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Princípios e Técnicas
3ª EDIÇÃO
James Manica
e Colaboradores
R848 Anestesiologia [recurso eletrônico]: princípios e técnicas /
[organizado por] James Manica. – Dados eletrônicos. – 3.
ed. – Porto Alegre : Artmed, 2008.
A Informática é a ciência que visa ao tratamento da informação em alguns pontos, como a ausência de fadiga, a disponibilidade
por meio do uso de equipamentos e procedimentos da área de de uma base de dados, que pode ser acrescida sem interferência
processamento de dados (Ferreira, 1986). significativa no desempenho, e independer de componentes emo-
A Informática Médica é a ciência que usa ferramentas cionais, ainda não existe um computador com a capacidade de
analíticas para desenvolver procedimentos (algoritmos) para o substituir totalmente o anestesiologista. Todavia, existem siste-
gerenciamento do controle de processos, tomadas de decisões e mas que podem prestar um grande auxílio e o seu aperfeiçoamen-
análises científicas do conhecimento médico (Shortliffe, 1984). to constante vem ganhando a adesão de muitos.
Ela compreende os processos teóricos e práticos do processamento Nos últimos 40 anos, o anestesiologista tem participado do
da informação e comunicação baseados no conhecimento e na crescente avanço tecnológico aplicado à medicina. Dentre esse
experiência derivados dos processos na medicina e assistência à avanço está a contribuição dos computadores e da informática.
saúde (Bemmel, 1984). Na década de 60 começaram a ser publicados os primeiros traba-
O anestesiologista trabalha usando quatro dos cinco sentidos lhos sobre o uso dos computadores em anestesia (Forrest; Bellville,
(visão, tato, audição e olfato), dos quais obtém dados que analisa 1967).
e acumula para tomar decisões. Ou seja, em cada caso, faz uma
interação dos seus conhecimentos médicos com a situação do
paciente e as ocorrências e intercorrências possíveis. É um trabalho
com um grande volume de informações que, por vezes, exige to-
mada de decisão imediata e precisa. Anestesio- Informação Dados interpretados
logista
A interação entre as diversas atividades mostradas no Quadro
5.1 gera procedimentos que aumentam os conhecimentos na base
de dados, aprimorando os processos para o mesmo paciente e Base de conhecimentos
Interação
futuros pacientes.
Esse ciclo de informações, conhecimento e interpretação dos
dados resultantes do atendimento a um paciente está representa-
Dados
do na Figura 5.1. Paciente Interpretação
Quadro 5.1 Os três estágios das atividades humanas: observação, raciocínio e ação
Mesmo com toda a evolução tecnológica presenciada, alguns Os computadores são equipamentos adequados para a mani-
ainda não conseguiram todos os seus intentos extraídos dos com- pulação de dados. Em uma análise da maneira genérica de
putadores. Enquanto continuam sonhando com um computador trabalho de um anestesiologista, pode-se identificar o seu trabalho
em cada sala de cirurgia, outros mostram-se resistentes ao seu com diferentes tipos de dados:
uso, mesmo em um simples sistema de monitorização.
Demográficos: geralmente escritos no relatório de anestesia
São evidentes o crescimento da informática e a necessidade
ou na ficha de avaliação pré-anestésica. São dados prove-
de seu entendimento por parte do anestesiologista moderno. Al-
nientes da identificação, tais como nome, sexo, idade, esta-
gumas das aplicações do uso dos computadores em anestesiologia
do físico, altura, peso, categoria socioeconômica, entre
estão relacionadas no Quadro 5.2.
outros.
Fisiológicos: adquiridos direta ou indiretamente a partir
de medições tais como pressão (arterial, venosa, intra-tra-
queal, intracraniana), saturação de oxigênio, concentrações
Observação de gases inspirados e expirados (anestésicos inalatórios,
oxigênio, óxido nitroso, gás carbônico, nitrogênio), avalia-
Dados Informação ção do bloqueio neuromuscular.
Eventos: ocorrências (intubação, sondagem, punção, extu-
bação) ou intercorrências (náusea, vômito, hipotensão, hi-
pertensão, taquicardia, bradicardia, cianose, dessaturação,
Paciente Decisão reinalação de CO2, alergia, etc.) do ato anestésico.
Dados de equipamentos: pressões e fluxos de gases, regu-
lagens de ventiladores e vaporizadores, temperatura e umi-
dade do absorvedor de gás carbônico, limites de alarmes
Terapia Diagnóstico
de monitores ou sistemas de segurança, doses de fármacos
em bombas de infusão, volumes e doses infundidas.
Planejamento
A visualização, o conhecimento e a integração de todos esses
dados é uma tarefa complexa que pode ser facilitada pelo uso
Figura 5.2 Desenvolvimento de um ciclo de informações (diagnósti- dos computadores. O desenvolvimento das diferentes aplicações
co-terapêutico). Ciclos desse tipo são acionados diversas vezes durante necessárias para um sistema informatizado de saúde apresenta
um ato anestésico; por exemplo, a cada evento de monitoração.
graus de complexidade crescentes (Figura 5.4).
Sinal
Determinados Estatísticos
Figura 5.5 Nas aplicações médicas, além dos dados numéricos e alfanuméricos relativos a um paciente, também podem coexistir dados de
sinais fisiológicos com padrões diferentes.
76 Informática e anestesiologia
CD-ROM
Teclado
Cartão magnético
CPU
Caneta unidade central
Mouse
óptica de processamento Cartão de memória
Armazenamento Armazenamento
magnético
Acesso Acesso
óptico
Figura 5.7 Diagrama esquemático dos componentes de um computador com os seus componentes de entrada, processamento e saída de
dados.
Anestesiologia 77
posta por um conjunto de instruções que facilita, orienta e equipamentos. É comum encontrar a associação de vários desses
organiza a introdução dos dados, o seu processamento e a elabora- programas em pacotes integrados (processador de texto, planilha
ção dos resultados. eletrônica, banco de dados, correio eletrônico, agenda, comunica-
Os programas e sistemas são conjuntos de instruções que per- ções e outros), que atualmente podem receber o nome de “Suites”
mitem a comunicação entre o usuário e a máquina de modo que ou “Offices”. A integração desses programas dentro de um mesmo
os dados sejam introduzidos, o processamento seja realizado e os “pacote” facilita a sua operação, pois são visualmente parecidos
resultados sejam obtidos. e utilizam os mesmos procedimentos, bem como os mesmos
O processador trabalha com softwares diferentes para chegar dados, informações e resultados pelo sistema.
ao resultado final programado (Figura 5.8). Caso haja necessidade de aplicação em funções específicas
O hardware quase não dispõe de instruções para o seu funcio- como, por exemplo, o controle de um sistema médico ou de um
namento e a primeira medida é adicionar-lhe um software, o Siste- serviço de anestesiologia, podem ser desenvolvidos programas
ma Operacional (OS = Operating System), que inter-relaciona o com interface de comunicação própria para os usuários, mesmo
usuário, a máquina e os seus periféricos com os demais programas que estes utilizem como base para o armazenamento e o proces-
que serão utilizados, funcionando como um gerenciador do am- samento os aplicativos comerciais.
biente. Pelo fato de ser um programa acrescentado ao hardware, A inter-relação entre os diversos tipos de softwares e o hardware
apresenta a vantagem de sofrer modificações e acréscimos (up- é mostrada na Figura 5.9.
grade) propiciando expansibilidade e melhoria das máquinas. Por
vezes, durante a vida útil de uma máquina (hardware), são feitas Redes de computadores
várias atualizações do sistema operacional (upgrades). Os computa-
dores pessoais, do tipo personal computer (PC), começaram com o Os computadores pessoais são unidades isoladas, cada uma com
sistema operacional Disk Operating System (DOS), seguido de uma a sua própria informação. O crescimento do número de computa-
interface gráfica, o Windows® em suas diferentes versões (3.0, dores gerou a necessidade da interligação entre eles, para que a
3.1, 95, 98, Workgroups, NT, 2000, XP). Outros sistemas opera- troca de informações aumentasse as suas aplicações. Atualmente,
cionais como o Linux® e o MacOs® também fazem funcionar o a tendência ao uso de computadores interligados é uma realidade
hardware de computadores pessoais. e necessidade.
Os programas podem ser genéricos, realizando tarefas do dia- Dentre os métodos mais utilizados, pode-se citar a formação
a-dia dos usuários, como os processadores ou editores de texto, de redes internas, que possibilitam a conexão entre dois ou mais
as planilhas eletrônicas, os gerenciadores de bancos de dados, os computadores, facilitando o uso dos dispositivos e acessórios pre-
programas para manipulação de gráficos ou imagens, os progra- sentes nessa rede, mesmo que fisicamente em outros locais.
mas para comunicações de dados entre computadores ou outros Assim, torna-se possível a existência de vários computadores aten-
dendo a vários usuários, compartilhando as informações existen-
tes em todos os elementos da rede, sem a necessidade de expansão
do número de periféricos como impressoras, scanners, CD-ROM,
DVD-ROM ou outros (Figura 5.10).
Quando dentro de uma mesma edificação, a rede costuma
Sistema
operacional
receber o nome de Local Area Network (LAN). Uma rede mais exten-
sa pode receber o nome de Wide Area Network (WAN) e passa a ser
uma rede de redes, ou seja, mais de uma rede conectada entre si.
Sistema operacional
Hardware
Aplicativos
padronizados
Figura 5.10 A integração de dados clínicos, laboratoriais, imagens em um prontuário eletrônico e a interconexão do aparelho de anestesia e
monitores disponibilizam os dados do paciente relativos aos períodos pré, peri e pós-operatório (Bemmel; Musen, 1997).
A ligação de computadores a uma rede, e de redes entre si, pendência do hospital, com o seu notebook ou um palmtop (com-
pode ser feita por formas que variam desde a comunicação por putador de mão), com a manutenção de acesso às informações
meio de cabos e sistemas de telefonia até a utilização de equipa- como se estivesse fisicamente conectado por fios. Os limites per-
mentos sem fio e satélites. mitidos vão desde dependências dentro de uma sala ou edifício
O processo de transferência de um arquivo do computador até quilômetros de distância, entre edifícios diferentes.
remoto para o computador do usuário denomina-se download (bai- Existem diferentes padrões de redes sem fio, sendo necessária
xar um arquivo) e o inverso, upload (enviar um arquivo). a compatibilidade entre os equipamentos e os diferentes padrões
Por necessidade de operação e segurança, o acesso de compu- em desenvolvimento. A adição de pequenas placas ou cartões em
tadores às redes deve ser determinado por um administrador que notebooks e palmtops permite a conexão desses computadores móveis
programa quem vai ter acesso a qual conteúdo. com os computadores da rede para o acesso a dados e à internet.
Para facilitar o processo de transmissão da informação, princi- A indústria da informática tem se empenhado no desenvolvi-
palmente diminuindo o tempo necessário à transferência, os ar- mento da interconexão entre os equipamentos modernos de com-
quivos podem ser comprimidos, transmitidos, recebidos e putação e telecomunicação. Os futuros monitores serão interliga-
novamente expandidos no computador do usuário, utilizando pro- dos ao computador central e aos periféricos por conexões sem
gramas específicos. Os compressores/expansores mais utilizados fio, permitindo ao anestesiologista o acompanhamento, mesmo
têm a terminação “arj” ou “zip”. Esses arquivos necessitam de que à distância, dos dados e sinais monitorados (telemetria) dos
programas (utilitários) para a descompactação e armazenamento pacientes (Figura 5.11).
em seu novo destino. Também existem os programas com termi- O administrador da rede é o profissional responsável pela de-
nação “exe”, denominados executáveis, que, por ocasião da aber- terminação dos acessos, com os diferentes níveis de segurança,
tura, sofrem o processo de expansão e desmembramento, gerando dos computadores ligados à rede.
os arquivos e programas necessários para a operação. A disseminação de vírus e a modificação ou exclusão de arqui-
Um bom projeto de redes de computadores envolve a possibili- vos podem trazer danos a toda a estrutura e funcionamento de
dade de interconexão entre diferentes tipos de computadores e um sistema. Quando um sistema baseado em informática pára
entre sistemas operacionais diferentes, por exemplo, computado- de funcionar, diversas atividades deixam de ser executadas, geran-
res com sistema operacional Windows® com computadores Mac do prejuízos.
(Apple Computer, Inc®), palmtops e handhels e outros (grandes
computadores dos sistemas hospitalares e universitários – main- O uso de computadores em anestesiologia
frames).
O uso de “redes sem fio” (wireless) permite a conexão entre Tradicionalmente, os hospitais e as universidades, principalmente
computadores, telefones e outros dispositivos por meio de ondas no exterior, foram os primeiros ambientes, freqüentados por médi-
de rádio (2,4 GHz de freqüência) e equipamentos com sensores cos, em que se utilizaram computadores. Eram equipamentos de
de infravermelho, possibilitando a mobilidade dos usuários e seus grande porte, capazes de gerenciar um grande volume de informa-
computadores dentro de limites estabelecidos, com a troca de ções, mas com a desvantagem de apresentarem uma comunicação
informações sem a conexão física (por fios). É possível o desloca- com o médico que exigia conhecimento profissional de informá-
mento do anestesiologista do centro cirúrgico para qualquer de- tica para a sua operação e programação.
Anestesiologia 79
Hospital
associado
Aparelho de Universidade
anestesiologia Internet
Hospital
Residência
Internet do anestesiologista
Anestesiologista
Figura 5.11 A interconexão, por redes (com e sem fio), de diversos equipamentos como o aparelho de anestesia e monitores, telefonia celular
e palmtop com a rede do hospital (ou hospitais), universidades e até a residência do anestesiologista.
Com o advento do computador pessoal, na década de 80, mui- centração do gás carbônico expirado/inspirado, concentração ins-
tos médicos, principalmente os anestesiologistas, mostraram-se pirada/expirada de anestésicos inalatórios, controle de respirado-
interessados no conhecimento e aproveitamento dessa nova fer- res, testes de aparelhos de anestesia, bombas de infusão (com
ramenta. infusão contínua constante ou variável), monitorização do ECG
Inicialmente foram surgindo programas com destinação espe- com avaliação das ondas, monitorização do EEG, monitorização
cífica, como para cálculo de doses de fármacos, avaliação do equilí- da função neuromuscular e seu bloqueio.
brio ácido-básico e hidreletrolítico, cálculo de vaporização de anes- Programas comerciais para a administração financeira e con-
tésicos inalatórios, escritos em linguagens como o Basic pelos tábil da prática da anestesia, individual ou em grupo, estão dis-
próprios anestesiologistas e apresentados como temas livres de poníveis. Fabricantes de equipamentos de monitorização e de
Congressos Brasileiros de Anestesiologia (CBA) (Carraretto e For- aparelhos de anestesia têm apresentado sistemas para integração
tuna – 30o CBA, Fortaleza-CE, 1983, Carraretto – 32o CBA, Salva- de seus equipamentos com o sistema de informação do hospital.
dor-BA, 1985) ou publicados na Revista Brasileira de Anestesio- Programas educativos para o ensino e treinamento em anes-
logia (Saraiva e Katayama, Oliva Filho). Na área de monitorização, tesia inalatória (GasMan®), simulação do funcionamento de um
desenvolveram-se estudos sobre a interconexão de computadores aparelho de anestesia (Virtual Anesthesia Machine®), anestesia
e monitores para extrair dados em tempo real ou armazenados, venosa (PK-Sim®, TIVASim®, RugLoop®), controle de bombas de
com o objetivo de criar documentação em papel ou gravada em infusão, previsão de concentrações de fármacos e simulação estão
meio magnético para a futura utilização ou até mesmo para a sendo usados por diversos centros e serviços.
transmissão à distância (Carraretto – Congresso da AMES, Vitória- O uso de simuladores de anestesia, que propiciam um treina-
ES, 1992). Paralelamente, na área de pesquisa, começou o empre- mento semelhante ao utilizado na aviação e em outras áreas, faz
go para os cálculos estatísticos e redação dos artigos científicos parte do arsenal tecnológico de ponta da atualidade, e vários cen-
(Oliva Filho, 1990). No campo da didática, o uso ampliou-se para tros estão sendo montados em todo o mundo.
a produção dos recursos visuais, principalmente na produção de A Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA) adquiriu o
diapositivos (slides) e transparências. Body Simulation for Anesthesia® (Advanced Simulation Corpo-
Os serviços e clínicas usaram os computadores inicialmente ration, EUA), um programa simulador de anestesia para micro-
para a administração financeira e controle da produção laborial, computador, de autoria dos professores N. Ty Smith e T. Davidson
bem como para a criação e armazenamento dos dados provenien- (University of San Diego – Califórnia – EUA), para distribuição
tes dos relatórios de anestesia. Tais sistemas permitem uma avalia- aos seus Centros de Ensino e Treinamento (CET) e Regionais.
ção dos dados dos pacientes, cirurgias, médicos, intercorrências A gravação de um grande volume de dados em mídias, como
e complicações dos atos anestésicos (Manica, 1995). o CD-ROM e o DVD-ROM, possibilita a inclusão de vários anos e
Na área de pesquisa, foi facilitado o processo de captação e diversos volumes de um ou mais periódicos em um único disco,
armazenamento de dados para análise e estudo, principalmente como aconteceu com a Revista Brasileira de Anestesiologia, já
pelos conversores analógicos digitais, em que os valores das variá- em sua quarta edição (2000). Os anais de Congressos Brasileiros
veis fisiológicas passaram a ser introduzidos nos computadores de Anestesiologia (1999, 2001) foram publicados em CD-ROM.
(Carraretto – Congresso da AMES, Vitória-ES, 1992). Além da compactação do espaço, as principais vantagens estão
Atualmente são diversos os equipamentos utilizados pelo relacionadas à redução do tempo de pesquisa e ao volume de
anestesiologista que empregam computadores, de uso geral ou informações que são encontradas por esse processo. Livros-texto
específico, para tarefas tais como gasometria, medidas de pressões e coleções de vários livros já estão disponibilizados em CD-ROM’s
(arterial, venosa, pulmonar, capilar, intracraniana), temperatura, (Apêndice 5.1). O material interativo, com áudio, vídeo e até testes
saturação de oxigênio periférico e do sangue venoso misto, con- de avaliação, torna a leitura mais agradável, estimulante e facilita
80 Informática e anestesiologia
o aprendizado. A reutilização do material revisto (textos e ima- de computadores e outras tecnologias que estão sendo implanta-
gens) é facilitada pelos processos de copiar e colar (cut and paste) das. A internet é dinâmica e as informações sofrem mudanças de
dos programas comercialmente disponíveis. conteúdo rapidamente.
A mudança de endereços na internet também é muito dinâmi-
A internet para o anestesiologista ca. É muito comum que um endereço anteriormente acessado,
quando procurado novamente, não seja encontrado porque foi
A internet é uma rede mundial de computadores que teve seu transferido ou excluído, por vezes sem deixar rastros.
início nos anos 60 a partir de uma estratégia do governo norte-
americano, que, por meio do Ministério da Defesa, criou a Arpanet Como conectar-se a internet?
(Advanced Research Projects Agency), uma rede-teste que ligava A internet não tem um início, ou seja, um único ponto de
quatro universidades americanas e possibilitava a troca de infor- conexão. O próprio nome “rede” sugere a sua semelhança com
mações entre os cientistas. Era o início do desenvolvimento de uma rede de pesca, por exemplo, onde todos os seus pontos estão
uma nova tecnologia de redes, com o objetivo de comunicação e conectados, por diversos caminhos, a um determinado (e
proteção dos dados contra um possível ataque inimigo. Em 1973, qualquer) ponto de referência. Essa estrutura permite que a infor-
foi criado o File Transfer Protocol (FTP), um protocolo para a trans- mação trafegue em diversos caminhos alternativos, mesmo quan-
missão de arquivos através da rede ainda em uso na atualidade. do determinados pontos estão desligados ou inoperantes.
Em 1983, um outro protocolo importante e de uso atual, denomi- Os meios mais comuns de conexão estão representados no
nado Transmission Control Protocol/Internet Protocol (TCP/IP), foi cria- Quadro 5.3. Na conexão direta com a internet, geralmente usada
do. Ocorreu então a separação entre as redes de finalidade de por universidades e grandes hospitais, um ou mais computadores
pesquisa e de uso militar após o teste dessas tecnologias. A gran- ficam ligados à rede através da rede de telecomunicação que ofere-
de rede, que inicialmente serviu para a conexão de supercompu- ce suporte à internet. Os demais computadores do sistema, ligados
tadores de universidades, é atualmente de domínio público mun- a essa rede interna, conectam-se através desse computador, deno-
dial, ou seja, qualquer pessoa pode conectar o seu computador à minado servidor (host).
internet e enviar ou receber mensagens e informações. A conexão a um provedor de internet (Internet Sercice Provider
A internet não é uma simples rede, mas uma “rede de redes – ISP), instituição, freqüentemente de caráter privado, que possui
de computadores” espalhados por todo o mundo. Quando o com- um ou mais computadores ligados na internet 24 horas por dia, é
putador do usuário (o anestesiologista, por exemplo) se conecta o modo mais utilizado. O usuário terá uma conta com um nome
a um computador localizado em uma universidade, um hospital de identificação (login) e uma senha (password). Os computadores
ou uma empresa, ele pode ter acesso aos diversos computadores conectam-se através de uma ligação telefônica local (usuário-
da instituição que estão conectados e tem a permissão para a provedor), através de um modem e uma linha discada, e o compu-
troca de informações nessa rede. tador do usuário passa a fazer parte dessa grande rede. Quando o
O governo americano, por meio da National Science Founda- computador do usuário não estiver conectado, as informações
tion (NSF) e outras organizações, fundou a internet. Ela não tem solicitadas ou enviadas para esse usuário serão armazenadas no
um proprietário, nem uma instituição ou empresa mantenedora. computador do provedor (denominado servidor) e transferidas
Atualmente o destino da internet está sob a responsabilidade de para ele após a sua conexão com o provedor.
uma organização voluntária que promove o acesso e o uso da O uso da linha discada necessita de um computador com um
internet, a Internet Society (ISOC). A Internic tem a responsabili- modem – equipamento-padrão na atualidade – , uma linha telefô-
dade de conceder, designar e manter um banco de dados com os nica e programas (softwares) para a conexão e a transferência dos
endereços da internet, para que eles sejam únicos. Cada endereço arquivos e informações. A cada dia os programas tornam essa
da internet é, na realidade, um número composto por até 12 al- tarefa mais fácil e automatizada. Um computador com placa de
garismos, separados no máximo de três em três, por pontos, em som e multimídia permite a utilização dos recursos mais
quatro números. Por questões de praticidade, a esse número está avançados da internet, como a captação e o envio de sons e ima-
ligado um nome (endereço), escolhido pelo proprietário e registra- gens (Figura 5.12).
do nos computadores, que fazem a busca transformando este A velocidade com a qual a informação vai trafegar entre o
endereço mnemônico em um endereço numérico. Por exemplo, o provedor e o computador do usuário dependerá de diversos fato-
endereço www.sba.com.br refere-se ao endereço 200.152.100.142. res, entre eles a qualidade da linha telefônica e a velocidade do
Estes endereços podem sofrer alterações inerentes ao dinamismo modem. Atualmente utilizam-se de preferência modems de 56
da internet e seus provedores de acesso, enquanto o endereço kbps (kilobits por segundo). Modems com velocidades de 128,
mnemônico (www.sba.com.br) apresenta a identidade proposta 256 e 512 kbps, que utilizam serviços de telecomunicações diferen-
pela SBA. ciados, também estão disponíveis e podem ser alugados de empre-
Para a transmissão dos dados dentro dessa rede, é necessário sas que prestam serviços de telecomunicações.
um protocolo (conjunto de requisitos e padronizações) que torne
compatíveis os computadores, mesmo que utilizem sistemas dife-
rentes. O protocolo usado na internet é o que permite a adição e
a retirada de computadores, ou redes de computadores, à grande Quadro 5.3 Meios comuns de conexão à internet
rede (internet), sem a necessidade de paralisação de seu funciona-
mento. Conexão direta com a internet
Para o anestesiologista, a internet é de fundamental importân- Conexão a um serviço on-line;
cia na busca e troca de informações. Vários são os sistemas que
Conexão a um provedor de acesso da internet (ISP – Internet Service
permitem trocar correspondências, ver páginas com informações, Provider)
fotos, sons, vídeos, conferências, notícias, programas e arquivos
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.