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doi: 10.4181/RNC.2015.23.04.1073.08p
elo Horizonte, Vol. X, N.º Y, p. aa-bb. (ano). Editora UniBH. X, N.º Y, p. aa-bb. (ano). Editora UniBH.
Rev Neurocienc 2019;3(12):1-27 2
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antes eram apenas suposições estão ainda características expressas pelo indivíduo.
mais concretos e estudados atualmente Estes mecanismos epigenéticos são
(STRAPASSON, 2012). processos pelos quais a determinação
Skinner deu sequência aos estudos biológica do sujeito é atualizada e
de Watson, com a ideia de que o expressada ao longo do seu
conhecimento é o que move a evolução, e desenvolvimento.
para ele a ciência deveria ser uma Jean Piaget descreveu o processo
ferramenta para resolução de diversos fisiológico do desenvolvimento a partir das
problemas que se apresente em nossa relações em que o ser humano estabelece
sociedade. Segundo ele, qualquer condição com o meio, produzindo estímulos que
ou evento que tenha algum efeito geram reflexos de sua origem hereditária.
demonstrável sobre o comportamento deve Como no caso da regulação hormonal que se
ser considerada (SKINNER, 1953/1970, P. regula de múltiplas formas até ocorrer o
21 apud SAMPAIO, 2005). controle temporal, pois para quaisquer
Para Skinner (1978 p.01, cap. 04), espécies as partes do genoma impõem uma
uma das formas de entender como o sujeito ordem a ser seguida. O próprio código DNA
pode agir, é a partir da observação do segue uma sequência de informações a
comportamento mediante a um olhar que serem expressas demonstrando o
envolva o ambiente do sujeito. Pois, quando isomorfismo entre todas as organizações
um indivíduo é exposto a influências vitais inclusive as cognitivas. Segundo
variadas, seu comportamento e organismo Piaget, essas trocas com o meio afetam as
adota uma adaptação genética através dos sinapses neuronais que por sua vez abrem
efeitos obtidos do ambiente, podendo novas possibilidades da criança ver o
avançar para a predição e controle de mundo. Este processo de assimilação não
comportamento. ocorre de forma imediata, é necessário um
Quanto à possibilidade de influência desequilíbrio inicial para sequencialmente as
do ambiente na condição dos genes Skinner novas assimilações se realizem, concluindo
(1989) afirmou: “O estado do cérebro desta forma a adaptação ao meio. Com isso,
devido ao reforçamento parece substituir o o ambiente proporciona as assimilações
estado devido à seleção natural”. Isto é, o endógenas de forma que esse processo possa
papel do condicionamento operante permitir novas assimilações exógenas e
demonstra grande influência sobre aspectos assim por diante (MONTOYA, et al, 2011).
fisiológicos e físicos do sujeito para ser Segundo Bezerra (2017) as
rejeitado como epigênese. (NORO, 2013). experiências de natureza mental podem se
Silva e Ortega (2014), fala dos tornar uma herança genética, provenientes
mecanismos epigenéticos como principais ao estilo de vida que o sujeito vive.
apostas para uma explicação sobre as Algumas marcas epigenéticas são adquiridas
doenças, sendo capazes de caracterizar a no transcurso da vida do indivíduo. Com
etiologia dos transtornos mentais em nível isso, entende-se existe a possibilidade de
molecular. O modelo considera a interação que o material genético seja dos ancestrais e
entre a herança genética do sujeito e fatores eventualmente serão passados à geração
ambientais que pesquisam o processo a vindoura.
partir das mudanças intracelulares na Para Sales e Oliveira (2016) o
expressão dos genes determinando as entendimento sobre as doenças mentais foi
sejam as mutações nas sequências de bases (NISHIOKA, PERIN et all., 2011 apud
do DNA (SILVA, JOAQUIM, MENDES et SCHULZE, MULLER et all., 2000).
all., 2016 apud MULLER, PRADO, 2008). Gutiérrez et al., (2004) relataram
Dentro deste contexto, pode-se dizer uma maior frequência de alelos de alta
que, alguns dos transtornos mentais atividade enzimática em mulheres
estudados até a presente atualidade podem deprimidas com episódios de padrão sazonal
ou não ter associações com alterações e uma maior frequência de homozigose de
epigenéticas relacionadas ao desequilíbrio alelos mais longos do polimorfismo
(aumento ou diminuição da atividade) de MAOA-mVNTR em pacientes com
enzimas ou neurotrofinas. Dentre eles estão: depressão e sintomas psicóticos. Estudos
cujo demonstraram que a presença de alelos
Transtorno depressivo maior mais longos (3,5, 4 e 5 repetições) estava
associada também com pior resposta a
(TDM)
antidepressivos e menores taxas de remissão
De acordo com a OMS (Organização
em mulheres com TDM (NISHIOKA,
Mundial de Saúde) houve um crescimento
PERIN et all., 2011).
significativo de TDM na população geral.
Diversos autores têm centrado a atenção
para o fenomeno da depressão em crianças e Transtorno do Deficit de Atenção e
adolescentes, que vem demonstrando uma Hiperatividade (TDAH)
fragilidade para o desenvolvimento deste O TDAH, embora sua etiologia seja
transtorno. Um estudo realizado por Olsson pouco conhecida, vias cerebrais
e Von Knorring, relata que 25% dos adultos dopaminérgicas, serotoninérgicas e
com depressão maior, afimam que o início noradrenérgicas estão associados ao
dos episódios ocorrerão antes dos 18 anos. mecanismo do transtorno (NISHIOKA,
Outro resultado encontrado por Bahls em PERIN et all., 2011). Alterações nos genes
sua revisão, demonstra que a maior transportadores destes neurotransmissores,
prevalência para o TDM, atribui-se a estão frequentemente implicadas na
crianças, de 0,4 a 3,0% e de 3,3 a 12,4% em susceptibilidade da sua fisiopatologia,
adolescentes, considerando a natureza desse embora resultados negativos também sejam
transtorno nestas duas fases como relatados, sugerindo ser a TDAH condição
duradouras e pervasiva. Para o heterogênea de etiologia multifatorial
desenvolvimento desse transtorno, o genética e não-genética.
historico familiar aumenta o risco em três Para corroborar com tais evidências
vezes mais, seguindos por estressores neurológicas, estudos genéticos indicam que
ambientais, como abuso físico e sexual, a maioria dos genes específicos implicados
perdas e traumas (BAHLS, 2002). Pesquisas no TDAH codificam sistemas de sinais de
aprofundadas sobre a configuração genética catecolaminas e incluem o transportador de
para com esse transtorno, demonstrou maior dopamina (DAT), transportador de
frequência do alelo (MAOA) com 4 noradrenalina (NET), receptores
repetições em pacientes com TDM de dopaminérgicos D4 e D5, dopamina b-
ambos os sexos (NISHIOKA, PERIN et all., hidroxilase e a proteína-25 (SNAP-25) todos
2011 apud YU, TSAI et all., 2005) e outro catabolizados ou anabolizados pela MAOA.
mostrou essa associação apenas em Estas catecolaminas facilitam a liberação
mulheres com TDM recorrente
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para o autismo diagnosticado em gêmeos problemas na leitura e escrita.
monozigótos são de 60% e 0% em gêmeos (CAPELLINI, 2007).
dizigóticos. Em uma amostra mais ampla
sobre o TEA os índices de concordância são Discalculia
de 92% contra 10%, indicador este Um estudo feito por Costa (2014),
altamente divergente, que por sua vez apresentou que crianças do sexo masculino
sugere-se um intenso componente genético com o genótipo val158val demonstraram
de risco (GRUPTA, STATE, 2006). níveis menores de ansiedade matemática
Com relação ao autismo, o SLC6A4 quando comparadas a meninos com pelo
é um gene candidato com um histórico menos um alelo de metionina. Além disso, o
longo e venerável. Como se observou, a genótipo da COMT juntamente com outro
transcrição codifica o transportador de fator emocional (infelicidade relacionada a
serotonina, que medeia a recaptação de problemas na matemática) e a série escolar
serotonina da sinapse. O interesse nesse foram preditores da ansiedade matemática
gene e em seus produtos protéicos deriva de no sexo masculino, enquanto para as
um papel plausível da serotonina nos meninas a variável genética não apresentou
comportamentos repetitivos observados em significância estatística no modelo.
pacientes, bem como no achado altamente Apesar do crescente número de
confiável de um maior nível de serotonina estudos na área, pouco se sabe da relação
plaquetária em um substancial subconjunto desse polimorfismo com a cognição
de indivíduos autistas (ABHA et all., 2006). numérica e seus mecanismos subjacentes em
amostras infantis. Um único estudo
Dislexia realizado com adultos relata que indivíduos
SIGNOR aput SÁ et al (2018) com pelo menos um 18 alelo de valina
descreve o transtorno da dislexia, como de apresentaram maiores níveis de ativação do
origem neurobiológica, definida pela córtex pré-frontal dorsolateral em
dificuldade no reconhecimento preciso e/ou comparação com os indivíduos com
fluênte da palavra, na habilidade de genótipos de atividade mais baixa da COMT
decodificação e em soletração, resultando (Met158Met), contudo não houve diferenças
em possiveis déficits na linguagem e são comportamentais (TAN et all., 2007 apud
imprevisiveis em relação à idade e outras COSTA, 2014).
capacidades cognitivas. Estudos de ligação e O polimorfismo da enzima catecol-
associação têm apontado várias regiões O-Metiltransferase (COMT) influencia a
cromossômicas que podem conter genes biodisponibilidade de dopamina no cérebro,
candidatos à dislexia. Alguns genes têm sido especialmente no córtex pré-frontal. Nas
associados à dislexia tais como: últimas décadas esta variação genética tem
KIAA0319 e DCDC2 no cromossomo 6p e sido associada a medidas de memória de
EKN1 (Quadro 02) no cromossomo 15q trabalho. As alterações fisiológicas
(CAPELLINI, 2007). provocadas pela COMT têm sido
A identificação destes polimorfismos relacionadas a diferentes perfis de
genéticos pode significar que o risco processamento de informação (COSTA,
particular de uma criança desenvolver certos 2014).
tipos de problemas de leitura pode ser
estimado antes da criança apresentar severos
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promessas futuras de um novo campo -
nov 2014.
34. STRAPASSON, B, A. A
caracterização de John B. Watson como
behaviorista metodológico na literatura
brasileira: possíveis fontes de controle.
Estud. Psicol - v. 17, n. 1, p. 83-90 - abr
2012.
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elo Horizonte, Vol. X, N.º Y, p. aa-bb. (ano). Editora UniBH. X, N.º Y, p. aa-bb. (ano). Editora UniBH.
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