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E- BOOK 04

Sistemas de
Pisos
Os cupins formam uma sociedade O acesso ao ninho é feito por túneis subterrâneos camada estrutural e a sua camada de acabamento.
que desembocam no solo. É por eles que os cupins De acordo com a ABNT NBR 15575, sistema de
altamente organizada, o tamanho
operários saem para coletar comida. piso é “um sistema horizontal ou inclinado (Figura
do cupinzeiro depende da população
O ninho cresce tanto para cima como para baixo 1) composto por um conjunto parcial ou total de
da colônia, mas, em média, atinge da terra, cerca de 25% do tamanho total do cupin- camadas (por exemplo, camada estrutural, camada
60 cm de altura. A construção é tão zeiro pode ser subterrâneo. Os “andares” mais novos de contrapiso, camada de fixação, camada de aca-
sólida na parte externa que alguns são mais úmidos. bamento) destinado a atender à função de estrutura,
O cupinzeiro é erguido por compartimentos e vedação e tráfego.” (ABNT NBR 15575-3:2013, pág.
cupinzeiros se mantêm por até 80
ganha “andar por andar”, ou seja, “piso por piso”. 4).
anos!
Em nossas residências quando falamos em pisos,
Por dentro, tem vários túneis e câmaras inter- normalmente associamos a placas cerâmicas, porce-
ligados por onde circulam milhões de cupins. As lanatos, granitos e etc., entretanto, o que a parte 3
câmaras têm diversos usos, de depósito de alimento da ABNT NBR 15575:2013 apresenta é um conjunto
a berçário para ovos. de características que compõem um piso, como sua

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CAMADA DE ACABAMENTO Além disso, a ABNT NBR 15575 trata este assun-
CAMADA DE FIXAÇÃO to de duas maneiras: conceito de reação ao fogo e

SISTEMA DE PISO
CAMADA DE CONTRAPISO o conceito de resistência ao fogo. O primeiro está
ISOLAMENTO TÉRMICO OU ACÚSTICO
relacionado a termos como “inflamabilidade”, “in-
IMPERMEABILIZAÇÃO combustibilidade”, “índice de propagação de chamas”
e “densidade óptica de fumaça”, ou seja, como os
CAMADA ESTRUTURAL
materiais reagem as essas características. Já o se-
gundo, que é a resistência ao fogo, corresponde “a
Figura 1 – Exemplo genérico de um sistema de pisos e seus elementos
capacidade dos elementos estruturais e de compar-
Fonte: ABNT NBR 15575-3:2013
timentação de preservar, em situação de incêndio,
a estabilidade estrutural da edificação e de limitar
o risco de incêndio entre ambientes, possibilitando
Por se tratar de sistema, deve-se pensar em todos fase de estudo do projeto, podem comprometer o a saída segura de pessoas e o acesso do Corpo de
os seus componentes porque cada um deles tem papel atendimento a outros quesitos de desempenho, a Bombeiros ao local.” (Faccio; Silva, 2016)
fundamental para alcançar o desempenho almejado. exemplo, a atenuação dos ruídos de impactos entre Quem não se lembra da tragédia ocorrida no
A camada estrutural presente não deve apresentar piso de unidades habitacionais distintas. edifício Wilton Paes de Almeida, prédio de ocupação
ruína, ruptura ou perda de estabilidade. Tais falhas A utilização de materiais que proporcionem se- irregular localizado no Largo do Paissandu, no centro
podem comprometer a estrutura e colocar em risco gurança ao fogo também é um requisito bastante de São Paulo? Por isso este assunto deve ser tratado
a integridade física do usuário. Os parâmetros de importante a se observar, sendo que o seu conjunto como muita seriedade pelos projetistas e pelas em-
desempeno para a camada estrutural de um sistema deve dificultar a ocorrência da inflamação generali- presas construtoras de edificações habitacionais.
de piso estão estabelecidos na ABNT NBR 15575-2. zada, a propagação do incêndio, da fumaça, preser- Outro tópico importante é o desempenho acústi-
Assim como as características físicas e químicas vando a estabilidade estrutural da edificação. Cabe co. Em se tratando de acústica, existem os ruídos de
são importantes, respeitar as espessuras também é salientar que o concreto (material mais utilizado nas impacto e o ruído aéreo. Ruído de impacto é aquele
fundamental. Como visto na figura 1, cada camada estruturas das edificações) é um material incombus- som ocasionado ao impacto direto de objetos no
é constituída de uma determinada espessura e caso tível facilitando assim o atendimento dos requisitos piso, como por exemplo o som de caminhamento,
as mesmas não sejam bem estudas e definidas na da ABNT NBR 15575-3. queda de objetos e outros.

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Já o ruído aéreo, como o próprio nome já sugere, que são aquelas que recebem respingos de água e
é aquele relacionado a conversas, som proveniente não resultam em lâmina de água, não precisam ser
de TV e outros. Para ambos, deve-se determinar em totalmente estanques, mas devem resistir à exposi-
projeto quais materiais deverão ser utilizados para ção à umidade sem apresentar alterações em suas
que se obtenha o desempenho esperado pela Nor- propriedades. Exemplo destas áreas são banheiros
ma quanto ao isolamento de ruído, proporcionando sem chuveiros, cozinhas e sacadas cobertas.
conforto ao usuário. Uma edificação que busca assegurar o desempe-
Além das características de resistência ao fogo nho deve contemplar estas características citadas, mas
e do desempenho acústico, a Norma aborda sobre que também, alcancem uma durabilidade desejada e
os requisitos de estanqueidade visto que “a água tenha uma manutenibilidade adequada, seja funcional
é o principal agente de degradação de um amplo e acessível além de proporcionar conforto tátil, visual
grupo de materiais de construção.” (ABNT NBR e antropodinâmico. Todas estas características são
15575-3, pág. 18) estabelecidas pela ABNT NBR 15575-3:2013.
São determinados critérios de desempenho para Então é hora de pensarmos em melhorarmos os
sistemas de pisos em contato com umidade ascen- nossos memoriais descritivos, uma vez que grande
dente (por exemplo lençol freático). São também de- parte das especificações de um sistema de piso não
terminados critérios para áreas molhadas (banheiros são indicadas no projeto arquitetônico ou no projeto
com chuveiro, área de serviço e áreas descobertas), de paginação de piso, principalmente no que diz res-
que devem ser estanques visto que podem resultar peito as características físicas e químicas da camada
na formação de lâmina de água de acordo com a sua de acabamento, sendo referenciadas de forma bem
condição de uso e exposição. Já as áreas molháveis, enxuta nos memoriais técnicos descritivos, o que
dificulta a de um material que atenda as exigências
estabelecidas na Norma de Desempenho.

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E-books AGQ Brasil sobre o tema:

01. PBQP-H 02. Requisitos Gerais 03. Sistemas Estruturais 04. Sistemas de Pisos

05. Sistemas de Vedação 06. Sistemas de Cobertura 07. Sistemas Hidrossanitários 08. Responsabilidades

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E-books elaborados por: Ana Paula Campos, Evandro Vieira Ribeiro, Mateus Mendes
Revisão: Nayara F. Silva
Fontes de consulta:
• ABNT NBR 15575 Edificações habitacionais - Desempenho Partes 1, 2, 3, 4, 5 e 6.
• ABNT NBR 6118. Projeto de estruturas de concreto - Procedimento.
• Constantino Zara Filho - Associação Paulista de Apicultores
• FACCIO, H.B.; SILVA, A.N.; Artigo: as características de reação ao fogo dos materiais de acabamento e de revestimento diante da ABNT NBR 15.575:2013.
• Fernanda Dias Goi - Arquiteta
• Francisco José Zorzenon – Biólogo
• http://dicasdearquitetura.com.br/
• http://pbqp-h.cidades.gov.br/
• http://www.cimentoitambe.com.br
• http://www.mundoestranho.abril.com.br
• https://espaco-vital.jusbrasil.com.br
• https://www1.folha.uol.com.br
• NETO, Francisco Maia: Norma de Desempenho - Parte 6: Sistemas hidrossanitários. Estado de Minas, Belo Horizonte, 15 set. 2013.
• Paola Valduga Advocacia
• RORIZ, Maurício. Conforto e desempenho térmico de edificações. 2008. 63 f. Apostila.

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