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IDENTIFICAÇÃO PELOS

ARCOS DENTÁRIOS; PERÍCIAS


ODONTOLÓGICAS DAS LESÕES DO
APARELHO ESTOMATOGNÁTICO
UNIDADE IV
IDENTIFICAÇÃO POR ARCADA DENTÁRIA
E RUGOSCOPIA PALATINA
Alteração
Talita Zanin Damas

Elaboração
Karina de Lima

Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
SUMÁRIO

UNIDADE IV
IDENTIFICAÇÃO POR ARCADA DENTÁRIA E RUGOSCOPIA PALATINA............................................................................ 5

CAPÍTULO 1
ARCOS DENTÁRIOS E A CAPACIDADE DE IDENTIFICAÇÃO.......................................................................................... 5

CAPÍTULO 2
MARCAS DE MORDIDA............................................................................................................................................................. 26

CAPÍTULO 3
RUGOSIDADE PALATINA.......................................................................................................................................................... 37

REFERÊNCIAS................................................................................................................................................45
IDENTIFICAÇÃO POR
ARCADA DENTÁRIA E UNIDADE IV
RUGOSCOPIA PALATINA

CAPÍTULO 1
ARCOS DENTÁRIOS E A CAPACIDADE DE IDENTIFICAÇÃO

Como já citado anteriormente, sabe-se que, em 1897, o doutor Oscar Amoedo Valdés,
cubano, presidente da Sociedade Odontológica Francesa e professor da Escola Dental
de Paris, desenvolveu o primeiro tratado sobre identificação usando a arcada dentária.
Esta constitui elemento de importância exponencial no campo da Medicina Legal.

Uma das principais vantagens da identificação pela análise da arcada dentária é a sua
eficiência em várias situações. Os dentes possuem estruturas mineralizadas e também
grande durabilidade, longevidade e alta resistência a condições extremas de degradação,
como alterações de pressão, temperatura e umidade (JUNIOR, 2014).

O estudo dos dentes é de fundamental importância para a determinação da identidade,


especialmente em cadáveres carbonizados, tendo em vista que os dentes precisam de
uma elevada temperatura para serem calcinados, de 1200º C a 1700º C (os molares).
Observam-se, nesse exame: a fórmula dentária, o modo de implantação dos dentes, as
anomalias, as alterações patológicas, o desgaste, os aparelhos de prótese. Utilizando-se
dessa técnica, Amoedo realizou a primeira identificação odontológica em um desastre
ocorrido em Paris, em 4 de maio de 1897, no qual morreram 126 pessoas, apresentando
o resultado desse fato por meio do artigo “Función de los Dentistas enlaIdentificación
de las Víctimas de la Catástrofe del Bazar de Caridad”, em que cita a necessidade de se
estabelecer um sistema internacional uniforme de nomenclaturas para representação
gráfica dos dentes.

Alguns autores relatam que, em casos de queimaduras extensas, os dentes são bem
protegidos pela língua, lábios e bochechas. E, também, são relativamente bem preservados
mesmo após o corpo ter sido enterrado há milhares de anos. Em casos de guerra, acidentes
de grande magnitude e desastres naturais, a identificação dentária torna-se necessária
devido à grande decomposição dos corpos. Em alguns casos, os dentes servem, também,
para analisar a causa e o modo da morte.

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As transformações decorrentes da ação do fogo nos dentes, ossos, músculos da cavidade


bucal e nos materiais odontológicos utilizados em dentística e prótese dentária não são
tão evidentes, pois a boca se fecha, protegendo os tecidos internos, colaborando com
o constante estado de umidade; a língua se intumesce e protege o palato. No palato,
estão as papilas palatinas, que geralmente conservam a sua morfologia. A maxila, na
maioria dos casos, por efeito do violento traumatismo, encontra-se dividida e separada
no nível da linha média incisal. Na mandíbula, ao sofrer impacto, muitas vezes ocorre
a fratura na altura do mento; quando isso ocorre, o fogo destrói os tecidos moles do
palato e carboniza a língua.

Já nos casos das restaurações de amálgama, podem sofrer sérias alterações devido
ao mercúrio, pois, por volta de 500ºC a 1000ºC, o amálgama perde a forma, a cor e a
integridade (MARTINHO, 2009).

Na lista de materiais restauradores, incluem-se as resinas, que, aquecidas a temperaturas


entre 815ºC e 900ºC, mudam consistentemente de uma coloração branco-amarelada,
para uma cor cinza. Os tratamentos endodônticos podem ser demonstrados por meio
de radiografias e possuem um valor extraordinário para a identificação (MARTINHO,
2009).

O exame odontolegal contribui significativamente para a identificação de corpo em


decomposição avançada, esqueletizados e carbonizados. Diante dessas situações,
normalmente se utiliza mais de uma metodologia de identificação, e o trabalho do
cirurgião-dentista, em conjunto com outros peritos, é fundamental para se atingir o
objetivo maior: a determinação da identidade de um indivíduo.

Na identificação de corpos, cinco etapas devem ser seguidas até a identificação do


corpo, e a identificação por arcada dentária é a quarta etapa desse processo. Uma vez
identificado o corpo, o processo não precisa ser continuado em todas as suas etapas.
A primeira constitui a identificação do corpo realizada pelos familiares. A segunda é
feita pelos papiloscopistas, quando são analisadas as impressões digitais. Já na terceira
etapa, os médicos-legistas fazem a análise de lesões, cirurgias e radiografias que poderão
identificar o corpo. A quarta etapa é a análise de fichas e documentos odontológicos, e,
por fim, a última compreende um exame de DNA.

As características dentárias provaram ser importantes para a identificação de vítimas,


sendo imprescindível o uso de documentos odontológicos para obtenção de um resultado
correto.

Como os dentes, as próteses dentárias e as restaurações têm alta durabilidade, as


características únicas da dentição de um indivíduo tornam possível a identificação positiva

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de um cadáver humano. A identificação por meio da arcada dentária preenche os requisitos


que são necessários e aplicáveis para o processo: unicidade, imutabilidade, praticabilidade
e classificabilidade. Dessa forma, a combinação entre dentes restaurados, não restaurados,
ausentes e dentes decíduos pode ser única como uma impressão digital, sendo muito pouco
prováveis duas dentições completamente iguais.

Deve ser levada em consideração a cronologia de erupção, assim como os degastes dos
dentes naturais. Determina-se a idade do indivíduo de acordo com o degrau de desgaste
da coroa nas pessoas acima de 30 anos. Até os 16 anos, esse método oferece maior
precisão, pois as etapas do desenvolvimento dentinário são semelhantes. Já nos adultos,
esse método não é muito confiável, pois os indicadores de idade passam a apresentar
muitas variáveis (ALVES, 2004).

É importante enfatizar que os dentes ocupam uma posição anatômica privilegiada, pois
estão protegidos pelos lábios, língua e bochechas e são constituídos pelos tecidos mais
resistentes do corpo, sendo um dos últimos a sofrer danos diante de uma agressão externa,
como a que ocorre em casos de carbonizações. Em relação aos materiais restauradores
odontológicos, cada um deles suporta determinado nível de temperatura, sendo seu
comportamento e sua aparência, quando da exposição a altas temperaturas, objetos de
diversos estudos.

Em alguns casos, os dentes servem, também, para analisar a causa e o modo da morte.

Não existem duas pessoas com as arcadas dentárias iguais, pois suas características são
absolutamente singulares. A identificação dentária é de alta simplicidade e confiabilidade.
Na primeira fase da identificação, é verificada a natureza da morte. Na segunda fase, que
é o exame post-mortem, são analisados os arcos dentários do cadáver, sendo realizadas
fotografias faciais e intraorais, estruturas orais, radiografias e moldagens dos arcos.

Os detalhes anatômicos que podem seguir como base de comparação são:

» formas dos dentes e das raízes;

» dentes perdidos e presentes;

» raízes residuais;

» dentes supranumerários;

» atrito ou abrasão;

» fraturas coronárias;

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» grau de reabsorção óssea decorrente de doença periodontal;

» lesões ósseas;

» diastemas;

» formas e linhas das cavidades;

» cárie;

» tratamento endodôntico;

» pinos intrarradiculares e intracoronários;

» aparelhos ortodônticos;

» próteses dentárias.

A identificação pelos dentes exige duas ocasiões especiais:

» ante-mortem: que diz respeito às informações antes da morte; quanto mais


precisas, melhores serão;

» post-mortem: que coletará dados do cadáver e por meio dos quais se fará a
comparação com as informações ante-mortem.

Informações como posição e características dos dentes, ausência de um ou vários dentes,


cáries e muito mais contribuirão para a identificação. Após a comparação dos dois registros,
afirmar-se-á ou negar-se-á que o material estudado é da pessoa procurada.

A comparação é feita com as radiografias feitas pelo dentista do suposto falecido e


radiografias do cadáver, tiradas exatamente do mesmo ângulo. As imagens são sobrepostas
no computador para aferir semelhanças.

É importante saber que só teremos uma identificação positiva caso houver uma
base de dados para comparar. Sem o registro primário, não haverá confirmação.
Isso mostra, mais uma vez, a importância do prontuário bem preenchido
e arquivado.

Em casos em que o indivíduo nunca frequentou o dentista e a confirmação de identificação


não é possível, vale ressaltar que os dentes podem oferecer dados como:

» espécie: diferenciação entre humanos e animais por meio das características


anatômicas do elemento dental. É muito importante para fazer distinção entre
marcas de mordida e em casos em que somente parte da arcada ou até mesmo
elemento dental são encontrados;

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Figura 24. Imagem comparativa entre a arcada dentária de um chipanzé e uma humana.

Fonte: https://roberto-furnari.blogspot.com/2015/05/.

» estimativa de idade: do ponto de vista histórico, considera-se ter sido na Roma


Antiga que o interesse da utilização do dente para seriação do indivíduo foi explorado
pela primeira vez. Descrito na literatura por Muller, em 1990, os adolescentes do
gênero masculino eram considerados aptos a cumprir o serviço militar assim que
os segundos molares estivessem totalmente erupcionados. Silva (1997) destaca
que, para se chegar à idade aproximada, deve-se avaliar vários aspectos, como:
estatura, peso, presença de rugas etc. Há dois métodos de se realizar o exame: o
método direto, que é realizado por meio do exame clínico, analisando o número de
dentes irrompidos, a sequência eruptiva, a cronologia de erupção e o estado geral
dos elementos dentários; e o indireto, por meio de análise de radiografia intra e
extraorais, observando, principalmente, a mineralização dentária. Se ambas as
técnicas forem associadas, obtêm-se um melhor resultado.

Os dentes não são muitos afetados pelas deficiências nutritivas, o que não acontece
com os ossos, pois a idade cronológica é compatível com a idade dentária, mesmo em
crianças subnutridas (COSTA apud NEGREIROS, 2001). Para a idade de 18 anos, torna-se
bastante pobre a análise, uma vez que somente os terceiros molares permitem a obtenção
das informações no que se refere à evolução de mineralização, bem como da erupção.

Sabe-se que, quanto mais jovem o indivíduo, maior o número de informações obtidas a
partir da análise dentária devido ao maior número de dentes em formação. Conforme
a maturação dentária vai se completando, reduz a quantidade de informações, até se
restringir unicamente aos últimos dentes a se desenvolverem, que são os terceiros molares.

O estudo de estimativa é extremamente relevante devido ao vasto apoio à justiça que


ele proporciona, como: auxílio na identificação de desaparecidos; quando o indivíduo
responde por crimes e alega ser incapaz; em crimes contra menores; estupro; aborto;

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homicídio; sequestro; roubo; tráfico de drogas; pensão alimentícia; aposentadoria e


em todos os casos em que o conhecimento da idade correta do indivíduo estabelecerá
o andamento do processo.

Para a estimativa de idade de brasileiros por meio dos dentes, é recomendado o uso da
tabela cronológica de mineralização dental desenvolvida por Nicodemo et al. (1974).
Ela se baseia na comparação, por meio de radiografia panorâmica, entre os estágios de
mineralização dos dentes permanentes do indivíduo de acordo com os parâmetros de
Nolla e os estágios de mineralização tabulados.

Figura 25. Representação esquemática dos estágios de desenvolvimento dentário segundo Nolla.

Estágio 0

Estágio 1

Estágio 2

Estágio 3

Estágio 4

Estágio 5

Estágio 6

Estágio 7

Estágio 8

Estágio 9

Estágio 10

Fonte: http://3.bp.blogspot.com/-8Tha687s8lg/UxVFFh6bpNI/AAAAAAAAAnk/IgAwgbWO9yU/s1600/Pag68.jpg.

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Estágios:

» Estágio 0: ausência de cripta;

» Estágio 1: presença de cripta;

» Estágio 2: início da calcificação;

» Estágio 3: formação de 1/3 da coroa;

» Estágio 4: formação de 2/3 da coroa;

» Estágio 5: coroa quase completa;

» Estágio 6: coroa completa;

» Estágio 7: formação de 1/3 da raiz;

» Estágio 8: formação de 2/3 da raiz;

» Estágio 9: raiz quase completa + ápice aberto;

» Estágio 10: raiz completa + ápice fechado.

Tabela 1. Tabela cronológica de meses da mineralização dos dentes permanentes.

Início da 1/3 2/3


Evidência de 1/3 da 2/3 da Coroa Término
Dente formação da da
mineralização coroa coroa completa apical
radicular raiz raiz
Superiores
Incisivo central 5-7 8-15 18-30 36-57 60-78 75-90 87-108 100-116
Incisivo lateral 9-15 24-30 33-57 54-72 72-88 84-102 96-112 105-117
111-
Canino 5-6 12-33 36-60 60-78 76-87 90-114 126-156
141
102- 117-
1º PRÉ-MOLAR 27-30 48-66 57-75 78-96 97-108 129-159
126 138
105- 117-
2º PRÉ-MOLAR 36-54 51-66 66-84 78-112 93-117 141-159
129 144
1º MOLAR 1-6 6-16 18-30 36-48 54-66 66-84 75-96 90-104
120- 129-
2º MOLAR 38-57 52-66 69-84 81-102 102-126 150-162
134 153
182- 185-
3º MOLAR 90-132 96-138 102-156 138-174 162-198 216-245
208 238
Inferiores
Incisivo central 3,9-6,1 9-12 18-27 28-45 48-68 60-78 76-96 90-112
Incisivo lateral 4,6-5,8 7-12 18-30 18-66 54-78 68-88 80-99 92-102

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Início da 1/3 2/3


Evidência de 1/3 da 2/3 da Coroa Término
Dente formação da da
mineralização coroa coroa completa apical
radicular raiz raiz
105-
Canino 4-7 8-30 24-54 51-72 69-93 84-108 129-156
135
102- 114-
1º PRE-MOLAR 27-36 45-60 51-72 69-90 84-102 132-156
126 141
108- 117-
2º PRE-MOLAR 33-54 48-63 66-81 78-96 93-144 141-159
132 144
1º MOLAR 1-6 6-12 18-28 18-45 54-66 57-81 78-96 90-104
117- 129-
2º MOLAR 39-60 51-66 72-87 84-105 102-126 150-165
135 153
182- 185-
3º MOLAR 90-132 96-138 102-156 138-174 162-198 216-245
208 238
Fonte: http://revodonto.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-09392015000200006&lng=pt&nrm=iso#tab01.

» Determinadas profissões: certas profissões podem produzir marcas permanentes


nos dentes por razões mecânicas ou químicas; como por exemplo, nos sapateiros
e nas costureiras, devido a ação mecânica, nos operários, devido a ação química
de determinadas substâncias como chumbo, ferro e cobre (Quadro1).

Tabela 2. Síntese das principais manifestações e doenças orais relacionadas ao trabalho, segundo
fator de risco.

Ocupação Fator de risco Possível manifestação


Abrasão dental, principalmente em incisivos
Cabeleireiros Físico: abrir grampo com os dentes.
superiores.
Carteiros Físico: exposição contínua ao sol. Queilite actínea, câncer bucal.
Gengivite crônica; sialorreia; lesões de mucosa
Químico: mercúrio e seus compostos
Garimpeiros oral, incluindo estomatite ulcerativa crônica e
químicos.
leucoplasia.
Operadores de telefonia Ergonômico: postura inadequada. Desordem e disfunção temporomandibular.
Pescadores Físico: exposição contínua ao sol. Queilite actínea, câncer bucal.
Sangramento gengival; palidez de mucosa, infecções
Pintores Químico: benzeno.
frequentes.
Provadores de bebidas Cárie; erosão dental e manchamento das estruturas
Químico: açúcar e vinho.
alcoólicas e/ou açucaradas dentárias.
Alterações de mucosa (bochechas e palato,
Provadores de café Térmico: variações de temperatura.
principalmente).
Químico: chumbo. Orla gengival de Burton.
Sapateiros, marceneiros e
Físico: abrir tachinhas e grampos, segurar com Abrasão dental, principalmente em incisivos
estofadores a boca alfinetes e pregos. superiores.

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Ocupação Fator de risco Possível manifestação


Físico: pó de vidro. Abrasão dental, principalmente dos incisivos
Sopradores de vidro, centrais superiores.
Instrumentos de sopro.
músicos
Ergonômico: postura inadequada. Desordem e disfunção temporomandibular.

Trabalhadores de fábrica
Químico: fluoretos. Erosão dentária.
de fertilizantes
Trabalhadores de indústrias
de doces, bolos e biscoitos, Químico: poeira de açúcar e farinha. Cárie, erosão dental, periodontopatias.
padarias
Químico: contato com ácidos, metais, Estomatite, periodontopatias, mobilidade e perda
Trabalhadores de gazes, névoas ácidas. dentária, erosão principalmente nos incisivos.
indústria metalúrgica
Chumbo. Orla gengival de Burton.
Trabalhadores de Químico: fosfato, zinco, ácido nítrico,
Coloração ou descalcificação dos dentes.
indústria galvânica cromo e cobre.
Trabalhadores de Químico: névoas ácidas. Erosão dentária; sangramento gengival, palidez na
indústria química e
Benzeno. mucosa, infecções frequentes.
petroquímica
Trabalhadores rurais Físico: exposição contínua ao sol. Queilite actínea, câncer bucal.
Fonte: https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/2691.pdf.

» Estimativa de altura: a experiência do odontolegista é imprescindível em situações


deparadas apenas com informações do crânio ou dos dentes. Estimativa de altura,
a partir das dimensões dentárias, pode ser muito útil e importante, sobretudo em
situações em que não é encontrado o esqueleto todo e principalmente faltam os
ossos longos, que são os primeiros a serem analisados quando se precisa de uma
estimativa de idade.

Carrea, em 1920, criou um método matemático que possibilitou o estudo de relações


precisas entre os dentes e o indivíduo. O método matemático de Carrea permite o
cálculo da altura a partir das dimensões dos dentes e é fundamentado pelo fato de que
existe proporcionalidade dos diâmetros dos dentes e a altura. Mede-se, em milímetros,
o “arco” de circunferência, constituído pela somatória, no arco inferior, dos diâmetros
mésio-distais do incisivo central, incisivo lateral e canino inferiores do mesmo lado,
aceitando o princípio de que a mandíbula apresenta simetria entre seus dois lados.
A “corda” desde “arco”, geometricamente falando, é medida traçando a linha reta entre os
pontos inicial e final (borda mesial do incisivo central e borda distal do canino) do “arco”.
A altura humana deve se encontrar entre essas duas medidas, que hão de ser consideradas
proporcionais, uma máxima, à medida do arco, e outra mínima, proporcional à medida
do “raio-corda inferior.

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Figura 26. Índice de Carrea.

corda

arco
Fonte: http://odontoup.com.br/antropologia-do-cranio/.

Tabela 3. Fórmula de Carrea.

Estatura máxima (*) Estatura mínima (**)


ax6xπ a’ X 6 x π
___________ ____________
2 2
(*) a = mensuração do arco em milímetros, com uso da fita milimetrada, desde a mesial do incisivo central até a distal do canino.
(**) a’ = mensuração da corda em milímetros, com uso do paquímetro, desde a mesial do incisivo central até a distal do canino.
Fonte: http://tcc.bu.ufsc.br/Espodonto251923.PDF.

Na perícia realizada por peritos brasileiros no caso Josef Mengele, médico nazista
conhecido como “anjo da morte” por seus experimentos cruéis, foi utilizado o método
Carrea para complementar as demais estimativas e, embora se tratasse de indivíduo
que não pudesse ser considerado como pertencente à população brasileira, a
aplicabilidade do referido método foi comprovada.

Figura 27. Josef Mengele – o anjo da morte.

Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/Josef_Mengele.

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Figura 28. Experimentos em gêmeos por Josef Mengele.

Fonte: http://saladadevariedades.blogspot.com/2018/02/os-experimentos-mais-crueis-com-gemeos.html.

Para saber mais sobre a história de Josef Mengele, assista ao filme “Josefe Mengele:
O Anjo da Morte”.

» Estimativa racial: todos os homens pertencem a uma única espécie, a Homo


sapiens, e, portanto, compartilham um ancestral comum. Porém, existem
diversos grupos humanos, e é impossível determinar quando e como esses grupos
desenvolveram diferenças anatômicas uns dos outros. De acordo com antropólogos,
a natureza seleciona os padrões biológicos e culturais de uma população que são
adaptáveis em um ambiente particular.

A identidade racial de um indivíduo desconhecido, a partir da análise da dentição,


trata-se de uma tarefa difícil. Porém, existem certas características dentárias que
são predominantes em determinados grupos raciais e contribuem como indicadores
importantes no processo de identificação.

Deve ser enfatizado que não é possível especificar qualquer característica distinta
anatômica exclusivamente para determinada raça, mas um exame cuidadoso das estruturas
físicas, esqueléticas e dentárias pode caracterizar, coletivamente, a identidade racial de
um indivíduo.

As seguintes estruturas dentoantropológicas são úteis para fins de identificação e para


verificar as afinidades raciais:

» tamanho, número e localização de cúspides;

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» padrão de crescimento oclusal;

» canais radiculares;

» número e disposição dos dentes;

» medidas individuais dos dentes;

» proporções dimensionais entre diferentes dentes;

» relações oclusais e ósseas;

» tamanho da câmara pulpar e dos canais;

» características microscópicas da superfície dos dentes.

As características dentais avaliadas numa identificação forense racial são:

» cristas marginais;

» protuberâncias;

» sulcos;

» fossetas e fossas.

As relações que ocorrem em diferentes partes das coroas ou raízes dos dentes, que variam
na faixa de tamanho e dimensão, também são analisadas.

Os dentes são fontes excelentes e confiáveis de informação, e a expressividade de


certas características pode indicar uma relação positiva ou negativa de uma pessoa a
determinado grupo racial, porém é importante ressaltar que a miscigenação entre as
raças gera variações anatômicas nos dentes, dificultando a avaliação forense.

» Estimativa de gênero: em odontologia legal, é relevante citar a importância


da pesquisa de cromatina sexual na polpa dentária e nas células de escamação da
mucosa bucal.

Para as células em descamação, esfregaços são feitos logo após a retirada do material.
Pode ser utilizada a técnica de coloração cresil-violeta, descrita da seguinte forma:

» fixação em álcool-éter – 60 minutos;

» hidratação: álcool absoluto – álcool 95% e álcool 70% - 1 minuto cada;

» água destilada – 1 minuto;

» coloração com cresil-violeta a 1%, a quente – 5 minutos;

» desidratação: álcool 95% – álcool absoluto I – álcool absoluto II – 3 minutos cada;

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» xilol – 3 vezes, 3 minutos cada;

» finalizar com a montagem.

A cromatina sexual ou corpúsculo da Barr, como é chamada, será observada, nos


núcleos das células, mais intensamente corada, estando presente no sexo feminino
e ausente no sexo masculino.

Se não for possível mais a coleta desses materiais para o teste de cromatina sexual,
podem ser feitas estimativas de acordo com características cranianas que são de extrema
importância, principalmente quando se é encontrado um crânio separado do restante
do esqueleto.

O esqueleto exibe diferenças que começam a ser perceptíveis na puberdade, permitindo


a identificação do sexo. Os ossos da mulher, em geral, são mais leves e menores.
As rugosidades que marcam as inserções musculares no sexo masculino são mais
pronunciadas, e as extremidades articulares no sexo feminino têm dimensões menores,
porém os segmentos que maiores subsídios fornecem são o crânio, o tórax e a bacia.

O sexo feminino caracteriza-se por um desenvolvimento menor de suas estruturas. Todas as


protuberâncias ósseas, cristas e apófises são menores e mais lisas, sendo também menos
desenvolvidas as cristas supraorbitárias, por vezes, totalmente inexistentes, o osso
malar sendo áspero e irregular no seu bordo inferior. O contorno do crânio feminino é
mais angular, sendo o frontal mais pronunciado que no homem. No homem, a fronte é
a mais inclinada para trás e mais vertical na mulher. A glabela é mais pronunciada no
sexo masculino. Mandíbulas são mais fortes e côndilos mandibulares são mais robustos
no homem.

Tabela 4. Relação entre as características anatômicas do crânio e o gênero.

Acidentes anatômicos Masculino Feminino


Fronte Mais inclinada para trás Mais vertical
Glabela
Menos saliente
Mais saliente
Margens supraorbitais Arredondada Bordas cortantes

Articulação frontonasal Ângulo pronunciado Ângulo discreto

Apófises mastoides Mais robustas Menos robustas

Apófises estiloides Mais longas e grossas Mais curtas e finas

Côndilos occipitais Robusto Menos robusto


Fonte: http://rbc.org.br/ojs/index.php/rbc/article/view/98/pdf_38.

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Para a classificação, pode ser usado o Índice de Baudoin, o qual utiliza dimensões dos
côndilos occipitais. O índice é calculado pela largura máxima do côndilo occipital,
multiplicado por 100 e dividido pelo comprimento máximo, em milímetros. A mensuração
linear pode ser feita no côndilo esquerdo ou no direito.

Figura 29. Largura máxima (a) e comprimento máximo (b) de um dos côndilos occipitais (1)
adjacente ao forame magno (2), localizados na base do crânio.

Fonte: http://rbc.org.br/ojs/index.php/rbc/article/view/98/pdf_38.

Os resultados são classificados da seguinte forma:


> 55 mm = Feminino.

Entre 50 e 55 mm = determinação duvidosa.


< 50mm = Masculino.

Pode também ser utilizado o índice dos diâmetros do forame magno, que é a grande
abertura por meio do osso occipital na base do crânio, por meio do qual a medula espinal
deixa o crânio seguindo para o canal medular.

Figura 30. Forame magno.

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Foramen_magnum.

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Largura do Forame X 100


Índice do forame magno =
Comprimento do Forame

Índice:

Maior 35,0 – Masculino.

Entre 30,0 e 35,0 – provável masculino.

Entre 28,5 e 30,5 – duvidoso.

Entre 25,0 E 28,5 – provável feminino.

Menor 25,0 – feminino.

A precisão da estimativa sexual dos restos ósseos depende da região anatômica disponível.
De um modo geral, é sabido que, a seguir a pélvis (95% de precisão), o crânio é a porção
do esqueleto humano com uma maior discriminação sexual, com uma precisão de
80-90%. A mandíbula é outra estrutura óssea que demonstra características confiáveis
para a pesquisa de dimorfismo sexual. Osso localizado na parte anteroinferior do
crânio e que serve de suporte para os dentes inferiores, além de apresentar diferenças
morfométricas, especialmente em nível de seu ramo mandibular, que, normalmente,
devido ao processo de mastigação, é submetido a um maior estresse do que qualquer
outro osso do crânio, ainda fornece dados biotipológicos por meio do estudo dos dentes
nele implantados.

É possível observar o mento – geralmente é maior, quadrado ou retangular e possui


maior altura no corpo para os homens, enquanto, nas mulheres, é menor e arredondado.

Relato de caso 1

Identificação por arcada dentária

Em junho de 2008, deu entrada no necrotério do Instituto Médico Legal de Belo Horizonte
– MG um cadáver carbonizado registrado como desconhecido. A Seção de Odontologia
Legal realizou o exame odontolegal, fotografias e radiografias. Foi disponibilizada
pelos supostos familiares do desconhecido uma radiografia panorâmica datada de
2007, quatorze radiografias periapicais. Comparando as descrições das radiografias
panorâmica e periapicais encaminhadas pelos supostos familiares com o exame clínico,
radiográfico e fotografias realizadas no cadáver desconhecido, foram constatados 18

19
UNIDADE IV | Identificação Por Arcada Dentária E Rugoscopia Palatina

elementos dentários com características compatíveis relativos a tratamentos executados.


As compatibilidades encontradas foram das estruturas anatômicas, como o trabeculado
ósseo, câmara pulpar, inclinação, anatomia das raízes e coroas. Não foram constatadas
discrepâncias ou discordâncias no exame feito a partir da técnica comparativa entre as
radiografias ante-mortem, radiografias post-mortem e o exame odontolegal.

Figura 31. Radiografia panorâmica fornecida pela suposta família do desconhecido.

Fonte: http://periodicos.pucminas.br/index.php/Arquivobrasilirodontologia/article/view/1262/1325.

Figura 32. Maxila e dentes após carbonização.

Fonte: https://www.scielo.br/j/dpjo/a/cYfvYs5dZGLTfDVz4SC9sBr/?lang=pt.

Para complementar a análise comparativa, foi realizada sobreposição do fragmento


da mandíbula e das peças dentárias remanescentes sobre a radiografia panorâmica.
Essa sobreposição possibilitou confirmar a concordância do exame clínico odontolegal

20
Identificação Por Arcada Dentária E Rugoscopia Palatina | UNIDADE IV

com os dados ante-mortem e visualizar a coincidência do trabeculado ósseo, inclinação


e anatomia das raízes e coroas clínicas, restaurações e tratamentos realizados, próteses
e demais tratamentos protéticos.

Figura 33. Comparação da arcada dentária com as periapicais presentes na documentação


odontológica.

Fonte: https://www.scielo.br/j/dpjo/a/cYfvYs5dZGLTfDVz4SC9sBr/?lang=pt#.

Figura 34. Imagem da sobreposição vista no negatoscópio.

Fonte: http://periodicos.pucminas.br/index.php/Arquivobrasileirodontologia/article/view/1262/1325.

Fundamentados nos elementos técnicos obtidos, pode ser aferido que existe compatibilidade
entre os achados no exame odontolegal do desconhecido com as informações oferecidas
pelos supostos familiares. A perícia odontológica realizada auxiliou a Autoridade Policial
a inferir na identificação positiva.

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Relato de caso 2

Em julho de 2014, um cadáver carbonizado, sem identificação formal, do sexo masculino,


procedente de Contagem-MG, foi admitido no IML/BH. Foram realizados os exames
necroscópicos de rotina, exame odontolegal, fotografias e radiografias. Os supostos
familiares da vítima disponibilizaram um prontuário odontológico contendo descrição
dos procedimentos executados, fotografias e uma radiografia panorâmica que serviram
de confronto para a realização da identificação odontológica. Regiões da radiografia
panorâmica foram cortadas, resultando em imagens que foram comparadas com as
radiografias post-mortem.

Figura 35. Fotografia ante-mortem frontal.

Fonte: http://revistacml.com.br/wp-content/uploads/2017/01/RCML01-03.pdf.

Figura 36. Fotografia post-mortem frontal.

Fonte: http://revistacml.com.br/wp-content/uploads/2017/01/RCML01-03.pdf.

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Identificação Por Arcada Dentária E Rugoscopia Palatina | UNIDADE IV

Figura 37. Radiografia panorâmica usada para confronto.

Fonte: http://revistacml.com.br/wp-content/uploads/2017/01/RCML01-03.pdf.

Figura 38. Radiografia ante e post-mortem dos lados direito e esquerdo.

Fonte: http://revistacml.com.br/wp-content/uploads/2017/01/RCML01-03.pdf.

Por meio da técnica de sobreposição de imagens, foram sobrepostas as radiografias,


evidenciando a concordância dos caracteres odontológicos entre essas tomadas, obtendo,
assim, um resultado positivo de identificação.

Relato de caso 3

Identificação humana com a utilização de prótese total superior e de


técnica de sobreposição de imagens

Foi recebido para exame necroscópico no Instituto Médico-Legal, da cidade de Guarulhos,


um esqueleto incompleto, composto por um conjunto de ossos secos e inodoros. Feito
o registro fotográfico, os despojos foram encaminhados para o devido preparo. Após
a devida limpeza, o conjunto ósseo foi classificado e remontado em mesa para estudo.
Considerados no seu conjunto, os aspectos antroposcópicos e antropométricos do
esqueleto, objeto do estudo, concluiu-se que se tratava de:

1. esqueleto pertencente à espécie humana;

2. do sexo feminino;

3. com características de cor de pele predominantes do grupo leucoderma;

23
UNIDADE IV | Identificação Por Arcada Dentária E Rugoscopia Palatina

4. com idade estimada de mais de 60 anos;

5. com estatura de cerca de 1,60 m;

6. causa da morte não determinada pelo estudo;

7. a morte teria ocorrido em um período de ao menos 90 dias antes de seu recebimento


no serviço;

8. apresenta como sinal particular ser edentado.

Em 13 de outubro de 2009, foi entregue no Serviço de Antropologia Forense uma


prótese dentária de arco superior desgastada, encaminhada por familiares da Sra. L. C.
S., 71 anos de idade, desaparecida desde o ano de 2008, para fins de confrontação com
o esqueleto objeto do presente estudo. A referida prótese encontrava-se sob guarda da
família por se encontrar em desuso.

Figura 39. Prótese superior.

Fonte: Paiva; Rabelo (2010).

Técnicas empregadas

Um modelo da superfície interna da prótese foi obtido em gesso pedra tipo 3 por meio
de moldagens subsequentes com silicone por condensação (tipo pesada) e hidrocoloide
tipo irreversível. Esse modelo, referente à superfície anatômica da área chapeável
da maxila do portador da prótese, foi utilizado para a comparação anatômica com a
área correspondente no crânio recebido para exame. Os seguintes procedimentos de
comparação anatômica entre a prótese recebida e o crânio estudado foram realizados:

1. prova de adaptação da prótese ao crânio;

2. comparação do alinhamento entre o rebordo alveolar da maxila do crânio em


análise e do modelo obtido em gesso;

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Identificação Por Arcada Dentária E Rugoscopia Palatina | UNIDADE IV

3. comparação entre as alterações anatômicas de relevo do rebordo alveolar superior


e do palato do crânio em análise com a superfície de adaptação do modelo em
gesso, por meio da técnica de sobreposição de imagens.

Figura 40. Prova de adaptação da prótese ao crânio em estudo: a) em vista frontal; b) em vista
lateral.

Fonte: Paiva; Rabelo (2010).

Figura 41. a) Prótese; b) molde em silicone; c) molde em gesso.

Fonte: Paiva; Rabelo (2010).

Figura 42. a) Rebordo alveolar; b) modelo em gesso; c) imagens sobrepostas.

Fonte: Paiva; Rabelo (2010).

No caso aqui relatado, a consistência da identificação se fundamentou nos seguintes aspectos:

1. a total compatibilidade entre os dados de conclusão do Exame Antropológico


Forense relacionados ao sexo, à idade, à estatura, à cor da pele e à época da morte
do caso estudado e os dados do histórico da pessoa objeto de estudo comparativo;

2. a perfeita adaptabilidade da prótese recebida ao crânio estudado;

3. a completa coincidência anatômica entre o modelo obtido da prótese e o rebordo


alveolar e palato do crânio em estudo.

25
CAPÍTULO 2
MARCAS DE MORDIDA

O estudo das marcas de mordida constitui uma das formas de identificação humana
de alta importância na área de Odontologia Legal, auxiliando na exclusão ou inclusão
dos seus potenciais autores. Numa cena de crime, podem ser encontrados inúmeros
cenários, como pele humana, objetos inanimados e alimentos.

Fatores como tamanho, forma, alinhamento, comprimento, desgastes, rotações, diastemas,


restaurações e características acidentais como fraturas impossibilitam a existência de
dois conjuntos de dentes idênticos. Além disso, presença de cárie, ausência recente ou
antiga de um ou vários elementos dentários, próteses, presença de aparatos ortodônticos,
erosão, malformação são fatores importantes no momento da identificação.

Saber reconhecer, fotografar, realizar a recolha e fazer uma análise são fatores de alta
relevância para a correta identificação.

O mecanismo de ação que resulta na impressão dos dentes sobre a pele foi descrito por
Becksteat, Rawson e Giles, em 1979, de uma maneira esquemática como uma combinação
de forças:

» fechamento mandibular;

» succção (pressão negativa) da pele;

» ação de uma força no sentido contrário impulsionada pela língua.

O estudo das marcas de mordida é realizado segundo a análise da forma, localização,


tamanho e algumas características específicas dos dentes, bem como a impressão delas
na pele, nos alimentos ou outros objetos, considerando inclusive a intensidade com que a
mordida foi realizada. Estas podem ser encontradas tanto em pessoas vivas como em óbito.

Para a identificação por marcas de mordida, é imprescindível que o perito tenha


conhecimento das condições dentais normais, assim como qualquer possível variação.

O primeiro passo é determinar se as marcas encontradas são de animais ou humanas, e,


se humanas, se são de crianças ou adultos. Depois de identificada como mordida humana,
o perito tenta identificar anomalias de volume, de número, de forma, de posição, de
erupção e alterações dentárias decorrentes de hábitos. Nesse momento, vale ressaltar
o bom conhecimento e a experiência por parte do perito odontolegal.

As mordidas podem ser classificadas como:

» mordidas de defesa;

26
Identificação Por Arcada Dentária E Rugoscopia Palatina | UNIDADE IV

» mordidas de agressão;

» mordidas sexuais.

E, também, podem ser classificadas de acordo com a severidade:

» Classe I: a marca de mordida é difusa e sem grande valor para comparação, podendo
existir uma ou ainda ambas as arcadas dentárias levemente marcadas;

» Classe II: nesse caso, a marca de mordida permite a diferenciação de algumas


características individuais, permitindo a identificação de algumas peças dentárias.
É possível identificar a arcada superior e a inferior. Geralmente, é usada como
forma de exclusão;

» Classe III: marca de mordida com excelente morfologia dentária em pelo menos
uma das arcadas. Algumas formas dentárias e a posição na arcada podem ser
identificadas;

» Classe IV: marca com incisão ou uma possível excisão dos tecidos, com sangue
presente na superfície. Classe em que é praticamente impossível de se obter um
perfil dentário suspeito.

Em momentos de luta, confronto entre criminosos e vítimas ou até mesmo em casos de


crimes sexuais, os dentes podem ser usados tanto na defesa quanto no ataque.

Figura 43. Amputação de parte do dedo devido a mordedura.

Fonte: https://i.ytimg.com/vi/E4VJNJ72OOk/maxresdefault.jpg.

Podem causar lesões como: contusões, feridas cortocontusas e até mesmo arrancar
partes do corpo, dependendo da intensidade da ação traumática.

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UNIDADE IV | Identificação Por Arcada Dentária E Rugoscopia Palatina

É muito importante analisar se a marca de mordida encontrada exclui ou não possibilidade


de automutilação.

O primeiro caso de aceitação de uma marca de mordida como evidência por um tribunal foi
em Mansfield, Ohio (EUA), em 1870, quando o cadáver de Mary Lunsford foi encontrado
dentro da sua própria casa. No corpo, peritos encontraram cinco marcas de mordidas
humanas, e foram identificados três suspeitos. Por meio do confronto entre lesões e
arcos dentários, dois suspeitos foram descartados. Ansil Robinson, que teve diversas
coincidências e, também, ausência de pontos divergentes, foi levado a julgamento e
posterior sentenciamento.

Em 1978, um serial killer, Theodore Bundy, assassinou Martha Bowmn e Lisa Levy. Na
cena do crime, foram encontradas impressões digitais, amostras de sangue e sêmen e
também uma marca de mordida na nádega e no peito de Lisa Levy. A marca de mordida
foi fotografada e, após comparação da impressão dentária com a dentição do suspeito,
foi possível incriminá-lo, e este foi posteriormente considerado culpado.

Figura 44. Theodore Bundy e a fotografia intraoral.

Fonte: https://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/3421/3/T_CristianaAlmeida.pdf.

Na Escócia, uma menina de 15 anos foi encontrada morta num cemitério, vítima de
estrangulamento. No seu seio direito foram encontradas marcas de mordida, por meio
das quais foram obtidos suspeitos. Dos 29 modelos que a polícia tinha em sua posse,
foi possível excluir 24. Depois de uma análise mais profunda, revelaram-se marcas
circulares que teriam sido causadas por uma severa hipoplasia, e a análise dos cinco
modelos restantes revelou que apenas um possuía essas características. Essa prova
condenou o suspeito.

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Identificação Por Arcada Dentária E Rugoscopia Palatina | UNIDADE IV

Em 2009, São Paulo, um assassino em série conhecido como “Maníaco do Parque”, que
além de matar e incendiar as suas vítimas, também as mordia em várias áreas do corpo,
foi identificado como o agressor após a comparação das marcas de mordida.

Figura 45. Francisco de Assis Pereira, o Maníaco do Parque.

Fonte: http://revisedireito.blogspot.com/2015/06/estudo-de-caso-o-maniaco-do-parque.html.

Marcas de mordida na pele humana


A pele humana varia de acordo com a constituição física de cada indivíduo e, também,
de acordo com a região anatômica encontrada. A espessura pode oscilar entre 0,5 e
2mm. A mordedura numa superfície plana não é exatamente a mesma do que numa
superfície curva, côncava ou convexa. Existem mudanças do tamanho e da forma das
marcas causadas por alterações da posição do corpo.

Quando a marca de mordida está presente no vivo, o processo de cicatrização promove


alterações na aparência dela; já no morto, as alterações acontecem devido ao processo
de decomposição. Sendo assim, a pele não constitui um bom substrato de impressão.

Normalmente, a impressão na pele consiste em uma dupla marca de arcos, correspondendo


aos seis dentes anteriores dos arcos superior e inferior, formando uma marca oval ou
circular. No centro, frequentemente, encontra-se uma mancha originada pela sucção
ou pressão da língua. A duração depende da intensidade e da força aplicada.

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UNIDADE IV | Identificação Por Arcada Dentária E Rugoscopia Palatina

Figura 46. Marca de mordida em pele humana – mostrando os sinais dos dentes e mancha de
sucção.

Fonte: https://www.editorarealize.com.br/editora/anais/conbracis/2017/TRABALHO_EV071_MD4_SA2_
ID1793_02052017212639.pdf.

O tamanho da mordida pode indicar se ela foi realizada por criança ou adulto. E, se de
adulto, a distância média entre caninos superiores varia de 2,5 a 4cm e, geralmente,
causam marcas mais proeminentes e profundas. Já de uma criança, a distância intercanina
varia entre 2,5 e 3cm.

A distribuição das mordidas no corpo apresenta a seguinte ordem:

» membros superiores – 60 a 75%;

» cabeça e pescoço – 15 a 20%;

» região do tronco – 10 a 20%;

» membros inferiores – 5%;

» outros locais – 5 a 10%.

Também é possível ver incidências de locais que são mais acometidos em algumas
diferentes situações, como:

» violência sexual:

› quando no agressor: encontradas frequentemente na mão, causadas pelos dentes


anteriores da vítima, em muitos casos com a destruição do tecido, uma vez que
a vítima morde rapidamente e de forma aleatória;

› quando na vítima: em mulher, seios e pernas. Em homens, braços e ombros.

30
Identificação Por Arcada Dentária E Rugoscopia Palatina | UNIDADE IV

Figura 47. Marca de mordida em seio.

Fonte: https://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/3421/3/T_CristianaAlmeida.pdf.

Existem ainda prevalências mais específicas. Em ataques homossexuais, as


lesões estão presentes nas costas, axilas, pescoço, pênis e escroto. Já em ataques
heterossexuais, envolvem seios, coxas e nádegas.

» Violência contra crianças: as mordeduras aparecem em locais aleatórios. Os locais


mais comuns são bochechas, nádegas e abdômen.

Vale lembrar que o cirurgião-dentista pode ser um dos primeiros profissionais


a observar a presença de injúrias características de violência infantil. Por isso, é
necessário estar atento e fazer um correto diagnóstico.

Figura 48. Marcas de mordidas múltiplas em criança.

Fonte: https://www.radiopiratuba.com.br/noticias/noticia/id:3624;bebe-e-hospitalizado-com-marcas-de-mordida-e-mae-
depoe-a-policia-no-am.html.

Em casos de lutas: são mais comuns no nariz, nas orelhas e nos dedos.

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UNIDADE IV | Identificação Por Arcada Dentária E Rugoscopia Palatina

É possível saber se a mordida na pele foi realizada antes ou após a morte do indivíduo,
uma vez que existem alterações fisiológicas.

Em todos os estudos, percebe-se que o sexo feminino é o mais acometido por marcas
de mordida em crimes.

Marcas de mordida em alimentos


Menos frequentes que as encontradas em pele humana, porém são igualmente importantes
na identificação.

As marcas de mordida em alimento são muitas vezes encontradas em cenas de crime, sendo
que existem registros, na literatura, de queijos, maçãs, biscoitos, chocolates, entre outros.

Geralmente, durante a mordida, os dentes superiores seguram, enquanto os inferiores são


responsáveis pelo corte. As marcas deixadas pelo arco inferior podem fornecer informações
extremamente importantes quanto ao alinhamento e à forma dos elementos dentários.

Alimentos macios e plásticos, como chocolate, manteiga, queijo, oferecem maior


capacidade de registrar impressões dentárias que alimentos grossos e porosos como pães.

Figura 49. Vista superior de marcas de mordida em um pedaço de queijo.

Fonte: https://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/3421/3/T_CristianaAlmeida.pdf.

Figura 50. Marcas de mordida em uma maçã.

Fonte: https://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/3421/3/T_CristianaAlmeida.pdf.

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Identificação Por Arcada Dentária E Rugoscopia Palatina | UNIDADE IV

Registros da marca de mordida e comparação com dentes


do suspeito

Etapa que demanda uma análise apurada, e, para isso, o perito deve seguir algumas
etapas fundamentais.

Coleta da evidência da vítima seguindo, de preferência, os seguintes passos:

» descrição da lesão: localização anatômica, contorno da superfície (liso, curvo ou


irregular), tamanho, cor, orientação, forma e tipo da lesão. Se estão presentes petéquias,
contusões, hematomas, abrasões, lacerações, incisões ou avulsões. É importante
englobar dados como nome da vítima, data do exame, pessoa para contato, idade e sexo;

» registro fotográfico: um dos melhores métodos para documentar a análise de mordidas,


deve ser cuidadoso, e recomenda-se manter o paralelismo entre o filme e a marca,
incluir sempre uma escala ou régua milimetrada, fazer fotografia com luz natural,
flash, em cores, em preto e branco e com filme para infravermelho quando for
possível. É necessário que o fotógrafo seja capaz de registrar todos os detalhes que
existam na injúria. Lembrando que a lesão pode sofrer mudanças com o passar do
tempo, sendo necessário repetir as fotografias em intervalos regulares por vários dias;

» recolha de saliva presente na marca de mordida: pela saliva, poderá ser feito o
exame sorológico, a fim de identificar o tipo sanguíneo pelo sistema ABO e também
o exame de DNA;

» coleta de impressões: deve ser feita pelo odontolegista ou com a supervisão de


um. Os materiais de eleição são os polivinilsiloxanos (silicone de adição) devido à
estabilidade dimensional e, também, à maior resistência e reprodução dos detalhes.
Porém, devido ao custo, muitas vezes são realizadas com silicone de condensação
e até mesmo alginato. Os modelos deverão ser obtidos por meio de gesso tipo IV;

Figura 51. Recolha de impressão por meio de moldagem.

Fonte: https://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/3421/3/T_CristianaAlmeida.pdf.

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UNIDADE IV | Identificação Por Arcada Dentária E Rugoscopia Palatina

» excisão da área: considerada em cadáveres em que se coloca um anel rígido de


plástico colado à pele em volta da área, sutura-se e depois se realiza a incisão com
bisturi. Dessa forma, preserva-se a marca de mordida numa solução de formol a 4%;

» coleta da evidência do suspeito, devendo incluir:

› exame clínico intra e extraoral: observa cicatrizes, deformidades, abertura


máxima bucal. Devem-se registrar ausência de elemento dental, restaurações,
dentes com mobilidade, mau posicionamento, tipo de oclusão, diastema, fraturas
e tamanho da língua;

› registro fotográfico: com fotografias extraorais, com vista frontal e de perfil, e


intraorais, com todas as vistas possíveis, incluindo oclusão e boca aberta;

› recolha de saliva: pelo mesmo motivo que é coletada a amostra de saliva da vítima;

› impressões: muitas vezes mais fácil do que na vítima, recomenda-se usar um


bom material, mas o alginato pode ser o material de escolha por seu baixo custo
e fácil manipulação;

› amostra do tipo de mordida: também se faz necessário o registro de mordida, que


pode ser feito em cera amolecida. Dessa forma, obtêm-se o registro oclusal do
indivíduo. Lembrando que, se o suspeito usar próteses, o registro e a impressão
deverão ser feitos também com a(s) prótese(s) em boca.

Figura 52. Registro de mordida em cera.

Fonte: https://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/3421/3/T_CristianaAlmeida.pdf.

Análise das marcas de mordida

A análise que é feita para tentar determinar o autor das mordeduras não se limita
apenas ao estudo dos dentes do suspeito, mas também à ação da língua, dos lábios e
das bochechas.

De acordo com Sweet (1997), a análise para comparação de marcas de mordida é feita
por meio de duas categorias:

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Identificação Por Arcada Dentária E Rugoscopia Palatina | UNIDADE IV

» análise métrica: nesta, cada detalhe do dente suspeito é medido e registrado.


Comprimento, largura e profundidade das marcas de cada dente específico devem
ser a dimensão e a forma do local da lesão. São levados em conta também distância
intercanina, espaço entre as marcas dos dentes, mau posicionamento e ausências;

» associação padrão: feita com a sobreposição das imagens avaliando os pontos


coincidentes e divergentes. Essa sobreposição pode ser feita de diferentes maneiras:
manual, na qual se utilizam folhas de acetato transparentes posicionadas sobre
os modelos em gesso, proporcionando a cópia das incisais, que posteriormente são
sobrepostas às impressões dentárias; e por meio de imagens digitalizadas, feitas
por escaneamento das imagens ou fotografias digitais, que podem ser manipuladas
por programas.

Também existem técnicas mais modernas, como escâner tridimensional. Cabe ao perito
ver qual técnica melhor se encaixa em cada caso e nas possibilidades disponíveis.

Dos resultados

Depois da análise das marcas de mordida, os peritos podem chegar a diversos níveis
de conclusão:

» exclusão: quando há discrepância entre a marca de mordida e a dentição do


suspeito que exclui o indivíduo de tê-la produzido;

» inconclusão: quando não há detalhes ou evidências suficientes para estabelecer


uma relação entre a dentição do suspeito e marca de mordida;

» possível: quando o suspeito é o provável agressor, pois a maioria das pessoas não
poderia ter uma dentição passível com a marca;

» identificação positiva: quando o suspeito é identificado como agressor, e outros


especialistas, com experiências semelhantes, podem afirmar com a mesma certeza.

Vale lembrar que, mesmo com a grande ajuda que as marcas de mordida podem fornecer
para solucionar um crime, existem limitações importantes.

A distorção na própria marca, alteração no tecido, seja no vivo ou morto, e falta de fidelidade
nas imagens fotográficas limitam a análise. Além disso, é difícil o reconhecimento das
mordidas, que muitas vezes passam despercebidas durante os exames.

Devem ser levados em conta também fatores como elasticidade do tecido, localização,
força aplicada no momento da mordida, pressão da língua, também o movimento da
vítima. Tudo isso, além da dinâmica de movimentos durante a mordida, pode provocar

35
UNIDADE IV | Identificação Por Arcada Dentária E Rugoscopia Palatina

distorções e deve ser cuidadosamente analisado. Além disso, vale ressaltar que as
evidências presentes na marca de mordida se deterioram rapidamente, seja no vivo ou
morto, devido à putrefação. Passando muito tempo desde a produção até a sua análise,
muitos detalhes podem ser mascarados.

Porém, em muitos casos, a marca de mordida pode ser a única evidência presente em
crimes de elevada gravidade. Por isso, é importante o perito fazer uma análise minuciosa,
correta e eficiente.

36
CAPÍTULO 3
RUGOSIDADE PALATINA

Quando se fala em rugosidade palatina, algumas dúvidas vêm à cabeça:

» É um método muito utilizado?

» É confiável?

» Como são classificadas as rugas palatinas?

» Como se faz a identificação por esse método?

A técnica de identificação que utiliza as rugosidades do palato foi proposta na década


de 1930 pelo pesquisador espanhol Trobo-Hermosa, sendo mais amplamente estudada
por outros pesquisadores nos anos seguintes.

É um método de identificação auxiliar que tem por base a análise das cristas, dobras,
pregas e plicas encontradas na abóboda palatina, sendo de grande importância em
casos nos quais exames mais comuns usados não são possíveis, como em acidentes em
que ocorre amputação das falanges, indivíduos carbonizados e indivíduos desdentados.
Também tem a vantagem de ter uma posição privilegiada por estar dentro da cavidade
bucal na qual é protegida por mais tempo das variações de temperatura, mutilações e
outros fatores.

As rugosidades palatinas são formadas por volta do terceiro mês de vida intrauterina e
apenas alteram o seu tamanho devido ao normal crescimento e desenvolvimento do palato.
O processo de decomposição das rugas palatinas começa aproximadamente cinco dias
após a morte. Acredita-se que nem mesmo doenças, traumatismos e agressões químicas
possam promover mudanças na forma das rugas palatinas, e, quando as alterações
aparecem, são menos acentuadas do que em outros órgãos. No entanto, alguns eventos
podem contribuir para mudanças no seu padrão, como sucção de dedo na infância e a
constante pressão por ocasião de tratamento ortodôntico.

As rugas palatinas têm um desenho e estrutura únicos que, para além de não serem
alteradas pelo calor, trauma, químicos ou pelo processo de decomposição (até certo ponto),
essas estruturas, se destruídas por qualquer motivo, serão reproduzidas novamente nos
mesmos locais e com as mesmas formas.

A rugoscopia palatina é o estudo das pregas palatinas (forma, tamanho e posição), que
tem como finalidade estabelecer a identidade, sendo possível sua aplicação tanto no
cadáver recente como no individuo vivo. As características do palato são conseguidas a
partir do palato duro, mas também a partir da superfície mucosa das dentaduras

37
UNIDADE IV | Identificação Por Arcada Dentária E Rugoscopia Palatina

Sua forma depende do arco alveolar, podendo, segundo Testut (1944), apresentar quatro
aspectos diferentes:

» hiperbólica: quando os segmentos dos arcos são divergentes em todo o seu


perímetro;

» parabólica: quando são também divergentes, porém um pouco menos pronunciadas


e, prolongando-se sua direção, acabariam por encontrar-se;

» ípsilon: quando são paralelos entre si;

» elíptica: os segmentos apresentam convergência.

Aspectos anatômicos
Quando se trata de anatomia, a maxila é um osso par que suporta os elementos dentários
superiores e seus pontos de implantação, entrando estruturas da face como a abóboda
palatina, fossas nasais, cavidades orbitárias, fossas zigomáticas e fossas pterigomaxilares.

A mucosa oral, em sua maior parte, apresenta-se lisa para facilitar sua própria função,
e a porção que reveste o terço anterior do palato é fixa e corrugada por um verdadeiro
sistema de pregas ou de rugas, fortemente aderidas ao plano ósseo subjacente, sendo
originárias do tecido conjuntivo denso da submucosa, fortemente fibroso, que reveste
o osso, confundindo-se com o periósteo, sendo certo que essas pregas conjuntivas, são
apenas recobertas pelo epitélio estratificado (VANRELL, 2002), as quais podem ser únicas
ou ramificadas, retilíneas, curvilíneas, angulosas ou sinuosas. Consiste na observação da
abóbada palatina, onde, logo atrás dos incisivos centrais, na linha mediana, encontramos
uma zona saliente, cuja forma e dimensões variam de pessoa para pessoa, denominada
papila, palatina ou papila incisiva.

Na mucosa do palato duro, identificam-se a rafe palatina, um sulco ântero-posterior,


central, limitado por um conjunto de cristas lineares. As rugosidades palatinas, originárias
do tecido conjuntivo denso da submucosa, fibrosas, variam de três a cinco para cada
lado. Com o aumento no tamanho da parte anterior do palato, nos primeiros anos de
vida, o comprimento das rugas e a distância entre elas aumentam de forma que seu
padrão de orientação se torna mais claro. As rugas palatinas posteriores ficam aquém
da metade anterior do palato duro e nunca cruzam a linha mediana, e as anteriores são
geralmente mais proeminentes do que as posteriores. De um modo geral, dois terços
das rugas são curvas, e o restante é angular.

A forma, o comprimento, a largura, o número e a orientação variam consideravelmente


entre as pessoas, até mesmo entre gêmeos. Essa diferença também existe entre os dois lados.

38
Identificação Por Arcada Dentária E Rugoscopia Palatina | UNIDADE IV

As rugosidades palatinas também diferem o ser humano dos outros mamíferos, uma
vez que são assimétricas e cumprem, na cavidade bucal, algumas funções, como:

» facilitar o movimento dos alimentos por meio da cavidade bucal;

» evitar perda de alimento da boca;

» ajudar na mastigação, percepção gustativa e tátil devido à presença de receptores;

» reter a saliva, que é um componente importante para a digestão inicial dos alimentos
devido à presença de enzimas responsáveis pela hidrólise;

» auxiliar na trituração dos alimentos;

» proteger a mucosa do palato de traumas provocados por alimentos duros ou fibrosos;

» tem papel importante na fonação, visto que dispersa as ondas sonoras em diferentes
direções, o que confere timbre e sonoridade à voz.

A rugoscopia palatina é uma técnica que usa a forma, o tamanho e a posição das rugas
de forma a proceder à identificação e à individualização.

As formas mais utilizadas para avaliação das rugas são por inspeção intraoral, realizada
durante o tratamento odontológico. Vanrell (2002) relata que a colheita das amostras pode
ser feita por meio de moldagem de precisão, com alginato ou com silicone, transformando
em modelo. No modelo de gesso, as rugas são contornadas com lapiseira de forma a
serem evidenciadas. Em seguida, é realizada uma fotocópia do modelo, a qual será
arquivada junto com a identificação da pessoa. Outra técnica é por meio de fotografia
do palato, com ajuda de um espelho intraoral.

Existem algumas técnicas para diferenciação:

» Classificação Trombo-Hermosa: as rugas são divididas em dois grupos:


simples (classificadas de A a F) e compostas, quando resultantes da união de duas
ou mais rugas;

Tabela 5. Sistema de classificação proposto por Trombo-Hermosa.

Classificação Tipo de ruga


Tipo a Ponto
Tipo b Linha
Tipo c Curva
Tipo d Ângulo
Tipo e Sinuosa
Tipo f Círculo
Fonte: Tornavoi; Silva (2010).

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UNIDADE IV | Identificação Por Arcada Dentária E Rugoscopia Palatina

» Classificação de Lysell: primeira classificação válida e aceita para os pares de


rugas palatinas baseada na forma, no comprimento, na direção e na unificação;

» Classificação de Thomas e Kotze: em 1983, Thomas e Kotze modificaram


a classificação apresentada anteriormente, tornando-a bastante completa. Essa
classificação aborda aspectos como o comprimento das rugas, área ocupada por
elas, forma das rugas, entre outros. Devem ser definidos os seguintes parâmetros:

› comprimento: são classificadas em primária (tipo A e tipo B), secundária e


fragmentária;

Tabela 6. Classificação do comprimento das rugas palatinas proposta por Thomas e Kotze.

Tipos de rugas Comprimento


Rugas Primárias A: 5 – 10mm
B: 10mm ou mais
Rugas Secundárias 3 – 5mm
Rugas Fragmentárias < 3mm
Fonte: https://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/3707/1/A%20importancia%20da%20rugoscopia%20palatina%20na%20
identifica%C3%A7%C3%A3o%20humana.pdf.

› predomínio: número de rugas de cada categoria, segundo o comprimento


apresentado;

› área: por meio da fotografia, é determinada a área ocupada pelas rugas palatinas
primárias;

› forma das rugas primárias: os investigadores preferem usar quatro tipos de


formas das rugas, de forma a facilitar o estudo e diminuir os erros: curvas, retas,
ondulares e circulares.

Figura 53. Formas das rugas palatinas proposta por Thomas e Kotze.

Fonte: https://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/3707/1/A%20importancia%20da%20rugoscopia%20palatina%20na%20
identifica%C3%A7%C3%A3o%20humana.pdf.

De um modo mais específico, as rugas primárias podem adotar as seguintes formas:


anelares, papilares, “crosslink” (união de duas rugas), ramos (apêndice com 1 mm

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Identificação Por Arcada Dentária E Rugoscopia Palatina | UNIDADE IV

ou mais), unificadas (duas rugas estão juntas no ponto de origem mas divergem
lateralmente), quebradas (quando a fenda da ruga papilar atinge o epitélio que a
rodeia) e unidas, com uma ruga não primária.

» Classificação de Carrea: Carrea dividiu em quatro diferentes categorias, de


acordo com a disposição das rugas no palato.

› Tipo I: rugas dirigidas no sentido mesial;

› Tipo II: rugas dirigidas no sentido lateral;

› Tipo III: rugas dirigidas no sentido distal;

› Tipo IV: rugas dirigidas no sentido variado.

Figura 54. Desenho das Rugas Palatinas de acordo com o sistema de classificação de Carrea.

Fonte: https://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/3707/1/A%20importancia%20da%20rugoscopia%20palatina%20na%20
identifica%C3%A7%C3%A3o%20humana.pdf.

» Classificação de Martins dos Santos: facilitada a caracterização individual


rugoscópica de um indivíduo, foram divididas as rugas palatinas conforme a sua
localização. Dessa forma, para fins de classificação, as cristas da porção mais
anterior se designam pelas letras iniciais das figuras (P, R, C, A, Cf, S, B, T, Q, An),
e as cristas de qualquer outra posição por números (de 0 a 9). Dividindo a ficha
rugoscópica em duas seções correspondentes às rugas encontradas, à direita e à
esquerda, ambas separadas por um traço vertical representativo da papila mediana,
sendo então:

› ruga inicial: representada por uma letra maiúscula, é a ruga mais anterior do
lado direito da rafe palatina mediana;

› rugas complementares: representadas por números, são as restantes rugas que


se situam do lado direito da rafe palatina mediana;

› ruga subinicial: também representada por uma letra maiúscula, é a ruga mais
anterior situada no lado esquerdo da rafe palatina mediana;

› rugas subcomplementares: são as restantes rugas que se encontram do lado


esquerdo da rafe palatina mediana, conforme exposto na Tabela 7.

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UNIDADE IV | Identificação Por Arcada Dentária E Rugoscopia Palatina

Tabela 7. Sistema de classificação proposto por Martins-dos-Santos.

Figura Na posição mais anterior Em outras posições


Ponto P 0
Reta R 1
Curva C 2
Ângulo A 3
Curva fechada Cf 4
Sinuosa S 5
Bifurcada B 6
Trifurcada T 7
Quebrada Q 8
Anômala An 9
Fonte: Tornavoi; Silva (2010).

Figura 55. Sistema de classificação proposto por Martins dos Santos.

Inicial: corresponde à ruga


Subinicial: corresponde à ruga palatina mais anterior, à direita,
palatina mais anterior, à sendo sempre representada por
esquerda, sendo sempre uma letra maiúscula
representada por uma letra
maiúscula

Linhas subcomplementares:
correspondem às demais Linhas complementares:
rugas à esquerda, sendo correspondem às demais
cada papila representada por rugas à direta, sendo cada
um número papila representada por um
número

Fonte: https://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/3707/1/A%20importancia%20da%20rugoscopia%20palatina%20na%20
identifica%C3%A7%C3%A3o%20humana.pdf.

» Classificação de Basauri: classificação de 1961, que é a mais aceita por parte da


comunidade científica. Basauri desenvolveu um método de classificação simples,
mas eficaz. A classificação começa pela ruga principal (mais anterior) com letras
maiúsculas; em seguida, por meio de números, classifica as restantes rugas,
chamadas de rugas acessórias. O rugograma começa do lado direito do palato.

Tabela 8. Classificação das rugas palatinas de Basauri.

Classificação da ruga Classificação das rugas


Anatomia da ruga
principal acessórias
A 1 PONTO
B 2 LINHA
C 3 ÂNGULO

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Classificação da ruga Classificação das rugas


Anatomia da ruga
principal acessórias
D 4 SINUOSA
E 5 CURVA
F 6 CIRCULAR
X 7 POLIMÓFICA
Fonte: https://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/3707/1/A%20importancia%20da%20rugoscopia%20palatina%20na%20
identifica%C3%A7%C3%A3o%20humana.pdf.

» Sistema Cormoy: Cormoy criou um sistema que classifica as rugas palatinas, de


acordo com as suas dimensões, em três categorias:

› ruga principal (acima de 5 mm): essas rugas são enumeradas no sentido ântero-
posterior;

› ruga acessória (variando de 3 a 4 mm);

› fragmentos (com menos de 3 mm).

Alia-se com a forma em Linha, Curva e Angulada. A origem, a direção de cada ruga e a
possibilidade de ramificações também são apontadas.

A rugosidade na decomposição
As rugas palatinas são tecidos moles. Logo, são afetadas pelo processo de decomposição,
apesar de resistirem até 5 a 7 dias. Dessa maneira, em cadáveres cujo processo de
decomposição já se encontre num estado avançado, esse método de identificação é
excluído e não pode ser utilizado.

Figura 56. Restos de cadáver em que se encontram ainda preservados o palato e as rugas palatinas.

Fonte: https://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/3707/1/A%20importancia%20da%20rugoscopia%20palatina%20na%20
identifica%C3%A7%C3%A3o%20humana.pdf.

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UNIDADE IV | Identificação Por Arcada Dentária E Rugoscopia Palatina

A rugosidade na identificação

Pode-se afirmar que é um meio de identificação auxiliar aceito pela comunidade científica.
Porém, o grande problema é, em muitos casos, a falta de registro ante-mortem para
que seja realizada a comparação. O ideal seria que o cirurgião-dentista, tivesse junto à
documentação de seu paciente, fotos palatinas e/ou modelos em gesso.

Figura 57. Sobreposição das rugas palatinas por meio de dados ante-mortem e post-mortem: a)
azul: dados ante-mortem; b) laranja: dados post-mortem.

Fonte: https://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/3707/1/A%20importancia%20da%20rugoscopia%20palatina%20na%20
identifica%C3%A7%C3%A3o%20humana.pdf.

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