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ISSN: 2525-8761
Ivone Panhoca
Doutora em linguística - Universidade de Mogi das Cruzes
Av. Doutor Cândido Xavier de Almeida e Souza,200 - Vila Partênio - Mogi das Cruzes-SP
E-mail: i.panhoca@terra.com.br
RESUMO
O aumento no consumo de medicamentos pela população idosa é devido a prevalência de doenças
crônicas, a fisiologia do envelhecimento, a influência farmacêutica na prescrição e na
medicalização presente na formação de profissionais da saúde. O aumento significativo da
população idosa é refletido nos serviços de saúde pela prevalência de doenças crônicas e
degenerativas (LIMA et al., 2016). O tratamento em indivíduos com patologias crônicas de
membro inferior demonstrou o uso frequente de programas de exercícios terapêuticos, obtendo
um resultado bastante eficiente, com a melhora dos sintomas clínicos referentes à dor, à função
física e à mobilidade (SANTOS et al., 2019). Para a osteoartrite (OA), forma mais comum de
doença articular e que pode levar às limitações das atividades diárias, o tratamento é multimodal
e tem o objetivo de controlar a dor, melhorar a função da articulação e educar o paciente, sendo
composto pela associação entre terapia farmacológica e não farmacológica (SILVA et al., 2019).
Analisar os tratamentos utilizados ao tratar patologias de membro inferior que afetam a vida do
idoso. Pesquisa de natureza quali-quantitativa, descritiva, com recorte transversal, de dados
longitudinais. Através de uma pesquisa de campo, foram analisados 270 prontuários de pacientes
com mais de 65 anos que apresentam comprometimento de membro inferior, consultados entre
janeiro de 2018 a agosto de 2019, após aprovação do Comitê de Ética da instituição (número do
parecer de aprovação: 3.524.111), para que fossem analisadas variáveis como tipo de patologia,
conduta acerca do tratamento e outras informações sobre o estilo de vida que foram relevantes.
As patologias encontradas foram divididas em subgrupos, das quais as condutas abordadas para
o diagnóstico e tratamento foram classificadas de acordo com o grupo farmacológico e demais
orientações e exames. No subgrupo artrose, nas condutas utilizadas, 64,8% correspondem a
classe medicamentosa, 21,3% exames, 13% orientações. No estudo, a patologia com maior
incidência foi a osteoartrite (OA), tendo como principal conduta o medicamentoso (60,4%),
destacando-se analgésicos e anti-inflamatórios. Para Pereira et al. (2006), a OA é a doença
articular mais prevalente e também a principal causa de dor e incapacidade na população idosa e
seu tratamento deve ser multidisciplinar. Também houve destaque a gonartrose, que tem como
principal conduta o uso de medicamentos (68%), ressaltando os homeopáticos e outros (23%); e
coxartrose, que a principal conduta foi o uso de medicamentos (66%), destacando os AINEs
(18%). A conduta mais recorrente em ambos os sexos e na maior parte das patologias analisadas
foi a medicamentosa, destacando-se o uso de anti-inflamatórios não esteroidais. Uma vez que
existe uma medicalização presente na formação de profissionais da saúde e elevada influência
farmacêutica na prescrição, a conduta medicamentosa é adotada como forma de tratamento da
maioria das patologia de membro inferior. Contudo, considerando-se que o paciente idoso muitas
vezes já é portador de alguma outra patologia e realiza tratamento para tal, a conduta da patologia
de membro inferior, que muitas vezes é focada na resolução da dor, deve abordar o paciente
como um todo, adotando outras formas de tratamento não somente a medicamentosa, evitando
assim a polifarmácia.
ABSTRACT
The increase in drug consumption by the elderly population is due to the prevalence of chronic
diseases, the physiology of aging, the pharmaceutical influence in prescribing and the
medicalization present in the training of health professionals. The significant increase in the
elderly population is reflected in health services by the prevalence of chronic and degenerative
diseases (LIMA et al., 2016). The treatment in individuals with chronic lower limb pathologies
has demonstrated the frequent use of therapeutic exercise programs, obtaining a very efficient
result, with the improvement of clinical symptoms regarding pain, physical function and mobility
(SANTOS et al., 2019). For osteoarthritis (OA), the most common form of joint disease and
which can lead to limitations in daily activities, the treatment is multimodal and aims to control
pain, improve joint function, and educate the patient, being composed of the association between
pharmacological and non-pharmacological therapy (SILVA et al., 2019). To analyze the
treatments used when treating lower limb pathologies that affect the lives of the elderly. Research
of quali-quantitative nature, descriptive, with a cross-sectional cut, of longitudinal data. Through
a field research, 270 medical records of patients older than 65 years who present lower limb
impairment, consulted between January 2018 and August 2019, were analyzed after approval by
the Ethics Committee of the institution (approval opinion number: 3,524,111), so that variables
such as type of pathology, conduct about the treatment and other information about lifestyle that
were relevant could be analyzed. The pathologies found were divided into subgroups, from which
the approaches to diagnosis and treatment were classified according to the pharmacological
group and other guidelines and exams. In the arthrosis subgroup, 64.8% of the procedures used
corresponded to the pharmacological class, 21.3% to exams, and 13% to orientations. In the
study, the pathology with the highest incidence was osteoarthritis (OA), with medication as the
main conduct (60.4%), especially analgesics and anti-inflammatories. For Pereira et al. (2006),
OA is the most prevalent joint disease and also the main cause of pain and disability in the elderly
population, and its treatment must be multidisciplinary. Also noteworthy were gonarthrosis,
whose main conduct was the use of medication (68%), highlighting homeopathics and others
(23%); and coxarthrosis, whose main conduct was the use of medication (66%), highlighting
NSAIDs (18%). The most recurrent conduct in both genders and in most of the pathologies
analyzed was medication, highlighting the use of non-steroidal anti-inflammatory drugs. Since
there is a medicalization present in the training of health professionals and a high pharmaceutical
influence in prescriptions, medication is adopted as a form of treatment for most lower limb
pathologies. However, considering that the elderly patient often already has some other
pathology and is treated for it, the management of lower limb pathology, which is often focused
on pain resolution, should approach the patient as a whole, adopting other forms of treatment,
not only medication, thus avoiding polypharmacy.
1 INTRODUÇÃO
Falar em envelhecimento populacional é falar do resultado da manutenção, por um
período de tempo razoavelmente longo, de taxas de crescimento da população idosa superiores
às da população mais jovem, com alteração nas proporções dos diversos grupos etários na soma
total da população. O processo do envelhecimento altera a vida dos sujeitos, as estruturas e as
relações familiares, a demanda por políticas públicas e a distribuição de recursos na sociedade.
Pereira et al. (2016) destacam a importância de ações e estratégias que possibilitem a
autonomia e a independência na velhice, assegurando mais qualidade de vida. As autoras
lembram que o envelhecimento clama por mudanças de paradigmas estruturais, envolvendo o
próprio idoso (como ele pretende envelhecer), a sociedade (aprender a conviver com os mais
velhos e “aprender a envelhecer”) e as políticas públicas (propostas visando tornar a vida do idoso
mais social, mais saudável).
Em 1995 a Organização Mundial de Saúde considerou de meia idade sujeitos de 45 a 59
anos; idosos de 60 a 74 anos; anciãos de 75 a 89 anos e velhice extrema a partir de 90 anos. A
mesma OMS, em 2015, definiu o idoso relativamente às condições socioeconômicas do país.
Assim, idosa, em países em desenvolvimento, é aquela pessoa com 60 anos ou mais; e em países
desenvolvidos as pessoas com 65 anos ou mais. O Estatuto do Idoso e a Política Nacional do
Idoso, definem como população idosa brasileira a de 60 anos ou mais. Essa definição resulta
numa heterogeneidade do segmento considerado idoso, já que aí estão incluídas pessoas de 60 a
100 anos. E esta heterogeneidade é acentuada pela constatação de que este segmento
experimentou trajetórias diferenciadas que vão afetar as condições de vida.
A população brasileira tem crescido de forma rápida, e em termos proporcionais. Dada a
contínua redução da mortalidade, especialmente nas idades avançadas, espera-se que este
contingente alcance, em 2040, o total de 13,7 milhões, o que significa 6,7% da população total e
24,6% da população idosa (FREITAS e PY, 2013). Este panorama vem sendo traçado desde a
década de 80, com a diminuição da participação relativa de crianças e jovens, junto com o
aumento do peso proporcional dos adultos, especialmente, idosos (BRASIL, 2009).
Na medida em que avança a idade da população os problemas de saúde, então, se
acentuam, observando-se casos em que impera o cuidado informal (quando o idoso ainda não
necessita de cuidados especiais e tem alguma autonomia) e os cuidados em casa os “home cares”
escassos no serviço público brasileiro e altamente dispendiosos no serviço privado. Além desses,
os cuidados de longa duração, voltados a idosos seriamente acometidos, demandam instituições
específicas, leitos hospitalares, centros de tratamento intensivos e profissionais especializados
(PEREIRA et al., 2016).
Entre os fatores que interferem na prevalência de quedas e patologias de membros
inferiores em idosos está a realização de atividades físicas. A atividade física regular efetivamente
ajuda os idosos a melhorar ou retardar a perda da função física e da mobilidade, reduzindo o risco
de lesões relacionadas à queda. Esses importantes benefícios à saúde ressaltam a importância da
atividade física entre os idosos, especialmente aqueles que vivem com declínio da função física
e condições crônicas de saúde (DIPIETRO et al., 2018). Dentre outros fatores a considerar estão
presentes os hábitos de vida, como o tabagismo, esse relacionado a múltiplas propriedades
musculares na velhice e que essas relações podem ser diferentes entre homens e mulheres
(MARQUES et al., 2019).
O envelhecimento populacional vem acompanhado do aumento da prevalência de
doenças relacionadas com o avançar da idade, como a osteoartrite, que é a forma mais comum
de doença articular e que pode levar às limitações das atividades diárias. A prevalência mundial
da osteoartrite de joelho é de aproximadamente 3,8% (SILVA et al., 2019).
Silva et al. (2019) ressaltam que o tratamento é multimodal e tem o objetivo de controlar
a dor, melhorar a função da articulação e educar o paciente. Esse tratamento é composto pela
associação entre terapia farmacológica (medicamentos) e não farmacológica (fisioterapia e
educação ao paciente). Dentre as possíveis opções de tratamento, destaca-se o uso de
condroprotetores orais e injetáveis como a viscossuplementação. Tal método consiste na injeção
intra-articular de ácido hialurônico exógeno nas articulações sinoviais, cujos principais objetivos
são o alívio da dor e melhora da função articular, com possibilidade de postergar a evolução da
doença e, consequentemente, a artroplastia total de joelho, uma cirurgia que consiste na
substituição da articulação lesionada por uma prótese, podendo ser realizada de forma parcial ou
total.
Ainda, segundo Silva et al. (2019), estudos informam uma baixa incidência de eventos
adversos proporcionados pelo uso da viscossuplementação. Alguns desses efeitos são: dor no
inibidores seletivos da COX-2 (celecoxibe e etoricoxibe), tem aumentado nos últimos anos.
Dentre as principais causas para esse crescimento, destacam-se a facilidade de acesso ao fármaco,
sendo alguns de venda livre, e uma população mais idosa com concomitantes doenças
inflamatórias (LIMA et al., 2016).
Lima et al. (2016) corroboram os efeitos adversos do uso de AINEs, os quais podem
agravar problemas renais, principalmente em idosos hipertensos e diabéticos, além de aumentar
o risco de interações medicamentosas. Com relação às RAMs, os AINEs estão entre os seus
principais causadores, sendo responsáveis por 20 a 25% das RAMs. Os AINEs com maior risco
de interações foram cetoprofeno 46,2%, cetorolaco 14,4%, nimesulida 12,5% e diclofenaco
9,6%.
2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Analisar os tratamentos utilizados ao tratar patologias de membro inferior que afetam a
vida do idoso.
3 METODOLOGIA
3.1 NATUREZA DO ESTUDO
A pesquisa é de natureza quali-quantitativa, descritiva, com recorte transversal, de dados
longitudinais. Está sendo realizada a análise de dados já coletados no estudo “Patologias de
membro inferior que acometem idosos: análise de casos clínicos”, projeto já encerrado (PIBIC
2019-2020)1. Estão sendo analisados dados já obtidos junto aos prontuários dos pacientes, desde
o diagnóstico até o tratamento. O estudo possui foco no sujeito, propondo-se uma pesquisa de
campo, que possibilitou a descrição e análise dos dados coletados nos prontuários, considerados
os objetivos aqui propostos.
1
Trata-se de projeto de continuidade do estudo “Patologias de membro inferior que acometem idosos: análise de
casos clínicos” que se encontra finalizado e que foi aprovado pelo comitê de ética da instituição (prot. 3.524.111).
Na proposta que se faz agora serão analisados, então, dados já coletados no projeto já finalizado.
4 RESULTADOS / DISCUSSÃO
Ao analisar os 270 prontuários da clínica em questão, levando em consideração os
critérios de inclusão e exclusão, foram encontradas as seguintes patologias, divididas em
subgrupos: artrite, artrose, bursite, ciatalgia, condropatia, doenças que acometem a coluna,
entorse, esporão de calcâneo, fascite plantar, haglund, lesão meniscal, osteopenia, rotura e
tendinopatias.
As condutas abordadas para o diagnóstico e tratamento de tais patologias foram
classificadas de acordo com o grupo farmacológico (anti-inflamatório não esteroidal; ação anti-
inflamatória; ação analgésica; opióide; ação analgésica e anti-inflamatória; antihiperuricêmico;
relaxante muscular; suplemento vitamínico/alimentar; vitamina D; hialuronato de sódio;
antagonista do receptor H2; inibidor da bomba de prótons; atua na cartilagem; colágeno;
inibidores da reabsorção óssea; atua no sistema circulatório; homeopáticos e outros) e demais
orientações e exames que estão detalhadas na Tabela 1.
AÇÃO ANTI-
DEFLAZACORTE DEXOCITONEURIN FLEXIVE
INFLAMATORIA
AÇÃO ANALGESICA ALGICOD CITONEURIN DOLAMIN FLEX PACO PARACETAMOL REVANGE TYLEX
ANTI-
ALOPURINOL
HIPERURICÊMICO
RELAXANTE
CARISOPRODOL CICLOBENZAPRINA
MUSCULAR
SUPLEMENTO
VITAMINICO/ EXTIMA MAGNALIV PERSOTEO KM PERSOTEO KM SARCOPEN
ALIMENTAR
ALTA D
VITAMINA D CALCIOBON DE PURA DOSS DPREV INELATTE SANYD
HIALURONATO DE EUFLEXXA
FERMATH RON
SÓDIO JOELHO
FAMOTIDINA
ANTAGONISTA DOS
RECEPTORES H2
INIBIDOR DA
BOMBA DE PRÓTONS OMEPRAZOL PARIET
ATUA NA
ARTROLIVE DIACEREI NA
CARTILAGEM
INIBIDORES DA ALENDRONATO
RESEDRONATO PROLIA
REABSORÇÃO ÓSSEA SÓDICO
ATUA NO
SISTEMA
DAFLON DIOSMIN PERIVASC
CIRCULATÓRIO
HOMEOPATICO E VISCOSSUPLEM
ARPADOL TRAUMEEL MOTIX GLICOSAMINA GELO
OUTROS ENTAÇÃO
CALCANHEIRA PRATICA DE
ENCAMINHAMENTO ENCAMINHAMENTO
ORIENTAÇÕES ACUPUNTURA CINESIOTERAPIA CIRURGIA DE FISIOTERAPIA ATIVIDADE
ESPECIALISTA CIRÚRGICO
SILICONE FÍSICA
DESINTOMETRIA
EXAMES BIOQUIMICA DOPPLER ENMG RM RX TC ULTRAS SOM
ÓSSEA
apenas para casos considerados mais graves e crônicos, quando o tratamento conservador não for
bem sucedido (CASTRO et al, 2020).
Em condropatia em 26,6% dos casos a conduta usada foi a solicitação de exames, seguido
de 16,6% dos casos em que foram prescritos analgésicos + AINE, esses eram representados por
4 homens e 1 mulher.
No que diz respeito às condutas adotadas para o total de pacientes com fascite plantar,
25,4% corresponderam a exames, seguidos pela associação entre antiinflamatórios e analgésicos
(22%). Ainda, enquanto nas mulheres a conduta mais adotada foi exames, nos homens, não houve
significância estatística uma vez que todas as condutas apresentavam a mesma frequência. Para
Karabay et al. (2007), o diagnóstico de fascite plantar ocorre por meio da história clínica, exame
físico e exames de imagem como radiografia simples e ressonância magnética, concordando
portanto com os dados supracitados.
Nos estudos Wolgin et al. (1994), Callison (1989) e Davis et al. (1994), na grande maioria
dos pacientes o tratamento conservador, sem cirurgia, foi suficiente para permitir o alívio dos
sintomas. Ainda, na literatura, algumas séries de caso alcançaram taxa de sucesso com tratamento
conservador da fascite plantar variando entre 73% e 89%. O tratamento conservador deve ser
direcionado para reduzir o processo inflamatório e inicialmente podemos recomendar um curto
período de repouso acompanhado de medicamentos anti-inflamatórios não hormonais (AINH)
durante aproximadamente quatro a seis semanas.
Em relação à ciatalgia, que abrange lombociatalgia, ciatalgia e metatarsalgia, a principal
conduta adotada foi exames (37,2%) seguido pelo uso da associação de antiinflamatórios e
analgésicos (19,8%). Quando analisadas as condutas em relação ao sexo, os exames continuaram
como conduta mais prevalente em ambos.
O tratamento medicamentoso das lombalgias e lombociatalgias, após afastadas causas
específicas como neoplasias, fraturas, doenças infecciosas e inflamatórias, deve ser centrado no
controle sintomático da dor para propiciar a recuperação funcional, o mais rapidamente possível
(WADDELL, 1998). Anti-inflamatórios não-hormonais (AINHs), na prática clínica, são os
medicamentos mais empregados. Dependendo da dose utilizada, a intervalos regulares, têm
efeitos analgésicos e antiinflamatórios (WADDELL, 1998; MALANGA e NADLER, 1999).
Todas as classes de anti-inflamatórios podem ser úteis no tratamento da lombalgia, desde que
usadas com precaução em pacientes de risco como os idosos. Os efeitos adversos destes
medicamentos podem causar sérios problemas para o paciente, devendo-se considerar na sua
escolha, a tolerabilidade e segurança, assim como a sua interação com outros medicamentos
(BERRY et al., 1982).
Para as doenças que acometem a coluna, a conduta mais frequente foi a associação entre
anti-inflamatório e analgésico (28,6%) e as condutas de orientação e exames, ambos
representando 22,9% dos casos. Para as mulheres, a associação entre anti-inflamatório e
analgésico foi mais frequente, já para os homens, o exame foi mais recorrente.
No que diz respeito à osteopenia, a conduta mais abordada foi o uso de vitamina D
(25,8%), seguido de inibidor de reabsorção e suplemento vitamínico, ambos representando 14,3%
das condutas. Para as pacientes com osteopenia foi recomendado majoritariamente o uso de
vitamina D, já para o paciente com osteopenia teve inibidor de reabsorção como única
recomendação.
Acerca das tendinopatias, as condutas mais indicadas foram exames (29%) e
antiinflamatórios não esteroidais (24,6%). Quando observados em relação ao sexo, o feminino
foi mais indicado exames enquanto que para os do sexo masculino, o uso de anti-inflamatórios
não esteroidais.
O corpo dos idosos apresenta mudanças em suas funções fisiológicas que podem levar a
uma farmacocinética diferenciada e a uma maior sensibilidade, tanto para os efeitos terapêuticos
como adversos das drogas. A farmacocinética, a farmacodinâmica e os resultados clínicos são
afetados por uma série de fatores específicos do paciente, incluindo idade, sexo, etnia, genética,
processos de doença, polifarmácia, dose e frequência da droga, fatores sociais, e muitos outros
fatores (RODRIGUES e OLIVEIRA, 2016).
A polifarmácia está associada ao aumento do risco e da gravidade das reações adversas
ao medicamento (RAM), de precipitar interações medicamentosas, de causar toxicidade
cumulativa, de ocasionar erros de medicação, de reduzir a adesão ao tratamento e elevar a
morbimortalidade. Assim, essa prática relaciona-se diretamente aos custos assistenciais, que
incluem medicamentos e as repercussões advindas desse uso. O risco de RAM aumenta de três a
quatro vezes em pacientes submetidos a polifarmácia, podendo imitar síndromes geriátricas ou
precipitar quadros de confusão, incontinências e quedas. Anti-inflamatórios não esteroidais
podem apresentar como reação adversa: irritação e úlcera gástrica, nefrotoxicidade. E como
possíveis repercussões clínicas: hemorragia, anemia, insuficiência renal, retenção de sódio
(SECOLI, 2010).
Os AINEs atuam inibindo a síntese das prostaglandina, que é conhecido como um
mecanismo anti-inflamatório primário; as prostaglandinas são mediadores inflamatórios que
contribuem para dor e inflamação, num processo mediado pelas enzimas cicloxigenases (COX),
ou seja, inibem a COX-1 e a COX-2. A despeito das características biomecânicas da doença, sua
fisiopatologia é provocada pelo desequilíbrio entre os mecanismos de formação e degeneração
5 CONCLUSÃO
Considerando os resultados obtidos a partir da pesquisa de campo, dos 270 pacientes
analisados, a conduta mais recorrente na maior parte das patologias de membro inferior
analisadas foi a medicamentosa, destacando-se o uso de anti-inflamatórios não esteroidais. No
que diz respeito ao gênero, para ambos, manteve-se a conduta medicamentosa como a mais
indicada em sua maioria. Com relação ao objetivo de comparar a prescrição de retorno com a
primeira recomendação de tratamento, não foi possível chegar a uma conclusão devido à
limitação decorrente da falta de dados relevantes. Assim como ocorreu com o objetivo de analisar
possíveis interações medicamentosas, uma vez que os dados obtidos não foram suficientes para
compor uma amostra significativa.
Uma vez que existe uma medicalização presente na formação de profissionais da saúde e
elevada influência farmacêutica na prescrição, a conduta medicamentosa é adotada como forma
de tratamento da maioria das patologia de membro inferior. Contudo, considerando-se que o
paciente idoso muitas vezes já é portador de alguma outra patologia e realiza tratamento para tal,
a conduta da patologia de membro inferior, que muitas vezes é focada na resolução da dor, deve
abordar o paciente como um todo, adotando outras formas de tratamento não somente a
medicamentosa, evitando assim a polifarmácia.
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