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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIDADE DE ENSINO SUPERIOR DOM BOSCO

CURSO PSICOLOGIA

LUANE MACEDO SOUZA PEREIRA

ENCARCERAMENTO DE ADOLESCENTES NEGROS(AS) E “PARDOS(AS)” NA


ILHA DE SÃO LUÍS-MA: escavações em documentos de gestão e inspeção do atendimento
socioeducativo em meio fechado realizado nos anos de 2018 e 2019

São Luís
2021.1
LUANE MACEDO SOUZA PEREIRA

ENCARCERAMENTO DE ADOLESCENTES NEGROS(AS) E “PARDOS(AS)” NA


ILHA DE SÃO LUÍS-MA: escavações em documentos de gestão e inspeção do atendimento
socioeducativo em meio fechado realizado nos anos de 2018 e 2019

Monografia apresentada ao Curso de Graduação em


Psicologia do Centro Universitário Unidade de Ensino
Superior Dom Bosco como requisito parcial para
obtenção do grau de Bacharel em Psicologia.
Orientadora: Profª. Ma. Ana Letícia Barbosa Lima.

São Luís
2021.1
2

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


Centro Universitário – UNDB / Biblioteca
Pereira, Luane Macedo Souza

Encarceramento de adolescentes negros(as) e “pardos(as)” na Ilha de


São Luís-MA: escavações em documentos de gestão e inspeção do
atendimento socioeducativo em meio fechado realizado nos anos de
2018 e 2019. / Luane Macedo Souza Pereira. __ São Luís, 2021.
115 f.

Orientadora: Profa. Ma. Ana Letícia Barbosa Lima.


Monografia (Graduação em Psicologia) - Curso de Psicologia –
Centro Universitário Unidade de Ensino Superior Dom Bosco –
UNDB, 2021.
1. Encarceramento. 2. Racismo. 3. Direito da Criança e do
Adolescente. I. Título.
CDU 323.1“2018-2019”
3

LUANE MACEDO SOUZA PEREIRA

ENCARCERAMENTO DE ADOLESCENTES NEGROS(AS) E “PARDOS(AS)” NA


ILHA DE SÃO LUÍS-MA: escavações em documentos de gestão e inspeção do atendimento
socioeducativo em meio fechado realizado nos anos de 2018 e 2019

Monografia apresentada ao Curso de


Graduação em Psicologia do Centro
Universitário Unidade de Ensino Superior Dom
Bosco como requisito parcial para obtenção do
grau de Bacharel em Psicologia.

Aprovada em: 15/ 06/ 2021.

BANCA EXAMINADORA:

_____________________________________________
Prof. Ma. Ana Letícia Barbosa Lima (Orientadora)
Mestra em Psicologia Social (PUC-SP)
Centro Universitário Unidade de Ensino Superior Dom Bosco (UNDB)

_____________________________________________
Prof. Dr. Ramon Luís de Santana Alcântara
Doutor em Políticas Públicas (UFMA)
Universidade Federal do Maranhão (UFMA)

_____________________________________________
Prof. Me. Nonnato Masson Mendes dos Santos
Mestre em Direito e Instituições do Sistema de Justiça (UFMA)
Centro Universitário Unidade de Ensino Superior Dom Bosco (UNDB)
4

“Aos meninos e meninas na FUNAC”.


5

AGRADECIMENTOS

Saravá ao meu Orí, às Yabás, aos Oborós, aos Voduns, aos caboclos e às caboclas, às pomba-
giras, a Exú, ao meu povo e aos meus ancestrais. Peço licença.
Agradeço à minha família, sobretudo à minha mãe, Benedita, pelas tantas conversas, tantos
acolhimentos e por manter viva a memória dos nossos. À minha irmã, Suzane, pelos apoios e
incontáveis elaborações. Ao meu pai, Jorge, por me desacomodar com as políticas desse mundo.
À minha avó, Isabel (in memorian), por contradizer o próprio nome e nos deixar o Quilombo
Conceição, por me deixar seu tempo tecido em graça, crochês e fuxico.
Agradeço à professora Silvia, à FUNAC, aos garotos, à equipe técnica e aos demais
profissionais, por me apresentarem o campo da socioeducação e me ensinarem tanto.
À professora Letícia por ter acolhido minhas inquietações e mediado diversas vezes as
inseguranças e dúvidas.
Agradeço à 2ª Vara da Infância e da Juventude, ao Dr. Costa, por autorizarem a pesquisa e me
confiarem os dados.
À Meire, Vitória, Felipe, Jefferson e Andrieli, pela escuta querida, trocas de fabulações e pelas
críticas gentis e atentas. Imaíra, por provocar inquietações com os efeitos de verdades na
superfície. Enilson, por inspirar à luta pelos direitos de crianças e adolescentes na cidade e
compartilhar trajetórias. Tadeu, por me apresentar à arqueologia e interpelar sobre o cuidado
com questões indígenas e originárias. Matheus, pelo suporte solícito com a obtenção de dados
estatísticos. Pablo, voluntário do Emancipa Degase-RJ, por me apresentar à Rede Emancipa e
gentilmente me enviar um exemplar do livro “Intramuros”. Ao Núcleo de Psicologia da Rede
Emancipa e a toda Rede, que me move a uma educação popular, libertária e transformadora.
Ao Lucas Bezerra, pela gentileza em disponibilizar sua pesquisa antes mesmo da publicação,
pela atenção e disponibilidade em dividir descobertas sobre encarceramento de adolescentes e
jovens no Brasil. E à Cinthia Bisinoto por promover o Simpósio Nacional em Socioeducação e
responder solicitamente ao meu email, facilitando o contato com o Lucas.
À Articulação Nacional de Psicólogas(os) Negras (os) e Pesquisadores – ANPSINEP, ao núcleo
ANPSINEP-MA, por conjurar vozes negras na Psicologia. Ao Grupo de Estudos Marielle
Franco, à professora Francilene por orientar em várias questões relacionadas à política, à raça,
ao capital, ao mundo. Ao Grupo de estudos GEPEDIS-UFMA, à professora Glória por facilitar
os primeiros passos com a Análise de Discurso, que continuam se iniciando.
Enfim, um carinho a todes amigues, pesquisadories e professoras que me deram a mão nesse
processo de pesquisa-invenção que nunca mais foi solitário.
6

“As penitenciárias andam dando muito lucro,


nosso encarceramento em massa segue sendo incluso”1

“Meu sangue irrigará a árvore que dará os frutos da liberdade. Diga ao meu povo que eu os
amo e que eles devem continuar lutando. A luta continua.”2

1
Trecho da música “Manual do jovem negro”, 2019, Marco Gabriel, jovem rapper de São Luís-MA.
2
Discurso proferido pelo africano da África do Sul, Solomon Kalushi Mahlangu, antes da execução de sua sentença
de morte em Pretória, África do Sul, no dia 6 de abril de 1979. Solomon foi um jovem revolucionário e combatente
pela emancipação do povo negro e fim do apartheid.
7

RESUMO

A partir do projeto colonial europeu, a população negra e indígena no Brasil foi historicamente
privada de liberdade, fazendo com que crianças e adolescentes desses grupos já nascessem com
sua liberdade cerceada. Desde então, o colonialismo vem sendo atualizado através de novas
tecnologias de controle social e segregação sob os subsídios raciais, dentre as quais, destaca-se
o encarceramento. Assim, esta monografia teve como objetivo a investigação do
encarceramento de adolescentes na Ilha de São Luís-MA, sobretudo direcionado a adolescentes
negros e pardos, a fim de compreender indícios das condições do encarceramento de
adolescentes na Ilha por meio de documentos de gestão e inspeção da aplicação de medidas
socioeducativas em meio fechado. Conclui-se que o encarceramento de adolescentes na Ilha de
São Luís é seletivo, direcionado sobretudo a adolescentes negros, pardos e empobrecidos, o
que produz adolescentes-alvo e famílias-alvo do Sistema de Justiça Juvenil não só na Ilha de
São Luís, mas em todo o país, refletindo uma política nacional que organiza o atendimento
destinado aos/às adolescentes a quem se atribui o cometimento de ato infracional e preserva o
encarceramento como principal alternativa de controle social. Por fim, aponta-se que o
enfrentamento ao projeto de encarceramento de adolescentes precisa passar pela reparação
histórica, ao que se propõe pistas para pensar práticas abolicionistas nos dias atuais.

Palavras-chave: Encarceramento. Racismo. Direitos da Criança e do Adolescente.


8

ABSTRACT

Historically black and indigenous population’s freedom was deprived in Brazil by the European
colonial project as well as the one’s of their offspring over the forthcoming centuries, above all,
through new technologies of social control and segregation like incarceration based on an
update of racial subsidies. That said, this work aims to investigate the encarceration of teenagers
in the big island of São Luís, Maranhão, Brazil, mainly, towards black and brown teenagers in
order to understand its dynamics through management and inspection documents of socio-
educational mesures in an enclosed environment. In conclusion, it has been noticed a
selectiveness towards black and brown poor teenagers and their families who become targets
of the Juvenile Justice System. That reality is not only local, but spread alongside the whole
country as a national policy for teenagers in conflict with the law, which reflects the
maintanance of encarceration as a practice of social control, and, consequently, the need of
confronting that issue by means of the historical reparation, by pointing up clues for abolitionist
practices currently.

Keywords: Encarceration. Racism. Children and teenagers rights.


9

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

2ª VIJ – 2ª Vara da Infância e da Juventude da comarca de São Luís-MA


CCRAE – Centro de Convivência Restaurativa Alto da Esperança
CEDCA – Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente do Maranhão
CIJJUV – Centro Integrado de Justiça Juvenil
CJC – Centro de Juventude Canaã
CJE – Centro de Juventude Eldorado
CJF – Centro de Juventude Florescer
CJNJ – Centro de Juventude Nova Jerusalém
CJSNV – Centro de Juventude Sítio Nova Vida
CNJ – Conselho Nacional de Justiça
CNMP – Conselho Nacional do Ministério Público
CSAI – Centro Socioeducativo de Atendimento Inicial
CSF – Centro Socioeducativo Florescer
CSIMSL - Centro Socioeducativo de Internação Masculina de São Luís
CSIPC – Centro Socioeducativo de Internação Provisória Canaã
CSISC – Centro Socioeducativo de Internação do São Cristóvão
CSISJR – Centro Socioeducativo de Internação de São José de Ribamar
CSISNV – Centro Socioeducativo de Internação Sítio Nova Vida
CSIV – Centro Socioeducativo de Internação do Vinhais
ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente
FEBEM – Fundação Estadual para o Bem Estar do Menor
FUNABEM - Fundação do Bem-Estar do Menor
FUNAC – Fundação da Criança e do Adolescente
GIT – Grupo de Intervenção Tática
NAI – Núcleo de Atendimento Inicial
PIA – Plano Individual de Atendimento
PNBEM – Política Nacional do Bem-Estar do Menor
SAM – Serviço de Assistência a Menores
SEAP – Secretaria de Administração Penitenciária
SEDIHPOP – Secretaria de Direitos Humanos e Participação Popular
SGD – Sistema de Garantia de Direitos
SINASE – Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo
10

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ................................................................................................................. 12
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 14
2 RAÇA, ADOLESCÊNCIA E A LEI .................................................................................. 16
2.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS SOBRE “RAÇA”, RACISMOS E SUJEITOS RACIALIZADOS ............ 16
2.1.1 Continuidades do projeto colonial no Brasil: racismos, necropolítica e
miscigenação ..................................................................................................................... 18
2.2 HISTORICIZANDO POLÍTICAS DE RESPONSABILIZAÇÃO VOLTADAS A CRIANÇAS E
ADOLESCENTES NO BRASIL .................................................................................................... 19

2.3 A ESCOLHA PELO TERMO “ENCARCERAMENTO DE ADOLESCENTES NEGROS E PARDOS” .... 24


3 PERCURSO METODOLÓGICO ..................................................................................... 27
3.1 DELINEAMENTO DO TRIPÉ DA PESQUISA: PSICOSSOCIAL, DOCUMENTAL E DISCURSO........ 27
3.2 LOCAL DE ESTUDO E PERÍODO .......................................................................................... 29
3.3 COLETA DE DADOS-FRAGMENTOS .................................................................................... 29
3.4 ANÁLISE DOS DADOS-ENUNCIADOS .................................................................................. 31
3.5 QUESTÕES ÉTICAS ............................................................................................................ 34
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................................................... 35
4.1 BREVE APRESENTAÇÃO DOS MONUMENTOS E A DEMARCAÇÃO DO CAMPO ENUNCIATIVO 35
4.2 ENCARCERAMENTO DE ADOLESCENTES NEGROS/AS E PARDOS/AS NA ILHA DE SÃO LUÍS .. 42
4.2.1 Racismo estrutural e genderizado evidenciado nos documentos da FUNAC: de
quais famílias estamos falando? ....................................................................................... 42
4.2.2 Seletividade e violência policial no atendimento inicial .......................................... 47
4.2.3 Seletividade do judiciário e indícios das condições do encarceramento nas
unidades ............................................................................................................................ 51
4.2.3.1 Nas unidades de internação provisória .............................................................. 51
4.2.3.2 Nas unidades de internação definitiva ............................................................... 58
4.2.3.3 Nas (ausências de) unidades de semiliberdade .................................................. 63
4.2.4 As facções “como forma de sobrevivência e defesa dentro das unidades” ............. 65
4.2.5 Afinal, de quem/quais instituições é o problema do encarceramento seletivo de
adolescentes negros e pardos na Ilha de São Luís? ......................................................... 69
4.3 ESQUECIMENTOS DA RAÇA E OUTRAS DISPERSÕES ........................................................... 73
5 CONSIDERAÇÕES PARA NÃO FINALIZAR ............................................................... 77
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 81
11

APÊNDICE A – COMPILAMENTO DE DADOS COLHIDOS NOS RELATÓRIOS DE


GESTÃO DA FUNAC (2018 E 2019) REF. AO PERFIL DAS FAMÍLIAS ATENDIDOS
NA ILHA DE SÃO LUÍS......................................................................................................... 88
APÊNDICE B – COMPILAMENTO DADOS COLHIDOS NOS RELATÓRIOS DE
GESTÃO DA FUNAC (2018 E 2019) REF. AO PERFIL DOS ADOLESCENTES
ATENDIDOS NA ILHA DE SÃO LUÍS ................................................................................. 89
APÊNDICE C – 2ª VIJ, 2018A: COMPILAMENTO DO RELATÓRIO DE INSPEÇÃO
REF. AO 1º BIM. ..................................................................................................................... 90
APÊNDICE D – 2ª VIJ, 2018B: COMPILAMENTO DO RELATÓRIO DE INSPEÇÃO
REF. AO 2º BIM. ..................................................................................................................... 92
APÊNDICE E – 2ª VIJ, 2018C: COMPILAMENTO DO RELATÓRIO DE INSPEÇÃO
REF. AO 3º BIM. ..................................................................................................................... 94
APÊNDICE F – 2ª VIJ, 2018D: COMPILAMENTO DO RELATÓRIO DE INSPEÇÃO
REF. AO 4º BIM ...................................................................................................................... 96
APÊNDICE G – 2ª VIJ, 2018E: COMPILAMENTO DO RELATÓRIO DE INSPEÇÃO
REF.AO 5º BIM ....................................................................................................................... 98
APÊNDICE H – 2ª VIJ, 2018F: COMPILAMENTO DO RELATÓRIO DE INSPEÇÃO
REF. AO 6º BIM .................................................................................................................... 100
APÊNDICE I – 2ª VIJ, 2019A: COMPILAMENTO DO RESUMO DE INSPEÇÃO
REFERENTE AO 1º BIM. ..................................................................................................... 101
APÊNDICE J – 2ª VIJ, 2019B: COMPILAMENTO DO RELATÓRIO DE INSPEÇÃO
REFERENTE AO 2º BIM. ..................................................................................................... 103
APÊNDICE K – 2ª VIJ, 2019C: COMPILAMENTO DO RELATÓRIO DE INSPEÇÃO
REFERENTE AO 3º BIM. ..................................................................................................... 105
APÊNDICE L – 2ª VIJ, 2019D: COMPILAMENTO DO RELATÓRIO DE INSPEÇÃO
REFERENTE AO 4º BIM. ..................................................................................................... 107
APÊNDICE M – 2ª VIJ, 2019E: COMPILAMENTO DO RELATÓRIO DE INSPEÇÃO
REFERENTE AO 5º BIM. ..................................................................................................... 109
APÊNDICE N – 2ª VIJ, 2019F: COMPILAMENTO DO RELATÓRIO DE INSPEÇÃO
REFERENTE AO 6º BIM. ..................................................................................................... 111
APÊNDICE O – TABELA 3175 IBGE ................................................................................ 112
ANEXO A – AUTORIZAÇÃO PARA REALIZAÇÃO DA PESQUISA DOCUMENTAL –
2ª VARA DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE DE SÃO LUÍS-MA .................................. 113
ANEXO B – TERMO DE COMPROMISSO PARA USO DE DADOS EM ARQUIVO ... 114
12

APRESENTAÇÃO

Por esses dias, mamãe me contou que eu era uma criança difícil, pois tudo queria
saber o porquê, que quando me dizia uma regra, queria saber por que deveria obedecê-la.
Felizmente, apesar dos anos socializada em escolas e igrejas cristãs eurocentradas, as
inquietações e vontade de apreender o mundo não me deixaram, e sigo questionando os efeitos
de verdade que aparecem nas regras e leis impostas na sociedade em que vivo.
Sou uma jovem negra de 25 anos, filha de uma professora negra, de um feirante
branco, neta quilombolas, indígena, quebradeira de coco, donas de casa e lavradores. Nasci e
moro em uma periferia de São Luís – MA, onde cresci vendo laços comunitários sendo tecidos,
crianças brincando na rua, mas também vi vizinhos e colegas que estudavam comigo em escolas
públicas sendo cooptados pelas facções, alguns assassinados, outros encarcerados. Quase todas
as pessoas negras e periferadas que convivi/convivo foram/são, em algum sentido, alvo de
intervenções do Estado, muitas vezes violentas.
A primeira vez que pus os pés em uma unidade socioeducativa de internação foi no
início de 2016, quando estava como gestora operacional em uma Organização Não
Governamental (ONG) que aplicava programas educativos em escolas públicas e privadas, eu
era responsável por gerir e operacionalizar as ações em São Luís-MA. Um dia, o então diretor
do Centro de Juventude Sitio Nova Vida entrou em contato pedindo que aplicássemos um dos
nossos programas na instituição. Chegando lá, ele me apresentou a unidade e, passando por
alguns socioeducandos, me chamava atenção que eram todos negros, mas não fazia ideia do
que isso significava.
Mais de três anos depois, em 2019, fui pela segunda vez a uma unidade de
internação para adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas, desta vez, como
estagiária de Psicologia, para realizar o estágio obrigatório específico 1 no Centro
Socioeducativo de Internação do São Cristóvão. Logo nos primeiros dias, a professora e
supervisora de estágio, também psicóloga técnica da unidade, nos apresentou aos
socioeducandos. Assim que J.3, menino negro retinto, me viu, comentou “olha, o cabelo da tia
é enrolado que nem o meu”4, quando a professora lhe comunicou que alguns deles seriam
atendidos individualmente por uma de nós, que realizaríamos atendimento psicológico
institucional sob sua supervisão, J. prontamente disse que desejava que eu o atendesse.

3
O nome do adolescente foi resguardado a fim de proteger sua identidade.
4
Retirado do diário de campo de estágio da autora (2019).
13

No momento de decidirmos quem atenderia quem, lembrei a supervisora que o


garoto havia sinalizado uma identificação comigo e lhe disse que eu achava isso importante
para o vínculo, e por isso gostaria de atendê-lo. Assim foi. Segui realizando as escutas e
acompanhamento com J., que me parecia um garoto, embora introvertido durante os
atendimentos, empenhado a falar de questões caras para si e interessado em compreendê-las.
Durante o estágio, entre uma semana e outra de atendimento, soube pela supervisora
que J. havia sido encaminhado ao Centro de Triagem de Pedrinhas-MA (Unidade
Penitenciária), pois havia desrespeitado um monitor no momento de refeição, e, ao ser contido,
teria chutado e danificado um bebedouro da unidade, sendo então processado pela própria
instituição por dano ao patrimônio, já que era maior de idade (sic). Dias depois, J. retornou à
unidade da FUNAC para cumprir a medida de internação, mas quando terminasse, já teria que
responder ao processo como réu no sistema de justiça adulto, indiciado pela própria Fundação.
Mas por que uma instituição que, pela legislação, deveria ser essencialmente
educativa, teria interesse em J. responder ao sistema de justiça adulto por um delito que não
apresentava grave ameaça às pessoas? Por que J. estava tão irritado nesse dia? Por que a
instituição nem hesitou em expor J. ao Centro de Triagem de Pedrinhas, em contato com
homens mais velhos acusados dos mais variados crimes? Essas eram as questões que gritavam
em minha mente enquanto eu escutava a história contada pela supervisora.
A partir dessa situação, passei a pesquisar mais sobre encarceramento de
adolescentes e entendi que tanto J., quanto os meninos que vi no Sítio, e outros tantos, faziam
parte da regra dos meninos e meninas pretos/as e pardos/as que são a maioria dos adolescentes
em cumprimento de medidas em meio fechado no Brasil, e, no caso de J., provavelmente, seria
também parte da regra dos 66,7%5 de pessoas negras encarceradas no sistema brasileiro de
justiça adulto. Decidi então que abordaria o encarceramento de adolescentes negros em meu
TCC. Assim, este é um trabalho produzido de um esforço de compreensão de mundo, a partir
do olhar que desde menina me convoca a questionar as regras e seus porquês.

5
Disponível em: <https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2020/10/19/em-15-anos-proporcao-de-negros-nas-
prisoes-aumenta-14percent-ja-a-de-brancos-diminui-19percent-mostra-anuario-de-seguranca-publica.ghtml>.
Acesso em: 4 abr. 2021.
14

1 INTRODUÇÃO

A partir do projeto colonial europeu, que promoveu o tráfico de pessoas africanas


pelo Atlântico e escravização de povos originários, a população negra e indígena no Brasil foi
historicamente privada de liberdade, fazendo com que crianças e adolescentes desses grupos já
nascessem com sua liberdade cerceada (RIZZINI; PILOTTI, 2011; MBEMBE, 2018a). Desde
então, o colonialismo vem se atualizando através de novas tecnologias de controle social e
segregação sob os subsídios raciais (MBEMBE, 2018a; BORGES, 2018), como o
encarceramento de adolescentes (BEZERRA, 2020; GOMES, 2015).
Pensando nisso, esta pesquisa teve como objetivo a descrição do encarceramento
de adolescentes na Ilha de São Luís-MA, sobretudo direcionado a adolescentes negros e
pardos6, procurando indícios acerca desse fenômeno, tendo como corpus de análise
documentos de gestão e inspeção das medidas socioeducativas em meio fechado voltadas a
adolescentes, produzidos pela da Fundação da Criança e do Adolescente do Maranhão –
FUNAC e 2ª Vara da Infância e da Juventude da comarca de São Luís – 2ª VIJ, respectivamente.
Dessa forma, emerge questões como: Em que medida pode-se falar de
encarceramento seletivo de adolescentes negros e pardos? Que relações discursivas se
apresentam entre as fontes produzidas pela FUNAC e 2ª VIJ? Sob quais condições a raça é
abordada, ou não, nesses documentos?
A fim de responder a essas questões que dissecam o problema de pesquisa, no
capítulo a seguir, tem-se a sustentação teórica em estudos no campo da crítica contra colonial
(BISPO, 2015) e pós-colonial (MBEMBE, 2018a; 2018b; KILOMBA, 2019), associadas a
estudos em psicologia social antirracista (BENTO, 2002), procurando compreender a noção de
raça, racismos e seus efeitos na produção de sujeitos racializados. Faz-se uma historicização
sobre acontecimentos, do período colonial/imperial à redemocratização do Brasil, nas políticas
destinadas a crianças e adolescentes brasileiras a quem se atribui o cometimento de ato
infracional, sobretudo adolescentes negros, indígenas, pardos e empobrecidos.
Feito isso, convoca-se estudos recentes no Brasil sobre encarceramento de
adolescentes, de 2012 a 2021, relacionando o tema à necropolítica, encarceramento em massa,

6
Os Relatórios Anuais de Gestão da FUNAC (2018; 2019), que serviram como fonte para a obtenção dos dados
racializados desta pesquisa, utilizam os termos “negros” e “pardos” como algumas das possibilidades para
autodeclaração das famílias e adolescentes atendidos. No entanto, o IBGE (2019) adota os termos “pretos” e
“pardos” como possibilidades. Optou-se por manter tal como informado pelos documentos analisados e, devido à
discussão histórica em torno do termo pardo, não sendo consensual sua atribuição, se optou por utilizá-lo sempre
em itálico para marcar uma desnaturalização do uso.
15

racismo estrutural e institucional a fim de justificar a escolha política pelo termo


“encarceramento de adolescentes negros e pardos”.
O terceiro capítulo se trata do percurso metodológico, um trajeto que se deu
principalmente sob três pilares: psicologia social, pesquisa documental e arqueologia do
discurso proposta por Foucault (2008). Nesse capítulo, se evidencia o problema de pesquisa,
local e período, quais sujeitos/instituições aos quais se refere, qual o delineamento, sua
natureza, objetivos e procedimentos técnicos para a coleta e análise dos dados, e ainda quais as
questões éticas que transversalizaram este trabalho.
O quarto capítulo se trata dos resultados e discussões, no qual busca-se descrever e
analisar enunciados presentes em relatórios de Gestão da FUNAC e em relatórios de inspeção
da 2ª VIJ referentes ao atendimento socioeducativo realizado nos anos 2018 e 2019, destacados
conforme objetivos da pesquisa. Como resultado, a partir das análises sobre o tecido
documental, se evidencia como o racismo estrutural, genderizado e institucional aparece nas
relações discursivas que compõem os documentos e ainda se descreve indícios das condições
do encarceramento de adolescentes segundo os enunciados analisados. Problematiza-se as
instituições corresponsáveis pelo encarceramento em massa de adolescentes e pelo
encarceramento seletivo de adolescente negros e pardos, e também as condições de ausências
e presenças do objeto raça.
Por fim, o último capítulo não é sobre considerações finais, mas considerações para
não finalizar, nem esgotar o problema de pesquisa. Constata-se que o encarceramento de
adolescentes na Ilha de São Luís é seletivo, direcionado sobretudo a adolescentes negros,
pardos e empobrecidos, produzindo adolescentes-alvo e famílias-alvo do Sistema de Justiça
Juvenil, salientando que esse não é um contexto apenas na Ilha de São Luís, mas reflete uma
política nacional, ou seja, é consoante à uma atualização do projeto colonial que acontece
historicamente no Brasil.
Há repetições históricas nas quais se encontram as políticas e instituições que
constituem o atendimento destinado ao/às adolescentes a quem se atribui o cometimento de ato
infracional, e tais políticas preservaram o encarceramento como principal alternativa de
controle. Dessa forma, entende-se que o enfrentamento ao projeto de encarceramento seletivo
de adolescentes negros, pardos e empobrecidos no Brasil precisa passar pela reparação
histórica, ao que se propõe pistas para pensar práticas abolicionistas e contra coloniais
associadas à garantia e proteção dos direitos de crianças e adolescentes e à psicologia social-
comunitária.
16

2 RAÇA, ADOLESCÊNCIA E A LEI

É preciso historicizar a luta por direitos humanos no Brasil para que se entenda e se
problematize o percurso caminhado até a atualidade. Do mesmo modo, visto que o Brasil tem
em sua fundação como Estado-nação o racismo e colonialismo como estruturantes, é preciso
levar em conta a categoria “raça” (ALMEIDA, 2018), interseccionalizando a outras categorias
como gênero, classe e territorialidade, em toda e qualquer análise que se faça da população
brasileira (KILOMBA, 2019).
Sendo assim, buscou-se destacar alguns acontecimentos que são registrados como
marcos na história brasileira, levando em consideração que a história não acontece numa linha
continuamente evolutiva, sendo retrocessos e contradições constitutivos da história
(FOUCAULT, 1999).

2.1 Considerações iniciais sobre “raça”, racismos e sujeitos racializados

Achille Mbembe, filósofo africano camaronês, discute que a invenção da “raça” no


Ocidente se deu inerentemente ao colonialismo, no início da época moderna. Através do mito
da superioridade racial, o hemisfério ocidental, tendo como figura principal o continente
europeu, “considerava-se o centro do globo7, a terra natal da razão, da vida universal e da
verdade da humanidade”, e desse lugar, formulou o “direito das gentes”, codificando “os rituais
diplomáticos, as leis da guerra, os direitos de conquista, a moral pública e as boas maneiras, as
técnicas do comércio, da religião e do governo” (MBEMBE, 2018a, p. 29).
Nessa visão, tudo o que fosse o excedente, “o resto”, aquilo que tirando o Ocidente
sobrasse do mundo, figurava-se como dessemelhante, coisificado pelo poder puro do negativo
(MBEMBE, 2018a). Como consequência disso, povos originários das regiões alvos do projeto
colonial europeu, como africanos e indígenas, por um lado eram representados como “o
exemplo consumado desse ser-outro, vigorosamente forjado pelo vazio” e, por outro lado,
consideravam que essas populações seriam apenas em partes desprovidas de humanidade,
sendo possível salvá-los através da moral cristã, “o que fazia do empreendimento colonial uma
obra fundamentalmente civilizadora e humanitária” (MBEMBE, 2018a, p.31, grifos do autor).

7
O autor está se referindo ao projeto colonial de expansão europeia, marcado pelos ideais de civilização, direito e
cientificidade, que viriam a ser os princípios da modernidade e deram “origem a uma ideia de ser humano dotado
de direitos civis e políticos, permitindo-lhe exercer seus poderes privados e públicos como pessoa, como cidadão
pertencente ao gênero humano” (MBEMBE, 2018a, p. 29) e, com a mesma veemência, destituindo outros grupos
desse lugar de “humanos”.
17

Desde então, a Europa vem diligentemente se empenhando em formular e veicular


discursos (políticos, midiáticos, educacionais, religiosos, culturais etc.) que tomam a África e
o negro como objetos, num fabuloso mecanismo de poder de violação à dignidade desses povos
(MBEMBE, 2018a). Mbembe (2018a, p.32) revela que tais fabulações se autonomizaram de tal
forma através do “mundo das palavras e dos signos [...], que não se tornou apenas uma tela para
apreensão do sujeito, de sua vida e das condições de sua produção, mas uma força em si, capaz
de se libertar de qualquer vínculo com a realidade”.8
Segundo Bispo (2015), os colonizadores, amparados sob a égide bíblica,
desconsideraram as autodenominações dos povos originários e os intitularam de “índios”, assim
como denominaram os africanos sequestrados de África de “negros”, a fim de animalizar esses
povos, ou seja, destituí-los do valor de humanos, para domesticá-los e escravizá-los. Essa
prática de ler o outro apenas sob seu próprio referencial é característica da branquitude9.
Sendo assim, a raça consiste no ódio e terror, praticando “o alterocídio, isto é,
constituindo o outro [...] como objeto propriamente ameaçador, do qual é preciso se proteger,
desfazer, ou ao qual caberia simplesmente destruir, na impossibilidade de assegurar seu controle
total” (MBEMBE, 2018a, p. 27). Segundo Mbembe (2018a), em sua dimensão fantasmagórica,
a raça é uma figura neurótica produzida pela branquitude, “não é com o sujeito negro que
estamos lidando, mas com as fantasias brancas sobre o que a negritude10 deveria ser”
(KILOMBA, 2019, p.38, grifos da autora). Fantasias essas, que dizem mais sobre o narcisismo
e projeção de sujeitos brancos, sobre seu imaginário, que sobre os sujeitos não-brancos
(BENTO, 2002).
Para Kabengele Munanga (2006, p. 48), a raça não existe num fundamento
biológico ou geneticista, seu conteúdo é, sobretudo, social e político, “ela existe na cabeça dos
racistas e de suas vítimas”, o problema é como a ideologia racista simboliza as diferenças
fenotípicas, como, por exemplo, a manifestação de seus signos nas estruturas sociais, práticas
institucionais e individuais (ALMEIDA, 2018).

8
Mbembe (2018a) ressalta que é justamente esse “princípio da raça” acumulado ao do capital que distingue o
tráfico negreiro pelo Atlântico e suas instituições das formas nativas de servidão em África.
9
De acordo com Cida Bento (2002), branquitude é o conjunto de traços da identidade racial do branco, baseada
no processo de hipervalorização dos aspectos culturais, linguísticos, físicos etc. da elite branca brasileira, inventado
e mantido por essa mesma elite.
10
Segundo a dra. em Psicologia Maria André, o termo “negritude” foi cunhado pela primeira vez nos anos 30 por
intelectuais e poetas de países francófonos, como Senghor (Senegal), Fanon (Martinica) e Cesaire (Antilhas) como
movimento de positivação de aspectos culturais, físicos e históricos africanos. No Brasil, esse tema foi de estrita
relevância para a construção do Movimento Negro Unificado, fazendo referência tanto a questões de autoafirmação
de identidades negras, quanto a relações na sociedade (ANDRE, 2007).
18

Dito isso, tal como no início da modernidade, quando “a retirada forçada de sua
terra, de sua comunidade, de sua língua, de seus laços afetivos e a subsequente diáspora pelo
mundo na condição de escravos11” produziu efeitos devastadores em subjetividades de pessoas
africanas12 (VEIGA, 2019, p.245), no Brasil, ainda hoje há incidências desse período assolador
que afetam prejudicialmente os processos de subjetivação de pessoas negras, enquanto
privilegiam os de pessoas brancas.

2.1.1 Continuidades do projeto colonial no Brasil: racismos, necropolítica e miscigenação

De acordo com Almeida (2018, p. 50), “pessoas racializadas são formadas por
condições estruturais e institucionais”, assim, o racismo consiste num modo sistemático de
discriminação, que coloca determinado grupo racial numa hegemonia e outro na condição
subalterna. Lélia Gonzalez (2020, p. 55) caracteriza o racismo como “uma construção
ideológica cujas práticas se concretizam nos diferentes processos de discriminação racial”. Para
Kilomba (2019, p. 34), “no racismo, o indivíduo é cirurgicamente retirado e violentamente
separado de qualquer identidade que ela/ele possa realmente ter”.
Considera-se pelo menos três concepções de racismo: a individualista, que trata o
racismo como sendo uma patologia de indivíduos que agem sozinhos ou em grupo,
isoladamente ao contexto social; a de racismo institucional, a qual trata do funcionamento das
instituições que conferem, direta ou indiretamente, desvantagens ou privilégios a partir da
leitura racial que faz dos sujeitos; e a de racismo estrutural, decorrente da própria estrutura
social, na qual o racismo vai sendo tecido via relações sociais, políticas, jurídicas e econômicas,
fazendo com que nem a responsabilização individual, nem a institucional por atos racistas
supere a reprodução da desigualdade racial (ALMEIDA, 2018; KILOMBA, 2019).
Além dessas modalidades de racismos, Grada Kilomba (2019) alerta ainda para a
importância de analisar as opressões interseccionalizadas em raça e gênero, ao que ela nomeia
como Racismo Genderizado. De acordo com a autora, mulheres negras ocupam um espaço
crítico na teoria e em espaços de decisão, pois, no geral, os debates sobre “raça” tomam como

11
Veiga (2019) nomeia como “efeito diáspora” a sensação de não se sentir pertencente ao ambiente onde se vive,
a dificuldade de ser genuinamente acolhido e incluído nas dinâmicas sociais numa posição equânime com os
demais membros da sociedade e não numa posição de subalternidade.
12
Quanto a isso, Veiga (2019) fala da importância das fugas para construção de quilombos no período escravocrata
no Brasil, onde se dava o regate das identidades e ajuntamento negro e indígena, sendo possível compartilhar
práticas culturais africanas como resistência ao processo de coisificação promovido pelo projeto colonial.
19

sujeito o homem negro; os debates sobre “gênero”, tomam como sujeito a mulher branca; e os
debates sobre “classe” excluem raça (KILOMBA, 2019).
Outro seguimento que se destaca é a violência direcionada à juventude negra. Em
2016, o Senado Federal se deu conta, através da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre
o assassinato de jovens, que a “cada 23 minutos ocorre a morte de um jovem negro no Brasil”,
concluindo que “o Estado brasileiro, direta ou indiretamente, provoca o genocídio da população
jovem e negra”, processo reconhecido como “umbilicalmente marcado pelo racismo
institucional” (BRASIL/SENADO, 2016, p. 32, p. 145, p. 146).
Nessa perspectiva, Mbembe (2018b) propõe o termo Necropolítica para pensar essa
seletividade de quem deve ou não ter direito à vida, que está inscrita nas relações do Biopoder13.
A sociedade, portanto, é classificada em dois grupos: aqueles que devem viver e os que devem
morrer, considerando que à medida em que os sujeitos do segundo grupo morrem – ou são
privados/restritos de liberdade –, os do primeiro se sentem mais seguros para viver.
Além disso, também como continuidade da colonização no Brasil, no período “pós-
abolição”, houve um processo de branqueamento da população através da ideologia da
mestiçagem, que visava construir uma identidade nacional e diluir os conflitos entre as raças ao
mesmo tempo (FREYRE, 1980 apud BENTO, 2002). O projeto eugenista no Brasil visava
também o etnocídio indígena, que diz respeito ao extermínio sistemático dos modos de vida de
povos originários que viviam livres no Brasil antes do colonialismo (KRENAK, 2021). Assim,
a saída foi incentivar massivamente o “cruzamento racial” (BENTO, 2002, p. 21), a partir do
qual se produziu diversas categorias que apagava identidades negras e indígenas como
“moreno”, “pardo”, “caboclo”, “mulato” etc. (KRENAK, 2021).

2.2 Historicizando políticas de responsabilização voltadas a crianças e adolescentes no


Brasil

Este item se propõe a uma sucinta historicização das políticas sociais destinadas à
responsabilização de crianças e adolescentes no Brasil em geral e, em especial, a adolescentes
negros e pardos. Ou seja, se buscará por problematizar e deslocar saberes acerca de
acontecimentos considerados como marcos na construção dos direitos da infância e
adolescência, indo do período colonial-imperial, república e ditadura militar até à
redemocratização, promulgação do ECA e SINASE (LEMOS et al., 2016).

13
Noção foucaltiana que trata do biopoder, no qual “são mortos legitimamente aqueles que constituem uma espécie
de perigo biológico para os outros” (FOUCAULT, 2012, apud LEMOS et al., 2015, p.395).
20

De 1500 a 1889, este período vai do Brasil Colônia ao Império, quando prevalecia
o paradigma Caritativo-Religioso (FRASSETO at al., 2016). No início desse período, em 1543,
tem-se a criação da 1ª Santa Casa de Misericórdia, sob os cuidados da igreja católica, que servia
de asilo para pessoas que estivessem no grupo dos desprovidos – os doentes, órfãos e crianças
deixadas na Roda dos Expostos14 (RIZZINI; PILOTTI, 2011; MELO SILVA, 2011;
CARVALHO, 2018). Inicialmente, o Estado acolhia essas crianças, e mais tarde, as explorava
em trabalhos produtivos forçados (MELO SILVA, 2011; CARVALHO, 2018).
Em 1824, a primeira Constituição do Império ainda não incluía políticas sociais
voltadas à população infanto-juvenil (SILVA, 2017), todavia, no primeiro código penal do
Império, o Código Criminal de 1830, autoriza-se que crianças e adolescentes entre sete e treze
anos, a quem se acusava de atos contra a lei, poderiam ser internados em Casas de Correção até
aos 17 anos, segundo avaliação do Juiz, e a partir de 14 anos, já possuíam imputabilidade plena
(FRASSETO et al., 2016; MELO SILVA, 2011).
O sistema jurídico no Brasil Império era o mesmo que vigia em Portugal (MELO
SILVA, 2011). Entre 1825 e 1837, foram promulgadas várias “legislações sobre órfãos,
aprendizes, menores infratores (sic.), instituições de assistência privada e educação, além de
criar asilos e escolas” destinadas apenas a crianças e jovens vulnerados (órfãos, abandonados e
pobres), nas quais a ideologia assistencialista era preponderante (MELO SILVA, 2011;
CARVALHO, 2018).
Até então, crianças escravizadas no Brasil eram completamente excluídas das
legislações de assistência social ao público infantil, mesmo dentre os vulnerados, comumente
tratadas como brinquedos, sendo muitas vezes doadas como presentes aos filhos das famílias
brancas escravocratas (RIZZINI; PILOTTI, 2011). Na Lei Nº 1/1839, há explicitamente a
proibição de frequentar as Escolas Públicas “os escravos, e os pretos Africanos, ainda que sejão
livres ou libertos” (ASPHE, 2005, p. 199).
Embora “criança ou menor ou infância” fosse uma categoria de plena consciência
social15, a elite escravocrata excluía dessa categoria de criança, os filhos de pessoas
escravizadas, sendo colocadas como merecedoras de cuidado e atenção apenas crianças de pele

14
As crianças eram deixadas por algumas famílias não tinham recursos ou que eram constrangidas pela moral
cristã a abandoná-las, por serem tidas fora do casamento.
15
Ao analisar artigos de diversas leis e dispositivos com força de lei ou contrato no Brasil datadas entre 1830 e
1889, Pinto (2010, ) critica a ideia comumente difundida de que no Brasil, durante o período imperial, crianças
eram consideradas adultos em miniatura, afirmando que essa concepção pertence à Idade Média europeia, distante
do tratamento dispendido por africanos e indígenas no Brasil, que sempre trataram suas crianças com afeto e isso
influenciou no modo com que as classes dominantes desses períodos passaram a tratar as suas. Sobonfu Somé
(2007), do povo Dagara, explica inclusive como a aplicação do provérbio africano de que “é necessário uma aldeia
inteira para educar uma criança” se dá em sua cultura.
21

branca da elite brasileira (PINTO, 2010). De acordo com Pinto (2010), uma criança escravizada
com oito anos de idade deveria desempenhar as mesmas tarefas de uma pessoa adulta
escravizada de vinte anos.
Somente em 1871, com a lei do Ventre Livre, o Estado brasileiro contempla de
alguma forma crianças escravizadas (MELO SILVA, 2011), mas ainda sem assistência
específica. A Lei do Ventre Livre estabelecia que a partir dos 8 anos de idade, a criança
escravizada poderia ser liberta pelo escravocrata que a subjugava, caso o Estado o indenizasse,
ou ele poderia continuar sujeitando-a até que completasse 21 anos de idade (RIZZINI;
PILOTTI, 2011).
Em 1888, tem-se a promulgação da Lei Áurea no Brasil que, apesar de ser
conhecida como “a lei da abolição da escravidão”, não visou a reparação de séculos de
subjugação da população negra e indígena (EUGÊNIO-JR, 2019). Enquanto o século XIX
avançava, as autoridades empreendiam medidas repressivas visando disciplinar a presença dos
menores no espaço públicos e dispersar os ajuntamentos, cuja maioria era negros escravizados
ou recém libertos, os chamados “moleques”, juntamente aos órfãos e vadios (FRAGA-FILHO,
1996 apud JOVINO, 2015, p. 212).
Sujeitos a punições rígidas e castigos corporais, crianças e adolescentes que
estivessem ocupando as ruas, sofriam com “palmatórias corretivas quando recolhidos ao quartel
da polícia ou uso de chibatadas para dispersar”, quando não, eram inseridos compulsoriamente
em oficinas, escolas e serviço militar ou internados em orfanatos (FRAGA FILHO, 1996 apud
JOVINO, 2015, p. 207).
A partir da segunda metade do século XIX, as ideias caritativas cristãs vão sendo
substituídas pelo paradigma racionalista científico, representado pela medicina higienista que
visava responder às altas taxas de mortalidade infantil16 no Brasil, voltada sobretudo à “criança
filha da pobreza” (MELO SILVA, 2011, p. 35), iniciando o período do Brasil República.
De 1889 a 1930, no período da República, continuava a postura paternalista e
omissa quanto à infância e não havia leis ou instituições constituídas para a proteção de pessoas
menores de 18 anos (RIZZINI, 1995 apud MELO SILVA, 2011). No entanto, o Código Penal
de 1890 permitia que crianças a partir dos nove anos de idade, tidas como “delinquentes”
fossem julgadas e aprisionadas da mesma forma que adultos (WESTIN, 2015).

16
De acordo com Rizzini e Pilotti (2011), em um relatório do Ministro do Império referente a 1854, havia no
sistema de Roda dos Expostos um total de 656 crianças, sendo mortas 435. E no ano anterior, havia 630 e morreram
515.
22

O primeiro Juizado de Menores surge em 1923 (CARVALHO, 2018) e em 1927, o


Código de Mello Mattos17, tentando atender à sociedade “que cobrava ações do Estado quanto
à situação perigosa de crianças pobres nas ruas, entendidas como consequência do abandono e
da falta de proteção da família, por isso necessitando de proteção do Estado” (SILVA, 2017, p.
25). O discurso inicial dos idealizadores desse modelo de assistência pautava-se na proteção do
“menor pobre”, no entanto era válido somente para atender aos desejos dos grupos que
tomavam esses sujeitos como representação de perigo à ordem pública e ameaça à propriedade
privada (BUDÓ, 2015; SILVA, 2017; CARVALHO, 2018).
Embora houvesse uma leitura mais social da infância e da juventude na
Constituição Federal de 1937 (SOARES, 2003 apud MELO SILVA, 2011), na prática, foi se
construindo uma realidade bastante diferente. Em 1940, foi implantado o Serviço de
Atendimento ao Menor (SAM), um órgão do Ministério da Justiça estritamente correcional-
repressivo, como se fosse um sistema penitenciário voltado para crianças e adolescentes
(SILVA, 2017; CARVALHO, 2018), sendo que é para as infâncias e adolescências pobres e
não-brancas que se voltam as políticas de prisionalização. No Estado Novo, assistir à infância
era “uma questão de defesa nacional” (RIZZINI, 2011, p. 247).
De 1964 a 1988, na Ditadura Militar, o problema do abandono de menores de idade
ou cometimento de atos penais por crianças ou adolescentes passa a ser considerado pelas
políticas de segurança nacional. Logo no primeiro ano do Golpe Militar, é criada a Política
Nacional de Bem-Estar do Menor (PNBEM), cuja responsabilidade central é da FUNABEM
(Fundação Nacional de Bem-Estar do Menor) – que substitui o SAM – e nos estados, o órgão
executor dessa política é a FEBEM (Fundação Estadual de Bem-Estar do Menor) (FRASSETO
et al., 2016; MELO SILVA, 2011; SILVA, 2017).
O modelo que vigia nessa época era do internato de menores ou ‘internatos-prisão’,
“prevalecendo as medidas repressivas que visavam cercear os passos dos menores e suas
condutas ‘antisociais’” (FRASSETO et al., 2016, p. 33), “chegando-se a internar, apenas entre
1967 e 1972, 53 mil crianças” (RIZZINI E RIZZINI, 2004, apud BUDÓ, 2015, p. 1033). Foi
nesse contexto que o Segundo Código de Menores entrou em vigência, promulgado pela Lei
N° 6.697 de 1979, consagrando a Doutrina da Situação Irregular, na qual o Estado brasileiro
passa a considerar que determinadas crianças, jovens e suas famílias estão marcados na situação
irregular e, portanto, são “objeto potencial de intervenção do sistema de justiça” (MELO
SILVA, 2011, p. 40).

17
O primeiro Código de Menores leva o nome de Mello Mattos, primeiro Juiz de Menores da América Latina
(CARVALHO, 2018).
23

Os Juizados de Menores, que generalizavam tanto crianças e adolescentes vítimas


de violências quanto aquelas acusadas de cometer violência contra o outro, exerciam sobre estes
um poder de tutela somado à ideia de criminalização da pobreza (MELO SILVA, 2011). O
Código de 1979 manteve o caráter repressivo e de controle do Código Mello Mattos, não se
importando com a reinserção social, educação, desenvolvimento pessoal, entre outros direitos
humanos (SILVA, 2017).
Com a redemocratização do Brasil em 1988, atestada pela Constituição Brasileira
de 1988, os direitos humanos da infância, adolescência passam a ser inseridos no texto
constitucional18. A Doutrina da Proteção Integral é então consagrada no ordenamento jurídico
brasileiro e institucionalizada com a promulgação do ECA pela Lei Nº 8.069 de 1990,
fortemente influenciado pela Convenção Internacional dos Direitos da Criança (SILVA, 2017;
MELO SILVA, 2011; FRASSETO et al., 2016).
O ECA estabelece que todas as crianças e adolescentes sejam vistas como sujeitos
de direitos e pessoa em situação peculiar de desenvolvimento e diferencia pela primeira vez na
legislação brasileira as categorias “criança” e “adolescente”, direcionando a medida
socioeducativa destinada apenas a adolescentes a quem se atribui cometimento de ato
infracional (entre 12 e 18 anos incompletos), enquanto as crianças passam a ser penalmente
irresponsáveis, a quem caberão as medidas de proteção caso venham a cometer atos infracionais
(CEDECA, 2017; SILVA, 2017).
De acordo com o art. 112 do ECA, as medidas socioeducativas, destinadas a
adolescentes a quem se atribui o cometimento de ato infracional, podem ser realizadas em meio
aberto – Prestação de Serviço à Comunidade ou Liberdade Assistida – e em meio fechado, com
privação ou restrição de liberdade – Semiliberdade ou Internação (CONANDA; 2006;
CEDECA, 2017). Após a promulgação do ECA, houve alguns avanços na garantia de direitos
a crianças e adolescentes no Brasil, e um deles é a estruturação do Sistema de Garantia de
Direitos da Criança e do Adolescente (SGD), que está organizado em três eixos estratégicos:
promoção, defesa e controle.
Os serviços e programas de execução de medidas socioeducativas, encontra-se no
eixo de promoção de direitos do SGD e é organizado pelo Sistema Nacional de Atendimento
Socioeducativo – SINASE (CONANDA, 2006). Instituído há menos de dez anos, em 2012, o

18
Com a Emenda Constitucional nº 65 de 2010, os jovens passam a ser considerados também prioridade: “É dever
da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o
direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito,
à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência,
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão” (BRASIL/CASA CIVIL, 2010, art. 227).
24

SINASE é considerado como o Marco Legal da Socioeducação e diz do “conjunto ordenado de


princípios, regras e critérios, de caráter jurídico, político, pedagógico, financeiro e
administrativo, que envolve desde o processo de apuração de ato infracional até a execução de
medida socioeducativa” (CONANDA, 2006, p. 22).
Enquanto no período Colonial e Imperial, a decisão de qual medida sentenciar para
cada criança e adolescente, era dada pelo Juiz de Órfãos e Expostos, e, a partir da República,
essa incumbência passa a ser do Juiz de Menores, que segue sendo cada vez mais repressiva e
higienista na época da Doutrina da Situação Irregular na Ditadura Militar. Com o período
chamado de redemocratização do Brasil, essa tarefa fica sendo a cargo do Juiz da 2ª Vara da
Infância e da Juventude dos Tribunais de Justiça estaduais.

2.3 A escolha pelo termo “encarceramento de adolescentes negros e pardos”

Se por um lado, o SINASE e o ECA preveem a priorização de medidas em meio


aberto em detrimento das de meio fechado, por outro, pesquisas dos últimos anos vêm
apontando o fenômeno do encarceramento de adolescentes em massa no Brasil (BEZERRA,
2020; BORGES, 2018; VIEIRA, 2012). Para Borges (2018, p. 68), “as prisões são depósitos do
que a sociedade marginaliza e nega”, logo, são famílias pobres, negras ou pardas,
desempregadas e subempregados, de baixa escolarização e pouca ou nenhuma
profissionalização, as que mais sofrem com a prisionalização.
Antes de terem o direito à liberdade restrito ou privado, há um trabalho estrutural
que primeiramente os priva ou restringe direitos através da não execução de políticas
educacionais, de saúde, habitação, cultura, lazer, cidadania, profissionalização etc. (BEZERRA,
2020; CARLOS, 2017; CARVALHO, 2015; SOUZA et al., 2021; VIEIRA, 2012). Assim, além
de serem condenados a viverem indignamente devido ausências de políticas sociais, que
poderiam funcionar como preventivas à prática infracional, esses jovens são condenados
também ao encarceramento (MENEGUETTI, 2018 apud SOUZA et al., 2021).
No Brasil, tanto a ideação histórica que subsidiou as políticas sociais destinadas à
crianças e adolescentes, quanto a criminologia, estiveram submetidas à ideologia racista que se
deu a partir de condições materiais concretas e relações de poder inscritas na hegemonia
colonial e na implementação do capitalismo (BEZERRA, 2020; BORGES, 2018; CARVALHO
2015). Segundo Carvalho (2015, p. 616), na margem do capitalismo industrial, “a recepção das
teorias criminológicas refletiu as necessidades de um controle social voltado para a repressão
25

das populações não-brancas, sobretudo as negras”, tendo o racismo materializado em discursos


geradores de práticas punitivas, autoritárias e genocidas.
Michelle Alexander cunha a expressão “encarceramento em massa” para se referir
ao “conjunto de arranjos estruturais que bloqueiam um grupo racialmente distinto em uma
posição política, social e econômica subordinada, criando efetivamente uma cidadania de
segunda classe”, e todo sistema racial de subcastas coopera para manter essas relações de
poder, pois os que estão aprisionados não são naturalmente desfavorecidos, mas “o próprio
sistema é estruturado para bloqueá-los em uma posição subordinada”, e mesmo libertos, “os
ex-presidiários entram em um submundo oculto de discriminação legalizada e de exclusão
social permanente” (ALEXANDER, 2017, p. 342; p. 57, grifo nosso).
A pesquisa de Bezerra (2020) revela dados mais recentes e ainda mais
estarrecedores acerca do índice de prisionalização de jovens e adolescentes no Brasil. A partir
dos dados compilados pelo autor, tem-se que o índice de encarceramento de adolescentes e
jovens é de 49,40%, enquanto a prisionalização da população adulta é de 44,27%, constatando
que a punição destinada a adolescentes e jovens é ainda mais algoz que a população adulta
(BEZERRA, 2020), indo completamente de encontro a todas as prerrogativas constitucionais
da Doutrina de Proteção Integral.
Um levantamento pela Folha de São Paulo realizado com os governos estaduais em
junho de 2019 revela que onze estados apresentavam sistema socioeducativo acima da
capacidade, dentre os quais, o Maranhão estava em quinto lugar com 113% de ocupação, e em
primeiro estava o Rio de Janeiro com 187% (VALADARES et al. 2019). Nesse mesmo ano, o
levantamento do Conselho Nacional do Ministério Público aponta que havia 18.086
adolescentes e jovens internados por tempo indeterminado em instituições socioeducativas no
Brasil, a maioria do sexo masculino e negros, entre 15-18 anos, contra 16.161 vagas, quase duas
mil vagas de diferença. Se fosse levada em conta a média de pedidos pendentes mensais, o
déficit chegaria a ser de quase 5 mil vagas (CNMP, 2019).
Essa tendência possui estreitas semelhanças com o Sistema de Justiça adulto: o
Brasil é o terceiro país do mundo que mais encarcera pessoas 19. Considerando os dados
compilados até junho de 2019, mesmo ano em que se fez o levantamento nas medidas
socioeducativas em meio fechado pelo CNMP, havia 812 mil pessoas presas no país para apenas
461.026 vagas no sistema prisional (BARBIÉRI; PALMA, 2020), sendo a maioria homens,

19
Disponível em: https://www.conectas.org/noticias/brasil-se-mantem-como-3o-pais-com-a-maior-populacao-
carceraria-do-mundo#:~:text=O%20Brasil%20continua%20ocupando%20o,o%20pa%C3%
ADs%20computa%20773.151%20presos. Acesso em: 18 de abr. de 2021.
26

entre 18 e 29 anos, autodeclarados pretos ou pardos, de baixa escolaridade e baixa renda,


estando 41,5% dessa população ainda sem julgamento (CNJ, 2019).
O Estado necropolítico e de exceção, instaurado historicamente no Brasil, elegeu o
jovem pobre, negro ou pardo, como inimigo de estado (ALMEIDA, 2018; MBEMBE, 2018b)
e vem se apresentando no racismo institucional, na violência policial, na criminalização da
pobreza, no encarceramento em massa e também em projetos de lei. Em 2015, por exemplo, a
Câmara dos Deputados aprovou a PEC de redução da maioridade penal, de 18 para 16 anos
(PIOVESAN; SIQUEIRA, 2015), e mais recentemente, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ)
propôs a PL de redução para 14 anos (ALMEIDA; GULLINO, 2019).
Logo no ano em que a Lei do SINASE foi promulgada, Vieira (2012) 20 critica os
termos “internação” e “privação de liberdade” quanto ao caráter eufêmico que agregam,
optando por encarceramento de adolescentes a fim de focalizar o caráter processual do fato
estudado. De acordo com a autora, “o ECA, ao manter a concepção do crime baseado na
criminologia tradicional, mostra seu caráter reformista superficial, sem promover grandes
superações necessárias” (VIEIRA, 2012, p. 36).
Nessa mesma perspectiva da crítica, Souza e outras (2021) consideram que as
unidades de internação socioeducativas, tanto quanto os presídios, podem ser entendidas como
instituições totais, termo cunhado por Goffman (1961 apud SOUZA et al., 2021, p. 6) para
referir-se aos “locais onde um grande número de indivíduos com situações semelhantes
encontra-se separado da sociedade por considerável período de tempo, levando uma vida
fechada e administrada/vigiada pelo estado”, sendo os meios fechados utilizados secularmente
para controlar e disciplinar indivíduos e sociedade.
Dito isso, a escolha política pelo termo “encarceramento de adolescentes negros e
pardos” em vez de “medidas socioeducativas de internação” ou outro eufemismo que produza
um efeito de suavização na prisionalização de pessoas, se deu em reconhecimento das condições
históricas e estruturais que produzem o encarceramento como política pública de controle social
que se soma a privação e restrição de outros direitos, seja no mundo “extra-muros”21 ou nas
unidades de internação, sobretudo à população negra e parda.

20
Alessandra Vieira (2012) publicou sua dissertação de mestrado em psicologia na UFMG intitulada “Dá nada pra
nós” (?): o real do encarceramento de adolescentes”.
21
Expressão comumente utilizada na socioeducação para se referir ao mundo fora das unidades de internação.
27

3 PERCURSO METODOLÓGICO

A Psicologia estabelecida no Brasil desde os anos 60, se constituiu sobretudo com


referenciais teórico-metodológicos tradicionalmente advindos da clínica de influência
estadunidense e europeia (PERUCCHI, 2008; NOGUEIRA, 2008; VEIGA, 2019). Ao longo
do esforço para a construção de uma Psicologia Brasileira, surge o campo da Psicologia Social
como um movimento de crítica à própria Psicologia como disciplina de então – no sentido de
corpo disciplinar de um saber (FOUCAULT, 1999) – e, com isso, novos paradigmas teórico-
metodológicos ganharam espaço na ciência psicológica (NOGUEIRA, 2008).
É no bojo das transformações na psicologia e nas aberturas de conversações da
história com outros saberes, que surge a Pesquisa Documental como campo metodológico para
a Psicologia (NOGUEIRA, 2008) interessada em processos de subjetivação de sujeitos que se
dá através de discursos materializados em documentos. Segundo Veiga-Neto (2009), a palavra
“método” é composta pelas palavras gregas “meta”, que tem sentido de “para além de” e “odos”
que significa “caminho”, “percurso”, ou seja, “método” pode ser considerado como “um
caminho que nos leva para algum lugar” (VEIGA-NETO, 2009, p. 84).
Assim, para mediar a lida desde a formulação do problema até a construção de
hipóteses e meios para se atender aos objetivos da pesquisa, percorreu-se caminhos teórico-
metodológicos amparados pela Psicologia Social, Pesquisa Documental e Análise de Discurso
foucaultiana, especificamente quando trata da arqueologia. Estes caminhos, por sua vez, não
estavam traçados antecipadamente, antes, foram sendo descobertos e explorados à medida em
que o problema da pesquisa se apresentava.
Tal como sugerido por Foucault, o uso que se fez dessas referências teórico-
metodológicas, foi como uma caixa de ferramentas, da qual algumas vezes utilizou-se
pensamentos, noções e análises como que “uma chave de fenda, ou uma chave-inglesa, para
produzir um curto-circuito, desqualificar, quebrar os sistemas de poder” (FOULCAULT, 2006,
p.52), conforme serão explicitadas a seguir.

3.1 Delineamento do tripé da pesquisa: psicossocial, documental e discurso

O interesse central da pesquisa em Psicologia Social “é perceber as intersecções


entre as estruturas sociais, os grupos sociais, a cultura, a história e as relações que as pessoas
constroem e passam a ser construídas por elas” (GUARESHI, 2008, p. 92). Assim, este trabalho
28

pode ser compreendido como pesquisa em psicologia social à medida em que se investe uma
busca na qual, necessariamente, objetos e sujeitos do estudo são percebidos inscritos num
contexto histórico-político-social, visando a análise crítica destes.
Do ponto de vista de sua natureza, se trata de uma pesquisa básica, posto que visa
a produção de novos conhecimentos (PRODANOV, 2013) que possam contribuir com os
estudos no campo da psicologia social, socioeducação, relações raciais e direitos da criança e
do adolescente.
Quanto aos objetivos, se trata de uma pesquisa descritiva, pois visa a descrever as
características de determinado “fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis”
(PRODANOV, 2013, p. 52). Neste caso, a proposta de pesquisa é descrever, apoiada no método
de análise de discurso arqueológica (FOUCAULT, 2008), enunciados que aparecem nos
documentos da FUNAC e da 2ª VIJ, acerca do encarceramento de adolescentes negros e pardos,
analisando-os quanti e qualitativamente.
Com procedimentos técnicos da pesquisa documental e da análise de discurso
arqueológica, procurou-se trabalhar a análise de materiais que ainda não receberam tratamento
analítico, chamados de fontes primárias (GIL, 2008; PRODANOV, 2013), considerando os
processos históricos e sociais que envolvem as práticas discursivas materializadas neles, bem
como a discussão de suas regras, regularidades, relações, lugares institucionais e posições de
sujeito (FOUCAULT, 1999; 2008).
No geral, a pesquisa documental tem sido utilizada sobretudo por historiadores para
investigar acontecimentos históricos de longa duração, mas também pode ser relevante para a
Psicologia Social na medida em que se considera documentos como materialidades discursivas,
os discursos como produtores de subjetividades (LEMOS et al., 2020) e também as relações de
poder imbricadas nas práticas discursivas (PERUCCHI, 2008).
Na compreensão tradicional de pesquisa científica, pelos procedimentos técnicos,
este tipo de pesquisa não estaria no enquadramento de uma pesquisa de campo, e sim, apenas
documental. Apesar disso, ressalta-se a noção de “campo-tema” cunhada por Peter Spink (2003)
a partir dos estudos sobre práticas discursivas. Para o autor, “o campo é o campo do tema, o
campo-tema”, ou seja, “são as redes de causalidade intersubjetiva que se interconectam em
vozes, lugares e momentos diferentes [...], é um tumulto conflituoso de argumentos parciais, de
artefatos e materialidades” (SPINK, 2003, p. 36-37). Assim, esta pesquisa se deu no campo-
tema do encarceramento de adolescentes, sob uma perspectiva crítica racializada, procurando
por escavações arqueológicas e psicossociais no manejo dos documentos.
29

3.2 Local de estudo e período

A pesquisa foi realizada sobre os Relatórios de Gestão da FUNAC e Relatórios de


Inspeção produzidos pela 2ª VIJ, respectivamente, documentos de gestão e inspeção do
atendimento socioeducativo na região metropolitana da Ilha de São Luís.
A FUNAC é vinculada à Secretaria Estadual de Direitos Humanos e Participação
Popular – SEDIHPOP, cuja sede administrativa está localizada na Rua das Crioulas (Cândido
Ribeiro), Centro, São Luís-MA. A FUNAC é a unidade responsável pelo atendimento inicial
ao adolescente e por executar as medidas socioeducativas de internação, semiliberdade e
internação provisória, que são responsabilidades da unidade federativa do estado.
A 2ª VIJ da comarca de São Luís-MA é parte do Juizado da Infância e da Juventude
do Tribunal de Justiça do Maranhão, e está situada no prédio do Centro Integrado de Justiça
Juvenil – CIJJUV, localizado na Rua das Cajazeiras, Centro, São Luís-MA. A 2ª VIJ, que
representa o Poder Judiciário, possui competência para julgamento de atos infracionais e
inspeção de execução de medidas socioeducativas na comarca de São Luís-MA.
Importante demarcar que o CIJJUV foi inaugurado em 2017 a fim de integrar os
sistemas operacionais que compõem o Sistema de Justiça Juvenil. Assim, além da 2º Vara da
Infância e da Juventude, o CIJJUV acomoda ainda Centro Socioeducativo de Atendimento
Inicial da FUNAC, a Delegacia do Adolescente Infrator (sic.) – DAI da Secretaria de Segurança
Pública do Estado, as Promotorias Especializadas da Infância e Juventude do Ministério
Público, e o Núcleo de Defesa da Criança e do Adolescente da Defensoria Pública do Estado.22
A pesquisa documental foi realizada de março a maio de 2021, com todos os
procedimentos online e informatizados, respeitando as recomendações restritivas no estado do
Maranhão para conter a propagação da COVID-19.

3.3 Coleta de dados-fragmentos

A respeito da “coleta de dados” em pesquisa em psicologia social, Peter Spink


(2003, p.57) adverte que não há dados, ao contrário, “há pedaços ou fragmentos de conversas:
conversas no presente, conversas no passado; conversas presentes nas materialidades;
conversas que já viraram eventos, artefatos e instituições”. Há, portanto, múltiplas maneiras de

22
Disponível em: <https://www.tjma.jus.br/midia/tj/noticia/416217>. Acesso em: 12/03/2021.
30

conversar com/sobre as socialidades e materialidades (SPINK, 2003), e para isso, se busca um


entrecruzamento entre os fragmentos a fim de que se amplie os sentidos presentes.
Sendo assim, dos Relatórios de Gestão da FUNAC, optou-se por trabalhar com os
enunciados quantitativos que abordam a proporção e perfil de adolescentes por cor/raça
cumprindo medidas socioeducativas em meio fechado, que podem ter entre 12 a 21 anos23 de
acordo com a legislação vigente (CEDECA, 2017), bem como o perfil de suas famílias,
entrecruzando esses fragmentos aos conjuntos de enunciados qualitativos presentes nos
Relatórios de Inspeção da 2ª VIJ, selecionados conforme objetivos da pesquisa.
Importante ressaltar que se considerou neste trabalho sujeitos referenciados pardos
nos documentos da FUNAC ainda que haja críticas e controvérsias sobre o termo. De um lado,
Krenak (2021) chama atenção que a expressão “pardo” é pejorativa e atribuída historicamente
a pessoas de etnogênese indígena, por outro, o Manual do Recenseador do IBGE (2019, p. 32),
aponta que “parda” venha a ser considerado “a pessoa que se declarar parda ou que se
identifique com mistura de duas ou mais opções de cor ou raça”, incluindo não só a indígena,
mas também mistura entre brancos e pretos.
Ainda quanto ao recorte racial, devido aos objetivos da pesquisa, excluiu-se
enunciados referentes à raça amarela, incluindo apenas os enunciados referentes ao quantitativo
de adolescentes e familiares atendidos pela FUNAC referenciados como pardos, negros e
brancos para fins de análise24.
Selecionou-se os anos 2018 e 2019 como recorte temporal, por serem após a
inauguração do CIJJUV, o que representou, ao menos nos discursos veiculados
(GOVERNADOR, 2017), um marco para o sistema socioeducativo no Maranhão, no sentido
de que haveria mudanças significativas na melhora da execução e gestão de medidas
socioeducativas no estado. Optou-se pela exclusão de 2020 pois, no ano em que iniciou a
pandemia COVID-19, até a presente data25, a FUNAC não havia disponibilizado o Relatório de
Gestão de 2020 e, nos Relatórios de Inspeção da 2ª VIJ, quase não havia avaliações qualitativas.
Quanto ao recorte espacial/territorial, se trabalhou com os dados de gestão e
inspeção relacionados às unidades socioeducativas no meio fechado na Ilha de São Luís – MA,
que inclui os municípios de Paço do Lumiar, São José de Ribamar e São Luís, as quais são os

23
Considerando que a sentença pode ser dada até aos 18 anos incompletos e que podem permanecer em até 3 anos
após o sentenciamento da medida (CEDECA, 2017).
24
Nos gráficos, ainda se incluiu o percentual de indígenas, porém os focos da discussão não abordaram esse grupo,
ainda que se entenda a importância de também discutir a racialização dos povos originários do Brasil e da Ásia,
Polinésia e de outras regiões das Américas (amarelos).
25
Última verificação em <https://www.funac.ma.gov.br/relatorios/>, no dia 04 jun. 2021.
31

focos das inspeções realizadas pela 2ª VIJ. Já os relatórios de gestão da FUNAC, trazem dados
referentes ao atendimento socioeducativo em todo Maranhão26, todavia, se considerou apenas
os dados relacionados às unidades que se encontram no recorte espacial/territorial da pesquisa.
A coleta de dados ocorreu durante os meses de março e abril de 2021, sendo
compilados e analisados de maio até ao início de junho. Foram 42 documentos selecionados
dentro dos limites da pesquisa: 1 Relatório de Gestão Anual da FUNAC referente a 2018; 1
Relatório de Gestão Anual da FUNAC referente a 2019; 6 Relatórios de Inspeção da 2ª VIJ
referente a 2018 (cuja periodicidade é bimestral); 31 Relatórios de Inspeção da 2ª VIJ referente
a 201927; e 3 ofícios contendo resumos e recomendações pela 2ª VIJ à presidência da FUNAC,
também referente a 2019.
Após isso, se compilou os fragmentos presentes nos Relatórios de Gestão Anual
produzidos pela FUNAC em uma planilha em Excel (Apêndice A), selecionando apenas os
enunciados quantitativos relacionados à proporcionalidade do encarceramento de adolescentes
e o perfil de suas famílias, por cor/raça e aspectos socioeconômicos. Compilou-se também os
fragmentos presentes nos Relatórios de Inspeção bimestrais produzidos pela 2ª VIJ, dos quais
selecionou-se enunciados qualitativos que expunham análises de irregularidades e
recomendações pelo Juiz da Vara.

3.4 Análise dos dados-enunciados

Propor uma arqueologia aliada à Psicologia Social para análise de documentos é


lidar com a elaboração de uma abordagem que se forma à medida em que acontece. Nessa
abordagem, é “impossível listar itens de uma rotina para apreender um processo que, por
natureza, se vai formando na medida em que avança (THIRY-CHERQUES, 2010, p. 224).
Embora não tenha se procurado estabelecer um padrão estratificado às etapas de análise,
considerou-se princípios de análise que nortearam as discussões.
Tendo em vista os princípios da arqueologia, Foucault a entende como uma busca
por descrever formações discursivas, devendo “compará-las, opô-las umas às outras na
simultaneidade em que se apresentam, distingui-las das que não têm o mesmo calendário,
relacioná-las no que podem ter de específico com as práticas não discursivas que as envolvem”

26
Não há avaliação voltada exclusivamente ao atendimento socioeducativo de São Luís-MA em meio fechado,
pois ao município cabe a obrigatoriedade de gerir apenas medidas em meio aberto, enquanto que as de meio
fechado são de obrigatoriedade do estado (CEDECA, 2017; CONANDA, 2006).
27
Além de ser bimestral, esse ano passou a ser por unidade, multiplicando a quantidade de documentos.
32

(FOUCAULT, 2008, p. 177), articulando a descrições de um campo institucional, um conjunto


de acontecimentos, de práticas, decisões políticas, processos econômicos, técnicas de
assistência, etc. (FOUCAULT, 2008).
Assim, não se buscou aqui uma interpretação do documento, nem a checagem de
seu valor expressivo ou a busca por uma verdade, nem a verificação das intenções de quem o
enuncia, mas sim trabalhar o documento a partir do que está dito e elaborá-lo, transformá-lo em
monumentos – desdobrado em elementos, unidades, conjuntos, séries e relações – para então
identificar, no próprio tecido documental, “uma massa de elementos que devem ser isolados,
agrupados, tornados pertinentes, inter-relacionados, organizados” (FOUCAULT, 2008, p. 8).
Foucault (2008) entendia os documentos como sendo onde os sujeitos deixam não
verdades, mas rastros, indícios. Ao pensá-los como monumentos, o filósofo e psicólogo
propunha que se compreendesse as relações históricas dos acontecimentos, levando em conta
os elementos sistematicamente integrados e inscritos nos discursos da sociedade (FOUCAULT,
2008; GOMES; LEITE, 2020). Uma análise arqueológica, portanto, problematizadora, visa
interrogar os documentos pesquisados, promovendo o desmonte da “trama do monumento
fabricado peça a peça, em um arquivo” (SFORZINI, 2014 apud LEMOS et al., 2016, p. 13).
O arquivo passa a ser então o conjunto de “sistemas que instauram os enunciados
como acontecimentos (tendo suas condições e seu domínio de aparecimento) e coisas
(compreendendo sua possibilidade e seu campo de utilização)” na densidade das práticas
discursivas (FOUCAULT, 2008, p. 146). De acordo com Foucault, o arquivo é

A lei do que pode ser dito, o sistema que rege o aparecimento dos enunciados como
acontecimentos singulares [...], o que faz com que todas as coisas ditas [...] se agrupem
em figuras distintas, se componham umas com as outras segundo relações múltiplas,
se mantenham ou se esfumem segundo regularidades específicas (FOUCAULT, 2008,
p. 147, grifo do autor).

Assim, nunca uma análise conseguirá fazer caber em si todo o arquivo pois não se
pode encerrar todo um sistema de enunciabilidade nas descrições, “o arquivo não é descritível
em sua totalidade; e é incontornável em sua atualidade. Dá-se por fragmentos, regiões e níveis”
(FOUCAULT, 2008, p. 148). É essa descrição sempre incompleta do arquivo que torna possível
a “demarcação do campo enunciativo”, o horizonte geral ao qual se direcionará a descrição das
formações discursivas, e estas, por sua vez, são “o princípio de dispersão e de repartição” dos
enunciados (FOUCAULT, 2008, p. 149, 122).
O enunciado, para Foucault, é a própria “linguagem, na instância de seu
aparecimento e de seu modo de ser” (FOUCAULT, 2008, p. 128), o enunciado é a forma de
aparição da linguagem. Uma função enunciativa põe em jogo unidades diversas, como: frases
33

ou fragmentos de frases, proposições ou jogo de proposições, séries, quadros de signos,


formulações equivalentes, etc.
Para a descrição das modalidades enunciativas, é importante descrever quem fala,
qual o papel social que se atribui ao sujeito do discurso, bem como as diversas situações que
podem ser ocupadas pelos sujeitos, pois são elas que definirão quais suas posições subjetivas
em relação aos diversos domínios ou grupos de objetos, ou seja, quais as suas “posições de
sujeito” possíveis (FOUCAULT, 2008, p. 58). Além disso, deve-se descrever também os
lugares institucionais, de onde, por exemplo, o Juiz obtém seu discurso, “onde encontra sua
origem legítima e seu ponto de aplicação (seus objetos específicos e seus instrumentos de
verificação” (FOUCAULT, 2008, p. 57).
Para Foucault (2008, p. 122), o discurso “é um conjunto de enunciados que
obedecem a regras de funcionamento comuns”, ou seja, há uma “ordem do discurso”
característica à uma época/espaço, que põe em evidência os mecanismos de organização dos
acontecimentos (THIRY-CHERQUES, 2010), assim, o discurso é uma prática. A essas regras
de formação dos conceitos, objetos, estratégias – isto é, das práticas das instituições associadas
aos discursos –, dá-se o nome de regularidades discursivas (FOUCAULT, 2008, p. 219, grifo
nosso).
Desse modo, a arqueologia trata de analisar o discurso em sua irrupção de
acontecimentos, de considerá-lo no jogo de suas instâncias “que lhe permite ser repetido,
sabido, esquecido, transformado, apagado” (FOUCAULT, 2008, p. 28). Para tanto, sugere
“relacionar elementos comuns em diferentes fenômenos, a partir da ruptura com a noção de
temporalidade linear", permitindo avistar as descontinuidades dos discursos, com suas
recorrências e dispersões, possibilitando “analisar acontecimentos díspares cronologicamente,
mas que guardem algum traço de relação" (GOMES; LEITE, 2020, p. 274).
Dito isso, a proposta neste trabalho não foi analisar os documentos como textos,
focando em suas regras gramaticais ou tentando interpretar seu sentido, mas realizar “um corte
transversal num campo discursivo” para analisá-los como monumentos, dissecar “suas peças
históricas ali encontradas e buscar compreender como elas se relacionam” (GUARESHI et al.,
2014, n/p). Se pretendeu, nesse sentido, como uma escavação arqueológica e psicossocial que
visa desmontar o monumento em regularidades, enunciados, acontecimentos, relações, posição
de sujeitos, lugares institucionais, interrogando os dados que aparecem e seus efeitos de verdade
que produzem na superfície do documento.
Como num sítio arqueológico, no qual, em vez da busca por cerâmicas, minérios,
fósseis, caminhou-se a explorar as fontes documentais à procura de problemas psicossociais
34

discursivos, enunciações, lhe formulando questões como: quais relações se estabelecem entre
enunciações obtidas das fontes da FUNAC e da 2ª VIJ referente ao encarceramento de
adolescentes negros e pardos? Como aparece o encarceramento de adolescentes negros e
pardos nos monumentos pesquisados? Quais indícios pode-se achar das condições vivenciadas
por adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas em meio fechado em unidades
na Ilha de São Luís?

3.5 Questões éticas

Assumir uma condução ética é necessário a todo e qualquer processo de pesquisa.


Quanto a isso, Narita (2006) ressalta que as dimensões éticas não podem ser tratadas como
paralelas à pesquisa, mas como inerentes a todo o processo da pesquisa. Nessa perspectiva,
além da escolha por um caminho metodológico que considere os contextos histórico e sociais,
outro posicionamento ético foi o de enfrentar o epistemicídio contra referenciais negros e
recorrer a narrativas contra-hegemônicas para pensar questões das quais as principais vítimas
são pessoas negras e pardas, entendendo que existe um saber-poder dominante que muitas
vezes silencia essas vozes (VEIGA, 2019).
De acordo com a Resolução Nº 510/2016 (BRASIL, 2016), esta proposta trata de
uma pesquisa em Ciências Humanas e Sociais, haja vista o seu enfoque no conhecimento, na
compreensão das condições, existência, vivência e saberes das pessoas e dos grupos, em suas
relações sociais e institucionais, levando em conta variáveis culturais, históricas e políticas.
Quanto às normativas para a realização de pesquisas acadêmicas, por se tratar de
uma pesquisa em arquivos que estão sob a guarda do Tribunal de Justiça, precisou-se da
autorização assinada pelo Juiz da 2ª Vara da Infância e Juventude para a pesquisa documental
(Anexo A), bem como do Termo de Compromisso para Uso de Dados em Arquivo, assinado
pela pesquisadora responsável e pela pesquisadora assistente (Anexo B).
35

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Nas análises se buscou descrever relações entre os enunciados destacados dos


relatórios da 2ª VIJ, entrecruzando-os aos dados racializados dos socioeducandos e suas
famílias obtidos a partir dos relatórios da FUNAC (2018; 2019), ao contexto histórico levantado
nos referenciais teóricos e a outros que se pôde identificar relações discursivas. Este capítulo
está organizado em três principais seções.
No 4.1, faz-se uma apresentação breve dos monumentos, como se organizam, a
quais unidades socioeducativas se referem e a demarcação do campo enunciativo a ser
analisado.
No 4.2, há a discussão sobre como se dá o encarceramento seletivo de adolescentes
negros e pardos e, a partir das análises tecidas sobre os documentos, destaca-se: (4.2.1) o
racismo estrutural evidenciado a partir dos “perfis” das famílias atendidas e caracterizadas pela
FUNAC; (4.2.2) a seletividade protagonizada pelas agências policiais; (4.2.3) a seletividade
protagonizada pelo poder judiciário relacionando a tendência ao encarceramento e suas
condições nas unidades; (4.2.4) indícios da presença de adolescentes faccionados nas unidades
e o manejo institucional que aparece nos documentos para lidar com esse fenômeno; (4.2.5)
uma síntese das discussões dessa seção que procura pensar quais são os responsáveis pelo
encarceramento de adolescentes no geral e, seletivamente, o de negros e pardos.
No 4.3, discute-se sob quais condições o objeto “raça” aparece ou não nos
monumentos, problematizando os esquecimentos e dispersões desses e outros marcadores
sociais.

4.1 Breve apresentação dos monumentos e a demarcação do campo enunciativo

De ambas as fontes – tanto aquelas produzidas pela FUNAC, quanto as produzidas


pela 2ª VIJ –, trabalhou-se com enunciados referentes ao atendimento socioeducativo em meio
fechado na Ilha de São Luís – MA (atendimento inicial, internação provisória, semiliberdade e
internação definitiva). Esse atendimento é operacionalizado pelas unidades que se encontram
no recorte espacial/territorial da pesquisa, e estão categorizadas no Quadro 1 (referente a 2018)
36

e Quadro 2 (referente a 2019), conforme enunciações encontradas nos documentos relativas aos
seus respectivos status28, destinações e tipo de medida que oferecem.

Quadro 1 - Unidades Socioeducativas citadas nos documentos referentes a 2018.


2ª VIJ
Unid. FUNAC 1bi 2bi 3bi 4bi 5bi 6bi Destinação Tipo de medida
NAI x x x x x x x Masculina Atendimento
Inicial
CJF x x x x x x x Feminina Atendimento
Inicial, Provisória,
Internação e
Semiliberdade
CJC x x x x x x x Masculina Internação
Provisória
CJNJ não I I I I I I Masculina Semiliberdade

CJSNV x x x x x x x Masculina Internação

CSIMSL x x x x x x x Masculina Internação

CSISJR x não x x x x x Masculina Internação

CSISC x não não não não x x Masculina Internação

CJED não x x x x x D Masculina Internação

CCRAE não x D x x não não Masculina Internação,


contenção e
segurança das UI
Total 7 7 7 8 8 8 7 10
Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Em 2018, de acordo com o Quadro 1, tem-se o Núcleo de Atendimento Inicial


(NAI) como unidade ativa e citada dessa forma por ambas as fontes. O NAI está localizado no
CIJJUV e é responsável por fazer o atendimento inicial ao adolescente cisgênero masculino que
é apreendido pela Delegacia do Adolescente Infrator (sic.), que também fica no CIJJUV. Em
seguida, tem-se o Centro de Juventude Florescer (CJF) também citado como ativo por ambas

28
A fim de identificar o status de cada unidade que aparece nos documentos, registrou-se nos Quadros 1 e 2 como:
“x” as unidades que eram citadas como ativas, ou seja, com autorização para funcionamento do atendimento
socioeducativo; “D”, quando a unidade era citada como desativada; “I”, quando era citada como interditada; e
“não” para as que não foram citadas.
37

as fontes, que é destinado majoritariamente para adolescentes cisgêneras femininas29,


realizando desde o atendimento inicial, à internação preventiva, semiliberdade e internação.
O Centro de Juventude Canaã é destinado a adolescentes cisgêneros masculinos em
cumprimento de medidas de internação provisória, referenciado como unidade ativa por ambas
as fontes. O Centro de Juventude Nova Jerusalém (CJNJ) não é citado do Relatório de Gestão
pela FUNAC e, nos Relatórios de Inspeção, é citado ao longo dos bimestres pela 2ª VIJ como
interditado. O Centro de Juventude Sítio Nova Vida (CJSNV) e o Centro Socioeducativo de
Internação Masculina de São Luís (CSIMSL) são destinados a adolescentes do gênero
masculino em cumprimento de medidas de internação, citados como ativos tanto no relatório
da FUNAC quanto nos da 2ª VIJ.
O Centro Socioeducativo de Internação São José de Ribamar (CSISJR) é citado
pelo Relatório de Gestão da FUNAC referente a 2018 e, pela 2ª VIJ, só é mencionado a partir
do 2º bimestre, após sua inauguração, quando se tem indícios das visitas de inspeção. O Centro
Socioeducativo de Internação do São Cristóvão (CSISC) também é inaugurado esse ano, sendo
citado pela FUNAC e pela 2ª VIJ a partir do 5º bimestre.
Já o Centro de Juventude Eldorado (CJED), destinado a adolescentes cisgêneros
masculinos em cumprimento de medidas de internação, não é citado no Relatório de Gestão da
FUNAC referente a 2018, porém, segue sendo citado pela 2ª VIJ, ou seja, há indícios de visitas
para inspeção, até o quinto bimestre, havendo enunciações discursivas no sexto bimestre de que
teria sido desativado.
Finalizando a apresentação das unidades das quais se extraiu enunciados nos
documentos da FUNAC e 2ª VIJ referente a 2018 (Quadro 1), o Centro de Convivência
Restaurativa Alto da Esperança (CCRAE) não é citado pela FUNAC em seu relatório. Já nos
Relatórios de Inspeção pela 2ª VIJ, há indícios de visita para inspeção referente ao primeiro
bimestre; no segundo bimestre, ele aparece nas enunciações como “desativado”; nos dois
bimestres que sucedem é novamente citado como se estivesse em funcionamento para
atendimentos referentes à socioeducação; e nos dois últimos relatórios, que se referem ao quinto
e sexto bimestre de 2018, não é citado.
Em 2019, percebe-se uma alteração nos nomes das unidades mais antigas, que
deixam de ser “Centros de Juventude” e passam a se assemelharem mais com as recém-
inauguradas, sendo agora chamadas de “Centros Socioeducativos” (FUNAC, 2019). Assim: o

29
Majoritariamente pois, no quarto bimestre de 2019, tem-se o registro de que havia um adolescente
transmasculino na unidade e, a partir de então, a unidade passa a ser responsável também pelo “acolhimento dos
socioeducandos transexuais” (Apêndice C – 2ª VIJ, 2019).
38

NAI passa a ser Centro Socioeducativo de Atendimento Inicial (CSAI); o CJF passa a ser
Centro Socioeducativo Florescer (CSF); o CJC passa a ser Centro Socioeducativo de Internação
Provisória Canaã (CSIPC); o CJSNV passa a ser Centro Socioeducativo de Internação Sítio
Nova Vida (CSISNV); e o CSIMSL passa a ser o Centro Socioeducativo de Internação do
Vinhais (CSIV). O cenário se apresenta conforme demonstra o Quadro 2.

Quadro 2 - Unidades Socioeducativas citadas nos documentos referentes a 2019.


2ª VIJ
Unid. FUNAC 1bi 2bi 3bi 4bi 5bi 6bi Destinação Tipo de medida
NAI/ x x não não não não não Masculina Atendimento
CSAI Inicial
CJF/ CSF x x x x x x x Feminina Atendimento
Inicial,
Provisória e
Internação.
CJC/ x x x x x x x Masculina Internação
CSIPC Provisória
CJSNV/ x x x x x x x Masculina Internação
CSISNV
CSISJR x x x x x x x Masculina Internação

CSIMSL/ x x x x x x x Masculina Internação


CSIV
CSISC x x x x x x x Masculina Internação

Total 7 7 6 6 6 6 6 7
Fonte: Elaborado pela autora (2021).

O NAI/CSAI aparece como ativo em enunciados do Relatório de Gestão da


FUNAC referente ao ano de 2019, porém, na 2ª VIJ, há indícios de visitas para inspeção apenas
no primeiro bimestre desse ano. No CJF/CSF, há uma alteração nos tipos de medidas oferecidas,
com a suspensão da semiliberdade. O CJC/CSIPC, CJSNV/CSINV, CSISJR, CSIMSL/ CSIV
e CSISC aparecem como ativos em ambas as fontes, sendo mantidas as suas destinações e tipos
de medidas conforme o ano anterior.
Agora, especificamente tratando dos Relatórios de Inspeção produzidos pela 2ª VIJ,
em 2018, estes diziam-se baseados na Resolução Nº 77/2009 do Conselho Nacional de Justiça
(BRASIL/CNJ, 2009). Apesar da Resolução estabelecer que as inspeções fossem realizadas
mensalmente e os relatórios enviados até ao dia 5 do mês seguinte ao mês de referência
(BRASIL/CNJ, 2009), tem-se registros dos Relatórios de Inspeção da 2ª VIJ numa frequência
bimensal e enviados em diversas datas do mês seguinte ao bimestre ao qual fazia referência.
39

Nos Relatórios de Inspeção de 2018, constavam os tópicos estabelecidos pela


Resolução CNJ Nº 77/2009: 1 - Localização, destinação, a natureza; 2 - Estrutura da entidade
de atendimento; 3 - Informações relativas ao cumprimento das normas previstas no Estatuto da
Criança e do Adolescente, em especial nos artigos 90 a 94; 4 - Dados referentes à suficiência
ou não de vagas e, em caso negativo, a especificação da defasagem; 5 - Dados sobre Atos
Infracionais, Municípios e Evolução de Atos Infracionais e Internações; 6 - Medidas adotadas
para o adequado funcionamento das entidades de atendimento.
Nos enunciados dos Relatórios de Inspeção de 2018 da 2ª VIJ referente ao item “3
- Informações relativas ao cumprimento das normas previstas no Estatuto da Criança e do
Adolescente, em especial nos artigos 90 a 94”, que discorre sobre os deveres das unidades de
socioeducação, constam, entre outros, tópicos contendo os incisos do art. 94 do ECA, seguidos
de observações para as Unidades inspecionadas:

I - Observar os direitos e garantias de que são titulares os adolescentes; II - Não


restringir nenhum direito que não tenha sido objeto de restrição na decisão de
internação [...]; III - Oferecer atendimento personalizado, em pequenas unidades e
grupos reduzidos [...]; IV - Preservar a identidade e oferecer ambiente de respeito e
dignidade ao adolescente [...]; V - Diligenciar no sentido do restabelecimento e da
preservação dos vínculos familiares [...]; VI - Comunicar à autoridade judiciária,
periodicamente, os casos em que se mostre inviável ou impossível o reatamento dos
vínculos familiares [...]; VII - Oferecer instalações físicas em condições adequadas de
habitabilidade, higiene, salubridade, segurança e os objetos necessários à higiene
pessoal[...]; VIII - Oferecer vestuário e alimentação suficientes e adequados à faixa
etária dos adolescentes atendidos [...]; IX - Oferecer cuidados médicos, psicológicos,
odontológicos e farmacêuticos [...]; X - Propiciar escolarização e profissionalização
[...]; XI - Propiciar atividades culturais, esportivas e de lazer [...]; XII - Propiciar
assistência religiosa àqueles que desejarem, de acordo com suas crenças [...]; XIII -
Proceder a estudo social e pessoal de cada caso [...]; XIV - Reavaliar periodicamente
cada caso, com intervalo máximo de seis meses, dando ciência dos resultados à
autoridade competente [...]; XV - Informar, periodicamente, o adolescente internado
sobre sua situação processual [...]; XVI - Comunicar às autoridades competentes todos
os casos de adolescentes portadores de moléstias infectocontagiosas; XVII - Fornecer
comprovante de depósito dos pertences dos adolescentes [...]; XVIII - Manter
programas destinados ao apoio e acompanhamento de egressos [...]; XIX -
Providenciar os documentos necessários ao exercício da cidadania àqueles que não os
tiverem [...] (2ª VIJ, 2018a, n/p, grifo nosso).

O último item, “6 - Medidas adotadas para o adequado funcionamento das entidades


de atendimento”, era o que continha mais volume de enunciados qualitativos, os quais se
relacionavam frequentemente com os enunciados referentes aos trechos grifados acima. Toda
essa organização do documento segue mantendo certa regularidade dos Relatórios de Inspeção
do primeiro bimestre de 2018 (APÊNDICE C - 2 VIJ, 2018a) até ao último bimestre desse ano
(APÊNDICE H - 2ª VIJ, 2018f).
No início de 2019, tem-se um único documento referenciado como “Resumo dos
Relatórios”, referente às inspeções realizadas em janeiro e fevereiro de 2019 em todas as
40

unidades visitadas, e não faz alusão à nenhuma Resolução do CNJ. E se organizou em:
destaques nas inspeções realizadas; recomendações à FUNAC; a quais outros órgãos será
enviado o resumo; unidades socioeducativas inspecionadas; dados referentes a vagas e
ocupação; dados sobre privação da liberdade e atos infracionais; medidas de privação de
liberdade e municípios de origem; evolução dos atos infracionais; evolução das medidas
privativas de liberdade; evolução das medidas de privação de liberdade (APÊNDICE I - 2ª VIJ,
2019a). Os três primeiros tópicos possuíam enunciados qualitativos, os demais estavam
sumariamente quantitativos, seguido por algumas notas.
A partir do segundo bimestre, o modelo passa a se basear na Resolução CNJ Nº
188/2014, que altera a Resolução CNJ Nª 77/2009 (BRASIL/CNJ, 2014), implementada com
cinco anos de atraso e ainda se percebe uma redução no volume de dados em relação àqueles
produzidos referentes às inspeções realizadas no ano anterior, apesar da quantidade de
documentos aumentarem pois, a partir desse período, os relatórios passam a ser, além de
bimensais, também por unidade30.
No segundo bimestre de 2019, tem-se a organização dos relatórios em oito passos:
Passo 1 – Dados gerais de cadastro; Passo 2 – Administração do estabelecimento; Passo 3 -
Dados gerais da inspeção; Passo 4 – Quantitativos; Passo 5 – Estrutura complementar; Passo 6
– Direitos; no Passo 7, não há um título, mas ele traz enunciados acerca de armas de fogo,
aparelhos de comunicação, mortes, fugas, rebeliões e instrumentos capazes de ofender a
integridade física; no Passo 8, há enunciados relacionados às “Providências / considerações
determinadas pelo juiz da inspeção” (APÊNDICE J – 2ª VIJ, 2019B, n/p).
Dos Relatórios de Inspeção bimestrais produzidos pela 2ª VIJ, tanto 2018 quanto
2019, selecionou-se enunciados que apontavam irregularidades e recomendações pelo Juiz da
Vara, os quais, na maioria das vezes, explicitavam relações discursivas entre acontecimentos
de violação de direitos dos adolescentes no sistema socioeducativo. As enunciações e relações
foram sendo demarcados e descritas conforme os problemas escavados iam se apresentando e
formando conjuntos conforme sua natureza.
Como resposta a alguns enunciados que aparecem como tópicos nos Relatórios de
Inspeções, tanto em 2018 quanto em 2019, achou-se enunciados que correspondiam a “sim”,
“não”, “em parte”, ou a números exatos, que seguiram sendo repetidos regularmente ao longo
dos meses em resposta aos mesmos enunciados. Importante ressaltar que, mesmo nesses casos,

30
Por esse motivo, se referenciará os Relatórios de Inspeção da 2ª VIJ através do compilado dos enunciados que
estão nos apêndices, pois não há possibilidade de utilizar o recurso de chamada de citação da ABNT para 34
documentos produzidos num ano por uma mesma instituição autora.
41

nos quais os “dados” se apresentam como objetivos ou neutros, procurou-se perceber como que
estes se relacionavam a outros enunciados presentes no documento e à sua exterioridade
(FOUCAULT, 2008).
Dito isso, nas análises que virão a seguir, não se propôs tratar enunciados como
figuras inseridas em processos mudos, mas considerar que aparecem segundo regularidades
específicas (FOUCAULT, 2008). Ou seja, “se há coisas ditas - e somente estas -, não é preciso
perguntar sua razão imediata às coisas que aí se encontram ditas ou aos homens que as disseram,
mas ao sistema da discursividade, às possibilidades e às impossibilidades enunciativas que ele
conduz” (FOUCAULT, 2008, p. 147).
Dos Relatórios de Gestão da FUNAC, trabalhou-se com os enunciados
quantitativos referentes à caracterização racial dos(as) adolescentes atendidos no meio fechado,
bem como ao perfil socioeconômico de suas famílias, buscando entrecruzar esses enunciados
aos dos Relatórios de Inspeção produzidos pela 2ª VIJ. Todas as análises que seguem, são
referentes a produções discursivas acerca de acontecimentos ou acúmulo de dados relacionados
a essas unidades citadas no Quadro 1 e 2. Dos Relatórios de Gestão da FUNAC, selecionou-se
enunciados referentes aos adolescentes atendidos pelas unidades em São Luís, Paço do Lumiar
e São José de Ribamar – que são também as contempladas nos Relatórios de Inspeção da 2ª VIJ
Vale ressaltar que, como se percebe, achou-se diversas controvérsias entre as fontes
produzidas pela FUNAC e pela 2ª VIJ, especialmente se tratando das unidades que são ou não
consideradas ativas, de acordo com o que os documentos enunciam; e entre os Relatórios de
Inspeção da 2ª VIJ e as Resoluções do CNJ que diziam obedecer. Como se verá adiante, outras
contradições, esquecimentos, controvérsias surgiram e obterão uma atenção maior nas análises
por se acharem diretamente relacionadas aos problemas levantados na pesquisa.
Nesse sentido, precisou-se suspender, diante das descrições, “nossa vontade de
verdade” (FOUCAULT, 1999, p. 51) ou expectativas de que os discursos materializados nos
documentos apresentassem alguma transparência. Em vez disso, buscou-se justamente nessa
“opacidade importuna”, gerada pelas controvérsias e dispersões, analisar o discurso em suas
condições, seu jogo e seus efeitos, onde foi mais provável encontrar seus elementos essenciais
(FOUCAULT, 2008, p. 157).
42

4.2 Encarceramento de adolescentes negros/as e pardos/as na Ilha de São Luís

As sociedades divididas em subcasta têm como consequência a produção de uma


“cidadania de segunda classe”, que diz respeito às leis, regras, políticas e costumes que
controlam aqueles que são atribuídos a “um grupo racial estigmatizado e preso em uma posição
de inferioridade pelo direito e pelos costumes” (ALEXANDER, 2017, p. 50), sob o estigma de
criminosos dentro e fora da prisão. Para Almeida (2018), esse fenômeno é lido no Brasil como
o racismo estrutural.
Posto que o sistema de justiça penal – juvenil ou adulto – se desenvolve como um
dispositivo de suma importância na manutenção desse sistema racial de castas, achou-se
imbricado nas práticas discursivas descritas nos documentos, além do racismo estrutural, o
racismo genderizado e institucional, tendo como subproduto o encarceramento em massa, que
atinge sobretudo a adolescentes e jovens negros (ALEXANDER, 2017; BEZERRA, 2020;
BORGES, 2018).

4.2.1 Racismo estrutural e genderizado evidenciado nos documentos da FUNAC: de quais


famílias estamos falando?

Nos Relatórios de Gestão da FUNAC de 2018 e 2019, há uma caracterização das


famílias atendidas, ou, na maioria das vezes, daqueles e daquelas que são principal referência
familiar para os/as adolescentes atendidos. Compilou-se os enunciados quantitativos referente
a essa caracterização (FUNAC, 2018; 2019), que agrupou por “parentesco” e “raça” (Quadro
3), “renda familiar” (Quadro 4), “escolarização” (Quadro 5) e “estado civil”, que é comentado
logo após a apresentação dos quadros abaixo.
De acordo com a caracterização pelas fontes da FUNAC (2018; 2019), a maioria
dos familiares aparece com parentesco de mãe dos socioeducandos, 77% em 2018 e 80% em
2019. E quanto à Raça, a maioria desses/dessas familiares consta como parda e negra, achando-
se em 2018 que 68% dos familiares atendidos pela FUNAC eram pardos e 64% em 2019. Em
2018, tem-se que 17% dos familiares atendidos são negros e sobe para 20% em 2019, conforme
demonstrado no Quadro 3.
43

Quadro 3 – Caracterização das famílias atendidas pela FUNAC por parentesco e raça31
Parentesco Raça

atendidas
famílias

informado

informado
tios(as)

branca
avó(ô)

outros

Negra
parda
mãe
não

não
pai
2018 2217 18 1696 240 134 71 58 233 1348 343 284
% 77% 11% 6% 3% 3% 68% 17% 14%
2019 1526 25 1196 153 78 42 32 162 879 276 201
% 80% 10% 5% 3% 2% 64% 20% 15%
Fonte: FUNAC (2018; 2019).

Quanto à renda familiar, tem-se em 2018 que 68% dos familiares apresentavam
renda familiar de um a dois salários mínimos (1281), 21% ganhavam menos que um salário
mínimo (399), enquanto que apenas 1% ganhava de quatro a cinco salários mínimos (12). Em
2019, 64% dos familiares são referidos com renda de um a dois salários mínimos (924); 29%
com menos que um salário mínimo (411), enquanto que familiares com renda de quatro a cinco
salários não chegaram a contabilizar porcentagem em número inteiro (2), conforme
demonstrado no Quadro 4.

Quadro 4 – Caracterização das famílias atendidas pela FUNAC por renda


Renda
atendidas

menor que 1
famílias

Sem renda
informado

1 a 2 sal.

2 a 3 sal.

4 a 5 sal.
sal. min.

min.

min.

min.
não

2018 2217 321 399 1281 104 100 12


% 21% 68% 5% 5% 1%
2019 1526 86 411 924 48 55 2
% 29% 64% 3% 4% 0%
Fonte: Elaborado pela autora (2021).

31
Para o cálculo da porcentagem, ao longo de todo o trabalho, optou-se por excluir os enunciados referentes ao
número de “não informados”, como exemplo do cálculo utilizado pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública
(Coalizão Negra por Direitos, 2020). Assim, nos quadros, não foi colocada a proporção que está apontada
explicitamente nos documentos, mas foi recalculada excluindo os “não informado”, constituindo um panorama
dos indícios sobre a caracterização das famílias e adolescentes atendidos pelo atendimento socioeducativo em
meio fechado na Ilha.
44

Quanto à escolarização, em 2018, tem-se que 42% possuíam escolarização até ao


ensino fundamental incompleto (832), 19% eram alfabetizados (381) e nenhum registro de
familiares com ensino superior, cursando ou completo. Em 2019, 33% apresentavam nível de
escolarização como alfabetizados (473), 26% com ensino fundamental incompleto (375) e
continua não apresentando indícios de familiares com ensino superior, conforme demonstra o
Quadro 5.

Quadro 5 – Caracterização das famílias atendidas pela FUNAC por escolarização


Escolarização
famílias atendidas

Nunca frequentou
não informado

Ensino Médio

Ensino Médio
Fundamental

Fundamental
Alfabetizado

Incompleto

incompleto
Analfabeta

Completo

Completo
Ensino

Ensino
escola

2018 2217 235 4 381 97 832 239 122 307


% 0% 19% 5% 42% 12% 6% 15%
2019 1526 76 2 473 82 375 238 98 182
% 0% 33% 6% 26% 16% 7% 13%
Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Além das informações demonstradas nos quadros, os registros nas fontes


produzidas pela FUNAC apontam que, em 2018, a maioria dos familiares atendidos possuía
estado civil de solteiro, equivalente a 30% das respostas (589) (FUNAC, 2018). Referente a
2019, tem-se que 38% dos familiares são referidos com estado civil solteiro (534) (FUNAC,
2019). Os enunciados quantitativos, assim como toda prática discursiva, são produtos de
acúmulos e escolhas que se dão historicamente através de relações de poder intrínsecas à
sociedade na qual estão inseridos (FOUCAULT, 2008).
Nesse sentido, pode-se problematizar primeiramente quem é o sujeito que o
discurso referente à caracterização das famílias atendidas pela FUNAC produz? Que relações
de poder ele materializa? Os porcentuais mais altos evidenciados nos Relatórios da FUNAC em
cada ano são referentes às mães (77% e 80%), pardos e negros (que somados, equivalem a 85%
e 84%), com renda familiar de um a dois salários (68% e 64%), com ensino fundamental
incompleto (42% e 19%) ou alfabetizado (26% e 33%), e solteiro (30% e 38%).
Então, se forem combinadas todas essas categorias, é possível identificar um perfil
ou uma regularidade nos enunciados estatísticos sobre a caracterização das famílias: são
45

predominantemente mulheres solteiras, mães, pardas e negras, de baixa renda familiar e baixa
escolaridade, cujos filhos são os principais atingidos pelo encarceramento de adolescentes na
Ilha de São Luís.
De acordo com o relatório da OXFAM (GEORGES, 2017), em 2015, 67% das
pessoas negras brasileiras ganhavam até 1,5 salário-mínimo, em contraste com menos de 45%
das brancas, que também representava 80% dentre os que ganhavam mais que dez salários-
mínimos. Interseccionalizando gênero, raça e classe, a Síntese de Indicadores Sociais do IBGE
(2019) constatou que 63% das famílias que viviam abaixo da linha da pobreza em 201832 eram
comandadas por mulheres pretas ou pardas, sem cônjuge e com filhos de até 14 anos de idade,
sendo ainda demonstrado que o Maranhão é o estado onde há maior concentração de famílias
vivendo sob essas condições socioeconômicas.
Desse modo, retoma-se o pensamento de Kilomba (2019) acerca do racismo
genderizado, no qual chama atenção para as intersecções das formas de opressão que se
entrecruzam, como o racismo, sexismo e classismo. Quanto a isso, Gonzalez (2020, p. 56)
chama atenção que “na medida em que existe uma divisão racial e sexual do trabalho, não é
difícil concluir sobre o processo de tríplice discriminação sofrido pela mulher negra (enquanto
raça, classe e sexo), assim como seu lugar na força de trabalho”.
Sendo assim, entende-se que a mulher negra, pobre e periferada é muitas vezes o
“sustentáculo econômico, afetivo e moral de sua família”, “é ela que sobrevive na base de
prestação de serviços, segurando a barra familiar praticamente sozinha” (GONZALEZ, 2020,
p. 64; p. 83) e é essa mulher que, além de todas as barreiras que precisa enfrentar todos os dias
para gerir economicamente e afetivamente seu lar, ainda precisa lidar com o terror da
perseguição policial a seus filhos e companheiro, em geral, também negros, pardos e de
periferia (GONZALEZ, 2020).
De acordo com Gonzalez (2020), já no Censo de 1950, a maioria das pessoas com
nível de escolaridade somente até ao segundo ano primário ou o primeiro grau completo 33 era
de mulheres negras, não tão diferente do que se percebe nos registros das famílias atendidas
pela FUNAC, sessenta e oito anos depois. Se percebe certa regularidade nas estatísticas no
tocante ao processo de criminalização de famílias negras, indígenas e pardas de baixa renda, as
quais, historicamente, sempre tiveram seus filhos criminalizados.

32
Ou seja, com menos de R$ 420 reais por dia (44% do salário mínimo vigente no ano da pesquisa).
33
Que corresponderiam hoje como sendo, respectivamente, o terceiro ano do ensino fundamental I e o ensino
fundamental completo.
46

Ao analisar a literatura de viagem oitocentista no Brasil, Jovino (2015) observa que


a escravidão com suas ideologias e dimensões, criava imagens das crianças e da infância
diferenciadas para crianças brancas e negras, pobres e ricas, dentre essas, as crianças negras
eram representadas como as “classes perigosas”. Também na lógica do Brasil República, se
percebe esse mesmo paradigma de responsabilizar as famílias, voltando-se políticas de
prisionalização para as infâncias e adolescências pobres e não-brancas, através do SAM e do
papel que os Juízes de Menores exerciam (CARVALHO, 2018; FRASSETO et al., 2016;
SILVA, 2017).
É ainda necessário considerar que a adolescência não é vivenciada de forma
homogênea, mas se trata de “um constructo socialmente estabelecido e, como tal é significado
na e pela cultura” (LEMOS et al. 2015, p. 380), é preciso levar em conta que crianças de classe
média ou alta e crianças pobres, crianças brancas e não brancas, crianças socializadas como
meninas e como meninos terão diferentes experiências de “adolescer” (LIMA, 2018).
No caso da Ilha de São Luís, será que crianças e adolescentes moradoras do bairro
da Cidade Olímpica, por exemplo, uma das regiões de São Luís que possui o mais alto índice
de crimes violentos letais intencionais (SEPLAN/DIIE, 2018), possui as mesmas condições de
acesso a direitos que uma criança moradora da Península da Ponta d’Areia, área residencial da
cidade em que mais cresce a especulação imobiliária (CONHEÇA, 2012)? Será que a polícia e
operadores da segurança pública perscrutam esses bairros com o mesmo rigor, com a mesma
arbitrariedade? Adolescentes brancos, de classe média e alta são tão revistados quanto
adolescentes negros e pardos pobres e periferados, e quando o são, há a mesma abordagem?
Além disso, Spozati (2000 apud SOUZA; LOPES; FONSECA, 2021, p. 15) destaca
que crianças de classes mais privilegiadas “completam a agenda escolar, com aulas de inglês,
informática, dança, futebol e outra atividades, ao passo que as crianças de famílias de baixa
renda têm seu universo restrito apenas à escola, ou até mesmo somente a sala de aula”, muitas
vezes não possuindo condições favoráveis à sua permanência nas salas de aula, vide o alto
índice de evasão escolar em regiões periféricas.
Assim, compreende-se que esses fatos perpetuam a exclusão social “se constituindo
como indutores às práticas infracionais e, como política efetiva, a de encarceramento em massa”
(SOUZA et al., 2021, p. 15), fazendo com que a quantidade de crianças e jovens de classe baixa
e não brancos que chegam ao sistema de justiça seja muito maior que os de classe média e alta
(BUDÓ, 2015). Aqui, chama-se atenção para esse jogo promovido pelo Estado: ele produz os
sujeitos “infratores” e depois intervém, responsabilizando apenas as famílias e os indivíduos
pela transformação de sua situação, numa lógica neoliberal e punitiva, na qual “opera-se uma
47

estratégia de correção dos corpos, sem incidir no contexto que os produz” (LEMOS et al., 2015
p. 396).

4.2.2 Seletividade e violência policial no atendimento inicial

De acordo com o fluxo de atendimento, os/as adolescentes que chegam ao


atendimento inicial da FUNAC, majoritariamente aqueles/as apreendidos/as pela polícia na Ilha
de São Luís34, são primeiro conduzidos à DAI da Secretaria de Segurança Pública pelo policial
que o/a apreendeu, então só depois seguem para as unidades de atendimento inicial da FUNAC,
NAI/CSAI no caso dos meninos, ou CJF/CSF no caso das meninas.
De acordo com Budó (2015), a primeira seletividade do sistema racial de casta na
produção do encarceramento de adolescentes negros e pobres se dá através da agência policial,
a respeito da qual pode se destacar indícios e relações, como se verá mais à frente. Na Figura
1, é demonstrada a média da porcentagem de adolescentes por gênero e raça, atendidos pelo
NAI/CSAI e CJF/CSF, unidades de atendimento inicial da FUNAC segundo os Relatórios da
FUNAC (2018; 2019).

Figura 1 – Gráfico do atendimento inicial por raça em 2018 e 2019

Atendimento Inicial

0,40%
12,66%
Masculina
29,46%
Média de %indígenas
57,17%
Média de %brancos
Média de %negros
0,00%
Média de %pardos
13,89%
Feminina
45,83%
40,28%

Fonte: FUNAC (2018; 2019).

Se somadas as médias de porcentagens do atendimento inicial masculino referente


a adolescentes negros e pardos em 2018 e 2019, tem-se o acumulado de 86,63%, sendo 29,46%
referente a adolescentes negros (155 em 2018 e 119 em 2019) e 57,17% a pardos (271 em 2018

34
Outros podem vir transferidos de unidades de outras comarcas ou apreendidos em municípios fora da Ilha.
48

e 257 em 2019), enquanto que 13% faz referência a de adolescentes brancos (61 em 2018 e 56
em 2019) (FUNAC, 2018; 2019).
Também há indícios de aproximadamente essa mesma proporção na média de
adolescentes negras e pardas atendidas pelo atendimento inicial da FUNAC de 2018 e 2019, se
somados os atendimentos referentes a negras e pardas, tem-se 86,11%, sendo 45,83% negras
(23 em 2018 e 5 em 2019) e 40,28% pardas (5 em 2018 e 12 em 2019), enquanto apenas 13%
se refere ao atendimento dirigido a adolescentes brancas (8 em 2018 e 1 em 2019) (FUNAC,
2018; 2019).
É importante ressaltar que, de acordo com os indícios deixados pela FUNAC (2018;
2019), houve registro de 4 adolescentes autodeclarados indígenas no atendimento inicial
masculino em 2018. No entanto, não há mais registros no ano seguinte, deixando uma média
menor que 1%. Quanto a isso, ressalta-se a denúncia que é realizada por Ailton Krenak (2021),
do povo Krenak, acerca do etnocídio de povos indígenas através do truque colonial que muitas
vezes apaga a identidade indígena para, em lugar desta, produzir o pardo.
Como se pode notar na Figura 1, tanto no atendimento feminino quanto no
masculino, há certa regularidade na porcentagem referente ao atendimento inicial a
adolescentes negros/as, em torno de 86%. Do mesmo modo, há uma regularidade na
porcentagem de adolescentes brancos/as atendidos/as pelo atendimento inicial da FUNAC,
aproximadamente 13%. A partir desses indícios, pode-se dizer que um/a adolescente negro/a
ou pardo/a tem quase 6 vezes a mais de chances de chegar ao atendimento inicial na FUNAC
que adolescentes brancos/as35, e isso agrega uma relação diretamente proporcional com as
chances de serem apreendidos/as pela polícia.
Se interseccionalizarmos a análise das porcentagens no atendimento inicial (Figura
1), é notável o salto significativo de diferença na média das porcentagens entre os gêneros e
raça. No atendimento inicial masculino, tem-se a média de 29,46% de adolescentes negros
contra 12,66% de adolescentes brancos. Essa diferença fica ainda mais acirrada no atendimento
inicial feminino, é uma média de 45,83% de adolescentes negras contra 13,89% de adolescentes
brancas, levando a constatar que, considerando a média em 2018 e 2019, uma adolescente negra
tinha três vezes de chances a mais de ser atendida pela FUNAC36 que uma adolescente branca.
Essa distribuição do acúmulo de enunciados quantitativos referentes às apreensões
demonstra os rastros da vigilância ostensiva e implacável busca da polícia pela captura de
meninos e meninas negros/as e pardos/as. Ainda que no recorte racial dentro da categoria

35
Dividiu-se 86 por 13, o que resultou em aproximadamente 6.
36
Dividiu-se as porcentagens de 45,83 por 13,89, resultou em 3,29.
49

gênero, se entenda que as meninas e mulheres negras estão mais suscetíveis a essa seletividade
policial em relação a meninas e mulheres brancas, se tratando da sociedade como um todo, os
alvos da polícia é o jovem negro.
Essa seletividade policial destinada ao encarceramento de adolescentes negros é
muitas vezes articulada à violência policial. A respeito disso, constata-se indícios da violência
policial articulada ao encarceramento e seletividade policial em enunciados nos Relatórios das
inspeções realizadas pelo Juiz da 2ª VIJ, os quais são destacados os seguintes fragmentos:

NAI - Continua recebendo adolescentes apreendidos em flagrante com relatos e


marcas de violência física da polícia ou da comunidade, que são encaminhados à
Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente- DPCA, para registro de ocorrência
e realização de exame de corpo de delito. Em março foi registrado algumas
ocorrências de adolescentes vítimas de disparos de arma de fogo, que levados para
atendimento médico na rede de serviços do Sistema Único de Saúde- SUS [esse
mesmo enunciado é repetido no Relatório de Inspeção referente ao 3º bimestre]
(APÊNDICE D - 2ª VIJ, 2018b, n/p, grifo nosso).

O NAI continua recebendo muitos adolescentes apreendidos em flagrante com sinais


de torturas, mas sempre observando o protocolo do CIJJUV de registro da ocorrência
do DPCA e novo exame de corpo de delito no CPTCA. Nas audiências preliminares
de apresentação desses apreendidos em flagrante os adolescentes são ouvidos a esse
respeito e, quando confirmam torturas, é remetida cópia dos autos à Promotoria de
Justiça de Crimes contra Criança e Adolescente, para os devidos fins (APÊNDICE F
- 2ª VIJ, 2018d, n/p, grifo nosso).

O NAI continua recebendo muitos adolescentes apreendidos em flagrante com sinais


de agressão, mas sempre observando o protocolo do CIJJUV de registro da ocorrência
do DPCA e novo exame de corpo de delito no CPTCA. Nas audiências preliminares
de apresentação desses apreendidos em flagrante, os adolescentes são ouvidos a esse
respeito e, quando confirmam torturas e agressões, é remetida cópia dos autos à
Promotoria de Justiça de Crimes contra Criança e Adolescente, para os devidos fins
(APÊNDICE G - 2ª VIJ, 2018e, n/p, grifo nosso).

NAI - Durante os meses de setembro e outubro passaram pela unidade 105 (cento e
cinco) adolescentes, sendo 51 (cinquenta e um) no mês de setembro e 54 (cinquenta e
quatro) no mês de outubro. Houve o registro de 17 (dezessete) agressões físicas
sofridas pelos adolescentes apreendidos em flagrante cometidas por policiais militares
nos últimos dois meses (APÊNDICE G - 2ª VIJ, 2018e, n/p, grifo nosso).

De acordo com os enunciados sobre as condições que os meninos chegam à


delegacia ou ao NAI/CSAI, destaca-se nos relatos que os meninos chegam agredidos,
torturados, feridos com arma de fogo, vítimas de violência policial e de linchamento social. Não
se deve esquecer que estamos falando de uma instituição cujos corpos-alvo são
majoritariamente adolescentes negros e pardos, vindos de famílias com baixa renda, aos quais
muitas vezes recai o estigma de suspeito-padrão como destaca Alves (2017) ao problematizar
as posturas arbitrárias de policiais militares na abordagem com pessoas pretas e pobres.
A letalidade policial se tratando de corpos negros pôde ser comprovada no Anuário
Brasileiro de Segurança Pública (Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 2017), no qual foram
50

analisados 5.896 boletins de ocorrência de mortes decorrentes de intervenções policiais, entre


2015 e 2016. Excluindo os boletins em que a informação cor/raça não estava disponível, a
pesquisa revelou que 76,2% das vítimas fatais de atuação da polícia no Brasil eram negras.
Segundo Lélia Gonzalez (2020), há uma naturalização da violência policial contra corpos
negros, sendo justificada pelo imaginário que se tem de que o negro é “malandro”.
Nessa mesma perspectiva, Vieira (2012), discute o imaginário do “perfil dos
infratores” que se volta sobretudo contra sujeitos pobres e não-brancos, e características
atribuídas a esses sujeitos são consideradas como causas para a prática de atos criminalizados.
Esse discurso exclui a relação entre a criminalidade que se deseja combater e a desigualdade
social, justificando sanções individuais. Uma vez que “os criminosos” são oficialmente
rotulados como “categoria especial de pessoa, toda a reação voltada contra a eles é justificada
e aceita socialmente” (VIEIRA, 2012, p. 42). Assim, deixa-se de ver aquele sujeito como uma
pessoa – ou pessoa em situação peculiar de desenvolvimento, no caso de adolescentes – e passa-
se a vê-lo apenas sob esse imaginário do “criminoso”, “menor infrator”, “malandro”.
Apesar de todas as relações de poder que envolvem as práticas de violência policial
e linchamento, a tratativa dada pelo Juiz da 2ª Vara é tratando os casos individualmente (registro
de ocorrência, exame de corpo de delito) ou o encaminhamento da cópia dos autos à Promotoria
de Justiça de Crimes contra Criança e Adolescente, não sendo evidenciado nos enunciados uma
retomada desse tema como medida de acompanhamento na resolução do problema, ao que se
produz, através das práticas discursivas, um efeito de proteção da agência policial e poder
judiciário do Estado.
Essa proteção entre as instituições e exclusão de práticas discursivas que possam
produzir alguma crítica ou tratativa estrutural é verificada pela não alteração das violências
policiais que seguem sendo repetidas ao longo de todo o ano de 2018. E acredita-se que muito
provavelmente continuaram em 2019, o que não foi possível constatar pois, a partir do 2º
bimestre de 2019, não há mais rastros de visitas de inspeção da 2ª VIJ ao NAI/CSAI (conforme
Quadro 2, p. 39), sem sequer constar nos documentos justificativas para as ausências de
registros de inspeções no NAI/CSAI.
Segundo Lemos e outras (2015, p. 391, grifo das autoras), “não somente se assiste
à radicalização da política punitiva como se clama por ela”, porquanto o sistema racial de castas
ou o racismo estrutural, criminaliza sujeitos e os elege como os inimigos do Estado. O Estado
não chega com políticas públicas de cidadania, esporte, lazer e cultura em seus territórios;
educação e saúde são sucateadas; trabalho e profissionalização são precarizados a adolescentes
negros, pardos e periferados, assim como a suas famílias. Mas quando esse menino é
51

apreendido cometendo ato infracional, ou mesmo sem o flagrante, somente pela suposição
deste, o Estado chega pontualmente com seu aparelho repressivo, a polícia, para promover
morte, violência e encarceramento.

4.2.3 Seletividade do judiciário e indícios das condições do encarceramento nas unidades

Desde que surgiram, as instituições voltadas para a internação de crianças e


adolescentes vêm se mantendo com a lotação sempre superior à planejada, sob condições
estruturais e interpessoais precarizadas (RIZZINI; PILOTTI, 2011). Apesar do SINASE e o
ECA inovarem na Lei com os critérios de que as medidas de internação ou semiliberdade só
deverão ser sentenciadas em caráter de excepcionalidade37, brevidade38 e respeito à condição
de pessoa em situação peculiar de desenvolvimento39, a superlotação nas unidades é um
paradigma que persiste ao longo da história dessas instituições, juntamente a situações de
violação de direitos dos adolescentes encarcerados (CEDECA, 2017; CONANDA, 2006).

4.2.3.1 Nas unidades de internação provisória

A internação provisória é referida pelo SINASE como sendo de “natureza cautelar”


(CONANDA, 2006, p. 28), pois ela acontece antes mesmo da sentença, e só deve ser aplicada
mediante a atribuição de cometimento de atos infracionais em flagrante ou internação
preventiva, tendo como prazo máximo quarenta e cinco dias, dentro do qual o Juiz da 2ª VIJ
precisa determinar qual o tipo de medida que aquele/a adolescente deverá cumprir
(CONANDA, 2006; CEDECA, 2017).
Na Figura 2, estão representadas as porcentagens de adolescentes internados na
medida provisória masculina e feminina por raça, caracterizando quais são os focos a quem se
dirigirá “cautela” ou a “prevenção” de atos infracionais.

37
Sobretudo as medidas de internação, deverão ser aplicadas excepcionalmente se o ato infracional atribuído ao
adolescente representar grave ameaça a pessoa ou se tratando de reiteração ou cometimento de outras infrações
graves (CEDECA, 2017; CONANDA, 2006).
38
De que o/a adolescente deverá passar o menor tempo em privação ou restrição de liberdade, sendo necessárias
reavaliações regulares para progressão ou extinção da medida (CEDECA, 2017; CONANDA, 2006).
39
Dado que a adolescência é considerada uma etapa essencial para a disposição do sujeito ao seu meio social e de
construção de sua subjetividade, é essencial haja condições sociais adequadas a todos os direitos fundamentais
(CEDECA, 2017; CONANDA, 2006).
52

Figura 2 – Internação Provisória por gênero e raça em 2018 e 2019

Internação Provisória

0,47%
12,14%
Masculina
19,53%
67,86% Média de %indígenas
Média de %brancos
0,00%
15,48% Média de %negros
Feminina
23,61% Média de %pardos
60,91%

Fonte: FUNAC (2018; 2019).

Somando as porcentagens referentes à internação em medida provisória masculina


de adolescentes pardos e negros, tem-se 87,39% enquanto que a de adolescentes brancos é de
12,14%. Na feminina, nota-se quase a mesma proporção, sendo 84,52% de adolescentes pardas
e negras e 15,48% de adolescentes brancas. Quanto ao encarceramento de adolescentes
autodeclarados indígenas na internação provisória, embora sua média não chegue a 1%, tem-se
indícios na CJC de haver 5 adolescentes indígenas em 2018 e 1 em 2019 (Figura 2).
Como se percebe, o público para o qual mais se dirige a internação provisória, tanto
na internação feminina, quanto masculina, é para adolescentes negros e pardos, e quanto a isso,
há indícios de que as unidades estão superlotadas desses adolescentes, o que configura uma
tendência à internação massiva na medida cautelar. Achou-se um acúmulo de enunciados nos
Relatórios da 2º VIJ referente à superlotação na unidade de internação provisória masculina,
CJC/CSIPC. Segue alguns fragmentos:

No CJC [...]. Por falta de vagas, muitos adolescentes com medida socioeducativa de
internação ficam vários meses na unidade de internação provisória, em prejuízo ao
programa socioeducativo de internação, situação que se verifica desde janeiro de
2016. [...]. Ainda há alojamentos com dois ou mais adolescentes, descumprindo
sentença judicial deste Juízo que determina o número máximo de dois por alojamento,
o que pode incorrer no afastamento da presidente da FUNAC e do diretor da unidade
(APÊNDICE C - 2ª VIJ, 2018a, n/p, grifo nosso).

CJC - Com 42 de internação provisória e 17 de internação definitiva que aguardam


vaga. sendo que dois deles se encontram mais de 4 (quatro) meses sem PIA [Plano de
Atendimento Individual] e sem alternativa de reavaliação da medida, sendo necessário
apurar a responsabilidade pela inobservância de critério de antiguidade para
transferência para unidade socioeducativa de internação (APÊNDICE F - 2ª VIJ,
2018d, n/p, grifo nosso).
53

CJC - Dos 62 (sessenta e dois) adolescentes, 11 (onze) já estão com medida


socioeducativa de internação aguardando transferência para unidade de internação
definitiva (APÊNDICE G - 2ª VIJ, 2018e, n/p, grifo nosso).

O CJC [...] encontrava-se com o dobro de sua capacidade, o que é compensado pela
disponibilidade de vagas no CSISJR que depende da ampliação de pessoal e divisórias
(alambrados) para recebimento de mais 40 socioeducandos. O CJC, com capacidade
para 42 vagas, encontrava-se com 82 internos, sendo 27 de internação definitiva no
aguardo de vaga em um dos centros socioeducativos (APÊNDICE I - 2ª VIJ, 2019a,
grifo nosso).

De acordo com os enunciados destacados, se percebe uma regularidade ao se falar


em superlotação na unidade de internação provisória masculina (CJC/CSIPC), acontecimento
que se apresenta desde 2016 e que se repete ao longo das inspeções com o sentido de que o
sistema está superlotado “por falta de vagas”, extrapolando as capacidades dos alojamentos (2ª
VIJ, 2018a, n/p); colocando os adolescentes na posição de que “aguardam vaga” e “sem
alternativa de reavaliação da medida” (2ª VIJ, 2018d, n/p); ou de quem está “aguardando
transferência para unidade de internação definitiva” (2ª VIJ, 2018e, n/p).
Segundo o fragmento referente ao 4º bimestre de 2018, o CJC/CSIPC, que possuía
capacidade para 42 socioeducandos, estava com 17 adolescentes a mais, cumprindo internação
definitiva na unidade para medidas provisórias, dentre estes, dois adolescentes sem PIA por
mais de quatro meses (2ª VIJ, 2018d), o que, de acordo com o ECA, precisa ser realizado em
até 45 dias (CEDECA, 2017). No relatório referente ao primeiro bimestre de 2019, o número
de adolescentes no CJC/CSIPC salta para 82 adolescentes, praticamente o dobro de sua
capacidade e a ideia de que eles estão ali “no aguardo de vaga” se mantém (APÊNDICE I - 2ª
VIJ, 2019a, n/p).

CJC - Constatou-se a presença de adolescentes com guia de internação definitiva na


única unidade de internação provisória da Comarca da Ilha de São Luís, aguardando
vaga em unidade de cumprimento de medida de internação da FUNAC, sendo que
*****,*****, *****, ***** e *****40 há mais de 3 (três) meses, pelo qual determino
que a direção da unidade, em articulação com a Coordenadora de Medidas
Socioeducativa da FUNAC, proceda a transferência destes no prazo de 15 dias, sob
pena de instauração de procedimento para apuração dessa irregularidade (APÊNDICE
J - 2ª VIJ, 2019b, n/p).

Constatou-se a presença de 17 adolescentes com guia de internação definitiva na única


unidade de internação provisória da Comarca da Ilha de São Luís, aguardando vaga
em unidade de cumprimento de medida de internação da FUNAC, estando *****,
*****, *****, *****, *****, *****, *****, ***** e ***** há mais de 3 (três) meses,
pelo que reitero o pedido que a direção da unidade, em articulação com a
Coordenadora de Medidas Socioeducativa da FUNAC, proceda a transferência destes
no prazo de 15 dias, sob pena de instauração de procedimento para apuração dessa
irregularidade (APÊNDICE K - 2ª VIJ, 2019c, n/p).

40
Os nomes dos adolescentes foram salvaguardados por questões éticas.
54

No relatório referente ao segundo bimestre de 2019 (APÊNDICE J - 2ª VIJ, 2019b),


havia cinco adolescentes com mais de três meses cumprindo medida de internação definitiva,
sendo que, somado às semanas que ficou em internação provisória, provavelmente o tempo
total de internação desses meninos passava disso. No relatório referente ao terceiro bimestre,
há o acúmulo de dezessete adolescentes com guias de internação definitiva cumprindo medida
na unidade para internação provisória, com o agravo de que havia nove adolescentes com mais
de três meses na CJC/CSIPC.
A fim de sanar o problema da superlotação na internação provisória e definitiva, o
juiz determinou, logo no primeiro bimestre de 2018, que a FUNAC adotasse

Medidas decorrentes de apuração de irregularidades em unidades de internação na


Comarca da Ilha de São Luís, de oficio e mediante representação do Ministério
Público (processos 1183-51.2017, 1184-36.2017, 1308-19.2017 e 948-84.2017, em
especial as de implementação da regionalização das medidas socioeducativas de
internação, de proibição de partir de 1. º de abril de 2018 de exceder a capacidades
das unidades de internação provisória e definitiva e de até essa data providenciar o
registro ou tenha pelo menos autorização temporária para funcionamento dessas
unidades junto ao CEDCA, sob pena de afastamento definitivo da presidente da
FUNAC, interdição parcial de unidade, afora multa e responsabilização por crime de
desobediência, embora tramitem apelação de algumas dessas sentenças (APÊNDICE
C - 2ª VIJ, 2018a, n/p, grifo nosso).

Observa-se que a superlotação em unidades masculinas toma uma proporção tão


estrutural na Ilha de São Luís, que o problema aparece inclusive em enunciados referentes ao
atendimento inicial:

NAI - A permanência por vários dias e até semanas de adolescentes ou jovem adultos
apreendidos para cumprimento de medida socioeducativa de internação no Núcleo de
Atendimento Inicial do Centro Integrado de Justiça Juvenil-CIJJUV, por falta de vaga
nos centros socioeducativos de internação (APÊNDICE H - 2ª VIJ, 2018f, n/p, grifo
nosso).

Aqui, mais uma vez, a “falta de vaga” aparece como justificativa, fechando uma
lógica que se encadeia no sentido de que: a unidade de atendimento inicial está superlotada “por
falta de vaga” na internação provisória, que, por sua vez, está superlotada “por falta de vaga”
na internação definitiva. Há indícios já no relatório referente ao segundo bimestre de 2019 de
que o Juiz determina um prazo de 15 dias para que a unidade de internação provisória resolva
a superlotação (APÊNDICE I - 2ª VIJ, 2019c), o que não é cumprido e, na inspeção seguinte,
ele novamente dá outro prazo de 15 dias (APÊNDICE I - 2ª VIJ, 2019c), o que também não é
cumprido.

Irregularidades: 1) Superlotação da única unidade de internação provisória nesta


comarca, encontrando-se com o dobro de sua capacidade, eis que se encontrava com
99 internos e sua capacidade é para 42 vagas; 2) Permanência, dentre 99 internos, de
55

38 com internação definitiva, aguardando vaga em unidade de internação definitiva,


sendo que 3 (três) deles próximo de 06 (seis) meses e 3 (três) com quase 5 (cinco)
meses, além de três com situação de saúde decorrente de disparos de arma de fogo
que demandam cuidados especiais (laparotomia exploradora com bolsa de colostomia
e os demais com osteossíntese com fixador externo no antebraço e outro na perna) [...]
Providências: [...] Prazo de 30 dias para resolução da superlotação da unidade de
internação provisória Canaã (São Luís). com a transferência daqueles que estão com
medida socioeducativa de internação, sob pena de instauração de oficio de
procedimento para apuração da irregularidade, considerando ainda o desrespeito à
decisão deste Juízo, transitada em julgada e proferida nos autos da representação
0001183-1.2017.8.I0.0003 (APÊNDICE C - 2ª VIJ, 2019d, n/p).

A convivência protetora é uma prerrogativa do SINASE (2006, p. 51) para o


atendimento socioeducativo que prevê a necessidade “de se ter espaço físico reservado para
aqueles que se encontram ameaçados em sua integridade física e psicológica”,
independentemente da fase ou tipo de medida socioeducativa que o/a adolescente esteja
cumprindo. Porém, sob a justificativa de que o CJC/CSIPC estava superlotado, a fim de achar
algum lugar protetivo para os adolescentes internados que sofriam algum tipo de ameaça, são
apontadas duas salas improvisadas na unidade de internação provisória masculina (APÊNDICE
J - 2ª VIJ, 2019b), as quais aparecem nas inspeções recorrentemente sob condições insalubres:

CJC - Constatou-se também a ausência de banheiros nos 2 (dois) alojamentos


destinados à proteção [que são duas salas improvisadas], atualmente com 4 (quatro)
adolescentes em um e, no outro, 1 (um), com uso de balde para urinar, pelo que
determino que a direção da unidade, reitere o pedido de construção dos banheiros
junto a Presidência da FUNAC, sob pena de interdição da área protetiva,
estabelecendo o prazo de 3 meses para construção (APÊNDICE J - 2ª VIJ, 2019b,
n/p).

Nos achados das inspeções referente ao quarto bimestre de 2019, há indícios ainda
mais críticos de adolescentes encarcerados sob condições abarrotadas: são 57 adolescentes a
mais dentro de uma estrutura que foi planejada para apenas 42 adolescentes, são “99 internos”,
desses, 38 estão com guias de internação definitiva (APÊNDICE L - 2ª VIJ, 2019d, n/p), mas
nota-se que, nem com a transferência destes, o problema da superlotação na unidade de
internação provisória se resolveria, sobrariam ainda 19 que, a essa época, ainda estavam sem
sentença de medidas socioeducativa, ou seja, sequer haviam passado pela audiência.
Nos discursos produzidos pela 2ª VIJ, não se problematiza a prática de internar
pessoas e, especialmente, adolescentes sob acusação do cometimento de ato infracional, nem
se questiona o déficit de políticas públicas no território desses adolescentes que fabrica o
“menor e infrator” (BEZERRA, 2020; CARVALHO, 2015; VIEIRA, 2012), mas regularmente,
estrategicamente o problema vai sendo montado sob “a falta de vagas”.
De acordo com o art. 49 da Lei do SINASE (BRASIL/CASA CIVIL, 2012), um
dos direitos individuais dos adolescentes em cumprimento de medida de privação de liberdade
56

é de ser incluído em programa socioeducativo no meio aberto, em caso de falta de vagas em


unidades de internação, salvo em caso de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou
violência à pessoa, quando deverá ser encaminhado para unidade de internação mais próxima
ao lugar onde reside.
Apesar da superlotação nas unidades de internação definitiva e na provisória, é
somente no 4º bimestre de 2019 que se obtém registro de que, pela primeira vez, houve
progressão de medida para o meio aberto como uma recomendação judicial, mas apenas para
“os adolescentes em situação de saúde decorrente de disparo de arma de fogo” (APÊNDICE L
- 2ª VIJ, 2019d, n/p), conforme fragmento abaixo:

CJC - Providências: [...] 2) Agendamento imediato de audiência de execução para


eventual substituição da internação por medida em meio aberto para os adolescentes
em situação de saúde decorrente de disparo de arma de fogo (APÊNDICE L - 2ª VIJ,
2019d, n/p, grifo nosso).

É importante lembrar que há indícios de adolescentes feridos por arma de fogo


advindas da violência policial desde o relatório referente ao segundo bimestre de 2018
(APÊNDICE D - 2ª VIJ, 2018b), no entanto, somente mais de um ano depois é que se tem
indícios de progressão de medida específica para esses adolescentes, ao que nos leva a
perguntar: será que todos esses adolescentes vítimas da violência policial ou de linchamento
social, que estavam com saúde comprometida, cometeram atos infracionais de grave ameaça
ou violência à pessoa? E quanto aos demais, também não tinham direito à reavaliação de medida
em caso de falta de vaga?
De acordo com a pesquisa de Lima (2019) que aborda, entre outros aspectos, os
registros de atos infracionais pelos quais adolescentes cumprem medidas socioeducativas
sentenciadas pela 2ª VIJ da comarca de São Luís, tem-se que, de 2015 a 2017, os atos
infracionais com maior incidência estão relacionados a dano à propriedade privada (roubo sem
grave ameaça a pessoas) e a drogas ilícitas, ou seja, sem grave ameaça à pessoa.
Não foi possível acessar dados que combinassem o ato infracional do qual se acusa
o/a adolescente com a medida socioeducativa sentenciada durante o recorte temporal desta
pesquisa a fim de que avaliasse mais precisamente se havia viabilidade de progressão da
medida, mas os documentos analisados podem constatar pelo menos que não houve
recomendações nesse sentido dos relatórios referente ao primeiro bimestre de 2018 até ao
relatório referente ao segundo bimestre de 2019 (havendo somente no relatório referente ao
quarto bimestre de 2019).
57

Assim, o ambiente da unidade provisória masculina vai se constituindo, através dos


documentos, como um cenário abarrotado de adolescentes e de violações de direitos, além da
privação do direito à liberdade, acarretando em insatisfações, tumultos e resistências pelos
adolescentes. Sob a justificativa de conter essas revoltas, no relatório referente ao quinto
bimestre de 2019, tem-se agressões físicas envolvendo o Grupo de Intervenção Tática (GIT):

CJC - No dia anterior à inspeção (24 de outubro), após batimento de grade e arremesso
de pedaços de lajotas nas alas C e D, envolvendo os adolescentes WSR e WMFL,
houve a intervenção do Grupo de Intervenção Tática - GIT. Todavia, foram relatados
agressões físicas e abuso no uso de spray de gengibre pelo GIT, segundo relatos dos
adolescentes CVGS, WSC, WMFL, WRSA, MVMLC e PLSC, o que foi determinado
que o Diretor da unidade levasse os adolescentes para exame de corpo de delito, bem
como registro da ocorrência policial junto à DPCA. Alguns deles com hematomas nas
mãos em decorrência do uso muito apertado de algemas plásticas e no pescoço como
mãos com luvas. O adolescente WSC foi levado à UPA do Vinhais pelo excesso de
spray de gengibre em sua face, tendo sido ali reanimado (APÊNDICE M - 2ª VIJ,
2019e, n/p, grifo nosso).

De acordo com o Plano de Segurança do Atendimento Socioeducativo do Maranhão


(FUNAC, 2015, p. 38), as medidas de segurança interventivas devem se valer do uso da força
somente em casos excepcionais e após “esgotar todas as possibilidades de mediação de conflitos
e diálogo”, devendo dispor apenas da força estritamente necessária, aumentando o nível
ponderadamente, respeitando o princípio da proporcionalidade, ou seja, o uso da força deve ser
equivalente à resistência oferecida, considerando os recursos que o socioeducador dispõe.
O GIT é um grupo formado por agentes socioeducativos treinados para intervir em
situações de crise, quando não é o suficiente, as unidades solicitam apoio da polícia militar
(FUNAC, 2015). Aqui, nota-se uma semelhança com o Núcleo de Intervenção Tática,
“composto por agentes penitenciários capacitados em ações táticas e tem como objetivo dar
uma resposta rápida em situações de crise” (AVILAR; FERNANDES, 2019, p. 274), o que se
leva a pensar outra vez sobre as semelhanças e continuações entre o Sistema Socioeducativo e
o Sistema de Justiça Adulto.
Pelo enunciado destacado, há indícios de que a resposta dos socioeducadores
integrantes do GIT para contenção do tumulto foi desproporcional, posto que a resistência se
fazia por parte dos adolescentes era por meio de “batimento de grade e arremesso de pedaços
de lajotas” em duas alas, e como resposta tem-se “hematomas nas mãos em decorrência do uso
muito apertado de algemas plásticas e no pescoço como mãos com luvas41” e ainda que um

41
As luvas e as algemas fazem parte do conjunto de equipamentos antitumulto utilizados pelo GIT nos momentos
de intervenção na área de segurança, juntamente a coletes antiperfurantes, capacetes, tonfas, escudos transparentes,
protetores de cotovelo, protetores de canela, botas, máscaras de gás e capacetes de bombeiros (FUNAC, 2015, p.
39).
58

adolescente ficou desacordado devido ao uso excessivo de spray de gengibre, teve de ser
reanimado na UPA.
Se o objetivo era cessar os batimentos de grade e arremessos de pedaços de lajota,
por que há hematomas no pescoço e nas mãos dos adolescentes? Por que havia pedaços de
lajota de fácil acesso? Que outros meios do uso progressivo da força foram tentados antes? A
que se devia tanta revolta? Além do exame de corpo de delito e registro da ocorrência policial,
que outras tratativas foram realizadas na unidade como reparação dos danos e prevenção de que
outras situações como estas possam surgir?
Desde o Código de 79, período da Ditadura Militar, tem-se a autorização legal para
internar adolescentes a quem se atribui o cometimento de atos contra a Lei antes mesmo da
audiência (MELO SILVA, 2011), configurando uma aceleração evidente no encarceramento
daqueles considerados “criminoso em potencial” (LEMOS et al., 2015, p. 392), sendo muitas
vezes vivenciadas situações de insalubridade, superlotação e violências físicas pelos
adolescentes dentro das unidades, isso acontecia no SAM, seguiu se mantendo na FEBEM e
ainda hoje há vestígios dessas práticas.
A internação provisória ou prisão preventiva, portanto, guarda uma necessidade
histórica de higienização da cidade e punição, o “crime adentra no campo da previsibilidade,
[no qual] predomina o julgamento baseado no direito penal do autor ao invés do direito penal
do fato”, e em lugar de prevenir que delitos continuem sendo cometidos pelos sujeitos, pune-se
o indivíduo, sua história de vida e as projeções seletivas do que ele poderá vir a ser (LEMOS et
al., 2015, p. 392).

4.2.3.2 Nas unidades de internação definitiva

Tal como a seletividade policial, a seletividade do Judiciário também se manifesta


no atendimento socioeducativo, pois a remissão de medida ou medidas no meio aberto são
aplicadas majoritariamente a adolescentes brancos de classe média e alta, isto é, quando,
eventualmente, chegam ao Sistema de Justiça Juvenil, ao passo que, as medidas de
encarceramento são aplicadas sobretudo aos pobres e negros (BEZERRA, 2020; BUDÓ, 2015;
CARVALHO, 2015; VIEIRA, 2012).
De acordo com o gráfico (Figura 2), as medidas de internação definitiva na Ilha de
São Luís são povoadas por adolescentes negros e pardos, produzindo uma diferença exorbitante
para o encarceramento de adolescentes brancos, sobretudo nas unidades masculinas. Nas
medidas de internação definitiva masculina, verifica-se a média de 82,95% de adolescentes
59

negros e pardos, e 16,57% de adolescentes brancos, e há o registro de 0,47% de adolescentes


autodeclarados indígenas; na feminina, tem-se o percentual de 79,91% de adolescentes negras
e pardas e 20,10% de adolescentes brancas.

Figura 3 – Internação por gênero e raça em 2018 e 2019

Internação

0,47%
16,57%
Masculina
24,94%
58,01% Média de %indígenas
Média de %brancos
0,00%
20,10% Média de %negros
Feminina
14,22% Média de %pardos
65,69%

Fonte: FUNAC (2018; 2019).

Os dados do encarceramento deixam rastros desse agir seletivo das agências policial
e judicial, sustentado no racismo institucional e estrutural que naturaliza práticas racistas
(CARVALHO, 2015). Nota-se que há o encarceramento massivo e seletivo de adolescentes
negros/as e pardos/as, sendo possível verificar, tal como no atendimento inicial e nas unidades
de medidas provisórias, também nas unidades de internação definitiva masculinas, o que vai
tornando o ambiente das unidades cada vez mais abarrotado, hostil e de difícil manejo dos
conflitos internos, chegando por vezes a tentativas de homicídios entre próprios socioeducandos
que, sob conflitos, são mantidos no mesmo alojamento por falta de lugar:

CSIMSL - Houve uma tentativa de homicídio42 em um dos alojamentos, envolvendo


como ofensores alguns socioeducandos. Os procedimentos judiciais já foram
instaurados e a unidade separou a vítima dos agressores adolescentes, pois aqueles
com maioridade encontram no Centro Triagem da SEAP (APÊNDICE C - 2ª VIJ,
2018a, n/p, grifo nosso)

Nota-se que o discurso adotado pela unidade, segundo a 2ª VIJ, foi de encaminhar
o jovem referenciado como agressor para o Centro de Triagem do Sistema Penitenciário Adulto,
reproduzindo práticas discursivas que favorecem ao encarceramento e excluindo aquelas que

42
Não se evidencia nos documentos qual a motivação dessa tentativa de homicídio na CSIMSL, mas há, no mesmo
relatório de inspeção (2ªVIJ, 2018a), referência a um homicídio entre os socioeducandos na CJC/CSIPC que dá
indícios de ter sido motivado por conflitos entre facções e a manutenção de apenas dois socioeducandos por
alojamento como forma de evitar novas ocorrências fatais como essa, discutido na seção 4.2.4 (p. 66).
60

favorecem as práticas restaurativas por exemplo, as quais, de acordo com a pesquisa de Lima
(2019) estavam sendo realizadas na comarca de São Luís de maneira tímida em 2019, portanto,
não se sabe se a época do ocorrido já havia iniciativas como essas.
Há também indícios de agressões envolvendo vice-diretor, diretor, coordenador de
segurança e monitor no CJSNV e CSISJR:

CJSNV - 11/10/2018 - Ameaça e desacato de dois socioeducandos contra dois


educadores. Na inspeção esses educandos reclamaram que, em razão desses
xingamentos, sofreram agressões (spray de pimenta e aperto excessivo de algemas),
causando ferimentos nos pulsos. Relataram também o envolvimento nesse episódio
do vice-diretor (APÊNDICE G - 2ª VIJ, 2018e, n/p, grifo nosso).

CSISJR - Pelo menos seis socioeducandos relataram agressões físicas e verbais dentro
da unidade, ocorridas na primeira semana de outubro, envolvendo o diretor, o
coordenador de segurança e monitor, inclusive uso excessivo de spray de pimenta.
Por envolver o diretor e o coordenador de segurança, a apuração administrativa das
ocorrências será determinada à direção da FUNAC (APÊNDICE M - 2ª VIJ, 2019e,
n/p, grifo nosso).

E há mais outro relato referente a ação do GIT no CSIMSL:


CSIMSL - A direção da unidade comunicou que na data do dia 21/10/2019, o GIT
(Grupo de Intervenção Tática) foi acionado para conter um batimento de grade, tendo
depois sido relatadas pelo adolescente LCAN agressões sofridas pelo GIT, além
inalação de spray de pimenta. A direção da unidade informou que foi feita a ocorrência
policial e o exame de corpo de delito (2ª VIJ, 2019e, n/p, grifo nosso).

Aqui, novamente se verifica o uso desproporcional da força: no CJSNV, como


resposta a “ameaça e desacato” tem-se nos adolescentes “agressões (spray de pimenta e aperto
excessivo de algemas), causando ferimentos nos pulsos”, com envolvimento do vice-diretor
(APÊNDICE G - 2ª VIJ, 2018e, n/p); no CSISJR, tem-se “agressões físicas e verbais [...]
envolvendo o diretor, o coordenador de segurança e monitor, inclusive uso excessivo de spray
de pimenta” sem apontamentos de qual foi a situação desencadeadora das agressões
(APÊNDICE M - 2ª VIJ, 2019e, n/p); no CSIMSL, tem-se “batimento de grade” e como
resposta “agressões sofridas pelo GIT, além inalação de spray de pimenta”.
A FUNAC (2015, p.6) se vale do conceito “Segurança Socioeducativa, para se
referir à adoção de medidas de contenção e segurança que guarde os direitos fundamentais e
segurança-cidadã, observando os direitos dos socioeducandos para que não sejam ameaçados
ou violados por medidas arbitrárias e violentas, e ao mesmo tempo garantindo que as medidas
não sejam frágeis e/ou descumpridas de modo a oferecer risco para a segurança dos
socioeducandos e profissionais. Apesar disso, se percebe vestígios, através dos documentos, de
diversas vezes que o uso da força aparece como sendo a única intervenção realizadas e não só
com o objetivo de cessar ou neutralizar os tumultos, mas também geram ferimentos e às vezes
danos mais graves.
61

O encarceramento massivo nas unidades de internação chega a atingir a


adolescentes oriundos de outras comarcas, e há uma fragilização do vínculo familiar, que além
de privar da convivência em liberdade, muitas vezes há indícios de privação do contato via
telefone.

As visitas dos familiares dos adolescentes, inclusive as dos oriundos de outras


comarcas, vem sendo garantida parcialmente, bem como a realização de contatos
telefônicos. Há dificuldades de deslocamento para aquelas famílias que residem em
municípios distantes. Apesar de a FUNAC oportunizar o translado dos familiares,
principalmente em período de festas, o espaçamento no contato familiar ainda tem
sido reclamado pelos internos (APÊNDICE E - 2ª VIJ, 2018c, n/p, grifo nosso).

Há um quantitativo expressivo de socioeducandos oriundos de Timon cumprindo


medida socioeducativa de internação nessa comarca, privando-os da convivência
familiar, o que exige a instalação com certa urgência de unidade para esse fim naquele
município (APÊNDICE J - 2ªVIJ, 2019b, n/p, grifo nosso).

O vínculo familiar é de estrita importância para a formação dos sujeitos e,


especialmente, para aqueles que estão em situação peculiar de desenvolvimento. Apesar disso,
e mesmo com a legislação do SINASE (BRASIL/CASA CIVIL, 2012) estabelecendo que o
adolescente, em caso de sentença para cumprimento de medidas de internação, deverá ser
encaminhado para uma unidade próximo à sua residência ou para o meio aberto, há indícios de
“um quantitativo expressivo de socioeducandos” oriundos da comarca de Timon (APÊNDICE
I - 2ª VIJ, 2019a, n/p) sentenciados para cumprimento de medidas de privação de liberdade em
São Luís.
É nesse sentido, que Carvalho (2015, p. 629) problematiza se “é possível afirmar
(e, se positivo, em que medida) a responsabilidade do Poder Judiciário no encarceramento
seletivo da juventude negra brasileira?”. Por um lado, concorda-se com a objeção de Carvalho
(2015) de que se deve chamar atenção para a participação do Judiciário na responsabilidade
pelo alto índice de prisionalização da juventude negra. Por outro, entende-se que, mesmo tendo
se considerado o ECA e o SINASE como grandes avanços no Poder Legislativo, são eles que
continuam preservando o encarceramento como política de Estado.
Nos registros de Inspeções nas unidades de internação, se observa que a lógica de
“o problema da superlotação é que não há vagas” ganha uma terceira peça: “não há vagas
porque as unidades ainda estão em reforma, mas em breve abrirá mais vagas”. Assim, são
inauguradas duas novas unidades de internação em 2019, CSISJR e CSISC, para “resolver” o
problema da superlotação:

O funcionamento em sua capacidade parcial do Centro Socioeducativo de Internação


de São José de Ribamar - CSISJR, para 80 vagas, mas com apenas 41 socioeducandos,
62

em face da necessidade de contratação de pessoal e aquisição de alambrados


(APÊNDICE H - 2ª VIJ, 2018f, n/p, grifo nosso).

Inauguração do Centro Socioeducativo de Internação do São Cristóvão - CSISC (São


Luís), para 40 vagas (prédio próprio); A FUNAC anunciou que o Centro
Socioeducativo de Internação do São Cristóvão, inaugurado no mês de dezembro de
2018, destinar-se-á exclusivamente para adolescente do interior do Estado, inclusive
para aqueles oriundos do município de Timon/MA (APÊNDICE H - 2ª VIJ, 2018f,
n/p, grifo nosso).

Em relação ao CSISJR, a efetivação de pessoal e alambrado para viabilizar as


atividades regulares de escolarização e acolhimento daqueles que estão com
internação definitiva no CJC por vários meses aguardando vaga (APÊNDICE I - 2ª
VIJ, 2019a, n/p, grifo nosso).

CSISJR - Constatou-se a conclusão da colocação dos alambrados. Unidade está


funcionando com a sua plena da capacidade (80 vagas) e no dia inspeção (18/10)
tinham 75 socioeducandos (APÊNDICE I - 2ª VIJ, 2019a, n/p, grifo nosso)

No CSISJR, a falta de alambrados tem impedido a ocupação de pelo menos 75% de


sua capacidade, o que resolveria a irregularidade apontada no item 2 (APÊNDICE N
- 2ª VIJ, 2019f, n/p, grifo nosso).

Segundo o ofício enviado à presidente da FUNAC referente ao segundo bimestre


(APÊNDICE N - 2ª VIJ, 2019f, n/p), a irregularidade a qual o fragmento acima se refere é
justamente a superlotação no CJC/CSIPC que chega a um estado crítico posto que “no CJC tem
adolescentes de 3 a 4 meses de internação definitiva, em flagrante violação aos seus direitos
individuais e à socioeducação, inclusive atraso na elaboração do PIA que são apresentados
simultaneamente com relatório de reavaliação”, o que, como visto na seção anterior, se agrava
no bimestre seguinte.
De acordo com os fragmentos, se percebe que as unidades foram inauguradas antes
mesmo de haver finalizado as reformas relacionadas a essas questões, de salubridade e
segurança, essenciais para viabilizar o atendimento socioeducativo. Frequentemente, são
referidas como pré-requisito para abertura de mais vagas e, assim, para a resolução da
superlotação. Assim, será que a superlotação então se resolve com a abertura de mais vagas
para internação?
Nos relatórios de inspeções referentes ao último bimestre de 2019 (APÊNDICE –
2ª VIJ, 2019f), no campo quantitativo “número de vagas”43, tem-se indícios de que a capacidade
está proporcional à lotação apenas no documento referente à visita no CSF, que é a unidade
feminina e consta que possui duas vagas, a todas as outras unidades, que são de internação
masculina, é atribuído apenas “não” (APÊNDICE N - 2ª VIJ, 2019f).

43
Que se encontra no “Passo 6 – Direitos”, conforme descrito na seção 4.1 (p. 41).
63

Assim, se percebe que dos documentos de inspeção de 2018 e até do início de 2019,
os discursos formulados pela 2ª VIJ produzem um efeito de maior preocupação com relação à
superlotação nas unidades, comumente referenciando como solução a isso a abertura de novas
unidades de internação ou reformas às recém-abertas. Todavia, ao longo de 2019, acompanha-
se a inauguração de duas novas unidades de internação, bem como suas reformas e ajustes para
caber mais adolescentes encarcerados, inclusive advindos dos interiores do estado, e, no
entanto, o enunciado “não” como resposta ao campo de “número de vagas” evidenciam ainda
os rastros da superlotação, muito embora se tenha uma exclusão de enunciados qualitativos no
ano de 2019. Inclusive, a partir dos relatórios referentes ao segundo bimestre de 2019, não há
mais vestígios de inspeções realizadas no NAI/CSAI, unidade que também chegou a apresentar
superlotação, além dos indícios de violência policial.

4.2.3.3 Nas (ausências de) unidades de semiliberdade

Algo que poderia ajudar a mitigar a superlotação nas unidades de internação, em


vez de mais unidades privativas de liberdade – entendidas pelo SINASE como as mais rígidas
e por isso deveriam ser aplicadas somente em casos muito excepcionais (CONANDA, 2006) –
seria a criação de mais unidades de semiliberdade, essas que, em relação às de internação, têm
maiores chances de promover qualidade no fortalecimento de vínculos familiares e
comunitários, se forem conduzidas de maneira eficaz.
Apesar disso, como será demonstrado a seguir (Figura 4), esse serviço é bastante
irregular.

Figura 4 – Semiliberdade Feminina por raça

Semiliberdade

0
0 Média de %indígenas
Feminina Média de %brancos
50,00%
Média de %negros
50,00% Média de %pardos

Fonte: FUNAC (2018; 2019).


64

Não há indícios de oferecimento do atendimento masculino em semiliberdade na


Ilha de São Luís nem em 2018, nem 2019. Há indícios do atendimento de semiliberdade
feminina apenas em 2018 com apenas duas adolescentes cumprindo medida desse tipo, uma
negra e uma parda (Figura 4). No ano seguinte, já se constata uma ausência desse serviço por
completo na Ilha, sendo suspenso o atendimento em semiliberdade na unidade feminina
(FUNAC, 2018;2019).
Com base na média de 2018 e 2019 apresentadas nos Relatórios da FUNAC (2018;
2019), 95,5% dos adolescentes atendidos eram meninos, ainda assim, não há a semiliberdade
masculina nas unidades da região metropolitana do Maranhão, região que mais recebe
demandas para internação. Essa tendência para a exclusão de unidades de semiliberdade, ao
passo que se presencia uma expansão nas unidades de internação pode ser percebida como um
paradigma em todo país.
De acordo com o levantamento do CNMP (2019), em 2018, havia 330 unidades de
internação ativas e apenas 123 unidades de semiliberdade no país. Em 2016, tinha-se que 64%
dos adolescentes em todo atendimento socioeducativo estavam em medidas de privação de
liberdade, enquanto que apenas 10% desses adolescentes estavam em semiliberdade (BRASIL,
SENADO, 2016). Em contrapartida, o próprio SINASE (2006, p. 14) adverte que “a elevação
do rigor das medidas não tem melhorado substancialmente a inclusão social dos egressos do
sistema socioeducativo”, recomendando que se priorize os meios abertos e, no caso do meio
fechado, a semiliberdade.
De acordo com os fragmentos dos Relatórios de Inspeção, se percebe ao longo de
2018 e 2019 uma regularidade na relação discursiva causal e linear de que: é abrindo mais
instituições de internação que se resolve a superlotação. Mas o que se percebe é que quanto
mais abre-se vagas, mais demandas há para o encarceramento. Além disso, a medida que se
verifica a superlotação das unidades, há movimentos contrários que o mantém: mais
encarceramento e ausência de unidades de semiliberdade.
O próprio lugar do Juiz, que sentencia o encarceramento, contribuindo para a
superlotação, é o mesmo que as avalia e redireciona o problema da superlotação para as
unidades. A posição de Juiz exclui discursos possíveis acerca do sistema excludente que fabrica
e encarcera em massa “adolescentes em conflito com a lei” e, em vez disso, produz
regularmente discursos com o efeito de que as instituições não são ágeis suficientes para atender
a velocidade com a qual se encarcera adolescentes na Ilha de São Luís. Mas quem fala? Ou
quem pode falar?
65

Procurando pensar como se formam esses enunciados nos Relatórios de Inspeção e


em que lugar situam a posição de um Juiz, deve-se levar em conta que o “status do juiz
compreende critérios de competência e de saber; instituições, sistemas, normas pedagógicas;
condições legais que dão direito – não sem antes lhe fixar limites – à prática e à experimentação
do saber” (FOUCAULT, 2008, p. 56). Ou seja, esse lugar, muitas vezes atestado como o lugar
do verdadeiro saber, compreende traços que vão desenhando um papel ao Juiz, com suas regras
de funcionamento em relação à FUNAC, aos adolescentes, ao Ministério Público, às famílias
dos adolescentes, à sociedade em geral.
O esforço nesta discussão não está em acusar a pessoa do Juiz, sua índole ou
intenção, mas em problematizar o papel social que historicamente lhe foi atribuído.
Questionando por exemplo a sua posição nas práticas discursivas que produzem a sentença de
internação das medidas, sobretudo a adolescentes negros e pardos, ou nas práticas que
produzem um efeito de inspeções nas unidades colocando apenas nelas a responsabilidade pela
superlotação do sistema. Se percebe que é justamente daquilo que o Juiz, através das inspeções,
mais se queixa que sua posição de sujeito está diretamente implicada.

4.2.4 As facções “como forma de sobrevivência e defesa dentro das unidades”

Outro agravante para as condições de superlotação nas unidades de internação


aparece como sendo o crescimento de adolescentes cooptados pelas facções, que muitas vezes
acirram conflitos e violências entre os pares44:

Observância à decisão (processo 9 JJ 83-51.2017. 8.1 O. 0003) deste Juízo para que o
CJC mantenha em cada alojamento apenas dois adolescentes, por serem individuais e
como medida de segurança para evitar homicídio, como ocorreu no meado do ano
passado (APÊNDICE C - 2ª VIJ, 2018a n/p, grifo nosso).

CJED - Houve danos, ameaças e lesões corporais, envolvendo grande parte dos
socioeducandos, por discórdia e confronto de facções. Após a inspeção, ocorreram
outros tumultos e uma tentativa de fuga (APÊNDICE D - 2ª VIJ, 2018b, n/p, grifo
nosso).

Quanto aos homicídios cuja motivação são as rivalidades entre facções, ressalta-se
que as principais vítimas no mundo extramuros e intramuros são jovens e adolescentes que
moram em periferias (AVILAR; FERNANDES, 2019, p. 273), contribuindo para o círculo

44
De acordo com as fontes produzidas pela 2ª VIJ, não há indícios da presença de adolescentes faccionadas nas
unidades femininas com a mesma força que nas masculinas. Segundo registros da inspeção no quarto bimestre de
2018 no CJF/CSF, havia apenas uma socioeducanda faccionada quando foi internada na unidade e, à época da
inspeção, havia dado demonstração de ter se desvinculado (2º VIJ, 2018d, n/p).
66

predatório que cerca o adolescente, majoritariamente negros e pardos, entre as violências


policiais, violências pelos agentes de segurança nas unidades e violências pelas facções.
As facções aparecem como organizadoras da dinâmica socioeducativa e divisão dos
alojamentos nas unidades, que passam então a se sistematizar em torno das rivalidades entre as
organizações criminosas. Destaca-se alguns fragmentos nos quais se observou relações
discursivas regulares entre o crescimento da captação de adolescentes pelas facções dentro das
unidades, o risco iminente de violência física por motivação de conflitos entre facções e a
necessidade de organizá-los nas alas e alojamentos por facção a fim de evitar as agressões,
porém, com prejuízos para o atendimento socioeducativo:

CSISJR - Nos primeiros dias de funcionamento, com a transferência de


socioeducandos do CCRAE e do CJC, foram encontrados nos alojamentos chuços
feitos de madeira e pedaço de ferro [...]. Os adolescentes estão divididos em
alojamentos por facção criminosa (APÊNDICE D - 2ª VIJ, 2018b, n/p, grifo nosso).

Não há dados acerca de facções criminosas dentro do sistema socioeducativo


masculino, mas elas estão presentes, em especial Bonde dos 40, PCC e CV. Antes os
internos eram separados apenas no CJC, por alas e alojamentos, agora em todas as
unidades. A grande maioria dos adolescentes termina se vinculando a uma facção
como forma de sobrevivência e defesa dentro das unidades. Por enquanto, o Bonde
dos 40 e PCC convivem pacificamente e ambas rivalizam com o CV, fomentado atos
de violência dentro das unidades (motins, danos, lesões e ameaças), com prejuízos da
socioeducação (APÊNDICE D - 2ª VIJ, 2018b, n/p, grifo nosso)

Há separação dos adolescentes de acordo com a facção criminosa em todas as


Unidades. A grande maioria dos adolescentes termina se vinculando a uma facção
como forma de sobrevivência e defesa dentro do sistema. Atualmente, o Bonde dos
40 e o PCC convivem pacificamente e ambas rivalizam com o CV, fomentando atos
de violência dentro das Unidades (motins, danos, lesões e ameaças), com prejuízos da
socioeducação (APÊNDICE E - 2ª VIJ, 2018c, n/p, grifo nosso).

O direito à profissionalização está sendo garantido insuficientemente para os


socioeducandos e a escolarização é fornecida em todas as unidades, todavia em dias
alternados, sob a alegação da impossibilidade da saída de todos por causas de facções
(APÊNDICE F - 2ª VIJ, 2018d, n/p, grifo nosso).

A continuidade da separação dos socioeducandos em alojamentos, alas ou casas por


facções, salvo a feminina, para prevenir danos, agressões e até mortes, mas com
graves prejuízos socioeducati-vos, em especial com a escolaridade e cursos
profissionalizantes. Não há unidade socioeducativa destinada para adolescente sem
envolvimento com facção, que possibilite para todos diariamente a escolaridade, curso
profissionalizante, alimentação no refeitório e demais atividades (APÊNDICE H - 2ª
VIJ, 2018f, n/p, grifo nosso).

CJSNV - Constatou-se também a presença de 4 (quatro) socioeducandos (******) na


ala destinada à integrantes da facção Comando Vermelho, sem que estes a integrem e
aspiram a transferência para ala dos neutros que se encontra com socioeducandos
acima da capacidade. No CJSNV ainda permanecem três facções, enquanto as demais
apenas duas, o que compromete as atividades socioeducativas e a segurança, inclusive
com socioeducando "neutros" em área de destinada para uma das facções, porque a
"casa" adequada estava superlotada (APÊNDICE J - 2ª VIJ, 2019b, n/p, grifo nosso).
67

CJSNV - 4) Na unidade de internação definitiva de Paço do Lumiar (CSISNV), com


capacidade para 46 vagas, encontravam-se 43 socioeducandos, todavia as duas "casas"
consideradas de facções tem poucos socioeducandos, enquanto as duas relativas aos
"'neutros'' superpovoadas (APÊNDICE L - 2ª VIJ, 2019d, n/p, grifo nosso).

Embora um dos fragmentos afirme que “não há dados”, o próprio conjunto de


enunciados é um dado-enunciado que dá notícias de que há uma organização institucional em
função das facções: “separação dos adolescentes de acordo com a facção criminosa em todas
as Unidades” (APÊNDICE E - 2ª VIJ, 2018c, n/p); “a grande maioria dos adolescentes termina
se vinculando a uma facção como forma de sobrevivência e defesa dentro do sistema”
(APÊNDICE E - 2ª VIJ, 2018c, n/p); “não há unidade socioeducativa destinada para
adolescente sem envolvimento com facção” (APÊNDICE H - 2ª VIJ, 2018f, n/p); as “duas
‘casas’ consideradas de facções tem poucos socioeducandos, enquanto as duas relativas aos
‘neutros' superpovoadas” (APÊNDICE L - 2ª VIJ, 2019d, n/p).
Nota-se uma falta de lugar para adolescentes não faccionados pois, ao que aparece,
as unidades masculinas não estão organizadas para estes, pelo contrário, se organizam para
receber adolescentes faccionados, manejando institucionalmente isso de tal forma, que mesmo
adolescentes que chegam sem vínculo com facções terminem “se vinculando a uma facção
como forma de sobrevivência e defesa dentro do sistema” (APÊNDICE D - 2ª VIJ, 2018b;
APÊNDICE E - 2018c, n/p). Ao mesmo tempo que há essa organização institucional para
receber adolescentes faccionados, se percebe que o contingente de adolescentes internados não
corresponde às expectativas pois, no caso do CJSNV (APÊNDICE J - 2ª VIJ, 2019b), sobram
vagas para quem está faccionado, enquanto que, para os “neutros”, os alojamentos estão
superlotados.
Então a chance de um adolescente ser cooptado por facções aumenta se ele está em
cumprimento de medida socioeducativa de internação na Ilha de São Luís? O ECA estabelece
que os adolescentes sejam organizados nos alojamentos conforme a idade, estatura física e
gravidade do ato infracional (CEDECA, 2017), além disso, de acordo com o art. 1º da Lei do
SINASE, as medidas socioeducativas têm como objetivos “a integração social do adolescente
e a garantia de seus direitos individuais e sociais”, bem como “a desaprovação da conduta
infracional” (BRASIL/CASA CIVIL, 2012, p. 1).
Sendo assim, a expectativa do SINASE (2006) é que as unidades sejam instituições
pedagógicas, no entanto, nota-se que o manejo institucional aplicado à presença das facções no
sistema socioeducativo produz contradições com o SINASE e o ECA, dando indícios de que os
operadores institucionais da FUNAC se organizam ou para receber principalmente adolescentes
faccionados ou facilitando sua captação pelas facções no ambiente das unidades. Nos
68

enunciados, aparece como se os adolescentes é que tivessem se vinculando às facções, não


nomeando explicitamente todo o arranjo institucional e estrutural que favorece que esse
adolescente seja cooptado, tanto nas unidades como na sociedade, o que configura uma situação
grave de violação de direitos.
De acordo com a pesquisa de Avilar e Fernandes (2019, p. 278), foi justamente num
contexto de privação de liberdade, nas penitenciárias, que as organizações criminosas ganharam
força e isso vem repercutindo nas unidades para cumprimento de medidas socioeducativas de
internação, apontando que “três problemas são comuns a todos os centros, a saber: a
superlotação, o baixo efetivo de profissionais e a ação do crime organizado”, acarretando em
entraves para o atendimento socioeducativo (AVILAR; FERNANDES, 2019).
Devido à rivalidade entre as facções, os adolescentes são impedidos de conviverem
saudavelmente entre os pares, havendo diversas vezes agressões, prejudicando o convívio com
os pares, sobretudo “a escolaridade, curso profissionalizante, alimentação no refeitório e demais
atividades” (APÊNDICE H - 2ª VIJ, 2018f, n/p). Isso também aconteceu em uma unidade do
Acre pesquisada por Avilar e Fernandes (2019, p. 281), na qual como forma de enfrentamento
à ação das facções, houve mais rigidez nos procedimentos de segurança, reorganizando a rotina
sociopedagógica que passou a atender “menos da metade dos internos, devido à impossibilidade
de compor turmas com adolescentes de facções rivais”.
Tendo em vista que as unidades socioeducativas são inseridas num lugar
institucional que se tem discursivamente como “socioeducativo”, a expectativa não seria que,
justamente pela via da educação e convívio com a rotina pedagógica, essas instituições fossem
capazes de promover a desvinculação do adolescente à prática de ato infracional (SINASE,
2012) ou pelo menos que não facilitasse a cooptação de adolescentes para organizações
criminosas? O atual modo de funcionamento das unidades socioeducativas é capaz de responder
a essas expectativas?
De acordo com dados da 2ª VIJ analisados por Lima (2019, p. 6), de 2015 a 2017,
“a porcentagem de adolescentes que passam pela justiça juvenil e ingressam na justiça criminal
tem conseguido se manter padrão, equivale a uma média de 145 adolescentes por ano”, o que
nos faz questionar: até que ponto as medidas de privação de liberdade na Ilha de São Luís estão
sendo socioeducativas?
Como recomendação resolutiva para os problemas relacionado às facções tem-se:

Expediente à presidente da FUNAC. sugerindo: (1) Destinação de unidade


socioeducativa de internação exclusivamente para socioeducandos sem ligação com
facção, garantindo a escolaridade diária, a convivência simultânea de todos em cursos
profissionalizantes, na utilização de refeitórios, o que deverá ser levado em
69

consideração nas avaliações semestrais desses socioeducandos e de estímulo para


aqueles da demais unidades (APÊNDICE F - 2ª VIJ, 2018d, n/p, grifo nosso).

A tratativa recomendada pelo Juiz aponta, novamente, uma exclusão de discursos


que pudessem imprimir as relações e disputas de poder que envolvem a problemática da
cooptação de adolescentes a organizações criminosas, fora e dentro das unidades. Se somente
à unidade que virá a ser dos “neutros” se ressalva a garantia de escolaridade diária, cursos
profissionalizantes e o uso do refeitório, aos adolescentes considerados “faccionados” (os que,
em tese, mais estão em condições de vulnerabilidade e, portanto, mais necessitam de
intervenções socioeducativas) é naturalizada a não garantia desses serviços que são direitos dos
socioeducandos e deveres das unidades socioeducativas?
Segundo a pesquisa de Avilar e Fernandes (2019, p. 279) no Centro Socioeducativo
Mocinha, localizado no Acre e voltado para o público feminino, embora haja presença de
adolescentes faccionadas, a organização das socioeducandas nos alojamentos e rotina é
realizada conforme orientação do ECA, e para viabilizar isso, a equipe profissional do Centro
decidiu adotar medidas capazes de minimizar o efeito das fações e de enfrentamento às condutas
e posturas estimuladas pela criminalidade, tais como: fortalecimento do vínculo familiar,
fortalecimento de laços sociais, estímulo do cuidado e da proteção, resgate da identidade
juvenil, criação de referências positivas de proteção. Essas medidas, como visto nas seções
anteriores, estão bastante fragilizadas nas unidades na Ilha de São Luís, contribuindo para o
agravo nas condições de encarceramento dos adolescentes e violações de direitos nas unidades.

4.2.5 Afinal, de quem/quais instituições é o problema do encarceramento seletivo de


adolescentes negros e pardos na Ilha de São Luís?

A fim de examinar se o encarceramento de adolescentes na Ilha de São Luís é


seletivo quanto à raça/grupo populacional que atende fez-se um comparativo entre a média dos
percentuais de negros e pardos em cumprimento de medidas socioeducativas nas unidades em
meio fechado (FUNAC, 2018; 2019), com o percentual da população adolescente de 12 a 17
anos residente no Maranhão segundo o censo de 2010 (IBGE/SIDRA, 2019).
Constatou-se que, enquanto a população preta e parda corresponde
aproximadamente a 76,21% de adolescentes residindo no MA, esse mesmo público chega a
representar 86,37% de adolescentes no atendimento inicial, 85,96% na internação provisória e
82,34% na internação definitiva na Ilha de São Luís. Em contrapartida, com adolescentes
brancos, se percebeu o paradigma inverso. Enquanto a população branca corresponde a
70

aproximadamente 22,13% dos adolescentes que residem no MA, esse mesmo público
representa 13,27% de adolescentes no atendimento inicial, 13,81% na internação provisória e
17,28% na internação definitiva (Figura 5).

Figura 5 – Acumulado de adolescentes em cumprimento de medidas em meio fechado (2018 e 2019)

86,37% 85,96%
82,34%
76,21% 76,21% 76,21%

Média de %negros e pardos (FUNAC)


Média de %pretos e pardos (IBGE)
Média de %brancos (FUNAC)
22,13% 22,13% 22,13%
17,28% Média de %brancos (IBGE)
13,27% 13,81%

Atendimento Inicial Internação Internação


Provisória

Fonte: FUNAC (2018; 2019); IBGE/SIDRA (Censo de 2010, atualizado em 2019).

Ou seja, o encarceramento de adolescentes na Ilha de São Luís é seletivo destinado


majoritariamente a adolescentes negros, pretos e pardos pois, em todos os tipos de medidas 45,
o percentual de encarceramento de adolescentes negros e pardos nas unidades de internação e
atendimento inicial é superior à população de adolescentes autodeclarada preta e parda no MA,
enquanto que, em todos os tipos de medidas, o encarceramento de adolescentes brancos é
inferior ao percentual da população de adolescentes autodeclarados brancos no MA (FUNAC
2018; 2019; IBGE/SIDRA, 2019), sendo no atendimento inicial e internação provisória onde
há a porcentagem mais alta de encarceramento de adolescentes negros/as e pardos/as e a mais
baixa de adolescentes brancos/as.
Soma-se a isso, os aspectos do “perfil” de adolescentes-alvo do encarceramento em
todo o Maranhão, que foi possível identificar com base na média de 2018 e 2019 apresentadas
nos Relatórios da FUNAC: 95,5% dos adolescentes atendidos eram meninos, 61,2% com faixa
etária entre 16 a 17 anos, 80,3% eram pardos ou negros e 75,5% estavam fora de uma instituição

45
Se excluiu a semiliberdade porque não correspondia a uma amostra representativa: havia apenas duas meninas,
uma negra e uma parda, cumprindo esse tipo de media, e somente em 2018 (FUNAC, 2018; 2019).
71

de ensino na época em que foram apreendidos e encarcerados, ou porque estava matriculados e


não frequentavam ou porque sequer estavam matriculados46.
Assim, se percebe que a seletividade marcada pela cor/raça é muito evidente no
atendimento socioeducativo no Brasil, e especialmente na Ilha de São Luís, mas está combinada
a outras opressões sociais, como os entraves estruturais que se apresentam na vida de famílias
empobrecidas, majoritariamente chefiadas por mães pretas, pardas e solo, com baixa renda e
baixa escolaridade47 e que precisam proteger seus meninos pretos e pardos das instituições do
Estado que promovem o genocídio de meninos pretos e pardos (Fórum Brasileiro de Segurança
Pública, 2017) ou evasão escolar desse mesmo público.
O Estado exerce um tipo de poder soberano “que se torna o poder de suspensão da
morte, de fazer viver e deixar morrer” (ALMEIDA, 2018, p. 88), sendo também evidente à
medida em que promove direitos básicos – como educação, saúde pública, saneamento, redes
de transporte e abastecimento, segurança pública – como um exercício do poder estatal sobre a
manutenção da vida, e a negligência destes como o “deixar morrer”. De acordo com Wacqüant
(2001 apud VIEIRA, 2012, p. 95), o sistema socioeducativo funciona aos moldes do sistema
penal, como uma “máquina varredora da precariedade”, que recolhe, armazena, oculta e
neutraliza a miséria e seus efeitos. Quanto mais o Estado produz miséria, ou seja, nega direitos,
maior o número de sujeitos que serão colocados diante de situações propícias aos atos
infracionais, forjados nos “grupos de risco” e “sobre os quais recaem a fabricação dos estigmas
e o controle social de cunho moral” (LEMOS et al., 2015, p. 393).
Assim, pode-se dizer que, segundo o “perfil” apontado pela FUNAC (2018; 2019)
de adolescentes e famílias alvo do sistema, são também co-responsáveis pelo encarceramento
seletivo de adolescentes negros e pardos, sobretudo pobres e com baixa escolaridade, não só o
sistema penal, mas todas as instituições operadoras de direitos que antecederam o ato
infracional desse/a adolescente. Se tratando especificamente das instituições operadoras do
direito, considerando as proporções entre o encarceramento no atendimento inicial e nas
internações estão muito próximas (Figura 5), nota-se que a seletividade, embora sobressaia um
pouco mais que a seletividade judicial, se tratando de seus níveis de responsabilidade em alvejar
e criminalizar adolescentes pretos e pardos e em proteger brancos, estão muito próximas.
Angela Davis (2018) coloca em questão a “democracia penal” que elege o corpo
negro como ameaça e, portanto, alvo da punição, fazendo com que a vida e a liberdade sejam

46
37% estavam matriculados, mas não frequentavam a escola e 38,5% não se encontravam matriculados em
escolas (FUNAC, 2018; 2019).
47
Conforme discutido no 4.2.1 (p. 43).
72

mais viáveis se se tratar de pessoas brancas, posto que a Lei é escrita principalmente por mãos
brancas e a punição social é tolerada quando dirigida sobretudo a pessoas negras. Ou seja, se
fabricou um pensamento social que se mantém a sociedade inerte diante da punição de
adolescentes e jovens, seja lá qual for a condição de tratamento a esses sujeitos, para que todos
se sintam mais seguros (LEMOS et at., 2015), fazendo com que a negligência social também
tenha sua fatia de responsabilidade nisso.
Se tratando do Sistema de Justiça Juvenil, Vieira (2012, p. 35) pontua que o ECA
“ainda guarda as mesmas razões de ser das antigas legislações, trazendo novos nomes para
velhas formas de dominação”. Em lugar de erradicar a pobreza e superar as desigualdades, o
Estado brasileiro realizou apenas reformas, consideradas humanitárias, sem levar em conta
mudanças estruturais, alterando em nada a natureza das instituições de controle “e, mais uma
vez, a mecânica da punição mudou apenas suas engrenagens” (FOUCAULT, 1987 apud
VIEIRA, 2012, p. 36).
Desse modo, os operadores do direito seguem lendo o ECA ainda como uma
continuidade do Código Penal de 1940, mantendo sua ótica penalizadora e encarceradora e
fazendo da internação uma regularidade e não excepcionalidade (VIEIRA, 2012). De acordo
com Alves (2017, p.108), “enquanto o Estado neoliberal se ausenta das políticas sociais, ele
passa a governar por meio de políticas de controle da criminalidade que têm como sua razão de
ser a criminalização de grupos racializados”.
Sendo assim, entende-se o encarceramento em massa e a prisionalização seletiva da
juventude negra e parda como um problema estrutural e histórico, e não só da Ilha de São Luís.
Não se achará um único responsável pelo encarceramento, nem uma única solução, embora se
constate que houve, e ainda há na ontologia do presente (FOUCAULT, 2008), determinadas
instituições, como as judiciárias e policiais, que protagonizaram diligentemente a promoção do
encarceramento de crianças e adolescentes como política de Estado.
Por fim, considera-se que é preciso a soma de muitos esforços para que seja possível
se haver com o problema do encarceramento, entendendo que a responsabilidade transversaliza
os três poderes do Estado Brasileiro e suas instituições, bem como a sociedade como um todo,
porquanto foi a própria invenção desse Estado que produziu as desigualdades sociais no país
subsidiadas na raça (ALMEIDA, 2018; MBEMBE, 2018a).
73

4.3 Esquecimentos da raça e outras dispersões

Durante a pesquisa em ambas as fontes, FUNAC e 2ªVIJ, se percebeu diversas


vezes um apagamento ou dispersão da “raça” dos sujeitos ou de outros marcadores sociais que
denotassem suas posições nas enunciações e na sociedade. Quanto a isso, segundo Foucault
(2008, p. 140), a especificidade da análise enunciativa sob os princípios da arqueologia “não é
despertar textos de seu sono atual”, pelo contrário, se trata de “segui-los ao longo de seu sono,
ou, antes, de levantar os temas relacionados ao sono, ao esquecimento, à origem perdida, e de
procurar que modo de existência pode caracterizar os enunciados” na densidade do tempo “em
que se conservaram, em que são reativados, e utilizados”.
Desse modo, nos Relatórios da FUNAC analisados, se percebe uma dispersão dos
dados referente a todos os marcadores que compõem a caracterização das famílias atendidas.
Somando os quantitativos de “não informado” de 2018 e 2019: quanto à raça, tem-se 395,
equivalente a 10,6% de familiares atendidos; quanto à renda, tem-se 407, equivalente a 10,9%;
quanto à escolarização, tem-se 311, equivalente a 8,3% (FUNAC, 2018; 2019). Com relação
aos adolescentes atendidos na Ilha de São Luís em 2018 e 2019, tem-se registro de que 93 não
informaram quanto à raça, equivalente a 2,9% do total (FUNAC 2018; 2019).
Nos 40 documentos da 2ª VIJ analisados, o apagamento da “raça” se produz quase
como absoluto, não havendo menção em qualquer momento da categoria, excluindo dos
enunciados sujeitos “adolescente negro” ou “adolescente pardo” ou “adolescente branco”,
optando politicamente por apenas “adolescente” ou “socioeducando”. Esse tratamento produz
no discurso uma posição de sujeito “adolescente” homogênea, como se todos recebessem um
tratamento igual, o que não acontece nas práticas não discursivas pois, como visto nas seções
anteriores, as agências policiais e judiciárias dispõem de diferentes formas para lidar com esses
adolescentes a depender de sua cor/raça.
Não só nos Relatórios de Inspeção, mas também nas fichas de cadastro da 2ª VIJ,
pesquisadas por Lima (2019, p.2), se exclui o campo para preenchimento da “raça” e
“escolaridade”, tendo a autora concluído que “as informações que compõem o sistema
informatizado [da 2ª VIJ] estão mais a serviço dos trâmites judiciais do que necessariamente
identificar quem é aquele adolescente”. Esse efeito também foi salientado no Relatório da
letalidade policial contra a juventude negra (Rede Observatórios da Segurança, 2020, p. 12),
notou-se ausência da caracterização das vítimas nos boletins de ocorrência registrados, dos se
quais destacam os do “Ceará, estado em que 77,2% das vítimas de violência policial letal
simplesmente não têm cor declarada”.
74

Outro exemplo de tentativas de esquecimento da “raça”, foi a exclusão do quesito


“cor” do censo de 1970 analisada por Gonzalez (2020). Como justificativa para o apagamento,
apontaram “dificuldades técnicas” e a partir disso, Gonzalez (2020, p.57) constata como se
delineia o processo “de escamontear as informações a respeito da chamada população “de cor”
de nosso país, assim como a miséria e o desamparo em que a mesma se encontra”, e que isso
se deve ao “interesse de aparentar a existência de uma grande harmonia (e igualdade) racial no
Brasil”, sob os mecanismos do branqueamento e do Mito da Democracia Racial.
De acordo com Bento (2002, p.21), o Mito (ou ideologia) da Democracia Racial
Brasileira “fornece à elite branca os argumentos para se defender e continuar a usufruir dos seus
privilégios raciais” cuja função se dá em “favorecer e legitimar a discriminação racial”. Assim,
pode-se compreender o Mito da Democracia Racial como o próprio “o princípio de dispersão e
de repartição” (FOUCAULT, 2008, p. 122), ou seja, a regra para a formação discursiva dos
enunciados analisados, principalmente os da 2ª VIJ.
No entanto, no caso de discursos formulados pelo judiciário se tratando do
atendimento a crianças e adolescentes no Brasil, não foi sempre assim, posto que há rastros
sobre eugenia associada à assistência à infância. Segundo documentos analisados por Rizinni
(RIZZINI; PILOTTI, 2011, p. 248-249), em 1938, um dos objetivos dos Juízes de Órfãos era
“propagar as vantagens da eugenia”48 e, em 1939, o Juiz de Menores Sabóia Lima afirmava que
“proteger a criança é valorizar a raça!”. Nesse sentido, se analisa que, no início do Estado Novo,
a infância e adolescência racializadas eram tratadas de maneira explícita justamente por, a essa
época, ser a ideologia eugenista que funcionava como regra para a formação de grande parte
dos enunciados produzidos pelo Estado.
Embora não se tenha o objeto “raça” explicitamente nos registros atuais da 2ª VIJ,
apenas oitenta anos após os registros comentados acima, há vestígios de racialização dos
sujeitos e de como o racismo institucional se articula ao encarceramento destes através dos
dados da FUNAC que comprovadamente apresentam a predominância de adolescentes negros
e pardos nessas instituições. Além disso, todos os indícios de violências e violações de direitos
que se observou nos relatórios de inspeções da 2ª VIJ acerca do espaço institucional da FUNAC
são comumente sofridas majoritariamente pela população negra no mundo “extra-muros”: as
condições de abarrotamento, insalubridade, instabilidade na segurança e violências físicas se
assemelham às relatadas por Fanon (apud MBEMBE, 2018a), o que faz desses adolescentes
“os novos condenados da terra”.

48
Patronado de Menores, 1938, art. 4 (apud RIZZINI; PILOTTI, 2011).
75

Para Segato (2007 apud ALVES, 2017, p.110), “o sistema de justiça criminal [no
qual se fundamenta o sistema de justiça juvenil] na América Latina tem a raça como seu
princípio organizador no processo de encarceramento e na história de dominação colonial que
perdura até os dias atuais”, ao que a autora se refere como a “colonialidade da justiça”,
advertindo que “as instituições de justiça penal na América Latina continuam reproduzindo e
ecoando as relações sociais do regime escravocrata” pois, “mesmo na ausência de leis
explicitamente racistas, a lei se constituiu entre nós não como garantia de direitos, mas como
punição dos grupos historicamente situados à margem da cidadania”.
De acordo com o Censo dos Magistrados, realizado pelo CNJ em 2013, identificou-
se que 84,5% dos juízes eram brancos (ALVES, 2017), o lugar institucional do judiciário é,
portanto, essencialmente povoado pela branquitude. Assim, sobre o judiciário apagar o
marcador raça, elabora-se a hipótese de que há uma possível negação que a sociedade brasileira
seja dividida em castas ou raças, indo ao encontro do Mito da Democracia Racial de “somos
todos brasileiros” e “só existe raça humana”. Bento (2002) também nomeia esse efeito de
neutralização da raça como pacto narcísico da branquitude, ou seja, o judiciário,
majoritariamente branco, se polpa de sua parcela de responsabilidade histórica no
encarceramento do povo negro e, especificamente, da juventude negra, na ideia de que se a raça
não é nomeada, então não existe.
Dessa forma, mais uma vez, é válido questionar: quem fala? A posição de sujeito
do Juiz é atravessada pela branquitude que se dá tanto institucionalmente quanto na construção
de sua própria subjetividade. Bento (2002, p. 2) procura pensar a branquitude como sendo
também uma subjetividade produzida a partir das relações de poder subsidiadas pelo racismo,
denunciando que “a falta de reflexão sobre o papel do branco nas desigualdades raciais é uma
forma de reiterar persistentemente que as desigualdades raciais no Brasil constituem um
problema exclusivamente do negro, pois só ele é estudado, dissecado, problematizado”.
Como se vê, há uma tentativa de esquecimento pelo discurso, de se haver com o
problema do encarceramento seletivo de adolescentes negros e pardos, no qual o judiciário tem
uma saltada parcela de responsabilidade. Após dissecar os documentos como um acumulado de
acontecimentos que guarda memória, como monumento, considera-se a exclusão da “raça” pela
2ª VIJ como uma prática discursiva que se esforça por amenizar relações de poder racializadas
estabelecidas historicamente no arquivo do encarceramento das infâncias e juventudes negras,
pardas e empobrecidas (FOUCAULT, 2008).
Por fim, ressalta-se a importância de primar pelos marcadores sociais e
especialmente a raça pois, como já foi salientado pela Rede Observatórios da Segurança (2020),
76

esses marcadores são indispensáveis para diagnosticar os problemas e implementar políticas


públicas, orientando os objetivos e os indicadores de monitoramento. Assim, uma vez que, nos
documentos analisados, os campos “raça”, “escolaridade” etc., são excluídos ou se apresentam
sistematicamente como “não informado”, isso produz uma indiferença a justamente esses
indicadores que servem para orientar as políticas públicas, o que, por si só, é também uma
política, porém com o fim de encobrir o encarceramento seletivo de adolescentes negros e
pardos e de não de resolvê-lo.
77

5 CONSIDERAÇÕES PARA NÃO FINALIZAR

Com esta pesquisa, não se objetivou dar conta de todo o arquivo que agrega os
enunciados acerca do encarceramento seletivo de adolescentes, mesmo porque é impossível dar
conta de todo o sistema de enunciabilidade que rege determinado campo-tema. Se pretendeu
problematizar e descrever as condições do encarceramento de adolescentes negros e pardos que
acontece na Ilha de São Luís, levando em conta que o presente é um acúmulo de deslocamento
e contiguidades sutis, procurando realizar uma ontologia da atualidade (FOUCAULT, 2008).
Como visto, houve importantes marcos no Brasil que atualmente visam à garantia
de direitos ao/à adolescente que comete um ato infracional. A despeito disso, ainda se percebe,
nas estatísticas e no cotidiano, diversas situações de violação de direitos ocorridas
sistematicamente na trajetória desses sujeitos, antes, durante e após o cumprimento de medidas
socioeducativas. Esse processo de violação e exclusão social é racializado, uma continuidade
dos acontecimentos históricos e políticos no país, a contar do regime colonial e escravocrata
(ALMEIDA, 2018; BORGES, 2018;VIEIRA, 2012).
Se percebeu que as posições de sujeito e os lugares institucionais são reatualizados.
Ainda que tenha havido diversas conquistas legais nos direitos da infância e adolescência e
também legislações que procurem promover alguma redução nas desigualdades raciais e
sociais, se percebe que as instituições continuam por manter as relações de poder inscritas no
racismo estrutural, genderizado e institucional, de tal forma que, seja qual for o avanço na vida
da população negra e indígena, “haja uma reorganização do racismo, operando em outras
instituições para que as coisas mudem, mas mantendo tudo como está” (BORGES, 2018, p. 50).
Apesar do artigo 227º da Constituição Brasileira de 1988 dispor que crianças,
adolescentes e jovens deverão ser prioridades absolutas para o Estado, família e sociedade,
devendo ter todos os seus direitos assegurados (BRASIL, 2010), e do ECA e SINASE
ressalvarem esse princípio, contraditoriamente, o encarceramento em massa de adolescentes faz
com que, em lugar de investimentos em políticas de promoção e proteção de direitos, haja cada
vez mais instrumentos de vigilância e controle das novas “classes perigosas” (LEMOS et al.,
2015), pelo que se assiste a criminalização de adolescentes negros, pardos e empobrecidos e
suas famílias que sofrem as consequências que a própria negligência do Estado e de suas
instituições produz.
Mbembe finaliza Crítica da Razão Negra dizendo que a “nossa vocação para durar
só se pode realizar quando o desejo de vida se tornar a pedra de toque de um novo pensamento
da política e da cultura” (MBEMBE, 2018, p. 312), nesse mesmo pensamento, Davis (2018)
78

sugere que, em vez de tentar imaginar apenas substitutos ou reformas ao sistema de


encarceramento existente, tratando-os como instituições isoladas, é preciso pensar num
conjunto de práticas abolicionistas que visem a transformações radicais em muitos aspectos na
sociedade.
Sabendo que o/a menino/a negro/a e pardo/a que cresce numa favela no Brasil tá
entre ser cooptado pelas facções, violentado pela polícia, encarcerado ou assassinado, aponta-
se como estratégias de prevenção ao encarceramento, o fortalecimento de políticas públicas
intersetorializadas para juventude na promoção e proteção de direitos fundamentais como
cidadania, habitação, educação, saúde, lazer, cultura e profissionalização, etc. que cheguem a
todos e todas de maneira digna, gratuita e de fácil acesso.
Como políticas de redução da violência institucional, é preciso seguir
problematizando a ontologia da violência, encarceramento e assassinato seletivo de jovens e
adolescentes, produzindo e circulando discursos que desnaturalizem as práticas punitivas. É
preciso desmilitarizar a polícia e as unidades socioeducativas, promovendo consciência de
classe, de raça, de lugar de sujeito à medida em que se desmilitariza os treinamentos dessas
agências, e promove debates sobre direitos humanos.
Para se haver com o problema histórico da privação de liberdade e o
encarceramento de adolescentes, é necessário primeiramente promover a destituição do lugar
de neutro ocupado pelo Estado brasileiro, que ali permanece acomodadamente diante das
desigualdades produzidas desde sua fundação (MUNANGA, 2006), isso passa pela ampliação
da concepção de justiça e de responsabilidade que deverá acontecer, entre outras frentes, através
de políticas de reparação histórica (MBEMBE, 2018a)
Como estratégias atuais para o desencarceramento, no caso das medidas
socioeducativas, é necessário que, em vez de mais investimentos em instituições que privem ou
restringem a liberdade das pessoas, fragilizando vínculos e facilitando a cooptação por
organizações criminosas, haja fortalecimento dos círculos restaurativos, dos meios abertos, dos
vínculos familiares, comunitários e territoriais. Visto que todas as unidades masculinas estão
lotadas ou superlotadas, poderia ser realizado um mutirão junto à Defensoria Pública e à 2ª VIJ
para revisar os processos dos adolescentes que, pelo princípio da excepcionalidade e brevidade,
não caberia mais a internação e conceder progressão para o regime aberto (AVILAR;
FERNANDES, 2019).
O Meio Aberto precisa ser efetivamente uma prioridade, e isso passa não só pela
decisão do Juiz, mas por reivindicar mais engajamento dos gestores e conselhos municipais
com esse tema. Entende-se que a implementação do atendimento socioeducativo em meio
79

aberto, tal como estabelecida pelos parâmetros do SINASE (2006), pode ter a potencialidade
de uma alternativa ao encarceramento em massa de adolescentes, posto sua atribuição de
fortalecer os vínculos, além de fomentar a autonomia e cidadania dos adolescentes, buscando
com estes a ressignificação de um projeto de vida singular desassociado à prática de ato
infracional.
Há também a necessidade de se fazer recomendações nas inspeções que sejam
customizadas ao perfil de adolescentes (raça, classe, escolaridade, faixa etária, sexualidade,
gênero) para que se rompa com as homogeneizações, os/as adolescentes são diversos/as e o
respeito à singularidade é uma prerrogativa do SINASE (2006). Da mesma forma, no manejo
institucional nas unidades, é preciso customizar as estratégias de enfrentamento às facções
conforme a realidade de cada unidade (AVILAR; FERNANDES, 2019) evitando que haja, por
exemplo, superlotação de alojamentos para neutros e esvaziamento dos faccionados, que as
unidades se preparem para receber aqueles não faccionados e para disputar discursivamente
com as organizações criminosas a vida de meninos e meninas que estão em situação de
vulnerabilidade para o cometimento de atos infracionais.
As atividades relacionadas à escolarização e profissionalização poderiam visar não
só uma capacitação para o ingresso no mercado de trabalho – e na maioria das vezes, são
atravessadas por enunciações que produzem efeitos individualistas –, mas uma educação
libertária, priorizando práticas coletivas, que interpele meninos e meninas encarcerados sobre
suas condições, que procure escutá-los e questionar: o que é a periferia? Como é ser negro ou
pardo e viver numa quebrada? Quais relações de poder atravessam a minha e sua vivência? Por
que estamos numa unidade de internação socioeducativa? O que são estas unidades? Como
acontece o processo de identificação com facções?
Aponta-se a necessidade de pesquisas que centralizem mais problematizações
referentes ao racismo, e assim busquem “desvelar a contradição e o conflito que as relações
estabelecem, sem escamoteá-los, justificá-los ou excluí-los” (BENTO, 2002, p. 27). É preciso
racializar os dados, realizar cortes transversais nas estatísticas de modo a situar quem são os
sujeitos-alvo e intervir nos territórios onde estão a sua maioria.
E em tempo, considerando que o ano da pandemia foi estritamente letal à população
privada de liberdade, ressalta-se que é de suma urgência a divulgação do Relatório de Gestão
de 2020 pela FUNAC e que as inspeções realizadas pela 2ª Vara possam implementar
estratégias para que sejam mais qualitativas, ainda que num formato online.
80

Por fim, Dudu Ribeiro49 conta numa roda sobre antiproibicionismo50que é preciso
inventar novos pontos de partida para que possamos avançar nas lutas e reparação para a
população negra, assim, aponta-se a necessidade de não só pesquisar o modo seletivo com que
adolescentes negros e pardos são encarcerados, mas também quais os modos de escape a essas
instituições, quais tecnologias de produção de vida existem nesses territórios constantemente
cerceados e perscrutados pela polícia, que práticas discursivas e não discursivas de resistências
essa população produz e aliar a isso a invenção de uma Psicologia comunitária, contra-colonial
e abolicionista: necessariamente social, necessariamente antirracista.

49
Idealizador da Iniciativa Negra por uma Nova Política Sobre Drogas.
50
Realizada no 4º Fórum de Direitos Humanos e Saúde Mental, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 22 de
junho de 2019.
81

REFERÊNCIAS

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88

APÊNDICE A – Compilamento de dados colhidos nos Relatórios de Gestão da FUNAC


(2018 e 2019) ref. ao perfil das famílias atendidos na Ilha de São Luís
Não
% Raça
Parentesco Raça 10,55% 395

não informado

não informado
atendidas
familias

branca
outros
tios(as)
avó(ô)

parda

negra
mãe

pai
2018 2217 18 134 711696 240
58 233 1348 343 284
Não informado
%
% Raça77% 11% 6%% Renda
3% 3% 68% 17% 14%
% Escolarização
2019 1526 25 1196 153 78 42
Raça 10,55% 395 10,87% 40732 162 879
8,31% 276 201
311
% 80% 10% 5% 3% 2% 64% 20% 15%
branca
parda

negra

Escolarização Renda

1 a 2 sal. min.
não informado

não informado
Fundamental
atendidas

2 a 3 sal. min.

4 a 5 sal. min.
Ensino Médio

Ensino Médio
Incompleto

Fundamental
Alfabetizado

< 1 sal. min.


incompleto
frequentou

Sem renda
Analfabeta
familias

Completo

Completo
Ensino
Nunca

Ensino

1348 343 284


68% 17% 14%
2018 2217 235 4 381 97 832 239 122 307 321 399 1281 104 100 12
879 276 201
% 0% 19% 5% 42% 12% 6% 15% 21% 68% 5% 5% 1%
64% 20% 15% 2019 1526 76 2 473 82 375 238 98 182 86 411 924 48 55 2

% 0% 33% 6% 26% 16% 7% 13% 29% 64% 3% 4% 0%

Renda Estado Civil


1 a 2 sal. min.
não informado

não informado
2 a 3 sal. min.

4 a 5 sal. min.

União estável
Ensino Médio

união estável
Ex conv. em
< 1 sal. min.

Sem renda

Divorciado
Completo

Solteiro

Casado

Viúvo

307 321 399 1281 104 100 12 261 589 448 435 306 115 63
15% 21% 68% 5% 5% 1% 30% 23% 22% 16% 6% 3%
182 86 411 924 48 55 2 109 534 359 288 50 56 130
13% 29% 64% 3% 4% 0% 38% 25% 20% 4% 4% 9%
89

APÊNDICE B – Compilamento dados colhidos nos Relatórios de Gestão da FUNAC (2018 e


2019) ref. ao perfil dos adolescentes atendidos na Ilha de São Luís

ano unid destinação tipo_medida total_adolesc nao_info indígena


2018 CJF Feminina Semiliberdade 2 0 0
2018 CSISC Masculina Internação 96 0 0
2018 CSISJR Masculina Internação 84 0 0
Atendimento
Masculina
2018 NAI Inicial 494 0 4
2018 CJF Feminina Internação 18 0 0
Internação
Masculina
2018 CJC Provisória 645 0 5
Internação
Feminina
2018 CJF Provisória 28 0 0
2018 CJSNV Masculina Internação 105 0 0
Atendimento
Feminina
2018 CJF Inicial 40 4 0
2018 CSIMSL Masculina Internação 57 0 1
2019 CJF/ CSF Feminina Semiliberdade suspenso suspenso suspenso
Atendimento
Feminina
2019 CJF/ CSF Inicial 21 3 0
CJC/ Internação
Masculina
2019 CSIPC Provisória 629 0 1
NAI/ Atendimento
Masculina
2019 CSAI Inicial 432 0 0
CSIMSL/
Masculina
2019 CSIV Internação 91 19 0
2019 CSISJR Masculina Internação 162 16 1
Internação
Feminina
2019 CJF/ CSF Provisória 36 0 0
2019 CJSNV Masculina Internação 110 37 0
2019 CSISC Masculina Internação 88 14 1
2019 CJF/ CSF Feminina Internação 17 0 0
Total 20 20 20 3155 93

%negros
%indígenas pardos %pardos negros %negros e pardos brancos %brancos
0% 1 50,00% 1 50,00% 100,00% 0 0,00%
0% 62 64,58% 26 27,08% 91,67% 8 8,33%
0% 59 70,24% 17 20,24% 90,48% 8 9,52%
0,81% 271 54,86% 155 31,38% 86,23% 61 12,35%
0% 12 66,67% 3 16,67% 83,33% 3 16,67%
0,78% 415 64,34% 133 20,62% 84,96% 92 14,26%
0% 17 60,71% 7 25,00% 85,71% 4 14,29%
0% 67 63,81% 18 17,14% 80,95% 20 19,05%
0% 5 13,89% 23 63,89% 77,78% 8 22,22%
1,75% 23 40,35% 19 33,33% 73,68% 14 24,56%
suspenso suspenso suspenso suspenso suspenso suspenso suspenso suspenso
0% 12 66,67% 5 27,78% 94,44% 1 5,56%
0,16% 449 71,38% 116 18,44% 89,83% 63 10,02%
0% 257 59,49% 119 27,55% 87,04% 56 12,96%
0% 34 47,22% 28 38,89% 86,11% 10 13,89%
0,68% 93 63,70% 30 20,55% 84,25% 22 15,07%
0% 22 61,11% 8 22,22% 83,33% 6 16,67%
0% 36 49,32% 22 30,14% 79,45% 15 20,55%
1,35% 48 64,86% 9 12,16% 77,03% 16 21,62%
0% 11 64,71% 2 11,76% 76,47% 4 23,53%
1894 741 86% 411 13,42%
90

APÊNDICE C – 2ª VIJ, 2018a: compilamento do Relatório de Inspeção ref. ao 1º bim.


[notas gerais] 1. NAI 2. CJC 3. CJF 4. CJSNV CSISJR
1 - Localização, destinação e natureza
Data da informação 23/02/2018 22/02/2018 23/02/2018 19/02/2018 ---------
Notas --------- Conti nua a ci ma da s ua ca pa ci da de, --------- --------- ---------
que é de 42 a dol es centes . Ha vi a 16
(dezes s ei s ) a dol es centes com
i nterna çã o defi ni ti va a gua rda ndo
va ga no s i s tema s oci oeduca ti vo. Es s e
número di mi nui em rel a çã o a úl ti ma
i ns peçã o, que era de 40
a dol es centes , em vi rtude do
s urgi mento de va ga s no CIMSL.

3 - Informações relativas ao cumprimento das normas previstas no ECA (art. 90 a 94)


c) Obrigações das Unidades de Internação previstas no art. 94 ECA
I - Obs erva r os di rei tos e ga ra nti a s Por falta de vagas, muitos adolescentes com medida socioeducativa --------- No CJC os a dol es centes es tã o --------- --------- ---------
de que s ã o ti tul a res os de internação ficam vários meses na unidade de internação provisória, di vi di dos em três s egmentos : em uma
a dol es centes em prejuízo ao programa socioeducativo de internação, situação que a l a es tã o os a dol es centes ori undos
se verifica desde janeiro de 2016; - Nã o há di vi s ã o dos de Sã o Luís e i ntegra ntes do Bonde
a dol es centes por nívei s de compl exi da des de a to i nfra ci ona l , dos 40, em outra a l a encontra m-s e os
fa i xa etá ri a , dentre outros ; A di vi s ã o que tem s i do es ta bel eci da a dol es centes de outra s facções e do
em a l guma s uni da des , l eva ndo em cons i dera çã o a pa rti ci pa çã o i nteri or. Al guns a dol es centes por
ou res i dênci a em á rea de fa cções cri mi nos a s que a tua m na moti vo de s egura nça es tã o a l oja dos
ca pi ta l . Percebeu-se um crescimento de adolescentes envolvidos, em a l oja mentos col eti vos convi vênci a
além da facção Bonde dos 40, no CV (Comando Vermelho), PCC protetora ; Por falta de vagas, mui tos
(Primeiro comando da Capital) e COM (Comando Organizado do a dol es centes com medi da
Maranhão). p.3 s oci oeduca ti va de i nterna çã o fi ca m
vá ri os mes es na uni da de de
i nterna çã o provi s óri a , em prejuízo a o
II - Nã o res tri ngi r nenhum di rei to Si m p.3 --------- --------- --------- --------- ---------
que nã o tenha s i do objeto de
res tri çã ona deci s ã o de i nterna çã o
IV - Pres erva r a i denti da de e em pa rte p.3 --------- --------- --------- --------- ---------
oferecer a mbi ente de res pei to e
di gni da de a o a dol es cente
V - Di l i genci a r no s enti do do Ga ra nti da pa rci a l mente a s vi s i ta s fa mi l i a res dos a dol es centes , --------- --------- --------- ---------
res ta bel eci mento e da i ncl us i ve de outra s coma rca s , bem como de conta tos
pres erva çã o dos víncul os tel efôni cos . Há di fi cul da des de des l oca mento pa ra a quel a s
fa mi l i a res fa mi l i a s que res i dem em muni cípi os di s ta ntes . Apes a r de a
FUNAC oportuni za r o tra ns l a do mens a l de fa mi l i a res de uma
regi ã o, es s e es pa ça mento do conta to fa mi l i a r tem s i do uma
quei xa dos a dol es centes . p.3

VII - Oferecer i ns ta l a ções fís i ca s --------- --------- CJC-Ai nda há a l oja mentos com doi s --------- Os a l oja mentos s ã o a dequa dos e ---------
em condi ções a dequa da s de ou ma i s a dol es centes , des cumpri ndo bem hi gi eni za dos . P.4
ha bi l i da de, hi gi ene, s a l ubri da de, s entença judi ci a l des te Juízo que
s egura nça e os objetos determi na o número má xi mo de doi s
neces s á ri os à hi gi ene pes s oa l por a l oja mento, o que pode i ncorrer
no a fa s ta mento da pres i dente da
FUNAC e do di retor da uni da de.
X - Propi ci a r es col a ri za çã o e O di rei to à profi s s i ona l i za çã o es tá s endo ga ra nti do --------- --------- CJF - oferece es col a ri za çã o com CJSNV -A es col a ri za çã o a i nda nã o ---------
profi s s i ona l i za çã o pa rci a l mente pa ra os s oci oeduca ndos e a qua dro s ufi ci ente de i ni ci ou poi s es tã o em falta de
es col a ri za çã o é forneci da em toda s a s uni da des . profes s ores . As a dol es centes professores e a reforma das salas de
pa rti ci pa m de projetos aula ainda não foi finalizada. Ini ci ou o
peda gógi cos na uni da de e de curs o de profi s s i ona l i za çã o de
a ti vi da des externa s (vi s i ta ra m mecâ ni co hi drá ul i co em
a fei ra do l i vro). ja nei ro/2018.
d) Práticas ou Medidas --------- --------- --------- CJF rea l i za es pora di ca mente CJF rea l i za es pora di ca mente ---------
Restaurativasprevistas no art. 35, III, círcul os de pa z pel a equi pe círcul os de pa z pel a equi pe vol a nte
da Lei 12.594/2012: vol a nte da FUNAC e pel os da FUNAC e pel os própri os técni cos .
própri os técni cos .

4 - Suficiência ou não de vagas


Capacidade Atual 190 8 42 17 46 ---------
Ocupação 186 1 70 8 33 ---------
Defasagem 4 7 -28 9 13 ---------
Notas NAI - Dura nte o mês de CJC: Ti nha 70 a dol es centes , s endo 16 --------- --------- ---------
Ai nda em ma rço deve vol ta r a funci ona r cm pa rte do prédi o do ja nei ro pa s s a ra m 58 de i nterna çã o defi ni ti va , 14
Centro da Juventude Es pera nça -CJE (Ma i obi nba /SJR), que s e a dol es centes e nos a dol es centes de internação provisória
encontra cm reforma , pa ra i nterna çã o, s egundo a FUNAC.; pri mei ros 23 di a s de de Sã o Lufs e 40 adolescentes de outros
A FUNAC a i nda nã o vi a bi l i zou prédi o pa ra funci ona mento do feverei ro, 27 municfpios. P.7
CJNJ (s emi l i berda de ma s cul i na ); a dol es centes . P. 7
CSIMSL e CJSNV - Es ti o a ba i xo da ca pa ci da de porque a i nda s e
encontra m com reforma s e a da pta ções .

6 - Ocorrências e Facções Criminosas nas Unidades Socioeducativas


Ocorrências nas US --------- --------- --------- --------- --------- ---------
Fações Criminosas nas US --------- --------- --------- --------- --------- ---------

7 - Medidas adotadas para o adequado funcionamento das entidades de atendimento:


Notas Medi da s decorrentes de a pura çã o de i rregul a ri da des em uni da des de i nterna çã o na (2) Obs ervâ nci a à deci s ã o (proces s o 9 ---------
Coma rca da Il ha de Sã o Luís , de ofi ci o e medi a nte repres enta çã o do Mi ni s téri o Públ i co JJ 83-51.2017. 8.1 O. 0003) des te Juízo
(proces s os 1183-51.2017, 1184-36.2017, 1308-19.2017 e 948-84.2017, em es peci a l a s de pa ra que o CJC ma ntenha em ca da
implementação da regionalização das medidas socioeducativas de internação, de proibição de partir a l oja mento a pena s doi s
de 1. º de abril de 2018 de exceder a capacidades das unidades de internação provisória e definitiva a dol es centes , por s erem i ndi vi dua i s
e de até essa data providenciar o registro ou tenha pelo menos autorização temporária para e como medi da de s egura nça para
funcionamento dessas unidades junto ao CEDCA, sob pena de afastamento definitivo da presidente evitar homicídio, como ocorreu no meado
da FUNAC, interdição parcial de unidade, afora multa e responsabilização por crime de do ano passado; (3) Obs ervâ nci a a o
desobediência, embora tramitem apelação de algumas dessas sentenças. PROVIMENTO N. º 28/2016, pel a
CGJIMA, em es peci a l qua nto a o pra zo
de 45 di a s de i nterna çã o provi s óri a ,
que expi ra rá à mei a -noi te do
qua dra gés i mo qui nto di a , a conta r do
di a da a preens ã o e nã o como tem
i nterpreta do a CJC, a l ém de conta tos
com a Secreta ri a Judi ci a l competente
a ntes da l i bera çã o.
91

3. CJF 4. CJSNV CSISJR CSISC 5. CSIMSL 6. CJED 7. CCRAE


o e natureza
23/02/2018 19/02/2018 --------- --------- 22/02/2018 20/02/2018 21/02/2018
pa ci da de, --------- --------- --------- --------- --------- --------- Nos úl ti mos mes es a Uni da de vi nha recebendo
. Ha vi a 16 a dol es centes em des cumpri mento da s regra s
com de convi vênci a na s dema i s uni da des de
a rda ndo i nterna çã o (s a nçã o ca utel a r a dmi ni s tra ti va ) ou
uca ti vo. Es s e de des cumpri mento da medi da em mei o
ã o a úl ti ma a berto (i nterna çã o-s a nçã o), entreta nto a
uni da de es tá pa s s a ndo por um proces s o de
do rea dequa çã o tendo em vi s ta a i mi nente
IMSL. rea bertura da Uni da de da Ma i obi nha p. 1

ao cumprimento das normas previstas no ECA (art. 90 a 94)

s tã o --------- --------- --------- --------- CIMSL - Houve uma --------- ---------


ntos : em uma tenta ti va de homi cídi o em
s ori undos um dos a l oja mentos ,
do Bonde envol vendo como
ntra m-s e os ofens ores a l guns
acções e do s oci oeduca ndos . Os
ntes por procedi mentos judi ci a i s já
o a l oja dos fora m i ns ta ura dos e a
convi vênci a uni da de s epa rou a víti ma
as, mui tos dos a gres s ores
a a dol es centes , poi s
a çã o fi ca m a quel es com ma i ori da de
de encontra m no Centro
prejuízo a o Tri a gem da SEAP.
--------- --------- --------- --------- --------- ---------

--------- --------- --------- --------- --------- ---------

--------- --------- --------- --------- ---------

com doi s --------- Os a l oja mentos s ã o a dequa dos e --------- --------- --------- CJED - Os a l oja mentos s ã o CCRAE - A Uni da de nã o tem condi ções míni ma s ,
s cumpri ndo bem hi gi eni za dos . P.4 pequenos , com pouca l umi nos i da de pel a s ua es trutura a rqui tetôni ca e terreno
uízo que e a pes a r de ter reduzi do um pouco o ocupa do, pa ra conti nua r funci ona ndo como
mo de doi s número de a dol es centes na Centro Soci oeduca ti vo, contra ri a ndo os
de i ncorrer uni da de a l guns s oci oeduca ndos pa râ metros do SINASE. P. 4
dente da a i nda dormem em col chonetes no
da de. chã o.
CJF - oferece es col a ri za çã o com CJSNV -A es col a ri za çã o a i nda nã o --------- --------- CIMSL - Es tã o aguardando a CJED-A es col a ri za çã o é ofereci da , CCRAE - A es col a ri za çã o é ofereci da na s s éri es
qua dro s ufi ci ente de i ni ci ou poi s es tã o em falta de adequação física das salas de entreta nto, nã o es tã o oferecendo 3 i ni ci a i s e no turno ma tuti no. Nã o fornece curs o
profes s ores . As a dol es centes professores e a reforma das salas de aula pel a Si nfra (três ) di s ci pl i na s por falta de profi s s i ona l i za nte por s er uma uni da de de
pa rti ci pa m de projetos aula ainda não foi finalizada. Ini ci ou o (Secreta ri a Es ta dua l de professores. a poi o e está faltando de professores para este
peda gógi cos na uni da de e de curs o de profi s s i ona l i za çã o de Infra es trutura ) semestre.
a ti vi da des externa s (vi s i ta ra m mecâ ni co hi drá ul i co em
a fei ra do l i vro). ja nei ro/2018.
CJF rea l i za es pora di ca mente CJF rea l i za es pora di ca mente --------- --------- --------- CJF rea l i za es pora di ca mente CJF rea l i za es pora di ca mente círcul os de pa z
círcul os de pa z pel a equi pe círcul os de pa z pel a equi pe vol a nte círcul os de pa z pel a equi pe vol a nte pel a equi pe vol a nte da FUNAC e pel os própri os
vol a nte da FUNAC e pel os da FUNAC e pel os própri os técni cos . da FUNAC e pel os própri os técni cos . técni cos .
própri os técni cos .

agas
17 46 --------- --------- 30 35 12
8 33 --------- --------- 24 45 5
9 13 --------- --------- 6 -10 7
s , s endo 16 --------- --------- --------- --------- --------- --------- ---------
14
o provisória
tes de outros

Criminosas nas Unidades Socioeducativas


--------- --------- --------- --------- --------- --------- ---------
--------- --------- --------- --------- --------- --------- ---------

a o adequado funcionamento das entidades de atendimento:


o (proces s o 9 --------- --------- Expedi ente à pres i dente da FUNAC, s ugeri ndo:
des te Juízo (]) a desativação do CCRAE, a nte a rea ti va çã o
em ca da i mi nente do CJE (Ma i obi nha ), cons i dera ndo
que a quel a foi a da pta da com a i nterdi çã o da
i ndi vi dua i s Uni da de da Ma i obi nha (Sã o Jos é de Ri ba ma r)
nça para e por s e tra ta r de prédio antigo e acanhado,
reu no meado inadequado para convivência restaurativa ou para
â nci a a o internação socioeducativa;
pel a
nto a o pra zo
provi s óri a ,
e do
, a conta r do
omo tem
de conta tos
competente
92

APÊNDICE D – 2ª VIJ, 2018b: compilamento do Relatório de Inspeção ref. ao 2º bim.


[notas gerais] 1. NAI 2. CJF 3. CJSNV 4. CSISJR 5. CSISC 6. CSIMSL
1 - Localização, destinação e natureza
Data da informação 27/04/2018 27/04/2018 23/04/2018 25/04/2018 --------- 26/02/2018
Notas O Centro da Juventude Nova Jerus a l ém-CJNJ, de s emi l i berda de NAI - Tem 3 (três ) a l oja mentos e vol ta do a pena s CJF - A reforma CJSNV - Tem 4 (qua tro) prédi os de [...] Interditada judicialmente e era CSIMSL - Tem 5
ma s cul i na , encontra -s e i nterdi ta do a té que a FUNAC pa ra o a tendi mento i ni ci a l ma s cul i no, fi ca ndo o es tá em fa s e a l oja mentos , i denti fi ca dos por denominada Centro da Juventude a l oja mentos , s
provi denci e um novo prédi o CJF ta mbém o a tendi mento femi ni no. fi na l . Tem 2 (dua s ) Ca s a s A, B, C e D, s endo a "A" (s em Esperança (CJE), a gora denomi na do de (três ) com ca pa
a dequa do pa ra es s e fi m. a l a s de dormi tóri o. s oci oeduca ndos ) porque es tá em Centro Soci oeduca ti vo de Interna çã o pa ra 6 (s ei s )
reforma , que i ni ci ou no fi na l do de Sã o Jos é de Ri ba ma r (CSISJR) p.1 s oci oeduca ndo
a no p. pa s s a do, ma s s us pens a enqua nto
nes te i níci o de CSISJR - Tem 14 a l oja mentos recém- os outros doi s
a no e a gora deve s er retorna da . A cons truídos , tendo 12 (doze) com 2 ca pa ci da de pa
"D" tem ca pa ci da de pa ra 13 e a s (doi s ) s oci oeduca ndos ca da e 2 (doi s ) Des s es a l oja m
dema i s 11 s oci oeduca ndos . um. Houve precipitação na utilização (doi s ) es tã o em
parcial dessa unidade, eis que ainda no a l oja mento
precisam de algumas adaptações, como s oci oeduca ndo
alambrados em corredores para o acesso

3 - Informações relativas ao cumprimento das normas previstas no ECA (art. 90 a 94)


c) Obrigações das Unidades de Internação previstas no art. 94 ECA
I - Obs erva r os di rei tos e ga ra nti a s de que s ã o Nã o há di vi s ã o dos a dol es centes por nívei s de compl exi da des NAI - Conti nua recebendo a dol es centes -------- -------- CSISJR - Nos primeiros dias de ---------
ti tul a res os a dol es centes de a to i nfra ci ona l , fa i xa etá ri a , dentre outros ; A distribuição dos apreendidos em flagrante com relatos e marcas de funcionamento, com a transferência de
socioeducando em a l a s ou a l oja mentos tem l eva ndo em violência fisica da polícia ou da comunidade, que s ã o socioeducandos do CCRAE e do CJC, fora m
cons i dera çã o a participação ou residência em área de facções enca mi nha dos à Del ega ci a de Proteçã o à Cri a nça encontra dos nos a l oja mentos chuços
criminosas que a tua m na ca pi ta l e no i nteri or. Percebeu-se um e a o Adol es cente- DPCA, pa ra regi s tro de feitos de madeira e pedaço de ferro.
crescimento de adolescentes envolvidos, além da facção Bonde dos ocorrênci a e rea l i za çã o de exa me de corpo de Al guns a l oja mentos es ta va m
40, no CV (Comando Vermelho), PCC (Primeiro Comando da Capital) e del i to. Em ma rço foi regi s tra do a l guma s pi cha dos em a l us ã o a s facções
COM (Comando Organizado do Maranhão). Inicialmente só ocorria no ocorrênci a s de adolescentes vítimas de disparos de criminosas e fra s es que reforça va m
CJC e agora nas demais Unidades. p. 3 arma de fogo, que l eva dos pa ra a tendi mento a tos i nfra ci ona i s de ma i or gra vi da de.
médi co na rede de s ervi ços do Si s tema Úni co de Os adolescentes estão divididos em
Sa úde- SUS. p.3 alojamentos por facção criminosa. p. 3

II - Nã o res tri ngi r nenhum di rei to que nã o tenha Si m -------- -------- -------- -------- -------- --------
s i do objeto de res tri çã ona deci s ã o de i nterna çã o

IV - Pres erva r a i denti da de e oferecer a mbi ente de Em pa rte -------- -------- -------- -------- -------- --------
res pei to e di gni da de a o a dol es cente

V - Di l i genci a r no s enti do do res ta bel eci mento e da Ga ra nti da pa rci a l mente a s vi s i ta s fa mi l i a res dos a dol es centes , -------- -------- -------- -------- -------- --------
pres erva çã o dos víncul os fa mi l i a res i ncl us i ve de outra s coma rca s , bem
como de conta tos tel efôni cos . Há di fi cul da des de
des l oca mento pa ra a quel a s fa míl i a s que res i dem em
muni cípi os di s ta ntes . Apes a r de a FUNAC oportuni za r o
tra ns l a do de fa mi l i a res de uma regi ã o, o
es pa ça mento no conta to fa mi l i a r tem s i do recl a ma do pel os
i nternos .
VII - Oferecer i ns ta l a ções fís i ca s em condi ções Pa rci a l mente. -------- -------- CJSNV - Os a l oja mentos s ã o CSISJR- Tem l oca l própri o pa ra ---------
a dequa da s de ha bi l i da de, hi gi ene, s a l ubri da de, a dequa dos e bem hi gi eni za dos . É a rma zena r os objetos e pertences
s egura nça e os objetos neces s á ri os à hi gi ene uma da s uni da des que conta com pes s oa i s dos a dol es centes em
pes s oa l l oca l di s ponível pa ra vi s i ta regi me de i nterna çã o.
ínti ma . A ca s a "D" es tá em
reforma .

X - Propi ci a r es col a ri za çã o e profi s s i ona l i za çã o O di rei to à profi s s i ona l i za çã o es tá s endo ga ra nti do pa ra os -------- -------- -------- -------- -------- --------
s oci oeduca ndos e a es col a ri za çã o é forneci da em toda s a s
uni da des . Fa l ta va m profes s ores , ma s , dentre a quel es
s el eci ona dos em 16 de feverei ro do corrente a no, já fora m
di s poni bi l i za dos pa ra a s uni da des s oci oeduca ti va s . Em face do
envolvimento dos socioeducandos com facções, a es col a ri za çã o,
eventua i s curs os profi s s i ona l i za ntes e outra s a ti vi da des s ã o
oferta da s em di a s a l terna da s .

d) Práticas ou Medidas Restaurativasprevistas no art. 35, Sã o rea l i za dos es pora di ca mente círcul os de pa z pel a equi pe -------- -------- -------- -------- -------- --------
III, da Lei 12.594/2012: vol a nte da FUNAC e pel os própri os
técni cos da s Uni da des , que fora m fi zera m curs os s obre jus ti ça
res ta ura ti va e pa ra fa ci l i ta dores des s a
prá ti ca

4 - Suficiência ou não de vagas


Capacidade Atual 184 8 17 35 26 --------- 21
Ocupação 170 2 7 31 23 --------- 21
Defasagem 14 6 10 4 3 --------- 0
Notas CJNJ - A FUNAC a i nda nã o vi a bi l i zou prédi o pa ra a retoma da do NAI - Nos mes es de ma rço e a bri l de 2018 fora m ---------
CJNJ (s emi l i berda de ma s cul i na ). a preendi dos 98 a dol es centes - ma rço (52) e a bri l
(46), s endo a pena s 8 (oi to) l i bera dos

6 - Ocorrências e Facções Criminosas nas Unidades Socioeducativas


Ocorrências nas US --------- --------- --------- --------- --------- --------- ---------

Fações Criminosas nas US Não há dados a cerca de fa cções cri mi nos a s dentro do s i s tema --------- --------- CSISJR, CJED e CJSNV - Pres ença de CSISJR, CJED e CJSNV - Pres ença de --------- CSIMSL - Pres en
s oci oeduca ti vo ma s cul i no, ma s el a s es tã o pres entes , em s oci oeduca ndos s ob i nfl uênci a do s oci oeduca ndos s ob i nfl uênci a do s oci oeduca ndo
es peci a l Bonde dos 40, PCC e CV. Antes os i nternos era m Bonde dos 40, PCC e CV. Bonde dos 40, PCC e CV. i nfl uênci a do B
s epa ra dos a pena s no CJC, por a l a s e a l oja mentos , a gora em dos 40 e do PCC
toda s a s uni da des . A gra nde ma i ori a dos a dol es centes termi na
s e vi ncul a ndo a uma fa cçã o como forma de s obrevi vênci a e
defes a dentro da s uni da des . Por enqua nto, o Bonde dos 40 e
PCC convi vem pa ci fi ca mente e a mba s ri va l i za m com o CV,
fomenta do a tos de vi ol ênci a dentro da s uni da des (moti ns ,
da nos , l es ões e a mea ça s ), com prejuízos da s oci oeduca çã o.

7 - Medidas adotadas para o adequado funcionamento das entidades de atendimento:


Notas a) Expediente à presidente da FUNAC requi s i ta ndo i nforma çã o qua nto à des ti na çã o do Envi o des te rel a tóri o à CGJ, à s
CCRAE e s ugeri ndo o s egui nte : (1) A obs ervâ nci a l ega l de forma çã o de nível s uperi or compa tível com a na tureza da funçã o, comprova da Coordena dori a s da Infâ nci a e
experi ênci a com a dol es centes de, no míni mo, 2 (doi s ) a nos e reputa çã o i l i ba da na es col ha de di ri gentes de uni da des s oci oeduca ti va s Juventude e de Moni tora mento do
(ECA, a rt. 17); (2) A não convivência simultânea de todas as facções em uma mesma unidade que não tenha alas separadas e sem comunicação, Si s tema Ca rcerá ri o e da s Medi da s
como os CJED e CSIMSL; (3) A conclusão urgente das adaptações necessárias, i ncl us i ve a l a mbra dos nos corredores e a ces s o à s s a l a s de Soci oeduca ti va em Mei o Fecha do
a ti vi da des s oci oeduca ti va s do CSISJR, s ob pena de a umenta r a tens ã o, fa ci l i ta r a fuga e prejudi ca r a s a ti vi da des s oci oeduca ti va s ; ( 4) A do TJMA, a os Cons el hos CONANDA,
participação de familiares dos socioeducandos envolvidos em atos reiterados de violência dentro de unidades socioeducativas, fa ci l i ta ndo a i da em CEDCA e CMDC, a o Cons el ho
di a s di vers os de vi s i ta , pa ra di á l ogos de pa z com a pa rti ci pa çã o da s equi pes técni ca s ; (5) A observância rigorosa na separação por critérios Es ta dua l de Di rei tos Huma nos , à
de idade, compleição fisica e gravidade da infração nas unidades socioeducativas de internação (ECA, art. 123); (6) A destinação de duas unidades Comi s s ã o de Di rei tos Huma nos
socioeducativa de cumprimento de medida de internação para adolescentes da Comarca da Ilha, separando-os daqueles originários do interior do da As s embl ei a Legi s l a ti va , a o
Estado, cons i dera ndo que a mistura prejudica aqueles que não têm vivencia em facções criminosas; (7) Pa droni za r a nomencl a tura da s MPE, a o DPE e à s di reções da s
Uni da des ; (8) Urgenci a r o a tendi mento i ni ci a l e a i nterna çã o provi s óri a de Ti mon. uni da des de i nterna çã o des ta
Il ha de Sã o Luís
93

3. CJSNV 4. CSISJR 5. CSISC 6. CSIMSL 7. CJC 8. CJED 9. CCRAE


1 - Localização, destinação e natureza
018 23/04/2018 25/04/2018 --------- 26/02/2018 26/02/2018 24/04/2018 --------
eforma CJSNV - Tem 4 (qua tro) prédi os de [...] Interditada judicialmente e era CSIMSL - Tem 5 (ci nco) CJC - Tem dua s a l a s (A e B) CJED - Tem 9 (nove) a l oja mentos em A FUNAC i nformou que o
fa s e a l oja mentos , i denti fi ca dos por denominada Centro da Juventude a l oja mentos , s endo 3 de a l oja mentos i ndi vi dua i s corredores que s e comuni ca m, tendo Centro de Convi vênci a
m 2 (dua s ) Ca s a s A, B, C e D, s endo a "A" (s em Esperança (CJE), a gora denomi na do de (três ) com ca pa ci da de pa ra 42 i nternos , tendo a a l a a l oja mento com ca pa ci da de que va ri a Res ta ura ti va Al to da
dormi tóri o. s oci oeduca ndos ) porque es tá em Centro Soci oeduca ti vo de Interna çã o pa ra 6 (s ei s ) A 10 a l oja mentos e a B 12 de 3, 4 e 5 s oci oeduca ndos . Es pera nça (CCRAE) foi
reforma , que i ni ci ou no fi na l do de Sã o Jos é de Ri ba ma r (CSISJR) p.1 s oci oeduca ndos , a l oja mentos . Duas salas têm des a ti va do com a retoma da
a no p. pa s s a do, ma s s us pens a enqua nto sido improvisadas para aqueles da Uni da de da Ma i obi nha
nes te i níci o de CSISJR - Tem 14 a l oja mentos recém- os outros doi s com que precisam de proteção em i nterdi ta da judi ci a l mente e
a no e a gora deve s er retorna da . A cons truídos , tendo 12 (doze) com 2 ca pa ci da de pa ra 7 e 5. relação aos demais, em face da era denomi na da Centro da
"D" tem ca pa ci da de pa ra 13 e a s (doi s ) s oci oeduca ndos ca da e 2 (doi s ) Des s es a l oja mentos , 2 natureza do ato infracional Juventude Es pera nça (CJE),
dema i s 11 s oci oeduca ndos . um. Houve precipitação na utilização (doi s ) es tã o em reforma (dignidade sexual e violência a gora denomi na do de Centro
parcial dessa unidade, eis que ainda no a l oja mento (s em doméstica) Soci oeduca ti vo de
precisam de algumas adaptações, como s oci oeduca ndos ). Interna çã o de Sã o Jos é de
alambrados em corredores para o acesso Ri ba ma r (CSISJR).

3 - Informações relativas ao cumprimento das normas previstas no ECA (art. 90 a 94)

-------- CSISJR - Nos primeiros dias de --------- CJC - Os a dol es centes es tã o CJED - Houve da nos , ameaças e lesões --------
funcionamento, com a transferência de di vi di dos em três corporais, envol vendo gra nde pa rte dos
socioeducandos do CCRAE e do CJC, fora m s egmentos : em uma a l a s oci oeduca ndos , por di s córdi a
encontra dos nos a l oja mentos chuços es tã o os a dol es centes e confronto de facções. Após a
feitos de madeira e pedaço de ferro. ori undos de Sã o Luís e i ns peçã o, ocorrera m outros tumultos e
Al guns a l oja mentos es ta va m i ntegra ntes do Bonde dos 40, uma tentativa de fuga.
pi cha dos em a l us ã o a s facções em outra a l a encontra m-s e
criminosas e fra s es que reforça va m os a dol es centes de outra s
a tos i nfra ci ona i s de ma i or gra vi da de. fa cções e do i nteri or. Al guns
Os adolescentes estão divididos em a dol es centes por moti vo de
alojamentos por facção criminosa. p. 3 s egura nça es tã o a l oja dos
em s a l a s a da pta da s como
a l oja mentos col eti vos
-------- -------- -------- -------- -------- -------- --------

-------- -------- -------- -------- -------- -------- --------

-------- -------- -------- -------- -------- -------- --------

CJSNV - Os a l oja mentos s ã o CSISJR- Tem l oca l própri o pa ra --------- CJC- Há previ s ã o de pi ntura nosCJED
a l oja- mentos
Des de ma
. rço de 2018 tem --------
a dequa dos e bem hi gi eni za dos . É a rma zena r os objetos e pertences a pres enta do confl i tos com l es ões
uma da s uni da des que conta com pes s oa i s dos a dol es centes em corpora i s entre a dol es centes e
l oca l di s ponível pa ra vi s i ta regi me de i nterna çã o. des trui çã o do pa tri môni o da uni da de,
ínti ma . A ca s a "D" es tá em os qua i s s e i nti tul a m pertencentes a
reforma . facções criminosas, i ncl us i ve a l guns
del es expres s a m s ua s i ns a ti s fa ções
-------- -------- -------- -------- -------- ba tendo na s gra des dos a l oja mentos
-------- --------

-------- -------- -------- -------- -------- -------- --------

4 - Suficiência ou não de vagas


35 26 --------- 21 42 35 --------
31 23 --------- 21 51 35 --------
4 3 --------- 0 -9 0 --------
--------- --------

6 - Ocorrências e Facções Criminosas nas Unidades Socioeducativas


--------- --------- --------- --------- --------- CJED - Nos mes es de ma rço e a bri l p. --------
pa s s a dos ocorrera m qua tro
ocorrênci a s de tumul to genera l i za do
dentro da uni da de com ba ti mento de
gra des , da nos , a gres s ã o com
ca dei ra da s e l es ões corpora i s l eves .
Após a i ns peçã o, e já no decorrer do
mês de ma i o, outra s dua s ocorrênci a s
ocorrera m. Fora m fei tos os regi s tro de
ocorrênci a e i ns ta ura ndo
procedi mento di s ci pl i na r
CSISJR, CJED e CJSNV - Pres ença de CSISJR, CJED e CJSNV - Pres ença de --------- CSIMSL - Pres ença de CJC - Tem cres ci do o número CSISJR, CJED e CJSNV - Pres ença de --------
s oci oeduca ndos s ob i nfl uênci a do s oci oeduca ndos s ob i nfl uênci a do s oci oeduca ndos s ob de a dol es centes s ob s oci oeduca ndos s ob i nfl uênci a do
Bonde dos 40, PCC e CV. Bonde dos 40, PCC e CV. i nfl uênci a do Bonde i nfl uênci a do CV, ma ntendo Bonde dos 40, PCC e CV.
dos 40 e do PCC. i gua l es ta tura do Bonde dos
40, que s empre foi
domi na nte, enqua nto a s
dema i s s ã o i nexpres s i va s .

7 - Medidas adotadas para o adequado funcionamento das entidades de atendimento:


Envi o des te rel a tóri o à CGJ, à s
mprova da Coordena dori a s da Infâ nci a e
educa ti va s Juventude e de Moni tora mento do
cação, Si s tema Ca rcerá ri o e da s Medi da s
s de Soci oeduca ti va em Mei o Fecha do
ti va s ; ( 4) A do TJMA, a os Cons el hos CONANDA,
o a i da em CEDCA e CMDC, a o Cons el ho
por critérios Es ta dua l de Di rei tos Huma nos , à
nidades Comi s s ã o de Di rei tos Huma nos
erior do da As s embl ei a Legi s l a ti va , a o
as MPE, a o DPE e à s di reções da s
uni da des de i nterna çã o des ta
Il ha de Sã o Luís
94

APÊNDICE E – 2ª VIJ, 2018c: compilamento do Relatório de Inspeção ref. ao 3º bim.

Notas O Centro da Juventude Nova Jerus a l ém-CJNJ, de s emi l i berda de CSISJR - Pos s ui 17 a l oja mentos , ------- CSfMSL - Pos s ui 05 (ci nco) a l oja mentos , CJED - Pos
ma s cul i na , encontra -s e i nterdi ta do a té que a FUNAC provi denci e s endo 14 (doze) com ca pa ci da de s endo 03 (três ) com ca pa ci da de pa ra 06 a l oja ment
um novo prédi o a dequa do pa ra es s e fi m. pa ra 02 (doi s ) s oci oeduca ndos (s ei s ) s oci oeduca ndos , enqua nto os s e comuni
ca da e ma i s 03 (três ) outros 02 (doi s ) pos s uem ca pa ci da de dos a l oja m
a l oja mentos , ta mbém com pa ra 07 e 05 a dol es centes . Des s es (três ) a 05
ca pa ci da de pa ra 02 a l oja mentos , 02 (doi s ) es tã o em s oci oeduc
s cci oeduca ndos ca da , destinados reforma , embora houves s e um a l oja ment
a adolescentes ameaçados pelos s oci oeduca ndo em uma des ta s a dol es cen
demais internos. A i ns ta l a çã o dos dependênci a s não foi ree
a l a mbra dos , recomenda da na CSIMSI. - Apes a r da ex1s tênc1a de motim do m
i ns peçã o a nteri or, a i nda nã o foi refei tóri o. es l e nâ o vem s endo
rea l i za da em ra zã o da SrNFRA uti l i za do devi do à fa l ta de di vi s óri a s .
nã o ter a utori za do a obra . Apes a r da exi s tênci a de l a va nderi a s ,

3 - Informações relativas ao cumprimento das normas previstas no ECA (art. 90 a 94)


c) Obrigações das Unidades de Internação previstas no art. 94 ECA
I - Obs erva r os di rei tos e ga ra nti a s de que s ã o Nã o há di vi s ã o dos a dol es centes por nívei s de compl exi da des de NAI - Conti nua recebendo -------- -------- CSISJR - A s epa ra çã o dos ------- -------- CJC - Os a dol es centes es tã o di vi di dos em três CJED - Apó
ti tul a res os a dol es centes a to i nfra ci ona l , fa i xa etá ri a , dentre outros , uma vez que a a dol es centes a preendi dos em a dol es centes é rea l i za da de s egmentos , na s dua s a l a s : em uma a l a es tã o entre os s
di s tri bui çã o dos s oci oeduca ndos em a l a s ou a l oja mentos tem fl a gra nte com rel a tos e ma rca s de a cordo com a facção cri mi nos a . os a dol es centes ori undos de Sã o Luís e bi mes tre a
l eva do em cons i dera çã o a pa rti ci pa çã o ou res i dênci a des tes em vi ol ênci a ti s i ca da pol íci a ou da Há informação de que a separação i ntegra ntes do Bonde dos 40; em outra a l a s e Uni da de i
á rea s domi na da s por fa cções cri mi nos a s que a tua m na ca pi ta l e comuni da de, que s ã o de acordo com a complexidade do encontra m os a dol 􀀤s centes pertencentes a i ntervençõ
no i nteri or. Percebeu-se um crescimento de adolescentes envolvidos enca mi nha dos à Del ega ci a de ato infracional é possível de ser outra s facções cri mi nos a s e os ori undos do peda gógi c
com facções criminosas. Atua l mente, a l ém da fa cçã o "Bonde dos 40 Proteçã o à Cri a nça e a o Adol es cente realizada, desde que dentro dos i nteri or do Es ta do. Al guns a dol es centes , por rea l i zou a
'. há envol vi mento com a s fa cções "CV" (Coma ndo Vermel ho), - DPCA, pa ra regi s tro de ocorrênci a e grupos faccionados. Al guns moti vo de s egura nça , es tã o a l oja dos em repres ent
"PCC'' (Pri mei ro Coma ndo da Ca pi ta l ) e ·'COM" (Coma ndo rea l i za çã o de exa me de corpo de a l oja mentos es ta va m pi cha dos s a l a s a da pta da s como a l oja mentos col eti vos a dol es cen
Orga ni za do do Ma ra nhã o). Inicialmente, tais incidências só ocorriam del i to. Em ma rço, fora m regi s tTa da s em a l us ã o a fa cções cri mi nos a s de convi vênci a protetora . i nci dênci a
no CJC, mas agora ocorrem nas demais Unidades. a l guma s ocorrênci a s de e fra s es que reforça va m a tos
a dol es centes víti ma s de di s pa ros i nfra ci ona i s de ma i or gra vi da de.
de a nna de fogo, s endo A direção da Unidade informou que
II - Nã o res tri ngi r nenhum di rei to que nã o tenha sim -------- -------- -------- -------- ------- -------- -------- --------
s i do objeto de res tri çã ona deci s ã o de i nterna çã o

IV - Pres erva r a i denti da de e oferecer a mbi ente de Em pa rte. -------- -------- -------- -------- ------- -------- -------- --------
res pei to e di gni da de a o a dol es cente

V - Di l i genci a r no s enti do do res ta bel eci mento e da As vi s i ta s dos fa mi l i a res dos a dol es centes , i ncl us i ve a s dos -------- -------- -------- -------- ------- -------- -------- --------
pres erva çã o dos víncul os fa mi l i a res ori undos de outra s coma rca s , vem s endo ga ra nti da pa rci a l mente,
bem como a rea l i za çã o de conta tos tel efôni cos . Há di fi cul da des
de des l oca mento pa ra a quel a s fa míl i a s que res i dem em
muni cípi os di s ta ntes . Apes a r de a FUNAC oportuni za r o tra ns l a do
dos fa mi l i a res , pri nci pa l mente em período de festas, o espaçamento
no contato familiar ainda tem sido reclamado pelos internos.

VII - Oferecer i ns ta l a ções fís i ca s em condi ções Pa rci a l mente. -------- -------- -------- -------- ------- -------- CJC - Apes a r de ha ver previ s ã o de pi ntura dos CJED - As c
a dequa da s de ha bi l i da de, hi gi ene, s a l ubri da de, a l oja mentos , a Uni da de s e encontra a l oja ment
s egura nça e os objetos neces s á ri os à hi gi ene s uperl ota da , com vá ri os a dol es centes a mbi ente
pes s oa l cus todi a dos em a l oja mentos des ti na dos pouca i l um
ori gi na l mente a pena s pa ra um forte odor
s oci oeduca ndo. Ta l fa to prejudi ca a expos tos n
s oci oeduca çã o e di fi cul ta a ma nutençã o de a l oja ment
um a mbi ente com condi ções a dequa da s de a 1endi me
ha bi ta bi l i da de, hi gi ene e i ns a l ubri da de. i nfi l tra çõe
X - Propi ci a r es col a ri za çã o e profi s s i ona l i za çã o O di rei to à profi s s i ona l i za çã o es tá s endo pa rci a l mente ga ra nti do -------- -------- -------- -------- ------- -------- -------- --------
a os s oci oeduca ndos e a es col a ri za çã o é forneci da em toda s a s
Uni da des . O qua dro de profes s ores es tá compl eto. Em face do
envolvimento dos socioeducandos com facções criminosas, a
es col a ri za çã o, eventua i s curs os profi s s i ona l i za ntes e outra s
a ti vi da des s ã o oferta da s em di a s a l terna dos .

d) Práticas ou Medidas Restaurativasprevistas no art. 35, Sã o rea l i za dos es pora di ca mente círcul os de pa z pel a equi pe -------- -------- -------- -------- ------- -------- -------- --------
III, da Lei 12.594/2012: vol a nte da FUNAC e pel os própri os técni cos da s Uni da des , que
rea l i za ra m curs os s obre Jus ti ça Res ta ura ti va e pa ra fa ci l i ta dores
des s a prá ti ca .

4 - Suficiência ou não de vagas


Capacidade Atual 8 17 46 34 ------- 21 42 35
Ocupação 2 12 35 30 ------- 21 96 33
Defasagem 0 6 5 11 4 ------- 0 -54 2
Notas CJNJ - A FUNAC a i nda nã o vi a bi l i zou prédi o pa ra a retoma da do CSISJR - Pa s s ou a funci ona r -------
CJNJ (s emi l i berda de ma s cul i n pa rci a l mente em a bri l do
corrente a no e a i nda s e encontra
em reforma pa ra a l ca nça r a
ca pa ci da de de 86 (oi tenta e s ei s )
s oci oeduca ndos .

6 - Ocorrências e Facções Criminosas nas Unidades Socioeducativas


Ocorrências nas US --------- --------- CJSNV - Houve bri ga genera l i za da entre --------- --------- CJED - Os t
s oci oeduca ndos de fa cções cri mi nos a s da Uni da d
ri va i s , res ul ta ndo na l es ã o de 4 frequente
(qua tro) a dol es centes . Ta mbém houve ha ja m rel a
moti m em uma noi te. Ai nda há entra da que os a d
de droga s na Uni da de. Foi relatada a na s gra de
prática de tortura em face de um interno da portões .
Unidade, praticada por monitor.

Fações Criminosas nas US Não há dados precisos a cerca da pres ença de facções criminosas --------- --------- ---------
dentro do s i s tema s oci oeduca ti vo ma s cul i no, ma s elas estão
presentes em todas as Unidades, em es peci a l Bonde dos 40, PCC e CV.
Há separação dos adolescentes de acordo com a facção criminosa em
todas as Unidades. A grande maioria dos adolescentes termina se
vinculando a urna facção como forma de sobrevivência e defesa dentro
do sistema. Atua l mente, o Bonde dos 40 e o PCC convivem
pacificamente e ambas rivalizam com o CV, fomenta do a tos de
vi ol ênci a dentro da s Uni da des (moti ns , da nos , l es ões e
a mea ça s ), com prejuízos da s oci oeduca çã o.

7 - Medidas adotadas para o adequado funcionamento das entidades de atendimento:


Notas b) Obs ervâ nci a da s epa ra çã o dos a dol es centes por cri téri os de m) Envi o des te rel a tóri o à CGJ, à s 1) Expedi ente à di reçã o da FUNAC e à j) Ga ra nti r
i da de, compl ei çã o fís i ca e gra vi da de da i nfra çã o na s uni da des Coord􀀤na dori a s da Infâ nci a e Promotori a de Cri mes contra Cri a nça e Convi vênc
s oci oeduca ti va s de i nterna çã o (ECA, a rt. 123). Em ca s o de a bs ol uta Juventude e de Moni tora mento do Adol es cente em fa ce da notíci a -cri me da Es pera
i mpos s i bi l i da de, devi do a os confi i tos entre fa cções cri mi nos a s , Si s tema Ca rcerá ri o e da s Medi da s de tortura rel a ta da pel o a dol es cente perma nen
que ta l s epa ra çã o s eja rea l i za da dentro de ca da grupo Soci oeduca ti va em Mei o Fecha do do *********************, cus todi a do na no que ta n
fa cci ona do. TJMA, a os Cons el hos CONANDA, Ca s a C do Centro de Juventude Síti o s oci oeduc
f) A nã o convi vênci a s i mul tâ nea de toda s a s fa cções em uma CEDCA e CMDC, a o Cons el ho Nova Vi da (CJSNV), s upos ta mente recomend
mes ma uni da de que nã o tenha a l a s s epa ra da s e s em Es ta dua l de Di rei tos Huma nos , à pra ti ca da pel o moni tor i denti fi ca do em a ções
comuni ca çã o, como os CJED e CSIMSL; Comi s s ã o de Di rei tos Huma nos da como *********. contençã o
h) A des ti na çã o de dua s uni da des s oci oeduca ti va s de As s embl ei a Legi s l a ti va , a o MPE. a o a dol es cen
cumpri mento de medi da de i nterna çã oexcl us i va mente pa ra DPE e à s di reções da s uni da des de uni da des ,
a dol es centes da Coma rca da Il ha , s epa ra ndo-os da quel es i nterna çã o des ta fl ha de Sã o Luís . rea l oca do
ori gi ná ri os do i nteri or do Es ta do, cons i dera ndo que a mi s tura uni da des ,
prejudi ca a quel es que nã o têm vi venci a em fa cções cri mi nos a s ; exi s tênci a

O tra ta mento pel o us o e a bus o de s ubs tâ nci a s ps i coa ti va s , a s s i m


como de di s túrbi os
ps i qui á tri cos , é rea l i za do pel o CAPSi ou CAPS AD. No CSISJR há
rel a tos de di fi cul da des qua nto a o
tra ta mento da s a úde menta l dos a dol es centes , uma vez que
exi s te di a es pecífi co pa ra a tendi mento junto a
ps i qui a tra vi ncul a do à CAPSi . Ta i s a tendi mentos , que já era m
res tri tos , nã o ma i s a contecem des de que a
di retora da CAPSi foi s ubs ti tuída

e) Expedi ente à Secreta ri a Muni ci pa l de Sa úde - SEMUS, i ns ta ndo


ta l órgã o a fa zer i ngerênci a s junto a o CAPSi e CAPS AD a tua ntes no
muni cípi o de Sã o Luís , a fi m de que vi a bi l i zem um pronto
a tendi mento à s dema nda s que a l i cheguem, de rea l i za çã o de
exa mes e tra ta mentos ps i qui á tri cos , ori undos da s uni da des da
FUNAC, tendo em vista relatos de dificuldades, por certas unidades, no
que se refere ao tratamento da saúde mental dos adolescentes.

g) A participação de familiares dos socioeducandos envolvidos em atos


reiterados de violência dentro de unidades socioeducativas, fa ci l i ta ndo
a i da em di a s di vers os de vi s i ta , pa ra di á l ogos de pa z com a
pa rti ci pa çã o da s equi pes técni ca s ;
i ) O forneci mento de comprova nte de depós i to dos pertences dos
a dol es centes que chega m à s Uni da des , s eja pa ra o própri o
a dol es cente, s eja pa ra os s eus fa mi l i a res .
95

CSISJR - Pos s ui 17 a l oja mentos , ------- CSfMSL - Pos s ui 05 (ci nco) a l oja mentos , CJED - Pos s ui 09 (nove) O CCRAE (Al to da Es pera nça ) deixou de operar
s endo 14 (doze) com ca pa ci da de s endo 03 (três ) com ca pa ci da de pa ra 06 a l oja mentos em corredores que como Unidade de Atendimento Socioeducativo.
pa ra 02 (doi s ) s oci oeduca ndos (s ei s ) s oci oeduca ndos , enqua nto os s e comuni ca m. A ca pa ci da de sendo atualmente utilizado como apoio de cozinha
ca da e ma i s 03 (três ) outros 02 (doi s ) pos s uem ca pa ci da de dos a l oja mentos va ri a de 03 e lavanderia do Núcleo de Atendimento Inicial e
a l oja mentos , ta mbém com pa ra 07 e 05 a dol es centes . Des s es (três ) a 05 (ci nco) ações emergenciais de contenção e/ou
ca pa ci da de pa ra 02 a l oja mentos , 02 (doi s ) es tã o em s oci oeduca ndos , embora ha ja preservação de adolescentes da􀀭 demais Unidade
s cci oeduca ndos ca da , destinados reforma , embora houves s e um a l oja mento com a té 06 (s ei s )
a adolescentes ameaçados pelos s oci oeduca ndo em uma des ta s a dol es centes . O espaço ainda
demais internos. A i ns ta l a çã o dos dependênci a s não foi reestruturado após o
a l a mbra dos , recomenda da na CSIMSI. - Apes a r da ex1s tênc1a de motim do mês de abril.
i ns peçã o a nteri or, a i nda nã o foi refei tóri o. es l e nâ o vem s endo
rea l i za da em ra zã o da SrNFRA uti l i za do devi do à fa l ta de di vi s óri a s .
nã o ter a utori za do a obra . Apes a r da exi s tênci a de l a va nderi a s ,

3 - Informações relativas ao cumprimento das normas previstas no ECA (art. 90 a 94)

------- -------- CSISJR - A s epa ra çã o dos ------- -------- CJC - Os a dol es centes es tã o di vi di dos em três CJED - Após vá ri os tumul tos --------
a dol es centes é rea l i za da de s egmentos , na s dua s a l a s : em uma a l a es tã o entre os s oci oeduca ndos no
a cordo com a facção cri mi nos a . os a dol es centes ori undos de Sã o Luís e bi mes tre a nteri or, a equi pe da
Há informação de que a separação i ntegra ntes do Bonde dos 40; em outra a l a s e Uni da de i ntens i fi cou a s
de acordo com a complexidade do encontra m os a dol 􀀤s centes pertencentes a i ntervenções tá ti ca s e
ato infracional é possível de ser outra s facções cri mi nos a s e os ori undos do peda gógi ca s , bem como
realizada, desde que dentro dos i nteri or do Es ta do. Al guns a dol es centes , por rea l i zou a s s embl ei a s com
grupos faccionados. Al guns moti vo de s egura nça , es tã o a l oja dos em repres enta ntes dos
a l oja mentos es ta va m pi cha dos s a l a s a da pta da s como a l oja mentos col eti vos a dol es centes , o que reduzi u a
em a l us ã o a fa cções cri mi nos a s de convi vênci a protetora . i nci dênci a dos ca s o
e fra s es que reforça va m a tos
i nfra ci ona i s de ma i or gra vi da de.
A direção da Unidade informou que
------- -------- -------- ------- -------- -------- -------- --------

------- -------- -------- ------- -------- -------- -------- --------

------- -------- -------- ------- -------- -------- -------- --------

------- -------- -------- ------- -------- CJC - Apes a r de ha ver previ s ã o de pi ntura dos CJED - As condi ções dos --------
a l oja mentos , a Uni da de s e encontra a l oja mentos s ã o precá ri a s . O
s uperl ota da , com vá ri os a dol es centes a mbi ente é úmi do e pos s ui
cus todi a dos em a l oja mentos des ti na dos pouca i l umi na çã o, exa l a ndo
ori gi na l mente a pena s pa ra um forte odor. Há fi os el étri cos
s oci oeduca ndo. Ta l fa to prejudi ca a expos tos no i nteri or dos
s oci oeduca çã o e di fi cul ta a ma nutençã o de a l oja mentos . Na s a l a de
um a mbi ente com condi ções a dequa da s de a 1endi mento exi s te
ha bi ta bi l i da de, hi gi ene e i ns a l ubri da de. i nfi l tra ções e mui to mofo na s
------- -------- -------- ------- -------- -------- -------- --------

------- -------- -------- ------- -------- -------- -------- --------

4 - Suficiência ou não de vagas


17 46 34 ------- 21 42 35 --------
12 35 30 ------- 21 96 33 --------
5 11 4 ------- 0 -54 2 --------
CSISJR - Pa s s ou a funci ona r ------- CCRAE - Funci ona como a poi o a dmi ni s tra ti vo
pa rci a l mente em a bri l do de cozi nha e l a va nderi a pa ra o NAI.
corrente a no e a i nda s e encontra Entreta nto, por vezes funci ona como refugo de
em reforma pa ra a l ca nça r a emergênci a em s i tua ções de cri s e do s i s tema
ca pa ci da de de 86 (oi tenta e s ei s ) (des trui çã o de a l oja mentos , a dol es centes
s oci oeduca ndos . probl emá ti cos ou a mea ça dos ). Em ta i s
oca s i ões , é des l oca da uma equi pe da
Uni da de de ori gem. Após a i nterdi çã o da
Uni da de, já houve es ta di a s i mul tâ nea de 06
(s ei s ) a dol es centes , vi ndos do CJE. Também já
houve estadia de um adolescente por duas
semanas após a interdição da Unidade.

6 - Ocorrências e Facções Criminosas nas Unidades Socioeducativas


-------- CJSNV - Houve bri ga genera l i za da entre --------- --------- CJED - Os tumul tos no i nteri or --------
s oci oeduca ndos de fa cções cri mi nos a s da Uni da de es tã o menos
ri va i s , res ul ta ndo na l es ã o de 4 frequentes , embora a i nda
(qua tro) a dol es centes . Ta mbém houve ha ja m rel a tos no s enti do de
moti m em uma noi te. Ai nda há entra da que os a dol es centes ba tem
de droga s na Uni da de. Foi relatada a na s gra des pa ra quebra r os
prática de tortura em face de um interno da portões .
Unidade, praticada por monitor.

-------- --------- --------

7 - Medidas adotadas para o adequado funcionamento das entidades de atendimento:


1) Expedi ente à di reçã o da FUNAC e à j) Ga ra nti r que o Centro de
Promotori a de Cri mes contra Cri a nça e Convi vênci a Res ta ura ti va Al to
Adol es cente em fa ce da notíci a -cri me da Es pera nça (CCR AE) es teja
de tortura rel a ta da pel o a dol es cente perma nentemente des a ti va do
*********************, cus todi a do na no que ta nge à cus tódi a de
Ca s a C do Centro de Juventude Síti o s oci oeduca ndos ,
Nova Vi da (CJSNV), s upos ta mente recomenda ndo-s e que, mes mo
pra ti ca da pel o moni tor i denti fi ca do em a ções emergenci a i s de
como *********. contençã o e/ou pres erva çã o de
a dol es centes da s dema i s
uni da des , es tes s eja m
rea l oca dos pa ra outra s
uni da des , tendo em vi s ta a
exi s tênci a de va ga s .
96

APÊNDICE F – 2ª VIJ, 2018d: compilamento do Relatório de Inspeção ref. ao 4º bim

Dêpartamênto da Informaça o ê Intêligê ncia Econo mica (DIIE), da Sêcrêtaria Municipal dê


[notas gerais] 1. NAI 2. CJF 3. CJSNV 4. CSISJR 5. CSISC
Planêjamênto
Data da informação
ê 31/08/2018
Dêsênvolvimênto 31/08/2018
1 - Localização, destinação e natureza
24/08/2018 20/08/2018
(SEPLAN) ------
Notas As refei ções . s a l vo no CJF, s ã o s ervi da s nos a l oja mentos pa ra preveni r
a gres s ões entre s oci oeduca ndos . i ncl us i ve por ca us a de fa cções .
[notas gerais] 1. NAI 2. CJF 3. CJSNV 4. CSISJR 5. CSISC
1 - Localização, destinação e natureza
Data da informação 31/08/2018 31/08/2018 24/08/2018 20/08/2018 ------
Notas As refei ções . s a l vo no CJF, s ã o s ervi da s nos a l oja mentos pa ra preveni r
a gres s ões entre s oci oeduca ndos . i ncl us i ve por ca us a de fa cções .

3 - Informações relativas ao cumprimento das normas previstas no ECA (art. 90 a 94)


c) Obrigações das Unidades de Internação previstas no art. 94 ECA
I - Obs erva r os di rei tos e ga ra nti a s de Nã o há s epa ra çã o dos s oci oeduca ndos por cri téri os de i da de, compl ei çã o O NAI conti nua recebendo mui tos a dol es centes No CJF nã o há no Na s uni da des CJED, CSISJR e CSIMSL os Na s uni da des CJED, CSISJR e CSIMSL os s oci oeduca ndos ------
que s ã o ti tul a res os a dol es centes fís i ca e gra vi da de da i nfra çã o, como previ s to no a rt. 123 do ECA. a preendi dos em fl a gra nte com s i na i s de torturas, momento s oci oeduca ndos fi ca m um turno no fi ca m um turno no a l oja mento e no outro s a em pa ra
- A s epa ra çã o na s uni da des l eva em cons i dera çã o a participação ou residência ma s s empre obs erva ndo o protocol o do CIJJUV de nenhuma a l oja mento e no outro s a em pa ra es col a ri za çã o ou outra a ti vi da de, enqua nto no CJSNV
socioeducando na capital e no interior e residência ou envolvimento área de facções regi s tro da ocorrênci a do DPCA e novo exa me de s oci oeduca nda 3 - Informações relativas ao cumprimento
es col a ri za çã o ou outra a ti vi da de, das normas previstas no ECA (art. 90 a
fi ca m em di a s a l terna dos nos dormi tóri os , o que tem94)
c) Obrigações das Unidades de Internação previstas criminosas no art.
que94a tua ECAm na ca pi ta l e no i nteri or, ma i s preci s a mente Bonde dos corpo de del i to no CPTCA. Na s a udi ênci a s com vi ncul a çã o enqua nto no CJSNV fi ca m em di a s causado muito estresse e revolta.
I - Obs erva r os di rei tos e ga ra nti a s de 40, Nã oCVhá(Coma s epando ra çã Vermel
o dos s ho) oci oeduca
e PCC (Pri ndosmeipor cri térindo
ro Coma os deda i Ca
dapide,ta compl
l ). ei çã o O NAI
prel i miconti nua
na res derecebendo
a pres entamui çã o tos
desasdol
es es centes No CJF
com fa cçãnã oo,há poino
sa aNa s unidos
l terna da des
nosCJED,
dormi CSISJR
tóri ose, CSIMSL os
o que tem -NaNos uni da des
CSISJR CJED, eCSISJR
a revolta e CSIMSL
indignação dos os s oci
s oci oeducaoeducandosndos é ------
que s ã o ti tul a res os a dol es centes -físNão
i ca háe gra vi da de
unidade deda i nfra çã o,
internação como previ
definitiva s to no
só para a rt. 123 do do
socioeducando ECA.interior ou sem aa preendi
preendi dos
dos emem flfl aa gra
gra nte
nte os
coma dol
s i na
esi scentes
de torturas,
são momento
úni ca que exi s ti r s oci
ca usoeduca
a do muindos
to esfitres
ca ms eum turnotano
e revol . fi ca m
qua ntoum turnodos
à saída no alojamentos
a l oja mentosempre
e no outro s a em pa
algemados, ra us i ve
i ncl
- A s epacom
ligação ra çãfacção.
o na s uni da des l eva em cons i dera çã o a participação ou residência ma s dos
ouvi s empre
a es sobs erva
e res peindo o qua
to e, protocol o do rma
ndo confi CIJJUV
m de nenhuma
tem da do a l oja mento e no outro s a em pa ra es col
pa a ricol
ra es za çã
a riozaouçã outra
o e vi sai ti
tavide
da de,
fa mienqua
l i a resnto
, a nteno aCJSNV
fa l ta de
socioeducando na capital e no interior e residência ou
- A pres ença de s oci oeduca ndos envol vi dos em fa cções na s uni da desfacções envolvimento área de tem regi s tro da ocorrênci a do DPCA e novo
tortura s , é remeti da cópi a dos a utos à exa me de sdemons
oci oeduca nda
tra çã o de es col a ri za çã o ou outra a ti vi da de, fi ca m em di a s a l terna dos nos dormi tóri os
es trutura de ci rcul a çã o s egura dentro da uni da de (fa l ta m, o que tem
scriminosas
i do a jus tique fi ca atitua
va dam snauni cada
pi ta
des l epanorai nteri
a nã or,
o s ama
ídai s spreci
i mul stâanea
mente de Bonde
todo osdos corpo de del i to no CPTCA. Na s a udi ênci
Promotori a de Jus ti ça de Cri mes contra Cri a nça e a s com sviencul a çã o
que enqua nto no CJSNV fi ca m em di a s acausado
i nda termimuitonaestresse
r a l gunsemuros
revolta.e di vi s óri a s (a l a mbra dos ).
s40,
ociCV (Comandos
oeduca ndo dos
Vermel ho)mentos
a l oja e PCC (Pri, s amei ro Coma
l vo nos di a sndode vidas i Ca
ta ,picom
ta l ).prejuízo da prel ies
Adol micente,
na res pa
de ra
a pres entados
os devi çã ofides
ns . s es comvifa
des nculcçãou,o, poi
o sa a l terna dos nos dormi tóri os , o que tem - No CSISJR a revolta e indignação dos s oci oeduca ndos é
s- oci
Nãooeduca
há unidade çã o. de internação definitiva só para socioeducando do interior ou sem a preendi dos em fl a gra nte os a dol es centes s ã o úni catem
que que exi s ti r ca us a do mui to es tres s e e revol ta . qua nto à saída dos alojamentos sempre algemados, i ncl us i ve
-ligação
A es col com facção.
a ri za çã o ocorre em di a s a l terna dos , s a l vo no CJF, ou s eja , ouvi dos a es s e res pei to e, qua ndo confi rma m temsda
pos i bidol i ta do a pa ra es col a ri za çã o e vi s i ta de fa mi l i a res , a nte a fa l ta de
- A pres
pra ença de
ti ca mente s oci oeduca
a pena s doi s di ndos
a s por envol vi dos
s ema na ,em
a s sfa
i mcções
comonaeventua
s uni dai des tem
s curs os tortura s , é remeti da cópi a dos a utos à demons
convi vênci a tra çã o de es trutura de ci rcul a çã o s egura dentro da uni da de (fa l ta m
s i do sas jus
profi i onati fil ica
zatintes
va da s uni da
ofereci dos des. pa ra a nã o s a ída s i mul tâ nea de todo os Promotori a de Jus ti ça de Cri mes contra Cri a nça e sque
i muls etâ nea de a i nda termi na r a l guns muros e di vi s óri a s (a l a mbra dos ).
s oci oeduca ndos dos a l oja mentos , s a l vo nos di a s de vi s i ta , com prejuízo da Adol es cente, pa ra os devi dos fi ns . des visncul
toda . ou, o
s oci oeduca çã o. que tem
- A es col a ri za çã o ocorre em di a s a l terna dos , s a l vo no CJF, ou s eja , pos s i bi l i ta do a
II - Nã o res tri ngi r nenhum di rei to que pra Pa rci a lmente
ti ca mente.a pena s doi s di a s por s ema na , a s s i m como eventua i s curs os -------- --------
convi vênci a CSISJR os s oci oeduca ndos s a em a l gema dos pa ra ------
nã o tenha s i do objeto de res tri çã ona profi s s i ona l i za ntes ofereci dos . s i mul tâ nea de es col a ri za çã o e vi s i ta de s eus fa mjl i a res a os s á ba dos .
deci s ã o de i nterna çã o toda s .
IV - Pres erva r a i denti da de e oferecer Pa rci a l mente. -------- -------- ------
a mbi ente de res pei to e di gni da de a o
aIIdol
- Nã
esocente
res tri ngi r nenhum di rei to que Pa rci a l mente. -------- -------- CSISJR os s oci oeduca ndos s a em a l gema dos pa ra ------
Vnã-oDitenha
l i gencis iado
r noobjeto
s entidedo res
do tri çã ona Ga ra nti da pa rci a l mente a s vi s i ta s fa mi l i a res dos a dol es centes , i ncl us i ve de -------- -------- es col a ri za çã o e vi s i ta de s eus fa mjl i a res a os s á ba dos . ------
decitasbel
res ã o eci
de mento
i nternaeçãda o pres erva çã o outra s coma rca s , bem como de conta tos tel efôni cos . Há di fi cul da des de
IV - Pres
dos vínculerva
os rfaa mii denti da de e oferecer des
l i a res Pa rcil oca
a l mente.
mento pa ra a quel a s fa míl i a s que res i dem em muni cípi os di s ta ntes . -------- -------- ------
a mbi ente de res pei to e di gni da de a o Apes a r de a FUNAC oportuni za r o tra ns l a do mens a l de fa mi l i a res de uma
a dol es cente regi ã o, es s e es pa ça mento de vi s i ta çã o fa mi l i a r contra ri a o di rei to à
V - Di l i genci a r no s enti do do Ga ra nti
convi vêncida apafarci miallimente
a r. a s vi s i ta s fa mi l i a res dos a dol es centes , i ncl us i ve de -------- -------- ------
res ta bel eci mento e da pres erva çã o outra s coma rca s , bem como de conta tos tel efôni cos . Há di fi cul da des de
dos víncul os fa mi l i a res des l oca mento pa ra a quel a s fa míl i a s que res i dem em muni cípi os di s ta ntes .
VII - Oferecer i ns ta l a ções fís i ca s em Apes
Pa rci aalrmente.
de a FUNAC oportuni za r o tra ns l a do mens a l de fa mi l i a res de uma -------- -------- ------
condi ções a dequa da s de ha bi l i da de, regi ã o, es s e es pa ça mento de vi s i ta çã o fa mi l i a r contra ri a o di rei to à
hi gi ene, s a l ubri da de, s egura nça e os convi vênci a fa mi l i a r.
objetos neces s á ri os à hi gi ene pes s oa l

VII - Oferecer i ns ta l a ções fís i ca s em Pa rci a l mente. -------- -------- ------


condi ções a dequa da s de ha bi l i da de,
hi gi ene, s a l ubri da de, s egura nça e os
X - Propi ci a r es col a ri za çã o e -------- -------- O di rei to à profi s s i ona l i za çã o es tá s endo ga ra nti do ------
objetos neces s á ri os à hi gi ene pes s oa l
profi s s i ona l i za çã o i ns ufi ci entemente pa ra os s oci oeduca ndos e a
es col a ri za çã o é forneci da em toda s a s uni da des , toda vi a
em di a s a l terna dos , s ob a a l ega çã o da i mpos s i bi l i da de
da s a ída de todos por ca us a s de fa cções .
X - Propi ci a r es col a ri za çã o e -------- -------- O di rei to à profi s s i ona l i za çã o es tá s endo ga ra nti do ------
profi s s i ona l i za çã o i ns ufi ci entemente pa ra os s oci oeduca ndos e a
es col a ri za çã o é forneci da em toda s a s uni da des , toda vi a
d) Práticas ou Medidas -------- -------- emo di
Sã reaa sl iazal terna dos
dos es , s ob
pora a mente
di ca a l ega çãcírcul
o daos
i mpos s izbipel
de pa l i da
a de ------
Restaurativasprevistas no art. 35, III, da da s ape
equi ídavol dea nte
todos
da por
FUNACca use apel
s de
osfaprópri
cçõesos. técni cos da s
Lei 12.594/2012: Uni da des , que fora m fi zera m curs os s obre jus ti ça

4 - Suficiência ou não de vagas


d) Práticas ou
Capacidade Medidas
Atual 8-------- --------
17 46 Sã o rea l i za dos es pora di ca mente círcul os de pa z pel a
80 ------
Restaurativasprevistas no art. 35, III, da
Ocupação 3 9 46 equi pe vol a nte da FUNAC e pel os própri os técni cos da s
40
Lei 12.594/2012:
Defasagem 0 5 8 0 Uni da des , que fora m fi zera m curs os s obre jus ti ça
40 ---------
Notas CSISJR - Os a l oja mentos fora m concl uídos e a ca pa ci da de ---------
4 - Suficiência ou não de vagas da uni da de é pa ra 80 va ga s . ma s a i nda fa l ta m outra
Capacidade Atual 8 17 46 80
reforma s e s ervi ço, pa ra que pos s a funci ona r
Ocupação 3 9 46 a40dequa da mente.
Defasagem 0 5 8 0 40 ---------
Notas CSISJR - Os a l oja mentos fora m concl uídos e a ca pa ci da de ---------
da uni da de é pa ra 80 va ga s . ma s a i nda fa l ta m outra
reforma s e s ervi ço, pa ra que pos s a funci ona r
a dequa da mente.

6 - Ocorrências e Facções Criminosas nas Unidades Socioeducativas


Ocorrências nas US Sem ocorrênci a . CJED, s em ocorrênci a ,. a l vo de uma de a gres s ã o --------- --------- --------- --------- ---------

6 - Ocorrências e Facções Criminosas nas Unidades Socioeducativas


Ocorrências nas US Sem ocorrênci a . CJED, s em ocorrênci a ,. a l vo de uma de a gres s ã o --------- --------- --------- --------- ---------

Fações Criminosas nas US Há em paredes de alojamento, das unidades pichações com siglas de facções, ma s --------- --------- ---------
os s oci oeduca ndos di s s era m que já encontra ra m a s s i m. a i ns peçã o os
** começou a usar uma tabela para s oci oeduca ndos fora m ori enta dos a l i mpa r e com a a dvertênci a de que
identificação do quantitativo de adlc em a quel es que fi zerem a pol ogi a de fa cçã o terão suas eventuais progressões
facções postergadas por não se encontrarem ainda em condições de reinserção social.
Fações Criminosas nas US Há em paredes de alojamento, das unidades pichações com siglas de facções, ma s --------- --------- ---------
os as
// s oci oeduca que
pichações ndosfazem
di s s era m que
alusões já encontra
à facções ra m a s sno
já aparecem i m.CJSJR
a i nslogo
peçã o os
nos pimeiros
** começou a usar uma tabela para s oci oeduca
meses ndos fora
de utilização. m ori
Aqui enta dos aé lgeral,
a orientação i mpa rmesmo
e com explicitamente
a a dvertênci a nos de que
registros
identificação do quantitativo de adlc em ahaver
quelrastros
es queefiindícios
zerem ade pol ogi a de fa cçã o terão suas eventuais progressões
adolescentes faccionados, a solução é limpar a parede e
facções postergadas
tentar porsua
negociar nãoliberdade
se encontrarem
com as ainda em condições de reinserção social.
pichações

// as pichações que fazem alusões à facções já aparecem no CJSJR logo nos pimeiros
meses de utilização. Aqui a orientação é geral, mesmo explicitamente nos registros
haver rastros e indícios de adolescentes faccionados, a solução é limpar a parede e 7 - Medidas adotadas para o adequado funcionamento das entidades de atendimento:
Notas atentar negociar
) Expedi enre àsua liberdade
pres i deme com as pichações
da FUNAC. s ugeri ndo: (1) Destinação de unidade socioeducariva de internação exclusivamente para socioeducandos sem ligação e) Envi o des te rel a tóri o à CGJ. à s
com facção, garantindo a escolaridade diária, a convi vênci a s i mul tâ nea de todos em curs os profi s s i ona l i za ntes . na uti l i za çã o de refei tóri os , o que Coordena dori a s da Infâ nci a e Juventude
deverá s er l eva do em cons i dera çã o na s a va l i a ções s emes tra i s des s es s oci oeduca ndos e de es tímul o pa ra a quel es da dema i s uni da des ; (2) e de Moni tora mento do Si s tema
Forneci mento de ma teri a l neces s á ri o a os s oci oeduca ndos pa ra l i mpeza dos a l oja mentos . em es peci a l pa ra limpeza de referência a facções e aqueles Ca rcerá ri o e da s Medi da s
que aderirem deve ser comunicado a este Juízo, para fins de avaliação da medida; (3) Concl us ã o com urgênci a da s a da pta ções neces s á ri a s no CSJSJR. 7 - Medidas
Soci oeduca tiadotadas
va em Mei para o adequado
o Fecha do do funcionamento das entidades de atendimento:
Notas iancl
) Expedi
us i ve enre à pres
a l a mbra dosi deme da FUNAC.es ugeri
nos corredores a ces sndo:
o à s (1)
s a lDestinação
a s de a ti vide unidade
da des s ocisocioeducariva
oeduca ri va s , sde
obinternação
pena de aexclusivamente
umenta r a tens para
ã o,socioeducandos
fa ci l i ta r a fugasem ligação
, constranger e) Enviaoosdes
TJMA. te rel
Cons a tóriCONANDA,
el hos o à CGJ. à sCEDCA e
com facção,
visitas garantindo
familiares a escolaridade
e prejudi ca r a s a ti vidiária,
da desa sconvi vênci ati svai mul
oci oeduca s ;(4)tâUrgênci
nea de atodos em curs
nos pedi dos osde profi
regi sstro
s i ona
da sl i uni
za ntes . nasuti
da des ociloeduca
i za çã o de
ti varefei
s emtóri os ,os
prédi o que
própri os Coordena
DC, a o Cons dori a s da
el ho E. taInfâ
duanci
l dea eDiJuventude
rei tos
edeverá s er za
de a utori l eva
çã do emfunci
o de consona
i dera çã o na
mento s a va l iriaoções
temporá s emes
da quel tra i sfunci
a s que des sona
es smoci
em oeduca
prédi ndos e dedos
os a l uga es tímul
ou cedi o pa
dosra. a quel es da dema i s uni da des ; (2) e de Moni tora mento do Si s
Huma nos , à Comi s s ã o de Di rei tostema
Forneci mento de ma teri a l neces s á ri o a os s oci oeduca ndos pa ra l i mpeza dos a l oja mentos . em es peci a l pa ra limpeza de referência a facções e aqueles Ca rcerá
Huma ri oda
nos e da
Asss embl
Medi eidaas Legi s l a ti va , a o
que aderirem deve ser comunicado a este Juízo, para fins de avaliação da medida; (3) Concl us ã o com urgênci a da s a da pta ções neces s á ri a s no CSJSJR. Soci oeduca
MPE, a o DPEtievaà sem Mei o Fecha
di reções do da
da s uni dodes
i ncl us i ve a l a mbra dos nos corredores e a ces s o à s s a l a s de a ti vi da des s oci oeduca ri va s , s ob pena de a umenta r a tens ã o, fa ci l i ta r a fuga , constranger TJMA.
de a os Cons
i nterna çã o sel
tahos
Il haCONANDA,
e Sã o LuísCEDCA
. e
visitas familiares e prejudi ca r a s a ti vi da des s oci oeduca ti va s ;(4) Urgênci a nos pedi dos de regi s tro da s uni da des s oci oeduca ti va s em prédi os própri os DC, a o Cons el ho E. ta dua l de Di rei tos
e de a utori za çã o de funci ona mento temporá ri o da quel a s que funci ona m em prédi os a l uga dos ou cedi dos . Huma nos , à Comi s s ã o de Di rei tos
Huma nos da As s embl ei a Legi s l a ti va , a o
MPE, a o DPE e à s di reções da s uni da des
de i nterna çã o s ta Il ha e Sã o Luís .
97

3. CJSNV 4. CSISJR 5. CSISC 6. CSIMSL 7. CJC 8. CJED 9. CCRAE


1 - Localização, destinação e natureza
8 24/08/2018 20/08/2018 ------ 26/08/2018 26/08/2018 29/08/2018 27/08/2018
teve s ua s a ti vi da des
redi reci ona da s pa ra s ervi ço de
cozi nha e l a va nderi a do Núcl eo de
Atendi mento Ini ci a l do CIJJUV e
ações emergenciais e excepcionais de
contenção ou preservação ele
adolescente em casos extremos de
desordem que colocam em risco a
comunidade socioeducativa, mas de
forma breve de forma a não prejudicar
a rotina pedagógica, ficando sob a
responsabilidade da unidade em que
se encontrava

3 - Informações relativas ao cumprimento das normas previstas no ECA (art. 90 a 94)

o há no Na s uni da des CJED, CSISJR e CSIMSL os Na s uni da des CJED, CSISJR e CSIMSL os s oci oeduca ndos ------ Na s uni da des CJED, CSISJR e os a dol es centes es tã o s epa ra dos em três Na s uni da des CJED, CSISJR e --------
s oci oeduca ndos fi ca m um turno no fi ca m um turno no a l oja mento e no outro s a em pa ra CSIMSL os s oci oeduca ndos s egmentos : em uma a l a es tã o os CSIMSL os s oci oeduca ndos
a l oja mento e no outro s a em pa ra es col a ri za çã o ou outra a ti vi da de, enqua nto no CJSNV fi ca m um turno no a dol es centes ori undos de Sã o Luís , l i ga dos fi ca m um turno no a l oja mento
ca nda es col a ri za çã o ou outra a ti vi da de, fi ca m em di a s a l terna dos nos dormi tóri os , o que tem a l oja mento e no outro s a em a o Bonde dos 40 e PCC, em outra a l a e no outro s a em pa ra
l a çã o enqua nto no CJSNV fi ca m em di a s causado muito estresse e revolta. pa ra es col a ri za çã o ou outra encontra m-s e os a dol es centes do CV e do es col a ri za çã o ou outra
o, poi s a a l terna dos nos dormi tóri os , o que tem - No CSISJR a revolta e indignação dos s oci oeduca ndos é a ti vi da de, enqua nto no i nteri or. Al guns a dol es centes por moti vo de a ti vi da de, enqua nto no CJSNV
e exi s ti r ca us a do mui to es tres s e e revol ta . qua nto à saída dos alojamentos sempre algemados, i ncl us i ve CJSNV fi ca m em di a s s egura nça es tã o a l oja dos em s a l a s fi ca m em di a s a l terna dos nos
pa ra es col a ri za çã o e vi s i ta de fa mi l i a res , a nte a fa l ta de a l terna dos nos dormi tóri os , a da pta da s como a l oja mentos col eti vos dormi tóri os , o que tem
a çã o de es trutura de ci rcul a çã o s egura dentro da uni da de (fa l ta m o que tem ca us a do mui to convi vênci a protetora . ca us a do mui to es tres s e e
a i nda termi na r a l guns muros e di vi s óri a s (a l a mbra dos ). es tres s e e revol ta . revol ta .
ou, o - O CSIMSL tem rea l i za do
a l guma s a ti vi da des com a
ta do a pres ença de todos os
ia s oci oeduca ndos , a i nda que
ea de ha ja di s córdi a s entre el es
por fa cções .

CSISJR os s oci oeduca ndos s a em a l gema dos pa ra ------ --------


es col a ri za çã o e vi s i ta de s eus fa mjl i a res a os s á ba dos .

------ --------

------ --------

------ CJED -Os a l oja mentos s ã o --------


pequenos e com pouca
l umi nos i da de.

O di rei to à profi s s i ona l i za çã o es tá s endo ga ra nti do ------ --------


i ns ufi ci entemente pa ra os s oci oeduca ndos e a
es col a ri za çã o é forneci da em toda s a s uni da des , toda vi a
em di a s a l terna dos , s ob a a l ega çã o da i mpos s i bi l i da de
da s a ída de todos por ca us a s de fa cções .

Sã o rea l i za dos es pora di ca mente círcul os de pa z pel a ------ --------


equi pe vol a nte da FUNAC e pel os própri os técni cos da s
Uni da des , que fora m fi zera m curs os s obre jus ti ça

4 - Suficiência ou não de vagas


46 80 30 42 35 --------
46 40 21 59 27 --------
0 40 --------- 9 -17 8 --------
CSISJR - Os a l oja mentos fora m concl uídos e a ca pa ci da de --------- 1 -CJC - Com 42 de i nterna çã o provi s óri a e 17 CCRAE - É utilizada como unidade para
da uni da de é pa ra 80 va ga s . ma s a i nda fa l ta m outra de i nl erna çã o dcfi ni ni ti va que a gua rda m medidas de conlençào disciplinar das
reforma s e s ervi ço, pa ra que pos s a funci ona r va ga . s endo que doi s del es s e encontra m demais unidades.
a dequa da mente. ma i s de 4 (qua tro) mes es s em PIA e s em
a l terna ti va de rea va l i a çã o da medi da , s endo
neces s á ri o a pura r a res pons a bi l i da de pel a
i nobs ervâ nci a de cri téri o de a nti gui da de
pa ra 11a n,ferênci 11 pum uni da de
s oci l l cduca 1i va i n1erna çã o.

6 - Ocorrências e Facções Criminosas nas Unidades Socioeducativas


--------- --------- --------- --------

--------- --------

7 - Medidas adotadas para o adequado funcionamento das entidades de atendimento:


ligação e) Envi o des te rel a tóri o à CGJ. à s
que Coordena dori a s da Infâ nci a e Juventude
2) e de Moni tora mento do Si s tema
aqueles Ca rcerá ri o e da s Medi da s
JR. Soci oeduca ti va em Mei o Fecha do do
nstranger TJMA. a os Cons el hos CONANDA, CEDCA e
própri os DC, a o Cons el ho E. ta dua l de Di rei tos
Huma nos , à Comi s s ã o de Di rei tos
Huma nos da As s embl ei a Legi s l a ti va , a o
MPE, a o DPE e à s di reções da s uni da des
de i nterna çã o s ta Il ha e Sã o Luís .
98

APÊNDICE G – 2ª VIJ, 2018e: compilamento do Relatório de Inspeção ref.ao 5º bim


[notas gerais] 1. NAI 2. CJF 3. CJSNV 4. CSISJR 5. CSISC 6. C
1 - Localização, destinação e natureza
Data da informação 31/10/2018 19/10/2018 15/10/2018 19/10/2018 15/
Notas O Centro da Juventude Nova Jerus a l ém-CJNJ, de
s emi l i berda de ma s cul i na , a gua rda prédi o
a dequa do pa ra es s e fi m.
As refeições, salvo no CJF, são servidas nos alojamentos
para prevenir agressões entre socioeducandos, em
especial por causa de divergências entre facções

3 - Informações relativas ao cumprimento das normas previstas no ECA (art. 90 a 94)


c) Obrigações das Unidades de Internação previstas no art. 94 ECA
I - Obs erva r os di rei tos e ga ra nti a s de que s ã o A pres ença de s oci oeduca ndos envol vi dos em O NAI conti nua recebendo mui tos a dol es centes No CJF nã o há no Na s uni da des CJED, CSISJR e CSIMSL os Na s uni da des CJED, CSISJR e CSIMSL os OC
ti tul a res os a dol es centes facções tem s i do a jus ti fi ca ti va da s di reções da s a preendi dos em fl a gra nte com s i na i s de momento s oci oeduca ndos fi ca m um turno no a l oja mento e s oci oeduca ndos fi ca m um turno no a l oja mento e no alg
uni da des pa ra a nã o s a ída s i mul tâ nea de todos os a gres s ã o, ma s s empre obs erva ndo o protocol o nenhuma no outro s a em pa ra es col a ri za çã o ou outra outro s a em pa ra es col a ri za çã o ou outra a ti vi da de, pre
s oci oeduca ndos dos a l oja mentos , s a l vo nos di a s de do CIJJUV de regi s tro da ocorrênci a do DPCA e s oci oeduca nda a ti vi da de, enqua nto no CJSNV fi ca m em di a s enqua nto no CJSNV fi ca m em di a s a l terna dos nos s oc
vi s i ta , com prejuízo da s oci oeduca çã o. novo exa me de corpo de del i to no CPTCA. Na s com vi ncul a çã o a l terna dos nos dormi tóri os , o que tem ca us a do dormi tóri os , o que tem ca us a do mui to es tres s e e que
Nã o há s epa ra çã o dos s oci oeduca ndos por cri téri os a udi ênci a s prel i mi na res de a pres enta çã o com fa cçã o. mui to es tres s e e revol ta el e
de i da de, compl ei çã o fís i ca e gra vi da de da i nfra çã o, des s es a preendi dos em fl a gra nte, os
como previ s to no a rt. 123 do ECA. A s epa ra çã o na s a dol es centes s ã o ouvi dos a es s e res pei to e,
uni da des l eva em cons i dera çã o a pa rti ci pa çã o ou qua ndo confi rma m tortura s e a gres s ões , é
res i dênci a s oci oeduca ndo remeti da cópi a dos a utos à Promotori a de Jus ti ça
na ca pi ta l e no i nteri or e res i dênci a ou de Cri mes contra Cri a nça e Adol es cente, pa ra os
envol vi mento á rea de fa cções cri mi nos a s que devi dos fi ns .
a tua m na ca pi ta l e no i nteri or, ma i s preci s a mente
Bonde dos 40, CV (Coma ndo Vermel ho) e PCC
(Pri mei ro Coma ndo da Ca pi ta l ).
Não há unidade de internação definitiva destinada para
socioeducando do interior ou sem ligação com facção.
II - Nã o res tri ngi r nenhum di rei to que nã o tenha Pa rci a l mente. No CSISJR os s oci oeduca ndos s a em -------- --------
s i do objeto de res tri çã ona deci s ã o de i nterna çã o algemados pa ra es col a ri za çã o e vi s i ta de s eus
fa mi l i a res a os s á ba dos .
IV - Pres erva r a i denti da de e oferecer a mbi ente de Pa rci a l mente. -------- --------
res pei to e di gni da de a o a dol es cente

V - Di l i genci a r no s enti do do res ta bel eci mento e da Ga ra nti da pa rci a l mente a s vi s i ta s fa mi l i a res dos -------- --------
pres erva çã o dos víncul os fa mi l i a res a dol es centes , i ncl us i ve de outra s coma rca s , bem
como de conta tos tel efôni cos . Há dificuldades de
deslocamento para aquelas famílias que residem em
municípios distantes. Apes a r de a FUNAC oportuni za r o
tra ns l a do mens a l de fa mi l i a res de uma regi ã o,
es s e es pa ça mento de vi s i ta çã o fa mi l i a r contra ri a o
di rei to à convi vênci a fa mi l i a r.
VII - Oferecer i ns ta l a ções fís i ca s em condi ções Pa rci a l mente. -------- --------
a dequa da s de ha bi l i da de, hi gi ene, s a l ubri da de,
s egura nça e os objetos neces s á ri os à hi gi ene
pes s oa l

X - Propi ci a r es col a ri za çã o e profi s s i ona l i za çã o A es col a ri za çã o ocorre em di a s a l terna dos , ou s eja , -------- --------
a pena s doi s di a s por s ema na , a s s i m como
eventua i s curs os profi s s i ona l i za ntes s ã o
des ti na dos por grupos ou fa cções .
O di rei to à profi s s i ona l i za çã o es tá s endo ga ra nti do
i ns ufi ci entemente pa ra os s oci oeduca ndos e a
es col a ri za çã o é forneci da em toda s a s uni da des ,
toda vi a em di a s a l terna dos , s ob a a l ega çã o da
i mpos s i bi l i da de da s a ída de todos por ca us a s de
d) Práticas ou Medidas Restaurativasprevistas no art. 35, Sã o rea l i za dos es pora di ca mente círcul os de pa z -------- --------
III, da Lei 12.594/2012: pel a equi pe vol a nte da FUNAC e pel os própri os
técni cos da s Uni da des , que fora m fi zera m curs os
s obre jus ti ça res ta ura ti va e pa ra fa ci l i ta dores des s a
prá ti ca .

4 - Suficiência ou não de vagas


Capacidade Atual 8 17 46 80 30
Ocupação 5 10 46 37 30
Defasagem 0 3 7 0 43 --------- 0

Notas NAI - Dura nte os mes es de s etembro e outubro CSISJR - Os a l oja mentos fora m concl uídos e a ---------
pa s s a ra m pel a uni da de 105 (cento e ci nco) ca pa ci da de da uni da de é pa ra 80 va ga s , ma s a i nda
a dol es centes , s endo 51 (ci nquenta e um) no mês fa l ta m outra s reforma s e s ervi ços pa ra que pos s a
de s etembro e 54 (ci nquenta e qua tro) no mês de funci ona r a dequa da e pl ena mente.
outubro. Houve o regi s tro de 17 (dezessete) A defa s a gem pos i ti va é decorrente de dormi tóri os
agressões físicas s ofri da s pel os a dol es centes di s ponívei s no CSISJR, ma s a i nda dependendo de
a preendi dos em fl a gra nte cometi da s por policiais concl us ã o de outra s á rea s e s ervi ços na uni da de,
6 - Ocorrências e Facções Criminosas nas
Ocorrências nas US ---------- s em ocorrênci a s em ocorrênci a 11/10/2018 - Amea ça e des a ca to de doi s s em ocorrênci a --------- s em
s oci oeduca ndos contra doi s educa dores . Na
i ns peçã o es s es educa ndos recl a ma ra m que, em
ra zã o des s es xi nga mentos , s ofrera m a gres s ões
(s pra y de pi menta e
a perto exces s i vo de a l gema s ), ca us a ndo
Providência feri
Regimentos
s tro Polnos
i ci a lpul
ems os
fa .ceRel
dosa tai nternos
ra m ta mbém o

Fações Criminosas nas US --------- --------- ---------


A fa cçã o com ma i or pres ença entre os
s oci oeduca ndos é do Bonde dos 40 (28%), ma i s
preci s a mente da quel es de Sã o Luís . Sem l i ga ções
com fa cções ta mbém número i gua l a o dos
a l i nha dos com o Bonde dos 40 (28%), e s ã o
da quel es ori undos do i nteri or do Es ta do, s a l vo de
Ti mon, onde predomi na l i ga çã o com o PCC, por
i nfl uênci a de Teres i na /PI. Por oca s i ã o da i ns peçã o
a i nda pa redes de a l oja mentos da s uni da des
conti nua m com pi cha ções da s s i gl a s de fa cções . Na
i ns peçã o a nteri or os s oci oeduca ndos fora m
ori enta dos a l i mpa r e com a a dvertênci a de que
a quel es que fi zerem a pol ogi a de fa cçã o terã o s ua s
eventua i s progres s ões pos terga da s por nã o s e
encontra rem a i nda em condi ções de rei ns erçã o
s oci a l . Os mes mos rel a ta ra m que a i nda nã o
pi nta ra m os a l oja mentos porque a uni da de nã o
di s poni bi l i zou ti nta e ma teri a l pa ra es s e fi m.
7 - Medidas adotadas para o adequado
funcionamento das entidades de atendimento:
Notas a ) Expedi ente à pres i dente da FUNAC: (1) rei tera ndo a destinação de unidade socioeducativa de internação exclusivamente para socioeducandos sem ligação com facção, garantindo a
escolaridade diária, a convivência simultânea de todos em cursos profissionalizantes, na uti l i za çã o de refei tóri os , o que deverá s er l eva do em cons i dera çã o na s a va l i a ções
s emes tra i s des s es s oci oeduca ndos e de es tímul o pa ra a quel es da s dema i s uni da des ; (2) rei tera ndo o fornecimento de material necessário aos socioeducandos para limpeza dos
alojamentos, em especial para limpeza de referência a facções e aqueles que aderirem deve ser comunicado a este Juízo, para fins de avaliação da medida; (3) s ugeri ndo a concl us ã o com
urgênci a da s a da pta ções neces s á ri a s no CSISJR, i ncl us i ve a l a mbra dos nos corredores e a ces s o à s s a l a s de a ti vi da des s oci oeduca ti va s , s ob pena de a umenta r a tens ã o,
fa ci l i ta r a fuga , cons tra nger vi s i ta s fa mi l i a res e prejudi ca r a s a ti vi da des s oci oeduca ti va s ; ( 4) recomendando que em casos de requisição de socioeducando para ser ouvido em
Delegacia de Polícia, deve este ser acompanhado pelo diretor da Unidade ou quem o represente, além de assistido por defensor público ou advogado da Unidade.
b) Envi o de uma vi a des te rel a tóri o à Corregedori a Gera l da DPE em fa ce da recl a ma çã o de s oci oeduca ndos e equi pes técni ca s qua nto à a us ênci a de defens or públ i co no
a tendi mento na s uni da des .
99

JF 3. CJSNV 4. CSISJR 5. CSISC 6. CSIMSL 7. CJC 8. CJED 9. CCRAE


1 - Localização, destinação e natureza
0/2018 15/10/2018 19/10/2018 15/10/2018 15/10/2018 22/10/2018 --------
CJC — Tem dua s a l a s (A e B) de O Centro de Convi vênci a
a l oja mentos i ndi vi dua i s pa ra 42 Res ta ura ti va Al to da
i nternos , tendo a a l a A 10 (dez) Es pera nça (CCRAE) foi
a l oja mentos des a ti va do e o prédi o
e a B 12 (doze) a l oja mentos . Dua s s a l a s des ti na -s e a pena s pa ra
s em ba nhei ros têm s i do i mprovi s a da s s ervi ço de cozi nha e
como á rea proteti va . l a va nderi a do Núcl eo de
Atendi mento Ini ci a l do
CIJJUV.

3 - Informações relativas ao cumprimento das normas previstas no ECA (art. 90 a 94)

JF nã o há no Na s uni da des CJED, CSISJR e CSIMSL os Na s uni da des CJED, CSISJR e CSIMSL os O CSIMSL tem rea l i za do No CJC (úni ca uni da de de i nterna çã o --------
mento s oci oeduca ndos fi ca m um turno no a l oja mento e s oci oeduca ndos fi ca m um turno no a l oja mento e no a l guma s a ti vi da des com a provi s óri a ) os a dol es centes es tã o
huma no outro s a em pa ra es col a ri za çã o ou outra outro s a em pa ra es col a ri za çã o ou outra a ti vi da de, pres ença de todos os s epa ra dos em três s egmentos : em uma
oeduca nda a ti vi da de, enqua nto no CJSNV fi ca m em di a s enqua nto no CJSNV fi ca m em di a s a l terna dos nos s oci oeduca ndos , a i nda a l a es tã o os a dol es centes ori undos de
vi ncul a çã o a l terna dos nos dormi tóri os , o que tem ca us a do dormi tóri os , o que tem ca us a do mui to es tres s e e que ha ja di s córdi a s entre Sã o Luís , l i ga dos a o Bonde dos 40 e PCC,
fa cçã o. mui to es tres s e e revol ta el es por fa cções . em outra a l a encontra m-s e os
a dol es centes do CV e do i nteri or.
Al guns a dol es centes por
moti vo de s egura nça es tã o a l oja dos em
s a l a s a da pta da s como a l oja mentos
col eti vos
convi vênci a protetora , ma s s em
ba nhei ro.

-- --------

-- --------

-- --------

-- CJC-As s a l a s i mprovi s a da s como á rea CJED -Os a l oja mentos s ã o --------


proteti va nã o tem ba nhei ro. pequenos e com pouca
l umi nos i da de. Os corredores da
uni da de e a l guns a l oja mentos
a pres enta m i nfi l tra ções
proveni entes de es goto.

-- --------

-- --------

4 - Suficiência ou não de vagas


46 80 30 42 35 --------
46 37 30 62 26 --------
0 43 --------- 0 -20 9 --------
CJC - Dos 62 (s es s enta e doi s )
a dol es centes , 11 (onze) já es ti l o com
medi da s oci oeduca ti va de i nterna çã o
a gua rda ndo tra ns ferênci a pa ra
uni da de de i nterna çã o defi ni ti va .

CSISJR - Os a l oja mentos fora m concl uídos e a --------- Dura nte a i ns peçã o, a equi pe da --------
ca pa ci da de da uni da de é pa ra 80 va ga s , ma s a i nda uni da de s ol i ci tou a perma nênci a de
fa l ta m outra s reforma s e s ervi ços pa ra que pos s a um a dol es cente na uni da de (l ta l o de
funci ona r a dequa da e pl ena mente. Agui a r) por s urto ps i cóti co e na espera
A defa s a gem pos i ti va é decorrente de dormi tóri os de laudo médico psiquiátrico,
di s ponívei s no CSISJR, ma s a i nda dependendo de a pres enta ndo pâ ni co extremo em
concl us ã o de outra s á rea s e s ervi ços na uni da de, rel a çã o a s ua eventua l tra ns ferênci a .
6 - Ocorrências e Facções Criminosas nas
ocorrênci a 11/10/2018 - Amea ça e des a ca to de doi s s em ocorrênci a --------- s em ocorrênci a s em ocorrênci a Ocorrênci a de tenta ti va de i ncêndi o --------
s oci oeduca ndos contra doi s educa dores . Na em um col chã o e a preens ã o de um
i ns peçã o es s es educa ndos recl a ma ra m que, em chuço com um s oci oeduca ndo, fei to
ra zã o des s es xi nga mentos , s ofrera m a gres s ões com uma l â mi na de tes oura ca bo
(s pra y de pi menta e de ba rbea dor e ba rba nte
a perto exces s i vo de a l gema s ), ca us a ndo
feri
Regimentos
s tro Polnos
i ci a lpul
ems os
fa .ceRel
dosa tai nternos
ra m ta mbém o Regi s tro Pol i ci a l

--- --------- --------

7 - Medidas adotadas para o adequado


funcionamento das entidades de atendimento:
amente para socioeducandos sem ligação com facção, garantindo a
ue deverá s er l eva do em cons i dera çã o na s a va l i a ções
mento de material necessário aos socioeducandos para limpeza dos
para fins de avaliação da medida; (3) s ugeri ndo a concl us ã o com
vi da des s oci oeduca ti va s , s ob pena de a umenta r a tens ã o,
ue em casos de requisição de socioeducando para ser ouvido em
fensor público ou advogado da Unidade.
equi pes técni ca s qua nto à a us ênci a de defens or públ i co no
100

APÊNDICE H – 2ª VIJ, 2018f: compilamento do Relatório de Inspeção ref. ao 6º bim

[notas gerais] 1. NAI 2. CJF 3. CJSNV 4. CSISJR 5. CSISC 6. C


"Destacamos na inspeção:"
Data do resumo // apenas o resumo dos relatórios de inspeções 08/01/2019 08/01/2019 08/01/2019

"Em obs ervâ nci a à Res ol uçã o n.º 77/2009, do CNJ A exi s tênci a de s ei s uni da des de i nterna çã o na Il ha de Sã o A perma nênci a por vá ri os di a s e a té s ema na s de O funci ona mento em s ua ca pa ci da de pa rci a l do i na ugura çã o do Centro Soci oeduca tivo de
fora m rea l i za da s i ns peções judi ci a i s do bi mes tre Luís , s endo ci nco ma s cul i na s e uma femi ni na . A femi ni na a dol es centes ou jovem a dul tos a preendi dos Centro Soci oeduca tivo de Interna çã o de Sã o Jos é de Interna çã o do Sã o Cri s tóvã o - CSISC (Sã o Luís ),
novembro e dezembro de 2018 na s uni da des (Centro de Juventude Fl ores cer-CJF) pa ra cumpri mento de pa ra cumpri mento de medi da s oci oeduca tiva de Ri ba ma r - CSISJR, pa ra 80 va ga s , ma s com a pena s 41 pa ra 40 va ga s (prédi o própri o); A FUNAC
s oci oeduca tiva s em mei o fecha do da Coma rca da medi da s de i n-terna çã o provi s óri a , de medi da de i nterna çã o no Núcl eo de Atendi mento Ini ci a l do s oci oeduca ndos , em fa ce da neces s i da -de de a nunci ou que o Centro Soci oeduca tivo de
Il ha de Sã o Luís , com o devi do rel a tóri o de ca da uma s emi l i berda de, de medi da de i nterna çã o defi ni tiva e Centro Integra do de Jus tiça Juveni l -CIJJUV, por contra taçã o de pes s oa l e a qui s i çã o de a l a mbra dos ; Interna çã o do Sã o Cri s tóvã o, i na ugu-ra do no
uni da de no "Ca da s tro Na ci ona l de Ins peções Ju- a tendi mento i ni -ci a l do Es tado. Qua tro ma s cul i na s s ã o de fa l ta de va ga nos centros s oci oeduca tivos de mês de dezembro de 2018, des tina r-s e-á
di ci a i s em Uni da des de Interna çã o e i nterna çã o defi ni tiva (CJED, CJSNV, CSIMSLe CSISJR) e uma de i nterna çã o; excl us i va mente pa ra a dol es cente do i nteri or
Semi l i berda de", do CNJ." i nterna çã o provi s óri a (CJC); do Es tado, i ncl us i ve pa ra a quel es ori undos do
A continui da de da des a tiva çã o do CJNJ (s emi l i berda de) por muni cípi o de Ti mon/MA.
fa l ta de prédi o a dequa do pa ra s ua retoma da ;

A continui da de da s epa ra çã o dos s oci oeduca ndos em


a l oja mentos , a l a s ou ca s a s por facções, s a l vo a femi ni na , pa ra
preveni r da nos , a gres s ões e a té mortes , ma s com gra ves
prejuízos s oci oeduca ti-vos , em es peci a l com a es col a ri da de e
curs os profi s s i ona l i za ntes .
Não há unidade socioeducativa destinada para adolescente sem
envolvimento com facção, que pos s i bi l i te pa ra todos
di a ri a mente a es col a ri da de, curs o profi s s i ona l i za nte,
a l i mentaçã o no refei tó-ri o e dema i s a tivi da des ;

"Recomendação à FUNAC das seguintes medidas:"


Notas Recomenda mos a a doçã o da s s egui ntes medi da s : b) Envi o des te res umo da s i ns peções à CGJ, à s
a ) À di reçã o da FUNAC: (1) destinação de unidade socioeducativa de internação excluivamente para socioeducandos sem ligação com facção, Coordena dori a s da Infâ nci a e Juventude e de
ga ra ntindo a es col a ri da de di á ri a , a convi vênci a s i mul tânea de todos em curs os profi s s i ona l i za ntes , na util i za çã o de refei tóri os , o Moni tora mento do Si s tema Ca rcerá ri o e da s Medi da s
que deverá s er l eva do em cons i dera çã o na s a va l i a ções s emes tra i s des s es s oci oeduca ndos e de es tímul o pa ra a quel es da s dema i s Soci oeduca tiva em Mei o Fecha do do TJMA, a os
uni da des ; (2) fornecimento de material necessário aos soci-oeducandos para limpeza dos alojamentos, em especial de referência a facções e Cons el hos CONANDA, CEDCA e CMDC, a o Cons el ho
aqueles que aderirem deve ser comunicado a este Juízo, para fins de avaliação da medida; (3) conclusão com urgência das adaptações Es tadua l de Di rei tos Huma nos , à Comi s s ã o de
necessárias no CSISJR, inclusive alambrados nos corredores e acesso às salas de atividades socioeducativas, s ob pena de a umentar a tens ã o, Di rei tos Hum os da As s e l ei a Legi s l a tiva , a o MPE, a o
fa ci l i tar a fuga , cons tra nger vi s i tas fa mi l i a res e prejudi ca r a s a tivi da des s oci oeduca tiva s ; ( 4) em casos de re-quisição de socioeducando DPE e à s di reções da s uni da des de i nterna çã o des ta
para ser ouvido em Delegacia de Polícia, deve este ser acompanhado pelo diretor da Unidade ou quem o represente, a l ém de a s s i s tido por Il ha de Sã o Luís
defens or públ i co ou a dvoga do da Uni da de.

2. CJF 3. CJSNV 4. CSISJR 5. CSISC 6. CSIMSL 7. CJC 8. CJED 9. CCRAE


"Destacamos na inspeção:"
08/01/2019 08/01/2019 08/01/2019 08/01/2019 --------

s e a té s ema na s de O funci ona mento em s ua ca pa ci da de pa rci a l do i na ugura çã o do Centro Soci oeduca tivo de A s uperl otaçã o do Centro de Juventude A des a tiva çã o do --------
os a preendi dos Centro Soci oeduca tivo de Interna çã o de Sã o Jos é de Interna çã o do Sã o Cri s tóvã o - CSISC (Sã o Luís ), Ca na ã , com ca pa ci da de pa ra 42 va ga s , que s e Centro de
s oci oeduca tiva de Ri ba ma r - CSISJR, pa ra 80 va ga s , ma s com a pena s 41 pa ra 40 va ga s (prédi o própri o); A FUNAC encon-tra va com 82 i nternos , s endo 27 de Juventude
di mento Ini ci a l do s oci oeduca ndos , em fa ce da neces s i da -de de a nunci ou que o Centro Soci oeduca tivo de i nterna çã o defi ni tiva no a gua rdo de va ga em El dora do - CJED
veni l -CIJJUV, por contra taçã o de pes s oa l e a qui s i çã o de a l a mbra dos ; Interna çã o do Sã o Cri s tóvã o, i na ugu-ra do no dos centros s oci oedu-ca tivos ; (Sã o Luís )
oeduca tivos de mês de dezembro de 2018, des tina r-s e-á
excl us i va mente pa ra a dol es cente do i nteri or
do Es tado, i ncl us i ve pa ra a quel es ori undos do
muni cípi o de Ti mon/MA.

--------

"Recomendação à FUNAC das seguintes medidas:"


b) Envi o des te res umo da s i ns peções à CGJ, à s
cioeducandos sem ligação com facção, Coordena dori a s da Infâ nci a e Juventude e de
a ntes , na util i za çã o de refei tóri os , o Moni tora mento do Si s tema Ca rcerá ri o e da s Medi da s
de es tímul o pa ra a quel es da s dema i s Soci oeduca tiva em Mei o Fecha do do TJMA, a os
em especial de referência a facções e Cons el hos CONANDA, CEDCA e CMDC, a o Cons el ho
com urgência das adaptações Es tadua l de Di rei tos Huma nos , à Comi s s ã o de
vas, s ob pena de a umentar a tens ã o, Di rei tos Hum os da As s e l ei a Legi s l a tiva , a o MPE, a o
em casos de re-quisição de socioeducando DPE e à s di reções da s uni da des de i nterna çã o des ta
represente, a l ém de a s s i s tido por Il ha de Sã o Luís
101

APÊNDICE I – 2ª VIJ, 2019a: compilamento do Resumo de Inspeção referente ao 1º bim.


[notas gerais] NAI/ CSAI CJF/ CSF CJSNV CJC/ CSIPC
"Destacamos nas inspeções realizadas"
Data do resumo // apenas o resumo dos relatórios de inspeções
15/03/2019 15/03/2019 15/03/2019 15/03/2019

"Em obs ervâ nci a à Res ol uçã o n.0 77/2009, O a umento de i nterna çã o o CJC (i nterna çã o provi s óri a )
do CNJ fora m rea l i za da s i ns peções provi s óri a e defi ni ti va de Sã o Luís ( encontrava-se com o dobro de su
judi ci a i s do bi mes tre ja nei ro/feverei ro de 112) e de i nterna çã o defi ni ti va de capacidade, o que é compensad
2018 na s uni da des s oci oeduca ti va s em Ti mon di s poni bi l i da de de va ga s no C
mei o fecha do da Coma rca da Il ha de Sã o (31); que depende da a mpl i a çã o de
Luís , com o devi do rel a tóri o de ca da uma pes s oa l e di vi s óri a s (a l a mbra
uni da de a l i menta do no "Ca da s tro Na ci ona l des a ti va çã o do Centro de pa ra recebi mento de ma i s 40
de Ins peções Judi ci a i s em Uni da des de Juventude El dora do - CJED (Sã o s oci oeduca ndos
Interna çã o e Semi l i berda de", do CNJ. Luís ), com ca pa ci da de pa ra 35
Em a nexo, da dos da s i ns peções na s va ga s O CJC, com ca pa ci da de pa ra 42
uni da des s oci oeduca ti va s " (prédi o l oca do) va ga s , encontra va -s e com 82
i nternos , s endo 27 de i nterna ç
defi ni ti va no a gua rdo de va ga
dos centros s oci oeduca ti vos

A conti nui da de da s epa ra çã o dos ocorrênci a de i nfra ções gra ves ocorrênci a de i nfra ções gra ves
s oci oeduca ndos em a l oja mentos , envol vendo s oci oeduca ndos , envol vendo s oci oeduca ndos ,
a l a s ou ca s a s por facções, s a l vo a ocorri da s no bi mes tre, em ocorri da s no bi mes tre, em es p
femi ni na , pa ra preveni r da nos , es peci a l na s na s
a gres s ões e a té mortes , ma s com uni da des CJSNV, CSISC e CJC; uni da des CJSNV, CSISC e CJC;
gra ves prejuízos s oci oeduca ti vos ,
em es peci a l
com a es col a ri da de e curs os
profi s s i ona l i za ntes

Não há unidade socioeducativa


destinada para adolescente sem
envolvimento com facção, que
pos s i bi l i te pa ra todos
di a ri a mente a es col a ri da de, curs o
profi s s i ona l i za nte, a l i menta çã o
no refei tóri o e dema i s a ti vi da des ;

"Recomendação à FUNAC das seguintes medidas:"


Notas A vi a bi l i za r uni da de de i nterna çã o Em rel a çã o a o CJSNV, averiguar a Em rel a çã o a o CJC, a veri gua r a
defi ni ti va em Ti mon, cons i dera ndo prescrição excessiva de noti ci a de entra da de droga, e
que a qui cumprem medi da des ta medicamento controlado a 33 es peci a l ma conha , nos di a s d
na tureza 31 a dol es centes , sem que socioeducandos dos 45 que ali vi s i ta (s á ba do) e consumida
a convivência familiar necessária, cumprem medi da s oci oeduca ti va , abertamente no di a s egui nte
tornando-os mais agressivos e des toa ndo da médi a de 5 (ci nco) (domi ngo);
revoltados. s oci oeduca ndos na s dema i s
uni da des , bem como a fa l ta de
l oca l pa ra ga ra nti a de vi s i ta
i nti ma e de norma
a dmi ni s tra ti va pa ra es s e fi m;

À CGJ, Coordena dori a s da Infâ nci a


e Juventude e de Moni tora mento
do Si s tema Ca rcerá ri o e
da s Medi da s Soci oeduca ti va em
Mei o Fec do do TJMA, CEDCA e
CMDC, a o Cons el ho Es ta dua l de
Di rei tos Huma nos , Comi s s ã o de
Di rei tos Huma nos da As s embl ei a
Legi s l a ti va , MPE, DPE e di reções
da s uni da des de i nterna çã o des ta
Il ha de Sã o Luís
102

CJSNV CJC/ CSIPC CSISJR CSIMSL/ CSIV CSISC


"Destacamos nas inspeções realizadas"
15/03/2019 15/03/2019 15/03/2019 15/03/2019 15/03/2019

o CJC (i nterna çã o provi s óri a ) di s poni bi l i da de de


encontrava-se com o dobro de sua va ga s no CSISJR que
capacidade, o que é compensado pel a depende da
di s poni bi l i da de de va ga s no CSISJR a mpl i a çã o de pes s oa l
que depende da a mpl i a çã o de e di vi s óri a s
pes s oa l e di vi s óri a s (a l a mbra dos ) (a l a mbra dos ) pa ra
pa ra recebi mento de ma i s 40 recebi mento de ma i s
s oci oeduca ndos 40 s oci oeduca ndos

O CJC, com ca pa ci da de pa ra 42
va ga s , encontra va -s e com 82
i nternos , s endo 27 de i nterna çã o
defi ni ti va no a gua rdo de va ga em
dos centros s oci oeduca ti vos

ocorrênci a de i nfra ções gra ves ocorrênci a de i nfra ções gra ves i na ugura çã o do Centro
envol vendo s oci oeduca ndos , envol vendo s oci oeduca ndos , Soci oeduca ti vo de
ocorri da s no bi mes tre, em ocorri da s no bi mes tre, em es peci a l Interna çã o do Sã o
es peci a l na s na s Cri s tóvã o - CSISC (Sã o
uni da des CJSNV, CSISC e CJC; uni da des CJSNV, CSISC e CJC; Luís ), pa ra 40 va ga s
(prédi o própri o)
des ti na da pa ra
s oci oeduca ndos do
i nteri or do Es ta do,
i ncl us i ve de Ti mon;

ocorrênci a de
i nfra ções gra ves
envol vendo
s oci oeduca ndos ,
ocorri da s no bi mes tre,
em es peci a l na s
uni da des CJSNV, CSISC
e CJC;

"Recomendação à FUNAC das seguintes medidas:"


Em rel a çã o a o CJSNV, averiguar a Em rel a çã o a o CJC, a veri gua r a Em rel a çã o a o CSISJR, a
prescrição excessiva de noti ci a de entra da de droga, em efeti va çã o de pes s oa l e
medicamento controlado a 33 es peci a l ma conha , nos di a s de a l a mbra do pa ra vi a bi l i za r a s
socioeducandos dos 45 que ali vi s i ta (s á ba do) e consumida a ti vi da des regul a res
cumprem medi da s oci oeduca ti va , abertamente no di a s egui nte de es col a ri za çã o e
des toa ndo da médi a de 5 (ci nco) (domi ngo); a col hi mento da quel es que
s oci oeduca ndos na s dema i s es tã o com i nterna çã o
uni da des , bem como a fa l ta de defi ni ti va no CJC por vá ri os
l oca l pa ra ga ra nti a de vi s i ta mes es a gua rda ndo va ga
i nti ma e de norma
a dmi ni s tra ti va pa ra es s e fi m;
103

APÊNDICE J – 2ª VIJ, 2019b: compilamento do Relatório de Inspeção referente ao 2º bim.

[nota s gera i s ] CJF/ CSF CJSNV CJC/ CSIPC CSISJR


PASSO 1: Da dos gera i s de ca da s tro
Da ta da i nforma çã o 30/04/2019 30/04/2019 23/04/2019 30/04/2019

PASSO 4: Qua nti ta ti vos


Situação da unidade de cumprimento de medida socioeducativa
Ca pa ci da de projeta da de i nterna çã o 12 46 42 80
Ca pa ci da de projeta da de s emi l i berda de
Ca pa ci da de projeta da de i nterna çã o provi s óri a 5
Quantitativos de adolescentes na data da inspeção
Adol es centes cumpri ndo medi da de i nterna çã o 9 47 19 40
Adol es centes cumpri ndo medi da de s emi l i berda de
Adol es centes cumpri ndo medi da de i nterna çã o provi s óri a 4 55
Adol es centes em i nterna çã o provi s óri a a ci ma do pra zo l ega l (45
Adol es centes em cumpri mento de s a nçã o di s ci pl i na r 3
Qua nti da de de a dol es centes que fa zem us o de medi ca çã o 1 13 1 9
control a da
Qua nti da de de a dol es centes com tra ns torno menta l (em 1
tra
Quatanti
mento)
da de de a dol es centes com dependênci a quími ca (em 6
tra ta mento) PASSO 6: Di rei tos
Es tã o s endo a tendi da s a s di s ti nções qua nto à i da de, Si m Nã o Si m Nã o
compl ei çã o fís i ca e gra vi da de do a to i nfra ci ona l , nos termos do
a rt. 123 do Es ta tudo da Cri a nça e do Adol es cente?
A uni da de pos s ui a l a ma terno-i nfa nti l ? Si m Nã o Nã o Nã o
Número de va ga s 2 Nã o Nã o Nã o
Qua nti da de de cri a nça s no momento da i ns peçã o Nã o Nã o Nã o Nã o
O a dol es cente em i nterna çã o provi s óri a fi ca s epa ra do da quel e Si m Nã o Nã o Nã o
em cumpri mento de medi da i mpos ta por s entença tra ns i ta da em
É a s s egura do o di rei to de vi s i ta ? Si m Nã o Si m Si m

PASSO 7
Qua nti da de de a rma s de fogo encontra da s Nã o Nã o Nã o Nã o
Apa rel hos de comuni ca çã o Nã o 1 Nã o Nã o
Mortes na tura i s Nã o Nã o Nã o Nã o
Mortes por homi cídi o Nã o Nã o Nã o Nã o
Mortes por s ui cídi o Nã o Nã o Nã o Nã o
Fuga s Nã o Nã o Nã o Nã o
Rebel i ões Nã o Nã o Nã o Nã o
Encontra da s i ns trumentos ca pa zes de ofender a i ntegri da de Nã o Nã o Nã o Nã o

PASSO 8
Providências / considerações determinadas pelo juiz da inspeção -------- Cons ta tou-s e que a i nda nã o Cons ta tou-s e a pres ença de a dol es centes com A di reçã o da uni da de i n
foi vi a bi l i za do novo l oca l pa ra gui a de i nterna çã o defi ni ti va na úni ca uni da de que os a l a mbra dos rel a
vi s i ta i nti ma , pel o que de i nterna çã o provi s óri a da Coma rca da Il ha de i ns peçã o a nteri or s erã o
determi no que a di reçã o da Sã o Luís , a gua rda ndo va ga em uni da de de i ns ta l a dos a i nda es s a
uni da de cumpri mento de medi da de i nterna çã o da FUNAC, que pos s i bi l i ta rá o us o
rei tere pedi do junto a s endo que *****,*****, *****, ***** e ***** há qua dra pol i es porti va e
pres i dente da FUNAC, pa ra ma i s de 3 (três ) mes es , pel o qua l determi no que a ti vi da des , bem como o
es s e fi m. a di reçã o da uni da de, em a rti cul a çã o com a a col hi mento de outros
Coordena dora de Medi da s Soci oeduca ti va da s oci oeduca ndos , ca s o s
FUNAC, proceda a transferência destes no prazo de 15 contra ta dos ma i s
dias, sob pena de instauração de procedimento para s oci oeduca dores (moni
apuração dessa irregularidade.

CJSNV - Cons ta tou-s e ta mbém Cons ta tou-s e ta mbém a a us ênci a de ba nhei ros
a pres ença de 4 (qua tro) nos 2 (doi s ) a l oja mentos des ti na do à proteçã o,
s oci oeduca ndos (******) na a tua l mente com 4 (qua tro) a dol es centes em um
ala destinada à integrantes da e, no outro, 1 (um), com uso de balde para urinar,
facção Comando Vermelho, sem pel o que determi no que a di reçã o da uni da de,
que estes a integrem e aspiram a rei tere o pedi do de cons truçã o dos ba nhei ros
transferência pa ra a l a dos junto a Pres i dênci a da FUNAC, s ob pena de
neutros que s e encontra com i nterdi çã o da á rea proteti va , es ta bel ecendo o
s oci oeduca ndos a ci ma da pra zo de 3 mes es pa ra cons truçã o.
ca pa ci da de.

Cons ta tou-s e a i nda que a


di retora da Uni da de, *****,
pedi u exonera çã o, es ta ndo o
vi ce-di retor a pena s
res pondendo a té
des i gna çã o da FUNAC de outro
di retor.

OFÍCIO PARA PRESIDENCIA FUNAC


Fora m cons ta ta da s a s s egui ntes i rregul a ri da des : Há um qua nti ta ti vo No CJSNV a i nda perma necem 1) No CJC, de i nterna çã o provi s óri a pa ra 42 va ga s , No CSISJR, a fa l ta de a l a
expres s i vo de três fa cções , enqua nto a s encontra ra m-s e 55 a dol es centes ma i s 19 de tem i mpedi do a ocupa ç
s oci oeduca ndos ori undos de dema i s a pena s dua s , o que i nterna çã o defi ni ti va e 2 de i nterna çã o-s a nçã o; pel o menos 75% de s ua
Ti mon cumpri ndo medi da compromete a s a ti vi da des 2) No CJC tem a dol es centes de 3 a 4 mes es de ca pa ci da de, o que res o
s oci oeduca ti va de s oci oeduca ti va s e a i nterna çã o defi ni ti va , em fl a gra nte vi ol a çã o a os i rregul a ri da de a ponta d
i nterna çã o nes s a coma rca , s egura nça , i ncl us i ve com s eus di rei tos i ndi vi dua i s e à s oci oeduca çã o, 2.
pri va ndo-os da convi vênci a s oci oeduca ndo "neutros " em i ncl us i ve a tra s o na el a bora çã o do PIA que s ã o
fa mi l i a r, o que exi ge a á rea de des ti na da pa ra uma a pres enta dos s i mul ta nea mente com rel a tóri o de
i ns ta l a çã o com certa da s fa cções , porque a "ca s a " rea va l i a çã o 3) No CJC os doi s a l oja mentos de
urgênci a de uni da de pa ra a dequa da es ta va proteçã o nã o tem ba nhei ros i nternos ,
es s e fi m na quel e muni cípi o. s uperl ota da ; conti nua ndo os i nternos uri na ndo em um ba l de,
propa ga ndo o odor de uri na .
104

PC CSISJR CSIMSL/ CSIV CSISC

019 30/04/2019 24/04/2019 24/04/2019

80 30 40

25
40 38

3 2
9 3

Nã o Nã o Nã o

Nã o Nã o Nã o
Nã o Nã o Nã o
Nã o Nã o Nã o
Nã o Nã o Nã o

Si m Si m Si m

Nã o Nã o Nã o
Nã o Nã o 4
Nã o Nã o Nã o
Nã o Nã o Nã o
Nã o Nã o Nã o
Nã o Nã o 4
Nã o Nã o Nã o
Nã o Nã o 6

ou-s e a pres ença de a dol es centes com A di reçã o da uni da de i nformou -------------- Cons ta tou-s e a reduçã o da ca rga horá ri a de
i nterna çã o defi ni ti va na úni ca uni da de que os a l a mbra dos rel a ta dos na escolarização, s endo da s 08:00 à s 10:00 pa ra uns e
na çã o provi s óri a da Coma rca da Il ha de i ns peçã o a nteri or s erã o da s 10:00 à s 11:40 outros ,
, a gua rda ndo va ga em uni da de de i ns ta l a dos a i nda es s a s ema na , o em di a s a l terna dos ; o que corres ponde 1/4 da
mento de medi da de i nterna çã o da FUNAC, que pos s i bi l i ta rá o us o da ca rga horá ri a que deveri a s er mi ni s tra da , pelo
ue *****,*****, *****, ***** e ***** há qua dra pol i es porti va e de outra s que determino que a direção da unidade, em
3 (três ) mes es , pel o qua l determi no que a ti vi da des , bem como o articulação com a direção da Funac, retorne a carga
o da uni da de, em a rti cul a çã o com a a col hi mento de outros horária anterior, dentro do prazo de 10 (dez) dias,
a dora de Medi da s Soci oeduca ti va da s oci oeduca ndos , ca s o s eja m sob pena de ser instaurado procedimento
proceda a transferência destes no prazo de 15 contra ta dos ma i s administrativo para apurar essa irregularidade.
pena de instauração de procedimento para s oci oeduca dores (moni tores ).
dessa irregularidade.

ou-s e ta mbém a a us ênci a de ba nhei ros


oi s ) a l oja mentos des ti na do à proteçã o,
nte com 4 (qua tro) a dol es centes em um
tro, 1 (um), com uso de balde para urinar,
e determi no que a di reçã o da uni da de,
o pedi do de cons truçã o dos ba nhei ros
Pres i dênci a da FUNAC, s ob pena de
ã o da á rea proteti va , es ta bel ecendo o
e 3 mes es pa ra cons truçã o.

C, de i nterna çã o provi s óri a pa ra 42 va ga s , No CSISJR, a fa l ta de a l a mbra dos No CSISC, em fa ce da gra nde ri va l i da de de


a ra m-s e 55 a dol es centes ma i s 19 de tem i mpedi do a ocupa çã o de s oci oeduca ndos , a escolaridade es tá
ã o defi ni ti va e 2 de i nterna çã o-s a nçã o; pel o menos 75% de s ua pra ti ca mente comprometi da , poi s es tá
C tem a dol es centes de 3 a 4 mes es de ca pa ci da de, o que res ol veri a a ocorrendo em a pena s dua s hora s e em di a s
ã o defi ni ti va , em fl a gra nte vi ol a çã o a os i rregul a ri da de a ponta da no i tem a l terna dos , qua ndo na s dema i s uni da des s ã o
ei tos i ndi vi dua i s e à s oci oeduca çã o, 2. qua tro hora s e em di a s a l terna dos , o que já é
e a tra s o na el a bora çã o do PIA que s ã o uma i rregul a ri da de por s e tra ta r de meta de da
ta dos s i mul ta nea mente com rel a tóri o de ca rga horá ri a ;
çã o 3) No CJC os doi s a l oja mentos de
o nã o tem ba nhei ros i nternos ,
a ndo os i nternos uri na ndo em um ba l de,
ndo o odor de uri na .
105

APÊNDICE K – 2ª VIJ, 2019c: compilamento do Relatório de Inspeção referente ao 3º bim.


[nota s gera i s ] CJF/ CSF CJSNV CJC/ CSIPC CSISJR CS
PASSO 1: Da dos gera i s de ca da s tro
Da ta da i nforma çã o 06/09/2019 06/09/2019 06/09/2019 06/09/2019 06

PASSO 4: Qua nti ta ti vos


Situação da unidade de cumprimento de medida
socioeducativa
Ca pa ci da de projeta da de i nterna çã o 12 46 80 30
Ca pa ci da de projeta da de s emi l i berda de
Ca pa ci da de projeta da de i nterna çã o 5 42
Quantitativos de adolescentes na data da
Adol es centes cumpri ndo medi da de 11 44 38 41 27
Adol es centes cumpri ndo medi da de
Adol es centes cumpri ndo medi da de
4 61
i nterna çã o provi s óri a
Adol es centes em i nterna çã o provi s óri a
a ci ma
Adol esdo pra zoem
centes l ega l (45 mento
cumpri di a s ) de s a nçã o 6 3 2
Qua nti da de de a dol es centes que fa zem us o 4 10 3 1
de
Quamedi
nti dacade
çãde
o control
a dol esacentes
da com tra ns torno 6
menta
Qua ntilda
(emde tra
deta mento)
a dol es centes com 1 11
dependênci a químiPASSOca6:(emDi reitra ta mento)
tos
Es tã o s endo a tendi da s a s di s ti nções qua nto
à i da de, compl ei çã o fís i ca e gra vi da de do
sim nã o sim nã o nã
a to i nfra ci ona l , nos termos do a rt. 123 do
Es ta tudo da Cri a nça e do Adol es cente?
A uni da de pos s ui a l a ma terno-i nfa nti l ? sim nã o nã o nã o nã
Número de va ga s 2 nã o nã o nã o nã
Qua nti da de de cri a nça s no momento da nã o nã o nã o nã o nã
O a dol es cente em i nterna çã o provi s óri a fi ca
s epa ra do da quel e em cumpri mento de sim nã o nã o nã o nã
medi da i mpos ta por s entença tra ns i ta da em
É a s s egura do o di rei to de vi s i ta ? sim sim sim sim si

PASSO 7
Qua nti da de de a rma s de fogo encontra da s nã o nã o nã o nã o nã
Apa rel hos de comuni ca çã o nã o nã o nã o nã o nã
Mortes na tura i s nã o nã o nã o nã o nã
Mortes por homi cídi o nã o nã o nã o nã o nã
Mortes por s ui cídi o nã o nã o nã o nã o nã
Fuga s nã o nã o nã o nã o nã
Rebel i ões nã o nã o nã o nã o nã
Encontra da s i ns trumentos ca pa zes de
nã o 3 nã o 15 nã
ofender a i ntegri da de fís i ca ?

PASSO 8
Provi dênci a s / cons i dera ções determi na da s Irregul a ri da des : 1) Superl ota çã o da úni ca
pel o jui z da i ns peçã o uni da de de i nterna çã o provi s óri a nes ta
Sem i rregul a ri da des .
coma rca , encontra ndo-s e com o dobro de s ua
Cons ta tou-s e a
ca pa ci da de, ei s que s e encontra va com 99
pres ença de um Irregul a ri da des : 1) A
i nternos e s ua ca pa ci da de é pa ra 42 va ga s ; 2)
tra ns exua l uni da de es ta va s em vi ce-
Perma nênci a , dentre 99 i nternos , de 38 com A uni da de, pel a s redefi ni ções dos
ma s cul i no, tendo di retor e coordena dor de O
i nterna çã o defi ni ti va , a gua rda ndo va ga em l i mi tes dos muni cípi os da Il ha de Sã o
s i do i nforma do pel a s egura nça , bem como dos pa
uni da de de i nterna çã o defi ni ti va , s endo que 3 Luís , fi cou no terri tóri o de Sã o Luís e
di reçã o que a 73 ca rgos de In
(três ) del es próxi mo de 06 (s ei s ) mes es e 3 nã o ma i s de Sã o Jos é de Ri ba ma r.
uni da de s erá s oci oeduca dores 20 Se
(três ) com qua s e 5 (ci nco) mes es , a l ém de três Sem i rregul a ri da des .
res pons á vel es ta ri a m em fa s e de
com s i tua çã o de s a úde decorrente de
pel o a col hi mento s ubs ti tui çã o;
di s pa ros de a rma de fogo que dema nda m
dos s oci oeduca ndos
cui da dos es peci a i s (l a pa rotomi a expl ora dora
tra ns exua i s .
com bol s a de col os tomi a e os dema i s com
os teos s íntes e com fi xa dor externo no
2) A uni da de es tá ocupa da a ntebra ço e outro na perna ). Uni da de i nformou que a di reçã o da
Provi dênci a s : 1) Tra ns ferênci a da quel es com
dentro ca pa ci da de previ s ta , FUNAC pretende a ocupa çã o pl ena da
i nterna çã o defi ni ti va pa ra a uni da de
funci ona mento em qua tro ca pa ci da de da uni da de (80 va ga s ),
s oci oeduca ti va pa ra es s e fi m, dentro de 30 Q
ca s a s com a l oja mentos , a i nda es te mês , l ogo a pós a
di a s , obs erva da a pri ori da de da quel es ma i s re
entreta nto, dua s ca s a s contra ta çã o de s oci oeduca dores que
a nti gos na uni da de, s ob pena de i ns ta ura çã o qu
es tã o l ota da s com es tã o em fa s e de trei na mento, com a
de procedi mento pa ra a pura çã o des s a fo
s oci oeduca ndos tra ns ferênci a da quel es que es tã o
i rregul a ri da de; 2) Agenda mento i medi a to de FU
cons i dera dos "neutros " e a s com i nterna çã o defi ni ti va no Ca na ã .
a udi ênci a de execuçã o pa ra eventua l qu
dema i s ocupa da s por Cons ta tou-s e o trei na mento de 17
s ubs ti tui çã o da i nterna çã o por medi da em in
a quel es cons i dera dos de (dezes s ete) pes s oa s pa ra s el eçã o de
mei o a berto pa ra os a dol es centes em re
dua s fa cções (PCC e CV); s oci oeduca dores , a fi na l i za çã o da
s i tua çã o de s a úde decorrente de di s pa ro de
Provi dênci a s : A uni da de e a s a l a de víti ma e pa rte dos
a rma de fogo.
FUNAC res ol verem a a l a mbra dos na s á rea s de ci rcul a çã o
A uni da de tem a gora l oca l Cons ta tou-s e que, qua nto a i rregul a ri da de de
a dequa do pa ra vi s i ta i ns peções a nteri ores , a reforma dos doi s
ínti ma , a gua rda ndo a pena s a l oja mentos de convi vênci a protetora es tã o
a s úl ti ma s ori enta ções da em fa s e fi na l com ba nhei ros e ca ma s em
di reçã o da a l vena ri a .
OFÍCIO PARA PRESIDENCIA FUNAC
Fora m cons ta ta da s a s s egui ntes 4)Na uni da de de i nterna çã o 2)No CJC, dos 38 com i nterna çã o defi ni ti va ,
6)Na uni da de de i nterna çã o
i rregul a ri da des : defi ni ti va de Pa ço do Lumi a r três a dol es centes es ta va m com qua s e s ei s
defi ni ti va da Ma i obi nha (CSISJR),
8)Encontra va m-s e nos centros (CSISNV), com ca pa ci da de mes es e três com qua s e 5 mes es de pri va çã o
nes ta ci da de, com ca pa ci da de pa ra
s oci oeduca ti vos de i nterna çã o pa ra 46 va ga s . encontra va m- de l i berda de, em fl a gra nte vi ol a çã o a os s eus
80 va ga s , encontra va m-s e 41
defi ni ti va 37 s oci oeduca ndos de s e 43 s oci oeduca ndos , di rei tos i ndi vi dua i s e à s oci oeduca çã o.
s oci oeduca ndos , ma s cons ta tou-s e a
Ti mon, di s ta nte 428 qui l ômetros , o toda vi a a s dua s "ca s a s " i ncl us i ve qua nto a o PIA e rel a tóri o de
pres ença de pes s oa s em trei na mento
que vi ol a os s eus di rei tos de uni da de cons i dera da s de fa cções rea va l i a çã o s emes tra l ;
pa ra s oci oeduca dores e a i ns ta l a çã o
próxi ma de s ua res i dênci a e a tem poucos 3)No CJC os doi s a l oja mentos de proteçã o
pa rci a l de a l a mbra dos , com a núnci o
ga ra nti a do di rei to de vi s i ta ; s oci oeduca ndos , enqua nto es tã o em fa s e de concl us ã o de reforma pa ra
de que a i nda es te mês a ocupa çã o
a s dua s rel a ti va s a os i ns ta l a çã o de ba nhei ros e ca ma s em
s erá pl ena ;
"'neutros
) Pra zo de''30
s uperpovoa
di a s pa ra da s ; a l vena
Prazo deri a
30: dias para resolução da superlotação da
res ol uçã o da s uperl ota çã o uni da de de i nterna çã o provi s óri a Ca na ã (Sã o
9) Na s uni da des de i nterna çã o
de dua s ca s a s na uni da de Luís ). com a tra ns ferênci a da quel es que es tã o
defi ni ti va , como recomenda do em
de i nterna çã o defi ni ti va com medi da s oci oeduca ti va de i nterna çã o,
i ns peções a nteri ores , pa ra mel hori a
Síti o Nova Vi da (Pa ço do s ob pena de i ns ta ura çã o de ofi ci o de
da s oci oeduca çã o e di mi nui çã o de
Lumi a r). s ugeri ndo-s e que procedi mento pa ra a pura çã o da
tens ões , perma necem a pena s dua s
s e tomo centro i rregul a ri da de, cons i dera ndo a i nda o
da s três fa cções (Bonde dos 40. CV e
s oci oeduca ti vo s em a des res pei to à deci s ã o des te Juízo, tra ns i ta da
PCC), a l ém dos cha ma dos "neutros ";
pres ença de fa cci ona dos , em jul ga da e proferi da nos a utos da
ga ra nti do-s e a es col a ri da de repres enta çã o 0001183-1.2017.8.I0.0003:
4) Pra zo de 15 di a s pa ra i nforma çã o
da fa s e s e encontra a cons truçã o de
uni da de de i nterna çã o defi ni ti va em
Ti mon, cons i dera ndo que os 37
s oci oeduca ndos da quel e muni cípi o
têm vi ol a do o di rei to de vi s i ta s (ECA.
a rt. 124, Vl e VII; Lei 12.594/12, a rt. 49),
em fa ce da di s tâ nci a e da fa l ta de
106

CJC/ CSIPC CSISJR CSIMSL/ CSIV CSISC

06/09/2019 06/09/2019 06/09/2019 06/09/2019

80 30 40

42

38 41 27 40

61

6 3 2 4
3 1 2

sim nã o nã o nã o

nã o nã o nã o nã o
nã o nã o nã o nã o
nã o nã o nã o nã o

nã o nã o nã o nã o

sim sim sim sim

nã o nã o nã o nã o
nã o nã o nã o nã o
nã o nã o nã o nã o
nã o nã o nã o nã o
nã o nã o nã o nã o
nã o nã o nã o nã o
nã o nã o nã o nã o

nã o 15 nã o 10

rregul a ri da des : 1) Superl ota çã o da úni ca


uni da de de i nterna çã o provi s óri a nes ta
coma rca , encontra ndo-s e com o dobro de s ua Cons ta tou-s e que os s oci oeduca ndos
ca pa ci da de, ei s que s e encontra va com 99 es tã o com prejuízo na es col a ri za çã o,
nternos e s ua ca pa ci da de é pa ra 42 va ga s ; 2) a tua l mente os a dol es centes
Perma nênci a , dentre 99 i nternos , de 38 com A uni da de, pel a s redefi ni ções dos es tuda m em di a s a l terna dos e com
O nome da uni da de foi a l tera do
nterna çã o defi ni ti va , a gua rda ndo va ga em l i mi tes dos muni cípi os da Il ha de Sã o horá ri os fra ci ona dos , ou s eja um
pa ra Centro Soci oeduca ti vo de
uni da de de i nterna çã o defi ni ti va , s endo que 3 Luís , fi cou no terri tóri o de Sã o Luís e grupo es tuda da s 08 á s 09:45, depoi s
Interna çã o do Vi nha i s .
(três ) del es próxi mo de 06 (s ei s ) mes es e 3 nã o ma i s de Sã o Jos é de Ri ba ma r. o grupo 2 es tuda da s 09:45hs á s 11:45
Sem i rregul a ri da des .
(três ) com qua s e 5 (ci nco) mes es , a l ém de três Sem i rregul a ri da des . hora s , a s a ti vi da des peda gógi ca s
com s i tua çã o de s a úde decorrente de s ã o fei ta s da mes ma ma nei ra no
di s pa ros de a rma de fogo que dema nda m turno ves perti no da s 14:00hs á s
cui da dos es peci a i s (l a pa rotomi a expl ora dora 16:00hs , e da s 16:00hs á s 18:00hora s .
com bol s a de col os tomi a e os dema i s com
os teos s íntes e com fi xa dor externo no
a ntebra ço e outro na perna ). Uni da de i nformou que a di reçã o da Provi dênci a s : A di reçã o da uni da de
Provi dênci a s : 1) Tra ns ferênci a da quel es com
FUNAC pretende a ocupa çã o pl ena da ga ra nta dentro de 15 di a s ca rga
nterna çã o defi ni ti va pa ra a uni da de
ca pa ci da de da uni da de (80 va ga s ), horá ri a de es col a ri za çã o dos dema i s
s oci oeduca ti va pa ra es s e fi m, dentro de 30 Qua nto a o epi s ódi o rel a ta do no
a i nda es te mês , l ogo a pós a centros
di a s , obs erva da a pri ori da de da quel es ma i s rel a tóri o da i ns peçã o do 3º bi mes tre
contra ta çã o de s oci oeduca dores que s oci oeduca ti vos , s ob pena de
a nti gos na uni da de, s ob pena de i ns ta ura çã o que envol veu o a dol es cente MMP,
es tã o em fa s e de trei na mento, com a i ns ta ura çã o de procedi mento pa ra
de procedi mento pa ra a pura çã o des s a foi comuni ca do pel a Pres i dente da
tra ns ferênci a da quel es que es tã o a pura çã o des s a i rregul a ri da de e
rregul a ri da de; 2) Agenda mento i medi a to de FUNAC, a tra vés do Ofíci o n° 329/2019
com i nterna çã o defi ni ti va no Ca na ã . a fa s ta mento provi s óri o
a udi ênci a de execuçã o pa ra eventua l que foi i ns ta ura do de Si ndi câ nci a
Cons ta tou-s e o trei na mento de 17 do s eu di retor.A di reçã o da uni da de
s ubs ti tui çã o da i nterna çã o por medi da em i nves ti ga ti va , bem como círcul o
(dezes s ete) pes s oa s pa ra s el eçã o de i nformou que como medi da de
mei o a berto pa ra os a dol es centes em res ta ura ti vo entre os envol vi dos .
s oci oeduca dores , a fi na l i za çã o da prevençã o e s egura nça es tã o
s i tua çã o de s a úde decorrente de di s pa ro de
s a l a de víti ma e pa rte dos troca ndo os chuvei ros de i nox e os
a rma de fogo.
a l a mbra dos na s á rea s de ci rcul a çã o va s os s a ni tá ri os , bem como o
Cons ta tou-s e que, qua nto a i rregul a ri da de de
ns peções a nteri ores , a reforma dos doi s
a l oja mentos de convi vênci a protetora es tã o
em fa s e fi na l com ba nhei ros e ca ma s em
a l vena ri a .

2)No CJC, dos 38 com i nterna çã o defi ni ti va , 5)Na uni da de de i nterna çã o


6)Na uni da de de i nterna çã o
três a dol es centes es ta va m com qua s e s ei s defi ni ti va do ba i rro Cri s tóvã o (CSISC),
defi ni ti va da Ma i obi nha (CSISJR),
mes es e três com qua s e 5 mes es de pri va çã o nes ta ci da de, com ca pa ci da de pa ra
nes ta ci da de, com ca pa ci da de pa ra
de l i berda de, em fl a gra nte vi ol a çã o a os s eus 40 va ga s , encontra va m-s e 40
80 va ga s , encontra va m-s e 41
di rei tos i ndi vi dua i s e à s oci oeduca çã o. s oci oeduca ndos , a es col a ri da de
s oci oeduca ndos , ma s cons ta tou-s e a
ncl us i ve qua nto a o PIA e rel a tóri o de conti nua em menos de dua s hora s
pres ença de pes s oa s em trei na mento
rea va l i a çã o s emes tra l ; pel a ma nhã e em di a s a l terna dos .
pa ra s oci oeduca dores e a i ns ta l a çã o
3)No CJC os doi s a l oja mentos de proteçã o qua ndo na s dema i s uni da des s ã o
pa rci a l de a l a mbra dos , com a núnci o
es tã o em fa s e de concl us ã o de reforma pa ra qua tro hora s e em di a s a l terna dos , o
de que a i nda es te mês a ocupa çã o
ns ta l a çã o de ba nhei ros e ca ma s em que já é uma i rregul a ri da de por s e
s erá pl ena ;
a l vena
Prazo deri a
30: dias para resolução da superlotação da tra ta rzo
3) Pra dedemeta dea sdapacararga
15 di horá
que ri a ;
a os
uni da de de i nterna çã o provi s óri a Ca na ã (Sã o s oci oeduca ndo da uni da de de
Luís ). com a tra ns ferênci a da quel es que es tã o i nterna çã o defi ni ti va do Sã o
com medi da s oci oeduca ti va de i nterna çã o, Cri s tóvã o s eja ga ra nti do pel o menos
s ob pena de i ns ta ura çã o de ofi ci o de a meta de da ca rga horá ri a de
procedi mento pa ra a pura çã o da es col a ri da de, como nos dema i s
rregul a ri da de, cons i dera ndo a i nda o centros s oci oeduca ti vos , s ob pena de
des res pei to à deci s ã o des te Juízo, tra ns i ta da i ns ta ura çã o de ofi ci o de
em jul ga da e proferi da nos a utos da procedi mento pa ra a pura çã o da
repres enta çã o 0001183-1.2017.8.I0.0003: i rregul a ri da de com a fa s ta mento
107

APÊNDICE L – 2ª VIJ, 2019d: compilamento do Relatório de Inspeção referente ao 4º bim.


[nota s gera i s ] CJF/ CSF CJSNV CJC/ CSIPC CSISJR
PASSO 1: Da dos gera i s de ca da s tro
Da ta da i nforma çã o 06/09/2019 06/09/2019 06/09/2019 06/09/2019

PASSO 4: Qua nti ta ti vos


Situação da unidade de cumprimento de medida socioeducativa

Ca pa ci da de projeta da de i nterna çã o 12 46 80
Ca pa ci da de projeta da de s emi l i berda de
Ca pa ci da de projeta da de i nterna çã o provi s óri a 5 42
Quantitativos de adolescentes na data da inspeção
Adol es centes cumpri ndo medi da de i nterna çã o 11 44 38 41
Adol es centes cumpri ndo medi da de s emi l i berda de
Adol es centes cumpri ndo medi da de i nterna çã o provi s óri a
4 61

Adol es centes em i nterna çã o provi s óri a a ci ma do pra zo


lAdol
ega les(45 di a s )em cumpri mento de s a nçã o di s ci pl i na r
centes 6 3
Qua nti da de de a dol es centes que fa zem us o de medi ca çã o 4 10 3
control a da
Qua nti da de de a dol es centes com tra ns torno menta l (em 6
tra
Quatanti
mento)
da de de a dol es centes com dependênci a quími ca 1 11
(em tra ta mento) PASSO 6: Di rei tos
Es tã o s endo a tendi da s a s di s ti nções qua nto à i da de,
compl ei çã o fís i ca e gra vi da de do a to i nfra ci ona l , nos
sim nã o sim nã o
termos do a rt. 123 do Es ta tudo da Cri a nça e do
Adol es cente?
A uni da de pos s ui a l a ma terno-i nfa nti l ? sim nã o nã o nã o
Número de va ga s 2 nã o nã o nã o
Qua nti da de de cri a nça s no momento da i ns peçã o nã o nã o nã o nã o
O a dol es cente em i nterna çã o provi s óri a fi ca s epa ra do
da quel e em cumpri mento de medi da i mpos ta por sim nã o nã o nã o
s entença tra ns i ta da em jul ga do?
É a s s egura do o di rei to de vi s i ta ? sim sim sim sim

PASSO 7
Qua nti da de de a rma s de fogo encontra da s nã o nã o nã o nã o
Apa rel hos de comuni ca çã o nã o nã o nã o nã o
Mortes na tura i s nã o nã o nã o nã o
Mortes por homi cídi o nã o nã o nã o nã o
Mortes por s ui cídi o nã o nã o nã o nã o
Fuga s nã o nã o nã o nã o
Rebel i ões nã o nã o nã o nã o
Encontra da s i ns trumentos ca pa zes de ofender a
nã o 3 nã o 15
i ntegri da de fís i ca ?

PASSO 8
Provi dênci a s / cons i dera ções determi na da s pel o jui z da Irregul a ri da des : 1) Superl ota çã o da úni ca
i ns peçã o Sem i rregul a ri da des . uni da de de i nterna çã o provi s óri a nes ta coma rca ,
Cons ta tou-s e a encontra ndo-s e com o dobro de s ua ca pa ci da de,
pres ença de um Irregul a ri da des : 1) A ei s que s e encontra va com 99 i nternos e s ua
tra ns exua l uni da de es ta va s em vi ce- ca pa ci da de é pa ra 42 va ga s ; 2) Perma nênci a , A uni da de, pel a s redefi ni ções
ma s cul i no, tendo di retor e coordena dor de dentre 99 i nternos , de 38 com i nterna çã o l i mi tes dos muni cípi os da Il ha
s i do i nforma do pel a s egura nça , bem como dos defi ni ti va , a gua rda ndo va ga em uni da de de Luís , fi cou no terri tóri o de Sã o L
di reçã o que a 73 ca rgos de i nterna çã o defi ni ti va , s endo que 3 (três ) del es nã o ma i s de Sã o Jos é de Ri ba m
uni da de s erá s oci oeduca dores 20 próxi mo de 06 (s ei s ) mes es e 3 (três ) com qua s e 5 Sem i rregul a ri da des .
res pons á vel es ta ri a m em fa s e de (ci nco) mes es , a l ém de três com s i tua çã o de
pel o a col hi mento s ubs ti tui çã o; s a úde decorrente de di s pa ros de a rma de fogo
dos s oci oeduca ndos que dema nda m cui da dos es peci a i s (l a pa rotomi a
tra ns exua i s . expl ora dora com bol s a de col os tomi a e os
dema i s com os teos s íntes e com fi xa dor externo no
2) A uni da de es tá ocupa da Uni da de i nformou que a di reçã
dentro ca pa ci da de previ s ta , Provi dênci a s : 1) Tra ns ferênci a da quel es com FUNAC pretende a ocupa çã o pl
funci ona mento em qua tro i nterna çã o defi ni ti va pa ra a uni da de ca pa ci da de da uni da de (80 va g
ca s a s com a l oja mentos , s oci oeduca ti va pa ra es s e fi m, dentro de 30 di a s , a i nda es te mês , l ogo a pós a
entreta nto, dua s ca s a s obs erva da a pri ori da de da quel es ma i s a nti gos na contra ta çã o de s oci oeduca dore
es tã o l ota da s com uni da de, s ob pena de i ns ta ura çã o de es tã o em fa s e de trei na mento,
s oci oeduca ndos procedi mento pa ra a pura çã o des s a tra ns ferênci a da quel es que es
cons i dera dos "neutros " e a s i rregul a ri da de; 2) Agenda mento i medi a to de com i nterna çã o defi ni ti va no Ca
dema i s ocupa da s por a udi ênci a de execuçã o pa ra eventua l Cons ta tou-s e o trei na mento de
a quel es cons i dera dos de s ubs ti tui çã o da i nterna çã o por medi da em mei o (dezes s ete) pes s oa s pa ra s el e
dua s fa cções (PCC e CV); a berto pa ra os a dol es centes em s i tua çã o de s oci oeduca dores , a fi na l i za çã o
Provi dênci a s : A uni da de e a s a úde decorrente de di s pa ro de a rma de fogo. s a l a de víti ma e pa rte dos
FUNAC res ol verem a a l a mbra dos na s á rea s de ci rcu
A uni da de tem a gora l oca l
Cons ta tou-s e que, qua nto a i rregul a ri da de de
a dequa do pa ra vi s i ta
i ns peções a nteri ores , a reforma dos doi s
ínti ma , a gua rda ndo a pena s
a l oja mentos de convi vênci a protetora es tã o em
a s úl ti ma s ori enta ções da
fa s e fi na l com ba nhei ros e ca ma s em a l vena ri a .
di reçã o da
OFÍCIO PARA PRESIDENCIA FUNAC
Fora m cons ta ta da s a s s egui ntes i rregul a ri da des : 4)Na uni da de de i nterna çã o
6)Na uni da de de i nterna çã o
defi ni ti va de Pa ço do Lumi a r 2)No CJC, dos 38 com i nterna çã o defi ni ti va , três
defi ni ti va da Ma i obi nha (CSISJR
(CSISNV), com ca pa ci da de a dol es centes es ta va m com qua s e s ei s mes es e
8)Encontra va m-s e nos centros nes ta ci da de, com ca pa ci da de
pa ra 46 va ga s . encontra va m- três com qua s e 5 mes es de pri va çã o de l i berda de,
s oci oeduca ti vos de i nterna çã o defi ni ti va 80 va ga s , encontra va m-s e 41
s e 43 s oci oeduca ndos , em fl a gra nte vi ol a çã o a os s eus di rei tos
37 s oci oeduca ndos de Ti mon, di s ta nte 428 s oci oeduca ndos , ma s cons ta to
toda vi a a s dua s "ca s a s " i ndi vi dua i s e à s oci oeduca çã o. i ncl us i ve qua nto
qui l ômetros , o que vi ol a os s eus di rei tos pres ença de pes s oa s em trei na
cons i dera da s de fa cções a o PIA e rel a tóri o de rea va l i a çã o s emes tra l ;
de uni da de próxi ma de s ua res i dênci a e a pa ra s oci oeduca dores e a i ns ta
tem poucos 3)No CJC os doi s a l oja mentos de proteçã o es tã o
ga ra nti a do di rei to de vi s i ta ; pa rci a l de a l a mbra dos , com a n
s oci oeduca ndos , enqua nto em fa s e de concl us ã o de reforma pa ra i ns ta l a çã o
de que a i nda es te mês a ocupa
a s dua s rel a ti va s a os de ba nhei ros e ca ma s em a l vena ri a :
s erá pl ena ;
"'neutros
) Pra zo de''30
s uperpovoa
di a s pa ra da s ;
Prazo de 30 dias para resolução da superlotação da
res ol uçã o da s uperl ota çã o
9) Na s uni da des de i nterna çã o defi ni ti va , uni da de de i nterna çã o provi s óri a Ca na ã (Sã o
de dua s ca s a s na uni da de
como recomenda do em i ns peções Luís ). com a tra ns ferênci a da quel es que es tã o
de i nterna çã o defi ni ti va
a nteri ores , pa ra mel hori a da com medi da s oci oeduca ti va de i nterna çã o, s ob
Síti o Nova Vi da (Pa ço do
s oci oeduca çã o e di mi nui çã o de tens ões , pena de i ns ta ura çã o de ofi ci o de procedi mento
Lumi a r). s ugeri ndo-s e que
perma necem a pena s dua s da s três pa ra a pura çã o da i rregul a ri da de, cons i dera ndo
s e tomo centro
fa cções (Bonde dos 40. CV e PCC), a l ém dos a i nda o des res pei to à deci s ã o des te Juízo,
s oci oeduca ti vo s em a
cha ma dos "neutros "; tra ns i ta da em jul ga da e proferi da nos a utos da
pres ença de fa cci ona dos ,
repres enta çã o 0001183-1.2017.8.I0.0003:
ga ra nti do-s e a es col a ri da de
4) Pra zo de 15 di a s pa ra i nforma çã o da
fa s e s e encontra a cons truçã o de uni da de
de i nterna çã o defi ni ti va em Ti mon,
cons i dera ndo que os 37 s oci oeduca ndos
da quel e muni cípi o têm vi ol a do o di rei to
de vi s i ta s (ECA. a rt. 124, Vl e VII; Lei
12.594/12, a rt. 49), em fa ce da di s tâ nci a e
da fa l ta de regi ona l i za çã o da s medi da s
108

SIPC CSISJR CSIMSL/ CSIV CSISC

2019 06/09/2019 06/09/2019 06/09/2019

80 30 40

41 27 40

3 2 4
3 1 2

nã o nã o nã o

nã o nã o nã o
nã o nã o nã o
nã o nã o nã o

nã o nã o nã o

sim sim sim

nã o nã o nã o
nã o nã o nã o
nã o nã o nã o
nã o nã o nã o
nã o nã o nã o
nã o nã o nã o
nã o nã o nã o

15 nã o 10

l a ri da des : 1) Superl ota çã o da úni ca


de de i nterna çã o provi s óri a nes ta coma rca , Cons ta tou-s e que os s oci oeduca ndos
tra ndo-s e com o dobro de s ua ca pa ci da de, es tã o com prejuízo na es col a ri za çã o,
e s e encontra va com 99 i nternos e s ua a tua l mente os a dol es centes
da de é pa ra 42 va ga s ; 2) Perma nênci a , A uni da de, pel a s redefi ni ções dos es tuda m em di a s a l terna dos e com
e 99 i nternos , de 38 com i nterna çã o O nome da uni da de foi a l tera do
l i mi tes dos muni cípi os da Il ha de Sã o horá ri os fra ci ona dos , ou s eja um
ti va , a gua rda ndo va ga em uni da de de pa ra Centro Soci oeduca ti vo de
Luís , fi cou no terri tóri o de Sã o Luís e grupo es tuda da s 08 á s 09:45, depoi s
a çã o defi ni ti va , s endo que 3 (três ) del es Interna çã o do Vi nha i s .
nã o ma i s de Sã o Jos é de Ri ba ma r. o grupo 2 es tuda da s 09:45hs á s 11:45
mo de 06 (s ei s ) mes es e 3 (três ) com qua s e 5 Sem i rregul a ri da des .
Sem i rregul a ri da des . hora s , a s a ti vi da des peda gógi ca s
) mes es , a l ém de três com s i tua çã o de s ã o fei ta s da mes ma ma nei ra no
decorrente de di s pa ros de a rma de fogo turno ves perti no da s 14:00hs á s
ema nda m cui da dos es peci a i s (l a pa rotomi a 16:00hs , e da s 16:00hs á s 18:00hora s .
ra dora com bol s a de col os tomi a e os
s com os teos s íntes e com fi xa dor externo no
Uni da de i nformou que a di reçã o da Provi dênci a s : A di reçã o da uni da de
ênci a s : 1) Tra ns ferênci a da quel es com FUNAC pretende a ocupa çã o pl ena da ga ra nta dentro de 15 di a s ca rga
a çã o defi ni ti va pa ra a uni da de ca pa ci da de da uni da de (80 va ga s ), horá ri a de es col a ri za çã o dos dema i s
Qua nto a o epi s ódi o rel a ta do no
educa ti va pa ra es s e fi m, dentro de 30 di a s , a i nda es te mês , l ogo a pós a centros
rel a tóri o da i ns peçã o do 3º bi mes tre
va da a pri ori da de da quel es ma i s a nti gos na contra ta çã o de s oci oeduca dores que s oci oeduca ti vos , s ob pena de
que envol veu o a dol es cente MMP,
de, s ob pena de i ns ta ura çã o de es tã o em fa s e de trei na mento, com a i ns ta ura çã o de procedi mento pa ra
foi comuni ca do pel a Pres i dente da
di mento pa ra a pura çã o des s a tra ns ferênci a da quel es que es tã o a pura çã o des s a i rregul a ri da de e
FUNAC, a tra vés do Ofíci o n° 329/2019
l a ri da de; 2) Agenda mento i medi a to de com i nterna çã o defi ni ti va no Ca na ã . a fa s ta mento provi s óri o
que foi i ns ta ura do de Si ndi câ nci a
nci a de execuçã o pa ra eventua l Cons ta tou-s e o trei na mento de 17 do s eu di retor.A di reçã o da uni da de
i nves ti ga ti va , bem como círcul o
tui çã o da i nterna çã o por medi da em mei o (dezes s ete) pes s oa s pa ra s el eçã o de i nformou que como medi da de
res ta ura ti vo entre os envol vi dos .
o pa ra os a dol es centes em s i tua çã o de s oci oeduca dores , a fi na l i za çã o da prevençã o e s egura nça es tã o
decorrente de di s pa ro de a rma de fogo. s a l a de víti ma e pa rte dos troca ndo os chuvei ros de i nox e os
a l a mbra dos na s á rea s de ci rcul a çã o va s os s a ni tá ri os , bem como o
a tou-s e que, qua nto a i rregul a ri da de de
ções a nteri ores , a reforma dos doi s
mentos de convi vênci a protetora es tã o em
na l com ba nhei ros e ca ma s em a l vena ri a .

5)Na uni da de de i nterna çã o


6)Na uni da de de i nterna çã o
CJC, dos 38 com i nterna çã o defi ni ti va , três defi ni ti va do ba i rro Cri s tóvã o (CSISC),
defi ni ti va da Ma i obi nha (CSISJR),
s centes es ta va m com qua s e s ei s mes es e nes ta ci da de, com ca pa ci da de pa ra
nes ta ci da de, com ca pa ci da de pa ra
om qua s e 5 mes es de pri va çã o de l i berda de, 40 va ga s , encontra va m-s e 40
80 va ga s , encontra va m-s e 41
gra nte vi ol a çã o a os s eus di rei tos s oci oeduca ndos , a es col a ri da de
s oci oeduca ndos , ma s cons ta tou-s e a
dua i s e à s oci oeduca çã o. i ncl us i ve qua nto conti nua em menos de dua s hora s
pres ença de pes s oa s em trei na mento
e rel a tóri o de rea va l i a çã o s emes tra l ; pel a ma nhã e em di a s a l terna dos .
pa ra s oci oeduca dores e a i ns ta l a çã o
CJC os doi s a l oja mentos de proteçã o es tã o qua ndo na s dema i s uni da des s ã o
pa rci a l de a l a mbra dos , com a núnci o
s e de concl us ã o de reforma pa ra i ns ta l a çã o qua tro hora s e em di a s a l terna dos , o
de que a i nda es te mês a ocupa çã o
nhei ros e ca ma s em a l vena ri a : que já é uma i rregul a ri da de por s e
s erá pl ena ;
tra ta rzo
3) Pra dedemeta dea sdapacararga
15 di horá
que a osri a ;
de 30 dias para resolução da superlotação da
s oci oeduca ndo da uni da de de
de de i nterna çã o provi s óri a Ca na ã (Sã o
i nterna çã o defi ni ti va do Sã o
com a tra ns ferênci a da quel es que es tã o
Cri s tóvã o s eja ga ra nti do pel o menos
medi da s oci oeduca ti va de i nterna çã o, s ob
a meta de da ca rga horá ri a de
de i ns ta ura çã o de ofi ci o de procedi mento
es col a ri da de, como nos dema i s
pura çã o da i rregul a ri da de, cons i dera ndo
centros s oci oeduca ti vos , s ob pena de
o des res pei to à deci s ã o des te Juízo,
i ns ta ura çã o de ofi ci o de
ta da em jul ga da e proferi da nos a utos da
procedi mento pa ra a pura çã o da
enta çã o 0001183-1.2017.8.I0.0003:
i rregul a ri da de com a fa s ta mento
109

APÊNDICE M – 2ª VIJ, 2019e: compilamento do Relatório de Inspeção referente ao 5º bim.


[nota s gera i s ] CJF/ CSF CJSNV CJC/ CSIPC CSISJR
PASSO 1: Da dos gera i s de ca da s tro
Da ta da i nforma çã o 01/11/2019 01/11/2019 01/11/2019 01/11/2019

PASSO 4: Qua nti ta ti vos


Situação da unidade de cumprimento de medida
Ca pa ci da de projeta da de i nterna çã o 12 46 80
Ca pa ci da de projeta da de s emi l i berda de
Ca pa ci da de projeta da de i nterna çã o 5 51
Quantitativos de adolescentes na data da
Adol es centes cumpri ndo medi da de 9 44 11 75
Adol es centes cumpri ndo medi da de
Adol es centes cumpri ndo medi da de 3 65
Adol es centes em i nterna çã o provi s óri a
a ci ma do pra zo l ega l (45 di a s )
Adol es centes em cumpri mento de 1
Adol es centes em cumpri mento de s a nçã o 4 1
Adol es centes em cumpri mento de
iQua
nterna çãde
nti da o-sde
a nçã o fora
a dol do praque
es centes zo (90 di a s )
fa zem 2 11 3 5
us
Quao nti
de da
medi
de ca
deçãa o control
dol a da com
es centes
tra
Quansnti
torno
da dementa l (em
de a dol tra ta mento)
es centes com
dependênci a PASSO
quími ca6: (em
Di reitra
tosta mento)
Es tã o s endo a tendi da s a s di s ti nções
qua nto à i da de, compl ei çã o fís i ca e sim nã o sim nã o
gra vi da de do a to i nfra ci ona l , nos termos do
A uni da de pos s ui a l a ma terno-i nfa nti l ? sim nã o nã o nã o
Número de va ga s 2 nã o nã o nã o
Qua nti da de de cri a nça s no momento da nã o nã o nã o nã o
O a dol es cente em i nterna çã o provi s óri a
fi ca s epa ra do da quel e em cumpri mento de sim nã o nã o nã o
medi da i mpos ta por s entença tra ns i ta da
É a s s egura do o di rei to de vi s i ta ? sim sim sim sim

PASSO 7
Qua nti da de de a rma s de fogo encontra da s nã o nã o nã o nã o
Apa rel hos de comuni ca çã o nã o nã o nã o nã o
Mortes na tura i s nã o nã o nã o nã o
Mortes por homi cídi o nã o nã o nã o nã o
Mortes por s ui cídi o nã o nã o nã o nã o
Fuga s nã o nã o 1 nã o
Rebel i ões nã o nã o nã o nã o
Encontra da s i ns trumentos ca pa zes de
nã o 5 10 15
ofender a i ntegri da de fís i ca ?

PASSO 8
Provi dênci a s / cons i dera ções determi na da s
pel o jui z da i ns peçã o Irregul a ri da des : 1) Cons ta tou-
s e que na Ca s a D é i mprópri a
pa ra perma nênci a dos
Houve uma permuta de di retores
Sem i rregul a ri da des . s oci oeduca dores , em ra zã o de
entre a s uni da des do Ca na ã e Sã o
A uni da de i nformou que no di a fi ca r próxi mo de fos s a s , com
Jos é de Ri ba ma r. Cons ta tou-s e a concl us ã o
16/10 ocorrera m a tos de da no e ma l chei ro e pres ença de
Cons ta tou-s e que os a l oja mentos da col oca çã o dos a l a mbra do
a gres s ões verba i s , envol vendo mui ta s mos ca s , a l ém de mui to
convi vênci a protetora foi concl uída , Uni da de es tá funci ona nd
a s s oci oeduca nda s DSC, DLB quente, poi s o s ol ba te dura nte
a umenta ndo a ca pa ci da de de 42 pa ra s ua pl ena da ca pa ci da de
eTLBC, com o nome s oci a l TC, todo o di a e a s gra des do teto
51. va ga s ) e no di a i ns peçã o
s endo i ns ta ura do a CAD - fi ca m próxi ma s , o que pode
Houve uma fuga da uni da de, ma i s ti nha m 75
Comi s s ã o de Ava l i a çã o pos s i bi l i ta fuga ; 2) Fa l ta de
preci s a mente de CECS, ma i or de 18 s oci oeduca ndos .
Di s ci pl i na r, pa ra a pura çã o dos i l umi na çã o no corredor da Ca s a
a nos , que s e pa s s ou pel o menor
fa tos . B e de
CCCS, s eu i rmã o.
venti l a dores ; 3) Aus ênci a de
vi deomoni tora mento.

No di a a nteri or à i ns peçã o (24 de


A uni da de i nformou que es tã o outubro), a pós ba ti mento de gra de e
no comba te i ntens i vo a entra da a rremes s o de peda ços de l a jota s na s
Pel o menos s ei s s oci oed
de drogas, na mel hori a de a l a s C e D, envol vendo os
rel a ta ra m agressões física
revi s ta s e na s ubs ti tui çã o a dol es centes WSR e WMFL, houve a
verbais dentro da uni da de
s ervi dores s us pei tos de i ntervençã o do Grupo de Intervençã o
ocorri da s na pri mei ra s em
envol vi mento. Tá ti ca - GIT. Toda vi a , fora m rel a ta dos
outubro, envol vendo o dir
A uni da de i nformou ta mbém agressões físicos e abuso no uso de spray
coordenador de segurança e
que uma vez a o mês , o Dr. de gengibre pelo GIT, s egundo rel a tos
i ncl us i ve us o exces s i vo d
Berna rdo Montei ro, médi co da dos a dol es centes CVGS, WSC, WMFL,
de pi menta . Por envol ver
Uni da de Bá s i ca de Sa úde da WRSA, MVMLC e PLSC, o que foi
e o coordena dor de s egu
Ma ti a s , junto com os determi na do que o Di retor da
a pura çã o a dmi ni s tra ti va
a ca dêmi cos de medi ci na da uni da de l eva s s em os a dol es centes
ocorrênci a s s erá determi
Uni vers i da de Ceuma , fa z o pa ra exa me de corpo de del i to, bem
di reçã o da FUNAC.
a tendi mento a todos os como regi s tro da ocorrênci a pol i ci a l
s oci oeduca ndos . junto à DPCA. Al guns del es com
hematomas nas mãos em decorrênci a
110

CSIPC CSISJR CSIMSL/ CSIV CSISC

1/2019 01/11/2019 01/11/2019 01/11/2019

80 30 40

75 28 35

1 2
1 2

5 1 4
1
1

nã o nã o nã o

nã o nã o nã o
nã o nã o nã o
nã o nã o nã o

nã o nã o nã o

sim sim sim

nã o nã o nã o
nã o nã o nã o
nã o nã o nã o
nã o nã o nã o
nã o nã o nã o
nã o nã o nã o
nã o nã o nã o

15 nã o 2

Cons ta tou-s e que os


s oci oeduca ndos conti nua m no
mes mo horá ri o de escolarização
ve uma permuta de di retores
rel a ta do na i ns peçã o a nteri or e
e a s uni da des do Ca na ã e Sã o
com determi na çã o de que
de Ri ba ma r. Cons ta tou-s e a concl us ã o da
Sem i rregul a ri da des . s egui s s em o horá ri o da s dema i s
ta tou-s e que os a l oja mentos da col oca çã o dos a l a mbra dos .
Foi i nforma do pel a di reçã o da uni da des , jus ti fi ca ndo o nã o
i vênci a protetora foi concl uída , Uni da de es tá funci ona ndo com a
uni da de a entra da de drogas na cumpri mento da determi na çã o
enta ndo a ca pa ci da de de 42 pa ra s ua pl ena da ca pa ci da de (80
uni da de, porém nã o há pel a
va ga s ) e no di a i ns peçã o (18/10)
confi rma çã o qua nto a o a us ênci a de profes s ores
ve uma fuga da uni da de, ma i s ti nha m 75
envol vi mento de funci oná ri os . s ufi ci entes pa ra a dmi ni s tra r a s
i s a mente de CECS, ma i or de 18 s oci oeduca ndos .
a ul a s em uma ca rga horá ri a
s , que s e pa s s ou pel o menor
norma l , a l ém de já es tá
, s eu i rmã o.
encerra ndo o a no l eti vo,
comprometendo em regul a ri za r
no próxi mo período l eti vo.

i a a nteri or à i ns peçã o (24 de


bro), a pós ba ti mento de gra de e
mes s o de peda ços de l a jota s na s
Pel o menos s ei s s oci oeduca ndos
C e D, envol vendo os A di reçã o da uni da de comuni cou
rel a ta ra m agressões físicas e
es centes WSR e WMFL, houve a que na da ta do di a 21/10/2019, o
verbais dentro da uni da de,
rvençã o do Grupo de Intervençã o GIT (Grupo de Intervençã o Tá ti ca )
ocorri da s na pri mei ra s ema na de A uni da de i nformou que: a ) es tã o
ca - GIT. Toda vi a , fora m rel a ta dos foi a ci ona do pa ra conter um
outubro, envol vendo o diretor, o i ntens i fi ca ndo a s revi s ta s , ha ja
ssões físicos e abuso no uso de spray ba ti mento de gra de, tendo
coordenador de segurança e monitor, vi s ta a entra da de drogas na
engibre pelo GIT, s egundo rel a tos depoi s s i do rel a ta da s pel o
i ncl us i ve us o exces s i vo de s pra y uni da de, com s us pei ta s de
a dol es centes CVGS, WSC, WMFL, a dol es cente LCAN agressões
de pi menta . Por envol ver o di retor envol vi mento de funci oná ri os ,
A, MVMLC e PLSC, o que foi sofridas pel o GIT, a l ém i na l a çã o
e o coordena dor de s egura nça , a a l guns a fa s ta dos da uni da de;
rmi na do que o Di retor da de s pra y de pi menta . A di reçã o
a pura çã o a dmi ni s tra ti va da s
a de l eva s s em os a dol es centes da uni da de i nformou que foi
ocorrênci a s s erá determi na da à
exa me de corpo de del i to, bem fei ta a ocorrênci a pol i ci a l e o
di reçã o da FUNAC.
o regi s tro da ocorrênci a pol i ci a l exa me de corpo de del i to.
o à DPCA. Al guns del es com
atomas nas mãos em decorrênci a

b) na a reá da es col a ri za çã o
houve a quebra de ca dei ra s
pel os s oci oeduca ndos CRS e CFRL,
tendo s i do regi s tra da ocorrênci a
pol i ci a l .
111

APÊNDICE N – 2ª VIJ, 2019f: compilamento do Relatório de Inspeção referente ao 6º bim.


CJF/ CSF CJSNV CJC/ CSIPC CSISJR CSIMSL/ CSIV CSISC
PASSO 1: Da dos gera i s de ca da s tro
Da ta da i nforma çã o 16/12/2019 09/12/2019 13/12/2019 09/12/2019 13/12/2019 16/12/2019

PASSO 4: Qua nti ta ti vos


Situação da unidade de cumprimento de
Ca pa ci da de projeta da de i nterna çã o 12 46 80 30 40
Ca pa ci da de projeta da de s emi l i berda de
Ca pa ci da de projeta da de i nterna çã o 5 51
Quantitativos de adolescentes na data da
Adol es centes cumpri ndo medi da de 6 28 1 70 25 31
Adol es centes cumpri ndo medi da de
Adol es centes cumpri ndo medi da de 2 43
Adol es centes em i nterna çã o provi s óri a
a ci ma do pra zo l ega l (45 di a s )
Adol es centes em cumpri mento de 3
Adol es centes em cumpri mento de
iQua
nterna çãde
nti da o-sde
a nçã o fora
a dol do praque
es centes zo (90 di a s )
fa zem 2 7 2 6 1 4
us
Quao nti
de da
medi
de ca
deçãa o control
dol a da com
es centes
tra
Quansnti
torno
da dementa l (em
de a dol tra ta mento)
es centes com
dependênci a PASSO
quími ca (em
6: Di reitra
tosta mento)
Es tã o s endo a tendi da s a s di s ti nções
qua nto à i da de, compl ei çã o fís i ca e sim nã o sim nã o nã o nã o
gra vi da de do a to i nfra ci ona l , nos termos
A uni da de pos s ui a l a ma terno-i nfa nti l ? sim nã o nã o nã o nã o nã o
Número de va ga s 2 nã o nã o nã o nã o nã o
Qua nti da de de cri a nça s no momento da nã o nã o nã o nã o nã o nã o
O a dol es cente em i nterna çã o provi s óri a
fi ca s epa ra do da quel e em cumpri mento de sim nã o nã o nã o nã o nã o
medi da i mpos ta por s entença tra ns i ta da
É a s s egura do o di rei to de vi s i ta ? sim sim sim sim sim sim

PASSO 7
Qua nti da de de a rma s de fogo encontra da s nã o nã o nã o nã o nã o nã o
Apa rel hos de comuni ca çã o nã o nã o nã o nã o nã o nã o
Mortes na tura i s nã o nã o nã o nã o nã o nã o
Mortes por homi cídi o nã o nã o nã o nã o nã o nã o
Mortes por s ui cídi o nã o nã o nã o nã o nã o nã o
Fuga s nã o nã o nã o nã o nã o nã o
Rebel i ões nã o nã o nã o nã o nã o nã o
Encontra da s i ns trumentos ca pa zes de
nã o nã o nã o nã o nã o nã o
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PASSO 8
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112

APÊNDICE O – Tabela 3175 IBGE

Tabela 3175 - População residente, por cor ou raça, segundo a situação do domicílio, o sexo e a idade
Variável - População residente - percentual do total geral
Ano x Cor ou raça x Situação do domicílio
Unidade da 2010
Federação Total Branca Preta Amarela Parda Indígena Sem declaração
Sexo Idade Total Total Total Total Total Total Total
Total 100 22,13 9,69 1,13 66,52 0,54 0
12 anos 2,19 0,44 0,17 0,02 1,54 0,01 0
13 anos 2,17 0,43 0,18 0,02 1,53 0,01 -
Maranhão Total 14 anos 2,2 0,45 0,18 0,02 1,54 0,01 0
15 anos 2,15 0,44 0,18 0,02 1,49 0,01 0
16 anos 2,13 0,44 0,18 0,02 1,47 0,01 0
17 anos 2,06 0,43 0,18 0,02 1,41 0,01 0

% branca: 22,13
% preta e parda: 76,21

Fonte: IBGE - Censo Demográfico de 2010 (atualizado em 2019)


113

ANEXO A – Autorização para realização da Pesquisa Documental – 2ª Vara da Infância e da


Juventude de São Luís-MA
114

ANEXO B – Termo de Compromisso para Uso de Dados em Arquivo

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