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Calem a boca!!
Agradeço aos meus sobrinhos que despertaram em
mim o desejo de escrever sobre esse tema. Aos meus
pais, irmãos e cunhadas, pelo constante apoio.
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− Já esvaziei a lixeira! – segurando firme a mão do
amigo.
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Na escuridão da noite, na rua deserta e molhada,
apenas se via o amarelo das luzes dos postes e o
vermelho das luzes da ambulância.
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− Os médicos ainda a estão examinando. O que
mais tem a me dizer?
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− Um cachorro quente, por favor. – Carlos pediu
seu lanche. A cada mordida dada em seu pão, olhava
para os lados.
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− Não! Nem sabia que tinha cortado com um vidro.
– baixou a cabeça para ver melhor.
− Sim! Eu mesmo!
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− Vou comer outro cachorro quente e já volto. –
Paulo saiu da sala arrastando suas botas de couro.
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− Uma festa da faculdade.
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− Positivo! – responde o policial Rand, moreno, alto
e forte.
− E onde o encontrou?
− Na lanchonete da esquina.
− Isso o que?
− Sair e demorar?
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− Preciso saber de uma vez o que está
acontecendo. – falou muito chateado. – Estou sendo
suspeito de um crime que não cometi, estou com o joelho
dormente, estou no hospital a essa hora da noite, quando
deveria estar assistindo meu futebol e ainda estou com
fome.
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− Eu nunca vi esse casal antes. Eu não vou sair
com eles − fechando a porta.
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− Obrigada – pegando o aparelho. Ela olhou para o
fone em suas mãos, olhou para eles, para o ambiente, e
disse com ar estranho:
− Não sei…
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− Que horas são?
− Oito horas!
− É ele, quem é?
− Onde fica?
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− Alguém ao telefone mandou termos cuidado.
− Quem?
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De onde vem a Coragem? _ Iris Albuquerque
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− Entre Rose, fique a vontade.
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− Não sei. Talvez eles tenham pensado que eu
tivesse escutado alguma coisa. Confesso que não estava
prestando atenção a nada, apenas queria dançar. Aliás,
nem os vi por lá.
− Andreaplatz, 908.
− Não sei, acho que ela iria perder tempo com isso.
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− Pensa! Não precisa me dizer agora. Ainda terei
muito que conversar com eles sobre meu sumiço.
O telefone tocou
− Alô?
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− Não sinto vontade de sair. E se Natália ligar?
− Medo de que?
− Alô? Carlos?
− Sim!
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− Alô! Alô! Alô! – Cuidado? Como assim? O que
está acontecendo? Natália? – com o coração acelerado,
não sabia se a emoção foi em ouvir novamente a voz de
sua princesa ou por sentir medo.
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notado. Será que algum socorrista o pegou? Carlos se
questionava em pensamentos.
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Assim que chegou à fronteira, teve que estacionar o carro,
e correr para o banheiro público, pois não aguentava mais
a barriga. Na volta ao carro, percebeu um homem
suspeito saindo de perto do seu automóvel. Fez de conta
que não o viu, entrando no carro. Porém logo notou um
papel no para-brisa. Levantou-se rapidamente, apanhou o
manuscrito e o enfiou no bolso sem ao menos saber o que
era. Quando se distanciaram do local, criou coragem para
ler o que estava escrito. “Siga em paz, Deus o
acompanhe” – era uma daquelas mensagens positivas.
Um alívio e uma paz tomou conta dele.
− Alô!
− Rose?
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Carlos entrou no quarto e Paulo já estava deitado
na no leito abaixo do beliche. Subiu a escada de madeira,
deitou olhando para o teto, e adormeceu.
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escondidos e você vai seguir nossas orientações e nos
ajudar. – Rose falou olhando para ele.
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não. Voltou à porta e todos já estavam sentados no sofá.
Então retornou a cozinha e gritou, perguntando se alguém
queria água. Pegou o envelope e escondeu dentro da
camisa. Caminhou para sala tentando manter a
curiosidade equilibrada.
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A noite chegou e com ela o frio. Todos dormiam e Carlos,
olhando o teto, pensava em alguém que não conhecia.
Smith Noa! Quem era Smith Noa? O despertador tocou e
percebeu que já havia amanhecido, e que nem tinha
dormido. Sentiu o cheiro de café e foi para a cozinha.
Entrou e sentou ao lado de Rose.
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− E por que você não nos conta tudo? – Natália
perguntou chorando.
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Carlos anotou o nome e telefone do Sr. Monteiro e
sentiu um pouco de alívio. − Quem sabe assim podemos
resolver isso de uma vez por todas. Você tem ideia do por
que os outros acidentados foram transferidos? –
perguntou curioso.
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− Toma aqui o bilhete que ela me deu com o seu
endereço. Confere se bate – Paulo entregou o pedaço de
papel.
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− Não Por quê?
− Minha tia!
− Viajou?
− Há quanto tempo?
− Alguns meses.
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confuso, não sabia o quanto isso podia ter mexido com
ela. Olhou para Natália que já estava olhando para ele,
depois olhou para Paulo que também o estava olhando. –
O que fiz? Não queria desconfiar dela, mas tudo parece
tão estranho por aqui – falou alto, justamente para ela
escutar.
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− Desculpe-me, sou Carlos. Muito prazer. Sente-se
um pouco, vou acordar Rose.
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Levantou e andou de um lado para o outro. Olhou
para todos. Não conseguiu nenhuma ideia.
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De onde vem a Coragem? _ Iris Albuquerque
Monteiro estava de folga, e Carlos teve que dormir
aquela noite na casa dos pais de Claudia. Lá foi bem
recebido e muito bem acomodado. Em cima da mesa da
sala de jantar, havia dezenas de envelopes amarelos. Ele
sentiu um frio na barriga. Sua curiosidade cresceu tanto a
ponto de se arriscar e se aproximou da mesa aos poucos,
ao mesmo tempo em que observava os quadros na
parede.
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− Sou a irmã mais nova de Claudia – o olhou dos
pés à cabeça. – Você é o namorado dela? Você é muito
bonito!
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− Boa noite. Espere-me na lanchonete do outro
lado da rua. Estarei lá em alguns minutos. – falou sem ao
menos olhar para ele.
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− Quase nada! Mas estou com medo e preciso
proteger a mim e aos meus amigos. O que você tem a me
dizer? – colocando a caixa de bombons de volta na
prateleira.
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− É… ele é o Monteiro – falou Rose fingindo estar
confusa.
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Mais uma noite chegou e com ela uma
retrospectiva de todo acontecimento. Padaria, barulho,
Natália, hospital, medo, envelopes, duvidas, novas
amizades, mistérios e agora um amor. Carlos não sabia
mais como olhar para Natália que parecia disfarçar muito
bem algum tipo de sentimento por ele. Vez por outra ela o
olhava apaixonadamente, mas a aflição diária, o medo e
as novidades quebravam sempre o clima.
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− Vocês já podem voltar para suas casas, podem
voltar a suas vidas normalmente. Disse Dr. Marques.
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Há uma comoção de inconformismo rondando
aquela sala.
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De onde vem a Coragem? _ Iris Albuquerque
− Ei! Você foi comprar pão no Canadá, foi? Que
demora foi essa? O que houve? Por que você está me
olhando assim? – perguntou Paulo sacudindo a cabeça.
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comprei o pão. – pensou assustado. Olhou ligeiramente
pela sala e percebeu algumas correspondências em cima
da mesinha do telefone. – Quem colocou esse envelope
amarelo aqui? – questionou ao segurá-lo.
− Amor?
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Ela olhou para ele confusa, aproximando-se ainda
mais dando-lhe um beijinho na boca, voltando sua
atenção ao filme.
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Depois do banho, já acomodado no sofá com uma
coberta, Natália serviu um chá, enquanto Paulo fuçava o
quarto a procura do tal envelope com fotos. Achando o
esconderijo do amigo, quase perdeu o fôlego. Havia
dezenas de envelopes iguais, todos com o mesmo
remetente, todos com o mesmo interesse. “Editora
E.D.T.E”.
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Mais uma sessão de vômito. Rose e Natália
limpavam e tiravam a temperatura do paciente com um
termômetro.
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Carlos, vestindo um estiloso roupão, senta-se em
torno da mesa. Recebe um beijo e afagos de Natália, e
após estarem certificados que ele está restabelecido,
iniciam um minucioso relatório.
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E entre diversas emoções, muitos contadores de
histórias, conseguem fazer brotar lágrimas e sorrisos dos
leitores. E esse é meu objetivo! Falar através das letras
escritas… narrar todas as histórias que fazem parte de
meu mundo de devaneios. Poder contar da forma que
aprendi a me comunicar… escrevendo!
_ Iris Albuquerque
(contadora de histórias)
iris.albuquerque@gmail.com