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REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE

GABINETE DE RECONSTRUÇÃO PÓS-CICLONE

PROGRAMA DE ALOJAMENTO PÓS-CICLONE - PALPOC


Promovendo Recuperação Resiliente de Alojamento e Infraestruturas
em Comunidades afectadas pelos Ciclones

HABITAÇÃO RESILIENTE
Dondo, 31 de Outubro de 2019
Situação do
alojamento pós-
ciclone
CHIMOIO
372.000
POPULAÇÃO
IMPACTO DO DESASTRE AO
LONGO DO CORREDOR DA

GONDOLA
34.000
POPULAÇÃO

NHAMATANDA
50.600
POPULAÇÃO

DONDO
130.000 80%
AFECTADA
POPULAÇÃO
BEIRA

BEIRA 90%
530.000 AFECTADA
POPULAÇÃO
O nível de danos sobre
habitação variou de um
mínimo de 30% dos
edifícios afetados nas
áreas centrais de cimento
(tanto na Beira como em
Dondo) a surpreendentes
95% em áreas peri-
urbanas, principalmente
informais, nas duas
cidades.
BEIRA
DESTRUIÇÃO DE
CASAS
64.000
Parcialmente

24.000
totalmente
Cenário de destruição da habitação - Beira

Área de cimento: impactos parciais (concentrados em estruturas de


cobertura).
Cenário de destruição da habitação - Beira
Em áreas informais de alta densidade: como Munhava e Mananga, a
porcentagem de danos está sempre acima de 50% e está altamente
relacionada ao nível de vulnerabilidade a inundações.

As áreas informais peri-urbanas: mais afetadas, com danos a até 90%.


Os danos observados na habitação nos assentamentos variam de
acordo com dois fatores principais: a qualidade da construção e a
estrutura do assentamento e a exposição ao risco das casas.
DONDO
DESTRUIÇÃO DE
CASAS
13.000 4.000
Parcialmente totalmente

2/3 Cobertura

1/3 Estrutura
Cenário de destruição da habitação - Dondo
Cenário de destruição da habitação - Dondo
Cenário de destruição da habitação - Dondo
Análise das tipologias de acordo com o material
MATERIAL CONVENCIONAL:
• Quando construídas com materiais convencionais de padrões aceitáveis,
resistem ao ciclone.
• A qualidade geral dos blocos, argamassas e elementos de concreto é muito
baixa. Os telhados foram os principais elementos danificados, devido à
baixa qualidade das estruturas e fixação.

MATERIAL MISTO:
• Implica menor renda da família e padrões mais baixos na construção.
• Onde a construção é precária, foram destruídas pelo ciclone.
• No entanto, em alguns casos, em áreas mais densas e menos expostas,
algumas casas de material misto com padrões mais altos de construção
não foram destruídas.

MATERIAL LOCAL:
• As casas construídas apenas com materiais tradicionais são
escassas nas áreas urbanas,
Conceito de
Habitação Resiliente
Várias definições associadas a habitação

Dignidade

Cobertura e Meio
Parede Ambiente
Habitação acessível
• Habitação acessível é amplamente definida como a
que é adequada na qualidade e localização e que não
custa tanto ao ponto de limitar o acesso dos seus
ocupantes a outras condições básicas de vida ou não
coloque em risco os seus direitos humanos básicos.

• Habitação acessível é no entanto, um conceito


multidimensional e envolve mais do que a concepção
simplificada de frequência da relação do preço da
compra da
["habitação casa "habitação
social", com a renda familiar.
pública" e "habitação de
baixo custo”]

[acessibilidade financeira da moradia em relação à renda


dos ocupantes]
Habitação acessível

(menos) (menos)
Resiliência habitacional em Moçambique
• A crescente incidência e
magnitude de desastres naturais,
especialmente como
consequência das mundanas
climáticas, demandará grandes
esforços de diversos actores para
a gestão de riscos de
desastres.

• No caso das habitações, a


difusão de práticas que podem
aumentar a resiliência das
moradias é vital, portanto, todos
os meios disponíveis devem ser
usados para esse propósito.
Resiliência habitacional em Moçambique

2007 FAVIO
2008 JOKWE
2012 FUNSO
2014 HELLEN
2017 DINEO
2019 IDAI E KENNETH
Resiliência habitacional em Moçambique
Habitação resiliente

2
Adequada culturalmente ao
Contexto dos locais

1 3
Adaptada as De custos e
Mudanças tecnologias
Climáticas acessíveis

Adequar e simplificar as soluções construtivas aos assentamentos expostos às


ameaças naturais através de uma abordagem participativa e didáctica utilizando
recursos e técnicas construtivas disponíveis localmente.
Habitação resiliente

+ + +
Planta e cobertura Base reforçada, fundação Estrutura das paredes Estrutura da cobertura
Simétrica com profundidade adequada reforçadas reforçada e bem
conectada com a parede
Melhor Resistente Melhor Resistente Melhor Resistente
aos ventos Fortes as inundações e aos ventos Fortes e Melhor Resistente aos
aos sismos sismos ventos Fortes e a sismos
Impacto das ameaças
naturais
Impacto das Ameaças Naturais sobre as infraestruturas
Impacto das Ameaças Naturais sobre as infraestruturas

24
Impacto das Ameaças Naturais sobre as infraestruturas

1.
Se o edifício não estiver bem conectado ao solo
ele pode ser levantado pela
acção do vento
Impacto das Ameaças Naturais sobre as infraestruturas

2.
Se a cobertura do edifício não estiver bem conectado
com as paredes ela pode ser levantada pela
acção do vento

26
Impacto das Ameaças Naturais sobre as infraestruturas

3.
A pressão do vento pode levantar a
varanda e destrui-la se esta não estiver bem
reforçada

27
Impacto das Ameaças Naturais sobre as infraestruturas

4.
O edificio pode ficar inundado com as
chuvas que acompanham s ventos fortes
se não tiver uma altura de pavimento su-
ficiente.

28
Acção do vento sobre a estrutura de um edifício

ão

Pr

es
Su


o
Quanto mais uma construção estiver fechada e de
forma compacta, menor será o efeito de destruição
provocado pelos ventos.
29
Acção do vento sobre a estrutura de um edifício

Pr
çã
c

es
Su


o
Se o vento entra no edifício, é recomendável
que o mesmo encontre uma saída do lado
oposto da entrada
30
Acção do vento sobre a estrutura de um edifício

Pressão

Pressão

Se o vento entrar no edifício e não encontrar um ponto de


saida poderá romper com a estrutura do lado que estiver
mais fraco causando danos sobre o edifício.

31
Acção do vento sobre a estrutura de um edifício

Quando o vento embate sobre a


parede de menor comprimento ela
exerce no entanto menor pressão
sobre o edifício.

Quando o vento embate sobre a


parede de maior comprimento ela
exerce maior pressão sobre o
edifício, o que pode causar
maiores danos.

32
Factores de
vulneranilidade
Factores de Vulnerabilidade das Infraestrutura habitacionais

1. Localização
Factores de Vulnerabilidade das Infraestrutura habitacionais

2. O Projecto: Desenhos e especificações técnicas

Edifícios projetados sem ter em consideração as condições físicas do


local
Factores de Vulnerabilidade das Infraestrutura habitacionais

3. Componentes do projecto

Inexistência de algumas componetes estruturais importantes do projecto e


na construção dos edificios
Factores de Vulnerabilidade das Infraestrutura habitacionais

4. Técnicas de Execução e aplicação dos materiais de construção

Má execução de alguns promenores construtivos importantes, uso


inadequado de certos materiais e por vezes uso de materiais de baixa
qualidade
Medidas de
adaptação
Pontos vulneráveis de uma casa

3 4 Cobertura e Estrutura da
Cobertura

Ligaçao da Cobertura e da
Parede

2
Estrutura da
5
Aberturas: Janelas
Parede e Portas

1
Fundaçao e
Pavimento

39
Medidas Técnicas Construtivas para Adaptação das Infra-
estruturas
1. Localização do edifício

Encostas ou depressões naturais

Encostas ou depressões artificiais


Medidas Técnicas Construtivas para Adaptação das Infra-
estruturas
1. Localização do edifício

Proximidade a um rio/ curso de água

Proximidade a uma árvore

Proximidade entre edifícios


Medidas Técnicas Construtivas para Adaptação das Infra-
estruturas
2. Forma do edifício
Medidas Técnicas Construtivas para Adaptação das Infra-
estruturas
3. Componentes do edifício
Construir uma fundação com-
pacta e mais profunda.

Fazer uma boa drenagem e uma


1 Fundação e pavimento impermeabilização
Problemas: para proteger a fundação
1. Fundações construidas com pouca profundidade da humidade.
2. Fundações construidas sem reforço adequado
3. Fundações construidas sem impermeabilização
para proteger da humidade

Danos:
1. Com a acção do vento a fundação pouco profun-
da pode romper na ligação com a terra

Construir a fundação com uma profundidade Reforçar a base da estaca com pregos ou varões
entre 60cm a 90cm ou igual ao comprimento cruzados.
do braço dum adulto. Impermeabilizar com lona plástica.
Tratar com productos anti-térmitas (creozote, oleo
de motor queimado ou oleo de castanha de cajú.
Medidas Técnicas Construtivas para Adaptação das Infra-
estruturas
3. Componentes do edifício
Construção Convencional
Problemas:
1. Pavimentos construidos com altura abaixo do
nível das cheias

Danos:
1. Com a acção da chuva a água pode fazer desa-
bar as paredes e também inundar o interior das Construir o pavimento da casa com uma Construir um anel elevado a volta da casa
casas. altura acima do nivel das cheias

Construção não Convencional

Elevar o Pavimento da Casa com terra


compactada
Medidas Técnicas Construtivas para Adaptação das Infra-
estruturas
3. Componentes do edifício
Uma parede construida
com estrutura de estacas
se reforço facilmente pode
2 Paredes desabar

Problemas: Construção Convencional


1. Paredes construidas geralmente sem nenhum
reforço
2. Paredes construidas com material não resistente
aos ventos fortes

Danos:
1. A acção dos ventos pode empurrar as paredes e
se estas não estiverem reforçadas podem desabar
2. Se as paredes não forem rebocadas com um ma-
terial aderente e resistente, com a acção da água As paredes de forma simétrica e alinhada tornam a casa mais fortes!!
das chuvas pode desabar.
Construção não Convencional
Medidas Técnicas Construtivas para Adaptação das Infra-
estruturas
3. Componentes do edifício
Construir Janelas com
aberturas para fora, assim com
a acção do vento ela faz
pressão para o interior e não
deixa entrar o vento
3 Janelas e Portas
Problemas:
1. Geralmente as janelas são construidas em ma-
deira e não possuem tampas em madeira o que
com a acção do vento pode provocar destruição

2. Aberturas colocadas muito próximas umas das


outras

Danos: Ancorar o aro da janela nas laterais.


1. Destruição das próprias janelas e também de
Não é recomendável colocar janelas de vidro em
-
áreas propensas a ventos fortes
bamento. Prover reforços nas janelas e portas

Colocar as janelas distantes dos cantos do


edifício, pois estes são uma das partes
mais fracas do edifício.
Medidas Técnicas Construtivas para Adaptação das Infra-
estruturas
3. Componentes do edifício
A cobertura é a parte mais vulnerável à acção do vento. Portanto, as coberturas de uma água e a de duas são
as que mais se expõe perante à acção dos ventos. As mais adequadas para a situação de ventos são as cónicas
e as de quatro águas.

4 Cobertura e estrutura da cobertura


Problemas:
1. Cobertura construida com inclinação muito baixa.
2. Cobertura construida com forma não apropriada para Construir a cobertura do edifício com
zonas propensas a ventos fortes inclinação recomendável que deve estar entre
30 a 45 graus.
Danos:
1. Com a acção do vento a cobertura pode levantar e criar
roptura na ligação entre a chapa e o barrote, entre a es-
trutura da cobertura, entre a estrutura da cobertuare a
parede.

Construir estrutura de cobertura separado da estrutura da varanda de forma

Reforçar a estrutura da cobertura com diagonai


de modo a segurar quando sofrer a pressão de
ventos fortes.
Medidas Técnicas Construtivas para Adaptação das Infra-
estruturas
3. Componentes do edifício
1. Geralmente a estrutura da Para conectar os barrotes da estrutura da cobertura pode usar:
cobertura é conectada entre elas
usando somente dois ou três pregos
sem nenhum reforço.

4 Cobertura e estrutura da cobertura


- Triângulo de madeira reforçado
Problemas: com arame recozido ou
- Cantoneiras
1. Estrutura da cobertura construida com dimensões não galvanizado
apropriadas.
2. Estrutura da cobertura não conectada devidamente.
3. Cobertura construida com materiais frágeis, com má

- Varão Ø 6 - Huricane clip ou chapa


galvanizada (o mesmo usado
pelos latoeiros)
Danos:
1. Com a acção do vento a cobertura pode levantar e criar
roptura na ligação entre a chapa e o barrote, entre a es-
trutura da cobertura, entre a estrutura da cobertuare a
parede.

Reforçar a estrutura da cobertura com diagonai


de modo a segurar quando sofrer a pressão de
ventos fortes.
Resumindo...
As nossas construções são como uma árvore.
Quanto mais alta a árvore, mais profunda serão as raizes.
Quanto mais aberta for a copa mais aberta serão as raizes.

Folhas Cobertura
Boa conexão

Estrutura
Tronco
Boa conexão
Raiz Fundação
Resumindo...

3 princípios técnicos fundamentais para tornar as casas


mais resilientes:

1. 2. 3.
CONFIGURAÇÃ CONEXÕES MATERIAIS de
O estruturais fortes construção de boa
simples e qualidade
simétrica
Modelos construídos
Projectos pilotos
Projecto piloto 1
Localização: Chibuto, Gaza
Ano: 2006 – 2007
Ameaça: Cheias
Medida: Piso elevado, cobertura
reforçada portante, tanque de
água...
Observações: nas cheias 2013
funcionou como ponto de abrigo
para população adjacente, não ficou
inundado, rapidamente foram
restabelecidas as aulas após o pico
da emergência
Projecto piloto 1
Réplica da escola feita com materiais
locais pela comunidade
Projecto piloto 2
Localização: Marromeu, Sofala
Ano: 2009
Ameaça: Cheias
Medida: Construção mista
reforçada com piso elevado
Projecto piloto 3
Localização: Vilanculos –Inhambane
Ano: 2010
Ameaça: Ciclones
Medida: Construção com material
convencional reforçado para zona
de ciclones – cobertura de ferro e
cimento em abóbada
Projecto piloto 3
Projecto piloto 4

Localização: Distrito de Manica/


Manica
Ano: 2012
Ameaça: Terremotos
Medida: Construção com material
convencional reforçado para zonas
de terramotos
Projecto piloto 5
Localização: Mutarara, Tete
Ano: 2013
Ameaça: Cheias e vendavais
Medida: Plataforma elevada,
estrutura de cobertura metálica com
ligações reforçadas
Projecto piloto 6
Localização: Chókwè, Gaza
Ano: 2013
Ameaça: Cheias e vendavais
Medida: Piso elevado sobre
pilotis e cobertura metálica
reforçada
Projecto piloto 7
Localização: Chókwè, Gaza
Ano: 2014
Ameaça: Vendavais
Medida: estrutura com diagonais
ligações reforçadas
Projecto piloto 8
Modelo de casa resiliente, adequada T1 Geminada (60m2): 7,700USD (mat.
e acessível
Localização: Pemba – Cabo Delgado misto)
Ano: 2017-2018 T1 Geminada (60m2): 7,700USD (mat.
Ameaça: Ventos Fortes/Erosão convencional)
Medidas: Construção com material
misto reforçado para zonas de T2 (45m2): 10,600USD (mat.
ciclones e inundações convencional)
Projecto piloto 9
Modelo de casa resiliente, adequada
e acessível
Localização: Quelimane – Zambézia
Ano: 2017-2018
Ameaça: Ventos Fortes/Erosão
Medidas: Construção com material
misto reforçado para zonas de
ciclones e inundações
EXERCÍCIO DE GRUPO

A. Reconstrução Parcial da Habitação (A1. Convencional, A2. Mixta)


B. Reconstrução Total da Habitação (A1. Convencional, A2. Mixta)
C. Reforço da Habitação (Retrofitting) (A1. Convencional, A2. Mixta)

ASPECTO - CHAVE CONVENCIONAL MISTA


1. Materiais de construção GRUPO 1 GRUPO 3
2. Tecnologia (fundação, (reconstrução (reconstrução
paredes, cobertura) total) total)

3. Funcionalidade (planta de piso & &


e de cobertura)
4. Área a construir GRUPO 2 GRUPO 4
5. Custos (reconstrução (reconstrução
parcial e reforço) parcial e reforço)
OBRIGADO!
A visão do UN-Habitat são cidades e outros assentamentos humanos bem planeados, bem
governados e eficientes, com moradia adequada, infraestrutura e acesso universal ao
emprego e serviços básicos como água, energia e saneamento.

Estabelecido em 1976 e desde 2002 em Moçambique,


o presente foco assenta em:
• Urbanização Sustentável
• Redução de Risco de Desastres e Adaptação às Mudanças Climáticas
• Garantia de Posse de Terra e Habitação Acessível

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unhabitat-moz@un.org
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