Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
INSTITUTO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA
TD 04/2010
TD 04/2010
APROVADA EM 17/12/2010
À minha esposa,
Déborah Aline Tavares Dias do Rio Vaz, que suportou, incansavelmente, todos os
obstáculos que enfrentei durante o desenvolvimento deste trabalho, assim como às
minhas filhas Gabriela do Rio Vaz e Graziela do Rio Vaz.
i
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por tudo que me concedeu ao longo desta caminhada, o Curso
de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica em nível de Doutorado, pois sem sua infinita
misericórdia jamais teria conseguido.
Faço um agradecimento especial a minha esposa Déborah Aline Tavares Dias do
Rio Vaz, pelo apoio e compreensão durante esta jornada, e para quem dedico esta Tese.
Às minhas filhas, Gabriela e Graziela do Rio Vaz. Aos meus pais, Rubens Ingles Vaz e
Catarina Pinheiro Vaz que, por muitas vezes, dirigidos por Deus, aconselharam-me a
continuar nesta empreitada, mesmo em meio a problemas que puseram em risco a minha
continuação no curso. Obrigado, Pai! Obrigado Mãe!
Com muito prazer, faço um agradecimento todo especial ao meu orientador Prof.
Dr.-Ing. João Tavares Pinho, pela dedicação, pelo grande apoio, pelos conselhos e
compreensão que disponibilizou para realização deste trabalho; ressalto ainda sua
incansável luta pelo crescimento moral, intelectual e profissional dos seus orientados,
assim como de todos os seus alunos. A todos os professores da Área de Sistemas de
Energia deste Programa de Pós Graduação, pelos ensinos de base. Ao Prof. Dr. André
Luiz Amarante Mesquita, pela importantíssima contribuição, no que diz respeito a sua
dedicação e disponibilidade aos ensinamentos de “Mecânica dos Fluidos” e
“Aerodinâmica”, sem os quais não teria conseguido concluir este projeto. Ao Prof. Dr.
Erb Ferreira Lins, pela ajuda na edição do trabalho, assim como pelas constantes ideias
que proporcionaram melhorias indispensáveis no desenvolvimento desta tese.
Finalmente, agradeço a todos os colegas e amigos que direta ou indiretamente
contribuíram para a realização e o desenvolvimento de um sonho que é esta Obra.
ii
SUMÁRIO
DEDICATÓRIA......................................................................................................... i
AGRADECIMENTOS............................................................................................... ii
LISTA DE SÍMBOLOS............................................................................................. vi
LISTA DE ILUSTRAÇÕES...................................................................................... xii
RESUMO..................................................................................................................... 1
ABSTRACT................................................................................................................. 2
INTRODUÇÃO........................................................................................................... 3
iii
4.2. MODELO DO DISCO ATUADOR..................................................................... 39
4.3. MODELO DO ELEMENTO DE PÁ COM ROTAÇÃO NA ESTEIRA............. 43
4.3.1. O Fator de Correção de Prandtl......................................................................... 57
4.3.2. Correção de Glauert para Altos Valores de a.................................................... 58
4.3.3. Correção para a Região de Operação Pós-Estol................................................ 60
4.3.4. Correção para o Efeito de Grade....................................................................... 64
4.3.5. Otimização para a Distribuição da Corda e do Ângulo de Torção.................... 66
4.4. MODELO DE MESQUITA E ALVES................................................................ 69
4.5. MODELO DE LANZAFAME E MESSINA....................................................... 74
iv
6.4.1. Introdução......................................................................................................... 119
6.4.2. O Modelo Matemático...................................................................................... 119
6.4.3. Resultados e Discussões.................................................................................... 123
CONCLUSÕES......................................................................................................... 146
v
LISTA DE SÍMBOLOS
vi
ck Corda normalizada pelo raio da pá [adimensional]
copt Corda ótima [m]
ce Fator de escala [m/s]
D Força de arrasto [N/m]
E Empuxo [N]
FN Força normal ao plano do rotor [N]
FR Força de reação do perfil aerodinâmico [N]
FT Força tangencial ao plano do rotor [N]
F Fator de correção de Prandtl [adimensional]
f Parâmetro de correção para a ponta da pá [adimensional]
vii
R Raio do rotor [m]
Re Reynolds em relação a corda do aerofólio [adimensional]
Re x Reynolds em relação a coordenada x na camada limite
[adimensional]
Re Reynolds em relação a espessura de quantidade de movimento
[adimensional]
r Posição radial na turbina [m]
r0 Raio do cubo [m]
r1 Posição radial na esteira [m]
s Posição na direção da pá [m]
TTOT Torque total do rotor [Nm]
T Torque em uma seção do rotor [Nm]
T Espessura do aerofólio [m]
U Velocidade na extremidade da camada limite [m/s]
U Velocidade do escoamento no plano do rotor [m/s]
u1 Velocidade do escoamento na esteira livre [m/s]
uc Perfil de velocidade na camada limite formada sobre o aerofólio
[m/s]
V Velocidade induzida no plano do rotor [m/s]
v1 Velocidade induzida na esteira livre [m/s]
V Velocidade do escoamento no plano do rotor com difusor [m/s]
Vn Componente de W perpendicular a direção da pá [m/s]
Vponta Velocidade da ponta da pá [m/s]
Vt Componente de W na direção tangencial [m/s]
Vu Velocidade circunferencial [m/s]
Vvento Velocidade do vento [m/s]
Vz Velocidade axial [m/s]
V0 Velocidade incidente do vento [m/s]
V1 Velocidade na posição 1 do escoamento [m/s]
V2 Velocidade na posição 2 do escoamento [m/s]
V3 Velocidade na posição 3 do escoamento [m/s]
V4 Velocidade na posição 4 do escoamento [m/s]
X Razão entre a velocidade da ponta da pá e a velocidade do vento
viii
[adimensional]
Xki Coordenada x real do perfil aerodinâmico [m]
xi Coordenada x do perfil aerodinâmico normalizada pela corda
[adimensional]
xl Razão entre a velocidade em uma posição radial da pá e a
velocidade do vento [adimensional]
xtrans Posição onde ocorre a transição na camada limite [m]
xT Posição onde a camada limite é completamente turbulenta [m]
X Eixo coordenado [m]
Ykj Coordenada y real do perfil aerodinâmico [m]
Y Eixo coordenado [m]
yi Coordenada y do perfil aerodinâmico normalizada pela corda
[adimensional]
W Velocidade relativa [m/s]
W Velocidade angular do escoamento no plano do rotor [rad/s]
w1 Velocidade angular do escoamento na esteira [rad/s]
wd Deslocamento da linha de corrente [m]
wmax Velocidade angular máxima do escoamento na esteira [rad/s]
Z Eixo coordenado [m]
Ângulo de ataque [o]
c Ângulo de correção para o efeito de grade [o]
ix
Ângulo de cone [o]
m Espessura de quantidade de movimento [m]
x
UFPA Universidade Federal do Pará
xi
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
xii
Figura 2.3: Seção longitudinal de um gerador com estator toroidal e fluxo axial: vista
longitudinal ilustrativa de uma máquina TORUS (Spooner e Chalmers,
1992; Bumby et al, 2004)......................................................................... 23
Figura 2.4: Gerador com fluxo axial excitado através de magnetos permanentes: (a)
estrutura de uma única peça, com um estator e dois discos do rotor; (b)
sua seção longitudinal (adaptado de Akhmatov, 2003)............................ 24
Figura 2.5: Magneto permanente de Nd2Fe14B (Imashop, 2010), dimensões 50 x 20 x
10 mm....................................................................................................... 24
Figura 2.6: (a) Gerador completo sem o disco para acoplamento das pás; (b) Gerador
completo com o disco para acoplamento das pás (Branco,
2010)........................................................................................................ 25
Figura 2.7: Bancada para teste do gerador síncrono com magneto permanente
(Branco, 2010)......................................................................................... 26
Figura 2.8: Comparação com o fabricante A - tensão fase/fase................................... 26
Figura 3.1: Visualização esquemática das linhas de corrente sobre a seção transversal de
uma pá...................................................................................................... 29
Figura 3.2: Visualização das forças atuantes sobre a seção transversal do
aerofólio................................................................................................... 29
Figura 3.3: Formação da força de sustentação – Equilíbrio radial................................ 30
Figura 3.4: (a) Coeficiente de sustentação versus coeficiente de arrasto; (b)
coeficiente de sustentação versus ângulo de ataque para o perfil
aerodinâmico FX67-K-170 (Hansen, 2008)............................................. 31
Figura 3.5: Comportamento do estol para os perfis aerodinâmicos FX67-K-170 e
FX38-153 (Hansen, 2008)........................................................................ 32
Figura 3.6: Representação das linhas de corrente para ângulos de ataque de 5o e 15o,
respectivamente (Hansen, 2008).............................................................. 33
Figura 3.7: Camada limite sobre a superfície de um perfil aerodinâmico (Burton et al,
2001)........................................................................................................ 33
Figura 3.8: Visualização esquemática da forma da camada limite para vários
gradientes de pressão (Hansen, 2008)...................................................... 35
Figura 3.9: Visualização esquemática do processo de transição................................... 36
Figura 4.1: Escoamento através do disco do rotor considerado homogêneo (Burton et
al, 2001)................................................................................................... 40
Figura 4.2: Variação da pressão através do disco do rotor. (Alves, 1997).................... 41
xiii
Figura 4.3: Geometria do tubo de corrente (adaptados de Hansen, 2008).................... 44
Figura 4.4: Relação b/a para alguns valores de X (Wilson e Lissaman, 1974)............. 46
Figura 4.5: Máximo Coeficiente de Potência versus Razão de Velocidade Total para
um rotor com vórtice de Rankine como descrito por Wilson e Lissaman
(1974)....................................................................................................... 48
Figura 4.6: Faixa de validade da teoria BEM (adaptado de Lock et al., 1926)............. 49
Figura 4.7: Ilustração do contorno anular sobre o rotor eólico (Burton et al, 2001)..... 50
Figura 4.8: Ilustração do triângulo de velocidades sobre uma seção da pá (Burton et
al, 2001)................................................................................................... 51
Figura 4.9: Ilustração das forças locais sobre a pá (Hansen, 2008).............................. 52
Figura 4.10: Variação da força tangencial determinada entre duas posições radiais ri
e ri 1 (Hansen, 2008)................................................................................ 56
Figura 4.11: Variação típica do coeficiente de sustentação com o ângulo de ataque e
a razão de aspecto nas três regiões de funcionamento de um perfil
(Ostowari e Naik, 1984)........................................................................... 60
Figura 4.12: Máxima potência gerada por um rotor eólico: Prevista e Experimental
(Hansen e Butterfield, 1993).................................................................... 61
Figura 4.13: Impacto da utilização do modelo de Viterna e Corrigan (1981) sobre a
previsão da potência máxima................................................................... 63
Figura 4.14: Efeito de grade sobre o escoamento (adaptado de Spera,
2009)........................................................................................................ 65
Figura 4.15: Volume de controle, triângulo de velocidades e forças (Mesquita e
Alves, 2000)............................................................................................. 71
Figura 4.16: Coincidência dos modelos de Glauert (1935) e Buhl (2005) para F = 1
(Lazafame e Messina, 2007).................................................................... 75
Figura 4.17: F = 0,75 – Instabilidade numérica para F < 1 (Lazafame e Messina,
2007)........................................................................................................ 75
Figura 5.1: Ilustração de uma pá com múltiplos perfis aerodinâmicos........................ 79
Figura 5.2: Distribuição de corda................................................................................. 80
Figura 5.3: Distribuição de torção................................................................................ 80
Figura 5.4: Modelo em 3D de uma pá com dois perfis................................................. 82
Figura 5.5: Pá seccionada por planos ao longo da direção do raio. Modelo de
construção da geometria da pá................................................................. 83
xiv
Figura 5.6: (a) Perfil NACA644-421 (Abbot e Doenhoff, 1959); (b) Perfil FX63137.
(Vaz et al, 2009)...................................................................................... 83
Figura 5.7: Perfis aerodinâmicos NACA644-421 (Abbot e Doenhoff, 1959) e
FX63137 (Vaz et al, 2009) com corte transversal da pá.......................... 84
Figura 5.8: Torção na pá, definida por i ..................................................................... 85
Figura 5.9: Superfície aerodinâmica da pá eólica com torção....................................... 85
Figura 5.10: Ilustração das posições de transição entre perfis aerodinâmicos.............. 86
Figura 5.11: (a) Perfil do coeficiente de potência em relação à velocidade média; (b)
Perfil do coeficiente de potência em relação a X. Mudança de perfil
aerodinâmico em 25% do comprimento da pá......................................... 87
Figura 5.12: (a) Perfil do coeficiente de potência em relação à velocidade média; (b)
Perfil do coeficiente de potência em relação a X. Mudança de perfil
aerodinâmico em 50% do comprimento da pá......................................... 87
Figura 5.13: (a) Perfil do coeficiente de potência em relação à velocidade média; (b)
Perfil do coeficiente de potência em relação a X. Mudança de perfil
aerodinâmico em 75% do comprimento da pá......................................... 88
Figura 5.14: Coeficiente de sustentação em relação ao ângulo de ataque para o perfil
NACA 654–421 (Abbot e Doenhoff, 1959)............................................. 91
Figura 5.15: (a) Coeficientes de sustentação e (b) arrasto em relação ao ângulo de
ataque para o perfil NACA 644–421 (Abbot e Doenhoff, 1959)............ 91
Figura 5.16: Coeficiente de potência em relação ao ângulo de ataque para o perfil
NACA 644–421 (Abbot e Doenhoff, 1959)............................................. 92
Figura 5.17: Relação entre os coeficientes de arrasto e sustentação em função do
ângulo de ataque para o perfil NACA 644–421 (Abbot e Doenhoff,
1959)........................................................................................................ 93
Figura 5.18: Comparação entre as curvas do coeficiente de potência em relação à
velocidade de vento para o perfil NACA 644–421.................................. 94
Figura 5.19: Comparação entre as curvas do coeficiente de potência em relação a X
para o perfil NACA 644–421).................................................................. 94
Figura 5.20: Pá em 3D construída a partir do perfil NACA 644–421, utilizando o
código numérico implementado no presente trabalho.............................. 95
Figura 5.21: Distribuição de corda ao longo da pá........................................................ 96
Figura 5.22: Distribuição do ângulo de torção ao longo da pá...................................... 97
xv
Figura 5.23: (a) Densidade de probabilidade da velocidade do vento e (b) densidade
energética ao longo do ano em Tamaruteua............................................. 97
Figura 5.24: Distribuição de corda após o ajuste utilizando mínimos quadráticos....... 98
Figura 5.25: Distribuição do ângulo de torção após o ajuste utilizando mínimos
quadráticos............................................................................................... 99
Figura 5.26: Relação da velocidade na ponta da pá e a velocidade de vento versus
coeficiente de potência............................................................................ 100
Figura 5.27: Relação entre a velocidade de vento e o coeficiente de potência............ 100
Figura 5.28: Comportamento do ângulo de ataque em função da posição radial no
rotor......................................................................................................... 101
Figura 5.29: (a) Curvas de a e a’ para uma velocidade de vento de 3 m/s para o rotor
utilizando dois perfis aerodinâmicos....................................................... 101
Figura 5.30: Curvas de a e a’ para uma velocidade de vento de 3 m/s para o rotor
com perfil único NACA653-618 (Abbot e Doenhoff, 1959)................... 102
Figura 5.31: Curvas de a e a’ para uma velocidade de vento de 6 m/s para o rotor
utilizando dois perfis aerodinâmicos....................................................... 102
Figura 5.32: Curvas de a e a’ para uma velocidade de vento de 6 m/s para o rotor
com perfil único NACA653-618. (Abbot e Doenhoff, 1959).................. 103
Figura 5.33: Pá construída utilizando o estudo desenvolvido no presente trabalho para
dois perfis aerodinâmicos........................................................................ 103
Figura 5.34: Comportamento da curva de potência para velocidades até 15 m/s......... 104
Figura 5.35: Potência em função da velocidade de vento, com faixa entre 2,8 e 6,0
m/s........................................................................................................... 105
Figura 5.36: Diferença entre a potência desenvolvida pelo rotor misto e o rotor com
perfil aerodinâmico único em função da velocidade de vento................ 105
Figura 5.37: Vila de Tamaruteua (Barbosa, 2006)....................................................... 106
Figura 5.38: (a) Início da construção das pás da turbina – Estações fixadas na
longarina; (b) Pás preenchidas com poliuretano expandido; (c) Molde
da pá pronta para receber o tratamento de superfície e posteriormente
fibra de vidro; (d) Pá recebendo a fibra de vidro................................... 108
Figura 6.1: Relação entre b’ e a’ para alguns valores de X......................................... 110
Figura 6.2: Solução do modelo proposto e os métodos BEM (Hansen, 2008) e
Glauert (1926), para alguns valores de X............................................... 112
Figura 6.3: Comparação do modelo proposto com dados experimentais para X = 4,0. 113
xvi
Figura 6.4: Resultado para X = 1,5.............................................................................. 113
Figura 6.5: Potência teórica e experimental para o rotor MOD 0............................... 116
Figura 6.6: Potência teórica e experimental para o rotor MOD 2............................... 116
Figura 6.7: Coeficiente de potência em relação à velocidade; comparação
experimental e para o rotor UAE Phase IV........................................... 117
Figura 6.8: Coeficiente de potência em relação à razão de velocidade total X,
comparação experimental e para o rotor UAE Phase
IV........................................................................................................... 117
Figura 6.9: Efeitos do modelo proposto para baixos valores de X.............................. 118
Figura 6.10: Comportamento dos fatores de indução na esteira e no plano do rotor.. 120
Figura 6.11: Comportamento do coeficiente de potência ao longo do raio do rotor... 121
Figura 6.12: Coeficiente de potência em relação ao limite de Betz (1926)................ 121
Figura 6.13: Comparação entre as variações dos fatores de indução ao longo do raio
do rotor................................................................................................... 123
Figura 6.14: Detalhe da figura 6.13 no intervalo de 0,4 a 2,0 m do raio..................... 124
Figura 6.15: Comparação entre as distribuições de corda........................................... 124
Figura 6.16: Comparação entre as distribuições do ângulo de torção......................... 125
Figura 6.17: Coeficiente de potência em relação à razão de velocidade - X............... 125
Figura 6.18: Coeficiente de potência em relação à velocidade do vento.................... 126
Figura 6.19: Potência do rotor em relação à velocidade do vento............................... 126
Figura 7.1: Esquema simplificado das velocidades no plano do rotor e na esteira..... 129
Figura 7.2: Sensibilidade do desempenho da turbina à variações no parâmetro ,
através da curva do coeficiente de potência em relação ao coeficiente de
empuxo................................................................................................... 131
Figura 7.3: Coeficiente de potência função de X para vários valores de n.................. 132
Figura 7.4: Triângulo de velocidades e forças desenvolvidas por uma seção da pá
com difusor............................................................................................. 133
Figura 7.5: Comparação do modelo proposto para n = 1 e =1 e dados experimentais
obtidos para uma turbina sem difusor.................................................... 135
Figura 7.6: Comparação do modelo proposto com difusor para n = 1,0 e =1,5 e o
modelo clássico de Glauert sem difusor................................................. 136
Figura 7.7: Comparação do modelo proposto com difusor para n = 1,2 e =1,0 e o
modelo clássico de Glauert sem difusor................................................. 136
xvii
Figura 7.8: Comparação do modelo proposto com difusor para n = 1,2 e =1,5 e o
modelo clássico de Glauert sem difusor................................................. 137
Figura 7.9: Coeficiente de potência calculado em função do coeficiente de empuxo. 139
Figura 7.10: Razão entre os coeficientes de potência e a razão entre os fluxos de
massa....................................................................................................... 140
Figura 7.11: Razão entre os fluxos de massa em função do coeficiente de empuxo... 141
Figura 7.12: Distribuição de corda............................................................................... 142
Figura 7.13: Distribuição do ângulo de torção............................................................ 142
Figura 7.14: Curva da potência em função da velocidade do escoamento.................. 143
Figura 7.15: Curva do coeficiente de potência em relação à velocidade do fluido..... 143
Figura 7.16: Curva do coeficiente de potência em função de X................................. 144
Figura 7.17: Efeito do modelo para baixos valores de X............................................ 145
xviii
1
RESUMO
ABSTRACT
This work presents a study of the blade element momentum theory applied to
horizontal-axis wind turbine design, adapted to conditions of low wind speed, having
developed methodologies for the design of wind rotors with multiple aerodynamic profiles,
besides discussing the effects of the blade tip and blade root on the power coefficient of the
turbine. An extension of Glauert‘s theory for low tip-speed-ratios, taking into account the
influence of the wake on the rotor plane in its general form, as established by Wilson and
Lissamam (1974), was developed, in order to consider multiple blade rotors, which in general
are of the slow type. This influence is considerable when the tip-speed-ratio is small,
justifying the necessity of formulations that predict the effects of the wake on the rotor. In this
case, the model was compared with experimental data and other models from the literature,
showing good agreement. In the study, an extension of Glauert‘s model for the case of wind
turbines with diffusers was also developed, which considers the effect of the diffuser on the
power coefficient of the turbine, leading to an outrun of the Betz limit, which for the case of
an ideal turbine, the maximum extracted energy from the wind is 59.26%. This model was
compared with the results obtained from studies conducted by Hansen et al (2000) for the
case of a turbine with diffuser, showing good agreement.
INTRODUÇÃO
A busca por sistemas alternativos de geração de energia elétrica em regiões isoladas tem
se tornado cada vez mais intensa em todo o Brasil, e a geração utilizando energia eólica
desperta grande interesse, devido ao bom potencial eólico existente nas regiões costeiras do
País (Blasques et al, 2010). No entanto, alguns entraves tecnológicos têm retardado o avanço
de tecnologias de baixo custo, principalmente as de pequeno porte, tal como a utilização de
aerogeradores que, em geral, são importados e apresentam características que não são
condicionadas às baixas velocidades de vento existentes em grande parte da Região
Amazônica.
O desenvolvimento de novas tecnologias para o aproveitamento de energia tem sido
estimulado pela necessidade da diminuição dos impactos ambientais promovidos pelas duas
principais fontes responsáveis pela geração de energia no País: combustíveis fósseis e água
(grandes centrais hidroelétricas) (dos Reis, 2003). Quanto aos combustíveis fósseis, o Brasil é
quase auto-suficiente em produção de petróleo, principalmente pelas descobertas de novas
reservas nos últimos anos. Mesmo assim, o governo tem destinado novos investimentos em
fontes alternativas de energia. A principal fonte geradora de energia elétrica no País ainda é a
água e provavelmente persistirá por um longo tempo, uma vez que ações governamentais
apontam para novas implementações de centrais hidrelétricas. Os equipamentos envolvidos
em tais sistemas apresentam custos e tempo de implantação extremamente elevados, o que
torna lenta a expansão da energia elétrica e em alguns casos até mesmo inviável.
Na Região Amazônica por exemplo, diversas comunidades ainda sofrem com a falta de
energia elétrica, devido às distâncias que se encontram das linhas já instaladas e/ou a demanda
de consumo é muito baixa para altos investimentos. Dentre outros fatores que contribuem
para essa situação na Região estão a baixa renda, a baixa densidade populacional pelas
distâncias entre os pequenos povoados e a falta de acesso a informação, tornando muito
precários os aspectos econômico e social dessas pequenas localidades.
O aumento do parque industrial brasileiro tem promovido um crescimento significativo
no consumo de energia elétrica, mostrando a necessidade de mais investimentos em fontes
alternativas de energia, principalmente as renováveis. Tais acontecimentos não representam
nenhuma catástrofe, entretanto, mostram a necessidade do desenvolvimento de tecnologias de
baixo custo para o atendimento de pequenas e médias demandas energéticas em regiões
isoladas (Wiener e Koontz, 2010).
4
Nos últimos anos, pesquisadores de várias partes do País têm implementado sistemas de
pequeno porte capazes de atender comunidades não assistidas com a energia elétrica das
concessionárias brasileiras. A energia eólica mostra-se como uma alternativa viável em locais
com bom potencial eólico para a geração de energia elétrica de forma renovável. No cenário
mundial, a energia eólica atingiu um estágio de maturidade que a coloca como participante da
matriz energética em vários países onde o recurso natural é disponível, com previsão de vir a
ter participação expressiva na matriz mundial nas próximas décadas.
O Brasil tem um bom potencial para o aproveitamento eólico (Silva e Filgueiras, 2003);
entretanto, muitos dos equipamentos utilizados nesses sistemas, apesar de fabricados no
Brasil, ainda utilizam tecnologias importadas e suas características físicas, em geral, não são
apropriadas às condições de ventos locais. De acordo com Frade (2000) os locais próximos à
costa e as elevações (topo dos montes ou montanhas) são, em geral, os que possuem as
melhores velocidades médias de vento ao longo de um ano. O Estado do Pará é banhado a
Nordeste pelo Oceano Atlântico, o que mostra nos estudos realizados por Frade (2000) que o
potencial eólico nessa região é interessante à geração de energia eólica, principalmente ao uso
de sistemas de pequeno porte.
Desta forma, no presente trabalho tem-se como proposta principal desenvolver métodos
para o projeto de turbinas eólicas capazes de atender com eficiência às condições e
características de ventos da Região Norte. Sendo assim, no Capítulo 1 é apresentada a
importância do projeto de rotores eólicos diante do potencial eólico da Região Norte,
principalmente de localidades no Estado do Pará (Blasques et al, 2010; Frade, 2000).
No Capítulo 2 faz-se uma breve abordagem sobre os componentes e as características
operacionais de aerogeradores de eixo horizontal, com atenção especial a utilização de
geradores síncronos multipolos com magneto permanente, uma vez que são apropriados a
aerogeradores de pequeno porte, cuja principal característica é a operação em regime de baixa
rotação e alto torque (Branco, 2010; Santos, 2005). Segundo Aydin et al (2004) as máquinas
que utilizam magneto permanente estão cada vez mais competitivas na fabricação de
aerogeradores de pequeno porte.
O Capítulo 3 mostra uma breve revisão dos conceitos necessários para a análise do
escoamento em torno de um rotor eólico. As equações da aerodinâmica de pás eólicas em 2D,
que permitem analisar e obter, através do comportamento do escoamento, as correlações para
o projeto de rotores eólicos são apresentadas.
No Capítulo 4 é feita uma análise sucinta dos principais modelos utilizados no projeto
de rotores eólicos - o modelo do disco atuador (Alves, 1997), o modelo BEM (do Inglês:
5
Blade Element Momentum - BEM) (Eggleston e Stoddard, 1987; Hansen, 2008), o modelo de
Mesquita e Alves (2000) e o modelo de Lanzafame e Messina (2007) - nas suas diferentes
abordagens, com intuito de dar subsídios para o entendimento dos métodos que serão
utilizados nos capítulos seguintes.
No Capítulo 5 é apresentado um algoritmo alternativo para o projeto de um rotor eólico
de eixo horizontal com múltiplos perfis aerodinâmicos. Na sua estrutura é utilizado o modelo
de Glauert (1935), visto que o mesmo apresenta simplicidade e baixo custo computacional
(Alves, 1997). Para a construção da pá eólica é utilizado um método matemático simples
desenvolvido neste trabalho, e que pode ser implementado em qualquer pacote numérico que
tenha recursos gráficos.
No Capítulo 6 descreve-se um método matemático que estende o modelo BEM e a
correção de Glauert (1935) para a região de operação lenta da turbina (turbinas do tipo
múltiplas pás que, em geral, operam em baixos valores de X), onde os resultados obtidos são
validados utilizando dados experimentais e comparados com os modelos apresentados no
Capítulo 4. Ainda nesse capítulo é discutida uma abordagem generalizada para a otimização
aerodinâmica de pás eólicas quanto às distribuições de corda e ângulo de torção.
Finalmente, no Capítulo 7 é descrita uma nova proposta para o projeto de turbinas
eólicas de eixo horizontal com difusores, objetivando melhorar a eficiência da turbina quando
a mesma opera em baixas velocidades de vento.
6
CAPÍTULO 1
1.1. INTRODUÇÃO
O bom potencial eólico existente nas regiões costeiras do País (CRESESB, 2001) torna
os sistemas eólicos de geração de energia alternativas viáveis para o atendimento de pequenas
demandas em regiões isoladas. No entanto, alguns entraves tecnológicos têm retardado o
avanço e a implementação de sistemas eólicos de baixo custo, principalmente, os de pequeno
porte, tal como a utilização de aerogeradores que, em geral, são importados e apresentam
características que não são condicionadas às baixas velocidades de vento existentes em grande
parte da Região Amazônica. Todavia, ressalta-se que baixa velocidade de vento não significa
que a turbina tenha de ser necessariamente de pequena dimensão (Abderrazzaq, 2004; Sabra,
1999). Abderrazzaq (2004) mostra em seu trabalho que nos Estados Unidos e na Dinamarca
estão sendo instaladas turbinas de médio porte com potência nominal de 225 kW e diâmetro
de 27 m para o atendimento de pequenas demandas energéticas (velocidades médias anuais
em torno de 6 m/s).
A Região Norte, segundo Blasques et al (2010), apresenta bom potencial eólico local,
com grande possibilidade de implantação de tecnologias para o aproveitamento eólico.
Portanto, como o comportamento do vento varia de região para região, é necessário associar o
projeto de turbinas eólicas às condições climáticas locais (García-Bustamante et al, 2009),
para o melhoramento da eficiência de sistemas que já estão sendo desenvolvidos e
implantados na Região (Pinho et al, 2006), assim como contribuir para o avanço tecnológico
no País.
o trabalho de Wang e Chen (2008) foi desenvolvido para turbinas com 2, 4, 6 e 8 pás, onde a
turbina de maior eficiência, nesse caso, foi obtida para um rotor com 4 pás, evidenciando que
para rotores de pequeno porte há a possibilidade da aplicação de turbinas com 4 ou até mesmo
5 pás. Entretanto, no presente trabalho os estudos foram realizados considerando, na maioria
das vezes, turbinas com 3 pás. Todavia, os modelos propostos podem ser estendidos a
qualquer número de pás.
Uma distinção final relacionada aos rotores eólicos refere-se à velocidade de eixo.
Como as turbinas operam com velocidades variáveis, é satisfatório que as curvas
características das turbinas mantenham a eficiência elevada por uma larga faixa de velocidade
de vento. Este fato pode ser conseguido através de melhoramentos aerodinâmicos do rotor
eólico, assim como a implementação de dispositivos de controle de passo e orientação. Os
controles de passo e orientação, dependendo da localidade, permitem que as turbinas operem
com pequenas variações na velocidade de eixo, como as turbinas de grande porte. Isso
possibilita o uso de geradores simples, nos quais a velocidade é fixada pela frequência da rede
elétrica à qual estão conectados. Aerogeradores de velocidade variável são associados a um
conversor eletrônico, necessário para conectar a saída de frequência variável do gerador com
a entrada de frequência fixa do sistema elétrico.
Há várias vantagens em operar aerogeradores em velocidade variável; a mais óbvia é a
melhoria da eficiência aerodinâmica. Isso pode ser observado claramente se o coeficiente de
potência, Cp, do rotor for obtido em função da razão entre a velocidade da ponta das pás e a
do vento (do Inglês: tip-speed-ratio, X) (Bittencourt et al, 2000), definida como:
Vponta R
X (1.1)
Vvento V0
P
Cp (1.2)
1
AV03
2
A figura 1.1 mostra a curva Cp versus X para o aerogerador NTK500/41 de três pás com
20,5 m de raio (Hansen, 2008).
9
Figura 1.2: Mapa eólico da Região Norte. Levantamento realizado pelo CRESESB (2001).
kf V
kf 1
V0 kf
pr (V0 ) 0 exp , kf > 0 e ce > 1 (1.3)
ce ce ce
Tabela 1.1: Parâmetros de Weibull para as duas localidades e a velocidade média anual
(Blasques et al, 2010).
Fator de escala Fator de forma (kf) Velocidade média
(ce) – m/s anual - m/s
Região Norte 8,91 4,88 8,17
Região Nordeste 7,49 3,15 6,71
13
Figura 1.4: Rosas-dos-ventos para as localidades das regiões (a) Norte e (b) Nordeste
(Blasques et al, 2010).
Figura 1.5: Velocidade média ao longo dos meses do ano para Vizeu – Velocidade média
anual 4,75 m/s (Frade e Pinho, 2000).
15
Figura 1.6: Velocidade média ao longo dos meses do ano para Ajuruteua – Velocidade média
anual 7,96 m/s (Frade e Pinho, 2000).
Figura 1.7: Velocidade média ao longo dos meses do ano para Salinópolis – Velocidade
média anual 6,23 m/s (Frade e Pinho, 2000).
Figura 1.8: Velocidade média ao longo dos meses do ano para Mota – Velocidade média
anual 6,96 m/s (Frade e Pinho, 2000).
16
Figura 1.9: Velocidade média ao longo dos meses do ano para Algodoal – Velocidade média
anual 6,28 m/s (Frade e Pinho, 2000).
Figura 1.10: Velocidade média ao longo dos meses do ano para Tamaruteua – Velocidade
média anual 4,11 m/s (Frade e Pinho, 2000).
Figura 1.11: Velocidade média ao longo dos meses do ano para Praia Grande – Velocidade
média anual 5,05 m/s (Frade e Pinho, 2000).
17
Figura 1.12: Velocidade média ao longo dos meses do ano para Joanes – Velocidade média
anual 5,21 m/s (Frade e Pinho, 2000).
Figura 1.13: Velocidade média ao longo dos meses do ano para Soure – Velocidade média
anual 6,38 m/s (Frade e Pinho, 2000).
Figura 1.14: Velocidade média ao longo dos meses do ano para Chaves – Velocidade média
anual 6,04 m/s (Frade e Pinho, 2000).
Como se pode verificar, no Estado do Pará há um potencial eólico que pode ser
aproveitado para instalações de pequeno porte e, em alguns casos, até mesmo médio e grande
porte. Nos estudos realizados por Frade e Pinho (2000) as velocidades médias na maioria das
medições situam-se na faixa de 4 a 8 m/s.
18
CAPÍTULO 2
2.1. INTRODUÇÃO
Figura 2.2: Seção típica de um aerogerador com vista lateral (BTM, 2000).
Figura 2.3: Seção longitudinal de um gerador com estator toroidal e fluxo axial: vista
longitudinal ilustrativa de uma máquina TORUS (adaptado de Spooner e Chalmers, 1992;
Bumby et al, 2004).
enrolamento bobinado, composto de 18 bobinas cada uma com 100 espiras de fio 21 AWG,
distribuídas sobre estrutura em forma de coroa circular construída com fita de aço silício,
apresentando diâmetro interno de 18 cm e diâmetro externo de 27 cm, com largura de 4,5 cm
e espessura de 1 cm, constituindo um toróide com 03 conjuntos de 6 bobinas por fase,
obedecendo, para cada uma delas, e de forma alternada, os sentidos horário e anti-horário para
a construção. A excitação é produzida por 2 conjuntos de 6 imãs de NdFeB de forma
retangular. Cada conjunto é distribuído nas armaduras que constituem o rotor do gerador,
como ilustrado na figura 2.4. A figura 2.5 mostra o ímã de neodímio utilizado na construção
do gerador elétrico (Branco, 2010).
Figura 2.4: Gerador com fluxo axial excitado através de magnetos permanentes: (a) estrutura
de uma única peça, com um estator e dois discos do rotor; (b) sua seção longitudinal.
(Adaptado de Akhmatov et al, 2003).
A figura 2.6 mostra o gerador completo, com e sem o disco para o acoplamento das pás
eólicas. Os testes desse gerador foram realizados utilizando uma bancada construída no
GEDAE (figura 2.7).
(a)
(b)
Figura 2.6: (a) Gerador completo sem o disco para acoplamento das pás; (b) Gerador
completo com o disco para acoplamento das pás. (Branco, 2010).
26
Figura 2.7: Bancada para teste do gerador síncrono com magneto permanente (Branco, 2010).
Os resultados apresentados na figura 2.8 foram obtidos sem o uso de carga (gerador em
aberto), e foram os primeiros testes realizados com o uso de um gerador síncrono trifásico
com magneto permanente construído no GEDAE. Para a faixa de 100 a 700 rpm a tensão
obtida é considerável em todas as fases (figura 2.8). Uma comparação foi feita com um
gerador de um fabricante aqui identificado pela letra A. A comparação é apresentada na figura
2.8, onde é verificado que o gerador projetado pelo GEADE possui tensões maiores que as do
fabricante, indicando que o gerador pode ter melhor desempenho para baixas velocidades de
vento.
Ainda são necessários testes utilizando carga para que seja avaliada a real potência
desenvolvida pelo gerador. Outra melhoria é com relação à defasagem entre fases. Tal
problema, não constitui grande dificuldade uma vez que, neste caso, a defasagem está
associada a disposição do enrolamento da bobina sobre o estator.
Outros testes estão sendo realizados com o gerador mencionado, assim como sendo
implementadas melhorias técnicas no que diz respeito a sua construção geométrica. Os
estudos desenvolvidos mostram resultados animadores, proporcionando uma futura extensão
do modelo construtivo ao caso de geradores de pequenas dimensões, como os aplicados às
turbinas hidrocinéticas de pequeno porte, que exigem geradores que operem dentro de
cápsulas para submersão em água.
28
CAPÍTULO 3
3.1. INTRODUÇÃO
As relações matemáticas para o projeto de rotores eólicos são obtidas a partir do estudo
aerodinâmico de turbinas, visto que as forças indutivas do movimento das pás são
provenientes da passagem do ar através do rotor (Hansen, 2008). Desta forma, neste capítulo é
realizada uma breve abordagem sobre os conceitos necessários para o estudo do
comportamento de um rotor eólico quando submetido ao escoamento do ar atmosférico. Os
modelos do Disco Atuador e BEM (Alves, 1997; Eggleston e Stoddard, 1987; Hansen, 2008),
que permitem a obtenção da relação entre a potência desenvolvida por um rotor em função da
velocidade do vento e das características geométricas das pás (no caso do modelo BEM), são
tratados de forma detalhada, uma vez que tais modelos são subsídios para o entendimento dos
métodos desenvolvidos e propostos neste trabalho.
Figura 3.1: Visualização esquemática das linhas de corrente sobre a seção transversal de uma
pá.
Figura 3.2: Visualização das forças atuantes sobre a seção transversal do aerofólio.
L
CL (3.1)
1
V0 2 c
2
D
CD (3.2)
1
V0 2 c
2
Neste caso as forças de reação FR, de sustentação L e de arrasto D são normalizadas pela
unidade de comprimento cuja dimensão é [N/m]. Para descrever as forças completamente, é
necessário conhecer o momento sobre o ponto de ação das forças sobre o perfil. O momento é
30
positivo quando tende a girar no sentido horário (figura 3.2) e o coeficiente do momento é
dado por:
M
CM (3.3)
1
V0 2 c 2
2
dp V2
u (3.4)
dr r
(a) (b)
Figura 3.4: (a) Coeficiente de sustentação versus coeficiente de arrasto; (b) coeficiente de
sustentação versus ângulo de ataque para o perfil aerodinâmico FX67-K-170 (Hansen, 2008).
32
A figura 3.6 mostra de forma ilustrativa as linhas de corrente para o perfil NACA63-
415, para ângulos de ataque de 5o e 15o, respectivamente. Observa-se que quando o ângulo de
ataque é 15o acontece a separação da camada limite.
α = 5o α = 15o
Figura 3.6: Representação das linhas de corrente para ângulos de ataque de 5o e 15o,
respectivamente (Hansen, 2008).
As forças que agem sobre o perfil aerodinâmico resultam da distribuição de pressão p(x)
e do atrito com o ar, cuja formulação para as tensões cisalhantes no fluido é dada por:
uc
u x (3.5)
y y 0
onde (x, y) é o sistema de coordenadas, de acordo com a figura 3.7. O atrito do ar com a
superfície do perfil contribui principalmente para o arrasto. As forças encontradas pela
integração da distribuição de pressão sobre a estrutura do perfil aerodinâmico correspondem
às componentes de força de sustentação e arrasto. A componente de arrasto torna-se muito
grande quando o perfil aerodinâmico estola.
Figura 3.7: Camada limite sobre a superfície de um perfil aerodinâmico (Burton et al, 2001).
34
1972), onde:
uc x
0,99 (3.6)
U x
definidos por:
uc
* x 1 dy (3.7)
0
U
uc uc
m x 1 U dy (3.8)
0 V0
* x
H x (3.9)
m x
2 uc 1 p
(3.10)
y 2 x
Figura 3.8: Visualização esquemática da forma da camada limite para vários gradientes de
pressão (Hansen, 2008).
Um Passo, dado por Michel (como descrito por Hansen, 2008). O Método prediz a transição
quando:
Re 2, 9 Re0.4
x (3.11)
onde
U x m x
Re (3.12)
U x x
Re x (3.13)
No caso de camada limite laminar, o Método de Michel pode ser inadequado, e métodos
mais avançados podem ser aplicados, como os apresentados por Eggleston e Stoddard (1987).
O escoamento turbulento é caracterizado por ser mais estável em regiões em que o
gradiente de pressão é adverso, p x 0 , e por um gradiente de velocidade íngreme na
parede, uc x y y 0 . A primeira propriedade é boa desde que retarde o surgimento do estol,
mas a segunda propriedade aumenta o atrito e, portanto, o arrasto. Esses dois fenômenos são
explorados no projeto de aerofólios de alto desempenho. No escoamento laminar, tem-se um
aerofólio onde uma fração grande da camada limite é laminar e permanece colada em todo o
comprimento do perfil. Para projetar um aerofólio é necessário especificar o máximo ângulo
37
de ataque, onde se supõe que a camada limite em uma grande extensão é laminar. O aerofólio,
então, é construído de forma que a velocidade na extremidade da camada limite U x seja
constante após passar pelo bordo de entrada e o bordo de fuga. A equação que descreve este
fenômeno é expressa em termos da velocidade fora da camada limite (Schlichting, 1972)
como:
dp dU x
U x (3.14)
dx dx
Quando o gradiente de pressão é zero, a separação não ocorre. Para pequenos ângulos
de ataque, o escoamento U x acelera e dp dx se torna negativo, o que novamente evita a
pode ser ativada, posicionando-se uma linha de trajetória antes do ponto de desaceleração
(Griffiths, 1977; Spera, 2009; Hansen, 2008).
Um aerofólio laminar é caracterizado por um alto valor da razão entre a sustentação e o
arrasto CL CD . Porém, antes da escolha de um aerofólio é importante considerar a
próximo a uma região costeira, onde o sal proveniente do mar se adere ao rotor, a potência de
saída da turbina é comprometida se o vento vier do mar (Hansen, 2008).
Para calcular a potência de saída de uma turbina é necessário conhecer os dados de
CL , Re e CD , Re ao longo da pá eólica. Tais dados podem ser obtidos utilizando
CAPÍTULO 4
4.1. INTRODUÇÃO
Neste capítulo são apresentados os modelos clássicos do disco atuador e BEM, assim
como as correções propostas por Prandtl (como descrito por Hibbs e Radkey, 1981) para a
correção do número finito de pás, por Glauert (como descrito por Hansen, 2008) para os altos
valores do fator de indução a, por Viterna e Corrigan (1981) para a operação da turbina no
regime pós-estol e por Spera (2009) para o efeito de grade. São abordados, também modelos
mais modernos propostos por Mesquita e Alves (2000) e Lanzafame e Messina (2007).
O modelo do disco atuador foi inicialmente proposto por Rankine (1865) e Froude
(1878), e representa um modelo simples para o projeto de rotores eólicos de eixo horizontal.
Neste modelo, considera-se o rotor como um disco homogêneo capaz de retirar energia do
vento. O escoamento do vento através do rotor ocorre de acordo com a figura 4.2a, onde a
velocidade V0 a montante do rotor é reduzida pelo disco atuador devido à absorção de energia
cinética. Considerando o escoamento axial e aplicando as equações de conservação de massa,
energia e quantidade de movimento para o volume de controle da figura 4.1, obtêm-se as
relações para a determinação do torque e potência desenvolvidos pelo rotor.
O modelo do disco atuador fornece informações a respeito do escoamento, mostrando
que as velocidades a montante e a jusante do rotor são diferentes da velocidade no plano do
rotor, além da possibilidade de se estimar o coeficiente de potência local. Entretanto, sua
principal limitação é não estabelecer uma relação entre a geometria do rotor e seu
desempenho, tornando-o um modelo pouco utilizado para o projeto de turbinas eólicas.
Para o desenvolvimento do modelo, é importante considerar as seguintes hipóteses:
u V0 v (4.1)
u1 V0 v1 (4.2)
Figura 4.1: Escoamento através do disco do rotor considerado homogêneo (Burton et al,
2001).
Juntamente com o balanço de massa, podem-se obter duas expressões para o empuxo
axial: a da conservação da quantidade de movimento e a da perda de pressão causada pelo
disco:
1
E Au (V0 u1 ) A( p1 p0 ) A (V02 u12 ) (4.3)
2
41
1
u (V0 u1 ) (4.4)
2
ou seja, a velocidade do vento no plano do rotor é a média das velocidades do escoamento não
perturbada e na esteira.
Velocidade
do vento
Pressão
total
Pressão
dinâmica
Pressão
estática
Pressão total
Pressão
Pressão total
V u v aV0
0
(4.5)
V u1 v1 2aV0
0
42
plano do rotor, V0 u .
A potência absorvida pelo disco pode ser obtida a partir da equação da energia,
considerando-se o escoamento isotérmico.
V 2 u 2 Au
P Au 0 1 V0 u1 V0 u1 (4.6)
2 2 2
P
Cp= (4.7)
1
AV03
2
Cp 4a(1 a) 2 (4.8)
1
Portanto, o coeficiente de potência máximo ocorre quando a , tal que
3
16
C p max 0,5926 (4.9)
27
Assim, de acordo com as considerações deste modelo, nenhum rotor pode extrair mais
do que 59,26% da energia disponível no vento em uma área correspondente ao seu diâmetro.
Esse percentual máximo de extração de energia corresponde ao limite de Betz (1926).
O fator de indução axial, a, é uma medida da influência do rotor no escoamento. No
caso em que o rotor não retarda o escoamento, tem-se a = 0, e para o máximo retardo na
velocidade do vento, condição na qual a velocidade final na esteira seria nula, obtém-se a =
0,5. Uma observação importante é que a equação (4.8) no modelo BEM corresponde ao
coeficiente de potência local, pois o modelo BEM, integra a eficiência obtida localmente em
cada estação da pá de uma turbina.
43
Neste sub-item são abordadas as equações que descrevem o modelo BEM considerando
os efeitos de rotação na esteira na sua forma mais geral, descritos detalhadamente nos
trabalhos desenvolvidos por Wilson e Lissaman (1974), Eggleston e Stoddard (1987) e Alves
(1997). Portanto, no modelo do disco atuador, considerando o escoamento inteiramente axial,
determinou-se que a variação da velocidade na esteira é o dobro da variação no escoamento
incidente até o plano do rotor, e ainda que nenhum rotor pode ultrapassar o limite de retirar
59,26% da potência disponível no vento. Entretanto, a interação do escoamento incidente,
inicialmente uniforme, com uma máquina rotativa, induzirá uma rotação na esteira (Alves,
1997).
Este modelo permite analisar a influencia da rotação da esteira na potência desenvolvida
por um rotor, que pode ser escrita como o produto da velocidade angular do rotor, , pelo seu
torque, T, o qual está relacionado à velocidade de rotação, w, do escoamento, através da taxa
de variação da quantidade de movimento angular, de tal modo que rotações de eixo elevadas
correspondem a grandes velocidades de rotação no escoamento. A rotação da esteira implica
em um menor aproveitamento da energia disponível no vento. Portanto, a energia cinética
associada à rotação do escoamento não é aproveitada para geração de energia e, logo, um
rotor que produza um alto torque em uma baixa rotação pode eventualmente gerar mais
potência do que um girando a alta rotação e produzindo baixo torque. Desta forma, os rotores
que possuem várias pás podem apresentar bom aproveitamento na captação da energia
disponível no vento, principalmente em regiões com baixas velocidade de vento. Porém, faz-
se necessário um estudo mais detalhado quanto ao número de pás a ser utilizado.
Analisando o tubo de corrente mostrado na figura 4.3 e desprezando o arrasto na seção
transversal do rotor, podem-se deduzir expressões que relacionam as velocidades axial e
tangencial na esteira com aquelas no plano do rotor. Como descrito no trabalho de Wilson e
Lissaman (1974), as velocidades u e u1 são escritas na forma:
44
V v u 1 a V0
0
(4.10)
V v1 u1 1 b V0
0
r 2 w r12 w1 (4.12)
w w
1
1
u1 V0 2 2 2 u w r 2 (4.13)
2 u1 u
1 1 1
Finalmente, pode-se obter uma relação para a variação radial da velocidade axial a partir
da equação de Euler:
45
d V02 u12 d
w1 dr w1 r1
2
dr1 2
(4.14)
1
As equações (4.11) a (4.14) são utilizadas para obter as relações entre empuxo, torque e
o escoamento na esteira. Entretanto, o problema não é analiticamente determinado a menos
que se especifique uma variável. Neste modelo foi considerado que a velocidade angular, w1,
2
varia de tal modo que w1 r1 seja constante.
Pode-se notar algumas características do escoamento representado por este modelo:
Uma vez estabelecido o modelo, podem-se obter expressões para o torque e o empuxo
experimentados por um elemento anular do rotor. O torque no rotor é igual à quantidade de
movimento angular por unidade de tempo, retirada do elemento anular do escoamento; logo:
dT uwrdA (4.15)
w
dE p1 p0 dA 2 wr 3 dr (4.16)
2
b 2 1 a
2
P
Cp (4.17)
1
V03 A ba
2
b 1 ab2
a 1 (4.18)
2 4 X 2 b a
A figura 4.4 apresenta a relação entre os fatores de indução axial, a e b, para alguns
valores de X, obtida a partir da equação (4.18). Pode-se observar que a redução na velocidade
axial do escoamento na esteira é aproximadamente o dobro da redução desta até o plano do
rotor somente quando X 2, obtendo-se o mesmo resultado previsto pelo modelo do disco
atuador (equações (4.5) e (4.6)), onde a rotação da esteira foi desprezada. Entretanto,
confirmando as considerações iniciais a respeito deste modelo, percebe-se que o efeito da
rotação da esteira é importante para rotores lentos, com baixos valores de X (X < 2), onde a
relação b/a 2, obtida no modelo do disco atuador, não é mais válida.
Figura 4.4: Relação b/a para alguns valores de X (Wilson e Lissaman, 1974).
hipótese adotada para resolução das equações, de que a esteira se comporta como um vórtice
2
livre ( w1 r1 = cte.), produz velocidades infinitas próximo ao eixo; logo, alguma mudança
deve ser introduzida. Para contornar este problema, Glauert (1935) interrompeu a integração
na posição radial em que a velocidade angular do escoamento, w, se iguala à velocidade
angular do rotor, , pois não se conhece um mecanismo que faça uma máquina rotativa
propulsora girar o fluido mais rapidamente que ela mesma próximo ao seu eixo (Wilson e
Lissaman, 1974).
Outra alternativa é introduzir, próximo ao eixo, um vórtice de Rankine, como no
trabalho de Wilson e Lissaman (1974). Deste modo, definindo-se:
N R / wmax (4.19)
b 1 a
2
Cp 2 N R a 1 N R b (4.20)
ba
Figura 4.5: Máximo Coeficiente de Potência versus Razão de Velocidade Total para um rotor
com vórtice de Rankine (como descrito por Wilson e Lissaman, 1974).
Figura 4.6: Faixa de validade da teoria BEM (adaptado de Lock et al, 1926).
Figura 4.7: Ilustração do contorno anular sobre o rotor eólico (Burton et al, 2001).
Para um rotor ideal é estabelecido que a velocidade axial u1 na esteira pode ser expressa
em termos do fator de indução axial, a, e da velocidade do vento, Vo , o mesmo ocorrendo
com a velocidade no plano do rotor.
u1 1 2a Vo (4.22)
u 1 a Vo (4.23)
dE Vo u1 dm
2ru Vo u dr (4.24)
dT wrdm
2r 2 wudr (4.26)
w 2a ' r (4.27)
(4.29)
(1 a) V0
tg (4.30)
(1 a ') r
Figura 4.8: Ilustração do triângulo de velocidades sobre uma seção da pá (Burton et al, 2001).
52
L
CL (4.31)
1
W 2 A
2
D
CD (4.32)
1
W 2 A
2
1
Normalizando as equações (4.33) e (4.34) pelo termo W 2c , tem-se
2
onde:
FN
Cn (4.37)
1
W 2 c
2
FT
Ct (4.38)
1
W 2 c
2
W sin Vo 1 a (4.39)
c r B
r (4.41)
2 r
54
dE BFN dr (4.42)
dT rBFT dr (4.43)
Se a equação (4.37) for usada para calcular FN e a equação (4.39) para calcular W,
então a equação (4.42) torna-se:
Vo2 1 a
2
1
dE B cCn dr (4.44)
2 sin 2
1 V 1 a r 1 a '
dT B o cCT rdr (4.45)
2 sin cos
1
a (4.46)
4 sin 2
1
Cn
Da mesma forma, se as equações (4.28) e (4.45) forem igualadas, a equação para o fator
de indução tangencial a ' é:
55
1
a' (4.47)
4 sin cos
1
Ct
Agora que todas as equações do modelo estão definidas, o algoritmo pode ser
organizado em oito passos. Considera-se que cada elemento do volume de controle é
independente do outro, ou seja, cada seção pode ser analisada separadamente e as soluções
são obtidas em cada passo no raio.
Passo Procedimento
Para se ter bons resultados é necessário aplicar duas correções no algoritmo. A primeira
é chamada de correção de Prandt, que considera o efeito do número finito de pás e das perdas
nas extremidades das pás (Hibbs e Radkey, 1981), modificando a velocidade axial do
escoamento. A segunda correção é chamada de correção de Glauert (1935), e é uma relação
empírica entre o coeficiente de empuxo, CE , e o fator de indução axial, a, para valores de a
maiores que 0,4. Cada uma dessas correções é tratada separadamente mais adiante no texto.
Uma vez conhecida a força tangencial por unidade de comprimento, FT ,i , em cada
FT Ai r Bi (4.48)
56
onde
FT ,i 1 FT ,i
Ai (4.49)
ri 1 ri
e
FT ,i ri 1 FT ,i 1ri
Bi (4.50)
ri 1 ri
dT rFT dr Ai r 2 Bi r dr (4.51)
Figura 4.10: Variação da força tangencial determinada entre duas posições radiais ri e ri 1
(Hansen, 2008).
r
1 3 1 2
i 1
Ti ,i 1 Ai r Bi r Ai ri 13 ri 3 Bi ri 12 ri 2
1 1
(4.52)
3 2 ri 3 2
N 1
TTOT B Ti ,i 1 (4.53)
i 1
O sistema de vórtice para um rotor com um número finito de pás é diferente daquele
com número infinito de pás, havendo, então a necessidade de se corrigir essa diferença.
Prandtl (como descrito em Hibbs e Radkey, 1981) encontrou um fator de correção F para as
equações (4.25) e (4.26), fazendo o sistema:
em que F é
2
F cos 1 exp f (4.56)
onde
B R r
f . (4.57)
2 r sin
Se as equações (4.54) e (4.55) forem usadas ao invés das equações (4.25) e (4.28) para obter
as equações que determinam a e a’, os resultados são:
1
a (4.58)
4 F sin 2
1
Cn
58
1
a' (4.59)
4 F sin cos
1
C t
Glauert (1926) desenvolveu uma relação empírica para corrigir o fator de indução axial
quando este atingir valores maiores que 0,4, visto que o método falha para tais valores. A
correção do fator de indução axial é feita através do coeficiente de empuxo CE da seguinte
maneira:
1
4a 1 a F a
3
CE (4.60)
4a 1 1 5 3a a F a
1
4 3
ou
4a 1 a F a ac
CE (4.61)
4 ac 1 2ac a F
2 a ac
Esta última expressão foi implementada por Spera (2009) e ac é aproximadamente 0,2,
dE
CE (4.62)
1
Vo2 2 rdr
2
59
1 a Cn
2
CE (4.63)
sin 2
Igualando a equação (4.61) com a equação (4.63), tem-se o esquema utilizado para a
correção do fator de indução a:
Se a ac
(1 a)2 Cn
4a 1 a F (4.64)
sin 2
1
a (4.65)
4 F sin 2
1
Cn
(1 a)2 Cn
4 F ac2 1 2ac a (4.66)
sin 2
1
2 K 1 2ac K 1 2a 2 4 Kac2 1
2
a (4.67)
2
c
onde
60
4 F sin 2
K (4.68)
CN
De acordo com Alves (1997), a qualidade dos resultados obtidos a partir de modelos
baseados no método BEM (Eggleston e Stoddard, 1987; Hansen, 2008), depende grandemente
de um preciso conhecimento das características do perfil aerodinâmico da pá, as quais, para
pequenos ângulos de ataque antes do descolamento aerodinâmico, são bem determinadas,
tanto teoricamente quanto por dados experimentais. Entretanto, a figura 4.11 (obtida do
original de Ostowari e Naik, 1984 a partir de Lissaman, 1974 ) mostra que a zona em que o
escoamento permanece aerodinamicamente colado está geralmente restrita a ângulos de
ataque de mais ou menos 15o, enquanto que, durante a operação de um rotor eólico, os perfis
podem experimentar ângulos de ataque muito mais elevados, entrando na zona onde se
desenvolve a separação (até 30o), ou até mesmo experimentando o regime completamente
separado, entre 30o e 90o, onde normalmente não se conhecem as características do aerofólio.
Figura 4.11: Variação típica do coeficiente de sustentação com o ângulo de ataque e a razão
de aspecto nas três regiões de funcionamento de um perfil (Ostowari e Naik, 1984)
61
Figura 4.12: Máxima potência gerada por um rotor eólico: Prevista e Experimental (Hansen e
Butterfield, 1993).
Viterna e Corrigan (1981) propuseram um modelo empírico para modificar os dados dos
perfis aerodinâmicos em todos os três regimes de operação, de modo a prever mais
precisamente o comportamento de um rotor eólico.
As hipóteses de base do método são:
CL C 'L (4.69)
CL2
CD C 'D (4.70)
a
57,3CL
' (4.71)
a
R rcub.
a (4.72)
c(r )
separação :
CD , max cos 2
CL sen 2 K L (4.73)
2 sen
sen s
K L (CL ,s CD , max sen s cos s ) (4.75)
cos 2 s
CD , s CD , max sen 2 s
KD (4.76)
cos s
A importância do método de Viterna e Corrigan (1981) pode ser vista na figura 4.13,
onde está mostrada a curva de potência para uma turbina de pás fixas, com distribuição de
corda constante e razão de aspecto igual a 6, obtida do trabalho de Viterna e Corrigan (1981).
Figura 4.13: Impacto da utilização do modelo de Viterna e Corrigan (1981) sobre a previsão
da potência máxima.
64
Spera (1994) propôs uma formulação matemática para corrigir as perdas devido às
interações fluidodinâmicas que ocorrem nos rotores com múltiplas pás, que mais tarde foi
modificada por Mesquita e Alves (2000). Na formulação de Spera (1994), foi admitido que as
forças desenvolvidas por uma seção do rotor era resultado de sua interação com o escoamento
isoladamente, ou seja, sem levar em consideração os chamados efeitos de grade, os quais
podem ser muito importantes principalmente nas seções mais internas de um rotor do tipo
múltiplas pás.
A seguir é apresentado um método para incluir estes efeitos no modelo proposto.
O método consiste em corrigir o ângulo de ataque previsto para o aerofólio, tal que:
CL = CL() (4.79)
CD = CD() (4.80)
= - + c (4.81)
Para uma dada posição radial, a circunferência do rotor pode ser retificada e
representada como uma grade de aerofólios, de acordo com a figura 4.14. A distância entre as
pás é dada pelo perímetro dividido pelo número de pás.
Quando o escoamento atravessa o canal entre as pás, dois efeitos modificam a
configuração das linhas de corrente, :
Sendo assim, a correção para o ângulo de ataque (equação (4.81)) fica da seguinte
maneira:
onde
w B cos 0 B cos 0
c
1
c 2 r c 0 t dx
2 r c
At (4.83)
V (1 a)
em que 0 tan 1 0 , e At é a área da seção transversal do perfil que forma a pá.
r
A curvatura que o escoamento experimenta entre o bordo de ataque e o de fuga (figura
4.14b), altera a circulação desenvolvida pelas pás. Considerando-se que a velocidade
tangencial aumenta linearmente de seu valor nulo no bordo de ataque até o seu valor final,
2a‘r, no bordo de fuga, a variação no ângulo da velocidade relativa, , é
66
(1 a) r 1 r
tan 1 tan (1 a) (4.84)
(1 2a ') V0 V0
d
2 sin 1 (4.85)
4 dt 4
Portanto, o valor do ângulo de ataque previsto pelo modelo deve ser corrigido de acordo
com as equações (4.81), (4.82), (4.83) e (4.85), para se levar em consideração os efeitos de
grade.
potência gerada por uma seção do rotor de espessura r e a potência associada ao escoamento
que passa pela seção anular correspondente no plano do rotor.
B c CL
C ' p (1 a)2 (1 cot 2 ) 4 xl (sen cos ) (4.88)
8 r
CD
onde .
CL
B cCL
Substituindo o termo e expandindo o termo (1+ cot2) em uma série de
8 r
Taylor, resulta:
tan
xl tan 1 a 1 (4.91)
cot
cuja solução é:
1
aopt (4.93)
2 sec G G H 2
onde
sec
G (4.94)
2 tan
tan
H (4.95)
tan
A corda ótima é:
8r a sin2
c (4.96)
B 1 a C n
Com o fator de indução tangencial dado pela equação (4.47) calcula-se xl da equação
(4.30):
69
1 a
xl (4.97)
1 a ' tan
1 a
tan1 (4.98)
1 a ' x
l
A idéia do modelo descrito por Mesquita e Alves (2000) é se afastar o mínimo possível
da formulação de Glauert (1935), propondo que a relação entre os coeficientes de indução
axial na esteira e no plano do rotor não seja de dois para um (b = 2a), como obtido no modelo
do disco atuador, equação (4.5), mas seja dada por sua forma mais geral, obtida da teoria geral
do modelo BEM com rotação da esteira (Eggleston e Stoddard, 1987), equação (4.18), a qual
é válida também na região em que X < 2. Deste modo, espera-se melhorar a precisão do
cálculo dos coeficientes de retardamento axial e tangencial para X < 2, estendendo a validade
do modelo de Glauert para esta região. Embora o seu limite inferior de validade ainda esteja
por ser estabelecido.
Admite-se neste modelo a hipótese de que a relação entre os coeficientes de indução
axial e tangencial no plano do rotor e na esteira seja:
a a'
(4.99)
b b'
A figura 4.15a mostra o volume de controle anular para o qual são desenvolvidas as
equações deste modelo, onde observa-se que a direção da pá, s, pode estar a um ângulo de
cone, , do plano do rotor e, portanto, o triângulo de velocidades para um elemento da pá
assume a configuração da figura 4.15b. Este ângulo de cone é utilizado para reduzir as tensões
no cubo do rotor, visto que nesta configuração o carregamento no cubo do rotor devido ao
empuxo é contrabalançado pela ação das forças centrífugas nas pás. Despreza-se o
70
escoamento que surge na direção da pá, s, devido aos pequenos ângulos de cone normalmente
utilizados em turbinas eólicas (até 8o).
A configuração com escoamento incidente não alinhado com o eixo do rotor não será
abordada neste trabalho e, portanto, para todos os cálculos = 0.
Procedendo-se como no modelo de Glauert (1926), admitindo-se escoamento em tubo
de corrente, deduzem-se expressões para o empuxo, torque e potência desenvolvida para o
volume de controle da figura 4.15a, a partir das equações de conservação. Entretanto, adota-se
desta vez a relação mais geral entre as velocidades (axial e tangencial) na esteira e no plano
do rotor, dadas pelas equações (4.18) e (4.99).
De acordo com as hipóteses adotadas e aplicando a conservação da massa e da
quantidade de movimento linear, encontra-se o empuxo desenvolvido em uma seção anular no
plano do rotor.
Das expressões para o empuxo (equações (4.44) e (4.100)), o torque (equações (4.45) e
(4.101)), obtidas do método BEM e das forças aerodinâmicas atuando em um elemento da pá,
e utilizando a equação (4.102) para a velocidade relativa obtida do triângulo de velocidades da
figura 4.15b.
u cos r w
W (4.102)
sin cos
71
V0
u =V0 (1-a)
Vol. de controle
(a)
(b) Plano de
referência
da pá
D L
Figura 4.15: Volume de controle, triângulo de velocidades e forças (Mesquita e Alves, 2000).
obtém-se:
B cC L
c (4.105)
8r
b cos sin 2
2c cos (4.106)
1 a sin2
sin cos
b' cos
2c (4.107)
1a ' sin cos
V0 (1 a )
tan cos (4.108)
r (1 a / )
1 1 1
b (S T) a1 i 3 (S T) (4.109)
2 3 2
onde S 3 R
Q 3 R
, T 3 R
Q 3 R
3 a2 a12 9 a1 a2 27 a 3 2 a12
Q ,
R
9 54
73
4 X2 12 a X 2 8 X 2a 2
a1 , a2 e a3
a 1 1 a a 1
Para valores de a entre zero e um (0 a 1), a equação (4.109) fornece sempre valores
reais. O coeficiente de potência do rotor pode ser expresso a partir de sua definição em função
dos coeficientes de indução:
X
4
(1 a )b ' xl dxl
3
Cp 2 (4.110)
X 0
T
CT (4.111)
1/ 2 V02 R
E
CE (4.112)
1/ 2 V02 A
encontra-se:
CP
CE (4.113)
X
x
C E 4 (1 a ) b xl dxl (4.114)
0
Passo Procedimento
Figura 4.16: Coincidência dos modelos de Glauert (1935) e Buhl (2005) para F = 1
(Lanzafame e Messina, 2007).
A correção proposta por Buhl (2005) é necessária para eliminar a instabilidade numérica
que ocorre quando a correção de Glauert (1935) é implementada em conjunto com o fator de
perda na ponta da pá F, como mostrado na figura 4.17. Apesar da instabilidade numérica, o
método de Glauert (1935) apresenta melhor concordância com os dados experimentais quando
comparado com o método proposto por Buhl (2005).
Figura 4.17: F = 0,75 – Instabilidade numérica para F < 1 (Lanzafame e Messina, 2007).
76
1 4
a ' 1 2 a 1 a 1 (4.117)
2 xl
Passo Procedimento
diferentes de 1, o modelo se afasta dos dados experimentais, como mostrado na figura 4.17; e
em segundo, o modelo não considera a relação geral entre os fatores de indução axiais no
plano do rotor e na esteira, equação (4.18).
78
CAPÍTULO 5
5.1. INTRODUÇÃO
5.2. METODOLOGIA
A análise da eficiência do rotor com múltiplos perfis utiliza o método BEM para cada
perfil aerodinâmico, onde são determinados os fatores de indução axial e tangencial ao longo
das estações da pá. Após a determinação de a e a‘ é calculada a eficiência da turbina. Os
passos deste procedimento estão indicados a seguir. Neste caso, a equação (4.30) determina o
ângulo de escoamento, , entre o plano do rotor e a velocidade relativa. O ângulo de ataque é
obtido da equação (4.29).
Uma vez conhecido o ângulo de ataque, obtêm-se, CD e CL, cujos valores são tabelados,
e Cn e Ct das equações (4.35) e (4.36).
Para o cálculo dos fatores de indução axial no plano do rotor, a, e na esteira, a’,
utilizam-se as equações (4.58) e (4.59). Para altos valores do fator de indução axial no plano
do rotor, a, utiliza-se a correção de Glauert (1935) dada pela equação (4.67).
Para a utilização de vários perfis aerodinâmicos na pá, conhecendo r, c(r), (r), CL(),
CD() e V0, aplica-se o seguinte procedimento:
Passo Procedimento
.
.
Se nk 1 i nk :
Repetem-se os passos 2, 3, 4, 5, 6 e 7.
8 Fim do laço em i.
Determina-se a eficiência do rotor.
estação da pá (figura 5.5). Cada estação tem que ser limitada pela curva correspondente às
coordenadas do perfil aerodinâmico utilizado. Neste caso, utilizam-se os perfis NACA644-421
83
(Abbot e Doenhoff, 1959) e FX63137 (Vaz et al, 2009) mostrados separadamente na figura
5.6 e em corte na figura 5.7.
Figura 5.5: Pá seccionada por planos ao longo da direção do raio. Modelo de construção
da geometria da pá.
(a) (b)
Figura 5.6: (a) Perfil NACA644-421 (Abbot e Doenhoff, 1959); (b) Perfil FX63137 (Vaz
et al, 2009).
84
Yki
X ki
Figura 5.7: Perfis aerodinâmicos NACA644-421 (Abbot e Doenhoff, 1959) e FX63137
(Vaz et al, 2009) com corte transversal da pá.
Após seccionar a pá em intervalos iguais, gera-se a superfície que une todos os planos
ao longo do raio. Para estabelecer o modelo matemático, é necessário definir os parâmetros
(Vaz et al, 2010c):
X ki Rck xi (5.1)
i, j 1, 2,3,, n
com
k 1, 2,3,, m
cos i sin i
sin i cos i (5.3)
i
X ki cos i sin i X ki
Y sin i cos i (5.4)
kj Ykj
A função fkk , que gera a superfície aerodinâmica da pá (figura 5.9), é definida fazendo
fkk X Y
2 2
ki kj
(5.5)
fkk
Todas as simulações consideram um rotor com diâmetro de 3,5 m, cubo com diâmetro
de 0,3 m e rotação constante de 130 rpm. No caso do rotor com os dois perfis citados, a figura
5.11 mostra uma razão de velocidade de 6,42, velocidade média correspondente de 3,71 m/s e
87
(a) (b)
Figura 5.11: (a) Perfil do coeficiente de potência em relação à velocidade média; (b) Perfil
do coeficiente de potência em relação a X. Mudança de perfil aerodinâmico em 25% do
comprimento da pá.
(a) (b)
Figura 5.12: (a) Perfil do coeficiente de potência em relação à velocidade média; (b) Perfil
do coeficiente de potência em relação à X. Mudança de perfil aerodinâmico em 50% do
comprimento da pá.
88
A figura 5.13 mostra uma razão de velocidade de 7,86, velocidade média correspondente
de 3,03 m/s, e um coeficiente de potência máximo de 0,36. A simulação considera a mudança
de perfil aerodinâmico em 75% do raio. Neste caso, entretanto, é fácil observar que o rotor
apresenta forte queda na eficiência, além de uma instabilidade, devido, principalmente, à
transição entre os perfis, quando comparado com os casos anteriores. Tal instabilidade deve-
se a fortes variações nos fatores de indução, ocasionadas pela influência da esteira quando a
transição entre os diferentes perfis ocorre próximo à extremidade da pá.
(a) (b)
Figura 5.13: (a) Perfil do coeficiente de potência em relação à velocidade média; (b) Perfil
do coeficiente de potência em relação a X. Mudança de perfil aerodinâmico em 75% do
comprimento da pá.
5.5.1.1. Introdução
Neste sub-item tem-se como objetivo apresentar uma metodologia para a seleção de
perfis aerodinâmicos apropriados à construção de rotores eólicos de pequeno porte, utilizando
informações de vento de uma dada região como critério de avaliação. A metodologia
corresponde à obtenção dos ângulos de ataque ótimos para um rotor eólico com características
pré-definidas, ou seja, conhecendo-se a geometria da turbina, a velocidade média de vento e a
correspondente rotação de eixo. Ressalta-se que, neste trabalho, foi considerada rotação
constante. Neste caso, o objetivo principal é determinar o ângulo de ataque que apresente o
melhor coeficiente de potência para uma velocidade média de vento especificada, levando em
consideração o descolamento aerodinâmico sobre a pá (Viterna e Corrigan, 1981).
Os perfis aerodinâmicos são responsáveis em grande parte pelo bom desempenho dos
rotores eólicos, em se tratando de turbinas movidas pelo efeito de sustentação, tanto para
bombeamento de água, quanto para geração de energia elétrica, uma vez que os coeficientes
de sustentação e arrasto dependem da geometria do perfil. Na literatura existem inúmeros
perfis aerodinâmicos, resultado de intensas contribuições da comunidade científica, ao longo
dos anos, no sentido de melhorar a eficiência de sistemas eólicos.
Pá = 1,75 m de comprimento;
Cubo = 0,15 m de raio;
Velocidade média local de vento = 3 m/s;
Número de pás = 3;
Rotação = 130 rpm (considerada constante nas simulações);
Número de estações = 100.
O perfil NACA654-421 está destacado pelo fato de que para baixas velocidades o
coeficiente máximo de potência só é atingido para um ângulo de ataque em torno de 18o
91
Figura 5.14: Coeficiente de sustentação em relação ao ângulo de ataque para o perfil NACA
654–421 (Abbot e Doenhoff, 1959).
A figura 5.15 mostra os coeficientes de sustentação e arrasto para o perfil NACA 654–
421 (Abbot e Doenhoff, 1959).
(a) (b)
Figura 5.15: (a) Coeficientes de sustentação e (b) arrasto em relação ao ângulo de
ataque para o perfil NACA 644–421 (Abbot e Doenhoff, 1959).
92
A figura 5.16 mostra que o melhor coeficiente de potência (47%) ocorre para um ângulo
de ataque em torno de 6,6o. Entretanto, para valores maiores que esse, a curva para CP
decresce bruscamente (figura 5.16). Tal fato justifica-se pelo aumento brusco do coeficiente
de arrasto de acordo com a figura 5.15b, que também ocorre em torno de 6o, provocando a
perda de rendimento da turbina. A figura 5.17 mostra o comportamento da relação entre os
coeficientes de arrasto e sustentação em função do ângulo de ataque obtido a partir da
simulação desenvolvida neste trabalho. Observe que para ângulos de ataque maiores que 6o,
CD/CL cresce rapidamente, justificando a perda de eficiência da turbina.
Neste caso, como o coeficiente de potência (figura 5.16) se mantém praticamente
constante, com CP em torno de 45,5%, para ângulos de ataque entre 3o e 6o, calculam-se os
parâmetros geométricos da pá para um ângulo de ataque nesta faixa. No presente trabalho
utilizou-se 4o.
Figura 5.16: Coeficiente de potência em relação ao ângulo de ataque para o perfil NACA 644–
421 (Abbot e Doenhoff, 1959).
93
Como resultado, na figura 5.18, para ângulo de ataque de 4o, tem-se um perfil
suavizado, onde o inicio da queda brusca é deslocado para 4,0 m/s, caracterizando uma faixa
de velocidades maior do que para um ângulo de ataque de 6o.
Para um ângulo de ataque de 4o (figura 5.15) o coeficiente de arrasto encontra-se
suficientemente antes do inicio do aumento brusco (em torno de 6o, figura 5.15b), resultando
na possibilidade do rotor eólico experimentar velocidades de vento maiores sem perder
eficiência rapidamente.
As diferenças mostram-se consideráveis nos resultados apresentados nas figuras 5.18 e
5.19. Observa-se que a escolha adequada do ângulo de ataque é fundamental para a
construção de rotores mais eficientes, quando se trata de rotores construídos por modelos de
otimização, como os descritos por Stewart (1976), Glauert (1935), Miller et al (1978) e
Galetuse (1986).
94
de 6o, significa que rotor projetado para este ângulo de ataque, ao experimentar velocidades
de vento maiores, perderá eficiência rapidamente. A figura 5.20 corresponde à pá
desenvolvida a partir dos dados analisados pelo código numérico implementado neste
trabalho.
5.5.2.1. Introdução
1987; Alves, 1997) e Glauert (1935). Por fim, faz-se uma análise do desempenho dos
aerogeradores, estimando-se a produção anual de eletricidade para a Vila de Tamaruteua,
localizada no Estado do Pará, considerando um gerador elétrico com eficiência de 85%, com
acoplamento direto entre o rotor e o gerador.
Considerando o modelo de otimização da corda e do ângulo de torção e as
características geométricas do rotor e do vento utilizados na simulação, foram obtidas as
distribuições da corda e do ângulo de torção ótimos em cada estação da pá para um único
perfil aerodinâmico (figuras 5.21 e 5.22).
A escolha de 6,7 m/s para a velocidade de vento no projeto tem por finalidade o
desenvolvimento de um rotor eólico capaz de iniciar a geração de energia para velocidades
em torno de 3,0 m/s, baseado na densidade energética associada ao potencial eólico da Vila de
Tamaruteua (figura 5.23). A figura 5.23 apresenta o gráfico da densidade de probabilidade de
frequência de velocidade do vento a 30 m de altura em um ano típico para a localidade de
Tamaruteua, verificando-se que a maior densidade de probabilidade está entre 2,5 e 6 m/s,
totalizando cerca de 6362 horas em um ano (Vaz et al, 2010b), e a maior densidade energética
está entre 4 e 8 m/s.
(a) (b)
Figura 5.23: (a) Densidade de probabilidade da velocidade do vento e (b) densidade
energética ao longo do ano em Tamaruteua.
98
n
c r k r k (5.6)
k 0
n m m
Figura 5.25: Distribuição do ângulo de torção após o ajuste utilizando mínimos quadráticos.
As figuras 5.29, 5.30, 5.31 e 5.32 mostram o comportamento dos fatores de indução ao
longo do raio da pá, tanto para o rotor com perfil único como para o rotor com duplo perfil.
Figura 5.29: (a) Curvas de a e a’ para uma velocidade de vento de 3 m/s para o rotor
utilizando dois perfis aerodinâmicos.
102
Figura 5.30: Curvas de a e a’ para uma velocidade de vento de 3 m/s para o rotor com perfil
único NACA 653-618 (Abbot e Doenhoff, 1959).
Figura 5.31: Curvas de a e a’ para uma velocidade de vento de 6 m/s para o rotor utilizando
dois perfis aerodinâmicos.
103
Figura 5.32: Curvas de a e a’ para uma velocidade de vento de 6 m/s para o rotor com
perfil único NACA 653-618 (Abbot e Doenhoff, 1959).
A figura 5.33 mostra uma pá projetada com os dois perfis aerodinâmicos, NACA 653-
618 e o NACA 631-412 (Abbot e Doenhoff, 1959).
Figura 5.33: Pá construída utilizando o estudo desenvolvido no presente trabalho para dois
perfis aerodinâmicos.
Apesar das oscilações existentes na curva para o coeficiente de potência, mostradas nas
figuras 5.26 e 5.27, para o cálculo da potência desenvolvida pelo rotor tais oscilações são
atenuadas (figura 5.34), visto que a potência varia com o cubo da velocidade do vento como
na equação (5.9). O parâmetro V03 diminui fortemente os efeitos causados pelo coeficiente de
104
potência mecânica da turbina. Para velocidades de vento superiores a 9 m/s, o rotor com duplo
perfil aerodinâmico atinge potência em torno de 3 kW (figura 5.34). A curva de potência,
neste caso, apresenta um comportamento mais eficiente, quando comparado com os rotores de
perfil único.
8 X
Cp
X2 0
F 1 a Fa ' xl3dxl (5.8)
1
P AV03Cp (5.9)
2
A figura 5.35 mostra o detalhe da figura 5.34 para a faixa de velocidades entre 2,8 e 6,0
m/s, onde percebe-se a forma atenuada da curva de potência para baixos valores da velocidade
de vento.
105
Figura 5.35: Potência em função da velocidade de vento, com faixa entre 2,8 e 6,0 m/s.
As diferenças entre as curvas de potência calculadas para os rotores com perfil único
NACA 631-412 e NACA653-618 (Abbot e Doenhoff, 1959), em relação ao rotor com duplo
perfil, mostradas na figura 5.36, apresentam uma melhoria na extração de energia cinética do
vento, principalmente nas faixas de 2,8 a 6,0 m/s e de 8,0 a 9,0 m/s.
Figura 5.36: Diferença entre a potência desenvolvida pelo rotor misto e o rotor com perfil
aerodinâmico único em função da velocidade de vento.
106
Para fins de análise do desempenho dos rotores eólicos sob as condições de vento de
uma determinada localidade, tomaram-se os dados de velocidade do vento medidos na Vila de
Tamaruteua, a qual apresenta a menor média de velocidade entre as localidades monitoradas
no Estado do Pará (Frade e Pinho, 2000).
A escolha da localidade de Tamaruteua deu-se também pelas condições de
semisolamento geográfico da Vila em relação à sede municipal (figura 5.37), entre outras
características típicas de comunidades ribeirinhas situadas na Região Nordeste do Estado do
Pará (Frade, 2000).
(a) (b)
(c) (d)
Figura 5.38: (a) Início da construção das pás da turbina – Estações fixadas na longarina; (b)
Pás preenchidas com poliuretano expandido; (c) Molde da pá pronta para receber o tratamento
de superfície e posteriormente fibra de vidro; (d) Pá recebendo a fibra de vidro.
109
CAPÍTULO 6
6.1. INTRODUÇÃO
Para solucionar as equações (4.18) e (6.1), utiliza-se o método de Newton, em que, para
cada valor de a e a‘ calculados, têm-se funções polinomiais de grau 3, dadas por:
111
b 2 1 a
b
b 1 a (6.2)
2 4 X 2 b a
b '2 1 a '
b'
b ' 1 a ' (6.3)
2 4 X 2 b ' a '
cuja solução iterativa é obtida pelas equações (6.4) e (6.5). Neste caso, uma boa aproximação
para o início do processo iterativo corresponde a b 2a e b ' 2a ' .
bi1
bi bi1 (6.4)
d
bi1
db
b 'i1
b 'i b 'i1 (6.5)
d
b 'i1
db '
A utilização do método de Newton consiste em obter sempre o menor valor real para o
cálculo de b e b ' , visto que a variação dos fatores de indução na esteira é
totalmente não linear em relação aos fatores de indução no plano do rotor.
1
4a 1 a F a
3
CE (6.6)
a 1
4a 1 5 3a F a
4 3
desenvolveu-se uma correção na equação (6.6), com o objetivo de considerar o caso mais
geral para o cálculo do fator de indução no plano do rotor, equação (4.18), em que o
112
1
2b 1 a F a
3
CE (6.7)
a 1
2b 1 5 3a F a
4 3
Figura 6.2: Solução do modelo proposto e os métodos BEM (Hansen, 2008) e Glauert (1935),
para alguns valores de X.
O esquema proposto, utilizando a forma geral para o fator de indução axial, converge
para o método BEM, com e sem correção de Glauert, quando X é maior que 2,0 (figura 6.1).
A figura 6.3 compara os resultados obtidos com dados experimentais para X = 4,0 (Os dados
experimentais foram obtidos de Moriarty e Hansen, 2005), apresentando boa concordância.
113
Figura 6.3: Comparação do modelo proposto com dados experimentais para X = 4,0.
O modelo proposto apresenta boa estabilidade numérica mesmo para valores de X < 2,
como mostrado na figura 6.4.
1
A equação (6.7) mostra que para a o coeficiente de empuxo é corrigido para
3
valores de b, com o coeficiente de empuxo no plano do rotor dado pela equação (4.63).
1
Igualando as equações (4.63) e (6.7) para a , tem-se:
3
114
2bF sin2
a 1 (6.8)
C n
1
Se a :
3
8 5k k 32 23k
a (6.9)
2 4 3k
para:
2bF sin2
k (6.10)
C n
Passo Procedimento
2bF sin2
a a 1 (6.11)
C n
pois os fatores de indução na esteira dependem dos fatores de indução no plano do rotor,
b b a e b ' b ' a ' . Desta forma:
ai1
ai ai1 (6.13)
d ai1
da
a 'i1
a 'i a 'i1 (6.14)
d a 'i1
da '
No caso da turbina UAE Phase IV, esta apresenta 2 pás, com distribuições de torção e
corda variáveis ao longo da pá, e diâmetro 10,029 m. O perfil aerodinâmico é o S809,
constante em todo o rotor, o ângulo de passo é de 3o e a rotação é mantida constante em 72
rpm (Lanzafame e Messina, 2007).
O resultado obtido é comparado com dados experimentais, assim como os obtidos por
Lanzafame e Messina (2007) (figuras 6.7 e 6.8). Observa-se que o modelo proposto, também,
apresenta boa concordância.
Para verificar o efeito do modelo proposto para baixos valores de X, foram utilizados os
dados experimentais da turbina UAE Phase IV (Lanzafame e Messina, 2007) no intervalo de
X entre 1,5 e 3,0, comparando o modelo proposto com o modelo clássico de Glauert (1935). A
figura 6.9 mostra o comportamento das curvas do coeficiente de potência para este caso.
Observa-se que o modelo proposto apresenta maior proximidade com os dados experimentais
do que o modelo clássico de Glauert (1935).
6.4.1. Introdução
db db db
2
db db db db
2
db
onde a correlação para é obtida diferenciando a equação (4.18).
da
120
db b 3 4X 2 4a 3b
2 (6.16)
da 3b 1 a 4X 2 3a 2b
A figura 6.11 mostra que a otimização proposta resulta em uma tendência do coeficiente
de potência atingir a máxima eficiência do rotor de acordo com o limite de Betz (1926). A
figura 6.12 relaciona o coeficiente de potência local estabelecido pela equação (4.17) com o
limite de Betz (1926).
121
Portanto, com o valor de aopt calculado na equação (6.15) é possível calcular o valor da
corda ótima através da equação (6.17).
1 a
a 'opt
opt
1 (6.18)
x tan
1 aopt V0C t
b 'opt (6.19)
2r F sin2
1 a
opt tan1
opt
(6.20)
1 a 'opt
x
Uma vez que todas as equações do modelo foram definidas, o algoritmo pode ser
organizado em dez passos. Considera-se que cada elemento do volume de controle é
independente do outro, ou seja, cada seção pode ser analisada separadamente, e as soluções
são obtidas em cada passo na posição radial.
Passo Procedimento
Figura 6.13: Comparação entre as variações dos fatores de indução ao longo do raio do rotor.
124
Nas figuras 6.17 e 6.18, a curva do coeficiente de potência calculada com o modelo
proposto é melhor que a do modelo ótimo de Glauert (1926). A potência de saída do rotor
(figura 6.19) apresenta uma melhora significativa, pois a potência varia de forma direta com o
cubo da velocidade do vento, permitindo que, por menor que seja a melhoria na eficiência, a
resposta seja relativamente melhorada na obtenção da potência de saída. Observa-se que para
a pá projetada, os maiores valores da potência são verificados para velocidades acima de 4,0
m/s (figura 6.19), onde é perceptível a diferença entre as curvas, uma vez que o rotor passa a
experimentar menores valores para a razão de velocidade, X.
CAPÍTULO 7
7.1. INTRODUÇÃO
O limite de Betz (1926) pode ser excedido quando uma turbina de eixo axial é
posicionada em um difusor, uma vez que o escoamento no interior do difusor apresenta um
aumento no fluxo de massa através do plano do rotor devido à pressão de sucção provocada
pelo difusor (Rodrigues, 2007; Hansen et al, 2000). A figura 7.1 ilustra o escoamento através
de uma turbina eólica com difusor.
1
Pv AV03 (7.1)
2
A eficiência da turbina é definida pela razão entre a energia absorvida pelo rotor e a
energia cinética transportada pelo fluido (equação (7.2)). Uma análise unidimensional para
um rotor em um difusor é dada pela relação estabelecida por Hansen et al (2000) para o
coeficiente de potência.
130
P EV
.
Cp CE (7.2)
1 1 V
AV03 AV02 0 V
2 2 V
V
(7.3)
V0
V 1 a nV0 (7.4)
Tal hipótese é razoável, uma vez que a velocidade no plano do rotor, de acordo com o
modelo de Glauert (1935) é V 1 a V0 , em que assume o valor 1, e para considerar a
influência do difusor a velocidade axial no plano do rotor depende de n. A figura 7.2 mostra a
sensibilidade da eficiência da turbina ao parâmetro . Observa-se que para =1,3 a curva do
coeficiente de potência converge para o resultado obtido por Hansen et al (2000) com n =
1,84, utilizando a equação (7.2) associada à equação (7.5).
131
Desta forma, substituindo a equação (7.4) na equação (7.3) tem-se uma relação explicita
para o cálculo da razão de aumento .
1 a n (7.5)
V0 V1
V (7.6)
2
1
4n 1 a 1 1 a n F a
CE
3
(7.8)
1
4n 1 a 1 1 a n F a
3
onde 0.25 5 3a .
Figura 7.4: Triângulo de velocidades e forças desenvolvidas por uma seção da pá com difusor.
V C N
2
C N
CT 2 (7.9)
V0
sin
2
sin2
C N
C E 1 a n 2
2
(7.10)
sin2
Igualando a equação (7.8) com a equação (7.9), tem-se o modelo proposto no presente
trabalho, dado pela equação (7.11):
134
K n 1 1
a ; a
K n 3
(7.11)
3 1 n 5n 4K 2 9n 8K 5 4 1 K n 1
a3 a a 0; a
3n 3n 3n 2 3
onde
nC N
K (7.12)
4F sin2
1 1 1
a S Z 1 i S Z 3 (7.13)
2 3 2
onde
S 3 R D (7.14)
Z 3 R D (7.15)
D = Q3 + R2 (7.16)
32 12
Q (7.17)
9
135
3 1 n 5n 4K
1 (7.19)
3n
9n 8K 5
2 (7.20)
3n
4 1 n K
3 (7.21)
3n 2
A figura 7.5 apresenta uma comparação entre o modelo proposto e dados experimentais
obtidos de Moriarty e Hansen (2005), para uma turbina sem difusor, através do coeficiente de
empuxo em função do fator de indução no plano do rotor. Observa-se que para n = = 1 o
modelo proposto converge para a solução clássica de Glauert (1935).
Figura 7.6: Comparação do modelo proposto com difusor para n = 1,0 e =1,5 e o modelo
clássico de Glauert sem difusor.
Figura 7.7: Comparação do modelo proposto com difusor para n = 1,2 e =1,0 e o modelo
clássico de Glauert sem difusor.
Figura 7.8: Comparação do modelo proposto com difusor para n = 1,2 e =1,5 e o modelo
clássico de Glauert sem difusor.
V n(1 a )
tan 0
1
/
(7.22)
r (1 a )
1 a nV0C t
a' (7.23)
4r F sin2
Passo Procedimento
3 Determinam-se C L e C D a partir de .
4 Calculam-se a e a’ com as equações (7.13) e (7.23).
5 Verifica-se a convergência para a e a‘. Se a tolerância não for alcançada, retorna-se
ao passo (ii). Neste trabalho a tolerância é de 10-3.
O coeficiente de potência, Cp , é dado pela equação (7.24), que também prevê os efeitos do
difusor através dos parâmetros n e .
8 X
Cp
X2 0
n(1 aF ) F a ' x 3dx (7.24)
1
P ACpV03 (7.25)
2
Neste primeiro momento, os resultados são comparados com os dados obtidos no trabalho
de Hansen et al (2000), no qual o escoamento através do rotor sob a influência do difusor
provoca um aumento na extração de energia cinética pela máquina quando comparado com
uma turbina sem difusor. A figura 7.9 mostra o resultado obtido para o coeficiente de potência
em função do coeficiente de empuxo, através da combinação da equação (7.2) com a equação
(7.5). Todos os resultados foram obtidos para 1, 3 , uma vez que este valor foi ajustado a
partir dos dados simulados por Hansen et al (2000), utilizando CFD.
139
C p ,d m d
(7.26)
C p ,b m b 1 a
C p ,d m d 1 a
n (7.27)
C p ,b m b 1 a
Observa-se, neste caso, que a equação (7.27) apresenta uma forma explicita para o
cálculo da razão entre os fluxos de massa no rotor eólico com e sem difusor.
140
Figura 7.10: Razão entre os coeficientes de potência e a razão entre os fluxos de massa.
A figura 7.11 apresenta a variação decrescente da razão entre os fluxos de massa para
uma turbina com e sem difusor em função do coeficiente de empuxo. Tal fato ocorre devido
ao decréscimo da circulação criada pela presença do difusor, evidenciando a tendência
proposta por Hansen et al (2000), de que o aumento do fluxo de massa no rotor é influenciado
pelo difusor. Portanto, para um rotor sem difusor, a equação (7.28) pode ser aplicada, e é
obtida de C E 4a 1 a sem o fator de correção de Prandtl, F. A equação (7.29) mostra a
formulação matemática obtida para gerar a figura 7.11, onde a razão entre os fluxos de massa
depende do coeficiente de empuxo.
1
a
2
1 1 C E (7.28)
1
2n 1 1 1 C E
m d 2
(7.29)
m b 1 1 C E
141
CONCLUSÕES
segundo os estudos desenvolvidos por Wang e Chen (2008), turbinas eólicas com
difusor e 4 pás apresentam maiores eficiência no caso de turbinas eólicas de pequeno
porte;
Estudo do comportamento do modelo proposto neste trabalho para o caso de
velocidades fora da velocidade de projeto;
Desenvolver uma base de dados com informações experimentais sobre as
características aerodinâmicas de perfis utilizados no projeto de rotores eólicos de
acordo com o número de Reynolds associado.
149
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABE, K., NISHIDA, M., SAKURAI, A., OHYA, Y., KIHARA, H., WADA, E. and SATO,
K., Experimental and numerical investigations of flow fields behind a small wind
turbine with a flanged diffuser, Journal of Wind Engineering and Industrial
Aerodynamics, pp. 951–970, 2005.
AYDIN, M., HUANG, S. and LIPO, T. A., Axial Flux Permanent Magnet Disc Machines: A
Review. Research Report, Wisconsin Electric Machines and Power Electronics
Consortium, 2004.
BETZ, A., Wind Energie und ihre Ausnutzung durch Windmuehlen, 1926.
150
BTM, International Wind Energy Development. World market update 1999. Ringkbing,
Denmark, BTMConsult ApS, 2000.
BUHL JR, L. A New Empirical Relationship Between Thrust Coefficient and Induction
Factor for the Turbulent Windmill State. Technical report NREL/TP-500-36834—
August 2005.
BURTON T., SHARPE D., JENKINS N. and BOSSANYI E., Wind Energy Handbook, John
Wiley & Sons, LTD, 615p, 2001.
CRESESB, Atlas do Potencial Eólico Brasileiro. Centro de Referência Para Energia Solar e
Eólica Sérgio de Salvo Brito. {online}. Disponível: http://www.cresesb.cepel.br,
2001.
FROUDE, W., ―On the Elementary Relation between Pitch, Slip and Propulsive Efficiency‖,
Transactions, Institute of Naval Architects, Vol. 19, pp. 47-57, 1878.
GALETUSE, S., ―On the Highest Efficiency Windmill Design‖, Journal of Solar Energy
Engineering, Vol. 108, pp. 41-48, 1986.
152
GLAUERT, H., ―AirPlane Propellers, in Aerodynamic Theory‖, ed. W. F. Durand, pp. 169-
360, Spring Verlag, 1935.
GLAUERT H., The elements of airfoil and airscrew theory. Cambridge: Cambridge
University Press, 1926.
GORLA, R. S. R and KHAN, A. A., Turbomachinery Design and Theory, Marcel Dekker,
USA, 2003.
HANSEN, M. O. L. and JOHANSEN J., Tip Studies Using CFD and Comparison with Tip
Loss Models, Wind Energy, Vol. 7, No 4, ISSN 1095-4244, 2004.
HIBBS, B., RADKEY, R. L., Small Wind Energy Conversion System Rotor Performance
Model Comparison Study. Rockwell Int. Rocky Flats Plant, RFP-
4074/13470/36331/81-0, 1981.
JACOBS, E, M., and ABBOT, I. H., The NACA Variable Density Wind Tunnel, NACA TR
416, Hamptom, Virginia: NASA Langley Research Center, 1932.
LANZAFAME, R. and MESSINA, M. Fluid dynamics wind turbine design: Critical analysis,
optimization and application of BEM theory, Renewable Energy, Vol. 32, pag.
2291–2305, 2007.
LISSAMAN, P. B. S., Wind Turbine Airfoils and Rotor Wakes, in Spera, D. A. Wind Turbine
Technology, ASME Press. Cap. 6, 1974.
NIELSEN, K. H. Technological Trajectories in the Making: Two Case Studies from the
Contemporary History of Wind Power. Wind Energy, Vol. 52, Issue 3, pp. 175-205,
2010.
OHYA, Y. and KARASUDANI, T., A Shrouded Wind Turbine Generating High Output
Power with Wind-lens Technology, Energies, Vol. 3, pp. 634–649, 2010
OMAN, R. A., FOREMAN, K. M. and GILBERT, B. L., A Progress Report on the Diffuser
Augmented Wind Turbine, Proc. 3rd Biennal Conference and Workshop on Wind
Energy Conversion Systems, Washington, D. C., USA, pp 819-826, 1975.
OSTOWARI, C., and NAIK, D., Post-Stall Wind Turbine Studies of Varying Aspect Ratio
Wind Tunnel Blades with NACA 44XX Series Airfoil Sections, Golden, Colorado:
National Renewable Energy Laboratory, 1984.
SALE, D., JONKMAN, J., MUSIAL, W. Hydrodynamic Optimization Method and Design
Code for Stall-Regulated Hydrokinetic Turbine Rotors. ASME 28th International
Conference on Ocean, Offshore, and Arctic Engineering Honolulu, Hawaii May
31–June 5, 2009.
SCHLICHTING, H., ―Teoria de La Capa Limite‖, Ediciones URMO, BI. 88, 1972.
SILVA, T. M. V and FILGUEIRAS, A. R., Wind energy in Brazil – present and future.
Renewable and Sustainable Energy Reviews. 7 p, 2003.
156
SÖDERLUND, L.; KOSHI,A.; VIHRIÄLÄ, H.; ERICKSSON, J-T. and PERÄLA, R. (1997)
Design of an axial flux permanent magnetic wind power generator, EMD97
Conference Publication Nº 444, , p. 224-228, 1-3 Sept. 1997.
STEWART, H. J., Dual Optimum Aerodynamic Design for a Conventional Windmill. AIAA
Journal 14, No. 11: pp.1524-1527, 1976.
WALKER, J. F. and JENKINS, N. "Wind Energy Technology", Wiley & Sons Ltda, 1997.
WANG, S. H. and CHEN, S. H., Blade number effect for a ducted wind turbine. Journal of
Mechanical Science and Technology, Vol. 22, pp. 1984-1992, 2008.
WIENER, J. G. and KOONTZ, T. M., Shifting Winds: Explaining Variation in State Policies
to Promote Small-Scale Wind Energy, The Policy Studies Journal, Vol. 38, No. 4,
2010.
Uma formulação que relaciona a pressão total, ptot, e as velocidades nas posições 0 e 3
(figura A.1), considerando o difusor sem rotor, é estabelecida através da equação da
conservação da energia para um escoamento não viscoso.
1 1
ptot p0 V02 p3 V32 (A.1)
2 2
V1 nV3 (A.2)
1
ptot p1 nV3
2
(A.3)
2
V3
(A.4)
V0
1
ptot p1 n V0
2
(A.5)
2
1
p1 p0 1 n 2 2 Vo 2 (A.6)
2
V1 n V0 (A.7)
A equação (A.7) mostra que a velocidade do escoamento sem a turbina, na posição 1,
considera os efeitos provocados pela geometria do difusor e a perda de pressão,
respectivamente, através dos parâmetros n e .
160
Para o difusor com a turbina, Van Bussel (1999) propôs que na posição 4 do
escoamento a velocidade é dada pela equação (A.8) De acordo com a teoria BEM, onde já não
existe mais influência do difusor (figura A.2).
V4 1 2a V0 (A.8)
V3 1 a V0 (A.9)
V1 V2 n 1 a V0 (A.10)
Para a velocidade antes do rotor, Van Bussel (1999) considera que não há influência da
perda de pressão e que, portanto, a velocidade V pode ser dada por:
161
V n 1 a V0 (A.11)
1 1
p3 V32 p4 V42 (A.12)
2 2
1
p3 p0 1 2a 2 1 a V02
2 2
(A.13)
2
1 1
p2 V22 p4 V42 (A.14)
2 2
1
p2 p0 1 2a n 2 2 1 a V02
2 2
(A.15)
2
1 1
p1 V12 p0 V02 (A.16)
2 2
resultando em:
1
p1 p0 1 n 2 2 1 a V02
2
(A.17)
2
1
p1 p2 4a 1 a V02 (A.18)
2
p p A
CE 1 2
4a 1 a
1 (A.19)
AV02
2
p p AV
CP 4n a 1 a
1 2 1 2
(A.20)
1
AV02
2
Figura A.4: Turbina com difusor com flange (Abe et al, 2005).
164
Vaz, J. R. P., Lins, E. F., Pinho, J. T. and Mesquita, A. L. A. An Extention of Glauert‘s Model
to Wind Turbine Design with Diffuser.Wind Energy, 2010.
Vaz, J. R. P., Silva, D. O., Mesquita, A. A, Lins, E. F. and Pinho, J. T. Aerodynamic and
Modal AnalysesofBlades for Small Wind Turbines, 20th International Congress of
Mechanical Engineering, Gramado, Rio Grande do Sul, Brazil, no período de 15 a 20 de
novembro de 2009.
Mesquita, A. A, Vaz, J. R. P., Silva, D. O., Lins, E. F. e Pinho, J. T. Análise Modal Numérica
de Pá de Turbinas Eólicas de Pequeno Porte para a Amazônia, The 8th Latin-American
Congress on Electricity Generation and Transmission, Ubatuba, São Paulo, Brasil, 2009.
Rio Vaz, D. A. T. D., Vaz, J. R. P., Mesquita, A. L. A., Blanco, C. J. C and Pinho, J. T. A
Generalization of BEM Method Applied to Hydrokinetic Turbine Design at Free Flow. 21th
International Congress of Mechanical Engineering, Natal, Brazil, 2011.
166
Rio Vaz, D. A. T. D., Vaz, J. R. P., Mesquita, A. L. A., Blanco, C. J. C e Pinho, J. T. Uma
Extensão do Método BEM Aplicada ao Projeto de Rotores Hidrocinéticos de Fluxo Livre, III
Congresso Brasileiro de Energia Solar, Belém, Pará, Brasil, 2010.
Vaz, J. R. P., Silva, D. O., Pinho, J. T. e Galhardo, M. A. B. Uma Abordagem para o Projeto
de Rotores Eólicos de Pequeno Porte Utilizando Perfis Aerodinâmicos Variados, VI
Congresso Nacional de Engenharia Mecânica, Campina Grande, Paraíba, Brasil, 2010.
Vaz, J. R. P. Pinho, J. T., Branco, T. M. M. e Silva, D. O., Estudo da Influência dos Fatores
de Indução no Projeto de Pás Eólicas de Pequeno Porte Utilizando Múltiplos Perfis
Aerodinâmicos, Simpósio Brasileiro de Sistemas Elétricos, Belém, Pará, Brasil, 2010.
Vaz, J. R. P., Silva, D. O., Pinho, J. T., Branco, T. M. M., Mesquita, A. A. Estudo da
Eficiência de Perfis Aerodinâmicos Aplicados a Aerogeradores de Pequeno Porte, III
Congresso Brasileiro de Eficiência Energética, Belém, Pará, Brasil, 2009.
Vaz, J. R. P.; Cruz, D. O. A. and Pinho, J. T.A Generalized Formulation for the Falkner Skan
Equation. In: 11th Brazilian Congress of Thermal Sciences and Engineering, Curitiba, Paraná,
Brazil 2006.