, que as operações relacionadas a controles
dependem de conhecimento individual e motivação dos colaboradores.
Importa destacar que o DNDH está participando das Oficinas de Mapeamento e
Modelagem de Processos de Trabalho coordenadas pela ASPLAN, nas quais são aplicadas
metodologias para identificar e tratar os riscos operacionais (5228879). Três processos de trabalho
já foram mapeados: Acompanhamento dos mandatos de Defensores Regionais de Direitos
Humanos (IN DNDH 81/2021); Arquivamento de Processos de Assistência Jurídica Coletivos
(IN DNDH 82/2021); Manter banco de dados atualizado de abertura e atos estruturais de PAJ's
de ações coletivas no âmbito da DPU (IN DNDH 99/2022).
.
42
4. CONCLUSÃO
O presente trabalho teve por objetivo avaliar a estrutura dos controles internos do
Sistema de Defensorias Nacional e Regional de Direitos Humanos, a fim de fornecer subsídios
para o conhecimento da área de atuação coletiva e fomentar melhorias nas atividades de
governança e gestão.
Os exames empreendidos focaram no julgamento dos cinco componentes integrantes da
estrutura de controle interno, quais sejam: 1) ambiente de controle; 2) avaliação de riscos; 3)
atividades de controle; 4) informação/comunicação; e 5) monitoramento. Para tanto, a equipe de
fiscalização aplicou questionários avaliativos, realizou entrevistas, analisou processos e solicitou,
quando pertinente, documentos comprobatórios.
Os resultados encontrados a partir da análise dos dados permitiram concluir que, embora
sejam notáveis os avanços alcançados pelo Sistema de Direitos Humanos da Defensoria Pública
da União nos últimos anos, ainda persistem fragilidades, intrinsecamente correlacionadas, que
precisam de maior controle e atenção por parte dos gestores.
O atual cenário revela que o Sistema DNDH/DRDH’s carece de diretrizes e orientações
que fomentem a atuação estratégica para a área de direitos humanos; que existem deficiências na
estrutura de coordenação e nos mecanismos de articulação institucional; e que os canais de
comunicação são inadequados e não tem alcance institucional.
Além disso, alguns Estados estão sem Defensores Regionais de Direitos Humanos para
atuar na proteção de direitos humanos; a estrutura operacional dos DRDH’s é inadequada ao
cumprimento das suas atribuições; e não foi elaborado um programa de capacitação contínua para
servidores, colaboradores e defensores dentro da temática de direitos humanos.
Para mais, os sistemas de informações e de banco de dados possuem limitações
tecnológicas e não são confiáveis; a integração das informações e controles compartilhados entre
o DNDH e os DRDH’s é ineficiente; a metodologia de acompanhamento e avaliação dos
resultados é insuficiente para aferir os benefícios gerados para a sociedade; e, ainda, a divulgação
institucional dos resultados da atuação coletiva e promoção dos direitos humanos não possui uma
linguagem cidadã.
O diagnóstico executado demonstrou que os controles internos instituídos pelo DNDH
são relativamente satisfatórios, mas ainda precisam ser aperfeiçoados. As recomendações ora
expostas buscam tornar as estruturas de controles mais eficientes e efetivas, além de promover
melhorias na gestão e orientar o desempenho de ações para o alcance dos objetivos
organizacionais.
43
Por fim, cabe mencionar que as ações realizadas pelo Sistema de Direitos Humanos
tiveram importante papel não só por levar assistência jurídica gratuita a locais de difícil acesso à
justiça, mas também por levar informação a cidadãos em situação de vulnerabilidade que, em
muitos casos, sequer sabem da existência da DPU, ressaltando que tais ações proporcionaram um
efeito multiplicador de grande proporção da missão do órgão perante a sociedade.
44
ANEXO I
45
CONSTATAÇÃO 2.1; 2.5 E 2.7:
Manifestações das áreas envolvidas:
CONSTATAÇÃO 2.5:
Manifestações das áreas envolvidas:
46
Análise da equipe de auditoria:
Em sua manifestação, a ASCOM reforça as limitações do SISDPU quanto a produção de
dados estatísticos confiáveis e demonstra interesse em ter acesso ao SIS-DH como ferramenta de
consulta.
Diante disso, foi acrescida a recomendação 2.6.1.1 que também seja viabilizado o acesso
de consulta ao SIS-DH para as áreas da DPGU que tenham interesse.
47
CONSTATAÇÃO 2.10
Manifestações das áreas envolvidas:
Com efeito, entendo que a minuta do ato de regulamentação deva ser elaborada pela
área técnica, no caso, a SGP/SGE, por tratar-se de temática que abrange recursos humanos, a
qual deverá ser encaminhada posteriormente ao CGE, para apreciação, e ao DPGF ou
Secretário-Geral Executivo, para aprovação, conforme previsto no inciso II do mesmo artigo
22. Ao Grupo Executivo de Segurança Institucional, bem como todas as áreas e pessoas que
compõem a DPU, caberá a execução das medidas e normas.
48
Despacho SGE 5607351
Desta forma, sugiro que na reunião a ser agendada, o assunto seja levado à tona, para que o
CGE, junto com a SGP, defina as áreas competentes para participar do trabalho e assim, após
objetiva orientação, elaborando-se a minuta em conjunto.”
49
ANEXO II – APLICAÇÃO DO QACI E CÁLCULO DO NÍVEL DE MATURIDADE
DOS CONTROLES INTERNOS DO SISTEMA DNDH/DRDH’S
Uma das técnicas de auditorias escolhidas para execução desse trabalho envolveu a
aplicação do Questionários de Avaliação de Controles Internos (QACI) junto ao DNDH e ao
corpo de servidores que atuam no setor.
O modelo de Questionário (QACI) combinou uma escala de pontuação para auxiliar os
julgamentos do auditor. As cinco possíveis respostas variaram do "nunca", passando pelo
"raramente", "às vezes", "frequentemente", até o "sempre" e; nesse sentido, foram mensuradas de
um a cinco pontos. Alguns campos receberam espaços para observações/comentários a fim de se
obter um melhor detalhamento das afirmações.
A tabela a seguir mostra o valor atribuído a cada categoria de resposta do questionário:
O nível de maturidade nos diversos componentes do modelo COSO foi determinado pela
média geral das respostas aos seus respectivos itens. A partir dos valores obtidos, foi calculado o
índice consolidado das avaliações, que refletiu a situação encontrada nos controles internos do
Sistema DNDH/DRDH’s.
50