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5º Tema

O Fim do Mundo
Então virá o fim, quando Ele entregar o Reino a Deus, o Pai.
Paulo (1Co 15:24)

Um universo transitório

Já entendemos que o universo está limitado no espaço e termina exatamente onde este deixa de existir.
Resta-nos agora compreender que, como ele está de igual forma tolhido no tempo, morrerá quando este
detiver o seu curso. Por isso podemos falar da morte do tempo e, consequentemente, do universo.

O limite inferior do tempo cósmico foi fixado em 13,8 bilhões de anos atrás, quando o universo emergiu das
trevas e iniciou sua jornada pelo oceano das eras. Ora, por princípio, inferimos que tudo que tem começo
terá fim. Então, por mais embaraçoso nos pareça, nossa majestosa edificação cósmica deixará um dia de
existir. Nesse caso, precisamos entender a razão de sua transitoriedade, ou seja, o que motivou o Senhor a
erguer essa estupenda construção se, desde o princípio, havia determinado sua extinção.

A Era Moderna, assim como não soube colocar fronteiras ao espaço sideral, não pôde também limitar o
tempo universal, concebendo-o interminável, conferindo, desse modo, existência eterna ao cosmos. O
espiritualismo nascido com a ciência tampouco impôs limites a nossa morada sideral, parecendo engrandecer
o Criador ao imputar ausência de fronteira a Sua obra. São teses louváveis, mas que atribuíam também ao
Divino a eternidade da matéria e suas injunções, como a mutabilidade, a degradação e o peso que ela
representa para o Espírito, visto o quanto é laborioso seu esforço para se libertar dela. Além do mais,
perenizava-se a destruição, a dor, a morte e o mal, atributos incompatíveis com a Natureza Divina.

Outras crenças, como o Hinduísmo e a Teosofia, propõem-nos a existência de infinitos universos que seriam
criados e extintos na eterna planície do tempo1. Ainda que agradem a muitos, suscitando-nos o imenso poder
criativo de Deus, essas tradições nos apresentam, na verdade, um Criador subordinado aos imperativos
relativistas do tempo, a dimensão indispensável para que novos mundos possam germinar continuadamente
pelos campos de um ilimitado espaço. Tal proposta levaria à necessidade da perene existência de domínios
físicos para que Seus Filhos pudessem se desenvolver, eternizando-se a existência da matéria e de seus males.

Nosso Reino não está neste mundo

Hoje, com as teses de Ubaldi, estamos convencidos de que o Universo realmente definitivo é o Divino, sendo
o nosso um edifício provisório, destinado a albergar os Espírito falidos até que retornem a suas origens. E
assim como nasceu um dia, está fadado a extinguir-se na ordem do tempo. Compreendamos, contudo, que
não estavam erradas as poderosas correntes inspirativas que ergueram as escolas espiritualistas do século
XIX, uma vez que a Obra Divina só pode ser ilimitada em todos os sentidos e em todas as dimensões. Faltou-
lhes compreender que a eternidade e a infinitude reais não pertencem ao cosmos físico em que vivemos,
uma vez que os eventos próprios do espaço-tempo não são pertinentes ao Universo do Espírito. E somente
podemos conceber como genuína obra de Deus um mundo sem espaço e sem tempo, pois tal é a natureza
de Nosso Pai. Portanto os Filhos gerados em Seu âmago também devem ter sido criados para viver fora das
constritas medidas do relativo, uma vez que foram moldados em Sua Substância, detendo Seus mesmos
atributos como indiscutível legado.

Diferentemente das modernas escolas espiritualistas evolucionistas, o Cristianismo, em todas as eras,


estabeleceu limites para a criação, preconizando, com determinação, a transitoriedade do mundo físico e
seu inexorável fim. E nos ensinou que a ausência de limites era pertinente apenas ao Reino Celestial. Nas
concepções cristãs mais puras, esses dois universos – o mundo da matéria e o Mundo do Espírito – são

1
Essa tese espiritualista, juntamente com a hipótese do multiverso, será objeto de discussão no 5º Tema do 6º
Movimento.
1
entidades bastante distintas, duas realidades inconciliáveis, uma vez que o Evangelho está pleno de informes
que nos concitam a abandonar os interesses mundanos da carne, para priorizar os do Espírito. Essa é, sem
dúvida, a tônica de todos os discursos de Jesus, os quais terminaram por estimular Seus devotos a uma vida
ascética. O evangelista João, por exemplo, alerta-nos: “Não ameis o mundo, nem o que há no mundo. Quem
ama o mundo não tem em si o amor do Pai”2.

Portanto, segundo a cosmologia cristã, corroborada pelo próprio Cristo, nosso cosmos não integra a original
Criação de Deus, como já referimos. Ele nasceu conforme os relatos do Gênesis mosaico e morrerá como
descrito pelo Apocalipse de João. Um mundo não apenas encerrado nas redomas vítreas do Céu, mas
igualmente limitado entre seu nascimento e sua morte. A eternidade e a infinitude foram, assim, imputados
ao Mundo Celeste, não ao nosso.

Jesus referiu-se ao nascimento de nosso mundo3 e anunciou seu término no Sermão Profético. Ele foi claro
em esclarecer-nos a existência de um domínio além de nosso cosmos, o Reino de Deus, já “preparado antes
que o mundo existisse”4, o qual deveria ser o motivo maior de todos os nossos anseios5, comparado ao mais
valioso tesouro que existe, justificando-se dispormos de todas as nossas posses físicas para conquistá-lo6.
Garantiu-nos que Seu Reino não é deste mundo, pois aqui é o império do mal, dividido entre dois senhores,
e que todo reino dividido terá fim7. E assegurou a Pedro que “as portas do inferno não prevalecerão”8.

Fim da Terra, mas não do Céu

Curiosamente, encontramos em O Livro dos Espíritos a informação de que “o mundo corporal é secundário;
poderia deixar de existir, ou não ter jamais existido” (59), levando-nos a questionar as razões de sua
existência e a concluir que, de fato, trata-se de edificação transitória, fadada a desaparecer, uma vez que o
Universo Abstrato do Espírito é o mundo definitivo, o único apropriado a sua natureza, segundo os propósitos
do Criador, ao que tudo nos indica.

O espiritualismo moderno, a despeito disso, sem negar as afirmações do Divino Pastor, interpretou o Sermão
Profético apenas como uma mudança de fase da nossa humanidade, na infinita marcha do progresso, e não
o término absoluto do universo físico. Com isso, o “Juízo Final” foi associado a cataclismos que poderiam
convulsionar o planeta, mas jamais destruí-lo, e muito menos o universo, considerado de existência eterna.

Compreendemos que a vida terrena poderá ser extinta por diversos fatores. Por exemplo: a queda de um
meteoro de proporções consideráveis, uma guerra nuclear ou a poluição ambiental, se o homem não
conseguir utilizar de forma racional os recursos naturais. São eventos que nos falam de uma devastação local,
em nosso planeta, e não de todo o universo físico. A ciência também se refere a outras ocorrências
catastróficas para nosso orbe, sendo de difícil contestação. Por exemplo: o choque de nossa galáxia com
Andrômeda, nossa vizinha mais próxima, situada a 2,5 milhões de anos-luz. Já está comprovado que esses
dois gigantes girassóis cósmicos estão em rota de colisão e calcula-se que daqui a cerca de quatro bilhões de
anos eles se fundirão. Se nosso Sistema Solar não for destruído, seguramente será chocalhado pelas
tormentas gravitacionais de grandes proporções que advirão, tornando-se, de qualquer modo, uma grande
comoção para o Sol e seu séquito de planetas.

É um tempo por demais longo para nos preocuparmos, pois outros acontecimentos importantes derruirão a
Terra muito antes disso. Talvez o mais significativo esteja relacionado à vida de nosso Sol, pois este
seguramente nos afetará. Nossa estrela é uma imensa massa de hidrogênio que libera sua fantástica energia

2
1Jo 2:15.
3
Mt 25:34.
4
Jo 17:5.
5
Mt 6:33.
6
Mt 13:46.
7
Mc 3:24.
8
Mt 16:18.
2
ao fundir os núcleos desse elemento em hélio. Calcula-se que ele queime 300 milhões de toneladas de
hidrogênio por segundo, o que vem fazendo desde que se formou há 4,5 bilhões de anos (34). No entanto,
na imensa prodigalidade da natureza, seu combustível ainda durará mais cinco bilhões de anos, quando
então morrerá, levando, naturalmente, à extinção toda a sua família planetária. Antes disso, porém, estima
a ciência que, dentro de um bilhão de anos, sua luminosidade aumentará em 10%, o que eliminará
completamente a vida terrestre – oceanos evaporarão e rochas e montanhas derreterão. Portanto estamos
seguros de que a vida em nosso planeta, caso escape de outros cataclismas, não será mais viável depois desse
período, quando podemos demarcar com segurança o “fim do mundo”, pelo menos de nosso planeta e de
seus seres.

Entretanto encontramos na escatologia9 cristã outra interpretação para as previsões do Evangelho. Podemos
considerar que o discurso profético do Cristo e as descrições apocalípticas de João estejam anunciando não
uma simples mudança de etapa na evolução terrena, mas o término do próprio universo físico, ou seja, a
morte do relativo e suas referências dimensionais. E encontramos justificativas para essa interpretação na
nova cosmologia. Logo é a própria ciência de nossos dias que está conferindo validade às palavras do
Evangelho, ao sugerir-nos que nosso universo não é eterno, assim como já vimos que não é infinito. Do
mesmo modo como nasceu um dia, também morrerá na linha do tempo.

A morte térmica do universo

Já está claro que nosso cosmos está sendo estufado por uma força expansiva, a energia escura, desde os
instantes iniciais do Big Bang, que vem promovendo vertiginosa dilatação do espaço sideral e de tudo que
ele contém. Logo depois, descobriu-se a existência de uma força oposta, a matéria escura, que estaria
contraindo o campo universal, estabelecendo-se assim um cabo de guerra entre essas duas poderosas e
antagônicas forças.

Não se sabia, até então, qual dessas duas forças dominaria o cosmos. A vitória de uma delas estaria na
dependência da quantidade de matéria existente no universo, a chamada massa crítica. Se esta superasse o
estabelecido pela constante cosmológica (a mesma de Einstein, já estudada), esperava-se que todos os
corpos do universo convergissem para um ponto, uma vez esgotado o impulso expansivo – movimento que
foi denominado Big Crunch (grande implosão) –, fato que poderia deflagar um novo Big Bang nas paisagens
siderais. Se, porém, a massa limite fosse menor que a esperada, a contração perderia força e o cosmos estaria
predestinado a se expandir para sempre. Curiosamente, seu valor se mostrava exatamente entre os dois
valores fixados para ambas as possibilidades.

Além disso, era de se esperar que a energia inflacionária – a força remanescente do impulso inicial que
promoveu o Big Bang – estivesse progressivamente se enfraquecendo e terminaria por extinguir-se. É o que
ocorre com os corpos aquecidos que se esfriam totalmente ao irradiar calor. As emanações caloríficas
geradas no início do cosmos seguem esse padrão e vêm se aplacando com o tempo, à medida que o universo
se expande, delas restando hoje senão a CMB, um espectro térmico de 2,73 K de temperatura. Assim era
previsto que o edifício cósmico estivesse também sob paulatina desaceleração em decorrência da atração do
conjunto de suas massas.

Em 1998, contudo, uma nova descoberta sobre a energia escura surpreendeu os atentos vigilantes do céu.
Dois grupos de astrônomos, ao observar o espectro das supernovas, fizeram a interessante constatação de
que elas estão se afastando muito mais rápido do que outras mais distantes. Concluiu-se, assim, que a
expansão cósmica está em franca aceleração. E essa dilatação acelerada não está dando mostras de
apaziguar-se, muito pelo contrário, está progressivamente aumentando, fazendo o universo arremeter-se
além de seus limites. Assombrados, constatamos que nosso universo está se apagando, uma vez que vai
inflar-se até sua completa morte térmica – a extinção de todas as suas energias. Tudo que existe desintegrará

9
A doutrina que trata do destino final do homem e do mundo.
3
num palco sideral enrijecido no zero absoluto, após o nivelamento total de todas as forças que o
alimentaram.

Essas considerações levam-nos a postular que a constante gravitacional, determinada por Newton, está se
modificando com o tempo, em decorrência da gradual redução da atração das massas, até que se anulará.
Todas as forças contrativas do universo serão extintas, inclusive as nucleares (força forte e força fraca), o que
ocasionará a decomposição de todos os átomos existentes em nossa realidade. Então nosso cosmos
desaparecerá, quando a expansão do espaço promover o desfazimento de todos os seus elementos
constitutivos. Esse fim foi prenunciado por Ubaldi, ao dizer-nos que, ao final, não restará nesse universo um
átomo sequer – e toda sua substância formativa retornará ao estado essencial de pureza. Evidentemente
que estamos falando de um distante horizonte cósmico, ainda não muito bem determinado.

A cosmologia vem se pronunciando sobre isso, demonstrando-nos que o fim do universo está muito mais
próximo do que imaginamos. Em 2015, o chamado Projeto Gama, depois de estudar mais de 200 mil galáxias,
concluiu que o cosmos está em franco declínio e não tardará a morrer. Depois de efetuar a mais cuidadosa
medição de todas as energias espalhadas pelo universo, esse estudo comprovou que elas advêm, de fato, do
Big Bang e que a maior parte delas foi, posteriormente, aprisionada na matéria. Desde então, essas energias
vêm sendo liberadas pelos espaços em forma de radiações térmicas e luminosas, consumidas, sobretudo,
pelas reações termonucleares das estrelas. Os cálculos mostram que essa massa energética caiu pela metade
nos dois últimos bilhões de anos e está se degradando aceleradamente. Por isso Simon Driver, um dos
diretores dessa pesquisa, afirmou: “O universo está fadado ao declínio a partir de agora” (122).

Concluímos, então, que nossa casa cósmica não se precipitará numa grande concentração, como antes se
postulava, mas se dissolverá na total morte térmica. É uma nova realidade que nos assusta, parecendo-nos
por demais funesta.

A cosmologia não sabe nos dizer até onde prosseguirá a expansão cósmica. Sua conclusão mais lógica parece
ser que, uma vez extintos todos os seus pulsos dinâmicos, os gélidos corpos que lhe restarem, imersos no
zero absoluto e na completa negritude, vagariam para sempre nos espaços cada vez mais diluídos, sem jamais
encontrar um paradeiro. É um triste fim para tão espetacular edificação, a qual, dessa forma, não estaria
entregue a nenhum propósito transcendente.

Despois dessa constatação, uma intrigante pergunta não se cala em nossas almas: essa fantástica construção
que nos alberga com seus incontáveis bailados galácticos, referto de mistérios e possibilidades, mundos e
humanidades, deixará um dia de existir? Por que então foi criada e qual sua finalidade? Ela simplesmente se
extinguirá ou lhe aguardará um outro destino após o fim dos séculos?

A Interpretação de Gúbio garante-nos que nosso mundo migrará completamente para a Dimensão Divina, e
será transmutado na sua totalidade em essência pura, pois, assim como nada se cria em nossa realidade,
tampouco coisa alguma pode ser destruída.

O Fim dos Tempos

Inferimos com facilidade que a inflação cósmica não se dirige ao infinito e encontrará um desfecho: à medida
que ela avança, os potenciais universais se transformam e evoluem. Assim seus limites serão absorvidos pela
Dimensão que lhe é superior e contígua – o Absoluto. O cosmos espaço-tempo se dissolverá, mas para
continuar existindo em outro domínio, no nível superior da Criação. Suas medidas dimensionais serão
superadas e desaparecerão, mas apenas aos olhos daqueles que não puderem acompanhá-las. O relativo
será assimilado pelo Universo Abstrato, onde passaremos a viver – é o que a Interpretação de Gúbio nos leva
a concluir e também a dedução mais lógica, uma vez que o cabal aniquilamento da realidade cósmica seria
verdadeiro absurdo do ponto de vista de um Criador sábio e coerente.

4
Podemos, assim, identificar o término do universo material com a escatologia cristã. O Sermão Profético
anunciado por Jesus se cumprirá – representando a completa extinção das dimensões relativizadas. Essa
predição, não se refere, portanto, à mudança de um ciclo em nossa evolução, que seguiria ad eternum no
palco do espaço-tempo, como muitos entendem. Tudo nos leva a crer que se trata realmente do “fim do
tempo”, a completa extinção da dimensão temporal pela superação evolutiva, quando o ser, migrando para
o Universo Divino, passará a viver dentro de nova Realidade Dimensional, onde inexistem as medidas do
relativismo. Este verdadeiramente é o Mundo Divino ou Reino dos Céus, preconizado pelo Cristianismo em
todas as épocas.

Então tudo que nasceu com o Big Bang, produto da matéria e da energia, será dizimado no esboroamento
do espaço e na diluição do tempo, quando o cosmos atingir o extremo de sua dilatação. Apenas o Espírito,
que não foi criado em seu seio, sobreviverá, desvestido de todos os seus envoltórios materiais e mesmo
dinâmicos. Esse é, acreditamos, o significado teleológico do “fim dos tempos”.

Compreendemos que o tempo é medida de movimento, de modo que, ao cessar todo transformismo
fenomênico em nosso universo atual, o ritmo cronológico deixará de pulsar. O espaço, a dimensão da
matéria, também morrerá, fazendo extinguir o palco em que as massas se expressam. Nada restará. Toda
substância contraída será restituída a sua condição originária de plenitude. A grande Queda do Espírito terá
esgotado seu patológico pulso. O mundo da matéria e seu caos, dores, destruições e mortes não mais
existirão. A ordem, a felicidade e a Vida Eterna, prometidas pelo Cristo, reinarão para sempre! Assim será
cumprida Sua promessa de que “as portas do inferno não prevalecerão”.

Com a morte da matéria, desaparecerá sua dimensão, o espaço. Da mesma forma, com a transubstanciação
de toda energia em Espírito, o tempo deixará de medir o transformismo evolutivo e também se extinguirá.
Então o Ser imortal migrará definitivamente para o Universo Superdimensional.

Stephen Hawking, talvez o pensador que mais se aproximou da verdadeira natureza do tempo, compreendeu
que o ritmo cronológico está encerrado nos limites dimensionais de nosso cosmos. “A singularidade assinala
o fim do próprio tempo”, declarou o famoso cientista em uma de suas obras (49). Facilmente concluímos que
aí, onde o espaço atinge a escala de Planck e sucumbem todas as Leis Físicas, o tempo também cessa seu
frenético badalar. Exatamente aí termina o mundo físico e se inicia o Reino do Espírito, verdadeiramente
atemporal e não-espacial.

O espaço só é infinito enquanto se alonga. O tempo é eterno apenas enquanto pulsa. Surpreendente! Eis
uma revelação consoladora que nos faz compreender que os limites do universo, por existirem apenas no
plano em que se manifestam, esfacelar-se-ão, devolvendo-nos à verdadeira Infinitude e real Eternidade. Não
estaremos presos nas amarras deste mundo e suas agruras para todo o sempre, pois seremos libertos pela
expansão evolutiva, dadivoso tentame salvador da Lei.

E devemos compreender ainda que o tempo de retorno ao Reino Primordial é distinto para cada Espírito, e
não aguardaremos todos a completa extinção de nosso universo para voltarmos a nossas origens, felizmente.
Cada qual terá então o seu “Juízo Final” ao término de sua particular maturação evolutiva. Retomaremos
esse tema mais adiante.

5
Fig. 35 – Vemos na GES o nascimento e a morte do universo: ele nasce pela concentração dinâmica da Queda e está morrendo pela
degradação energética, que o fará retornar ao estado original, o Universo Espiritual e Eterno.

Do outro lado da escuridão cósmica

Agora entendemos que um espaço ilimitado e um tempo eterno, embora nos pareçam naturais, são um
absurdo do ponto de vista da Divindade. Um verdadeiro Deus jamais se sujeitaria a essas medidas, pois são
impróprias aos parâmetros da absoluta perfeição, trazendo graves empecilhos à arquitetura conceitual do
Reino Puro. Tampouco, prestar-se-iam ao Espírito, criado também como um deus. Recordemo-nos de que
Jesus nos assegurou que o Criador “não dá o Espírito por medida”10.

Por isso estamos certos de que fomos criados sob a égide do Imponderável, desvestidos dos estranhos
paramentos entretecidos em energia e matéria, tempo e espaço, e por isso não estaremos para sempre
entregues a suas contorções, desmandos e dores. Somos atemporais e não-espaciais, assim como Nosso Pai.
Eis uma informação que deveria nos extasiar e fazer sorrir a alma – e agradecemos a Ubaldi por haver-nos
conferido tal certeza.

Sua limitação no espaço e sua transitoriedade no tempo comprovam-nos que o universo físico não é a
principal criação de Deus. Sua verdadeira Obra é a Dimensão do Espírito puro, onde encontraremos o real
Infinito e a verdadeira Eternidade. O mundo em que vivemos é edificação secundária, provisória e limitada,
portanto fadada a extinguir-se. Recordemo-nos de que Paulo de Tarso, como já citado, deu-nos a certeza de
que nosso cosmos se extinguirá, ao dizer-nos que “o imperfeito será aniquilado, quando vier o Perfeito”11.

A transitoriedade de nosso mundo é uma das mais impactantes revelações de Ubaldi, que precisa ser
encarada com seriedade, pois ela nos induz a conhecer exatamente por que ele foi criado, por que nos
encerramos nele, qual é a nossa lídima natureza e, enfim, como e por que precisamos urgentemente deixar
suas plagas físicas, que tanto nos limitam, impedindo-nos de desfrutar da plenitude e da felicidade a que
temos direito.

São informes que estão em perfeito acordo com as revelações cristãs de todos os tempos. É assim que o
Apóstolo dos Gentios escreveu aos Coríntios dizendo que nosso mundo encontrará seu término, quando,
então, seremos entregues ao Reino do Pai, onde passaremos a existir em diferenciado realismo, ainda
inconcebível por nós12. É uma promessa que supera o tempo, pois foi corroborada pelo Cristo, e inunda-nos
a alma dos mais doces enlevos, garantindo-nos que sobreviveremos nessa outra Paradisíaca Realidade.

A morte do universo físico pressupõe também a extinção das esferas espirituais que albergam o Espírito nos
interlúdios reencarnatórios, uma vez que são construções relativistas e integram o AS, como já nos referimos.
Retornaremos a esse intrigante tema mais adiante, uma vez que nos custa admitir que os diáfanos mundos

10
Jo 3:34.
11
1Cor 13:10.
12
1Co 15:24.
6
espirituais que nos aguardam depois da morte física são igualmente provisórios e não representam nossa
Morada definitiva.

Então sabemos agora que somente os olhos da alma nos permitem divisar o fim do universo. E estamos
cientes também de que, do outro lado da escuridão cósmica, além dos abismos dos espaços, brilham as
admiráveis paisagens do Mundo Divino, com seus inconcebíveis continentes. Eles aguardam que lá
aportemos, depois de singrar os mares do tempo, para nos ofertar suas iguarias celestiais. E quando, em suas
praias, enfim, estilhaçarem-se as naus de nossos corpos, arremessadas pelas poderosas ondas da evolução,
nossas almas serão entregues aos braços do Inefável. E este será o indescritível momento da união com o
Todo! Aguardemos!

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