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• (Os personagens entram no café a brasileira e sentam-se numa mesa.

)
• Ricardo Reis: (com um ar de distanciamento) Olá, Alberto. Boa tarde, Álvaro.
• Alberto Caeiro: (ironicamente) Olá, Ricardo. Eu não sabia que você ainda frequentava
este lugar. Pensei que tivesse perdido o interesse pelo mundo físico.
• Ricardo Reis: (com indiferença) Não, ainda me divirto um pouco com os prazeres
mundanos de vez em quando.
• Álvaro de Campos: (excitado) Ah, eu adoro este lugar! A atmosfera, as pessoas, tudo
isso me inspira. (gesticula animadamente) Eu deveria começar a escrever um poema.
Alberto Caeiro: (com ironia) Sim, porque o mundo real precisa de mais poesia
conceptualizada e vazia...
• Álvaro de Campos: (ignorando a ironia de Bernardo) Ah, mas a poesia não é vazia. Ela é
a expressão da alma. Eu sinto tanto a vida pulsando em mim que às vezes não sei como
conter todas essas emoções.
• Ricardo Reis: (com calma) Álvaro, eu entendo o que você quer dizer, mas às vezes acho
que precisamos de nos distanciar um pouco das emoções para ver as coisas com mais
clareza. A poesia é uma forma de canalizar essas emoções de uma maneira mais
controlada.
• Álvaro de Campos: (com paixão) Ah, mas eu não quero controlar as minhas emoções! Eu
quero deixá-las explodir.
• Alberto Caeiro: (com ironia) Bem, pelo menos você não está sozinho nisso. Eu também
sinto muito a força nas sensações esta força quase doi as vezes questiono-a mas
relembro me que isso de nada serve daí não intelectualizo estas tenho uma vida certa e
simples por isso dever lo ias experimentar.
• Álvaro de Campos: (com paixão) Ah, mas é justamente isso que a torna tão bela! A vida é
uma luta, mas é também a única coisa que temos de verdade. Eu quero vivê-la
intensamente, sem controlo e sentindo-a como tu e espalhar essas explosões de
sensação pelo futuro.
• Ricardo Reis: (com calma) Eu entendo o que vocês estão a dizer, mas às vezes acho que
precisamos encontrar um equilíbrio. A vida é bela, mas também é complicada. Eu prefiro
aproveitá-la de maneira mais controlada, para não me deixar levar pelas emoções.
• Álvaro de Campos: (com paixão) Mas a vida é justamente isso, Ricardo! É emoção. Eu
não quero controlá-la, quero vivê-la de verdade.
• .Alberto Caeiro: (com ironia) Eu acho que nós os três estamos à procura de coisas
diferentes na vida. Um quer vivê-la intensamente, outro quer controlá-la, e eu nada
quero senão uma vida calma e simples sem todo essas regras que parecem presente
nesse vosso intelecto . Mas no final, todos nós somos apenas seres humanos a tentar
entender o mundo se é que este têm algo a entender. (Os personagens ficam em silêncio
por um momento, reflexivos.)
• Ricardo Reis: (com elegância) Bem, isto é que foi uma conversa interessante. Eu acho
que devemos pedir mais umas bebidas e continuar a conversa.
• Alberto Caeiro: (com ironia) Ah, sim, porque mais um café vai resolver tudo.
• Álvaro de Campos: (com paixão) Eu adoro um bom café! Vamos pedir um para cada um
de nós vamos até os vou buscar por vocês o que querem?
• Alberto Caeiro: Quero algo simples um café longo por favor
• Ricardo Reis:(cara pensativa)UHM não sei o que me sugeres tu Álvaro
• Álvaro de Campos:(entusiasmado) Podias pedir o mesmo que eu é uma invenção minha
chamo-o o sabor do futuro ou frapuchino de café com caramelo é muito simples é uma
bebida refrescante com gelo triturado, café, leite e natas e caramelo claro.
• Ricardo Reis: Isso tudo soa me muito a frente vou escolher algo controlado um café com
um cheirinho por exemplo deve me satisfazer.
• (Álvaro de Campos afasta-se saindo de cena reclamando por entre murmúrios com
Ricardo Reis)
• Alberto Caeiro: Então e tu Ricardo qual é o teu objetivo final porque controlas tudo o
que sentes quero eu dizer.
• Ricardo Reis: Pois Caeiro eu tenho a filosofia de que controlado estou melhor de
desenfreado e estou controlado porque a minha força de vontade assim o permite como
os antigos estoicos o diriam “A felicidade de sua vida depende da qualidade de seus
pensamentos” e realmente senão consigo superar as tentações que me são
apresentadas como é que me poderia alguma vez manter feliz.
• Alberto Caeiro: Pois eu aqui não me consigo relacionar com isso eu não sinto qualquer
tentação senão a de dormir mais um segundos quando o meu galo me acorda.
• Ricardo Reis:(esclarecido) vives uma vida simples é isso que também eu procuro
realmente para que razão complicar o que é curto e bom, obrigado amigo assim consigo
entender o mistério dessa vida que levas.
• Alberto Caeiro:(ligeiramente perturbado) não entendo a que te referes minha vida não
tem mistério algum, eu por e simplesmente a vivo.
• Ricardo Reis:(deveras contente) Pois mas é esse mesmo o mistério dela é tu não teres
filosofia alguma.(limpa a garganta) desculpa entusiasmei-me)
(Álvaro volta a cena com os copos na mão escorrega, Ambos Caeiro e Ricardo levantam-se e
ajudam-no a erguer-se)
Alberto Caeiro: Estás bem Álvaro ?
Álvaro de Campos:(frustrado) É este meu corpo que não se aguenta não parece querer avançar
como as maquinas a velocidades estonteantes como os motores avançam e disparam como
foguetes se foguetam para os confins deste futuro se soltam com um fogo uma força
estonteante de certeza e vão zummmmmmmmmmmm como nenhuma seta o faria
vvvvvvvvvummmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm zaaaaaaaaaaazzzzzzzzzzzzzzzz e
traaaaaaazzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz mas o meu corpo esse maldito corpo se mantem
cheio de ferrugem sem avanço neste presente desajeitado e preciso criar abismos para do meu
abismo sair criar seduções por meio de todos os vícios para assim se acabar e era de pensar de
congruentializar que se realizar que nada no suicídio e mentalidade humana á de acabar nesse
meu futuro das maquinas se virar e aterrorizar sensações tao fortes de uivar
uuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu .
• (Alberto e Caeiro Levantam Álvaro e colocam o numa cadeira enquanto este continua a
murmuras baboseiras aleatórias ambos se riem e tentam acalma-lo )
• (personagens saem de cena.)

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