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Agrippina Vaganova

Agrippina Vaganova (1879-1951) foi uma bailarina e pedagoga russa que entrou para a
história mundial da dança ao desenvolver um método de ensino que ficou conhecido como o
método Vaganova.
Após graduar-se na Escola Imperial de Ballet de São Petesburgo em 1897, Vaganova
começou a dançar na companhia profissional da escola. Ela se aposentou como bailarina em
1916 para se dedicar a uma carreira de ensino da dança e em 1921 retornou à mesma escola
como professora, que havia sido renomeada como Escola Coreográfica de Leningrado.
Apesar de ter uma carreira respeitável como dançarina, sua liderança no ensino da dança
clássica foi o que lhe deu um dos mais respeitados lugares na história do balé. Seu próprio
esforço em decifrar a técnica do balé foi o que lhe permitiu formar alunos que viriam a se tornar
lendas vivas da dança clássica.
O método Vaganova surgiu em meio às questões advindas da revolução russa no início
do século XX e resultou numa mudança de como o ballet era visto na Rússia. O método
Vaganova trouxe a fluidez e expressividade dos braços e torsos do método francês e os giros e
saltos virtuosos do método italiano, assim como seu estudo bem planejado, sem, no entanto, ter
um conjunto de exercícios rigorosamente predeterminado como no método Cecchetti, ao invés
disso, no método Vaganova cada professor desenvolve sua própria aula.

História

Agrippina Vaganova era conhecida como "A Rainha das Variações".


Agripina nasceu em São Petersburgo, em 26 de junho de 1879. Filha de um funcionário
do Teatro Maryinsky, toda sua vida foi conectada com o Balé Imperial (mais tarde chamado de
Balé Kirov) do Teatro Mariinsky em São Petersburgo. Ela foi aceita na Escola de Ballet
Imperial em 1888, a grande instituição de dança clássica fundada por czares. Graduou-se na
Classe da Perfeição da antiga primeira bailarina Eugeniia Sokolova. Foi também treinada por
Ekaterina Vazem, Christian Johansson, Lev Ivanov, Nikolai Legat e Pavel Gerdt.
O balé não foi fácil para Vaganova nos seus primeiros anos como aluna, mas lentamente,
através de sua própria força de vontade, ela conseguiu acompanhar a ilustre companhia de
Ballet Imperial após sua formatura. A essa altura ela alcançava o posto de solista, enquanto os
baletômanos de São Petersburgo a apelidavam de Rainha das Variações pelo seu nível de
técnica e seu virtuosismo ilimitado, com seus saltos e baterias. A variação que dançou no ballet
La Bayadere é conhecido como Variação de Vaganova.
Apesar de possuir técnica perfeita, Vaganova não era uma mulher considerada bonita e
não tinha belas linhas ao dançar, tendo, inclusive, uma cabeça grande e, por isso, foi colocada
à sombra de bailarinas como Anna Pavlova e Tamara Karsavina, que faziam sucesso na época
e tinham grande carisma, além de contar com contatos nos altos escalões. O velho maestro
Petipa pouco se importava com Vaganova como dançarina – quaisquer menções a suas
performances no diário do maestro eram geralmente seguidas de comentários como “terrível”
e “pavorosa”. Ainda assim, em 1915 o mestre de ballet Nikolai Legat elencou-a como Deusa
Niriti em sua releitura da grande peça de Petipa “O Talismã”. O desempenho de Vaganova foi
um sucesso, e ela foi promovida a primeira-bailarina. Apesar disso, decidiu aposentar-se no ano
seguinte para dar início ao trabalho que lhe tomaria a vida toda: o aperfeiçoamento pedagógico
da técnica clássica.

Alunas de Ballet com a professora Agrippina Vaganova.

Como professora, suas primeiras experiências foram na Escola de Ballet Russo, mas em
1920 foi convidada para ensinar na Escola do Ballet Imperial e por sua grande habilidade logo
ganhou o respeito de seus colegas, chegando a assumir o posto de diretora artística do
Mayrinsky. Durante essa época supervisionou várias remontagens dos balés de Petipa,
adaptando-os ao gosto do público da época ao mesmo tempo em que buscou estimular o
desenvolvimento de um novo repertório, equilibrando o clássico e o moderno. Como coreógrafa
foi reconhecida por sua grande visão e capacidade analítica, não só percebendo falhas e mostras
de mau gosto como sugerindo soluções. Como professora era conhecida por ser gentil e
encorajadora, mas ao mesmo tempo exigir precisão, trabalho duro e concentração.
Durante 30 anos ela lecionou, desenvolvendo uma técnica para balé que combinava
elementos das técnicas francesa, russa e italiana, e um método de treinamento para ensiná-la.
Princípios do método de treinamento incluíram o desenvolvimento de menor força nas costas e
de plasticidade dos braços, e de força, flexibilidade e resistência necessárias para ballet,
incorporando uma instrução detalhada que especificava quando ensinar cada tópico e por
quanto tempo. Em 1948, Vaganova assinou um livro chamado “The Foundation of Dance” (A
Fundação da Dança), mais comumente conhecido como “Basic Principlies of the Russian
Classical Dance” (Princípios Básicos da Dança Clássica Russa), que delineou sua técnica e balé
e seu método de treinamento.

O Método Vaganova

Vaganova teve influência de professores franceses com quem estudou que prezavam a
elegância e suavidade dos movimentos, assim como da técnica italiana, que influenciava o
ballet soviético na época e prezava o virtuosismo, a resistência e a força dos pés, mas não tinha
graciosidade. Com sua ofuscação por outras bailarinas contemporâneas (Petipa achava-a
horrível), Vaganova tornou-se muito crítica consigo mesma e com o método de ensino do ballet
e se pôs a tentar melhorar as técnicas existentes. Da francesa aproveitou a graciosidade dos
movimentos e da italiana utilizou a força, a resistência e as aulas bem planejadas, tudo isso
aliada ao espírito e poesia das danças russa, criando, assim, um estilo único que viria a ser
conhecido como Método Vaganova. A codificação desse método foi publicada em 1934 sob o
título de “Princípios básicos do ballet clássico”. Uma das características fundamentais da
técnica desenvolvida por Vaganova é o domínio total do movimento, utilizando com clareza os
port de bras e o controle do corpo para execução precisa dos movimentos.

Agrippina Vaganova ensinando Anna Pavlova.


O método prima pela utilização correta e domínio da técnica desenvolvida
especificamente para os braços e aplomb, onde o aluno domina o movimento do tronco de forma
a realizar com mais clareza os movimentos de execução dos membros inferiores, assim como
o equilíbrio das formas e piruetas. Vaganova enfatiza uma pedagogia que busca o aprendizado
de forma gradual, onde cada grau tem seus exercícios característicos, e de maneira a preservar
o aluno de injúrias, enfatizando, para isso, a consciência corporal do estudante a cada
movimento. Seu trabalho é focado principalmente no desenvolvimento das características
necessárias para que os bailarinos possam executar o Pas de Deux e ênfase especial é dada a
dançar com o corpo inteiro ao invés de simplesmente se executar movimentos mecanicamente.
Entre as características mais trabalhadas estão o desenvolvimento da força da part e
inferior das costas, plasticidade dos braços e o desenvolvimento da força e da flexibilidade
necessários ao estudo do ballet. Os braços neste método passam de uma posição a outra de
forma mais perceptível do que no método Cecchetti e as mãos mudam de direção no último
momento do movimento. Os primeiros estágios focam no epaulement e na estabilidade e força
das costas, visando a que o movimento seja fluido e harmonioso. Ao mesmo tempo em que se
trabalha a técnica, a arte também é adquirida individualmente, proporcionando uma forte e
melodiosa expressividade. O resultado são bailarinos que arrebatam o público ao mesmo tempo
com sua graça e sua bravura.
Sobre o método Vaganova em si, disse Vera Kostrovitskaia em seu livro A Dança
Clássica, de 1987: "Os diferentes movimentos de transição, conexão e auxiliares são de grande
importância no método de Vaganova. Movimentos de giro nos exercícios de barra e de centro,
assim como adágio, diferentes formas de pas-de-bourrée e pequenos desenhos de dança são
absolutamente necessários para o domínio da técnica. Se essas 'insignificâncias' forem
desenvolvidas superficialmente, torna-se impossível o controle da forma própria e da
coordenação dos movimentos da dança. Sem eles não existe nem perfeição técnica, nem
expressividade artística. A linguagem da dança se manifesta através de todos os movimentos
do corpo, dos braços e da cabeça. Esta é a razão pela qual não só as pernas devem ser exercitadas
e obedecer ao bailarino, mas também suas costas, braços e cabeça. O corpo inteiro deve
responder a qualquer emoção ou tarefa complicada exigida pelo coreógrafo..."
Os braços neste método passam de uma posição a outra de forma mais perceptível do
que no método Cecchetti e as mãos mudam de direção no último momento do movimento. Os
primeiros estágios focam no epaulement e na estabilidade e força das costas, visando a que o
movimento seja fluido e harmonioso. Ao mesmo tempo em que se trabalha a técnica, a arte
também é adquirida individualmente, proporcionando uma forte e melodiosa expressividade. O
resultado são bailarinos que arrebatam o público ao mesmo tempo com sua graça e sua bravura.
Entre as características mais trabalhadas estão:
• desenvolvimento da força da parte inferior das costas;
• plasticidade dos braços;
• flexibilidade necessárias ao estudo do ballet.
São inúmeros os benefícios trazidos pelo estudo da Dança Clássica como, disciplina,
comprometimento, apreço musical, além das incontáveis habilidades físicas desenvolvidas.
Esse método é eficaz e completo. trazendo o aluno mais próximo da perfeição da técnica, e um
excelente nível de flexibilidade.
O método Vaganova é considerado muito limpo, com movimentos precisos, que
expressam as linhas de suavidade. Mesmo que um bailarino formado na escola Vaganova seja
muito forte e musculoso, ainda é suave e tem um bom desempenho no palco, sem a rigidez
robótica.
Os braços são uma parte importante do ballet clássico. De acordo com a posição em que
estão, eles podem fazer toda a diferença na movimentação e equilíbrio do bailarino no palco.
Além disso, auxiliam em giros e tornam a postura mais bonita e harmoniosa.
MÉTODO RUSSO (VAGANOVA)

• Preparatória: os dois braços estão arredondados com os dedos quase se tocando


e quase toca as coxas com o mindinho (Bras bas: corresponde ao bras au repos
do método francês).
• Primeira Posição: os dois braços estão arredondados com os dedos quase se
tocando mais ou menos na direção do umbigo (1ª posição: é a mesma posição
do método francês).
• Segunda Posição: os braços estão arredondados, mas totalmente afastados. Eles
se localizam ao lado do corpo, sem deixar passar da linha dos ombros e será um
pouco abaixo dos ombros que eles devem estar 2ª posição: é a mesma postura
do método francês).
• Terceira Posição: os dois braços estão arredondados com os dedos quase se
tocando acima da cabeça (3ª posição: equivale à quinta posição do método
francês).
OBS1: Também tem a quarta posição do Bolshoi, que é a mesma quarta posição do método
francês.
OBS2: E também outras posições que serão fusões (ex: fusão da primeira posição com a
terceira posição – mesma da terceira posição da Escola Francesa.)

Segundo Vaganova, a dança nas pontas é uma dança na pontinha de todos os dedos com o
peito do pé esticado, mas existem dedos muito diferentes e eles dependem da constituição da perna
da bailarina.
O mais confortável para a dança nas pontas é a perna com os dedos regulares, o peito do pé
não muito alto e com o tornozelo sólido e forte. Já a perna que muitos de nós achamos bonita, com
o peito do pé alto, o tornozelo bem contraído e fino, com os dedos corretamente agrupados, dificulta
o movimento na ponta, principalmente os saltos.
Se a perna não consegue subir em todos os dedos, como aconselham as regras da dança
clássica, ela ainda pode ser ajudada, aumentando cuidadosamente a rotação externa (en dehors).
Em relação às pontas, segundo Vaganova, a técnica italiana possui uma superioridade
incontestável. Cecchetti ensinou a se subir na ponta de um pequeno salto, empurrando-se
precisamente o chão. Essa maneira trabalha uma perna mais forte e ensina a concentrar o equilíbrio
do corpo em um ponto. Ainda de acordo com ela, a técnica francesa de subir na ponta suavemente,
desde os primeiros passos do ensino, afasta a perfeição técnica.

Agrippina Vaganova 1910

Para o iniciante, é difícil subir na ponta de uma vez a partir de um salto, por exemplo, com
um salto subir na 5ª posição nas pontas. Pareceria ser mais fácil correr e se posicionar na ponta em
uma perna – isso se consegue facilmente; mas isso é improdutivo, porque, de início, deve-se
aprender minuciosamente a subir corretamente em ambas as pernas nas pontas para fortalecer
plenamente os ligamentos do pé. O acesso casualmente escolhido para o movimento, somente
desencaminhará a estudante da técnica correta.
Para os que estão começando as aulas de ponta, deve-se começar da seguinte maneira: de
frente para a barra, com as duas mãos sobre ela, juntar as mãos e subir nas pontas em todas as
posições, empurrando o chão com os calcanhares antes do início do movimento. E enquanto os
ligamentos do pé não se fortaleçam o bastante para isso não se deve fazer saltos na ponta.
Passando para o centro, deve-se seguir a seguinte sequência:
1) Temps levé nas duas pernas
2) Échappé nas pontas
3) Glissade
4) Temps lié
5) Assemblé soutenu
6) Jeté nas pontas
7) Sissone simples
8) Sissone ouvert
Em seu livro, Vaganova pensou em cada razão de cada passo ser executado numa
determinada ordem, principalmente ponderando o tipo de trabalho que deve ser feito para irmos
preparando o corpo para o movimento que vem a seguir. Essa ordem da aula de ballet clássico que
Vaganova propôs é seguida pelo mundo até os dias de hoje e não é por acaso! O respeito à técnica
clássica e ao corpo humano foram muito enfatizados pela mestre. Então, se seguirmos o que ela
indica para se subir nas pontas, certamente faremos isso de forma segura.
Repercussão

The grave of Agrippina Vaganova at the Novo-Volkovskoie Cemetery in Saint Petersburg, Russia

Sua primeira pupila de sucesso, Marina Semyonova, teve estréia (em 1925) vista como
um marco na história do ballet soviético, “um ressurgimento da dança clássica em toda sua
glória e beleza”. Alexei Yermolaev, Galina Ulanova, Vakhtang Chabukiani, Natalya
Dudinskaya, Konstantin Sergeyev e Irina Kolpakova foram os pupilos mais ilustres de
Vaganova e se tornaram o orgulho da dança soviética.
Após a morte de Vaganova, em 1951, seu método de ensino foi preservado pelos
instrutores, como Vera Kostrovitskaya. Vera preservou os ensinos de Agripina Vaganova e os
publicou de forma detalhada no livro “100 lessons in classical ballet”. Esse método é ensinado
de forma massiva na Rússia e se popularizou, sendo amplamente adotado na Europa, América
do Norte e outras regiões. Bailarinos formados pelo método Vaganova incluem: Anna Pavlova,
George Balanchine, Mikhail Baryshnikov, Marina Semyonova, Rudolf Nureyev, Galina
Ulanova, Nathalya Makarova e Irina Kolpakova.
Seu livro As Bases da Dança Clássica, publicado em 1934, tornou-se literatura
obrigatória para todos aqueles que no mundo inteiro se dedicam à dança, venham ou não a ser
bailarinos. Hoje o método Vaganova é o método mais amplamente utilizado para o ensino do
Ballet na Rússia, sendo usado também na Europa e na América do Norte.
Em sua homenagem, a escola de ballet de São Petersburgo foi renomeada para
Academia Vaganova em 1957.

Bibliografia
VAGANOVA, Agripina. Fundamentos da Dança Clássica. Appris, 2012.
KOSTROVITSKAYA, Vera. 101 Classical Dance Lessons: from the first through the eighth
year of study, with forty-eight lessons on pointe. New York: John Barker School of Classical
Ballet, 1979
KOSTROVITSKAYA, Vera. School of Classical Dance: Textbook of the Vaganova
Choreographic School. Hal Leonard Books, 1987.
CAMINADA, Eliana. História da Dança - Evolução Cultural. Rio de Janeiro: Sprint, 1999
http://en.wikipedia.org/wiki/Agrippina_Vaganova; Acesso em 20 de abril de 2013.
PERGUNTA

QUAIS AS POSIÇÕES DOS PÉS E DOS BRAÇOS QUE VOCÊ ESTUDOU?

1. PÉS
• 6ª POSIÇÃO
• 1ª POSIÇÃO
• 2ª POSIÇÃO

2. BRAÇOS
• BRAS BAS
• 1ª POSIÇÃO
• 2ª POSIÇÃO
• 3ª POSIÇÃO (5ª POSIÇÃO – método francês)

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