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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BELO HORIZONTE – UNIBH

PROJETO INTERDISCIPLINAR VI

Tema: Biomédico na Perícia Criminal – “Diagnóstico por imagem e a


identificação pela arcada dentária”

Brendon Duarte; Eliane Costa; Gleicimaine Cardoso; Ketlin Viana; Laura Falluh;
Priscila Lucia; Rayane Jasnne; Raysa; Thais Alves.

Belo Horizonte, 20 de março de 2018.

1. INTRODUÇÃO

A perícia criminal é uma atividade técnico-científica prevista no Código de


Processo Penal, indispensável para elucidação de crimes quando houver
vestígios. A perícia criminal, ou criminalística, é baseada nas seguintes
ciências forenses: química, biologia, geologia, engenharia, física, medicina,
toxicologia, odontologia, documen- toscopia, entre outras, as quais estão
em constante evolução. (SILVA, 2010)

Os órgãos responsáveis pela criminalística se dividem em federais, Diretoria


Técnico- cientifica (DiTec) e Setores Tecnico-Cientifico (SeTecs), e os civis,
departamento de investigação da policia Civil e Intituto Médico Legal
(SILVA,2010)

Nas últimas décadas as técnicas de identificação de cadáveres têm


mostrado grande eficácia, com o avanço das tecnologias (CARVALHO e
JUNIOR, 2009). Dentre elas a autópsia convencional um procedimento
realizado por médicos patologistas, consiste em examinar um cadáver para
determinar a causa e modo de morte e avaliar qualquer doença ou
ferimento que possa estar presente no corpo em questão (CAVALLARI E
PICKA, 2017). Porém ao se deparar com um corpo sem qualquer
característica genética, além de tornar a identificação complexa, requer um
diagnóstico mais laborioso nas cenas e materiais encontrados (CARVALHO
e JUNIOR, 2009).
A partir do diagnóstico por imagem há um grande triunfo na criminalística,
em casos de corpos sem identificação prévia ou sem causa morte, se
destacando as tomografias computadorizadas (TC) e o Raio-X (SILVA,
2010).

A identificação humana post-mortem é uma das grandes áreas de estudo e


pesquisa da odontologia legal e da medicina legal, pois as duas ciências
trabalham com o mesmo material, o corpo humano, em vários estágios:
espostejados, dilacerados, carbonizados, macera- dos putrefeitos, em
esqueletização e esqueletizados, sempre com o mesmo objetivo, ou seja,
estabelecer a identidade humana. (CARVALHO e JUNIOR, 2009)

Historicamente, a aplicação da radiologia nas ciências forenses foi


introduzida em 1896, apenas um ano após a descoberta dos raios X por
Roentgen, para demonstrar a presença de balas de chumbo na cabeça de
uma vítima, mas foi Shuller quem propôs o uso da radiologia facial para
identificação de indivíduos (CARVALHO e JUNIOR, 2009).

A identificação com a arcada dentária é um dos principais métodos


adotados pela antropologia forense, e requer exatidão do diagnóstico
odontolegal e médico-legal, onde há necessidade de uma sensibilidade e
eficiência ao analisar as imagens (CAVALLARI e PICKA, 2017)

A antropologia Forense em Diagnósticos por imagem se tornou um dos


mais requisitados. Com ela é possível relacionar a causa morte com o
estado do corpo, com laudo especificando se a morte foi natural, acidental,
homicida ou suicida (BURNS, 2008).

Visto o vasto campo da criminalística pode-se perceber a importância das


tomografias e radiografias no âmbito forense, e a técnica mais propicia a
êxito é a de identificação por meio da arcada dentária, o que efetiva o
trabalho e desenvolvimento do perito com eficiência.

O objetivo geral deste trabalho é a resolução de um crime a partir da


preservação da identidade do cadáver. E os específicos, a utilização das
técnicas de diagnóstico por imagem, tais como radiografia e tomografia
computadorizada vinculadas à antropologia forense na arcada dentária.
2. METODOLOGIA

Foi promovida uma revisão bibliográfica como bancos de dados em revistas


e livrarias eletrônicas: Google Acadêmico; WorldWideScience; PubMed;
Nature e The Scientist.

2.1 Critérios de Inclusão


● Artigos publicados em sites confiáveis;

● Idiomas: Português (BR); Inglês e Espanhol;


● Em artigos experimentais, foi exigido que já estivesse disponível os
resultados;
● Data de publicação dos artigos do ano 2000 a 2018.

2.2 Critérios de Exclusão


● Revistas eletrônicas que não forneceram referências bibliográficas
válidas;
● Pesquisas em andamento;
● Artigos publicados nas datas inferiores ao ano de 2000;;
● Revisões bibliográficas de graduandos.

2.3 Cronograma
Março Abril Maio Junho
Entrega da Introdução X

Entrega do plano de trabalho/métodos X

Entrega do desenvolvimento X

Entrega dos resultados X

Entrega das considerações finais X

Fechamento do portfólio X

Apresentação da pré-banca para avaliação X

Correção final dos portfólios X

Circuito Acadêmico – Apresentação oral


X
dos trabalhos
Palavras Chaves: Perícia; Arcada dentária; Odontologia forense; Antropologia
forense; imagenologia; raio x; tomografia; ressonância magnética .

3. DESENVOLVIMENTO

3.1 Raio – X

O método mais frequente para estudo dentário forense, que pode ser
utilizado, é a radiografia. Esta análise permite verificar a compatibilidade de
imagens radiográficas relacionadas à morfologia de estruturas anatômicas e
artefatos para a identificação da vítima (MARTINHO, 2009)

A morfologia das estruturas anatômicas, a compatibilidade do contorno


morfológico e anatômico dos seios paranasais, especialmente os seios
frontal e maxilar, são amplamente utilizados no estudo comparativo, com
auxílio de imagens radiológicas “ante mortem” e “post-mortem”.
(CARVALHO, 2009).

Os registros médicos, principalmente os ortodônticos, também podem ser


utilizados em comparações odontológicas forenses. Muitas vezes faltam
registros médicos ou dentários, os quais são usados para determinar a
identidade exata dos restos de indivíduos esqueléticos e dentários isolados,
tornando uma determinação mais difícil para os policiais da afiliação étnica
ou ancestralidade do indivíduo a quem tais restos pertencem. Quando o
crânio está bem preservado, a análise da função discriminante das
características craniométricas geralmente é o método preferido para o
diagnóstico racial em casos forenses. Em tais casos, a morfologia dentária
seria um complemento útil para a análise craniométrica. No entanto, nos
casos em que o crânio é gravemente danificado a ponto da análise não ser
realizada com sucesso, a morfologia dentária é a mais útil na identificação
de ancestralidade (SCOT & TURNER, 1996).

Para um método de identificação ser considerado aceitável deve ter as


seguintes condições:

Unicidade: Característica que pertence somente a um indivíduo, tal


característica não pode estar presente em outra pessoa.
∙ Imutabilidade: Características que não se alteram cronologicamente, por
exemplo, a altura.

∙ Praticabilidade: Se há possibilidade de realizar o processo e análise de


custos;

∙ Classificabilidade: Correto arquivamento dos registros, bem como, a


rapidez e a facilidade na busca;

∙ Perenidade: Capacidade de resistir a ação do tempo. (MOREIRA, 1999)

As transformações decorrentes da ação do fogo nos dentes, ossos,


músculos da cavidade bucal e nos materiais odontológicos utilizados em
dentística e prótese dentária não são tão evidentes, pois a boca se fecha,
protegendo os tecidos internos, com isto, colaborando com o constante
estado de umidade; a língua se intumesce e protege o palato. No palato,
estão as papilas palatinas que geralmente conservam a sua morfologia. A
maxila na maioria dos casos, por efeito do violento traumatismo, se
encontra dividida e separada no nível da linha média incisal. Na mandíbula,
ao sofrer impacto, muitas vezes ocorre a fratura na altura do mento; quando
isto ocorre, o fogo destrói os tecidos moles do palato, carboniza a língua. Já
nos casos das restaurações de amálgama, podem sofrer sérias alterações
devido ao mercúrio, que por volta de 500ºC a 1000ºC, o amálgama perde a
forma, cor e integridade. Na lista de materiais restauradores incluem-se as
resinas, que aquecidas a temperaturas entre 815ºC e 900ºC mudam
consistentemente de uma coloração branco-amarelada, para uma cor cinza.
Os tratamentos endodônticos podem ser demonstrados através de
radiografias (MARTINHO, 2009).

3.2. Métodos de Identificação:

3.2.1. Identificação pela arcada dentária

A identificação pelos dentes exige duas ocasiões especiais: a ante mortem


que diz respeito às informações antes da morte, quanto mais precisas,
melhores serão. A segunda ocasião é a post-mortem, que coletará dados
do cadáver e através dela se fará a comparação com as informações ante
mortem. Informações como posição e características dos dentes, ausência
de um ou vários dentes, cáries, e muito mais contribuirá para a
identificação. Após a comparação dos dois registros, se afirmará ou negará
que o material estudado é da pessoa procurada (COIRADAS, 2008).

A comparação é feita com os raios-X feitos pelo dentista do suposto falecido


e raios-X do cadáver, tiradas exatamente do mesmo ângulo. As imagens
são sobrepostas no computador para aferir semelhanças (FOGAÇA, 2009).

3.2.2. Identificação pela anatomia do crânio:

O trabalho não começa pelo dente individualizado, mas sim de todo o


crânio, deste para a mandíbula e maxila, daí para os segmentos e
finalmente cada dente individualmente. Os pontos craniométricos servem
como referências básicas no processo de mensuração do crânio. A maioria
desses planos estão localizados no plano sagital mediano e são ímpares.
Os outros, que são pares, estão localizados em planos laterais. Os
principais pontos craniométricos são: alveolon, asterion, basion, bregma,
dacrion ou lacrimal, esfenion, estafilion, estafanion, eurion e gizion.

3.3.3. Determinação do sexo pelas características cranianas

O esqueleto exibe diferenças que começam a ser perceptíveis na


puberdade, permitindo a identificação do sexo. Os ossos da mulher, em
geral, são mais leves e menores. As rugosidades que marcam as inserções
musculares no sexo masculino são mais pronunciadas e as extremidades
articulares no sexo feminino têm dimensões menores, porém os segmentos
que maiores subsídios fornecem são o crânio, o tórax e a bacia (SILVEIRA
apud NEGREIROS, 2009). Silva (1997) relata que o sexo feminino se
caracteriza por um desenvolvimento menor de suas estruturas. Todas as
protuberâncias ósseas, cristas e apófises são menores e mais lisas, sendo
também menos desenvolvidas as cristas supra-orbitárias, por vezes
totalmente inexistentes, o osso malar sendo áspero e irregular no seu bordo
inferior. O contorno do crânio feminino é mais angular, sendo o frontal mais
pronunciado que no homem. As colocações de Silva (1997) são reforçadas
por Silveira apud Negreiros (2009): no homem a fronte é a mais inclinada
para trás e mais vertical na mulher. A glabela é mais pronunciada no sexo
masculino. Mandíbulas mais fortes e côndilos mandibulares mais robustos
no homem.

Figura 01: Comparação de crânio de sexo masculino e feminino

Fonte: Manual de Antropologia Forence – AA Karen Ramey Burns,d 2007

3.2.4. Determinação da idade pelo ângulo mandibular

A angulação da mandíbula também pode ser utilizada afim de determinação da


idade. (VANRELL apud NEGREIROS, 2002).

Figura 2 – Variações do ângulo mandibular, conforme a idade: da esquerda para a direita, recém-
nascido, adultos e velho.

Fonte: Vanrell apud Negreiros, 2002.


3.2.5. Identificação por fotografias do sorriso

Uma técnica que tem encontrado grande aceitação em todo o mundo é a


aplicação de fotografias do sorriso para a identificação humana de desconhecidos
que apresentem imagens que mostram características dentais específicas, por
meio da análise comparativa.

Figura 3 - Registro fotográfico ante mortem e Registro fotográfico post mortem .

Fonte: Terada et al, 2011.

3.2.6. Identificação por Sobreposição

Após a coletada das informações odontológicas ante mortem e post-mortem, é


feita comparada por similaridades e discrepâncias através da utilização de um
negatoscópio. A identificação positiva pode ser estabelecida mesmo quando
algumas discrepâncias são observadas, como substituição de restaurações,
extrações dentárias realizadas posteriormente às radiografias apresentadas. Não
existe um mínimo de pontos de concordância aceitos como necessários para
efetuar uma identificação dentária positiva.

Figura 3 – Sobreposição do fragmento da mandíbula e das peças dentárias remanescentes


sobrea radiografia panorâmica.
Figura 4 – Imagem da sobreposição vista no negatoscópio.

Referencias

BURNS K. R.; antropologia forense.; Editora Bellaterra, Barcelona 2008.;


Disponível em<file:///C:/Users/Us uário/Downloads/kupdf.com_manual-de-
antropologia-forense-karen-ramey-burnspdf.pdf>.Acesso em 18 de março de
2018.

CAVALLARI E. F.; PICKA M. C. M.; O uso da tomografia computa- dorizada


e da ressonância magnética na virtópsia.; Tekhne e Logos, Botucatu,
SP,v.8, n 1, abril 2017. Disponível em <file:///C:/Users/Usuário/Downloads/428-
2305-1-PB.pdf> . Acesso em 10 de março de 2018.

CARVALHO S. P. M.;JUNIOR S. L.; A utilização de imagens na identificação


humana em odonto legal.; Disponível em
<http://www.scielo.br/pdf/rb/v42n2/12.pdf>. Acesso em 10 de março de 2018.
SILVA A. A. G.; A perícia forense no brasil.; USP, 2010.; disponível em
<file:///C:/Users/Usu%C3%A1rio/
downloads/Dissertacao_Alexandre_A_G_da_Silva.pdf> . Acesso em 11 de
março de 2018

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