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UNIDADE I
ÉTICA EM ODONTOLOGIA
Atualização
Carlla Sloane Alberton
Elaboração
Ana Lúcia Franco Micheloni
Carlla Alberton
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
SUMÁRIO
UNIDADE I
ÉTICA EM ODONTOLOGIA................................................................................................................................................................. 5
CAPÍTULO 1
CONCEITOS DE ÉTICA ................................................................................................................................................................. 5
CAPÍTULO 2
ÉTICA – ODONTOLOGIA E PRÁTICA CLÍNICA..................................................................................................................... 7
CAPÍTULO 3
EXERCÍCIO DA ODONTOLOGIA E RESPONSABILIDADE CIVIL.................................................................................. 11
CAPÍTULO 4
SIGILO PROFISSIONAL.............................................................................................................................................................. 16
REFERÊNCIAS................................................................................................................................................18
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ÉTICA EM ODONTOLOGIA UNIDADE I
CAPÍTULO 1
CONCEITOS DE ÉTICA
Introdução
A palavra Ética deriva do grego éthos, que significava “bom costume”, “costume
superior” ou “portador de caráter (ÉTICA, 2014; KOERICH; MACHADO; COSTA,
2005). Segundo o dicionário, é definida como o “estudo dos juízos de apreciação
referentes à conduta humana suscetível de qualificação do ponto de vista do bem
e do mal, seja relativamente a determinada sociedade, seja de modo absoluto”
(FERREIRA, 1988).
Segundo Tangwa, a “Ética” é o ramo da filosofia que lida com a moralidade das
ações e dos comportamentos humanos (TANGWA, 2009). Para Segre, Cohen
(2002), a Ética se fundamenta em três princípios básicos que, abordados de
maneira mais dinâmica e abrangente, consistem em: 1. percepção e consciência
dos conflitos; 2. autonomia ativa de posicionamento entre a razão e a emoção; e
3. coerência. Portanto, a eticidade, que é a aptidão de exercer a função ética, está
centrada na percepção dos conflitos da vida psíquica entre a razão e a emoção e
na condição de posicionarmos coerentemente em face desses conflitos (SEGRE;
COHEN, 2002). Esse conceito ético significa permitir que cada ser humano se
posicione individualmente de maneira racional com relação às mais variadas
situações passíveis de estudo ético (como, por exemplo, a pena de morte, o
aborto, a engenharia genética, entre outros). A “Ética” se contrapõe ao conceito
de “Moral”, que é resultante de juízos de valores impostos pela sociedade e que
exclui a autonomia crítica do indivíduo (SEGRE; COHEN, 2002), regulando o
comportamento social no intuito de garantir a ordem (CARNEIRO; PORTO;
DUARTE; CHAVEIRO; BARBOSA, 2010). Assim, podemos entender “Ética”
como a ciência que estuda a conduta humana e “Moral” como a qualidade dessa
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“Bioética”, por sua vez, é um neologismo construído a partir das palavras gregas
bios (vida) e ethikós (relativo à ética) (BIOÉTICA 2014; VALLADARES-NETO,
2005), sendo, portanto, uma nova ciência, parte da Ética, que enfoca questões
referentes à vida humana. A origem desse termo está intimamente ligada com
o progresso científico dos séculos XIX e XX em relação às ciências da vida. É
certo que as novas evidências científicas requerem novas prioridades éticas,
assim como modificações e melhoramentos nas atitudes profissionais e pessoais
(KOERICH et al., 2005; SASS, 2008; VALLADARES-NETO, 2005).
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CAPÍTULO 2
ÉTICA – ODONTOLOGIA E PRÁTICA CLÍNICA
Formar profissionais éticos e cidadãos responsáveis por suas ações, ou seja, dotados
de visão crítica da realidade e suficientemente competentes para atuar de forma
responsável, autônoma e comprometida, ainda é um grande desafio para o ensino
(AMORIM; SOUZA, 2010). Assim, há a necessidade de se incrementar a carga
horária, de modo a capacitar os alunos a refletir autonomamente e tomar decisões
pautados em princípios éticos coerentes (MUSSE et al., 2007). Atualmente tem sido
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Além disso, a luta por uma melhor remuneração parece levar profissionais a
realizarem procedimentos sem a devida capacitação técnico-científica. Isso
reflete a falta de compromisso e de responsabilidade do profissional com o
paciente, resultando em iatrogenias que ferem o princípio da não maleficência
(AMORIM; SOUZA, 2010). O princípio de beneficência também é uma exigência
para práticas clínicas odontológicas eticamente sadias, uma vez que é um
princípio que nos leva a agir segundo o melhor interesse do outro (AMORIM;
SOUZA, 2010).
A rotina da prática odontológica é marcada por conflitos éticos que são trazidos
por questões como o comércio de dentes humanos, as pesquisas que desenvolvem
novas técnicas e materiais, os paradoxos entre as políticas públicas de saúde
e justiça social e a constante busca de humanização da odontologia na relação
profissional/paciente (INEZ; VERDI, 2007). Os dentistas têm, nitidamente, dois
papéis distintos: como profissionais da saúde e como gestores de um pequeno
negócio, sendo que cada uma dessas posições se apresentam com demandas éticas
distintas e muitas vezes conflitantes (PORTER; GREY, 2002).
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pelo governo ao longo dos anos para a assistência pública em saúde bucal têm
sido feitos de forma insuficiente e ineficiente, restando à população que procura
esses serviços um enfoque predominantemente cirúrgico-mutilador (AMORIM;
SOUZA, 2010).
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CAPÍTULO 3
EXERCÍCIO DA ODONTOLOGIA E RESPONSABILIDADE CIVIL
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O dentista, como profissional liberal, é entendido por Gabriel Saab como “aquele
que sob remuneração se obriga a prestar determinado serviço para o qual
deve deter certas condições técnicas e científicas para atender ao consumidor
contratante, sem a subordinação própria das relações empregatícias”.
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Art. 951. O disposto nos art. 948, 949 e 950 aplica-se ainda no caso
de indenização devida por aquele que, no exercício de atividade
profissional, por negligência, imprudência ou imperícia, causar
a morte do paciente, agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou
inabilitá-lo para o trabalho.
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pelo ato ilícito praticado, a fim de reparar todos os danos sofridos pelo paciente,
sejam eles materiais, morais ou até mesmo estéticos.
Caberá ao dentista afastar sua responsabilidade contratual, provando que não agiu
com negligência, imprudência ou imperícia, ou que o insucesso se deu por culpa
exclusiva do paciente.
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CAPÍTULO 4
SIGILO PROFISSIONAL
Sigilo profissional
O sigilo profissional pode ser definido como um segredo que deve ser mantido na
relação paciente-dentista, sendo um dever ético que impede a revelação de assuntos
confidenciais ligados à profissão. É caracterizado como um direito-dever: direito do
paciente e um dever ético do profissional.
É importante ressaltar que até mesmo seus dados cadastrais são sigilosos, e o
dever do sigilo profissional é tanto do dentista como de toda sua equipe.
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REFERÊNCIAS
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