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Créditos

Professoras-autoras Validadoras Pedagógicas


Ariane Cristina Ferreira Bernardes Neves Mizraim Nunes Mesquita
Luciana Albuquerque de Oliveira Karoline Corrêa Trindade
Patrícia de Oliveira Dias Revisor Textual
Larissa Di Leo Nogueira Costa Arielson Tavares
Validadoras Técnicas Bibliotecário
Claudia Galindo Novoa Silvestre Matos de Carvalho
Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP
Designer Instrucional
Claudia Maria Cabral Moro Barra
Mizraim Nunes Mesquita
Pontifícia Universidade Católica do Paraná - PUCPR
Designer Gráfico
Karolina de Cássia Lima da Silva Duarte
Universidade Federal de Pernambuco – UFPE Mithelle Estefany A. de Lima

Magdala de Araujo Novaes


Universidade Federal de Pernambuco - UFPE

COMO CITAR ESTE MATERIAL


NEVES, Ariane Cristina Ferreira Bernardes; OLIVEIRA, Luciana Albuquerque de;
DIAS; Patrícia de Oliveira; COSTA, Larissa Di Leo Nogueira. Informática em Saúde
e Cidadania Digital. In: REDE NACIONAL DE ENSINO E PESQUISA. DIRETORIA DE
TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO.
Formação Básica em Saúde Digital. Competências básicas para a Saúde Digital.
São Luís: RNP; DTED/UFMA, 2022."

Ministério da Ciência Tecnologia e Inovações. Rede Nacional de Ensino e Pesquisa -


RNP. É permitida a reprodução, a disseminação e a utilização desta obra, em parte
ou em sua totalidade, na forma da legislação ao mesmo tempo em que deve ser
citada a fonte e é vedada sua utilização comercial, sem a autorização expressa dos
seus autores, conforme a Lei de Direitos Autorais – LDA (Lei n. 9.610, de 19 de
fevereiro de 1998).
Apresentação
A tecnologia transformou de maneira significativa a percepção e a atuação
das pessoas nas principais atividades humanas, como educação, trabalho e
saúde. Na área da saúde, especificamente, observamos que há hoje uma
significativa presença das tecnologias digitais, de forma cada vez mais
acentuada. Esse fato tem chamado atenção para a necessidade de melhor
capacitar as pessoas que atuam nessa área para utilizar essas tecnologias da
forma mais ética, responsável e competente possível.
Neste livreto, você conhecerá um pouco da história das tecnologias digitais
na área da saúde, o que gerou o campo internacionalmente conhecido como
Informática em Saúde e que está no contexto maior que estamos estudando neste
curso, o da Saúde Digital.
Essa contextualização histórica permitirá que você perceba o quanto é
importante desenvolver habilidades específicas para atuar nessa área. Por isso,
você também poderá aprender sobre conceitos e características da Cidadania
Digital e Inteligência Digital. Com o estudo sobre esses temas, a intenção é que
você,,reflita,,sobre,,questionamentos,,como:

------• O que,,é,,e qual a relevância dos conceitos de cidadania e de inteligência


.........digital?
------• De que forma ter a cidadania e a inteligência digital bem desenvolvidas
.........podem ajudar na atuação no campo da Saúde Digital?

---------Você será capaz de responder a essas perguntas por meio da leitura deste
livreto e esperamos que, além disso, seja despertada em você a motivação para
agir,,em,,prol,,do,,desenvolvimento,,de,,sua,,própria ,,cidadania,,digital.

OBJETIVO
Ao final da leitura, você será capaz de pesquisar a cronologia da informática na
área de saúde; acessar as bases DeCS e MESH; compreender os aspectos
relacionados à,,cidadania digital; acessar a Estratégia de saúde digital 2020-
2028 no Brasil.

3
EVOLUÇÃO DA INFORMÁTICA NA ÁREA DA SAÚDE
Poucas áreas do conhecimento demandam uma atualização tão dinâmica e
intensa das pessoas que atuam profissionalmente quanto a área da saúde. A
quantidade de informações que profissionais clínicos precisam consultar e
interpretar diariamente ultrapassa, de modo significativo, as suas capacidades
cognitivas¹.
Nesse sentido, é importante que profissionais que atuam nessa área
reconheçam,,ferramentas que facilitem o acesso às informações necessárias
para execução e gestão de tarefas (Tecnologia de Informação) e também de
ferramentas que proporcionem acesso ao conhecimento necessário para a
tomada de decisão clínica (Informática em Saúde).
O teorema fundamental da Informática em Saúde proposto por Friedman²
indica que profissionais de saúde que trabalham apoiados por um sistema de
informação em saúde obtêm melhores resultados que profissionais sem esse
apoio, uma vez que o sistema oferecerá o conhecimento que essas pessoas não
possuíam antes (observe o teorema na figura a seguir).

( + )>
Fonte: Adaptado de Friedman (2009)

Com base nessas informações e nos seus conhecimentos sobre o assunto,


você consegue inferir o que pode ser compreendido como Informática em
Saúde?

A Informática em Saúde é um campo de interdisciplinaridade, que possui o foco


nos elementos da área de pesquisa e prática da Informática em Saúde, que se
dedica à investigação da concepção, do desenvolvimento, da adoção e da
aplicação das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) voltadas para a
prestação de serviços de assistência, de,,gestão e de,,planejamento da saúde³.

4
A Informática em Saúde é reconhecida tanto como uma disciplina quanto
como uma profissão. Conheça a seguir essas duas perspectivas 4 :

DISCIPLINA
Como disciplina, ela é considerada uma
área do conhecimento específica, com

Fonte: Freepik.com
objetos de estudo definidos.

PROFISSÃO
Como profissão, pode ser representada
por um conjunto de especialistas
capacitados por meio de treinamentos
específicos na área de informática em
saúde, ou profissionais com formação
Fonte: Freepik.com na área da saúde (como profissionais
das áreas de farmácia, odontologia,
medicina, e enfermagem), que também
passam por capacitações na área de
informática ou possuam experiência
prática em Tecnologia da Informação.

.........Ao falarmos de Informática em Saúde, estamos tratando do contexto da


Saúde Digital (SD). Esse é um cenário que existe hoje porque há uma maior
utilização de tecnologias como soluções para problemas em saúde, promovendo
uma maior utilização de dispositivos móveis e de,,computadores, podendo afetar
a saúde e o,,bem-estar dos utilizadores da SD. No entanto, nem sempre foi assim.
Vale a pena um resgate histórico sobre o assunto.
.......Para entender melhor de que forma saúde e tecnologias digitais se
aproximam ao longo da história até o momento atual, trataremos agora de alguns
marcos históricos da evolução da informática na área da saúde. Conhecer esse

5
percurso,,ajudará,,você a entender a importância do desenvolvimento da
cidadania digital para essa área.
Podemos começar pela observação do percurso para chegarmos à
terminologia Informática em Saúde 4,5 :

1960
Nos anos 1960, termos como “computadores em medicina”
ou “computadores em biomedicina” surgiram para descrever
os primeiros usos de computadores na área da saúde. Com o
passar do tempo, as aplicações e os usos se expandiram,
demandando termos capazes de representar, de forma mais
ampla, as possíveis aplicações de computadores para apoiar
processos da área da saúde.

1980
A partir de 1980, o termo mais usado nos Estados Unidos era
“informática médica”, pois englobava tópicos como
estatísticas médicas, armazenamento de registros e o
estudo da natureza da informação médica.

2000
Nos anos 2000, os primeiros resultados do Projeto Genoma
Humano causaram uma explosão no uso de métodos
computacionais para a análise de dados biológicos e, por
conseguinte, o termo “informática biomédica” passou a ser o
mais utilizado.

.Embora os termos “informática médica” e “informática biomédica” ainda


sejam muito usados nos Estados Unidos, em países da Europa e da América
Latina, o termo “Informática em Saúde” é o mais comum e está sendo cada vez
mais aceito pela comunidade internacional 4,5 .
.........A evolução histórica da Informática em Saúde não começa com o advento
dos computadores modernos, mas, é resultado de diversos eventos históricos.
Acompanhe,,a,,cronologia,,histórica,,da,,Informática,,em,,Saúde:

6
Contexto Internacional
Os primeiros marcos na evolução na saúde ocorreram na Antiguidade,
com o desenvolvimento dos relatórios de história clínica para propósitos
didáticos. O exemplo mais antigo é, provavelmente, encontrado no uso de
folhas de papiros no antigo Egito 6.

Durante a guerra da Crimeia (1854-56), Florence Nightingale aprendeu que


melhorar as condições sanitárias em hospitais militares poderia diminuir
a taxa de mortalidade. Ela utilizou registros e análise de dados confiáveis
sobre a incidência de óbitos evitáveis nos militares de forma a construir
argumentos convincentes para a realização de reformas na área de
Saúde. Nightingale percebeu que as estatísticas padronizadas levariam a
melhorias na prática médica e cirúrgica 7.

A primeira aplicação prática da computação relevante para a área da


saúde foi o desenvolvimento de um sistema de processamento de dados
codificados em cartões perfurados, um sistema essencialmente
mecânico, criado por Herman Hollerith em 1890 8.

A técnica dos cartões perfurados foi amadurecida e amplamente utilizada


nas décadas de 1920 e 1930. Ao final da década de 1940, os cartões
perfurados também começaram a ser utilizados como técnicas de
armazenamento de sequências de instruções, que são essencialmente
programas de computador 8.

Em 1956, a Universidade de Utah, em Salt Lake City, adquiriu um


computador digital para uso em pesquisas clínicas e um cardiologista do
hospital Latter-Day Saints (LDS), chamado Homer R. Warner, utilizou esse
computador para o desenvolvimento de um sistema de apoio à decisão
clínica, que oferecia sugestões de diagnósticos para atendimentos
cardiológicos.

Em 1961, os resultados obtidos pelo Dr.Warner e seus colegas


demonstraram que, com exceção de um médico, o sistema havia
superado a performance de todos os profissionais de medicina que
participaram do estudo..9 .

Em decorrência das pesquisas iniciais conduzidas por Warner em 1964,


ele liderou a fundação do primeiro departamento de informática em saúde
dos Estados Unidos e, ao que tudo indica, o primeiro do mundo, o
Departamento de Informática Biomédica da Universidade de Utah (na
7
época, Departamento de Biofísica e Bioengenharia)10,, sendo Warner
considerado por muitos o pai da informática em saúde 11.

Em 1967, pesquisadores do Hospital Geral de Massachusetts


desenvolveram a primeira linguagem de programação específica para
sistemas de informação em saúde, a Massachusetts General Hospital
U t i l i t y M u l t i - P r o g ra m m i n g S y s t e m ( M U M P S ) 12, o u s i s t e m a
multiprogramável multiusuário, no Laboratório de Ciência Computacional
do MGM, um centro de computação biomédica que recebeu o importante
apoio dos Institutos Nacionais de Saúde para uso no ciclo de admissões e
em relatórios de exames de laboratório8. Durante os anos 1970 e 1980,
MUMPS foi a linguagem de programação mais utilizada para aplicações
médicas.

Em 1971, o hospital El Camino na Califórnia implantou um sistema de


informação em saúde, chamado MIS, que passou a atrair a atenção de
gestores de saúde do mundo todo 13.

Em 1977, a primeira conferência nacional de informática em saúde foi


realizada nos Estados Unidos, a Symposium on Computer Applications in
Medical Care (SCAMC), que mais tarde daria origem à American Medical
Informatics Association (AMIA; Associação Americana de Informática
Médica). A AMIA é hoje a principal organização de profissionais e
pesquisadores de informática em saúde nos Estados Unidos, e seu
simpósio anual é considerado por muitos a mais importante conferência
anual de pesquisadores de informática em saúde 4 .

Contexto Nacional
No Brasil, o uso de computadores para dar suporte à assistência médica e
pesquisa clínica tem início com aproximadamente uma década e meia de
atraso em relação à Europa e aos Estados Unidos. As primeiras atividades
ocorreram na década de 1970 e centraram-se no uso de computadores
para dar suporte a atividades de ensino e de pesquisa. Em 1972, a
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) criou o Núcleo de
Tecnologia de Educação em Saúde, o primeiro a utilizar a linguagem de
programação MUMPS no Brasil 11,12 .

Entre 1975 e 1976, a Companhia de Processamento de Dados do Estado


de São Paulo (PRODESP) e o Instituto do Coração (InCor) da Faculdade de
Medicina da USP (FMUSP) começaram a instalar computadores nos
8
hospitais vinculados à FMUSP, dando início à era do desenvolvimento e do
uso de sistemas de informação hospitalar no Brasil4 .

Em 1986, representantes dos diversos grupos de pesquisa espalhados


pelo país se reuniram para a realização do I Congresso Brasileiro de
Informática em Saúde na cidade de Campinas. Nesse congresso, foi
fundada a Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS)15.

Embora dados oficiais sobre a adesão do Prontuário Eletrônico do


Paciente (PEP) no Brasil sejam escassos, é possível dizer que, no fim dos
anos 2000, diversos hospitais privados e filantrópicos do país já possuíam
um PEP instalado 16,17..

Em 2011, o Ministério da Saúde publicou a Portaria nº 2.073, que


regulamenta o uso de modelos de interoperabilidade para os Sistemas de
Informação em Saúde, determinando, entre outros aspectos, a utilização
de padrões de terminologia clínica, modelagem dos dados clínicos e troca
de mensagens entre os diversos Sistemas de Informação em Saúde 16,17 .

Em 2013, o Ministério da Saúde lançou o e-SUS Atenção Básica à Saúde,


implementando o PEP entre as Unidades Básicas de Saúde 16,17 .

Ainda em 2013, é implantada a pesquisa TIC Saúde, com o objetivo de


investigar a infraestrutura e as disponibilidades de aplicações de
Tecnologias de Informação e Comunicação nos estabelecimentos de
saúde do Brasil, observando como profissionais da saúde fazem uso
dessas ferramentas e quais as principais barreiras encontradas para a sua
adoção18.

Confirmando o crescimento e a relevância da área de Informática em


Saúde no Brasil, um marco extremamente importante aconteceu no ano
de 2015, com a realização da Décima Quinta Conferência Internacional de
Informática em Saúde da IMIA, a MedInfo 2015, na cidade de São Paulo, a
primeira a ocorrer na América Latina 4 .

Com essa contextualização histórica, você percebeu como a Informática em


Saúde foi ganhando cada vez mais relevância?
. Nesse percurso, foi ficando claro que o conhecimento das terminologias na
área da saúde é uma das competências fundamentais para a atuação de
profissionais na área de informática em saúde (não apenas profissionais da
saúde, mas, todas as pessoas que atuam ou pretendem atuar nessa área):
9
Para essas pessoas, conhecer o vocabulário comum nesse campo facilita a
prática clínica direta, o registro da assistência no prontuário ou mesmo a criação e
adaptação de sistemas de informação institucionais. Por isso, objetivando definir
as principais terminologias na informática em saúde, a Healthcare Information
and Management Systems Society (HIMSS) lançou o Global Informatics
Definitions que, já está na sua 4ª versão. O material reúne as principais
nomenclaturas com suas respectivas definições a fim de sistematizar os
conhecimentos na Informática em Saúde. Recomendamos que você conheça
esse material.
Além de conhecer o vocabulário da área, para atuar na Informática em Saúde,
existem habilidades essenciais que são demandadas para o uso de
computadores, por exemplo, a elaboração de documentos eletrônicos, o
preenchimento de formulários eletrônicos, a utilização de planilhas eletrônicas, a
realização de buscas em bibliotecas de pesquisa em saúde e o acesso a sistemas
de terminologias em saúde, como a Classificação Internacional de Doenças (CID-

VOCÊ CONHECE?
A 11ª revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID-11) da
Organização Mundial da Saúde (OMS) fornece uma linguagem comum que
permite que profissionais de saúde possam compartilhar informações
padronizadas em todo o mundo. A CID-11 é totalmente digital, tem um novo
formato e recursos multilíngues que reduzem a chance de erro. Importante
destacar que, no Brasil, ainda usamos a CID-10, porém internacionalmente a
CID-11 já está em uso. Recomendamos o acesso a 11ª revisão da Classificação
Internacional de Doenças (CID-11), clicando no título a seguir:
• Classificação Internacional de Doenças (CID-11)

.........Agora que você já compreendeu alguns aspectos sobre Informática em


Saúde, cabe explicar um conceito importante para uma participação ativa,
responsável e consciente nesse contexto: a Cidadania Digital. Você sabe o que é?
Vamos conhecer mais sobre esse assunto a seguir.

10
CIDADANIA DIGITAL
Com o desenvolvimento tecnológico acelerado, a tecnologia passou a fazer
parte do cotidiano das pessoas, transformando a internet em um mundo digital
com intenso fluxo de informações e pessoas de todos os lugares, por vezes, de
forma anônima. O anonimato e a privacidade podem trazer a sensação de que a
internet é um local sem leis a serem respeitadas, isenta de direitos e de deveres, o
que pode levar a comportamentos inadequados, como a distribuição de
informações falsas, a utilização do anonimato para a realização de ofensas
pessoais, entre outros desafios 19 .

Diante desse contexto, o conceito de Cidadania Digital (CD) surge com o


objetivo de implantar a cidadania nas sociedades digitais por meio de normas e
de regras que possam nortear as condutas de comportamento. A CD está
relacionada ao modo de uso da internet e de ferramentas digitais por parte das
pessoas, de modo que o conceito diz respeito às normas de comportamento
adequado e responsável diante do uso de tecnologias19. Em resumo, a CD pode
ser entendida como o conjunto de normas que direcionam os comportamentos
apropriados e responsáveis para o uso de tecnologias, sendo um conjunto de
práticas sociais que facilitam o desenvolvimento individual, protegendo valores
sociais na sociedade digital 20 .

Atualmente temos uma referência bem completa sobre cidadania digital e


que adotaremos neste curso. Trata-se do Framework de inteligência digital do DQ
Institute, publicado em 2019 21.. Este documento define cidadania digital e
inteligência digital das seguintes formas:

Capacidade de usar a
tecnologia digital e a
Fonte: Freepik.com

mídia de forma segura,


responsável e ética.

11
Amplo conjunto de
competências técnicas,
cognitivas, metacognitivas
e socioemocionais baseadas
em valores morais universais
Fonte: Freepik.com

que capacitam as pessoas


para enfrentar os desafios
da vida digital e adaptar-se
às suas demandas. Dessa
forma, as pessoas com
inteligência digital bem
desenvolvida tornam-se
cidadãos e cidadãs digitais
prudentes, competentes e
preparados para o futuro,
capazes de usar, controlar e
criar tecnologias de forma
eficiente para melhorar a
humanidade.

21
--------O DQ Institute---- compreende a cidadania digital como um grau de
maturidade da inteligência digital que reúne um conjunto de aptidões
educacionais que devem ser gratuitas e obrigatórias, ofertadas especialmente
nas fases,,iniciais,,como,,direitos,,humanos,,para,,pessoas,,na,,era,,digital.
--------.A cidadania digital implanta uma cultura em que as pessoas que utilizam de
tecnologias,,digitais,,são,,educadas para se protegerem de possíveis danos
físicos e psicológicos. Como exemplo de aspectos físicos considerados,
podemos citar a segurança da visão, lesões por esforço repetitivo, boas práticas
ergonômicas, etc. Os problemas psicológicos também estão se tornando cada
22
vez mais frequentes... .
---------Nesse contexto, é importante que você reconheça as oito grandes áreas da
Inteligência Digital e as competências exigidas por cada uma delas, na
perspectiva do Framework de inteligência digital do DQ Institute 21 . Vale ressaltar
que essa organização se aproxima do que Mike Ribble 23 elencou, em 2011, como
elementos,,da cidadania digital, contudo, embora alguns termos e conceitos
sejam convergentes, o DQ Institute traz, em 2019, uma perspectiva mais
12
convergentes, o DQ Institute traz, em 2019, uma perspectiva mais atualizada. Veja
a definição de cada elemento da Inteligência digital no esquema a seguir:

Identidade digital: capacidade de construir e Direitos digitais: Gerenciamento de


de gerenciar uma identidade saudável como Privacidade, isto é, capacidade de tratar
cidadãos e cidadãs com integridade. com discrição com todas as informações
pessoais compartilhadas online para
proteger sua privacidade e de outras
pessoas.

Uso digital:
capacidade de
gerenciar a vida Literacia Digital:
online e offline de Alfabetização de
forma equilibrada, Mídia e Informação,
exercitando o isto é, capacidade
autocontrole para de encontrar,
gerenciar o tempo de organizar, analisar e
tela, multitarefa e avaliar mídia e
engajamento com informação com
mídias e dispositivos. raciocínio crítico.

Segurança digital: Comunicação


capacidade de digital: Gestão da
gerenciamento de Pegada Digital, isto
risco cibernético é, capacidade de
comportamental, entender a natureza
isto é, de identificar, da pegada digital e
mitigar e gerenciar suas consequências
riscos cibernéticos na vida real, bem
(por exemplo, como gerenciá-las
cyberbullying, assé- com responsabilida-
dio e perseguição) de e construir ativa-
relacionados a com- mente uma reputa-
portamentos online. ção digital positiva.

Proteção digital: capacidade de geren- Inteligência emocional digital: capacidade


ciamento de segurança cibernética pessoal, de estar ciente e mostrar-se sensível e capaz
isto é, de detectar ameaças cibernéticas (por de apoiar os sentimentos, as necessidades e
exemplo, hackers, golpes e malware) contra de preocupações alheias, bem como os seus
dados pessoais e dispositivos, além de usar próprios.
estratégias de segurança e ferramentas de
proteção adequadas.

13
........Conhecer essas oito áreas da vida digital com suas respectivas
competências é de fundamental importância para o desenvolvimento da sua
cidadania digital. Ao ver a definição das competências para a vida digital, reflita
sobre os seguintes questionamentos:

---------Quais dessas competências preciso aprimorar?


---------Quais dessas competências tenho mais dificuldade para desenvolver?
---------Quais dessas competências tenho mais facilidade para desenvolver?
---------De que forma o desenvolvimento dessas competências contribui para uma
---------atuação responsável e eficaz no contexto da Saúde Digital?

Fonte: Freepik.com
.........Pensar nas respostas a essas questões pode ajudar você na busca pelo
aprimoramento de sua inteligência digital, contribuindo para que desenvolva e
exerça sua cidadania digital de forma mais competente.

PARA SABER MAIS


Recomendamos que você leia o documento sobre inteligência digital do DQ
Institute. Nele você poderá se aprofundar mais sobre a Cidadania e a Inteligência
Digital. Clique para acessar:

• DQ Global Standards Report 2019

.........Com base no que leu até aqui, você pode compreender que, quando falamos
sobre desenvolver a cidadania digital, estamos nos referindo à consolidação da
cidadania que já detemos no mundo real dentro do contexto das tecnologias
digitais e da concretização do mundo tecnológico em nossas diversas
24
atividadess..

14
CIDADANIA DIGITAL NA SAÚDE DIGITAL
Você já deve ter percebido que, para atuar profissionalmente de forma
competente no contexto da saúde digital, é crucial o desenvolvimento das
competências relacionadas à Cidadania Digital. Reafirmamos isso porque, na área
da saúde digital, especificamente, você terá demandas que exigem habilidades
para:

.........Especificamente sobre a pesquisa em bibliotecas digitais e bases de dados


na área da saúde, já é importante que você saiba que é possível realizar buscas em
bibliotecas dessa área, agrupando as palavras indexadas encontradas no Medical
Subject Headings (Mesh Terms), vocabulário controlado da National Library of
Medicine (NLM), utilizado para a indexação de estudos no Pubmed, e seus Entry
Terms (palavras também indexadas, correspondentes ao termo). Há também os
Descritores em Ciências da Saúde (DeCS), vocabulário controlado, estruturado e
trilíngue utilizado na indexação de artigos de revistas científicas, livros, anais e
congressos, relatórios técnicos e outros tipos de materiais, assim como na
pesquisa e recuperação de assuntos da literatura científica na Biblioteca Virtual
em Saúde (BVS).
15
PARA SABER MAIS
Os Mesh Terms e seus Entry Terms podem ser acessados em aba específica para
essa busca em:
• National Center for Biotechnology Information - MeSH
Por outro lado, os DeCS, oriundos da BVS, devem ser acessados na seguinte
página:
• Descritores em Ciências da Saúde (DeCS)

Por fim, é importante que você saiba que o desenvolvimento da sua cidadania
digital em saúde pode ser fortalecido por estratégias como a idealizada no Brasil
intitulada Estratégia de Saúde Digital para o Brasil 2020-2028. Neste documento,
são apresentadas ações e recursos necessários para realizar a transformação de
saúde digital no Brasil, que ainda serão abordados de forma mais detalhada neste
módulo. No entanto, recomendamos que você já se familiarize com esse
documento e com as metas para a saúde digital nele estabelecidas.
Acesse pelo link abaixo:

• Estratégia de Saúde Digital para o Brasil 2020-2028

16
Considerações finais

........Você chegou ao fim do estudo sobre Informática em Saúde e Cidadania


Digital. Ao longo do estudo, você conheceu um pouco da cronologia da
Informática em Saúde, passando por marcos históricos internacionais e
brasileiros para o desenvolvimento dessa área.
........Também foi possível compreender conceitos importantes para quem vai
atuar na área da Saúde Digital, como Inteligência Digital e Cidadania Digital.
Foram elencadas as competências necessárias para a participação ética, eficaz
e competente nas atividades e nas interações do meio virtual, especialmente na
área da saúde.
........Dessa forma, esperamos que você tenha compreendido e que finalize esta
leitura com reflexões sobre como fortalecer sua Cidadania Digital para atuar na
área da Saúde Digital.

........Até a próxima!
Referências

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