Você está na página 1de 9

TÁTICAS DE

PATRULHAS DE RECONHECIMENTO

O reconhecimento atrás das


linhas é uma missão tradicional das FOpEsp, ou ficar de olho nas atividades
inimigas
escondidas. No Vietnã, esta missão era muito importante pois a selva escondia as
operações
inimigas do
reconhecimento aéreo. No Vietnã, as
patrulhas aprendiam a reconhecer os sinais da presença do
Vietcong (VC) ou do
Exército do Vietnã do
Norte (EVN) na área. Uma tropa sempre deixa sinais que passou
pelo local e
quando, deixando a
assinatura da presença ou passagem. O Vietcong tendia a ser
barulhento e
descuidados quando achavam que estavam seguros em suas bases, mas
dividia as tropas
para ver se estava
sendo seguida. Um meio fácil de detectar
unidades do Exército do Vietnã do Norte era pelo cheiro
da
maconha
que usavam antes dos ataques.

A
principal tática das patrulhas de longo alcance (LRRP) é
não atirar de volta em
caso de tiro próximo. O
inimigo pode estar fazendo
reconhecimento pelo fogo. As LRRP sempre fugiam ao primeiro disparo. Usam
granadas e fumaça
para quebrar
contato. Uma missão com sucesso é não entrar em
contato com o inimigo e
nem deixar
saber que estavam presentes. A mentalidade de "se move, vamos matar"
não tem
vez nas LRRP.
Operando atrás das linhas, estão sempre em
menor número, precisam
de apoio externo e agir furtivamente. Os
Rangers filipinos no
Vietnã calcularam
que em 95% das patrulhas eles que iniciaram os combates.

Um exemplo de
missão com sucesso das LRRP no Vietnã era detectar
uma força que se preparava para
atacar
uma base americana, enviar sua localização e
posição, e quebrar contato para que
o inimigo fosse atacado por
uma força de manobra. Um objetivo
era
evitar um ataque de
surpresa contra a base. O objetivo nunca é atacar,
mas
localizar, obter a composição
das tropas e o curso de ação provável, sendo parte
do ciclo de
"informação–
inteligência-ação".

As LRRP no Vietnã podiam usar uniformes não


regulamentares como ponchos e
mochila locais e camuflagem
de tiras de tigre (tiger strip), mas era um
perigo
se entrassem em contato com helicópteros de reconhecimento
ou
ataque pois não
tinham rádios para se comunicar com as aeronaves.
Sandálias dos vietcongs eram
usadas
para cruzar as trilhas e quando usavam roupas do vietcong chegavam a
ser
cumprimentados se cruzassem
com o inimigo. Estas roupas eram um
problema na
extração em uma zona de pouso "quente" pois o piloto
podia
confundir se
estava sendo atacado ou pegando os LRRP. O vietcong sabia que podia
usar os rádios
capturados e lançar fumaça para marcar a zona de
pouso. Para aumentar a
furtividade, as meias eram usadas
para cobrir itens de metais para
evitar
barulho. Os LRRP não se barbeiam ou tomam banho no dia anterior
da
patrulha e
usam roupas lavadas só com água.

As patrulhas de LRRP
no Vietnã variavam de 4 a 8 homens. Para comer, a patrulha forma um
círculo com a
face voltada para fora e
próximos para avisar com toque. Os
membros da LRRP não podem
roncar. Um
dos motivos para
evitar contato é o pequeno
tamanho. Outro é atrapalhar a
missão de inteligência.
Um helicóptero de ataque leva até 15-20 minutos para
chegar. O Exército do
Vietnã do Norte tinha equipes de rastreadores para caçar
as LRRPs e tinham a
cabeça a prêmio. Um inimigo que sempre enfrentavam
eram o
mau tempo, frio e roupas molhadas eram problemas, além dos
insetos.

Observação
móvel é um
conceito criado pelo SAS, com a patrulha se movendo em fila
única, cada um
cobrindo
um setor. O pointman (batedor) vai na frente e o ideal é
ser do país
onde operam e conhece a língua local, para
ouvir conversa ou
passar ordem
falsa. É
a posição mais importante pois é
responsável
por detectar
armadilhas, deve ver ou ouvir o inimigo primeiro, tendo
que ser
bem capaz, sempre alerta e de boa forma. O
pointman pode escolher
sua arma e prefere escopetas, submetralhadoras ou um fuzil potente como
o M-14.

O segundo membro
observa as árvores
ou acima e a esquerda. O terceiro membro observa a direita e vai
alternando
direita e esquerda com os outros membros. O último (tailgunner
ou sweeper)
vigia a retaguarda e
também tenta esconder passos e sinais da
passagem da equipe. A
separação entre os membros deve ser
suficiente para
evitar que um granada ou
mina atinga dois ou mais membros.

O pointman fica bem a frente e em uma emboscada a patrulha só


perderá um homem. Se o inimigo for esperto
deixara o pointman passar e ataca o resto. Em uma
emboscada, a equipe não ajuda o pointman, mas dá
cobertura com fogo e
fumaça para ele voltar.
Se for ajudar não vai direto e sim manobra pelo flanco do
inimigo.
Se o inimigo
dispara um de cada vez fica difícil saber quantos são.

Para
manter a furtividade, as patrulhas usam
sinais de mãos. Se for necessário falar é feito
direto no ouvido
com sussurro.
A comunicação de rádio é feita com sinais e
código Morse e o mínimo com palavras. Um adágio
das
forças de reconhecimento bem
simples é "não acredite em nada que ouça e
só metade do que vê".
Outra
dica para comportar-se nas patrulhas é: fique alerta,
reporte o que vê,
lembre-se do que ouve, e pense antes de
agir".

Andar
a noite na selva era perigoso pois não era possível ver nada e qualquer barulho atraia a atenção do
inimigo. Cobras no chão não são
vistas, mas a movimentação de dia era muito mais perigosa
que à noite nos
lugares
sem mata como nos pântanos e alagados.

No Vietnã, os pára-quedistas e tropas do SAS australianos


realizavam patrulhas
em pequenos grupos por
longo período apoiando uma Brigada
estacionada no país. Os
Australianos faziam patrulhas silenciosas,
furtivas e lentas com a
força
dispersa em uma grande área. A mensagem que passavam era
"você nunca
saberá
onde estamos, mas nós o encontraremos".

As
táticas de patrulha
australiana no Vietnã era usar um grupo de esclarecimento com
dois homens na
frente.
Enquanto um avança o outro cobre. Esta dupla fica na
frente do grupo
principal. O grupo principal era dividido
em grupo de comando com o
comandante
e o operador de radio, e o grupo de ataque com uma peça de
metralhadora e um
grupo de fuzileiros com fuzil e lança-granadas.

Já os
americanos lutavam
como se estivessem continuando a guerra da Coréia, só que
com helicópteros.
Atuavam em grandes formações, barulhentas, procurando
forçar o contato e com
mobilidade e apoio intenso
do tipo Patrulha de Combate. Passavam o
recado de
"estamos aqui, venha e pague o preço". Quando
o Exército
do Vietnã do Norte passou a atuar com mais
freqüência no Vietnã do
sul, as tropas dos EUA sempre atuavam
em formação
mínima de duas companhias após
uma companhia ter sido derrotada por um Regimento.
Também atuavam
sempre no
alcance da artilharia amiga.

Os SAS australianos
faziam patrulha de reconhecimento-emboscada (recce-ambush
patrol) que durava entre
10-14 dias com um grupo de 5 homens. No inicio a
patrulha
era de quatro membros com o líder, scout,
operador de rádio e
padioleiro. Depois recebeu um
assistente de líder. Mais um membro pode ser adicionado
para
missões de
emboscadas. Na Malásia, a patrulha podia durar várias semanas onde havia muita
água
potável. A
emboscada era tentada no final e era secundário. O importante
era coletar dados
de inteligência. O
SAS também participavam de
forças maiores para grandes
emboscadas, incursões e cerco.

O SAS foi responsável por


500 mortos com apenas
uma perda. Em uma ocasião, seis patrulhas do SAS
atuaram
por seis
semanas, vigiando 15 mil metros de rotas de aproximação
de uma base
australiana. A força
inimiga foi detectada e a base atacou unida
sem precisar
se preocupar com o flanco descoberto. Apenas uma
companhia do
batalhão ficou na
base para defesa. O SAS conseguia o máximo de
informação
com o mínimo
de
recursos, aplicando o principio de economia de forca.

As táticas australianas foram baseadas na experiência na


guerra anti-guerrilha
na Malásia, e usavam duas
habilidades básicas da
infantaria que são a patrulha
e a emboscada. Os americanos usavam táticas baseadas
em
tecnologia e não em
treino das habilidades. Os próprios americanos consideravam os
australianos
mais
profissionais.
O SAS australiano
tinha conduta padronizada para o caso de contato com inimigo para
concentrar
fogo. As armas eram modificadas
para exagerar a assinatura de brilho e
som.
Levavam muita munição ou pelo menos o dobro do normal.
Investiam muito em
camuflagem cobrindo todos os itens assim como as mãos e face. As
armas também
eram camufladas. As patrulhas tinham pelo
menos dois
lança-granadas XM-148 e
dois FAL. Levavam pelo menos 15 granadas de fumaça por patrulha
sendo quatro
para os
lança-granadas. Cada um levava no mínimo 160
tiros de FAL, ou 200 de
M-16, ou 10 granadas de 40mm.
As tropas do SAS
tinham liberdade para escolher os kits e testar. O FAL foi equipado com
um carregador
de 30 tiros e foi convertido
para o modo automático. O supressor
de chamas foi
retirado e uma manete frontal foi adiciona. Podia receber um contador de
passo
se
necessário. Alguns foram convertidos para carabina diminuindo o
tamanho do
cano. Outros receberam o supressor de chamas da
submetralhadora M-3
fazendo o
barulho parecer com uma metralhadora 12,7mm. Alguns receberam
lança-granadas de
40mm. O
objetivo era aumentar a assinatura do disparo. Se detectado a
patrulha
passa de furtivo para agressão barulhenta para cobrir a
retirada. A precisão é
secundária ao volume de fogo. O objetivo é confundir o inimigo
nos primeiros
segundos, com barulho e brilho
dos disparos. Uma patrulha de 5 tropas
tem que
mostrar que são mais numerosas, tentando fugir antes do inimigo
descobrir.

O
MAC-SOG (Military Assistance Command - Studies
and Observations Group) do US Army eram FOpEsp de
várias serviços
e paéses que
atuaram no Vietnã para realizar patrulha de longo alcance e
ação direta em
território
inimigo como o Vietnã do Norte, Laos e Camboja. O MAC-SOG
iniciou suas operações
em 1956 com a
CIA e as Forças Especiais ajudando o Vietnã
do Sul a realizar a
missão. No inicio tentaram fazer guerrilha no
Vietnã do
Norte sem sucesso. Operaram
até 1971 onde realizavam as missões mais difíceis e
perigosas da
guerra.

A maioria
dos cerca de dois mil membros do MAC-SOG eram das Forças
Especiais americanas. Eram
divididos
em equipe Delta (Destacamento 52), Sigma (Destacamento 56) e
Omega
(Destacamento 50). As equipes
tinham seis times de seis membros
composto de
dois americanos e quatro asiáticos. Depois as missões
passaram a ser realizadas
só com americanos na maioria das vezes. Tinham ajuda de
força de reação rápida
para o caso de contato com o inimigo. Os métodos de
infiltração incluía o HALO.
O MAC-SOG realizou
Patrulhas de
Combate com as forças MIKE
(tropas locais treinadas pelas Forças Especiais), coleta de
informações,
designação e alvos para artilharia e apoio aéreo,
avaliação de danos de batalha,
resgate de
combate, resgate de prisioneiros, captura de pessoal para
inteligência, despistamento, operações
psicológicas
e outras. Tropas da marinha
faziam raids e reconhecimento na costa do Vietnã do Norte.
As
operações do MAC-SOG eram controlada diretamente pelo
Pentágono e realizavam as
missões mais
perigosas como reconhecimento e emboscada na trilha
Ho-Chi-Minh e
também faziam resgate de combate e
resgate de prisioneiros. Sua
operação
resultou no desvio de cerca de quatro Divisões do Vietnã
do Norte para
vigiar a
trilha Ho-Chi-Minh.

Enquanto alguns
infantes que atuavam no Vietnã do
Sul raramente
viam inimigos, os membros do MAC-SOG estavam no meio da
colméia.
Em uma ocasião
uma equipe de 14 tropas combateram um regimento inteiro. As baixas
entre os
membros do MAC-SOG
chegaram a 100%, metade morta e o resto ferido pelo
menos uma
vez, mas tinham o maior "kill ratio" da guerra que em 1970 foi de
158
x 1. Dos 58 membros capturados apenas um voltou vivo depois de fugir e mesmo
assim por
pensarem que estava quase morto e
não fizeram muita guarda. A
reação dos vietnamitas contra o MAC-SOG foi colocar pontos de escuta para
detectar a infiltração
de
helicópteros e vigiar os poucos locais de pouso de
helicópteros. Também
passaram a rastrear as equipes, estudaram seu padrão de
atuação como movimento
noturnos, fases da lua e iniciaram emboscadas contra as patrulhas do MAC-SOG.
Espiões em Saigon
passavam planos das missões. Com o
aumento das baixas, o tempo
de cada missão passou de cinco para dois dias.

Operação Desert Storm

As Forças
Especiais
americanas forneceram seis equipes de reconhecimento (RT - Recon Team)
para
cobrir a
fronteira com o Kuwait e a Arábia Saudita em 1991.
Patrulhavam a noite
junto com as FE da Arábia Saudita.

Pouco
antes da invasão do iraque, foram inseridas 12 equipes
de LRRP das FE americanas. Apenas duas não
foram detectadas.
Várias extraíram
logo no início ou por estarem comprometidas, ou esperaram quando dia
clareou. O
terreno plano e deserta e a população local levaram ao fracasso da maioria das patrulhas. Uma das
equipes foi destacada para
fazer LRP na auto-estrada 7 apoiando o XVIII Corpo. Os Aliados sabiam que os
carros de
combate
T-72 só eram usados pela Guarda Republicana e assim podiam saber
que
tipo de unidade
estava operando na área de operação da unidade.

A equipe seria posicionada próximo do rio Shatt al Gharraf


observando a rodovia
próxima a mais de 250km da
fronteira. Seria formado um posto de observação (PO) para
observar o
tráfego para o norte e outro para o sul a
5km da estrada. Reportariam
para a base
a cada 4-6 horas a não ser que seja um alvo importante como um
lançador de mísseis Scud.
Um canal de
irrigação seria usado para movimentação. Eram quatro
tropas em cada
PO.
Enquanto um observa com um periscópio especial o outro anotava os
dados, enquanto
os outros dois
descansam. Cada um levava uma mochila pesando cerca de 80 kg
incluindo
20 litros de água. A missão
deveria durar 7 dias. Como a
bota de selva que usavam deixava
uma marca facilmente distinguível na areia do
deserto, colocaram
plástico para
tampar a sola.

A inserção foi no dia 23 de janeiro, um dia antes do


início da ofensiva terrestre,
por dois MH-60 Black Hawk
operando no limite do alcance. As aeronaves voavam
muito baixo
e rápido e uma até atingiu uma duna de areia
com a roda traseira. No
local de inserção
fizeram várias inserções falsas, pousando por 10 segundos
em vários
locais, as
vezes voando alto para ser detectado pelo radar.
No planejamento de missão disseram que os Árabes
não gostavam de cães, mas
quando o helicóptero
partiram começaram a ouvir cães
latindo ao redor ao longe.
Logo perceberam que não incluía os que moravam
no
campo. A equipe se moveu
para uma posição defensiva a centenas de metros e
começaram a acostumar
os
ouvidos com sons ao redor. Começaram a cavar na
posição e notaram que o solo de
agricultura era mais
duro que a areia o que não daria para
acabar até
amanhecer. Esconderam-se no canal até a noite e outra
equipe
achou um local com
areia.

Pensaram que os agricultores seriam como os americanos que plantam e


vão dar
uma olhada de vez em
quando. Os iraquianos não tinham TV e nem
vídeo game para as crianças
que brincavam fora com freqüência.
Logo as 
crianças começaram a se
aproximar até ver os quatro em uma posição.
Deixaram fugir e chamaram
exfiltração
imediata. Mudaram de posição e não notaram
ninguém vindo. Logo cancelaram a
exfiltração com a
intenção de achar outra posição
a noite. As crianças voltaram a noite
com adultos e deixaram fugir novamente.
Desta vez voltaram em 20
minutos e
chamaram moradores de uma vila próxima. Logo apareceram caminhões
na estrada. As equipes amontoaram tudo que não daria para levar de volta e colocaram explosivos C4 com
detonador de tempo. Levaram apenas um rádio e
chamaram apoio
aéreo aproximado que levaria 20 minutos,
mas o inimigo estava a 1
minuto e
cercando.

Enquanto procuravam um bom local de defesa, os iraquianos começaram a


atirar e eram os
civis que atiravam
bem pois eram caçadores. Os soldados
iraquianos eram pouco
treinados pois ficavam sempre de pé. Deviam
ser tropas de
retaguarda. A equipe
tinha duas M-203 e começaram a disparar. Deram sorte pois uma
ponte
próxima foi
atacada e os civis fugiram. Alguns membros eram treinados como sniper e
começaram a atingir os
iraquianos a distância. As tropas
não ficaram nervosas
atirando no automático. Miravam calmamente para
acertar.

Já era dia e o flare não poderia chamar


a atenção das aeronaves acima e não tinham
granadas de fumaça para
marcar a posição.
Tentaram usar espelhos para mostrar
a posição para os F-16 que voavam baixo. Mais
iraquianos
chegavam na rodovia e
foram atacados incluindo blindados. Uma bomba em cacho atacou um
flanco
matando
tropas do tamanho de um pelotão e a equipe conseguiu segurar a
posição até a
noite.
Voltaram a posição inicial para pegar roupas de
frio. O resgate estava
vindo, mas a experiência do Vietnã de
um membro lembrou
que o inimigo ficava
preparado para isto. Procuraram uma posição onde os dois
helicópteros do SOAR poderiam pousar
protegidos. Conseguiram fugir sem sofrer ferimentos depois de 10
horas
de combate.

Outras equipes de FE fizeram


LRP para
testar o solo para avaliar se suportaria a passagem dos carros de
combate e levaram
câmeras para filmar. Outras FE fariam reconhecimento dos flancos
após a
invasão.
Treinaram durante um mês para a missão. Foram pelo
menos seis times com o mais
distante atuando a mais
de 200km do fronte. As equipes de 6-8 tropas eram
divididas em
duas e atuavam a distantes em vários
quilômetros. O VII Corpo usou dois times e
não foram
detectados. Uma equipe pediu exfiltração de emergência
devido a presença
de iraquianos. O
XVIII Corpo Aeromóvel fez três missões e todas com
problemas. Um
abortou sob
ataque ainda no helicóptero.

Caça aos Scuds

Quando os
americanos perceberam que somente as baterias de mísseis
Patriots não seriam
suficientes para
neutralizar a ameaça dos mísseis Scuds
iraquianos foi formada
uma força conjunta de caça-bombardeiros e
Forças
Especiais (SAS e Delta) para
localizar e destruir a ameaça. Cerca de 30% de toda
capacidade
aérea
aliada foi desviada para as missões de busca e destruição
dos Scuds e seus lançadores.
A
missão era importante pois Israel podia reagir e os membros
árabes da coalizão
poderiam se virar contra os
aliados. Os mísseis Scud eram impreciso e obsoleto,
mas era
usado como arma psicológica por Saddam. Se
equipados com cabeça de guerra químicas e
biológicas
os Scuds podiam ser uma grande ameaça mesmo
sendo imprecisos.

O alcance dos Scud era de 280


a 600km
dependendo da versão. Com isto foi delimitado as
prováveis áreas de
disparo chamadas
de "scud box". A área
de operação dos lançadores de mísseis Scuds
foi
dividida em três
áreas. A primeira estava localiza ao sul
da principal rodovia
ligando Bagdá a Amã, capital da Jordânia, indo da
base aérea H1 até próximo da
fronteira saudita. Esta área ficou conhecida como Scud Alley e
foi coberta pelos
SAS. A segunda ficava ao norte da rodovia e ia até perto da
fronteira com a
Síria e era chamada de Scud
Boulevard. Foi entregue para a
Força Delta. Outra área ficava na rodovia Sahb
Al Hiri.

As equipes foram equipadas com designadores de alvos a laser para


iluminação
de alvos para serem atacados
por bombas guiadas a laser disparadas por aeronaves de ataque. As tropas
localizariam
e/ou atacariam os
mísseis. Enquanto as
aeronaves voavam alto e cobriam uma área muito grande, não viam
bem os alvos no
solo. Já as
equipes no solo viam bem, tinham boa persistência, mas cobriam
uma área pequena. 
 
Um
terço da FOpEsp foram designadas para caças os
Scuds. Uma companhia de
Rangers atuou
como força de
reação rápida e outras FOpEsp apoiaram as missões de
salvamento de combate. O
objetivo não
era só destruir
os mísseis, mas parar os disparos e podia
ser com a destruição das
instalações de apoio.

O SAS montou patrulhas de vigilância de estrada e


colunas móveis de combate. Três patrulhas de oito homens
do Esquadrão B atuariam
por 10 dias atrás das linhas inimigas montando postos de
observação
para monitorar
as principais rotas usadas pelos lançadores de Scuds. Eram
infiltrados e
exfiltrados por
helicópteros Chinook da RAF. Os beduínos espalhados na
área tinham 50% de chances de denunciar se
encontrassem
as patrulhas. 

Quatro Colunas Móveis de Combate foram formadas, duas com


pessoal do Esquadrão
A e duas com o pessoal
do Esquadrão D. Cada coluna tinha cerca
de 30 homens e
12 veículos. Os veículos eram um caminhão Unimog
e oito a dez Land Rover 110. Um caminhão de
suporte Unimog levava a maioria das cargas como combustível,
água, munição,
equipamento de proteção NBC, peças sobressalentes
e outras coisas. Os Land Rovers eram
armados com metralhadoras 12,7mm, GPMGs, lançadores de granadas M19 de
40 mm,
lançadores de mísseis
antitanque Milan, lançadores
de mísseis antiaéreos Stinger
e LAWs. Cada um levava de três a quatro homens,
além de suprimentos e
equipamentos e duas motos. As colunas se moviam a noite e descansavam
durante
o
dia em posições seguras e camufladas. Os homens
normalmente estavam armados
com pistolas 9 mm, fuzis
M-16, muitos com lançadores de granada
M230, SLR, rifles
L96A e submetralhadoras. As colunas treinaram
antes de entrarem no
Iraque no
Emirados Árabes Unidos. Uma lição destas
operações é que as patrulhas do
deserto tinha que
ser montadas.

A experiência
das operações do SAS nas patrulhas
móveis levou os Deltas a operar também motorizados. Os
Deltas chamavam
apoio aéreo ou
atacavam os alvos diretamente. Um dia antes da rendição
foram designados
dois
alvos. Os A-10 viram do alto que era muito mais alvos destruindo 20
lançadores. 

Sempre que possível, os veículos seguiram as trilhas dos veículos da frente, para confundir o inimigo a respeito
do número real dos veículos da coluna. Todo o tempo durante o qual a equipe não estava viajando era usado
para
descanso,
manutenção e planejamento. Uma série de
problemas inesperados foram
enfrentados pelas
colunas imediatamente após a sua partida. O
primeiro deles foram as altas temperaturas de dia e o extremo
frio
durante a noite.

O SBS cobria o setor central do Iraque. Havia


uma linha de fibra ótica na área e receberam a
missão de cortá-la.
Na incursão na
noite de 22 de janeiro foram usados 36 tropas incluindo FE americanas.
Usaram
dois
helicópteros Chinook da RAF. Levaram cerca de 200kg de
explosivos e
estavam muito bem armados. A área
estava repleta de
nômades e próximos as forças
iraquianas. Os helicópteros mantiveram os motores ligados
para
extração rápida.
A missão demorou 90 minutos para cavar até os cabos.

Os americanos realizaram 15 missões durante a Guerra. No


máximo
quatro equipes
operavam atrás das linhas
ao mesmo tempo. Os Rangers fizeram
uma incursão contra
um centro de comunicações próximo a fronteira
com a
Jordânia. Os helicópteros do
SOAR também foram usados para caçar os Scuds e os
vídeos gravados
foram mostrados
na TV.

Na
primeira missão eram duas equipes de 8 tropas infiltrados com
apoio de helicópteros
AH-60 DAP e caças F-
15, F/A-18 e A-10. A operação
ocorreu junto com os ataques aéreos.
As equipes atuavam a noite e se
escondiam de dia vetorando ataques
aéreos.

Em uma ocasião uma equipe dos Deltas, em uma


posição bem camuflada próximo da
estrada, viu vários
beduínos passarem, pararem, olhar
para a posição e sair
correndo. Horas depois voltaram com tropas do
exército iraquiano e tiveram que
lutar até
chegar a extração. Foram salvos graças ao apoio
aéreo dos F-15E.

No dia 7 de fevereiro, uma patrulha dos Delta de 20 homens fugia de


unidades
blindadas iraquianas quando o
Controlador Aéreo que acompanhava
o grupo
conseguiu contatar uma dupla de F-15E. Os caças atacaram os
iraquianos, destruindo em segundos todo o grupo blindado, além
de outros
veículos nas redondezas, incluindo
o TEL que havia sido
reportado pela patrulha
dos Delta.

Uma
patrulha de
seis homens foi descoberta quando um garoto iraquiano
tropeçou em um
dos membros, a
equipe recusou-se a matar o menino e entrou em um combate
de sete
horas contra cerca de 250 soldados
iraquianos. Após abater
cerca de 150-250
inimigos, a patrulha foi evacuada por helicópteros no
último minuto.
Em duas ocasiões os F-15E tiveram que
ajudar equipes
detectadas. Um F-15E usou a luz de pouso para
amedrontar uma coluna blindada.
Outro usou uma bomba guiada a laser para destruir um helicóptero
decolando.

Até o final da
guerra, as FOpEsp tinham sido envolvidos na
destruição de muitas
instalações de comunicações
e
destruíram cerca de um terço dos lançadores de
Scuds. Com o uso de
muitos alvos falsos, não tinham tempo
para
distinguir e atacavam tudo devido a pressa. Tiveram sucesso e os
disparos de
Scud diminuíram muito, de
uma média de cinco disparos por
dia para um disparo por dia no fim do conflito. Israel não
retaliou e a
coalizão
manteve-se intacta.

Era esperado um grande


número de baixas, diante de um terreno perigoso, com
temperaturas geladas,
chuvas
e granizo, além de inúmeros problemas de
inteligência e de comunicações. Apenas
quatro operadores foram
perdidos sendo três membros da equipe SAS B-2-0 e um
motoqueiro de uma
Coluna Móvel de Combate. Os
oito membros da patrulha B20 foram responsáveis por cerca de 200 mortos no lado iraquiano enquanto era
perseguida.

Os
operadores do Sayeret MATKAL (Unidade 767), a principal unidade das FOpEsp israelense, foram
enviados
ao Iraque para que coletar
dados
sobre a movimentação do exército iraquiano. No
inicio era pouca a
possibilidade
de um ataque ao Iraque mas logo começaram a caças Scuds.
As tropas operavam em
Land
Rover e começaram a atacar os Scud com mísseis
anti-carro. Usavam helicópteros
CH-53 para infiltração e
exfiltraçaõ. Não tinham apoio aéreo
aproximado disponível. Nenhum
foi detectado ou atacado e não sofreram
baixas.

Uma equipe de
Forças Especiais americana em um
PO no Afeganistão. 

Pelopes

No Exército Brasileiro e em outros paises é comum


encontrar um pelotão de
reconhecimento orgânico na
unidade, aqui chamado de Pelopes
(Pelotão de
Operações Especiais), com pelo menos um pelotão
por
Batalhão e as vezes um por
Companhia. Na
linguagem militar brasileira, "Scout"
é o esclarecedor, elemento da
infantaria incumbido de realizar o
reconhecimento
de combate.

A 101 Divisão Aeromóvel americana no Vietnã tinha


um pelotão de reconhecimento
e comando em cada
batalhão com 20 tropas cada chamada de
Aerorifle Platon
(ARP). Inicialmente operava com sete Jipes
armados com metralhadoras
M-60 e canhões
de 105mm. O terreno era inadequado para uso de veículos e
passaram a operar a
pé realizando reconhecimento de curto alcance, emboscadas,
avaliação de danos
de
batalha e segurança de aeronave que caia. Chamavam artilharia
e forças de
reação rápida se necessário. O
pelotão atuava em patrulhas de reconhecimento de
quatro tropas e só reportava contatos. Com mais tropas,
as vezes nove,
faziam emboscadas
e chamavam artilharia e apoio aéreo aproximado.

A
missão
primordial dos pelotões de
reconhecimento é dar informações do campo de
batalha e pode auxiliar
no
controle tático posicionando as Companhias e pelotões do
batalhão. Fazem
reconhecimento de zona, área,
rota, cobertura, vigilância
de áreas críticas, ligação e guiamento de
forças de manobra. Difere do
reconhecimento
de longo alcance por
não atuar a longa distância usando método de
infiltração especial. As
LRRPs gastam pelo menos cinco dias com planejamento. Menos que isso
é
reconhecimento convencional e
correm o risco de serem detectados e
não estão
preparados. No reconhecimento convencional é usado um
grupo de
combate mais bem
armado.
O reconhecimento
de área relacionasse
com o terreno e atividade inimiga na área como uma ponte ou
característica
terrestre. Pode ser feito por um grupo de combate ou até todo o
pelotão. O reconhecimento
visual é dividido em longo e curto alcance. As
ações durante a missão de
reconhecimento, segundo a doutrina
americana são: movimento e
ocupação do ORP
(Objective Rally Point), reconhecimento do líder,
ações no
objetivo, retirada e
disseminação das informações.

O
Objective Rally Point é onde se faz as últimas
preparações, recamuflar rosto e armas, inspeciona as armas e
retira o equipamento ótico das
mochilas. Pode
ser um local para formar um cachê de armas e é para onde
se
retorna depois da
missão. Deve ficar fora das vista e alcance das armas inimigas e
deve ser
adequado para ser
defendido por um curto período.

As
ações no objetivo incluem ver o alvo de vários
locais, se necessário,
movimentando-se vagarosamente ao
redor. Elementos de segurança
podem ser
posicionados para caso de apoio direto ou indireto no objetivo. A
retirada e
disseminação das informações é feita
no ORP e o líder debrifa comas tropas para
saber se as
informações são suficientes e
adequadas.

Voltar ao Sistemas de Armas

2006
©Sistemas de Armas
 

Você também pode gostar