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Aos companheiros em fase de preparação para o CURSO DE AÇÕES DE

COMANDOS.

Eu usei esse caderno para papirar para o CAC, então nele tem a maioria das
matérias que “caem” no curso. É o caso olhar as Orientações aos candidatos (anexos)
no site do CIOpEsp, porque alguma coisa pode mudar de um ano para o outro.
Na sexta-feira da SEMANA 1, a gente fez uma prova escrita (duração 4 horas)
que era eliminatória. Tinha que tirar acima de 5,0. Porém, na minha opinião você deve
papirar, não para essa prova, e sim, para o desenvolver do curso e para ficar na
medida do possível na moita. Lembre-se que vc terá sua vez de “aparecer”, não queira
antecipar este momento.
Os assuntos estão fora de ordem, mas sempre tem o nr do “capítulo” no início da folha.
Depois dos papiros eu escrevi alguns BIZUS do curso mesmo e da preparação... “só o
que interessa”.
Tudo que escrevi é a minha opinião, meu ponto de vista... do CAC 2010, pois foi
baseado no que eu vivi e passei lá. Minha idéia é ajudar e motivar porque a gente vibra
muito com aqueles que querem fazer o CAC e que se propõe a esse grande desafio:
SER COMANDO!!!!!
Faquita e Alopradinho, eu só tenho a te agradecer pelo grande irmão que você é
pra mim. O que você precisar de ajuda pode contar comigo. Em 2011 quero te ver com
o gorro preto numerado rodando lá pelo BAC, puxando canção, vibrando e focado no
curso. Vontade acima da possibilidade.
Te vejo na brevetação!!!

COMANDOS!!!!
COMANDOS

“As pessoas desta “EQUIPE” não querem ser comuns. É seu direito serem

diferentes e incomuns. Aqui procuramos pensar, agir e desenvolver os talentos que o

universo nos deu. Não queremos apenas a busca da segurança. Queremos assumir

riscos calculados, queremos sonhar e construir, queremos errar e acertar em busca do

sucesso e excelência. Preferimos o frio e o calor dos desafios da vida que a

comodidade morna, a alegria da vitória que o tédio da rotina. Não trocaremos nossa

liberdade, nossa integridade por nada. Não nos acovardaremos diante das dificuldades.

É nosso destino desfrutarmos dos resultados dos nossos esforços e, com coragem,

inteligência, determinação, criatividade e ética, olhar para o mundo e dizer: Tenho

orgulho do que faço.”


COMANDOS!!!!!

● O único obstáculo entre o aluno e o brevê de comandos é o PRÓPRIO ALUNO.


● A vontade acima da possibilidade.
● Comandos é o que melhor se adapta.
● E mesmo sabendo que era impossível, eles foram lá e fizeram.
● O máximo de destruição, morte e confusão à retaguarda profunda do inimigo.
● ATÉ O FIM! Nunca desistir.
● Automotivação e superação de limites.
● Aos comandos 3 resultados: a vitória, a morte ou o cativeiro.
● Quando ninguém mais acreditar, todos desanimarem, até os melhores
duvidaram. Quando considerarem impossível, e os chefes desistirem, alguém se
lembrará... “Mandem vir os COMANDOS!”
● A dor é temporária, pode durar um minuto, um dia ou um mês, mas em algum
momento ela passa e outra sensação toma o seu lugar. Mas se eu desistir, a dor
fica para sempre. RENDER-SE NUNCA!
● No comandos não existe “estou bem” ou “estou mal” ( auto-avaliação), ou você
está DENTRO ou está fora.
● O Comandos não pode ter escrúpulos.
● Aluno não pensa sobre atitude de instrutor, por isso que o gorro é daquele
formato, visão limitada à frente, não tem que estar olhando pro “lado”.
● O instrutor vai fazer o seu papel. Faça o seu: de aluno.
● Quando dezenas forem embora não se preocupe com eles. Eles tem seus
compromissos. Você tem o seu compromisso: que é o brevê, é o final do curso,
ser COMANDOS.
● Saber levar os fracassos, eles com certeza vão acontecer. Não há orgulho. Seja
humilde.
● A PREPARAÇÃO PSICOLÓGICA é a mais importante.
● Tudo passa.
PREPARAÇÃO

O mais importante é a preparação psicológica. Não é rolha, não caga pra isso.
Você tem que estar o tempo todo mentalizando o curso e bombeando a sua vontade de
ser comandos, porque o FOCO é o mais importante. A gente tem costume de querer
priorizar a preparação física, não faça isso. Se preparar fisicamente, você vai fazer isso
praticamente todo dia, seguindo uma planilha, se alimentando bem e descansando o
suficiente. Mas e a preparação psicológica? Se você deixar de trabalhá-la um dia, já
está errado. Então trabalhe sempre sua mente porque ela é a sua maior arma.
Eu assistia muitos vídeos, via fotos das atividades dos comandos, fotos das
outras brevetações e encerramentos de cursos passados. Para onde eu olhava tinha
uma caveira me olhando: no caderno, no carro tinha um brevê, no chaveiro de casa,
adesivo na porta do quarto, no espelho do banheiro, na carteira. Mandei logo bordar os
sutaches com o nome COMANDOS e toda vez que eu fosse treinar, já usava. É
obsessão pura! Na bucha... tudo é preparação psicológica. Eu não tinha planos em
caso de não sair COMANDOS. Exemplo: vou pedir transferência, vou pra Bda Pqdt e
fazer outros cursos, vou aproveitar-descansar-casar-e volto no outro ano... nada disso
passava pela minha cabeça. Só tinha uma hipótese: ser COMANDOS. Porque se você
“se agarrar” em outras alternativas, quando o pau cantar no curso e você estiver na
merda mesmo, seu subconsciente vai lembrar dessas outras opções e vai querer te
causar dúvidas sobre “será que é isso que eu quero”... Portanto: FOCO! Não é
impossível. É muito difícil. Outros já conseguiram, então eu também posso e vou
conseguir.
Não espere receber reforço positivo no curso, pois realmente não existem. E
durante a preparação também não espere muito. Apesar de terem pessoas torcendo
por você (seus amigos de verdade, familiares, etc), haverá alguns te questionando, te
chamando de louco. Alguns vão querer dificultar as coisas... não liberar para treinar,
por empecilhos, etc. Negão... é tu!!!! Vai fundo!!!
PREPARAÇÃO FÍSICA

Sei que dá vontade de treinar bem antes. Mas vá com calma, sem
ansiedade, vá fazendo o basicão – o “E” do TAF e nadando um pouco. Quando iniciar
procure seguir as planilhas com disciplina que você evoluirá bastante.
Se der, tire férias durante o treinamento, principalmente mais pro final, porque a
batida fica intensa. Ajuda bastante, eu tirei duas férias, uma delas foi em Resende para
aproveitar a estrutura da AMAN, porque no meu Btl faltavam algumas coisas.
Confie no treinamento que você está fazendo (ou como Major ou como outra
pessoa). Antes do curso eu conversei com outros caras e eles diziam que estavam
nadando não sei quanto, com tanto de peso... Não passaram da 2 a semana. Então,
evite comparações, acredite no seu trabalho e o psicológico é o mais importante.
Além do treino, é o caso malhar para ganhar força e resistência. Se alimentar
bem para repor as energias e até ganhar mais peso (o Major também passa o bizu da
nutrição). E descansar nos finais de semana, para se recuperar e relaxar a mente... sair
com a esposa, assistir um cinema, etc.
Verifique a data e os índices do teste físico. O meu foi um mês antes da
apresentação no curso. Na semana 01, nós fizemos o mesmo teste. Muita gente rodou
e foi embora. Principalmente na marcha de 16 km e alguns na barra/flexão/abdominal –
índice “E” do TAF, execução detalhada tipo do C Bas Pqdt.
PREPARAÇÃO INTELECTUAL

É papirar negão! Tem as matérias e os objetivos. Vai matando um por vez e


fazendo um resumão. Quando faltar uma semana pro curso você só papira pelo
resumo. Nada é elocubrado. Se você estiver estudando vai ver que a prova é sem
mistério. Os assuntos a gente já viu na AMAN.
Essa preparação ajuda muito nas instruções durante o curso. Às vezes o
instrutor ia falando e eu só relembrando o assunto. Tem matéria que passa muito
rápido e você vai estar cansado e com sono, então se já souber é mais fácil de
assimilar.
Armto e COM... procure fazer a parte prática (além da teoria),
montar/desmontar, mexer nos rádios (PRC-190 e M3TR), etc. Provas teóricas e
práticas de COM.
Topografia: tem uma carga grande no início, muita coordenada geográfica,
exercícios de escala, preparação de carta (QAN), etc. Provas práticas (pistas
diurna/noturna).
Patrulha: você usará quando iniciar as Operações, mas cai no Teste Inicial
também. As cadernetas são avaliadas (sempre entrega ao instrutor).
1os Soc : só o basicão. Durante o curso terá muitas instruções. Prova prática.
Explosivos: é visto todo o manual na semana de Demolições. Você vai praticar
todos os tipos de destruições. Prova teórica com cálculos de cargas. Usamos muito o
momento. Tem que ter uma calculadora científica boa.
Instrução Ind Básica: só dei uma olhada diagonal no manual. Cai pouca coisa na
Prova Inicial. Durante o curso não tem Instrução específica disso.
Ações de Comandos: existe um caderno de instrução. É o caso dar uma lida
nele. Não caiu no teste inicial. Ajuda na fase de Operações. Durante todo o curso é
cobrado o conceito de Ações de Comandos: “São ações normalmente agressivas
realizadas por tropas qualificadas de valor e constituição variáveis através de infiltração
por terra, água ou ar, contra alvos de valor significativo localizados em área hostil ou
sob controle inimigo”.
Papire para ficar “esquecido”, para te ajudar na instrução, para não ser
desligado por insuficiência técnica. Mesmo sabendo do assunto, fique na moita, não
queira aparecer para o instrutor, faça apenas a sua parte que for mandado – da melhor
forma possível.
O curso não é apenas não pedir para ir embora, ele cobra desempenho.
PREPARAÇÃO MATERIAL

Tem que ter tudo que está previsto. Porém, o material não é fator preponderante
no sucesso do curso. Não se estresse com isso. Corra atrás de forma eficiente e
estabeleça prazos. Ex: no mês tal vou fechar os KITS, próximo mês a mochila e fardo
aberto, ...
Leve bastante fardas (umas 10) e coturnos (6 ou7). Todos com os velcros
previstos (um pro sutache do nome e o outro pro sutache comandos), os coturnos já
com cadarço velame sem alma. É o caso ter umas 2 ou 3 fardas mais novas para as
viagens (aeronave) ou instrução em outros OM. Eu costurei as bombachas e achei
bizu, caso eles cobrassem bombacha na desequipagem eu deixava 1 par no bolso do
zíper da gandola. Usava sempre sunga e short térmico, mas isso vai de cada um. O
cinto: eu botei velcro para tirá-lo rápido na desequipagem, mas tem que estar com a
fivela no cinto. Nas fardas não é o caso velcros na gandola ao invés dos botões, eles
não deixam na natação, desabotoar na água não é difícil (treinar). Não autorizam o
“nariz de porco” no cadarço do coturno, portanto, treine com e sem. A amarração é
soltura rápida (tem gente que chama de argentina). Use as meias que você está
acostumado (meu caso, meia preta fina de sapato). Xérox plastificado da Idt e Fusex:
faz umas 10 e de tamanho reduzido, porque sempre perde algumas, eu ancorava isso
com um mosquetãozinho (pequeno) no bolso da gandola. É o caso os bolsos das
gandolas estarem com velcro para não cair material. É bom ter gorro preto reserva (de
aluno), vende na alfaiataria do 25o BI Pqdt.
Compre protetor de relógio reserva (sempre perde). 2 fardos abertos iguais: é
muito o caso. Se possível, 2 mochilas GC, a minha rasgou em Goiânia, eu não tinha
reserva, então arrumei emprestada com um Ten do BAC. Nas primeiras semanas, dá
pra conseguir alguns materiais sobressalentes com o pessoal que vai embora,
principalmente comida (FEUPAS) e fardas. A mochila de TFM é uma média
capacidade sem armação. É bizu costurar a barrigueira direto nela. Na mochila GC:
aumentar o tamanho dos bolsos, velcro na barrigueira, clipes (clicks) nos bolsos, velcro
tampa da mochila (alargar a boca), uma “bolsinha” nas costas (tipo o pessoal da selva
faz), aumentar a boca da mochila – pode fazer na Vertical do Ponto ou na correria da
AMAN. Os kits pretos com a etiqueta com os itens por dentro da (tampa)e por fora só o
nome do Kit e o Nr do comandos. Achei bizu aqueles organizadores (Operações) e o 1 o
Soc (que vai no fardo aberto)precisam de 2. O resto não tem necessidade. É bom ter
uns 5 ou 6 cadernos (pequenos, de capa grossa, sem espiral – é mais bizu)
Na mochila: roupa de muda completa – inclusive bombacha, meia, cinto com
fivela, sutaches, gorro, sunga (isso pode ficar tudo no mesmo saco plástico), coturno de
muda (saco separado da roupa de muda), roupa de contato – “tudão”... meia, cueca,
calça, cinto, camisa, calçado de contato,poncho, manta velame, kits, marmita (sem
tampa)+talher+caneco, 3 a 5L de água (camelback ou cantil), lenço tático, óleo WD40,
silicone spray, lanterna, PH feupudo, folhas de Raio-X com Nr reservas (grande –
gorro, fuzil, mochila/ pequeno – pistola, nadadeira, tubinho e máscara), feupas
(comida), cabo solteiro, toca, luva e malvinão. A gente padronizou no bolso do meio:
marmita, talher e caneco; Esquerdo: kit mnt armto, lenço tático, WD-40 e silicone spray;
Direito: 2 cantis8
de água, cabo solteiro enrolado 23 ½ voltas do lado esquerdo.
BIZUS: kit anotação básico (impermeabilizado naqueles sacos grossos com velcro)
com caderno, caneta e mementos – esse ficava saque rápido. O kit Operações feupudo
dentro da mochila. O camel back eu botava naquele bolso interno pra rádio. A noite
botava no freezer (mistura de gatorade com água) e às vezes até empedrava. Ficava
gelado por um bom tempo e dava moral nas marchas/orientações, etc.
É o caso levar da sua OM 1 reforçador para tiro de festim e 1 ou 2 carregadores.
Nunca se sabe, né! Caso de perda da pra safar.
Achei o coturno Kalfeza bizurado pra natação e pras marchas também. A boa e
velha palmilha de havaianas, ajuda muito. Usei uma durante todo curso. A lanterna do
eqp – mag light solitaire ( a menor que tem) é o bizu, durou todo o curso e realmente é
a prova d’água. O canivete do equipamento basta ser uma “faquinha” tipo retrátil, não
precisa ser aquele com um monte de funções. Se você tiver um mais bodoso ou um
alicate com muitas funções leva na mochila. Uma lanterna maior (pode ser mag light
“normal”) num daqueles bolsinhos da GC e ancorada.
Procure não por rolhas na mochila, tipo: rede de dormir, mosquetão, fogareiro,
malvininho, etc. Minha mochila em “dias normais” era uma das mais leves do turno e
sempre carregando tudo previsto. Geralmente a gente andava com 1 ou 2 rações
fechadas. Sempre tinha feupas, todo intervalo de instrução comia muito, chegou no
alojamento comia também, deixe sempre uma reserva boa no armário.
Durante o treinamento, procure usar os materiais que for usar no curso. Ex:
fardo aberto, coturnos, etc. Se tiver dificuldades para cautelar Fz ou pau-de-fogo
“improvise” um. Enrolei uns pedaços de concreto numa borracha de pneu de caminhão
com fita silver tape, botei uma bandoleira, pesei, pronto, fiz um fuzil. Assim dá pra fazer
as marchas sem ter que cautelar no Btl. Eu saía e chegava em casa dos percursos.
Você pode fazer com cano de PVC e por terra/areia dentro, uma bandoleira.
Lembrando, o fuzil pesa 5kg, mas o pau-de-fogo dá uns 3,5kg (pra natação).
Com material é aquela velha história, cada um tem o seu bizu. Então, faça aquilo
que você sempre fez. Se quiser testar algo novo, você tem tempo para isso. Teste e
treine “tudo” que for usar, pois assim você não será surpreendido durante o curso. Se
tiver algum campo na sua OM, por exemplo, já vai com o fardo aberto tipo comandos,
com 4 carregadores de fuzil, etc; mochila mais ou menos igual... isso pra você ir se
adaptando.
Um fator que ajudou muito foi o ESTAFETA. Quem indicou o meu foi o Nardi. E
o cara desembocou demais. Confiei nele de olhos fechados por causa da indicação e
deu tudo certo. O nome dele é EZEQUIAS, porém em 2011 ele já vai ter dado baixa.
Todo dia a gente deixava um saco VO identificado no alojamento com um bilhete pro
estafeta. Ele pegava de manhã e a noite quando a gente voltava pro alojamento já
estava tudo comprado ou resolvido. Além disso, ele deu uma moral antes do curso,
gabaritando os kits e dando uma ajeitada na mochila. Nas liberações, ele fazia
praticamente tudo: entregava as roupas limpas, coturnos engraxados... mochila
arrumada (pronta!) e eu nem tocava nela. Eu deixei meu carro e o cartão de crédito na
mão dele pra ele resolver tudo. Na liberação maior, ele dirigia pra gente até Cabo Frio...
muito nos ajudou. No final do curso passou o fim de semana lá em casa, foi na
brevetação e nos falamos até hoje. Como ele não vai mais estar na ativa vou ver quem
ele indica pra ser estafeta.
Em relação a preparação, acho que é isso!

Dedique-se, seja disciplinado e principalmente focado, pois toda a


preparação influencia no psicológico, que é o fator mais IMPORTANTE para o
SUCESSO no curso.

Qualquer dúvida me liga ou manda um e-mail que eu te passo o bizu.

Agora vou falar sobre o curso pra você ter uma idéia mais específica. Anota as
dúvidas.
CAC 2010

SEMANA 1: apresentação no Rio, teste físico inicial (igual o que a gente tinha feito nos
Cmdo Mil Área), teste intelectual e já começam as instruções.
SEMANA 2: instruções básicas, topografia, COM, 1 os Soc, armto. Todo dia, TFM de
madrugada (antes do café); lutas e natação à noite.
SEMANA 3: idêntica a semana 2. Tem a aula inaugural, recebemos o gorro preto de
aluno (matrícula). Mantém a batida muito forte… TFM, lutas, natação.
SEMANA 4: TRL
SEMANA 5: semana de explosivos /demolições (light). Algumas sessões de natação
(ainda no RIO-RJ).
SEMANA 6: partimos em direção a Goiânia, porém, ficamos em Itumbiara-MG...
Semana da ÁGUA. No último dia: TESTES DE LUTAS.
SEMANA 7: em Goiânia. Semana de TIRO. Havia TFM na madrugada. Acabou a
natação, ainda teve algumas lutas.
SEMANA 8: instruções básicas, COM, 1 os Soc, armto, GAA, Sistema artilharia (em
Brasília), Seg. Aeródromo, etc... Havia TFM na madrugada. Não tinha mais lutas, nem
natação.
SEMANA 9: ações de Comandos (Gp-I- apenas Aç Obj). Passamos a semana na serra
da Jibóia-GO.
SEMANA 10: ações de Comandos (Gp-II- infiltração e Aç Obj). CAATINGA: fomos para
Montes Claros-MG (não foi em Petrolina-PE)
SEMANA 11: SELVA em Manaus-AM, apoio instrução do CIGS.
SEMANA 12: SELVA. Ações de Comandos (Gp III). “Onça aérea”.
SEMANA 13: Goiânia e Formosa-GO. Fizemos uma missão como DRC (Destacamento
de Reconhecimento e caçadores). Gp III: infiltração – Aç Obj – exfiltração.
SEMANA 14: Rio-RJ. Aç Comandos GpIII. Durante a infiltração, houve a captura e
fomos para o CAMPO DE CONCENTRAÇÃO. Depois, a evasão na Serra da Bocaina –
SP para Agra dos Reis – RJ.
SEMANA 1

Cheguei no horário marcado, 3 o D com coturno, com os brevês na farda (sem


stress)na PCL DO CIOpEsp. Já com todos os exames e a pasta de alterações, porém,
quem estivesse faltando algum exame ou fora do prazo (45 dias antes da
apresentação) a princípio nem faz os testes iniciais e já vai embora.
Fui ao CIOpEsp no sábado (2 dias antes) para arrumar meu armário e ver se
tinha alguma padronização. Passei algumas horas lá no alojamento e voltei para meu
ponto de apoio “lá fora”, era o hotel de trânsito da FAB no Campo dos Afonsos. Lá era
barato (R $ 25 a diária), tinha uma estrutura boa – ar-condicionado, TV e era perto do
CIOpEsp (uns 10 min de carro). Fechamos uma equipe de 4 ou 5 tenentes e
procuramos ficar juntos, hotel, restaurante, etc.
Meu N0 era “14” e éramos 52 no início. Eu estava bem tranqüilo, mas queria que
começasse logo o curso. Rolavam vários boatos a respeito da 1 a Semana. Alguns
diziam que não teríamos liberação e que o Domingo seria uma natação gigante já para
balançar a roseira. Nada disso aconteceu. Está vendo como o psicológico é o mais
importante? Muita gente já sofria por antecipação e acabou indo embora.
Na segunda-feira, além da apresentação houve uma Inspeção de Saúde (5 a A).
Foi muito monótono. Ficamos quase todo dia em pé na fila para o médico, apreensivos,
não podia ficar conversando e muito menos rindo. Os instrutores desde já nos tratavam
com seriedade, mas não interferiam muito. Eles ficavam olhando para achar os
conhecidos ou rematriculados (“tentandos”). As atividades só acabaram a noite.
Na terça, após o café, fomos para o teste físico. Primeira prova: corrida de 8km,
calça e boot em no máximo 39 min. Fiz em 38’, administrei meu ritmo porque nunca se
sabe a próxima atividade. Alguns corredores fizeram em 33’ ou 34’, sinceramente não
acho finalidade nisso. Outros fizeram acima do tempo e foram para repescagem no dia
seguinte, se não passassem seriam desligados. Esses já ficaram de moral baixa e
começaram a contagiar os demais que se aproximavam muito.
Em seguida, botamos o 5o A e fomos para o PTC para fazer barra, flexão e
abdominal. Os índices são o “E” do TAF. Os instrutores contam os exercícios e o
padrão é o mesmo do Pqd. São duas tentativas. Passei na primeira em tudo. Alguns
passaram na segunda tentativa, outros não conseguiram e foram para repescagem. Os
instrutores começaram a ficar indignados: “como é que o cara se propõe a fazer o CAC
e não faz o “E” do TAF?”. Realmente é foda. Alguns tetavam por a culpa na contagem
do instrutor. Eles iam no detalhe, tido na Bda, mas não houve palhaçada ou
perseguição. Eu penso que, se meu índice são 12 barras e estou indo pro CAC, devo
ta fazendo pelo menos 15, para ter uma margem de segurança. Tem gente que pagou
pra ver.
Na quarta, fomos para área de Estágio Pqdt fazer a subida na corda vertical, 4m
sem ajuda dos pés. Alguns não passaram e tiveram que fazer no dia seguinte. Tinha
cara que ficava em quase tudo, bola de neve. Depois, fizemos o nado submerso de
15m sem aflorar nenhuma parte do corpo, a flutuação fardada de 15 min e o nado de
400m em 19 min. Não me lembro os índices para ser apto e a sequência das provas.
Todos passaram na flutuação e o nado normal. Alguns ficaram no submerso porque
afloraram o pé... bola de neve. É o caso passar em tudo de primeira! A tarde fizemos a
PPM em um dos Btl da Bda Pqdt. O sol estava muito forte, não me lembro o tempo
para apto. É o co caso ir de relógio controlando o tempo. Uns 3 ou 4 não conseguiram.
Na quinta, foi a marcha de 16km, mochila de 15kg, em no máximo 2h45min. São
2 voltas de 8km, o percurso é localizado e tem placas a cada km ( acho que estavam
faltando umas duas placas). Muitas subidas e descidas, algumas partes o terreno é
meio fofo (areia), na maioria é terra batida. Controle o tempo a cada km, fiz em
2h42min (10 minutos a mais do que eu tinha feito no teste preliminar) e cheguei
cansado. Moral na subida dos comandos (2 vezes)! Dê uma corridinha nas descidas
íngremes, isso ajuda a fazer no tempo. Eu acho que uns 15 caras não fizeram o tempo
e alguns pararam no meio do percurso voluntariamente- ou seja: pediram para ir
embora.
A fila dos desligamentos aumentava, o turno diminuía. A marcha só era uma
tentativa.
Na sexta-feira, foi o teste escrito. O Cmt do Centro mandou todo mundo fazer a
prova, mesmo os desligados. Na verdade éramos apenas 24 aptos. Após a prova,
começaram as instruções, TFM, natação, lutas, etc. Nesta primeira semana até a
quinta deu pra dormir tranqüilo. A partir de sexta, começou.
Acho que fomos liberados no Domingo de manhã, para voltar a noite. Fomos
para o Hotel, o Estafeta deu uma moral, comemos e toramos o quanto deu. Liguei para
casa e o pessoal estranhou só terem 24 após 1 semana de curso.

SEMANA 2

Agora eu era o aluno “08”. Nessa semana praticamente dormíamos 1h...2h no máximo
por noite. Sendo que após liberados, era Mmt Armto, trocar a farda molhada, ajeitar
alguma padronização. O bizu é não rolhar, ir logo pro que interessa, arrumar tudo o
mais rápido possível, comer feupas no armário e torar o quanto der. Tinha cara que
ficava rolhando, conversando, demorava abrindo e fechando a mochila... não dormiam.
As instruções eram básicas. A única novidade pra mim foi o 1 os socorros, pois
era mais detalhada do que na AMAN, tinha aplicação de soro/injeção, etc. Topografia,
armto, com. Como essas instruções não são muito vibrantes, tinha cara que dizia: “o
curso é uma merda, não é motivante...vou embora” Toda noite teve natação depois
lutas...alternando com lutas e natação (só mudava a sequência). Na madrugada, antes
do café TFM.
Era mais ou menos assim: de 19-22:30h lutas; 22:30-02:00h natação. No outro
dia invertia a sequência. Eu preferia a natação depois lutas, porque nadar depois de
uma sessão de lutas era muito jângal, os braços ficavam destruídos. No caminho eu
tomava alguns géis de carboidrato e passava tipo um “gelol” nos braços para ajudar na
natação.
Por volta das 04:00h era o horário pronto para TFhM. Se fosse 03:30h e
mandassem levar capacete, a gente já sabia: pista de cordas na Bda Pqdt.
Geralmente, eram duas passagens. A primeira sem mochila e a segunda com a
mochila de TFM (média capacidade com 1 muda, 1 par de coturno, 1 ração R2 e 2
cantis plenos). Sempre com Pára-fal, 4 carregadores plenos, PST, 1 carregador
reserva pleno. Atadura de peito “invertida” (para trás... nas costas). Eles não falavam
qual era o índice, mas a gente desconfiava que era até 12 min, podendo queimar até
dois obstáculos. Isso na segunda passagem (mochilado). Eu não passava no Tarzan e
no Jacaré. De mochila é muito difícil. Pouquíssimos alunos conseguiam. Mas eu fazia
em menos de 12 min. Dava pra safar, mas nós terminávamos muito na merda, todos
cheios de areia e até o talo. O Embarque/Desembarque na 5TON era muito sanhaço
também, cada um com duas mochilas...
Outro TFM era a corrida. Eles diziam ser progressiva. Na primeira corrida foi
busto nu com fuzil. A partir da segunda corrida era fardado, com equipamento, mochila
de TFM e fuzil. Acho que era 8km e eles não falavam o índice. O bizu é não passar di
instrutor (geralmente um cb/sd Comandos) que vai na frente localizando o caminho,
mesmo porque ele corre demais e some no terreno; e não deixar um outro instrutor que
vai correndo mais “normal”. Na hora você vai ter o “feeling” de perto de quem você
deve chegar, não seja o primeiro e nem seja o último. O ritmo é meio puxado, termina-
se na merda.
As marchas também são TFM. Acho que começou com 12km, depois 20km e a
maior 24km. Eles falam o índice antes da largada. O 10,0 é sanhaço, só se o cara
correr quase todo o percurso. Não é bizu ficar abaixo de 5,0; eles esculacham o cara e
tentam convencê-lo de ir embora e se preparar melhor para voltar outro ano. Não caia
nessa, é tudo pilha. Tem índices que são tão jangais que já são pro aluno não
conseguir, ficar de moral baixa e pedir pra ir embora.
Durante o dia, tivemos instrução de banquinho. Eu sentia muito sono. Não é o
caso dormir; o aluno do seu lado é que vai te acordar com uma tapona na cara ou você
vai até o talo na piscina.
Às vezes tinha lutas a tarde também ou uma pista de orientação. Eu ficava muito
na “Mike”à noite. O bizu das instruções banquinho é que dava pra recuperar a carcaça
e comer muitas feupas na mochila.
Essa batida era muito insana. Alguns alunos não agüentaram e pediram para ir
embora. Na alvorada, sempre tinha um que já nem ia pra próxima instrução (TFM). Na
natação também pediam desligamento.
No final da segunda semana, éramos 10. Ainda não estávamos matriculados,
usávamos gorro de pala camuflado com esparadrapos com o n o a frente e
á retaguarda. A maioria dos meus amigos já tinham pedido pra ir embora. Da equipe
que ficava no hotel só sobrou eu e o 05 (os únicos da mesma turma da AMAN). Você
se abala um pouco no início, depois parece que é normal, só não pode se contagiar e ir
junto. Quando algum conhecido comentar que não ta dando mais e ta pensando em
pedir... dê uma moral pra ele, motive-o... se o cara reagir à sua motivação... é porque
ele realmente não quer mais, ele já se decidiu e, na verdade, pra ele seria mais
confortável que você também fosse embora com ele. Negão!!! Sai de perto dele.
Infelizmente, ele não quer. Mas você quer... então continue com seu compromisso com
a caveira. Não converse com os que foram embora e ainda ficam uns dois dias
perambulando pelo alojamento, todos se arrependeram. A não ser que algum amigo
queira te motivar e dizer: “Não faça a mesma merda que eu fiz. É a pior coisa do
mundo”. Quando ouvir isso de um cara sensato, ele me motivou. Você achará normal
com o passar dos dias, e quando alguém for embora você vai piruar ficar com as
comidas do armário do cara ou algum material.
Tivemos uma liberação. Deu pra virar uma noite dormindo no hotel. Acho que o
retorno foi as 19h e já tinha instrução teórica a noite toda. Procurava falar com poucas
pessoas que motivavam nas liberações: meus pais, meu irmão e minha namorada
(hoje é minha esposa).
Vamos lá para mais uma semana de CAC! O grande n o de desligamentos fazia
com que a gente valorizasse cada dia que passava.

SEMANA 3

Comandos 04! COMANDOS! Meu número mudou pela última vez. COMANDOS
05! COMANDOS! A dupla ta mantendo e nada nos tira do nosso objetivo.
Fomos matriculados, recebemos o gorro preto numerado.Éramos 10, sendo 6
oficiais e 4 sargentos. Teve a aula inaugural e... nada mudou. A única diferença é que
agora os instrutores batiam na gente. A semana é muito parecida com a segunda. Só
que a carga maior. Aumentamos percursos das marchas, corridas e orientação; o peso
da mochila passa a ser 20kg, as natações são mais raladas, flutua-se mais tempo.
As lutas foram com 3 professores diferentes no nosso curso. Tivemos um mestre
jiu-jitsu/WMA, um de “Krav Magá” e um de uma técnica chinesa (não lembro o nome).
Eles eram civis, mas tinham o costume de ministrar instruções para os comandos e
outros militares. Cada dia era um tipo diferente, mas acho que jiu-jitsu foi a maior
carga-horária. Sempre nossos instrutores (comandos) acompanhavam as instruções e
no final, fazíamos um aquecimento com rolamentos e aí, partíamos para a “roda”
também conhecida como a sessão de “padoks”. A pancadaria rolava solta. No início, é
um contra um, às vezes de luvas de boxe e protetor facial (bucal tbm), às vezes sem
nada... tapa de mão aberta. Caso o aluno ficasse milindrado ou acochambrando o
companheiro, rolava um Gp de homens. Aí o cara tomava uma surra das boas por
longos minutos.
Como a maioria não tem muita técnica e eles cobram nossa agressividade,
acaba sendo uma pancadaria. No final eu terminava muito na “Mike”, a respiração
ofegante, todo molhado de suor, os braços travados (uma dor insana perto dos
cotovelos), o rosto quente de levar porrada, às vezes meu nariz sangrava, etc... mas
mantém! Comandos. Evite aparecer negativamente e positivamente também. Se eles
notarem que você é lutador vão cobrar mais. Já sai das lutas mentalizando a natação.
Atividade mental positiva. “Vai dar tudo certo”. Tô cansado, mas sempre dá”. “Vontade
acima da possibilidade”.
A natação. Não encare como um bicho de 7 cabeças, pois não é. Você treinou,
você desemboca na hora. Muita gente faz uma mistura em sua cabeça maquinando ser
algo impossível... falta de preparação psicológica. Treine bastante e fique sempre
calmo na água, controlando a respiração e pensando em tudo que está fazendo. A
gente entrava em forma com pau-de-fogo + PPTM (pé de pato, tubinho e máscara),
fora da piscina, tirava a mochila e deixava o fuzil, PST e carregadores fora na
arquibancada. “Pra água”!!!
Normalmente, ficávamos nadando em duplas dando voltas na piscina
(quadrado) no nado militar (sem afundar a cabeça). Não me lembro que quanto tempo,
mas ia aumentado a cada sessão. Depois íamos para borda e fazíamos apnéia
estática, dinâmica e nado indiano. Os instrutores anotavam quem não conseguia fazer.
Às vezes, nadávamos com PPTM ou só com o pé-de-pato num nado lateral (“side
stroke”)... e ficávamos dando voltas na piscina. No final, entrávamos em forma dentro
da piscina para flutuação... os primeiros acho que eram de 15 min... no final acho que
dava uns 40min. Em seguida, desequipagem. Sempre terminava com flutuação e
desequipagem. Nunca fizemos equipagem (eu treinei e acho que me ajudou a ficar
mais tranqüilo na água). O pé-de-pato era um que se calça com coturno. Alguns se
agoniavam na desequipagem, perdiam peças do uniforme, o instrutor dizia que só
sairia se estivesse com tudo pronto... acabava pedindo desligamento.
Como eu falei, o pessoal põe muita mística na natação. Teve um dia que tinha
muitos instrutores acompanhando a sessão, porque tava tendo o C Mergulho de dia, e
à noite uma porrada de FE ia na piscina. Eles falaram pra caramba, operaram
psicologicamente alguns alunos... e uns 4 foram embora. Eu marquei no meu relógio.
Essa sessão não durou nem 50min. Normalmente, era bem mais que isso. Mais uma
prova de que: quem manda é a mente.
Nessa semana fizemos uma pista de orientação, acho que foi em Gericinó. Não
é difícil de se orientar, mas os pontos são no jangal, elevações altas, longe uma das
outras. Normalmente 1 ponto é técnico, o restante é atributo. Eu tinha o passo aferido,
isso ajudou bastante. As primeiras pistas, a carta era 1:25mil, depois 1:50mil. Eles
cobram muito a preparação da carta, plastificação, cada ponto num contact diferente...
achou o ponto, tira o contact pra não denunciar o itinerário, etc.
Dos 10 que iniciaram a semana, 3 pediram desligamento. Nós estávamos muito
debilitados fisicamente, a batida foi forte de novo e dormíamos pouco. Sabíamos que
em seguida será a semana do TRL. Não adiantava sofrer por antecipação e sim
conscientizar a mente que: semana que vai ser pauleira, mas vai passar. Nenhum
sofrimento dura pra sempre.
Antes de sermos liberados, fizemos exames de sangue e urina. Depois nos
falaram que nossas “taxas” estavam fora do normal e que nosso organismo estava
debilitado. Foi aí que o cmt do Centro aumentou nossa liberação, passando para dois
dias. Isso caiu como uma luva, era tudo o que a gente queria. Recebemos orientações
dele e do “DOC” para dormir, beber e comer até o talo... descansar, se hidratar, se
alimentar... Não deu outra. Fui pra casa com o 05 e deu pra recuperar a carcaça.
OBS: Nesta semana tivemos instruções de animais peçonhentos no IBEX, instrução de
patrulha (normas de Cmdo, TAI, etc).
Durante o descanso foi o tempo todo espairecendo mas mentalizando o TRL, o
nosso próximo grande desafio. Comandos!!! Até o fim!!!
SEMANA 4

Tínhamos que estar prontos à noite no “Camboja” e as mochilas deveriam estar


pesando 25kg+água sobressalente (padronizado no min 5l). Chovia muito no Rio,
ficamos no sanhaço pra chegar no Centro. O 01 sempre marcava 2h antes com o turno
pra gente fazer a faxina do alojamento e verificar as padronizações. Nosso carro ficou
na chuva (rua alagada), deu PT, chamamos um táxi, não dava pra entrar no Camboja
de carro. Desembarcamos (estávamos em 3) e fomos a pé com água até o joelho,
paisano com as mochilas nas costas. Resumindo...mó sanhaço.
Um dos nossos começou a se desesperar, pois sua mochila não estava com
25kg e faltavam minutos pra se apresentar (Obs: é assim que começa o barro
psicológico) (obs2: no dia seguinte ele pediu pra ir embora).
Fomos para instrução teórica de topografia, coordenadas geográficas até o talo,
à noite inteiras sem dormir. A gente comentava uns com os outros: “é comandos, é a
semana do TRL”. Iniciava então na segunda pela manhã com a chamada orientação de
24h. É uma pista diurna e uma noturna que só acabou na terça as 5:00 da manhã.
As pistas eram muito longas, as elevações eram: Jaques Piriquito, Morro de São
João, Ubatan e por aí vai. O sol tava rachando, tinha abastecimento de água entre a
diurna e a noturna. Comia-se R-2 durante a pista. Sinceramente era muito difícil de
gabaritar os pontos e chegar antes do tempo limite. Mas acho que de 7 pontos dava
pra buscar 4-5... acima da média.
Pra pista noturna, rolava o bizu de pegar rápido os pontos, descansar um pouco
e chegar próximo ao limite do tempo. Isso é relativo. Tem que avaliar na hora e sentir o
“termômetro”. Alguns fizeram isso e deu “certo”, outros dormiram e perderam o horário.
Eu que cheguei por volta das 5:30 apanhei demais. Imagine aqueles que só
apareceram as 9:00 com toda a equipe de instrução rodando feito louco atrás deles?
Esses foram prometidos para o TRL (mas entenda, tudo é um jogo psicológico). Com
tanta pressão, antes de sairmos do local de orientação de vtr, os dois pediram
desligamento. Um realmente não tinha o estilo comandos, mas o outro cara tava bem
de carcaça... foi o mesmo que se ensurubou na noite passada pra por os 25kg na
mochila e já estava meio desesperado. Resumindo, iniciamos a preparação para o TRL
na terça de manhã com 5 alunos.
Três missões: Ter/Qua/Qui – Pedra Branca; Curumin; Medanha.
Anda-se muito (das 19h até umas 7h do outro dia); com muito peso (além da
mochila tem material/armamento coletivo); não dorme nada; apanha
demais...COMANDOS!!!
TERÇA: comida normal e água normal.
QUARTA: reduz a comida e 2l de água.
QUINTA: muito pouca comida e 1l de água.
SEXTA: nada, é o TRL propriamente dito.
Na sexta, eu só estava o “papel”. A sede é a maior de todas, você acaba
esquecendo um pouco da fome. Estava muito fraco e zumba. Dava vontade de beber
as poças de água/lama do chão. O corpo todo doía. Mas a mente: Comandos! Vou
conseguir! Até o fim! Desistir jamais! Tudo passa! Uma hora vai acabar!
E foram 20 oficinas simples, mas duraram toda a manhã. Foi muito bom terminar
o TRL do curso de Comandos. Um grande desafio. Me senti muito orgulhoso e
motivado. No final, um banquete de sucos, frutas e sopa nos esperava no refeitório.
Comi como um animal, bebi muito suco, um atrás do outro. “É o que é”.

SEMANA 5

Após o TRL a liberação não foi grande, acho que 1 dia (ou 1 dia e meio), mas dá
pra recarregar. Éramos 5 alunos e começou a semana de Explosivos e Destruições.
Foi uma semana “light” com muita instrução de banquinho, porém ainda tivemos
sessões de natação à noite, pois na semana 6 iríamos par a “ÁGUA” e tem alguns
índices que todos devem atingir na piscina para estar apto a ir para o mar/represa
(ambiente não controlado).
Os instrutores foram 3 sargentos FE especialistas em Demolições. As instruções
foram excelentes. Vimos praticamente todo o manual de Explosivos e destruições
(aquele de engenharia). Cálculo de carga até o talo, calculadora científica, memento,
tabelas. Sabíamos que no final da semana iríamos praticar todos os tipos de
destruições e não deu outra. Acho que foram uns dois dias na região do “bambual”.
Realizamos corte de madeira, aço, cabo de aço, corrente, coquetel molotov, alguns
explosivos improvisados, preparamos o “ANFO” que é usado par abertura de crateras,
abrimos 2 crateras, explodimos a chamada “fire Ball”, cara Charlie para abrir porta com
cordel detonante, cálculo da distância de segurança, demonstração de IED (improvised
explosive device)... dispositivo de explosivo improvisado, etc...
Na fase de ações de comandos, tivemos algumas missões de destruição e
interdição. Então é bizu sugar o máximo de conhecimento dos instrutores porque lá na
frente você vai precisar. Também no final da semana teve uma prova teórica de
feupuda de Explosivos, tinha umas 6 páginas, podia usar a tabela de cálculos e a
calculadora.
É complicado dizer que a semana foi tranqüila. Tivemos instruções de técnicas
aeromóveis (ZPH/Locater), técnicas aéreas (ZP-zona de pouso) e aeroterrestres (ZL-
zona de lançamento). Essas instruções são chamadas de Operações Aéreas. Vimos a
parte teórica: características das aeronaves de asa fixa e asa móvel, sinais e gestos
com o piloto (balizamento), comunicação terra-ar (terra-avião), os tipos de sinalização
(painéis-locater). Na parte Aet, vimos quantidade de paraquedistas por avião (armado e
equipado/”coca-cola”), nr de homens por porta, cálculo da ZL, etc. Aprendemos
inclusive a calcular e realizar o lançamento do solo (já-já-já).
A parte sugada das Op aéreas era montar os painéis. Um sol forte e a gente
naquela área gramada (campo de parada) do Camboja correndo para cumprir a missão
no tempo. Exemplo: balizar uma ZL para o lançamento de uma carga de um (H)
Amazonas ou o pouso de 3 helicópteros, etc... em tantos minutos.
Teve uma avaliação prática. Era individual. Você recebia os dados, fazia o
esboço dos painéis (parte teórica) e em seguida ia correndo montar os painéis. Acho
que o tempo total era uns 30 minutos, mas era bem corrido.
Para encerrar tivemos a prática noturna na ZL dos Afonsos. Balizamos a ZL com
latas (estopa, serragem e óleo queimado), estrobo light e tochas. Como deu pane no
avião acabamos não lançando as cargas, mas montamos tudo e fizemos a
comunicação rádio. Lembro que estávamos cansados e o tempo todo de mochila. A
coisa não ficou boa quando tivemos que exfiltrar do local e não fizemos o cheque do
abandono, deixamos um pote de álcool em gel e uma tocha pra trás. Resultado:
exfiltramos correndo cheio de latas, saco de serragem, engradado com os painéis...
(tudo ensurubado) e as tochas viraram lamba. Doeu demais. Chegamos na ponte do
arroio já na merda e fomos todos para o rio, debaixo da ponte, onde a água é muito
podre. Quem era Rep do curso disse que todo ano rola o justiçamento... ou melhor... a
Ret Ap na ponte do arroio. Os instrutores fazem perguntas. Se acertar sai da água, se
errar é apnéia. Mas nem sempre acertar garantia a sua saída da água. Depois,
retraíamos de 5TON para o Camboja. O tempo todo: “Ao tempo 3... Canção dos
Comandos... 1,2,3... Na paz ou na guerra sempre há...”
Tivemos uma liberação um pouco maior. Acho que 2 dias. Fui para casa com o
05 e o 10. Nosso estafeta também foi junto, dirigindo o carro. Preparamos a mochila
para a semana da água. Dois sacos plásticos em tudo, ao invés de 1. Nossa última
natação em piscina era tipo teste. Nadamos um bom tempo nado militar, depois com
PPTM e uma flutuação grande (acho que uns 40 min). Vimos o dia amanhecer na
piscina do Camboja. Essa cena marcou. Sentíamos que mesmo faltando muita coisa,
estávamos conseguindo nos manter na busca da carreira. Estávamos bastante unidos.
Vibramos em saber que passaríamos um tempo em Goiânia... ou seja, fora do
Camboja... foi bom isso pra gente, parecia uma nova fase do curso. Nosso alojamento
no Rio não tinha água, faltava luz, a comida era muito fraca... mas mantém e
COMANDOS!!!!

SEMANA 6

Apresentamos-nos a noite no Camboja e teve uma espécie de cerimonial


próximo a piscina. Resumindo, não deu tempo de fechar tudo no padrão e tivemos que
ensaiar a saída de Helo Casting da plataforma, jogando a mochila na água e saltando
em seguida... ou seja, toda preparação não adiantou muito.
Fomos de ônibus em direção à Goiânia. A parte boa, não “mexeram” com a
gente na viagem. Talvez porque tinha uma mulher (civil: esposa de um instrutor) e duas
crianças no ônibus. Então fomos torando na viagem, só um aluno de plantão no
motorista. Dormimos em Uberlândia – Btl Mtz e pela manhã seguimos para a represa
de Itumbiara-MG.
A primeira atividade era uma flutuação de 30 min e uma desequipagem. Como
ventava muito, fazia muita marola. É diferente de uma piscina com 5 alunos. Lógico
que no mar é pior. Não sei o motivo de ter sido na represa, mas, enfim, estávamos lá
na água. Em seguida tiramos um azimute de um Pt de referência e fomos nadando até
ele e voltamos (acho que foram umas 2h ou menos).
O que foi mais jângal nessa semana foram 2 orientações a remos (botes
zodiac.), sendo uma noturna e uma diurna. E 2 infiltrações a nado (superfície) com
PPTM – seguindo o azimute (bússola com ponto luminoso é fundamental) – espinha de
peixe (cordada). Obs: o pé-de-pato que usamos durante todo o curso era um que
calçava junto com o coturno.
Dormíamos ao relento e toda manhã tinha TFM (corrida de uns 8km, busto nu).
Tivemos instruções de tiro embarcado, assalto à margem vindo de uma cordada
(cabeça-de-praia), motor de polpa, botes, desviar embarcação na água, abandono de
embarcação em movimento, etc. Sempre molhados, usávamos bastante hipoglós e
vaselina; as noites eram frias.
Ainda tivemos algumas instruções de lutas já direcionadas para o Teste em
Goiânia. Agressão com faca, pistola, porrete, fuzil (tentar arrancá-lo da sua mão).
Foram à noite, mas não tinha os desgastantes “padoks” (porradaria).
Antes de retrair fizemos uma marcha forçada (correndo alguns trechos) e com
“incentivo” nas pernas. Deve ter dado uns 12km. Embarcamos na 5TON e fomos para
Goiânia. Abrindo e fechando a mochila (“cerimonial”) na Vtr durante toda viagem. Foi
foda. Quando anoiteceu estávamos chegando no BAC e já sabíamos que haveriam
vários Comandos insandecidos só nos esperando para o “abate”. Adrenalina a mil.
A cada oficina tinha uma “ameaça”, quando retiravam o capuz da nossa cara, lá
estava ela! Agressividade sempre. Tem que fazer algo e não simplesmente ficar se
defendendo e apanhando. Os deslocamentos eram correndo com um guia. Além de
tudo, a gente saía muito cansado e ofegante de cada oficina. Tivemos: agressor com
faca, com pistola, no mano-a-mano (luva de boxe), agarramento, gravata, bastão,
grupo de homens (com bastão), tentando tirar o fuzil da sua mão, entrar num cômodo
com rolamento e pistola na mão e atirar em dois agressores, e por ai vai.
Usamos proteção no rosto e algumas oficinas colocaríamos luva e protetor de
tórax. Isso ajuda a não ter acidentes, porém a pancadaria rola do mesmo jeito.
Comandos! O farol é a enfermaria, deitar, por gelo no corpo e tomar umas injeções de
analgésicos... estava terminando o teste de lutas. Mais um degrau conquistado.

SEMANA 7

Atiramos praticamente uns 3 dias, de manhã, à tarde e à noite. Foi um módulo


básico de contra-terrorismo. Fz MD97(5,56mm), PST IMBEL e Cal 12. O instrutor foi
um sargento FE especialista em Armto. Tiro rápido, de pé nou joelhos, a curtas
distâncias. Ficamos muito tempo na posição de tiro, o sol não ajudou. Eu usava uma
joelheira pequena (combate em localidade) por baixo da calça, escondida; pois meu
joelho não estava 100% e eu imaginei que íamos ficar muito de joelhos. Foi uma boa
opção.
Havia TFM de madrugada. Pista de cordas com mochila, corrida com mochila
(de TFM) e marcha. Algumas instruções de lutas (técnica chinesa) na parte da tarde e
o instrutor de lutas nos operando dizendo que se estávamos tendo instruções é porque
seríamos avaliados de novo (um 2o teste de lutas). Mas não passou de Op Psicológica,
era pilha.
Realizamos tiro das armas coletivas: minimi, MAG, canhão corl gustav; armas de
caçador: AGCL, M-24, Barret.50; tiro embarcado de 5TON e Land Rover.
Éramos liberados por volta da 00:00 e o TFM era às 04:00h pronto.
Houve um cerimonial inopinado, era o caso estar sempre com o fz (MD97...
quando ficamos no BAC trocamos o 7,62mm, é mais leve), a PST e os carregadores
manutenidos. Então quando íamos para o alojamento... Mmt antes da tora. O bizu era
comer muito bizu do armário antes de torar e assim que acordar, para ter energia para
o TFM. Nessa altura do Curso, estávamos mais safos e pensávamos nessas “ratarias”.
Conseguimos uma corrente e cadiado no “sub-mundo” e trancamos o alojamento por
dentro, assim não precisava ter plantão toda noite. Tínhamos um rádio-relógio feupudo
que tocava alto pra gente não perder a hora. O comandos é um Rato!!!
Tivemos nossa última “grande” liberação. Após tentar por várias horas entregar
o fuzil e a pistola manutenidos ao instrutor que, a cada tentativa, custava uma ida pra
água e molhava algumas peças. É nessas horas que você deve ter paciência,
equilíbrio... estar com o psicológico em dia. Eles cansam sua mente, depois dão uma
liberação, para quando você voltar estar abalado e pensar em ir embora. Os comandos
têm a cabeça no lugar, nada derruba o seu psicológico!
De sexta à noite (22:00h) até domingo (22:00h). Minha namorada e a do 05
vieram para Goiânia e, na minha opinião, elevou muito a moral. Ela me apoiou o tempo
todo durante e antes do curso, nas ligações me incentivava e foi o caso vê-la. Mas isso
vai de cada um. Tem gente que prefere não ter contato porque acha que vai para a
próxima semana de moral baixa e vai bater o “banzo”. Ou a mulher vai te ver na merda,
todo arrebentado e vai ficar te questionando. Tem gente que não é o caso ligar para
mulher ou para casa. Pra mim, ajudou e funcionou. O comandos é “anti-banzo”. Foco
em terminar o curso. Curtir a família... só quando acabar... em junho.

SEMANA 8

Já na madrugada (por volta das 03:30h) tomamos “café” e partimos de 5 TON


para Brasília. Tivemos 1 dia de instrução de artilharia no GAC e no GAAAe, pegamos o
bizu de como interditar uma bateria de foguetes (astros), etc. Voltamos já à noite.
Não teve mais lutas (conseguimos essa informação com o prórpio professor civil
– só na rataria), mas o TFM na madrugada manteve com força. Fizemos uma prova de
marcha de 16km. Acho que o 10,0 era 2h 12min. Nós 5 fizemos juntos em 2h10min.
Corremos em todas as descidas e no plano, andamos nas subidas. O gatorade
congelado no camel back dentro da mochila com a mangueira para fora foi bizu. Pista
de cordas e corrida...
Tivemos instruções de banquinho: comunicações, Primeiros socorros (sutura),
Armto do BAC e BFE, Segurança de aeródromo (tenente da FAB), Guia aéreo
avançado, Prisioneiro de guerra (interrogatório, EC, EC da EC, sinais e gestos, etc),
convenção de Genebra, Haia, etc..., evasão, RAFE e LAFE, combate em localidade
(progressão, entrada tática, arrombamento), TAI Of e Def, Normas de comando (Ações
de Comandos).
As práticas foram, que eu me lembre, ... GAA, fomos para a região de Silvânia
conduzir o tiro de uma aeronave (tiro real) diurno e noturno (conversação rádio direto
com o piloto; preparação da carta; “atenção para o Balsing”), combate em localidade:
bastante entrada tática na casa de matar e fizemos 2 progressões (diurna e noturna);
TAI e ATCI: Ações táticas em contato com o inimigo, retraimento cascata, etc...
Lembrando que os Comandos têm que ir para água em Silvânia (iiiihrááááá). É uma
merda estar 5 alunos junto com o DAC de Comandos, Cb/Sd, também conhecidos
“cães”, insanos em torno da gente.
Essas práticas também sugam. Estávamos na expectativa para entrar na fase
de Ações de Comandos. Algumas instruções (não muitas), preparação final do kit cx
areia, caderneta/memento do Cmt DAC, etc.
Planejamos a primeira missão (escola) – sem execução. Fui o Cmt DAC. Muita
correria para fazer a O Prep... e O DAC. Lisolenes, cx de areia, entregar a cadrneta,
etc. Muitos instrutores durante a missão da ordem “tacando pedra”... Normal.

SEMANA 9

Essa semana foi praticamente e literalmente uma missão atrás da outra.


Corrigindo, a missão escola foi nessa semana.
Na segunda-feira (19abril) recebemos a missão escola. Sua ação no Obj era
“teoricamente” a 01:30h do dia seguinte. A partir daí fomos para a Serra da Jibóia.
Emendou tudo até o último dia.
Terça-feira (20abril) as 22:00h, missão de resgate. Quarta (21)as 21:00h:
interdição de ponte. Quinta (22) ao 12:00 (meio dia), neutralização de guerrilheiros.
Sexta (23) as 06:30, captura de material. Sábado (24) entre as 04:00h e 06:00h,
emboscada. Após isso, retraímos vtr para o BAC, preparação para a caatinga... “cases”
cheios de material e armto, embarcar mat vtr, mnt armto até o talo, etc...
No GPI nós não dormíamos. Ao chegar de uma missão, recebíamos as ordens
para a próxima. Éramos 5, foram 5 missões, cada um comandou uma. Todos fazem as
cadernetas individuais, dependendo do instrutor pode planejar em grupo. É cobrado o
máximo de lisolenes possível. O”ideal” é que tudo que for falado na O DAC esteja em
algum lisolene. No final da ordem, queima-se tudo (sigilo)... escondíamos os que
repetiam (Sit geral, cond metereo, TAI, Com, etc) para reaproveitá-los... se fosse
plotado podia não ser bom... Eu fazia anotações com caneta de retro ponta-fina no meu
memento (é como se fosse aquele de patrulha da AMAN – SIEsp, porém tem algumas
diferenças, peculiaridades e detalhes). Quando não cumpríamos alguma missão roalva
um “incentivo” (lamba) forte. Quando cumpríamos, os instrutores enfatizavam as
expectativas negativas e o justiçamento rolava assim mesmo. Como já sabemos, não
há reforço positivo da equipe de instrução. As ordens são “tacação de pedra”,
perguntas defíceis e questionamentos mil. O bizu é anotar os erros e consertar na
próxima ordem ou missão. Assim, você não erra duas vezes. Não é o caso cometer os
mesmos erros sempre. Não adianta pensar em não dar gás e pagar com a carcaça. Os
comandos tem que sempre dar o seu melhor (principalmente psicologicamente).
Mesmo assim, não tenha pena de sua carcaça, pois ela ainda será muito judiada.
“Moral de bicho”.
Comandei a quinta missão e foi muito vibrante. Foi uma emboscada com
munição real, muito tiro 5,56, MAG e assalto com Gr mão. Recebemos 8 Comandos
(Cb/Sd) do Camboja para completar o efetivo. Você vê de perto o profissionalismo e o
estilo Comandos.
Chegamos no BAC no sábado, começou a preparação de material para
caatinga. Por sorte o voo atrasou um dia... Já começamos a ver uma pequena luz,
muito pequena mesmo. Mas já era alguma coisa. Tudo bem que ainda faltavam 5
semanas, mas já se foram 9... mais que a metade. Sabíamos que a próxima semana
não seria fácil, mas unidos como irmãos. Comandos!!!!
SEMANA 10

Montes Claros – MG, norte do estado, divisa com a Bahia.


O ruim de viajar com o curso é que deve levar todo material. Por aluno eram 2
sacos VO (1 com parte militar e outro civil) e um velame com comida, material de
higiene e dinheiro. Embarcamos os “cases” nas 5 TON, desembarcamos no aeroporto,
embarcamos na anv... chegando lá, tira do avião, põe na vtr, tira da vtr, põe nas
reservas de material. Mão-de-obra: os alunos. Mas, na bucha, isso é rolha.
Tivemos instruções teóricas (banquinho) de Op Contra F Irregulares... Guerra
Irregular, guerra interna, guerrilha, subversão, sabotagem, terrorismo, etc... O pessoal
do Btl de M. Claros ministrou uma instrução de alimentos de origem animal e vegetal
do cerrado, foi o nosso café da manhã.
Sabíamos que se fosse em Petrolina – PE o clima seria pior do que em Montes
Claros. Foi a primeira vez que o CAC não foi no 72 o. Isso muda a cada ano. Alguns não
tem caatinga, Pantanal, montanha, etc... Mas independente do ambiente, pode ter
certeza que o jângal e a dificuldade estarão presentes.
Recebemos então a missão. Era um quadro de Guerrilha em fase de expansão.
Por esse motivo, sabíamos que as missões viriam seguidas (uma atrás da outra) e que
não teríamos uma base fixa... ou seja, op continuados. Gp II: infiltração e Aç Obj.
Missão: interditar o campo de pouso utilizado por narcotraficantes na Qd... até
30 0600Abr10; fixar ECD solicitar ressuprimento e operar ZL para ressup. Classe I e IV
no ponto Coord... em 010500maio10.
Tivemos bastante tempo para planejar e preencher a caderneta. Era individual
não podia conversar. O objetivo era preenchê-la toda no padrão. As O Prep e ao DAC
tinham que ser bem detalhados, as exigências eram grandes, os ensaios o máximo fiel
à realidade. Tudo que se planeja e emite na ordem é o que vamos executar.
As mochilas pesam muito e a gente andou demais. Muito material coletivo.
Andamos até cumprir a primeira missão. Eu era o Cmt equipe destruição. Foi sanhaço
coordenar a instalação das cargas para abrir crateras no campo de pouso. As minimi e
as MAG insandeceram no assalto (festim). Depois da Aç Obj tivemos que cavar
buracos de 1,5m para instalar cargas no solo duro do cerrado. Tem que planejar algo
exequível. Demoraríamos horas para cavar os 24 buracos e não cumpriríamos a
missão no tempo. Deveríamos planejar uma carga explosiva própria para “furar” o
chão. Pagamos com a carcaça.
Seguimos de vtr para o local determinado para operar uma ZL (noturna). No
caminho a vtr deu pane e não saía mais do lugar (tudo planejado pela equipe de
instrução). Fomos andando então, e era longe. Muita sede e muito peso. Carregamos o
material que planejamos (latas grandes: poderiam ser as da própria R2; uns 5kg
cerragem: poderia se menos; não sei quantos litros de gasolina: não precisava tanto; e
por ai vai...). Toda hora dava vontade de sentar e tirar a mochila.
A orientação foi difícil, mas chegamos no ponto. Balizamos a ZL e recebemos a
próxima missão. Realizar um contato. Fomos andando até a nova coordenada e o
contato resultou em ressuprimento de água, um guia local civil, 06 Cb/Sd Comandos
pro nosso DAC e um novo ponto de Clt... andamos muito.
Esse novo Clt, local de difícil acesso... fui até lá com o 10. Eu era o SCmt e o 01
era Cmt... era próxima a um trilho de trem. Voltamos com a informação do local de um
acampamento guerrilheiro e, quando informamos ao Escl Sup, recebemos a missão de
resgatar um refém que estava em cativeiro nesse local. Viramos a noite andando e
cumprimos a missão no ICMN. Já estávamos debilitados. O assalto foi com mun real
(fui Cmt), as minimi insandeceram, acabando os carregadores de fuzil... usamos as
PST de back – up. Exfiltramos com o refém nas costas (bonecão) e rolou muito “nitro”
(lamba) até chegarmos na vtr. Estávamos varados na orientação, locamos o ponto de
exfiltração (local da vtr nos acolher) errado... fomos correndo até chegar lá... Exfiltração
no padrão dos Comandos.
Quando subimos na vtr sabíamos que a caatinga tinha acabado, estávamos
bastante felizes, mais um degrau, mais um Objetivo difícil, nossos olhos se encheram
de lágrimas e mesmo com alguns fracassos durante o caminho, íamos levando com fé
e união. Mais uma semana. Faltavam 4. Próximo farol é a selva.
Nós aprendemos a conviver e aceitar o fracasso. O importante é não perder o
foco final. Se manter no curso até o fim e ser comandos.
A liberação foi muito curta. Só deu pra comer uma pizza e voltar para arrumar os
sacos VO.
SEMANA 11E 12 – SELVA
SEMANA 13 – AÇÕES DE COMANDOS (Grupo 3)
SEMANA 14 – AÇÕES DE COMANDOS (grupo 3)

TÉRMINO DO CURSO DE AÇÕES


DE COMANDOS 2010

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