Você está na página 1de 146

ha- Yl\üwu de~~, t~, t~ Otc-M-

e "Yl\~tc- dc-6 Yl\~~", Uf1.. c:c-~


~ 30 ~ ~ "Q~~ í}á-" e

l ~ 2S ~ k e"'~W~4M de Yl\üwu G~ .
&
e
r
á
a
á
e,

Manifesto
dos
Mineiros

• l
ME
981.51
L695 '\111\\ li\\\11\\\\11\11\\\\\11\1\1\\1\\1\\11\
2014 Ex : 7679'2
r
;\ r I
_., I, I

, J I ·
Gove rnad o r do E ~ tad o de Minas C:cLlis
Alb erto Pin to Coe lh o

Preside mc da Asse mblcia Legislat iva do Estad o de Mi 11as C:c rai s


Din is Pinheiro

Prcsidc me do T ribunal de Ju stiça do E~tad o de M in as C:c rais


j o aq uin1 Herculano R.odrigues

Pro curodo r- Gc ral de ju stiça do Estad o de Mi 11as C: erais


C arl os André Moriani Lli ne nco urt

Secre r;íri a de Estad o de C aso C ivil c de l ~e la çõcs ln stiw cio nai s


Mari a C:oe li Sim ões Pi res

Diretor- Geral da Imp rensa O fi cial do Estad o de Minas C:cra is


Eugê nio Ferr;-t z

l'resid e mc do Institu to 1-Iistú ri co c Geogd fico de Min os Ge rais


W agner C:ol 01 nbaro lli

Prcsideme do ln stiwro dos Ad vogad os de Minas Gerais


Lui z l ~ i co rdo Go m es Aronh o

Prcs id c mc da Acad emi a Min eiro de Le tros


O b vo R o man o

Edi ção: Imprensa O fi cia l do Es tado de M in as Ge rais


2 I de abriI de 20 1-t
Ti rage m : 2. 000

Proj eto c co nce pção gd fica: Eugê ni o Ferraz


Exec ução : Fabiana Tin oco
l' rograllla çiio Cd fic o: Fa bioll a Ti11 oco. Vi cto r M edill o c J) aiallll e Pac heco
Pesqui sa: Eugê nio Ferraz , Pctrô nio Sou za C o n( alvcs e Marlen e M o ura
C onselho Edi to ria l para esta edi (ão: Ari stó teles Dnlll ll ll o nd , Urun o T erra Dias, Eugê ni o Ferra z, Ma1-cos l>aulo de So uza M ira nd a c
l>ctrtJn io So uza C: o np lves
l ~ev i siio ti 11:li : C:arlm Alberto Vi lhcna c Pc trô ni o So uza
Produ ,:ii o excc m iva: Eneida Stc hli ng, FrallSim ei Lli ~ }.ltl , C: abr icl Samm, l< c11 ya C:11 npos. Lorranc C: ir i11 o L' Ltlll:l Oli ve ira
ln1 pressiio: ln1pre nsa O fi cial do E-;rado de Mi nos C:L·rais

O s arti gos desta cdi .,:iio. relac io nados o segui r, tó ralll o ri gi 11alm e nt c publ icados 11.1 rev ista Nk m úria ( :ul t, n" ()2 de
201 1: À f:1ce de Tiradc11tcs; O tri stL' des tino dos lll conlide ntcs min eims tk grcdados p :~r:l a Áfi·ica (:ll'li go q ue co nt inu o u
na M t: lll <.Jri a C: ult n" 1); Un 1 Novo O lhar So bre T o m:Ís C:o 11 zaga; Cl:íud io M :m oe l da C:osra L' .1 C:.l\,1 dos Co ntos; () pri -
n1 ciro rosto de ' "" !IJ CO IJ iid c m e; O rep:n ri :llll t: nto dos ossos dos inco nild e llt L·s; () prL·sid c' llt L'; A lla nd eira; 1\·1., "p ie
cbdc de Sua Maj es tade"; A R evo lta dos Eck si:ísti cm; U n1 poeta no ex íli o; Tir.Jd c·nt L'' no snt.1o; Aho rtl.! gc nl so bre 0
J)outor Tirad t: lltt:s (M cn1 ória C: ult n" li1; Ri co L' ll_.cv ol wso; Logo :q>ús a lll n >nli d l: nci,l . . 1 lnd q>L'IId ê nci.l; Alg tlll l.l\
pedras no 111 eio do c:nn i11h o (Me n1 ú ria C: ult n" li) c T irade nt es: U n1 resg. Jtl' h istú ri co necess.í ri o (Mc n1 Úri.1 <:ult n" <J 1.

Pro jeto e execução: Lih~ rdad c . <.:s'>l! ncia de Min as I Organ it.ador: J:ugl! nio Ferra ;. lk lo l lorit.onl c: llllpr~ n s a Olici:d.
20 14.
p.: il.

ISBN

I. ll i">Hiri a Mi nas Gerai'>. 2. lnco nli tll! nci;, Mine ir:L .1. Tiratl cnte'. -1. M :~ni fe, t o " " ' llli nciros. 5.
Direias j:í. (l. Co n s t i t ui ~:io - Min:~ '> ( icra i' I. l'e rr:ll.. J·: ugl! nio. 11 . Títu lo.
IMPRENSA OFICIAL
MINAS GERAIS ( 'J) l J ')-Jf X 15. I )

ASSEMBLEIA & GOVERNO


DE MINAS
Poder • Voz do Cldadlo
~'\DE MINAS

IMPIUlNSA OfiCIAL
M IN A S OI'J HAI I!I I IH
SUMÁRIO

Liberdade, essência de Minas .... .. ... ... ... .... ............ ..... ... .. .. ... .......... .... .. ... .. ... .. .... .. .... 5
A face de Tiradentes ....... ....... .... ... ... .. .... ...... ... ..... .. ..... . ........ .. .... .. ... ... ...... .. . .. ... ... ... 7
Tiradentes : um resga te históri co necessári o ... ....... .. ....... .. .... .......... .... .. ... ......... .... ... .. 9
O triste destino dos In con fidentes min eiros degredados para a África ..... .... ... .... .......... 13
Un1 n o vo olhar sobre Tomás Gonzaga .. ... ... ... ....... ... ..... ...... ... .... .... ...... ...... .... ..... ... 21
C láudio Manoel da Costa e a Casa dos Contos .......... ............. .... .............. ....... ........ 27
O primeiro rosto de um In co nfidente .... ........... .. .. ... .. ... ....... .. ... ... ... .. .. .. .. .... .. ......... 33
O repatriam ento dos ossos dos In confidentes .. ... ..... ... ... .. .... ...... ............ .. ... ... .... ...... .41
O presidente ... ... ....... . .... .... ......... ... ...... ......... ........... .... .. .. ........ ..... .... .. .. .... ......... .45
A Bandeira .. ... .. .. .. ... ... .. ........ ...... ... ...... .. .. ... .. ...... .. .... ... .... .......... .. ....... ...... .. ......... 47
Pela " pi edad e de Sua M é~ es ta d e" ... .. .. ... .. .......... .. . ..... .. .. .. .. .. . ....... ... ............. .......... .51
A Revolta dos Eclesiásticos .... ..... ........ .......... ...... ... .. .... .... .... ... ............. .. .. . ..... .. .....55
Um poeta n o exíli o ...... .. .. ........ .. .. ... .. .... .... ... ... .. ............ . .. ... .... .. ... .... .. .... ..... . ........ 57
Tiradentes no sertão .... ..... .... ................ .. ... .... .. .......... .. ..... .... .... ... ... .. . .................. .61
Ab o rda ge m sobre o D o uto r Tiradentes ..... ........ .. .... ............. .... .... ...... . ... . ....... .... .... 65
!Zico c R. evo ltoso ......... .... .... ................ ... .. .. .. ... ... ......... .. .. .... .. .. ... ... ... .... .. .. .. .. ... ... 69
Logo após a In co nfid ên cia, a Ind ep endência ..... .. .. ... .. ... .... ....... ... ... .. ........... ... ... ...... 73
Marília de D irce u .... ..... .... ... .. ... .. .... ..... ... .... .. .... ..... ....... .. .. .. . ... .. . ... ... .. .. ... .... ........ .77
Teófi lo Oto ni .. ... ....... .... ..... ... ... ............ . .... .... ... ........ ..... ..... .. ..... ........ ...... . ...... .... 85
Teofi lo Oto ni en1 Sa nta Lu zia ... ..... . .. . ..... ... ... .... ........... . .......... ................ .. ... .. ..... .. 89
Algum as ped ras no m eio do Glminh o ... .. ...... .. .. ....... ... .... . ... ... ... .. ... .. ... .. ... ... . .. ..... .... 93
O Mani festo dos Min e iros ... ..... . .. .... . .... ..... ... .... .... .. ... .. .. . ...... .. ..... .. ......... . ..... ....... .99
30 anos das Diretas j;1! ..... ... ......... ..... ... ............ ..... ......... ... .. ..... .. ................ ...... ... 11 5
l ) iretas J ~í .. .. .. ..... .. ..... ..... ...... .. ...... ... ..... ... .... .... ... .... .. ... ........ ... .... .... .. ....... .... . ..... 117

25 anos da Co n st i t ui ç ~o Min eira.. ............. .. ....... .......... ... ... .... ....... .... ...... ... .... ... ... 123
25 anos da Co n st itui ç ~o Min eira ... ... .. ..................... .. ..... ....... ......... ...... .. .... .. .... .... 127
M eda lh a c.b In co n fid ência .............. .. ... .... .......... ... .................. ... .... .. .. .... .... ... ....... 129
O pri111 e iro C hance lcr da Meda lh a da In co n fid ência ............ ........ ........ .. ................ 133
C réditos ... ..... ... ... .......... ............. ..... ......... ... ...... .... .... ....... ...... ........ ... ..... .... .. .... 13(J
Sob re o C J) ..... .. . .... .... .......... .. ....... .... .......... ........ ... .. .... . ... .... . ... ... ......... ... ..... .... 13(J
que o sonho huLnano aúmen/a
que não hán./ ngu6n que e.-púque
e nJógu6n que não en/enóa. ..
LIBERDADE, ESSÊNCIA DE MINAS

MÍnas GeraÍ~ este Estado quase nação, se111pre se fàz presente na


vanguarda /Íhertá.tia nacÍonal, desde as o.tigens da cÍvilÍzação hrasÍ/eÍra

ssim foi no século X VIII , com o C iclo do Ouro , quando das entranhas
desta terra saiu o precioso m etal qu e revolucionou o mundo , financiando
sua industrialização e, nos primórdios da Colô nia, fez do local de suas Mi-
nas G erais um polo centralizador e irradiador de cultura.

Aqui flo resceram as artes, nas músicas de uns Lobo de M esquita e M arcos C o elho N eto; nas
letras de u ns C láudio , Alvarenga e Gonzaga; nas arquiteturas de uns Alpoim e C alheiros; nas
esculturas de uns J erônimo Félix Teixeira, Francisco Xavier de Brito e Antônio Francisco
Lisboa, este , o Al eij adinho , P atro no das Artes no Brasil , e que neste 2014 faz seu bicentenário,
nas revo ltas de uns Filipe do Santos, T iradentes, T eófilo Otoni e o utros tantos min eiros aqui
nascidos ou não, m as que da terra absorveram o sentim_ento da mineiridade.

Disse uns desses grandes, G uimarães R osa, qu e "sendo a vez, sendo a hora, Minas entende,
atende, to m a tento, avança, pelej a e faz".

C ultu ando perenem en te a Liberdade, essência de Minas , aqui nasceram vários nlovimen-
tos, ações e reações m arcantes na vida nacio nal, dentre as quais destaca m -se a Inconfidência
Min eira, de T iraden tes; a R evolu ção Liberal, de T eófil o O toni; o M anifesto dos Mineiros, de
lú cidos cidadãos; o m ovimento das" Diretas J á", cuj a efetiva consolidação em Minas permitiu
a irradiação e expansão por todo o Brasil.

N este sin gular ano de 20 14, em qu e são comem o rados os 25 an os da Constituição Mineira, a
Im prensa O fi cial do Estad o de Min as Gerais, no estrito e maj estoso dever de fazer cumprir sua
mi ssão in stitucio nal, co m a j á consolidada parceri a com os d em ais órgãos do Estado e entida-
des afi ns, Gove rn o do Estado, Secretari a de Casa C ivil e R elações Institucionais, T ribun al de
Justiça, Ministéri o J>úbli co de Min as Ge rais, Assembl eia Legislati va de Minas Gerais, Instituto
dos Advogados de Min as Ge rais, Instituto Histórico e Geogr~ífi co de Minas Gerais e Acade-
mi a Min eira de Letras, aos quais, penh orada m en te, agradecemos e enaltecem os na valori zação
desta publi cação, traz à lume este volum e, com lança m ento em 21 de abril de 2014, envolto
e1n toda a sim bologia da soleni dade da M edalh a da In co nfidência, versa ndo o m ais caro sen-
tim ento de Mim s Ge rais: Liberdade, essência de Minas .

A todos os leito res, um a boa viage m às ori ge ns mineiras, raízes de nossa nacionalidade e síntese
do Bras il , da sua si11 gula r plu ra li da de .

Viva Mi11 as Gera is!

Imprensa Oficial do Estado de Minas Gerais

5
6
A FACE DE TIRAD EN TES
Herbert Sardinha Pinto*

os trinta e um dias do m ês março de 1992, quando das com emorações do


bicentcn <Írio do m artíri o de T irade ntes, a Secretari a de Estado de C ultura
de M in as Ge rais soli citou ao Insti tuto H istóri co e Geogdfico de Minas
Gera is a defini ção da efigie do Patro no C ívico da Nação Brasileira para fins
de reprodu ção .

O Instituto co nstituiu Co missão Espec ial, da qual fi z parte , com o obj etivo de estudar e emitir
parecer. Desse trabalh o ficou co ncluído que T iradentes possu ía na valh as de barbea r como
objetos de uso pessoa l - o costum e geral masculino ao tempo não in cluía o uso de barba entre
os homens e até excl uía -como cara cte r.ística de pessoas rústi cas e de serviços braçais .

Os militares, oficiais c soldados da época não usava m barba, com o provam os retratos de con-
temporân eos de outros países co m o <1 França e os Estados Unidos , e co mo provam os primei-
ros dese nh os feito s pelos in tegrantes da M issão Artística Fran cesa trazidos por Dom João VI.

Não há qualqu er referê ncia ao uso da barba com rela ção a dezenas de In co nfidentes- civis,
militares e cléri gos - o u vid os na Devassa .

A hi stó ria das prim eiras illl agen s de T iradentes fe itas na segun da m etade do século X IX mostra
qu e a sua retra ção co lll barba atendi a a interesses republi canos de identificar o heró i com os
id ea is de so fi-iJn en to , esto icism o e idea lism o.

So lll os de pare ce r que T ic1 de n tes, ;1 p:1rtir de 1775 - q uando in gressou na ca rreira militar -
nun ca uso u ba rba, sej:1 dura n te a co nsp ira ção, seja dura n te os anos de prisão, seja durante o ato
de enforcalll e nto.

'" Genealogista , Presidente Etnérito do Instituto


Histórico e Geográfico de Minas Gerais

7
/ ' / 'Liól'.re J'odos osporos o'e 9'Ue se con7pÕen7 as
mYCrenres cap.//an1ás óo .Bras1! nenhuns ra/-
rez cus/ara./0 073./S a Sl(/é.//ar e reóuz1r a' ÓCf7:_
da obemenc./á e suÚ./0./ssão tÚ' rassa/os ao seu
Soberano, coD?o /Õ.raD? os o'e AVóas Ce.ra.ú / /

;, .( -,,.,ro ,~o
do !I 111111'(1'0 !I f .IIÚIIIili de· 11 /c· 01 . ' , I 78/Í
f ll,'fl"II(!Jc'\'
. I .I Jl) ' . · , 'I ro de
V! IHJIIdc de l l.lllurnu. I\' Jli.l, - oc .1·111

8
TIRADENTES: UM RESGATE
HISTÓRICO NECESSÁRIO**
Auro Aparecido Maia de Andrade*

erante aos entã.o JlllZes qu e haviam sido nomeados pela rainha de Por-
tugal para processar e julga r os 29 réus qu e ousaram falar em liberda -
de em época de tirania, realizou -se o interrogatório - o primeiro de to -
tal de 11 em relação ao mesmo réu naquele processo - do réu que foi
também o primeiro a ser preso dentre inúmeros outros encarcerados pelo m esmo fato.

Esse h om em qu e estava sendo interrogado, qu e foi o primeiro réu a ser preso dentre os acu-
sados da prática do crime de lesa- m ajestade, tinha 42 anos de idade e declarou aos então
devassantes que se chama va JO AQUIMJOSÉ DA SILVA XAVIER, com alcunha TIRA-
D ENTES, e qu e nascera " no Pombal".

E hoj e , nesta m em o rá vel solenidade, estamos reunidos para festejarmos o nascimento daquele
cuj o idea l de liberdade em fà vor de todo o povo brasileiro levou- o ao sacrificio da própria
vida.

D esde qu ando o corrupto Luis da C unha M enezes , o "fanfà rrão minésio " das C artas C hile-
nas, governa va a capitania de Min as Gerais n os idos de 1786, TIRADE N T ES j á propagava
seus ideais libert<Írios . Co nsta n os Autos da D evassa a confirmaçã o desse fato que, inclusive,
fo i confirmado porJ OSÉ D E R ESE NDE COSTA , o filho , qu e após retornar do degredo foi
D eputado no prim eiro Império e publi cou info rmação nesse sentido , em revista do j á existen -
te In stituto Histó rico e Geogdfico Brasil eiro.

E nga nam - se , po rtanto, aqu eles qu e di zem que a In confid ência Mineira e o papel de T IRA-
D E N TES naqu ele leva nte ocorreu som ente a partir de 1789 o u 1788.

Todav ia, o bserva - se qu e algun s escrito res insistem ern m enosprezar a importân cia da Inconfi -
dência Min eira c de se us participan tes. Atribu em , eles , a TIRAD ENTES, apenas a condição
de mito o u de m ártir.

Aco n tece, po rém , qu e esses escritores qu e assaca m contra o ve rd adeiro va lor da Inconfidência
Min eira e de Ti ra de ntes n::io ap resenta m o m eno r elem ento histó rico em prol de suas alega-
ções. Ape nas alega m , de form a simplista , in voca ndo uma f:üsa o bviedade e muitas vezes fc1zen -
do sustentações de f:1tos isolados da co mpl exidade do episódi o qu e, certamente, entrecortada,
pode le va r o lei to r desavisa do a equívoco.

O curi oso é qu e, C ill mui ta s das vezes , esses m esm os escrito res co m etem uma in congru ência
gritante: busc un diminuir a impo rtâ ncia da In co nfid ência Min eira e o papel de T iraden tes
naqu ele M ov in1 ento ao In csn1 o tempo em qu e reco nh ecem qu e T iraden tes foi o p rin cipal
arti culad or c propagandi sta daqu ele M ovim ento .

Limi ta m - se a c h ~1111 a r J O AQ UIM J OSÉ D A SILV A XA VI ER. co m o apelid o apen as de T i-


rade n tes, se m te r o m eno r cuid ado de estudar nos Autos da D evassa qu e ele tinh a o utras al-
cunhas, de ntre as qu ais " o Li berd ad e" c "o R.cp úbli ca", exa tam ente por divulgar o ideal de

9
liberdade em todos os cantos.

Também se referem à pessoa de Tiradentes como sendo um indivídu o inculto, sem noticiar
que além de militar de bravura que foi, pois foi designado para várias missões que requeriam
especial coragem., dentre as quais o confronto com quadrilhas que assolavam a Serra M anti-
queira, como também no comando do chamado Caminho Novo, onde inclusive foi designa-
do para construir um novo variante, e também no comando da escolta da família do Visconde
de Barbacena da cidade do Rio de Janeiro até Vila Rica .

Tinha ele conhecimento de mineralogia, porquanto assim foi referido ao ser designado para
integrar comitiva constituída pelo Governador à época para mapear as áreas de minério da
Capitania.

Ainda era um dinâmico empreendedor: construiu a sede do quartel em Sete Lagoas, portal dos
Sertões, e dominava elementos de engenharia , na m edida em que fez projetos de canalização
e abastecimento de água para a cidade do Rio de Janeiro - que na época contava apenas com
serviço de distribuição de água por pipas ou tonéis vendidos na rua - bem como ainda proj etos
de construção de moinhos , com as forças das águas dos rios Laranjeiras , Andaraí e Maracanã ,
além dos proj etos da construção de armazéns e currais no porto.

Tiradentes também tinha conhecimento de medicina fitoterápica, o que possivelmente lhe foi
passado por seu primo , Frei Veloso, qu e era a maior autoridade em botânica na época, ressal-
tando que ele tinha, juntamente co m um frade amigo seu , uma botica, uma farmác ia destinada
à assistência aos pobres na Rua do Carmo, em Vila Rica.

Saliente- se que com Tiradentes foram apreendidos dois livros de n1.edicina quando ele foi
preso na cidade do Rio de Janeiro, a partir da ca rta- denún cia de J OAQUIM SILVÉRIO.

Nos autos da Devassa se tem ainda a co nfirmação de qu e TIRADENTES, ocultando-se dos


emissári os do Vi ce- Rei qu e estava em seu encalço, buscou abri go na casa de uma determinada
senhora, viúva, cuja filha tinha sido sua paciente.

Soma -se, ainda, que Tiradentes, ao ser preso, também trazia cons igo um exemplar escrito em
fran cês da Co nstitui ção da Independência dos Estados Unidos.

Po r que não se tem a respo nsa bilidade de ao menos tentar confi·ontar essas referências histó-
n. cas ?.

C hegou- se ao absurdo de se alardear qu e Tiradentes não morreu c que outra pessoa fo i enfor-
cada em seu lu gar, simpl esm ente porque um a assina tura parecid a com a dele fo i encontrada na
lista de presentes a uma sessão da assembleia durante J R.evolu ção Fra ncesa.

Mas em nenhum mornento se apo nto u qualquer prova , se ndo qu e JS comprovações hi stóri c 1s
demonstram a co nfirma ção do enforca mento.

Nesse aspecto, a simpl es lembran ça de que por ocasi ~o de se u enfo rca m ento foi ex igid o u111
cortejo cuj a caminhada durou cerca de duas hor:.Js desde o loca l da prisão até o local da exec u-
ção, tendo sido, inclu sive, ob ri gatóri a a presença da popula ção da cidade do R. io de J aneiro,
com discursos e sermões, enaltecendo- se a fin alidade de que a execução de TIRADENTES
com essa referida pompa era pa ra servir de exemplo para todos os súditos.

Não bastasse isso, sa li ente- se qu e quem tentasse dar fuga a um co ndenado, naq uela época,

10
estava sujeito às n1esmas penas daquele condenado, recordando-se que vigoravam as temíveis
Ordenações Filipinas.

Tiradentes referiu nos Autos da Devassa acerca da é~uda externa que o Movimento receberia
dos Estados Unidos, embora o fez de forma dissimulada, para não expor o referido país e o
então interlocutor, que era o próprio embaixador norte-americano na França, Thomas Jeffer-
son, no episódio conhecido como Emissários Vendeck .

Ressalte-se que essa dimensão internacional da Inconfidência foi em mais de uma oportuni-
dade referenciada nos Autos da Devassa por outros Conjurados.

Tiradentes, licenciado de suas atividades militares, esteve comprovadamente na Europa e,


segundo leciona a historiadora, a Dra. Isolde Helena Venturelli, o próprio TIRADENTES
possivelmente integrou o referido grupo "Vendeck".

Portanto, equivocam-se aqueles que dizem sobre a timidez da Inconfidência quando ela reu-
nia - de fato - todos os contornos para o futuro envolvimento das demais capitanias, já que as
capitanias de Minas, Rio de Janeiro, São Paulo, Goiás e, possivelmente, Bahia se mostravam
diretamente envolvidas no levante.

Com o devido respeito, chega-se à irresponsabilidade e desrespeito ao povo brasileiro a busca


deliberada de alguns escritores em menosprezar TIRADENTES e a Inconfidência.

Reestudar a história é uma necessidade constante.

Continuar a pesquisar sobre Tiradentes e a Inconfidência Min eira é uma obrigação especial-
mente das universidades brasileiras para forn ecerem elementos ao Ministério da Educação no
sentido de aprimorar- e até mudar - respeitosam ente, a simploriedade da forma que Tiraden-
tes e a Inconfidência sã.o ensinados nas Escolas.

Está em débito a história do Brasil para com seu maior herói - Tiradentes.

*Juíz de Direito
Diretor do Foro da Comarca do Rio das Mortes e membro do IHGMG

O Jul g~ nl t: ll !"O de Tirad cmcs Lcopoldin o Fari :1

.. C o nLkns:Hio do di sc urso prolcrido na s ok nid ~d c da C o nl L'llLh da LihcrLi:Hk L' C idadania (nOvc lnbro de 20 13), na Faze nda do
i'<llnha l, q ue irlll :\na S ~o Jo~o d c ll ~c i , Ti ra dentes c K irápolis.

11
~~
A /erraparece 9'Ue evapora /ub7U.ÚO.J;" a 3g-ua era/a .n7ohÓ.J;"
o ouro /oca L.ksa./Õro~ L.ks/./hb7 úoerda&s os ares_
Pób7.//ab7 ./Óso/é'nc./ás as nuren~ ./Óffueb7 L.ksor&ns os
as/ro~

o cúma é a /ub7Úa dapaz e úerço da reúeúao


A na/ureza anda ./Ó9'U./é/a cons-i;o
e ab7oLinadapor L.kn/rL?, cob7o é /áno ./Ó.krno

12
0 T .RISTE DESTINO DOS
INCONFIDENTES MINEIROS ;

DEGREDADOS PARA A AFRICA

Marcos Paulo de Souza Miranda*

Naus de nornes venturoso~

Navegando entre estas penhas,


huscara1n terras de exílÍo~

co1n febres nas águas densas.

Ho1nens que dentro levava1n


ÍaDJ para a eterna ausêncÍa.
/( O!ll:/1/Cé'Ú O ((;, fii CO II fidê !ICÚ

OJi llj;e-J/r,,J r/r'('l' rn' ; t/r?J rlrt lllill f' N I ('rfl•


f l'fl 111 11111 rfr,,; lllt'liN"J tjllf' fr,t,rt rrr 111 ri
• ( 1:11/.
· j jl t't• 11j lrlf lll'irt . / !Ji11dm

13
omo se sabe, o movimento ao degredo para as inóspitas terras africanas.
revolucionário intentado
em Minas Gerais no último Foi naquele continente, convivendo com
quarto do século XVIII e tribos de costumes arcaicos e que habita-
que pretendia libertar o Brasil de Portugal, vam regiões insalubres, que tais homens
por motivos vários, fracassou. Descoberta a passaram os últimos dias de suas desditosas
conjura no ano de 1789, os principais in- vidas, à exceção de José de Resende Costa
tegrantes do projeto de levante foram pre- (filho), o único condenado não eclesiástico
sos em infectas enxovias e submetidos a um que teve a ventura de retornar vivo ao solo
demorado processo judicial. Em abril de brasileiro .
1792, na cidade do Rio de Janeiro, foi feita
A fim de elucidar o destino de cada um dos
a leitura da sentença condenatória dos réus
Inconfidentes no degredo africano, traça-
civis (OS eclesiásticos foram objeto de outra
mos abaixo um resumo biográfico desses
decisão), sendo todos eles, exceto Tiraden-
mártires que foram brutalmente arrancados
tes, que sofreu a pena máxima, condenados

) ) "'~ f .,
'
.
.. ,
.-
I t<;M 0C . /, ( 0, 'f-Jllt rr<; ()/ (;Rf/MT>I 1'1
IJ' ; · '1'1 11'
~ // I 'I
I ,-
1 ) /)/á'ttl.l..f U I t•'- '

~
__....
I
lnlt' R6t•nd ( 11 IJ, 1~11 p.tr.t Hi~ tn
I )L I' R l'lldt• fl/htJ f".ll I\ Nrll•
fJc> r~un~o~ Vltl.tl H.rrho 1 ~ - T/u,tlit> "' I ""' "' •" " "
; •I: ) /rw t>t.l 11.1 i\1otl.! LI< h •u

/~tl.llln /fut• dt• '\h .ut>nJ:.l - f miM< ,1


I >;r· •\/11·, .\l,u if'l l.lç uw.mo
I 011 V.u r/1 • To/ In r·amlwnlw
I r.1111 N 11 t\lllonio <I• 0/1 ,.,,, 1111'
.~) . .,/. (; •,t ·' i,; .o/
1, I fr,ll!!'i o d • l~ulf.1 dt•t\ndr,tr/1' fnro\t'
l>orwnj:o \ wir.l c/(• t\1 r 'tt ,\ftl\tfllh.t
•I
I 'rtJ,I/1(/1) /tll!' RtiH'IItl lO ,IJIO /l.!lllitWI.I

J
Tlrpm.tz Alltorw• l.otl/,J~.t t\l•w, ,l/lllJiqu<'

y , ,I I l .
, • I _lj I
rt ' ' ( /. ~·
{o;t• ' '' rt• 11 .1111" IHumh.IIH'
I tlormll rlt• r,rf - (,i/,. '"·' tlt• Arr~mt
\H t nr.• wlr.t ~ir> clt• . IJ/1,1
, 1 /1) Hl11
f!ll ... l /ltt ,, • I
7"'-
dt• ( .uv.JIIIo ( .tl.tl.l
I
,, '•' • .. . , I-· , \,r/~.ulor , lo~ .rrll/it!!Ut '
/r>. tll /.1Cmt.r · 1 11.1 ,, m(•m.r 1 trl<'
\IIIO,IICI ele.• 0/11 t·trJ . •mp • ti• , tr.x,.unhrcw•·

Documento sol> .1 8UJrdJ do Arquivo Púl>li o Mlnd ro (di fJOnfvel em mi ro time n.t .1s.1 dos ·ontosJ.

In " A C asa dos C o ntos de O uro Preto - Ensaio li istóri co c M•-' Jll l,l l·l·., ti"- ··tt
, ,,". 1 <.:~ taur:l \· ã o ", tk Eu g~ ni o h : rrn

14
Don1ingos Vida/ de Barbosa
Laje
de seus lares e separados de seus entes mais
queridos, por teimarem em falar em liber-
dade, por mais tardia que fosse.
Filho de Antônio Vidal e de Tereza Ma-
ria de Jesus, nasceu na Freguesia de Nossa
Senhora da Conceição do Mato de Capen-
Antônio de Oliveira Lopes duva, em 17 61. Estudou no Rio de Janeiro
e posteriormente formou -se em medicina
pela Universidade de Montpellier, na Fran-
Natural da Vila de Abranches, Guarda, ça, onde conviveu com os intelectuais re-
Portugal, nasceu por volta de 1725 . Exercia volucionários José Joaquim da Maia e José
as profissões de carpinteiro e agrimensor em Mariano Leal da Câmara Rangel de Gus-
Minas Gerais, residindo na região de ltaju- mão . Condenado como Inconfidente, foi
bá, no Sul do Estado . Como Inconfidente , degredado para São Tiago (Guiné). Faleceu
foi condenado ao degredo para Macuá, em de febre maligna em. setembro de 1793, oito
Moçambique. Embarcou para cumprimen- meses após chegar ao local. Foi sepultado ao
to de sua pena em 25 de maio de 1792, na lado da Igreja de Nossa Senhora da Nativi-
nau Nossa Senhora da Conceição Prince- dade, em Cachéu, Guiné Bissau . Seus des-
sa de Portugal. Faleceu por volta de 1794, pojos foram exumados em 02 de novembro
em decorrência de febres locais. Seus restos de 1932, a pedido do Cônsul do Brasil em
mortais foram exumados em 04 de outu - Dakar, Dr. João Batista Barreto Leite.
bro de 1936, na localidade de Porto Belo
sendo posteriormente rem etidos ao Brasil ~
inumados no Museu da Inconfidência. Francisco Antônio de Oliveira
Lopes

Do1ningos de Abreu Vieira


N atural da Freguesia de Nossa Senhora da
Pi edade da Igreja Nova da Borda do Cam -
Filho de Manuel de Abreu e de Úrsula po (Barbacena), onde nasceu em 1750. Era
Vi eira, Domingos nasceu em 1724, na Fre- filho de J osé Lopes de Oliveira e de Berna r-
guesia de São J oão do Concieiro , Termo dina Caetano do Sacramen to . Casou-se em
da Vila da 13i ca de Regalados, Comarca de 30 de novembro de 1782, em. Prados, com
Viana, em Braga, Portugal. 1::oi abastado Hipólita Jacinta Teixeira de M elo . Foi pro-
com erciante na região de Minas Novas e prietário da Fazenda da Ponta do M orro , em
administrador dos reais co ntratos dos dízi - Prados. Era irmão do In confidente Pe. José
m os. Era o rn ais id oso entre os participantes Lopes de O liveira e primo de Domingos
da Conjuração Mineira . Em razão da parti - Vidal de Uarbosa Laje. Foi condenado , em
cipação no movimento rebelde, foi co nde- razão de sua participação na Inconfidência ,
nado ao degredo para Mu xima, em Angola, ao degredo perpétuo para Uié (Benguela).
onde fa leceu logo após sua chegada, em 09 Fa leceu no ano de 1800, sendo sepultado
de o utub ro de 1792. Seus ossos foram exu- na Igrej a de Nossa Senhora do Pópulo. Seus
mados em 1936 e remetid os ao Brasil. restos mortais encontram- se recolhidos no
Panteão dos In confi dentes desde 1936.

15
Francisco de Paula Freire de
Andrada

Nascido no Rio de Janeiro em 1756, filho


de José Antônio Freire e de M aria do Bom
Sucesso Correia de Sá. Proprietário da Fa-
zenda dos Caldeirões em Ouro Preto cDis-
trito de Miguel Burniet") . Tenente Coronel
e Comandante do Regimento de Cavalaria
da Capitania de Min as Gerais. Foi conde-
nado ao degredo perpétuo para Pedras de
Encoge, em Angola . H á provas documen-
tais de sua presença na região de Luanda
em 1801, onde dava mostras de "padecer
do conserto do juízo" . Em 1808, por m eio ATESTADO
de Antônio Saldanha da Gama, escreveu ao Do cum e nto autógrafo
1777
Príncipe Regente pedindo autorização para
retornar ao Brasil e viver com sua famíli a. Atestado passa do pelo O u vidor e C orregedor
Faleceu no ano seguinte, em Luanda, sem da Co marca d o Ri o das M o rt.:s, 1n:ício J osé de
Alva ren ga, a J oão lh tista da M otta, na Vi la de São
receber a desejada autorização . Seus ossos J oão , a 1l) de o utubro de 1777.
foram exumados em 1936 e repatriados ao
Brasil.

InácioJosé de Alvarenga Peixoto

N asce u no Rio de J aneiro em 1742, sen-


do filho do portu guês Simão de Alvaren-
ga Braga e da ca rioca An ge la Mi caela da
C unha . Caso u- se com Bárbara H eli odora
G uilh ermina da Sil veira, em 1781. Proprie-
tári o da Fazenda ParaopebJ cConselh eiro
Lafaiete) e da l3oa Vi sta cSão Gon ça lo do
Sapu caÍ). Cond enado com o In co nfiden-
te, recebeu a pena de degredo para Dand e
cAn gola) . C hego u a Lu anda em julh o de AT 1 ~STAD )

1792 e foi intern ado na Forta leza do Pe- I )o ·u111 e nt o a u tó~ raío
17H 1
nedo, send o,em seguida , remetido para o
Presídio de Ambaca, o nd e fa lece u em 27 At.:stado p a ~~ado e111 Vila 1 ica a 20 d e d .:z<.: 111 bro
de agosto daqu ele ano, em decorrência de tk 17H 1. por h an ciK o tk Pau la h e ir.: d e Andra
da , T cne m e Coro ne l ( :o nl :llld antc do 1 e~in1 e mo
febre mali gna. Fo i o primeiro Inconfiden-
de C ava laria , re ll:re m e à aq ui , ição d e un1 ova lo
te a falecer no degredo, apenas dois m eses para o ~c r v i ~· o d e Sua Maj e~ l .H k .
após sua chega da ao so lo afi·ica no. Seus res-
tos mo rtais retornaram a Min as Gerais em
In : O Mm.: u da ln u mlid ê nci. l, puhli u,-Jo , ll .llll' O
1936.
'i.di ·'· I 'J'J. .

16
perpétu o para lnhamban e cMoçambique) .
João da Costa RodrÍgues
Embarcou para em 25 de maio de 1792.
Faleceu em 1796 e foi sepultado na Igre-
ja de Nossa Senh ora da Conceição . Seus
Nasceu em O uro Preto, por volta de 1744. restos m ortais foram. exumados em 1936 e
Era proprietário da estalagem cham ada Var- trasladados para o Brasil.
ginha do Louren ço , situ ada no atu al muni -
cípio de Conselh eiro Lafaiete. Condenado José Alvares MacÍel
como Inconfidente, foi degredado em 1792
para Mossuril , M oçambique, onde faleceu
e foi sepultado n o interior da Igreja de Nos-
Nasceu em 1760, em Ouro Preto, sendo
sa Senhora da Co nceição, ao lado direito de
fllho do Capitão- n1.or José Álvares M aciel e
sua porta de entrada. Seus restos mortais fo -
de Juliana Francisca de Oliveira. Formou -
ram exumados em 03 de setembro de 1936 )
-se em Fi losofia na Universidad e de Coim-
às 17 horas, em Mossuril, sendo posterior-
bra. Foi condenado ao degredo perpétuo
mente repatriados ao Brasil e depositados
para M assa ngan o (An gola), embarcando
no Panteão do Museu da In confidência.
para lá em 23 de maio de 1792. Tornou-se
com erciante de tecidos e dedicou-se, pos-
teriormente, à tentativa de produzir ferro ,
João DÍas da Mota enfrentando com extrem o desvelo as m ais
variadas adversidades em seu intento . Pade-
ceu de graves problemas de escorbuto e de
obstrução das vias respiratóri as. Faleceu no
N ascido por volta de 1743 em Ou ro Preto
início de 1804, sendo sepultado na Matriz
) )

era filho de Tomás Dias da Mota. Foi casa-


de M assanga no .
do com M aria Anuéli o ca Rodri oo-u cs de O li -
veira e propri etá ri o da Fazenda E nge nho do
Campo, em Ca ranaíba - MG. Foi degreda -
do para Cach éu (G uin é l3issau). Fa leceu em José de Resende Costa (PaÍ)
outubro de 1793, sendo sepu ltado ao lado
da Igreja de Nossa Se nh ora da Natividad e.
Seus despoj os, juntamente co m os de J osé
de R.esc nd e Costa (pa i) c de D o min gos Vi - Filho de J oão de Rezende Costa c de He -
da l l3arbosa Laj e, fora m cx u111 ados em 02 lena Maria de J esus , foi bati zado em 13 de
de novembro de 1932, a pedido do Cônsul julho de "1730, na Matriz de Nossa Sen h ora
do Urasil em D aka r, Dr. Jo ~o Datista l3ar- Co nceição dos Prados. Caso u- se com Ana
reto Leite . Alvares Preto, mtura l dos Açores. Foi pro -
priet;iri o da Fazenda dos C ampos Gera is,
na Freguesia da Laje (hoj e R. esende Costa).
Faleceu em 1798, sendo sepultado ao lado
José AÍres Go1nes da Igreja de Nossa Senhora da Natividade ,
em C;1chéu , G uin é. Seus despojos foram
exumados em 02 de novembro de 1932,
Nasceu na Freguesia de Nossa Se nh o ra da a pedido do Cônsul do l3rasi l em Dakar ,
Ass un ção do Enge nh o d o Mato catual Paula Dr. J oão l3atista Barreto Leite, fi ca ndo por
Li m a) , e111 1734 . Er:1 proprietá rio de gr;ll1- lo nga data na sede do Itarnaraty , no 1\..io de
dcs exte nsões de terras na Serra da Manti - J an eiro. Em 1994 for~1n1 en caminhados para
qu e ira, na regi~ o de l3arb;Jcc na, in cluin do a perícia na UNI CAMP c no ano de 2011
Fazenda da l3orda. C 1sado co m Maria ln ;Í- repatriados para o Museu da Inco nfidên cia,
cia de O li veira fo i co nd enado ao deu:redo em Ou ro Preto.
) ~'

17
José de Resende Costa (filho)

Nasceu em 1765, na Freguesia de Nossa


Senh o ra da Pe nha da Fran ça da Laje catu -
al Resende Costa) . Foi de gredado por d ez
anos para Cabo Verde, onde ocup o u ca rgos
públicos de relevo . E m 'I 802 fo i au to ri -
zado a se mudar pa ra Lisboa e, posterior-
m ente, regresso u ao Brasil , onde foi eleito
RELAÇÃO DE DESPES A
d ep utado e membro honorário do In stituto
Documento autógrafo Histórico e Geográfico Brasileiro . Insta do
a escrever sobre o m ovim e nto in confiden -
Rela ção da Despesa qu e fez o AlfercsJoaquirn
José da Silva Xavier, corn os soldados e cavalos de
te , relutou em re m emorar co m d etalhes os
Sua Maj estade Fidelíssima, nos meses de Janei ro, tristes m omentos d e pri vações so fi-idos na
Fevereiro e Março . Ano de 1783. Áfri ca . Falece u n o Rio d e J anei ro em 17
d e j unho d e 184 1, send o se pultad o na Igre-
j a d e São Fra ncisco d e Paula. Em 1850 se us
restos mortai s fora m trasladados pa ra o Ce -
mitério do C atumb i.

Luis Vaz de Toledo Piza


,,
Natural d e Tauba té, omk nasce u c n1 I TYJ,
era fi lh o de Ti n1 óteo Correia d e T o ledo c
d e Úrsula ls;lbel d e M o ur:1. Mudou - se par:1
São J osé dei lte i por vo lta d e 17Wi, p;ls
sand o a v i ve r e111 co mpanhi :1 d e se u inn:lo,
MAPA DI ÁR IO
l)ocun Jcnro autógrafo Padre Carlos Tolcdo . r:o i cas;ld o CO lll C: e r-
17H2 trud es M aria de Ca m argo . D egredado para
J) oaç?ío da r:aJnília CJjudio Ab or U.: rnh aus ck
o Pres ídi o d e C:unb:unb e, postcrionn c JJ lC
Lima , 194H.
p:1sso u :1 v i ve r Clll Luand a, o nd e f:decc u po r
Mapa J)dri o do IIHJJJ ic i;nn c.: nto dos cava los de Sua vo lt:1 d e I ~ 07. Se 11 s ossos f(JLllll re patriad os
Maj c.:s tade, em qu e.: e~ rão rn omad m os soldado-,
ao !Jrasil e m I <JYJ .
oficia l c furr ic.:l desta cados no C:nn in ho Novo c
Porto de Menezes, no exercício ci:Is parru lh:Js do
Mato do C:a nr inh o do Rio de Janeiro, de qu e; 1:
comanda me.: o Alfl:res Joaq uilll Jml: da Sil va X~ ­
vier. Ano de H2

1n: O M u ~c u da I n co nl id ~ n c i :J , publ ir:I\';Io, llan ro


S ~di'a , I 'J'J'i.

18
Salvador Carvalho do Alllaral Em terras afiicanas casou-se com Ju liana de
Souza Mascaren has, de tradicional família
Gurgel
local. Faleceu em 25 de j an eiro de 18 10.
Em 14 de outubro de 1936 seus restos mor-
tais foram exumados do adro da Igrej a de
Natural de Parati - RJ, o nde nasceu em Nossa Senh ora dos Remédios de Cabaceira
1762 . Era filh o de Salvador C arvalho Gra nde e enviados ao Brasil.
C unha do A m aral Gu rgel e de Domicilia-
na de J esus. Em razão de sua participa ção Vicente VieÍra da Mota
na Inconfidência , foi cond enado a degredo
perpétuo para Catalá, sendo posteriorm en-
te modifica do para Inhabam e . Era cirurgião
Filho de Antônio Vieira e de Maria da
e, antes de segui r viagem para o degredo,
Mota, era natural da Fregu esia d e São Ni -
solicitou qu e lh e fo sse restituído um esto-
colau, Porto, Portugal, onde nasceu em
j o de cirurgia, com cin co lancetas e ferro s,
1735. Foi guarda- livros (Contadot") de João
porque ia "pa ra uma terra estranha", pode-
Rodrigues de Macedo . Fo i degredado para
ria precisar do estojo "para socorro de sua
Rio de Sena (Moça mbigue), onde passou
susten tação " . Em 1798 obteve um terreno
a exercer o comércio de marfim. Era cha -
para o plantio de palm eiras e árvores de es-
mado pelos nativos de "muzungo". Fal eceu
pinho em Balane, lnh abame, on de também
em 1798 e foi sepultado no Cemitério da
exerceu a vereança. Em 12 de junh o de
Vila de Sena, sendo seus restos exum ados
1807, foi nomeado cirurgião-mo r do regi-
em 20 de setembro de 1936 e posterior-
m ento de infà ntaria da Ilh a de Moçambi -
mente rem etidos ao Brasil.
que . Foi n omeado físico - mor da capitania
da Mo çambigue, Ri os de Sena e Sofala em
1812. M esmo alca n çando eleva da posição
social no degredo , tentou obter auto ri zação VitorÍano Gonçalves Veloso
para retornar ao 13rasil , mas não a conse-
guiu. Fal eceu em I O de o utubro de "1812.
Seus restos m ortais fo ram ex um ados em 1O
de setembro de 1936 n o largo da Igreja de Natural de São J osé del - R ei, nasceu por
Nossa Se nhora da Co nceição de Inhabam e volta de 1738 . Res idi a na localidade de-
e repatriados ao IJrasil. nominada Bi chinh o. Foi alfaiate e tamb ém
Alferes do Itegirn ento Au xili ar. D egredado
com o in co nfid en te para Cabaceira Gra nde
(Moçamb iqu e), foi também co nd en ado a
Ton1ás A11tÔ11Ío Gonzaga açoites , po is era mulato . Fa leceu em 1803 e
foi sepul tado no cemitério anexo à Igreja d e
N ossa Senh o ra dos R emédi os de Ca baceira
G rand e . Seus restos m orta is foram ex uma-
Na scid o na cidade do Po rto em 11 de agos-
dos em 03 de setembro de 193(> c repatri a-
to de 1744, era filh o do Desembargador
dos ao Brasil.
J oão Bernard o Go nzaga c de To lli ~Í s ia Isa -
bel C brk. Fo rlllad o C lll D ireito pela Uni -
ve rsicbd c de Co imbra , in gresso u na ma -
gistratura em 177P>, send o n o m ead o, Cill "Pron1otor - Coordenador das promo-
seguida , O u vid o r de Vila Ri ca. Elll ra zão torias de defesa dos patrimônios histó-
de su;l parti cipa ção no In ovilll en to in co n- rico, artístico e turístico de MG; Mem-
fid e n te foi d egreda do para Mo çambiqu c. bro do IHG/MG

19
~o CU/de.J; .Doro/e~ 9'Ue vou con/ar- /e

por verúade1ra Ó/s/ór/á u/Ua nove/a

da e/asse úaspa/ranha.J; 9'Ue nos con/a/0


verúosos navegan/e.J; 9'UeJ:fdera/O

aog/oúo des/e /Uunúo voka /Ú/e1ra.

O/Da ve/ha /UaL:Úas/a /Depers..rg-~

U/Ua /Uu/her ze/osa /De a/or/Uen/e

e /enha ///0 úanúo dega/unos /i7óo.J;

9'Ue U/n chavo não /De de1re/~ se es/e chek

não kz a/ÚÚâ /03/S úo 9'Ue eu re/Zro

20
UM NOVO OLHAR SOBRE
TOMÁS GONZAGA

Marcos Henrique Caldeira Brant*

/;?du vidoso que Ton1:Ís Antônio GonZc?·gc? fõi unJa das per.sona.hdade.s
marcc?ntes do Inoviinento hbert:Íno da Inconfidência Mineii-::1, tendo
p c?rticipaç:io .signifiec?ÚVc? enl .suaJdec?flZc?ÇãO. Muito einborc1 c1 hi.stó-
JÚ que c1prendenlOS reveJa e eJlc1ltece COJJ10 UJJ1 grande poeta cfrcade,
e1::1 ele, n a verd1de, n1c1gi.strado de can-eú::? que conpunha a cla.s.se de-
nonJúlc1da 'ouroo;;?cú togc1d1 '~ No p erfodo colonial, o.s ;nagi.strado.s
exeTCÚJn p ,-1pel fiindainentc?l no .si.steJna do goven1o, con1 leis que per-
.sonifiec?vanl e enfêiXc1Vc1111 c? c?Ut017d?de do JC:i que, por vez; se apoiava
nc? co;npeténcia e lec?ldade de.ste.s para obte1; 111anter e con.sohdar e.s.sa
autondade.

21
Y
O? omás Antônio Go nzaga nasceu na cidade de Porto, Portu gal, em 11 de agosto
de 1744, filho, do brasileiro J oão Bernardo Gonzaga e da portuguesa Tomásia
Isabel C lark . Orfão de mãe no prim eiro ano de vida, mudou -se com a famíli a
em 1751 para a Colô nia do Brasil , passa ndo alguns anos de su a in fância nas
capitanias de Pernambuco e da Bahia, onde o pai servia na m agistratura, inicialm en te, como
Ouvidor- Geral, e depois, como Desembargador da R elação.

Já m oço, Gonzaga retornou a Portugal a fim de completar os estudos, matri culando - se em


1761 na Uni versi dade de Coimbra, na qual concluiu o curso de leis em 1768, aos 24 anos .
Exerceu Gonzaga alguns cargos jurídicos e a advocacia na cidade do Porto . Ca ndidatou - se a
uma cadeira na Uni versidade de Coimbra, apresentando a tese in titulada "Tratado de Direi-
to N atural", que espelhava seu pensamento jurídico - filosófi co, ofertando-a ao Marqu ês de
Pombal por volta de 1770, considerando a oposição que este fàzia às cadeiras na fac uldade de
leis da Universidade de Coimbra.

O Magistrado

Com pou co tal ento à cátedra, Go nzaga resolveu segu ir a carreira do pai, h abili tando - se à ma -
gistratura, sendo nomeado, em 1779, Juiz de Fora da co m arca de Beja, sudeste de Portugal.
Em 1782, é promovido a ouvidor na comarca de Vila R ica, na Capitania das Minas Gera is, a
m ais rica de toda a colô ni a do Brasil.

O O uvido r - cargo judicial instituído em 1534 - , também designado como ouvidor de co -


marca o u da capitania, era nom ea do pelo rei e
figurava como a mais alta autoridade judiciária
da capitania . Exercia fun ção judicia l e civil sob re
o crim e e, ainda, a fun ção adm inistrativa atri - .~. lA I LIA
buída ao corregedor, dirigindo tan1bém a polí-

c o.
f) ·~

DI
cia . Tinha competê ncia rec ursal das decisões do
jui z ordin ário e juiz de fora . Tin ha co mpetê ncia
ori t:><rinária de con hecer causas por ação nova de
questões surgidas até dez léguas ao redor de onde POR T. A. G.
servisse.

Go nzaga, co mo segunda au toridade da ca pitania


por questões várias, conflitou co m o autoritário
governado r, Capitão- Ge nera l Luís da C unha
M enezes, até ser este suced ido por Luís Antônio
Furtado de Castro, o Visco nde de l3arba ce na,
co m o qua l lll anteve um respeitoso relacio na-
mento profi ssiona l. E m 178(í Gonzaga é promo -
vido ao cargo de D esemba rgador do Tribun al da
IZ.clação da l3ahia, mas, a pedido, teve a posse
ad iada na ex pectativa de co ntra ir ma trim ô ni o.

22
O Poeta

Em Vil a R ica, Gonzaga m uito se dedicou à li teratura nas h oras vagas, adotando o no m e ar-
cádico de "D irce u " . Escreveu signifi cati vos poem as líricos do arcadism o luso - brasileiro com
temas pastoris e de galanteios. Nesta m esm a época, Tom ás Gonzaga, aos 40 anos, apaixo n ou -
-se perdidamente por Ma ri a Doro th ea J oaquina de Seixas Brandão, fo rm osa e culta j ovem de
18 anos e a quem dedicava poesias do m ais requintado sab or clássico, atribuindo-lhe o n om e
arcádico de " M aríli a".

M aria Dorothea era de uma das prin cipais e ricas famílias de Vil a R.ica, qu e, inclusive, se opu -
nh a ao romance por ser Gonzaga m ais velho, e emb ora au to ridade de prestígio, pessoa culta e
requintada, tinh a pou ca fortun a para os padrões da época.

O Inconfidente

Ju ntamente com o utras personalidades de classe e posição social elevadas (pro prietários rurais,
intelectu ais, juristas, cléri gos e milita res), com o C láudio M anuel da Costa, Inácio J osé de Al-
va renga Peixoto, Freire de Andrade, J osé Alvares M aciel; Padres Toledo e R olim ; e J oaqui m
J osé da Sil va Xavie r, in flu enciados pelo Iluminism o euro peu e pela soberania da América do
Norte, articul o u um movime nto pró independên cia das Minas Gerais na aspiração de um a
pátria li vre.

Em m aio de 1789, m alogrado o m ovimen -


to libertá ri o, Gon zaga, ac usad o de conjuração,
é preso e en caminhado para o Rio de J an eiro,
o nde perman eceu por três an os, até ultimar
o processo da devassa em 17 de abril de 1792,
send o condenado junta m ente com m ais o u tros
co njurados. Gonzaga recebeu a pen a de degre-
do perpétu o que aca bo u comutada em degredo
te m porári o de l O an os, pa ra a colô nia afi-icana
de Moça mbiqu e. N o deste rro, retom ou su a
vida , exercendo os cargos de Procurado r da Co-
roa e Fazen da, ac um ulando com o exercício da
advocac ia, qu e lh e redeu bons proventos, visto
q ue era praticam en te o úni co advogado habili -
tldo em Mo ç ;~ m b i q u e. Nupcio u com Juliana de
So uza Masca renh as, de 18 an os, j ovem de pou -
cas letras, m as de mui ta fortun a, com a qu al teve
do is filh os. Co nzaga fo i m ais ta rde n o m ea do Jui z
da Alfâ ndega, cargo que exerceu até o seu fa leci-
m ento , aos (>5 an os, no início de 18 1O.

Qua nto a M ari a Doroth ea J oaquin a de Seixas


l3ramno, a "Maríli a", seu desti n o não fo i outro

23
senão permanecer solteira e suportar por toda sua vida o fi el amor infeli z em meio às mais
dolorosas recordações, falecendo em 1853, aos 85 anos.

MenJÓrÍa

Em 1942, por reivindicação do governo brasileiro , atendendo apelo do historiador Augusto


de Lima Júnior, os restos mortais de Tomás Gonzaga e de outros Inconfidentes foram transla -
dados da África e da Europa para o Brasil. Hoje, encontram-se depositados no "Panteão dos
Heróis da Inconfidência Mineira", integrante do Museu da Inconfidência, em Ouro Preto,
onde estão a evocar glórias passadas de nossa história políti ca, recebendo o mais alto culto
cívico nacional.

Tomás Gonzaga é considerado um dos grandes poetas do arcadismo brasil eiro , e seus versos,
fugindo à tendência da época, são marcados por expressão própria, pela harmonização dos
elementos racionais e afetivos e por um toque de sensualidade pouco pronun ciado, pratica -
mente ausente em outros autores árcades. As principais obras literárias legadas foram: "Marília
de Dirceu" (COleção de poesias líricas, publicadas em três partes, em 1792, 1799 e 1812 - hoj e
sabe-se que a terceira parte não foi escrita pelo poeta), qu e perde em número de edi ções só
para "Os Lusíadas", de Camões. "Cartas Chilenas" (i mpressas em co njunto em 1863), poem a
que satiriza em forma de epístolas os atos do governador da Capitania das Min as Gerais. A úni -
ca obra jurídica, "Tratado de Direito Natural " , dividida em três partes, em cuj a últim a estã o
as formulaçõ es do direito natural, dando origem ao debate teó ri co acerca da co nstitui ção dos

"No me in dcst.l
h rr.l ha unl.l ponh ,
m cujo~.; dois
t•xtrl'rn ,.., ""{' lev.lnC .un
Dt• doíc, gro-;sos
n'ndt~i ro" ''" nlorad<ls .. . "

Na foto , :1 dirc: ita, a c a~a dos ColHO\ , c: nt~ o rc:, id ~ n c i :1 c: "( :a\:1 dc: C o ntr:llo," de Jo:lo ll..m h igll l'\ dL· M.ICL'l lll L', .q><·l, () ll o n o
B ot~ ni co do Padre V cioso. :1 rc:s id ~ n c ia do r:11nbém conr r:1tador José l'c:rc: ir.1 M arqli L''· o Nt'lll<:,,i, d.J, <:. ,rl.1' <:hi k Ji." . AJnh<_"
contratadorc:s citados co mo "grossos rc: nd c: iro," , Sélll dúv ida o fo ra11 1 pc: lo vo itllll L' de ll q.\l>c io' qi JL" .ld ll JJilJ,Ir. JV, JJll . M.Jn·do IL" I'I .J
, ido o cé rc: bro finan ce iro d.1 IJl L" OJllidl: nci.J, Jll.l \ '\Llp .Jr.l JJJ <·o ltllll L' d.1 I k V. J\\, J.

24
direitos humanos, é de grande
interesse, até hoj e, para historia -
dores e estudiosos da Filosofia e
do Direito.

Tomás Antônio Gonzaga, por


sua valorosa contribuição à li-
teratura portuguesa e à cultura
nacional, foi imortalizado como
patrono da cadeira de n° 37 da
Academia Brasileira de Letras;
e patrono da cadeira n° 34 da
..,.
~ .
Academia Mineira de Letras .

Bicentenário

No ano de 2010, por ocas1ao


das comemorações oficiai s do
bicentenário da morte de T o-
"'''"' más Gonzaga , a Asso ciação dos
Magistrados Mineiros cAmagis),
comprometida com a preservação do patrimônio cultural , rendeu justa h om enagem ao poeta
Inco nfidente, resgatando e difundindo su a m emoria como magistrado.

Fisiono111ia

Afin al, com o deveri a ser a fi sio n o mia de Go nzaga? Embo ra certam ente tenham existid o pin -
turas ex pressivas da fi gura fisica de Go nzaga, estas não fi caram perp etuadas para m ostrar a
sua real im age m. Ao lo ngo dos anos, image ns sup ositi cias foram criadas, sempre tiradas e
le vem ente alte radas de Ulll retrato a óleo idea do em 1843, po rjoão M aximian o M afi·a c1 823-
1908) , qu e vêm ilustra11d o os livros, prin cipalm ente didáti cos. O livro "Com o era Go nzaga"
cE du ard o Fri e iro, 1950) procuro u satist1zer os curi osos estudando e esquadriand o a figura fi -
sica do In co nfi de n te . Baseado n esse estu do hi stóri co, a Am agis, num a inciati va in édi ta, en co-
m endo u a um artista pl ásti co a ico nografi a de Go n zaga, qu e revelasse su a qu alidade prin cipal
de m agistrado. O pin to r, co m todo se u ta lc11to, recri o u com riqu eza de d etalh es a im age m
fisica de Go nzaga aos 40 a11 os, nas lidas de se u ca rgo n o gabinete de trabalh o, exa min ado e
dec idin do um processo.

*Juiz de Direito e Membro do Instituto


Histórico e Geográfico de Minas Gerais

25
Para can/ar de aUJor /enros cu./daÓO.J;

ToUJo enúe rÓ.J; ó UJon/e.J; o ./Ós/run;en/O/

Ouwpo1s o UJeu ./ifneóre /aLUen/0'

Se L[ que de coUJ_paJxão so.Is an.Imados.·

Já VÓS WS/e.J; que aos ecosLUagoaÓOS

..Oo rrácJÓ O~uparara o UJesLUo ren/0'

..Oa úra de An/7ão ao doce acen/o

Se wraUJ os rochedos aóa/ados

Vcno de Cl:íud/o M.mod rl.l Co,·r;J

26
CLÁUDIO MANOEL DA COSTA
E A CASA DOS CONTOS
Eugênio Ferraz*

Sen3 ele o verd:1deiiv protonJiltir [léJ Inconfidêncú Mineii-:J?

A pri s ~ o de C l:íudi o M anoel - Ha ydéa da Vcig:l O live ira - reprodu ção

o r si m o rto o u ma tado foi, sob os umbrais de sua cela n obre na Casa dos Con -
tos de O uro Preto - ori ginalm ente resid ên cia qu e nas "Ca rtas C hil enas" d e
Go nzaga, dito C ritill o , o autor, é citada em referência a seu construto r (. .. " n o
m eio dcrt'l t c rr:1 IJ:í um:1p onte. em Cl!JÓf doi r extrem os se k v:m t w1, de doú
g rosJos rendeiros ;;s mOJ;'ld.7.t ... ) c qu e simbo li za as o ri ge ns fa zcnd ~íri as em Minas c n o Brasil ,
ago ra transfo rmada em m o dern o repositó ri o de nossa primitiva história econ ô mi co - fi scal do
sécul o X VIII , como Muse u e galeri a de arte. C láudi o, o jurista , o ex- secre tário de govern o
da ca pi tani a das Minas, o etern o apaixo nado por sua Eufi·ásia, um dos dete ntos n o bres da
D evassa, en tão cnfi·aqu ccido c doente legou para a histó ri a a dú vida do fin al de su a traj etó ria.

Po r si morto o u matado? Elimin ando - se abatido pela fi·aqu eza fisica, pela tubercul ose ou pela
fraqu eza cspiri tuJl c m o ral pela humilh ação, o u matad o , até , conj ectura- se qu e - além da
possibilidade da auto ri tá ria repressão - po r m ando do co ntratado r J oão R.o dri gues de M ace -
do, este o so nh ador c ge ni al cdifi cador da m o num ental co nstru ção, j ;í n a decadên cia do C iclo
do O uro, qu e lograri a sécul os, até os dias atuais, n a perman ência co m o o mai o r exempl o da

27
arquitetura barroca residen cial , palco da m orte ilustre a
lustrar e ilustrar-lhe a história subsequ ente da discutida
forma e do confuso local exato de sua tragédia pessoal.

Debaixo da escadaria? Afirmavam autores de antanh o


acerca do local destoante de prisão no bre, m as condi -
zente com indi cações dos Autos da Devassa da In co n -
fidência Mineira. Alí se dizia acerca da entrada à cela
do Dr. Cláudi o, qu e tal acesso se fazia por baixo da es-
cadaria da casa de M acedo , qu e a esta altura j á alu ga ra
seu casarão para, também, e além de celas de prisão, os
chamados "segredos", aquartelar as tropas do vice - rei
mandadas para abafar o levante.
.t ~ t C.'n, ~ •1 r:w1 :"' 1'.' ~• • , ,.-,,

Tempos depois , e não por acaso n o início da rep ública,


&

·.-a .lt.fl .. , :, ( ,.. t:," '•)

a conspirar a favor desta noviça, ditos e repetidos ex- ...


cessos da monarquia, visto, revisto e con fe rido o lo cal,
tudo indicava o desvão sob a monumental escada co mo
o local da prisão, sem qu e se apercebessem todos das Exame grafol ógico co 111parando a assinawra
armadilhas construtivas . e ncont ra da nos Autos com ass inaturas cn-
co mrada s na cok c;ão "Casa d os Contos ..
Ledo engan o! D escoberta na restauração, a porta qu e
acessava a cela, abrimo- la na obra sin gul ar e "exemplar
de restauro" (palavras do Iphan) de 1983/4 . Eis aí qu e surge a solu ção para a dú vida : o acesso
à cela por fora , há tempos idos, fora fe ch ado co m duas paredes a esco n der tal porta; esta em -
c paredada e agora exposta, enganou gerações de pesqu isado res não tre inados para a si mu ltâ nea
pesquisa arquitetônica que dá se ntido e sim etri:1 co nstru tiva ao p r '·d io c m10 tiv ' lll O S opo rtu-
I
I
./
,;;
I
I'

28
nidade de empreender naquela restauração completa.

O trabalho, certamente pouco divulgado de Jarbas Ser-


tório de Carvalho, "O Homicídio do Desembargador
Cláudio Manoel da Costa", de 1954, no qual o autor,
em suas conclusões, indica o intelectual "Glauceste
Satúrnio", pseudônimo do Cláudio, membro da Aca-
demia dos Árcades de Roma, companheiro nas letras
de Al varenga, o "Al ceu " , e de Gonzaga, o "D.1rceu " ,
con1o o protomártir da Inconfidência Mineira.

Com alguns desenhos, o trabalho descreve a cena fatí-


dica juntada a laudos técnicos de abalizados especialis-
tas, encampando definitivamente a tese do assassinato
( ... ({Como podeú1 ter ;Jgido a gr:1 vici?de, em caso de
enlôrc:unento como o indiec1do, por m.Ínima :1ç/i'o que
tivesse, se o br.:1ç-o dà·eito do cadiver estava fàzendo
fõrç~1 JJc? tcfbUc1 onde justamente esta V;} pc1S.'i,?d1 e c1fl1c1T-
Posição do cadáver de C láudio Mano el da Jê?da c? lig:1 de cadarço?'~ .. ) em questionamento ao lau-
do oficial, citando, ainda outro encomendado pelo be-
C osta , segundo parecer do prof. Nilton
Sal es, m édi co legista do DFSI'
nemérito da Casa dos Contos, José Afonso Mendonça
de Azevedo - que por sinal salvou, em lance de pes-
quisa e sorte, o histórico acervo documental, fundamental para o conhecimento do avanços
econômicos de nosso país- demonstrando ser apócrifa a assinatura de Cláudio no depoin1ento
nos Autos da Devassa, quando comparada com outras assinaturas do mesmo em documentos
do "Arquivo da Casa dos Contos".

A edificação guarda um dos mais estreitos laços com a Inconfidência Mineira, quer seja pela

C as:1 onde res idia o ln cot1l'ide m e C l:índio Mano e l d:1 C o sta, e m Ouro l'n:ro

29
A Cas~ dos Co ntm de O u ro Preto , de C:u·lm 13ra chc r. 200 -1; c n1 f(mm o val.1da ,
o óc ul o do "Segredo" de ( :l:í ud io Ma noe l d :1 C:o ·ra

30
trágica nwrte, quer sej a, ainda, por João Rodrigues de Macedo, seu proprietário e possível
cérebro financ eiro da C onjuração, quer seja, também, pela original arrecadação de tributos
naqu ela residência e Casa de C ontratos, futuro palco da adiada derrama, pela Casa da Moeda e
Fundição , ali depois instalada e pelas suas posteriores ocupações e atuais resgates documentais
qu e preservam e mantem as suas origens fiscalistas.

Tarquínio J. B . de Oliveira, nosso mentor intelectual, sagaz e perspicaz historiador, dirigente


maior de empresas multinacionais, que tudo deixara para dedicar-se ao sonho de viver e con-
viver em Ouro Preto , simultaneamente à rica - em ouro, nas artes esplendorosas, nas músicas
e nas esculturas fantásticas do Aleijadinho- Vila Rica que ele tão bem misturava, entrelaçava
e separava em davaneios e delírios reais de quem se transportava do século XX para o século
XVIII, com a facilidade permanente de conhecer cada canto da cidade nos diferentes tempos,
separados por mais de dois séculos.

Ele, autor do grandioso projeto do Centro de Estudos do Ciclo do Ouro na Casa dos Con-
tos, romanticamente divagava sobre tal morte, ao mesmo tempo em que buscava sempre
comprovar a estreita ligação da Inconfidência Mineira com a Maçonaria, além de difundir a
história do século XVIII das Minas Gerais como na prim.orosa edição do Erário Régio de sua
Maj estade Fidelíssima, de Fran cisco Antônio Rebelo, uma perfeita radiografia econômica das
Minas Gerais no século X VIII.

Não fora suicídio, sequ er assassinato, dizia ele, enfaticamente, e sim acidente. Segundos antes
de consumar o ato contra si mesmo, Cláudio escorregara no banco sobre o qual se apoiava
para laçar o pesco ço com o cadarço e, escorregando, terminara seus dias de forma acidental.

Prova disto seria o rasgado por prego no calção do pretenso suicida em ângulo condizente
co m tal raciocíni o . Tudo descrito nos Autos da Devassa que Tarquínio comentara em edição
dos anos setenta, em edi ção patrocinada pela Câmera dos Deputados e executada pela Im-
prensa Oficial do Estado de Minas Gerais.

O u o próprio C láudio teria sido morto e seu corpo girado! Ou assassinato fora obra para vingar
o u calar o jurista pelo dito finan ciador da In confidência Mineira. Esta hipótese a contradizer
o espíri to so li cbri o de J oão R.odrigucs de Macedo , protetor da viúva de Alvarenga Peixoto,
l.H rbara, c de seus filhos, un1 deles seu afilh ado .

Vão se os ho n1 ens. Com eles, parte da hi stória , e fi ca esta com suas dúvidas! Jamais se poderá
escl arecer o qu e de f:1to ocorreu naquele " segredo " da Casa dos Contos, ambos nomes opor-
tun os c sugestivos; o pri1n eiro em sua mais pura acepção; o segundo , em variação de seu sig-
nifi cado original , no S<lbo r de contar finan ceiro , porém, contado est~Í! C abem, de todos nós,
co nj ecturas c di vagações , em todos os sentid os e vertentes . Do autor do poema Vila Rica,
registramos seu n o in e em ;nnbi entc qu e abriga local de exposições de artes plásticas, algumas
co m co ncepções visio n:írias, futuristas, pertin entes e indicadoras de um país melhor. Sonhos
de C láudi o, o pro to in ártir? E dos In confidentes ...

*Engenheiro e Jornalista;
membro do IHGB e do IHG/MG.

31
sen/eLU-se /u.zes acesaJ;

- e óáJúóagaçõesLnJÚucJÓsas

denl'ro óas casas /ron/eJraf ·

oLhos co/aóos aos w&oJ;

Lnu/heres e óo..rnens ae~reJ/~


caras ms/õrLneS de JÚSÔnJ~

wpánóo as ações a/heJáf

Pe/asgre/as óasJáne/aJ;

pe/as/res/as óas es/eJraJ;

aguóasse/as aúraLU

a JÚr'!/á e a LnakméencJá.

.Pa/a1ras coqéruraóas

oscJ.7aLU no ar de su.presaJ;

coLUope/uóas aranhas

nagosLUa óas /eJás densaJ;

r~Jnas e enrenenaÓâJ;

engenóosaJ; sorra/eJras. ,/,/

l fl: N. om.m cáro th l!lcOfllidc'!lál, Ccc/lh Nlárdc ·.,·

32
0 PRI MEIRO ROSTO DE UM
INCONFIDENTE

Fernando Junqueira ~'

Estudos pos:>Ibilitc11"c7JJ1 reconstituição h cúl deJosé R esende Costa

A Inconfidência Mineira tornou -se , com_o passar dos anos, sÍlnbolo da inde-
p endência brasileira e da própria liberdade . Etnbora estes conceitos pareçan1
tão claros qu anto abstratos, a representação fisica dos partícipes do n1ovin1ento
ve n1 sendo feita con1 base en1 fatos históricos, docun1entos, relatos e suposi-
ções qu e en1basa111 a retratação dos n1ártires nacionais, COlTIUinente por n1eio
de quadros. N o entanto, un1a recente descob erta muda essa realidade para um
dos Inconfidentes.

33
, . · d d u · tendo à frente
Pós detalhados estudos e pene1as, pesqmsa ores a ·mcamp,· - f: · I do Incon-
0 professor Eduardo D aruge , realizaram un1a reconstltmçao aCla
. . . . b - do doutor
fidente José R esende Costa (pal) . Para 1sso, os estud10sos tlVeram a co 1a oraça0 . . do
Alfred Linney da University College London (U C L), na Inglaterra. O pro cesso fo l reahzad
. b · ·d de de ossa as
após a reconstituição do cramo do conJurado , durante ana11se so re a autentlcl a .
' A • • ,

· d d · · d ·
trazidas ao Brasil, como restos morta1s e tres os partlClpantes o 1mpor a.
A ·t nte mov1mento
mineiro do século XVIII.

O desterro na Guiné Portuguesa

Após o julgamento dos Inconfidentes, que resultou na morte do


Alferes Joaquim José da Silva Xavier e no degredo dos demais
participantes do levante para Portugal ou colônias portuguesas na
África, a segunda parte da sentença era cumprida com os Incon -
fidentes deixando o país. A primeira, o enforcamento e esquarte-
jamento de Tiradentes, já fora consumada.

José R esende Costa (pai), João Dias da M otta e D omingos Vida\


Barbosa Lage, participantes da Inconfidência, cumpri ram pena na
colônia portuguesa de Vila de Cacheu , Guiné Portuguesa. Are-
gião era ainda povoada por tribos de nativos, selvagens portanto,
além de infestada pela desconhecida doença " peste da terra" .

Os três faleceram n o local. Consta que Domingos VidalBarbosa


Lage faleceu em 1793, José R esende Costa (pai), em 1798, en-
quanto inexistem referências sobre a morte de João D ias da Mot-
ta. Todos foram enterrados junto à Igrej a N ossa Senh ora da N a-
tividade, pequ ena construção situada próxima à Vila de C ach eu .

A exumação

Em 1932, o então Cônsul do Brasil no Daka r, João l3atista l3 ar-


reto Leite, soli citou ao responsável pela colôni a, Maj or José
D ' Ascensão Valdez, a exuma ção dos restos mortais desses in con-
fidentes. Foi Michaela da Costa, à época com mais de 80 anos,
qu em deu a locali zação das ossadas, seguin do relatos de se us an-
tepassados. A exumação foi realizada em 2 de novembro do ano U rn .1 r o Jll <" lHin o ' n;'to' ll Hlr
de 1932 . Ao chegarem ao Brasil , os restos morta is fora m levad os ra i' d o' l n ro n líd t·Jllt:' c. no 'C \1
in u.: ri or, l i-.l ~J ll c J ll o' ,·l"'n ' . li·.1 ~
para o Arquivo Histórico do Ita maraty , na então capital federal, Jll Clll:ldO\ d e Lc rr.l , JHll" iLl, pc•t!J-.1' ,
R io de Janeiro. m .l tk ir.l c jorn .1i'. N.1 IÚLo d e 111 11
ii·:l ~lll C lll O dé j O J"Il. il dc\l .l l". l \C ,\
d:11.1 d..: (J7 k '<' ICillh ro d e I ').\ -1

34
A primeira das ações, que resultaram na reunião de parte das ossadas de conjurados no Museu
da Inco nfidência , foi do poeta e autor da obra HI5tória da Inconfidência de Minas Gerais,
Augusto de Lima Júnior. Ele solicitou ao então presidente Getúlio Vargas que os despojos dos
demais participantes do movimento fossem trazidos para o país, em 1936 .

Naquele sugestivo 21 de abril, Vargas decretou o repatriamento dos restos dos Inconfidentes
degredados . No final do ano, após a chegada do navio Bagé ao Rio, as urnas foram levadas à
Capela do Se nho r dos Passos, na Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro. Pouco depois,
essas urnas foram transferidas para o Museu da Inconfidência, onde foram construídos jazigos
especiais para receber os despojos .

Na década de 1990, as ossadas dos três Inconfidentes que permaneciam no Itamaraty, seguiram
para o mesmo destino das demais, em Ouro Preto. Para checar a autenticidade dessas ossadas, a
direção do Museu da Inconfidência em 1993 solicitou que fosse realizado exame no material
pela equipe do curso de pós- gradu;ção do pr~grama de Odontologia Legal e D eontologia da
Faculdade de Odontologia de Piracicaba da Universidade Estadual de Campinas cUnicamp) .

,o ~. v·
José R csL' lHk C o st:J
l)o lllÍJH> 1( I:111 1:Jr Illl ~ :J L:J gc J o~u I )Í ,J ~ d:1 M ort :J

35
ENTREVISTA
A seguú~ o lfder desse grupo de estudo~ o pro!êssor Edu:;rdo D:;ruge, e111
entrevista c1 Fen1élndoJunqueira, c?borda os trc?bc?!hos re:;}izc?dos~ /IS con clusões
cfc1 pesquis:J e !iJJa sobre llll1c1 das lllcÚOres descob ertc?s rect ntes sobre c1 fn confi-
deÍJCÚ Mineú ;;?.

O senhor e sua equipe conseguira.tn posse desta fi ta 1n agn ética, fo i até à Uni-
reco11stituir a .fàce de u.tn dos In- ve rsity Co ll ege London , na In glate rra,
confidentes .tnineiros, José Resende obtendo a co labo ração do professo r e
Costa (paÍ). Co.tno chegara.tn a u.tn do uto r Alfi·ed Linn ey qu e, co m um pro -
resultado conclusivo? gra m a esp ec ial de reco nstitui ção fa cial, re-
alizou todos os traba lh os e obteve a ima -
Após a id entifi cação dos três In confiden -
ge m co mputado ri zada da possível face do
tes, verificamos qu e o único que apresen-
in co nflden te j osé R. ese nde Costa.
tava maior quantidade de fi·agmentos (144
p eças) de ossos pertencentes à porção ce - Após a reconstitui ção, o j o m ali sta Caco
fá li ca, era J osé R ese nde Costa (pai ), sendo
qu e algum as partes foram reco nstituídas
em cera bran ca e devidame nte esc ulpidas.
Uma vez obtida a reconstitui ção deste crâ-
nio, rea li zarn os um a tom ografia co mputa-
d _. J
o u zaoa, co m 135 cortes, co m 1,5 mm
de espcssu ra cada, obte ndo - se u m a fi ta
nn.' o<rní'tl
"
·c·l', t or11 <111 d o poss1ve
, l reco nstltlllr
. .
a 1mage r11 d d. -
o cram o em tres llll e nsoes.
A • A

Um dos integrantes de n ossa eq uip e, d e

36
Barcell os reali zo u levan ta m en to so bre a um deles .
existên cia de possíveis descendentes do
Q uando a urna foi ab erta , en con tram os
conjurado , tendo en co n trado um a fo to -
fragn1en tos ósseos m aiores, uma grande
grafia perten ce n te a um trincto de J osé
qu antidade de fragm entos ósseos m en ores ,
R esen d e Costa , o qu e permi tiu - n os faze r
terra, pedras, pedaços de j ornal pi cado , al -
um a co m pa ração en tre a im agem reco ns-
gun s fi os de cabelo e o u tros m ateri ais, qu e
tituída do In co nfi dente c a fotografi a do
compro m etiam seriam e nte os fragm entos
re feri do trin eto.
ósseos que deveri am ser examin ados. T o -
N o ta - se a coi n cid ência d e vá ri os carac- dos esses m ateriais fo ram cuidadosam en-
teres fi sio n ô mi cos, tais co m o, tipo fac ial, te separados e armazen ados . Um fato qu e
fo rma e d isposição da po rção n asal , fo rm a n os cham ou a aten ção é que entre esses
e disposição das regiõ es o rbi culares, form a pedaços de j ornais, en contram os um pe -
e disposição da região in feri or da face e daço m aior com a data de 7 de setembro
o u tras caracteristicas qu e n os permi te afir- de 1934.
m ar gran de se m elh an ça entre eles.
Os fi·agm entos de ossos fo ram tamb ém
E co111o .IOÍ o ÍIJicÍo dos estudos? separados e colo cados no interi o r de u m a
ca ixa de papelão para a realiza ção d e um
Em junho de 1993, a eq uip e da Faculdade
estudo posteri o r . Assim , anali sando - se
de Odo ntolo gia de Piracicaba da Uni camp
cada uma das peças ó sseas, pela sua cor,
receb eu a urna d o Mu seu da In co nfid ên -
pela sua espessura, pela relação de conti -
cia, n o interio r da qu al h avia, p resumida-
nuid ade co m o u tras peças en co n tradas e
m ente, as o ss::t da s do s três In co nfid en tes,
pelas su as característi cas anatô mi cas, em
co m o obj etivo de se estudar c ten ta r se -
prin cípi o, n o tam os qu e h avia peças ósseas
para r as peç as ósseas perte n cen tes a cada
co in cide n tes c perten cen tes a três pessoas

Scqu ência. desde :1 p:ígina


anrn io r, do cr:l ni o JTco ns-
tiLuído de j llSL' R csc 1l dl'
Costa , ro m sua r c trJ t :l \· ~o
f:1cial. A t'dtinu f(no é do
tri ncro postni o nn cntc
d c srll h t: nll c' qu e t c' Jil
g r:11 1d c·s Sc' lll l' ih :lll \':ls l' Olll :1
Íll l:l )!;l' lll I' L'l' llll Sl ÍtllÍd:l .

37
diferentes, proporcionando-nos a espe - viva, va ri am de 648 a 833 m g/cm 2. En -
rança de poder separar tecnicamente estas tretanto , po d em apresentar va ri ações de
três pessoas. acordo co m as co ndi ções elll qu e a ossa da
foi e ncontrada .
Outro fato que observamos entre as peças
Ósseas é que havia uma grande quantidade Segundo dad os da exu ma ção na G uin é
de fragmentos ósseos pertencentes a um Portugu esa, José R ese nde Costa (pai) , fa -
crânio, 144, que pelas suas características leceu aos 70 anos d e idade , J oão Di as da
anatômicas deveriam pertencer à porção Motta , aos 49 anos, e D o mingos Vida!
cefálica de um único indivíduo. Tratava - Barbosa Lage aos 32 anos. Co m o a densi -
-se de um verdadeiro quebra - cabeça, lite- dade óssea é in ve rsamente pro po rcional à
ralmente interpretado. idad e isto é quanto m e nor a idade m aior
) )

a densidade óssea e qu anto m aio r a idade


Houve, então, a reconstrução do m enor a sua d ensidade, ti ve mos a oportu -
crânio? nidade de realizar esse es tudo.
Sim. Após a separação dos fragmentos ós- Separamos os fi·agm entos ósseos perten -
seos pertencentes a três indivíduos dife- centes aos três, ini cialme nte pela co r, es-
rentes, utilizei- me de conhecimentos d e pessura , diâm e tro e outra s ca racte rísticas
morfologia para reconstruir o crânio com anatômicas das p eças ósseas. Assim, tinh a-
a exata montagem daqueles pequ enos mos a certeza qu e se tratava d e três pessoas
fragmentos. Após seis meses, foi possível difere ntes.
montar aquele crânio, sendo qu e as par-
tes perdidas na terra, durante a exumação, As peças ósseas perten ce n tes a cada um a
foram reconstruídas em cera bran ca, devi- d estas pessoas foram submetidas aos cxa -
damente esc ulpida, preenchendo assim os nJ es de de nsitolllctria óssea. Co m o as pe-
espaços das partes ósseas que faltav am . ças pe rte ncentes a ullla da s pesso as ap re-
se ntaram d c nsitolllctria e n tre (>20 a 650
Após estudos radiográficos e d e densito - m g/crn 2, po rta nto, co 1n m e no r de nsid ade
metria óssea, verificamos que esse crânio óssea, o u ullla oss~1 da do indi vídu o n1ai s
deveria pertencer a José R..esend e Cos- ve lh o, co rrespo nd e r:1111 ;1J osé I ese nd e da
ta (pai) . As outras duas ossadas possuíam Costa (pai).
apenas alguns fragm e ntos ósseos da calota
craniana, impossib ilitando a sua reco nsti - As peças de o utra oss;1cb aprese ntara nl
d cnsito Jn ctria ósse;1 e nt re (><)() ;1 75 (hn g/
tuição . Provavelm ente , uma grande par-
cm 2, co rrespo nd e n te ;1 un1 :1 oss:1d:1 per -
te dos ossos dos três In co nfid entes foram
ten ce n te a Ulll indi vídu o co lll icl:ld e infe-
perdidas na terra, durante a ex uma ção.
rior aos dad os d:1 prin1 eira ossa da , co Jn CJ-
E co1no /Oi o processo de separação dc ntcs co n1 J o~o J)i ;ls da Motta.
e identificação das ossadas, já que
foin :dm c n tc, as peç as perte nce n tes a te r
elas estavam juntas?
ce ira ossa da aprcse nt:1ram d c nsitc)l ll etn :l
U sa mos a densitom etria óssea, qu e co nsis- e n tre H25 c HC>0 nJ g/c Jn 2, co ndi ze m c co m
te de um exa me radiográfi co para lll edir a pessoa de !ll e no r icl:ld c, po runto, refc re n
densidade dos ossos . Pode ser apli ca da nos te a D o min gos Vida ! Barbosa La gc .
vivos e nas ossadas para ava li ação da id ade
Fe li zm e n te, a dife rc nç:1 d e id ade en tre eles
de uma pessoa . Os resultados, na pessoa

38
nos p ermitiu identificar a ossada de cada um dos Inconfidentes, presumindo-se a verossimi-
lidade do Auto de E xumação das ossadas, bem como as informações prestadas pela indígena
Michaela da Costa e p elas tribos que sempre afirmaram que ali encontravam-se três brasi-
leiros exilados do Brasil para aquela Vila de Cacheu, Guiné Portuguesa, por determinação
da Rainha D . Maria I, de Portugal.

Entre as solenidades de 21 de abril de 2011, que contou co111 a presença da pre-


sidenta da Repáhlica, ocorreu final111ente o sepulta111ento dos restos 1nortais
destes Inconfidentes. Co111o o senhor se sentiu naquela oportunidade, na qua-"
inclusive, iõi ho1nenageado pelo Governo de Minas co111 a Medalha da Incon-
fidência?

Ser h o m enageado n essa oportunidade por ter conduzido a identificação de três desses he-
róis na cio n ais, permitindo inclusive a reconstituição da face de um deles, com a mais alta
honraria do Governo de Minas, coroa toda minha carreira. Foi um momento de extremo
orgulho p essoal e pro fissional.

Eduardo Daruge
o pento que 111ostrou a fàce do
InconfidenteJosé Resende Costa

Nascido em 1933, em Ribeirão Preto,


professor universitário Eduardo Daru-
ge, atualmente residindo em Piracicaba,
dedica- se desde os 19 anos à docência ,
pesquisa e extensão. Em 1958, passou a
trabalhar na Faculdade de Odontologia
de Piracicaba, da Unicamp .

Autor de 111 ais de 1() mil perícias judiciais nas áreas cível, criminal, trabalhista e de in-
vestigação de patern idade, foi respo nsável pela reconstitui ção facial do carrasco nazista
J osef M engcl e, de ampl a repercu ssã.o intern acio nal ; pela identificaçã.o do juiz Leopol-
din o Marqu es do Arnaral, do 'ribunal de Justiça de C uiabá, cujo corpo carbonizado
fo i ac hado cu1 um mata gal em Ass un ção, Para guai; e do cantor]oã.o Paulo, carbonizado
em co nsequ ência de um acid ente auto mobilísti co .

Na 3rea de pesquisa , publi cou m ais de 120 trabalhos em revistas nacionais e estrangeiras
c p ub licou u111 a obra sobre "Direitos Pro fissio nais n a Odontologia", pela editora Sarai-
va, em 1978.

*Jornalista; editor das primeiras edições


da Memória Cult

39
#f
Arras depor/askc.úaúa.J;
a/u.z de re/as acesa.!;
ón7han7 ./ãróas e casaca.!;
JÚn/o coUJ óabúas_pre/as.
E .úá/ióas UJãospensar.i'ra.J;
en/rega/õe.J; seóa.J; renúa.J;
e .úágrossasUJãos wgorosa.J;
de un.úas /Õr/e.J; duras re./á.J;
e .úáUJãos dep~//o e a//are.J;
de Erange./ho.J; cru.ze.J; úé'nçáos.
lh7s são re/ÚÓ/s uns UJazo./UÚOJ;'
/ /

e pensaUJ de UJ/7UJane./raJ;'
DJas c//aDJ Fé.rg&ó e .Hór/Íc./~
e re.ffe/e~ e a.rgu/Ue/..t/an~
./ã/aUJ de ./0/Úas e /Úpos/o.J;
de /arras e de ./ã.zenúa.J;

e das co/Ôn/ás /Úgksas.

·;. · . · ( ( nl!'t t\ lc·t!dc· ,


In: N. o tJI.IIi i'<'tÚ! d t /nnmln cmu. .

40

\
0 RE -PATRIAMENTO DOS OSSOS
DOS INCONFIDENTES
I I

I !
Carmem Silvia Lemos*

E1n 194~ lõiin:;ug w -c?do en1 O uro Preto o Ru1tecio dos Inconfidentes, Ino-
nuniento in3ug u1:-1l do Museu d1 lnconfidén cú. Pr(}/etc?do p elo :1rquiteto do
SPHA~ José de Souz:; J{_eJ~ é constituklo p or 13lfpides fi11Jerin':ls en1 que
se en contJ"c1JJJ sepultc?dos os InconfidentesJosé Álvares M 1o e/ FI-:1ncisco de
Pau!c? FI-eire de A nmad1,· _D on11iJgos de Ab1-eu VIein,· Luiz V:1z de Toledo
Pizc?,·José A ires Co1nes,· A ntônio de OliveJÍ"c1 Lopes,· VIc·ente Vieil-:1 da Mata,·
InicioJ osé de Alv:;rengc? Pei roto,· T onuz Antônio Gonzagc?,·Jocio da C os-
ta l?..odàgues~· A -:m cisco Antônio de OliveJi-:; Lopes,· Sc?l vc?dor C:lrVc?lho do
A nJ:ll"c1! C/u1gel , VItoJÚno Gon p ;}ves Vel oso, Donlingos VIda! B c?rbos'c1 Lc?ge,
J ocio Dús d:; Mottc? eJ osé l ?..esende Cost:J. Unu lÍniec11fp1de fõi deixe?da va-
zú enJ h onJen :;genJ c?OS p :;rtJó jx ;ntes d:J fn confiden cú Mineir:J Cl!JOS COlpos
n /io esdio :;li enten -c1dos.

l'.llll l'Jo dos lnco n lid c nrc'. 11 0 M use u d :1 llll·on li dênci:l. criado pa ra abrigar os rcsros Jll o rtai s dos lib en :íri os
@
processo oficial de repatriam ento dos restos m o rtais dos Inco nfide ntes teve
início com o decreto São Mateus , de 21 de abril de 1936 . O presiden te Getú -
lio ~argas determin ava qu e os despoj os fossem depositados em m o num en to,
na cidade de O uro Preto, para o culto cívico nacio nal, e autorizava a publica-
ção dos Autos de D evassa da Inco nfidência e de documentos relativos aos fa tos .

No entanto, esse processo foi precedido por outras iniciati vas. E m 1932, três ossadas atri-
buídas a Inconfidentes foram exumadas em territóri o afri ca no e rem etidas ao Ministério
das R elações Ex teriores, no Rio de J aneiro . A documentação que aco mpanh a o processo
informa que, em novembro daqu ele ano , o cônsul do Brasil em D akar soli cita auxílio de
autoridades da Guiné Portuguesa para localização dos restos m ortais de alguns Inconfiden -
tes . T eria chegado ao seu conhecimento que uma indígena, residente na Vila da Cacheu ,
ouvira de seus antepassados que ao lado da Igrej a de Nossa Senhora da Natividade estariam
enterradas umas ossadas, "supostas como pertencentes a uns deportados de o ri gem brasi-
leira, para a Colônia , enviados no tempo da rainha D. M aria I de Po rtugal, por m o tivo dos
acontecimentos conhecidos no Brasil por In confidência Mineira".

Procedeu -se à exumação . Quando em 1934 hou ve mudança de direção na C han celaria
em D akar, o novo cônsul registra ter recebido uma caixa de m adeira com três ossadas,
~tribuídas a Inconfidentes . E como pretendia rem etê-las ao Brasil, in fo rm a ter te ntado
mvestigar a procedência das declarações contidas no Au to de Exum ação . Decla ra qu e
recorreu ao historiador português R ocha M artins que, em seu compêndi o sobre a história
das colô nias po rtu guesas, afirm a que desembarcaram , no arqui pélago de Cabo Verde,
D o mingos Vida! de Barbosa e J osé R esende Costa cpai), seguindo os de mais depo rtados
para Angola. Para ele, é admissível qu e, por ocasião da ch egada dos Incon fide n tes ao
arquip élago, o governador daqu ela Colô nia, tem endo qu e a presença e as idé ias li bc rtári as
p~tdessem influir nas agitações políti cas locais, te nha reso lvido enviá- los à G uin é, onde
v t ~ ra m a fal ecer. É nessa correspo ndência qu e, pela p rimeira vez, apa rece referência no -
nunal aos In confid entes a qu em perte nceriam duas das ossa das : D o 111ingos Vida ! Uarbosa e
Jose' l \.esende Costa cpai) ' '
. A atribui ção referen te a J oão D ias da Mota está relacio nada a
pena de degredo para Cacheu , determin ada em se n te nça, nos Au tos.

Rc m etid cl· s pa ra o Brasil , fo ram chamados a se p ro nun ctar


· o In stituto
· 1-1·Isto' n·co c G c·ogd
._ "-
fi co ilns
A •
·l · · b - 1 ·
<. I eJro e o Instituto Histó ri co de O uro Preto so re as qucstoes rc attvas a Jlll
' ". po r-
ta ncia dos referidos docum entos ern sua correlação co m os despoj os a q ue os m es tn os se
referem ".

Po rtac 11 t o, cLOJ· após to da essa discussão em to rn o das três prim eiras ossa d as restitu
· 'di as ao país·
qu e se deu a n1 0 b·1· - · V· · ·
I lZaçao de au to nd ades no gove rll O c\1 gas.

Um a co missão especial, chefi ada por Augusto de Lilll a júni or, fo i no tn c;Hll para rca li z:lr o
p rocesso de trasladação dos despoj os q ue se enco n trava m na Áfri ca. Co nl a co la bo ração do
uovc_ rno po rtu gucs era pro m ovida j·un to às au to ri dades de Ango 1a c M o çalll b.tq uc,· ·1' . cx.u -
0 A

lll "l Ç"l O ' ' . - I - I . ""1


_. c ' c a rclll oção dos restos mo rtais para Portu ga l, o nd e os aguardava a nn ssao )LlSl Cl l c .
J J
Em dcze111br 0 d,c 1(~3(), desembarcava m no R10 · oe ;me.·n.o o s- ossos,
·· · se··ndo rc ccb1dos em

42
solenidade com h onrarias militares e discursos, am -
plamente divulgada nos j ornais da época. Estiveram
presentes nas celebrações o presidente da República
e as mais altas autoridades políticas do país.

As urnas ficaram franqueadas à visitação públi ca na


Catedral Metropolitana do Rio de J aneiro por mais
de um ano. Somente após denúncia feita por Vicente
Racioppi de que se achavam na igrej a, "ch eias de pó ,
mal arranjadas, algumas quebradas em parte", foram
retomados os procedimentos para o tran sporte até o
destino final. E m 15 de junho de 1938 chegariam , na
estação ferroviária de O uro Preto, os restos mortais
dos In confidentes . Recebidos solen emente pelo
presidente Getúlio Vargas, o cortejo percorreu as
ruas centra is da cidade, com participação do povo
e autoridades, até a matriz de Nossa Senhora da
Co n ceição de Antônio Dias, onde, provisoriamente,
estiveram até a traslada ção definitiva para o Panteão Momento ini cial do c01·rej o dos restos 111ortais dos
do Museu da In confidê ncia. ln confid e mes na cidad e d e Ouro !; re to. e m 15 d e
jul ho de 1931-\

Até início dos anos de 1990, as três ossadas que ha-


viam retorn ado ao pais em 1934 permaneciam em
depósito no arquivo do Itamaraty, no Rio de J anei-
ro. J á na d écada de 70, ocorreram tentativas do Mi-
nistério das Relaçõ es Ex teriores para a entrega defi -
nitiva dos despojos ao Mu seu da In con fid ência. Mas
so m ente no final dos anos HO é que se formalizou o
co mprom isso d e rca li za ç ~o da pesquisa históri ca so -
bre o s restos mortais c a emissão de parecer sobre o
cnc 1minh amcnto do processo de id entifi cação. Em
1992 o m ;lteria I passo u à respon sab ili dade do Mu seu, c :L· khr:l ~-:io so l ~n e oco~rid :l li O a L~ro d a Matri z d e N os-
sa Se nh o ra d:1 C. o l ll"L' I ~· ao de Anron1 o I )l:ts co n1 :1nd:lda
CJU C, desde c n t:lo, tomou pro vid ên cias para assegurar
.._,
··
pelo prcs id em e C etúlio V ar ~a s
a autenticidad e da s o ssada s, por meio de laudo téc-
ni co d e pe ri tos da Uni c nnp. C on cluíd o o estudo ,
c1n 2 1 de abri l de 20 I ·1, o Pantd o recebeu os ossos de Domingos Vida] de Barbosa, José
It cse nd e Costa (p:li) c João Di as da Mota , nu m ato de abrigo e justo reconhecim ento a
esses ho m e ns qu e o usaram pro por um cal1l inh o de li berdad e para a na ç3'o.

*Historiadora , Técnica do Museu da lnconfidência/IBRAM

43
#"'#"'At:ráf depor/ashchad?J;
d /uz de re/as acesaJ;
uns sugere~ uns .recusa~
uns ouve~ uns aconse./haLU
Se a de.r.raLUa /õ.r/ança~
hákran/é!, coLO ce.r/eza.
Co.r.re-sepo.r essas.ruas,;
Co.r/a-se aft:-u../na cabeça,;
.Do c../mo de aft:-u../??a esca~
_p.rok.re-se aft:-uLna arenga,;
Çue bande../ra se desúob.ra,;
Co../0 9'Ue L(g-u.ra Of/kgenúa,;
Co../sas da ./Yáçona.r/~
do .Pagan../S../??0 ou da ..&-.r~á,;
A Sanms../ma 70/Jdaúe;
0../0gé'n/Ó a ~ueb.ra.r aft:-en;as.? / /

44
0 PRESIDENTE
Rui Mourão*

07
Y
omás Antôn io Gonzaga assumiria a direção do país, caso a conspiração da
In co nfidência tivess_e êxito. Essa convicção s~ finnoAu com o tempo e parece
p erfeitam ente razoavel. Homem de grande mteh genCia e cultura, com ex-
periên cia interna cional, possuía fàmiliaridade com o poder e larga experiên -
cia adquirida no exercício da Ouvid oria, quando era responsável pela manutenção da ordem
jurídi ca em Vila Ri ca, centro de gravita ção a atrair o grosso da p opula ção da Colônia . Um
o lh ar sobre os in confid entes sed bastante para concluir que não ha via nin guém em melhores
condi ções para ocupar o ca rgo.

C láudio M an oel da Costa , culto , experi ente, de moral inatacável, não contava m ais com o
vigo r da idade, condi ção indisp ensável para se envolver com a aventura de co nstruir uma
nação. Inácio J osé de Alva ren ga Peixoto, advogado competente, também ouvidor, não reve-
lo u sufi ciente equilíbri o na sua condição de fazendeiro ri co, às voltas com muitos negócios e
dívidas co mpro m etedoras. José Álva res Ma ciel, ca paz, intelige nte, mineralogista formado em
Coimbra , possuía o im pedimento da extremaj uventude. Militares como o coronel Fran cisco
de Paula Alves e o alferes J oa quim José da Silva Xavier, apesar do grande talento e ard ente
id ea li sm o revolu cio nári o do segundo, não se apresentavam como person alidades qu e dispu -
sessem de visão de co njun to, fo rm ação cultural ve rdad eira, liderança inco nteste . Entre os re-
li giosos, sob ressa ía - se pela erudi ção, co ntemporan eidade de inform ação e senso de equilíbrio
o cô nego Luís Vieira da Sil va, propri etário da mais bem sortida biblioteca clandestina aqu i
forlllada , lllas nada sugeria neles o perfil de um verdadeiro ch efe de estado.

Go nzaga vinha redi gind o a proposta de constitui ção e o co njunto de leis indispensáveis à
cstrutur;1ção do país ind epend en te. Ern Portu ga l, ele havia participado de grup os secretos de-
d icados ao estudo do pc nsa1n cnto enciclopedista, que se opunha ao absolu tismo e preconi zava
a o rgani zaç:Io do poder à base da li vre rnanifestaç:Io popular. Era um a cab eça progressista,
sin to ni zada co m o tc1npo c as tran sfo rm ações po r qu e passava o mundo.

O s prim e iros estudiosos da co nsp iração de Vi la Ri ca fo ram de o piniã o qu e o auto r das Ca rtas
C hi le nas sequ er chcg:1r;1 a ser In co nfid ente. Apenas ha via simpati za do corn o m ovim ento c
a gu ~m.hva os resul tados , p;lra decidir co m o se situari a dentro da no va ordem. Estava m todos
influ e nciados pela arg u1n cn taçjo qu e o acusad o d es e n volver:-~ no processo da devassa, ao as-
suinir sua própria dc fc s:1. H oj e , a op ini ão m ais o u m enos ge nerali zada se encam inh a n o u tro
se n tid o. I Lí qua se certcz;l de q ue ele tenh a sid o o líder intelectua l da co nspira ção.

*Membro da Academia Mineira de Letras e


diretor do Museu da Inconfidência de Ouro Preto

45
/ /At'rá.F depo.r/ashc.óaúaJ;
3 /uz óe re/as acesa~
en/re s.lf..r7o e e.rp/Ónage~

acon/ece a /hcon.bdênc/3
E @:Z o l'lgd'nó ao Poe/a. -
~crera-/De a(/ueb /erra

do rers/ÚÓo óe l'l./g&ó __//


E dá /he o _pape/e a_pena.
E @:Z o Poe/a ao l'lgá.nq
co/O dra/0;/héa_prudênc/á. -
/:Tenha /Deus dedos corrados
an/es (/Ue /a/ rerso escreranz __ //
LU/EROA.OL[ A./JV.OA (JL/ETAROL[

oure-se e/0 redor da /Oesa.


E a óanóe/raJ:fesrá w'P;-~
e soó~ na no//e /mensa.
E os ser,;s /.ns/es /Úren/ores
J:fsão réus -po/s se aúereran;
a /ãbr e/n L/uerdaóe
(~Ue n/ÚffU6n saóe o ~ue s~~- / /

46
A BANDEIRA
Márcio Jardim*

En1 reuniio JJél Cc?S.1 de Cláudio Mé;noel dél Costél, Alvélrengc? Peixoto
sugeriu o lenJél Libeitéls qu.1e ser.1 télnJen, verso retir.1do d1s Bucólic.?s
do poet.1latino Vúgliio

band eira do Estado de Minas Gerais é uma homenagem aos Inconfiden-


tes mineiros de 1781 - 1789, reproduzindo aquela que os revolucionários
resolveram adotar como símbolo do novo país independente a ser ins-
taurado. A forma atual, conforme as poucas provas existentes nos Autos
de Devassa, é coerente co m o desenho proposto pelos Inconfidentes.

O que se pod e afirmar é que T iradentes criou a bandeira . Ela deveria conter um tríplice
triângulo ou três triângulos concêntricos, o que se depreende das expressões "um triângulo,
signifi ca nd o as três pessoas da Santíssima Trindade", "três triângulos enlaçados", "três ban -
deiras em uma " "três unidas em uma".
'

Tiradentes aprese ntou a bandeira na reuni ão final realizada em 26 de dezembro de 1788 na


casa do Tene nte Cel . Fra n cisco de Paula Freire de Andrada, comandante do Regimento de
Cava lari a; provave lmente, os triângu los "enlaçados" estariam num fundo branco, como na
band eira portuguesa. Também é possível supor que os espaços entre os triângulos concên-
tricos estivessem pree n chid os co m as cores do Ilumini smo, também adotadas pelos revo -
lucionários fi·an ceses : verm e lh o cdo sangu e, igual em todos os homens) no espaço externo,
bran co cda libe rdad e, se m m anchas) no interm ediário e azul cdo universo, fl-at ernidade) no
interno .

Alvaren ga Pe ixoto su ge riu qu e a band eira apresentasse um índio quebrando algemas, mas
foi co ntrap osto ao fato de qu e, se nd o essa uma das bandeiras norte- americanas, seria uma
pobreza a imi tação. N o dia seguinte , em reunião na casa de CL1 udio Mano el da Costa, este
su ge riu um díst ico - Lib ertas aquo Spiritu s cLib erdad e para o espírito) - , mas Alvarenga pre -
feriu Lib crt:1 s qua c sc ra t lln e n cLib erdad e ainda que tardia) , um ve rso retirado das Bucólicas
do p oe ta latin o Virgílio , c in sistiu na id éia da bandeira com o índio agrilh oado. Na presença
de T01n:is Antô ni o Gonzaga, qu e os lid era va, decidiu - se qu e a bandeira seria m esmo a de
Tirad en tes co m o lc1na su ge rid o por Al va re nga Peixo to, qu e todos acharam "muito boni -
to". A prop osta do índio fo i esco lhida pan se r o símbolo das "a rmas" nacionais, com outro
dísti co, esc rito por C Líudio Man oel da Cos ta - Aut lib ertas aut nihil cOu liberdad e ou nada).

ProcL11nada ~~ R epúbli ca elll I 889 , a band eira dos In co nfidentes foi adotada como a fl âmula
do novo Esta do, nu111 resgate hi stó ri co de grande sig nifi cado políti co e moral. Os Autos de
D evassa só se rialll publi u d os 1938, n}o se sabendo ao certo co m o era a band eira co n -
C lll

cebida p elos I n co nfid c n tes O m o d elo escolhid o fo i o de um tri âng ul o ve rde num fundo

47
branco, sim boli za ndo as m atas do Estado e suas riqu ezas agrícolas, fo rmato qu e perdurou até
o fim da déca da de 195 0, qu and o um a nova lei m odificou a cor do triân gulo para vermelho .

Todav ia ...

Alguns autores , sendo o primeiro deles Afrâni o C outinho, na década de 1950, levantaram a
tese de que Alva renga Peixo to te ria co m etido um erro ao propor o lema Lib ertas quae sera
tam en , eis qu e a fi·ase " Lib erdade ainda qu e tardia" em latim é Libertas qua e sera, estando
em excesso a palavra tam en , que signifi ca "todavia" .

Alva renga Peixo to - e T om ás Go nzaga , qu e o apoio u - , eram dois grandes p oetas e latinis-
tas e difi cilm ente com eteri am um deslize dessas proporções. Na verdade, deram uma grande
dem o nstração de co nhecimento da poesia latina e de Virgílio. Como disse Nelson Romero,
qu em não leu Virgíli o sentindo- o não pode entender a particularidade do seu estilo , os fat os
da vida ecoa nd o na aln1a sensível e m elan cóli ca do po eta. As Bucólicas sãos po emas épi cos,
feito para serem declam ados; os versos têm so noridade , não podem ser lidos ao corrente,
m as apenas dentro da frase sono ra co mpleta e do seu significado cLibertas, qua e sera tam en
respexit inertern ). Virgíli o e seus contemp o rân eos j am ais leriam a frase como Lib ertas quae
sera. T ranscreve r na bandeira a frase dessa m aneira seria uma ofensa ao talento po ético de
Virgíli o e, aí sim , uma dem o nstra ção de po uco co nhecimento da poesia e da obra do velho
m estre ro m an o.

Por fim , anote-se qu e tam en não signifi ca apenas "to davia". Signifi ca tamb ém " então " ,
"apesa r de tudo" o u "não obstante tudo em co ntrári o". Colocando - se essas palavras n o
lu gar de tam en é possível ver qu e Alvaren ga e Go nzaga sabi am o qu e estavam faze nd o.

*'Historiador e tnembro do Instituto Histórico


e Geográfico de Minas Gerais

49
sen/eLn-se /uzes acesaJ;
- eháJúdagaçõesLn./Úuc/osas
úen/ro das casas/fon/eJras.

Çue escreve~ conversa~ pensaLn?

Hos/raLn .úí:-rospro./oJó'os?
Lé'eLn nodéJásnas Gaze/as?
lirão receúJó'o car/as

rAnúguJó'ao'es de Mmes
eLO J'l7a A'léa su~ensas_/

sa//anúo vas/as/fon/ekas_/
r

O w/ónáJ; ks/aJ; ..//Ores


das /u/as da ./úo'epenúé'nc./á/
LJoerdao'e- essapa/avr~
f/f/e o sonho hun?ano a.ú/nen/a. ·
f?Ue não hánJúgué.n? ~//e e...tp.Ú~UL!,
e nJúgu6?? ~ue não en/eno'a.j
E a w:ZJúhança não úorn?e. ·

LnasEca escn/a a sen/ença

50
PELA "PIEDADE DE SUA MAJESTADE"
Ricardo A. Malheiros Fiuza*"·

A HistÓJ7a do DoutorJosé de Olive1Í::1 Fagu11de~ o ho-


JlleJJl que deft11deu os !JJCOJJfidentes

saga do Animoso Alferes e de seus companheiros de conjuração tem


sido descrita, declamada, representada e iconografàda, sendo bastante ou
razoavelmente conhecida de todos, da escola primária ao curso superior.
M as pouco se tem falado do homem - Dr. José de Oliveira Fagundes -
que , enfrentando dura missão, encarregou - se da defesa dos 29 réus presos nas ca deias do Rio
de J an eiro e ainda da curatela dos três réus fàlecidos antes do inicio do julgamento.

J osé de Oliveira Fagundes nasceu no Rio de Janeiro , por volta de 1750, filho de João Ferreira
Lisboa e de J erôn ima Inácia de Oliveira , min eira, marianense c.José C ru x) . Em 1773, matri -
cu lou-se na Faculdade de Direito da Universidad e de Coimbra, onde se diplomou em 1778.
Radicando - se em sua cidad e natal, Oliveira Fagundes passou a exercer a advocacia liberal nos
auditórios da Cap ital do Vice- R ein o e a advocacia de partido da Santa Casa de Miseri córdia.

A Alçada

N o dia 25 de outubro de 1791, os Autos das Devassas rea li zadas em Vila Rica e no Rio
de Jan e iro foram co nclu sos ao D ese mbargado r Vasconcellos Coutin h o, C han celer da Alça -
da R.égia , cspcc ialnJ cn tc co nstituída pela R.ainh a Louca para sentenciar sum ari am ente, em
R.cla ção , os réu s qu e se achassem culpa dos 11 0 " h orrível ate ntado" contra a Coroa. No dia
3 1 de o utubro de 179 1, a Al ça da no m eou para a defesa o Doutor José de O li veira Fagundes,
advogado da Santa C asa, situação eq ui valente à assistên cia judi c i ~1ria m oderna c.J oão Cam ii O).

A Defesa

Na lo nga c c 1pri cha ch pc\·;1, O li ve ira r:agund cs reco nh ece a culpa de algun s réus, alega a
in o cên cia de outros , Íinpl or;md o pena sua ve para os primeiros c absolvição para os últimos,
c tcrlllin a in voo ndo par:1 todos "a pi edad e d e Sua M :1j esta de, a quem humildemente ped em
perdão das suas lo ucuras c i m~n i a " . Co n1 rci:H; ão ao Alferes, Fagundcs o qu:1lifi cou co mo

51
loquaz, sem bens e sem importância na Capitania. Tais palavras, usadas com o artificio de
defesa, têm sido interpretadas erron eam ente por alguns historiado res, qu e logo se arvora m
em acusadores do advogado . Não compreendem eles que T irade ntes havia orgulhosam ente
confessado o crime, pu xando para si grande parte da responsabilidade do m alfadado leva nte.
Restava, portanto, a Fagundes apelar habilm ente para a insa nidade do réu , para a su a suposta
falta de importância no panorama político e social de então. Era a úni ca saída, o u melhor , a
única tentativa de saída.

A Sentença

Às du as horas da madrugada do dia 19 de abril de 1792, n a presen ça dos Ac usados, reunidos


na Sala do Oratório da Cadeia Pública (Paço dos Vice- Reis), n o Rio de J an eiro , tragicamente
decorada com panos pretos, cruzes de prata e tocheiros fun erários, a te rrível sentença da Al-
çada Régia, ali também reunida sob a presidência do pró prio Vice- Rei, foi lida pausadam ente
pelo escrivão nomeado para o T 1ibunal Especial. Pouco a pou co, a angústia dos réus foi - se
transformando no desespero dos condenados. Ali estava o desfecho trágico da Inconfidência:
onze réus condenados à morte por enforcan1ento; cin co a degredo perpétuo em África; dois a
exílio por dez anos; um a dez anos de galés ; um a açoite seguid o de degredo; os cin co padres
exilados para Li sboa; um teve a m emória difamada (Cl<íudio M ano el); c cin co absolvidos.

O Recurso

Terminadas a leitura e a intimação da sen tença , o com bativo :-tdvogado, não se co n forlll ando
co m as po ucas absolvições qu e obtivera c com o ri go r das pen:1 s im postas, im ed iata m ente
pediu vista dos Autos para recorrer . Concederam - lh e 24 horas c , em m enos que isso , J osé de
Oliveira Fagundes produziu os notáveis Embargos dos c o nd e nados ~ m orte , pondo em relevo
a co nfissão dos réus qu e até o Tribunal do Sa nto Oficio consid erava co1n o aten u ante da pe na
m :áxima . E pediu a transformação do enforca m ento em d rccrc perp étuo pa ra todos, inclu sive
para Tiradentes, com argum entos lógicos e inteli gentes, dcst<l natureza. C o n clu sos os Autos
com o recurso, foi este desprezado pela Alçada por sua ma téri a, c dctennin ado fi co u o Clllll -
prim ento da senten ça embargada . N esse meio tem po , o di lige n te ad vo gad o havia e ntrado
com um pedido de vista e, na m eia l1 o ra que lh e deram, red igira Segun dos E1n bargos, em O i to
itens, por via de restitui ção de presos e mi se dvcis (O derrad eiro ap elo) .

A Carta Régia

A Ca rta Fl égia, qu e comutou a pena dos sentenciados :1 111 0 rte <..: Ill degredo perp étuo , fora

52
escrita com antecedê ncia , para ser usada em caso de cond enação . E assim foi feito. Som ente o
Alferes J oaquim J osé da Sil va Xavier, por ser o único que na forma da dita carta se fez indi gno
da R eal Pi edade, n ão escapou da pena m h ima. É preciso ressaltar aqui o trabalh o do advoga -
do Fagundes, pois é certo qu e suas alegações e seus esforços influíram n a Corte Julgadora que,
n os termos da Ca rta, podia usar o abrandamento da pena para aqu eles (n O plural) cujos crim es
não fo ssem revestidos de tais e tão agravantes circunstâncias; da m esm a forma , a pena de m orte
deveria ser m antida e executada para aqueles (nO plural também) que com discursos, práticas
e declarações sedi ciosas, procurassem introduzir no ânimo de qu em os ou via o venen o de
sua perfi dia. O que se vê daí é que a Al çada teve grande arbítrio para usa r d a graça concedida
pela Rainha. E é claro qu e seus m embros o fi zeram com base nas provas dos Autos c (po r que
não?) nas alegações de defesa apresentadas pelo bravo Fagundes. N ovo acó rdão foi lavrad o
conforme os termos da Ca rta Régia e, no di a seguinte, 2 1 de abril de 1792, às on ze horas c
vinte minutos, após a recitação do C redo , Tiradentes recebia o empurrão fatal que lan çou seu
corpo para fora d o patam ar da forca.

Mas a terrível cena que se abateu sobre o


Rio de J an eiro não causou desânim.o ao
advoga do Fagundes. Pelo contrário: ei- lo,
incansável , a 2 de m aio de 1792 , entrando
com urn lon go recurso em favor dos degre-
dados, co nseguindo redu zir várias penas de
degredo e mudar loca is de cumprim ento do
exíli o.

Por tudo Ísso

Vê- se qu e o Douto r J osé de O li ve ira Fa -


gund cs, brasileiro, advogado , exerce u com
hab ilid ade, in te li gê ncia, pro pri cdac.k, ética e
ho nestidad e o diflcil Ill aii c.b to que lh e fora
o u to rga do pela Alçada R égia, lll erccc nd o,
poi s, um lu gar de destaqu e na gr:mde epo -
peia da In co nfid ência Min eira .

*Professor; mernbro do IHG- MG e da


Academia Mineira de Letras

53
54
A REVOLTA DOS ECLESIÁSTICOS
Fernando Junqueira*

Entre c? religiio, o Cc?stigo e c? louCl/l'c1

o julgame nto dos In co nfid entes, algumas linh as ficaram apagadas por mais de um
séc ulo e meio. O destino de T iraden tes é o mais famoso: forca e esquartej amento.
O da m aioria de se us compan hei ros também era público: o degredo. Mas, a his-
tória de cinco deles foi um dos maiores eni gm as do movimento até a metade do
século XX : o que teri a sido feito do Cônego Luis Vieira da Silva e dos padres J osé da Silva de Olivei -
ra Ro lim , Ca rlos Co rrei;1 de Tolcdo e Melo , José Lopes de Oliveira e Manuel Rodrigues da Costa?

Muitos supunham , acertadamente, que a sentença fora secreta. O u tros, que eles foram julgados em
tribunal eclesiástico. O historiador Lúcio José dos Sa n tos disse ra: "os acórdãos relativos aos sacer-
dotes implicados na In confi dência perman ecera m sempre secretos. Ao qu e se sabe pelo primeiro
acó rdão, foram todos cond e nados à m orte" . Com o passar dos anos, descobriu - se que dois m eses
após a morte do Alferes, eles embarca ram para Lisboa, onde ficaram presos quatro anos na fortaleza
de São Juli ão da Barba. So ube-se, posteriormente, qu e J osé Lopes de O li veira morreu na fortaleza de
São J oão . Em O Processo dos Eclesiásticos da In co nfid ência Mineira- Sentença Conh ecida (Centro
de Estudos Bahianos, 1951 ), Alberto Sil va f<1z Ulll a notável síntese do tema, desde as dúvidas dos
pesquisadores até o desfecho do caso, tra zido à lu z por portugueses .

O início dessa mudan ça deveu - se a Antôn io Anselmo, co nservador da Biblioteca Nacional de Lis-
boa. Em urn dos anais da institui ção, ele co n ta que Fi lipe de Vilhena detinha posse de considerável
coleção de li vros, herdada dos "a ntigos Co ndes da s Ga lvêas no seu pal ~ício de Ca mpo Pequeno". Ao
citar temas da b ibli oteca parti cular, ele lll cncio n;1 os Autos co ntra os Eclcsi;isticos da In confidência,
não se debru ça nd o sobre a qu estão .

Ce rca de trin t:1 anos depois, o português Ernesto En ncs busco u os documentos, atentando - se à
co nexão entre Fil ipe Vilh ena c ;1 supos ta ordclll para q ue a se nten ça fosse secreta. É prov;Ível que
ela tc11ha sido cnvi:1da pelo 1ninistro c sec rctí ri o de Est1do dos Negócios da Marinha c Ultramar de
c n ti'ío, Martinho de Me lo c Castro , fi lh o de D. Fr:m cisco de Melo c Castro, por sua vez, filho do 4"
Co nd e cbs G 1l vê:1s. Assin1 , b111cs c hega :1 Teresa d e M elo c Castro, viúva de Fi lipe Vilh cna. Com
pcnni ssão d ela , o po rtu g uês traz :1 tom o grand e segredo qu e ai nda rondava os In co nfidentes .

Nos Autos, fi c un co nd e nados ;\ forc 1 "por cri lll C de lesa maj es tad e de prilllcira cabeça", além de
tcrc 111 se us bc1 1S co n fi sc1dos, J osé da Sil va de O li ve ira l ~o lirn , C n·los Correia de Tokdo e Melo e
J osé Lopes de O li ve ira . O s doi s pri 111 Ciros, co nsid er:H.los c hefes da Co njura<_:fio. J osé Lopes de Oli-
vei ra, por ter particip:1do. J;í o CÔ11Cgo Luis Vicir:1 da Si ]v;J c o padre M ~mucl l ~odrigucs da Costa,
que , segundo os Autos, s:1bi:un sobre o JIIO Viln c nto, 1nas não o denunciara m , foram condenados ao
deg redo. O C:ô 11 cgo dcvi:1 perd er todos os se us bens c Manuel Rodri gues a metade. Se retornassem
:10 Br:1sil , t un bé 1n iri :1111 :1 fo rc:1. Estud os 1mis rece ntes discorda m da refe rida atuação dos reli g iosos
11:1 ill COllfldê i1 Ci:1.

l·:ntrcta n to , por int e rve n ç~o cb rainha portu g uesa, a pc n:1 capital dos três cclcsi:ísticos foi co nvertida
t:nnbé tn e tn degredo. C:o tn o se vê, a alc unh :1 de lou ca de l)o n;J Maria I perduro u , mas foi sua fe r-
vorosa fé que prese rvo u :1 vida de três dos nossos heró is.

~Jornalista; editor das primeiras edições da Memória Cult

55
ff
Na.r&~ /eus o/hos
São .réus e cu~aúo~
(7ue soú~ e f?Ue óe!}é
Os/e.r.rospesados
De J_/yÚs/o Senhor
Na.r&~ escura
L/LU b7s/e Pasror
Na/ w'o /eu .ros/~
O sanguege/ou-s~
A .únguap.rendeu-s~
ileLUJ'e LUuóou-se
Das/àces a cor
Na.r&~ escura
L/LU b7s/e Pasror

56
UM POETA NO EXÍLIO
Adelto Gonçalves*

En; Moçc117Jbique, os últiJJlOS c1170S do 'VJi-ceu de M1n7ú"

W
en un ciada a co njuração e m Minas Ge rai s, o ~oeta Tomás Antô nio Gonz~­
ga ( 1744- 1810) , ex ouv1dor em Vda R.J ca, f01 d e tido, encammhado ao R10
de J ane iro e reco lhido à fortaleza da Ilh a das Cobras , no di a 6 d e junho de
1789 . Escreve u liras, ro mpeu o noivado com M aria Doroth ea e co mpareceu
a vári o s interrogatórios, sempre se mantendo " num a te naz n ega tiva". Da prisão, p ediu a
um ami go qu e levasse para Lisboa os o ri ginais d e Marília de Dirceu, que sa iria à luz p ela
Tipografia Nunesian a, qu ando ele já estava em se u exílio na ilha de Mo çambiqu e havia três
n1eses.

Po u co te mp o d epois d e d esembarcar da n au Nossa Senhora da Conceição e Princesa d e


Portugal, a 3 1 d e julho d e 1792 , para cumprir p ena d e d egredo por d z an os, Gonzaga foi
n omeado pro m otor de defuntos e ausentes pelo ouvidor Francisco Antônio Tavares de Si-
qu eira . Ao co ntrári o do qu e afirmou o pro fesso r M. Rodrigu es Lapa , em. se u prefácio para
"Ob ras Co mpl e tas de Tomás Antônio Go n zaga" (São Paulo, Companhia Editora Naci o-
nal, '1942) , o poeta não caso u co m "a h erd eira da casa mai s opulenta de Mo çambiqu e em
negócio de escravatura" nem co nsagro u "as horas vagas ao rendoso com é rcio de escravos".
Muito m e n os ajudou o sogro a aumentar sua fortun a. Até porqu e n e m teve temp o p ara
isso . O escri vão Alexandre R.ob e rto M ascaren has, se u subordinado , morre u aos 42 anos,
em 1793, n o m esm o ano d o casa m e n to d e Go n zaga co m sua filh a, Julian a d e Sousa Masca -
re nh as, j ovem analf:1beta d e 19 anos.

Ma scare nh as nun ca se e n vo lve u n o co m ércio n egreiro. Era proprietário d e uma casa na


IZ. ua do Largo da Sa úd e, o nd e Go n zaga passo u a m o rar co m a mulh e r , e de uma ma ch amba
(p Lm ta ção de m andi ocl) n o co ntin e n te fi·onte iro , que obtivera pelo casa m e nto co m Ana
Maria de So usa . O ClsaJn e nto rep rese nto u um d esa fogo nas finan ças do d egredado, ma s n ão
fo i sufi cie n te para to rn :í- lo lllll potentado. Ana M ari a, a sogra, com a m o rte d o marid o,
tra nsferiu par:1 o casa l a m o rad a d:1 Rua do Largo da Sa úd e e passo u a m o rar sozinha na ma -
c ha nlba , nas T e rras Firm es . C o n1 a co nco rd ância de sua mã e, Juli ana França d e Sou sa, doou
ao casalu111 p:d111 :1r co 111 su :1s casa s co ll tÍg uo a sua pro pri edad e .

A vida nun ca es te ve m al pa ra Co n zag:1. Ta n to q u e , co m m en os de 25 dia s de c h egado à


te rra , p t)d e c01nprar Ulll escravo bdin o por 20 1nil - réis. U111a das raras p essoas c ultas n aqu e -
le po voado , o e x- o u vid o r 11 ~0 e nco n traria difi culdad es. Co m o advogado, trabalhou para
trafiCl JJ tes n eg re iros c, 111:1is u rd e, :10 fln :ll d:1 vid a, co m o jui z inte rin o da alfâ nde ga, e se ria
ac us:1do pe lo gov e mo d e Li sbo:1 d e te r C1vo recid o o s interesses da elite n egreira, em dctri -
Jll e Jl to cb C: o roa .

N :1 Áf!·ic 1, COJllp ori:l " A C: o Jl cc i ~· ~o " , po e1na ép ico inspirado n o n a utí-~ígio da n au M ari alva ,
e 111 I H02, :l s co sta s d e Mo ç:11nbiqu e, qu e hoj e f:1 z parte do acervo da l3iblioteca N ac io nal do
IZ. io de j:111eiro , :lind a qu e in c01nplcto.

57
/'/'A wf/a /Õ.rhF-~
o nso ;inpe~;rq
h:Zera./0 a c.úag~
(.Jue aúns/e nope;rq
.ffa;s/Un~ e ./Ua./Óf,

Nar.&~ escura
L/./0 Ó7s/e Pas/or
Lh~us-./Ue a serwr- /4"
.Lerara o /eugado
r

A /õn/e ./Ua./s e/ar~


r

A rargeD?, e pradq
Lle re/ra ./Ue/úor
Nar.&~ escura
L/./0 Ó7s/e Pas/or / /
Vcrm de· Toi//Jr llnrr)I//(J (,(J/12:~!.{:1

58
Co n1 Juliana , teve doi s filh os : A na c Ale xandre Ma sca renhas Gonzaga. Ale xa ndre, nascid o
em 1RO<J , m o rre u so lte iro . Ana caso u , e1n segunda s núp cia s, com Adolfo J oão Pinto de Ma -
ga lh ães, qu e fo i um dos mai o res trafi cantes n egreiros de Moça mbiqu e . Go n zaga foi sepulta-
do na igreja do co n ve nto de São D o min gos, dedi ca da a No ssa Se nhora do Rosário, na ilh a.

Em 1852 esse te m plo fo i d em o lid o po r estarem su as p aredes co mprom etidas e os ossos do


p oeta teriam se p erdid o . N ão h:í indícios d e qu e ten h am sid o tra slad ados para o utra igreja.
Os ossos qu e vie ran1 para O uro J>reto em 1 <J3(J s:lo d e To m ás Antô ni o Go n zaga d e Maga -
lh ães ( 182<J - 1855), n eto d o p oe ta , qu e es tava en terrado na igreja da Ca ba ce ira G rande, no
di str ito de M oss uril , en1 fr e n te ;'\ ilha . A in scri ção qu e prova isso est~í lá até h oj e na parede
d:1 cap e la - m o r .

*Doutor en1 Literatura Portuguesa, autor do livro


Gonzaga, um Poeta do Ilmninistno

59
'I

DA EXEC UÇÃO DE
JOAQUIM JOSÉ DA SILVA XAVIER
O TIRAD ENTES

O horroros o fato da alta traição con ceb ida na Cap it<1n ia d e Min as Gcr;~ i s causou t<t nta
fermentação nos ânimos de todos os confedl'!rados qurm to f o i ans ios<1 a expect<Jtivil ern q ue
estiveram até cabal decisão e manifes t ação de tão te mí ve l co rn o in es perado mov imento:
efervescência de paixões fomentado s aos peitos d o ódio e da ra iv a.

E uma das salas, chamada Oratório, aparece ram algem ados o nze réus. Bordav:~m os quatro
lados desta sa la os soldados, c uj as arm as es t élv~rn c~rrcgéldas de pó lvrna e ba l;.l.

Todos estes foram sentenciados à m orte natura l na f orcé1 . com infãrni a p;n a sernprP <tté se us
netos, se os tiverem . Além di sso, o infam e TI RADENTES tP.r ia cortada a c<tbeça e se ri a
esquartejad o o seu cadáver .

Um mortal suor os lavou. E tragaram a ú ltim a go t;j d o f el : " m ,1s, v is ta a carta ria Ra inl1 a
Nossa Senhora .. ." Tornaram à vid a: " ... co muta-se aos ré us, exce to TI RADENTES, a pen a
de morte em degredo perpétuo para os l ug ares cf:, Á fri ca."

Os gritos e louvores e as açõe s de gr<tças <>e <> lr>v<t r<t m ;H) c0 ti. Un s, ;jcf mi r<ldf)c;, c~ l r> IJ r<lV<l lll
tão in aud ita piedade da Soberana; outr os , mil v ivas rep<>t i;ml. Os p1ns•Js, com to d <l <1 r>fus;i<)
de seu coraç ão, entoaram a Salve Rainha e pross<!g ui r<t m co m o te rço de Nr ssa Se nh ora.
Finalmente, todos diziam a urna s ó v oz : - "Q ue c l c m i'> n c i a ! Q u e p i ecfaril" ! c;ó vós, ')r> nh ora,
nascestes para governar. Que felicicfacfe a n ossa serm os vassa l os rir> uma f?ain l1 a t,i<> che ia
de co miseração de seu povo! Vó s nos cati vas t ~"s. ' "

No meio de tão vivos transportes d e al c gri <t, c;ó TIRADEN TES ~st<JV<l li cpdfJ d!' m ;w<> " pi!s;
[ ... ] mas tão corajoso corno contr ito r es p o nd ~ u <lO d i1 0to r '1ll e o co nfo rtav<1 <1!h <1q11i: "Q u ~"
agora morreria c h eio de pra ze r, p ois n iio levava .1f )()-; si ta nt os infc li71'''> a q u r> m co n t.1 min ara.
Que isto mesmo intentara ele, nas multiplicarias vr>zr•<; fiiiC fo ra ;\ pre•;~" n c,;<l dos m i n is tr o~.
pois sempre lh es pedira que fizesse m dele c;ó , -1 ví t ~nJ.1 ri a I f' i."

Amanheceu o dia 21 de ab ril , quo lh e <1l>riri <t <1 0tr! rnid ;, d 0 Ent rrlu o <l lq<J7 1>'11" 111 0 vú.:;tir "
alva,- e pedindo-lh e corno d e c os tum e o perdiio d a ll l<> rtr>, "q u<> a jll<>tit;,;;l r' q ur· llw movi<1 oc;
braços e nã0 a vontade - , pl ac idam ent e vo lto 1 <;<'! p<1r:1 "'c o lhn disr:;n· "(). m"u ;1m iqo,
deixe-me /Jeijar- /h e as mão s e os p és ." O q''"·
f0ii<J r:<Jm d f' m r> nc; tr<lryil') d<> humi lrl ;lrl<. , ,·qm
as mãos despiu a cami s a e v es t iu " <t iVil, d iv! n<l o: - "(.) 11" rJ '>" U F?r>rlr> n trJr nro11r• ra 11<Jr dP,
também nu."

o valor,a intrepidez e a pre ss a com qu e .r:a minh ;w;"J, os so li li>q1 1i0c; qu o f;n:ia 1;orn o cruci fi xo
que nas mãos levava, encheram d e cx tr01llil co n c;rJ I<H,.:ín il'l'> 'l' '" lhe ac;si•;ti<lm

Ligeiramente, subiu o s d egraus , c se m lovil n!ar oc:; rJ iho•;, q u0 S~'rnpr<! crm';" rvnu prNJrldo•;
no crucifixo, sem estrem ecim ento il lqtllll , rJ ,. , ,, l uq<1r 00 r:;"J rr ac;r:o p<1r<1 J!f"P""lf n qu• Nil
necessário; e, por trê s v ezes , pediu -Ih !' qtl " al>r<>v i:Jc;•;•' a ~'X"CtiÇ:Í<J

HP I<1to do FRE I.RAIMUNDO PENAr-ORfE


(Fról d" qt!P <1ssi<>ti11 Tiradf'ntPc; "lll <:onfi<><>an)
f'-!'~=======--"'- - -- ~--- _=::::.=...·----- - -

TIRADENTES NO SERTÃO

Márcio Vicente da Silveira Santos

Entre 1780 e 1781, qLundo conundou o Quartel en1 Sete L :?goas_ o Alferes
j i ci? va ;nostJ-:Js de Sllc11Ínpetuosid?de.
EnJ l1171a }Jc1SSc7geJ71, l71c717dou construir UJJ] quartel SeJn c1llt011Zc1Ç/i o do Gover-
no. En1 outrc1, escreveu direta;nente ci J-{_c7JÍ1ha Do;u M11ú /_por diliculd1des
e;n COJJljJI":lr ;n;lho p c11ê1 os Cc1 Vc?los de sua guc1rd1.

( ) A ll cT l'~ .J o.tquiln Jmé· d.t Sil v.1 Xav in qu ;utd o 110 co Jn;tJHio L' lll Se re Lt goa ~

61
presença do Alferes de Cavalariajoaqu imj osé da Silva Xavier- Tiraden -
tes - no sertão, até agora, não havia sido objeto de estudo mais ap rofun -
dado por parte dos historiadores que se deti veram na análise das atividades
do militar. As referências a esse fato são sucintas, com os autores orbitando
o n1esmo núcleo informativo e não gastando n1ai s do que duas ou três linh as para seu registro:
"Entre 1780 e 1781, Tiradentes foi o comandante do Quartel de Sete Lagoas, porta de en-
trada do Vale Médio do Rio São Francisco". Esse "alh eamento históri co" é justificável: se a
fi gura do Inconfidente eclipsa a do militar, quando no sertão Tiradentes ainda não se dedi cava
à militância que notabilizaria sua figura e cu lminaria no maior movim ento político - militar do
Século XVIII - a In confidência Mineira.

Com a publicação do livro "Tiradentes em Sete Lagoas" (Editora Kosmos, 20 ·10), fica provada
não somente a presença do Alferes no comando do Quartel do Sertão, mas também realçada
a importância econômica do Registro de Sete Lagoas como entreposto para o abastecimento
das áreas de mineração da Capitania e centro de arrecadação de impostos devidos à Coroa. A
localização estratégica de Sete Lagoas, cortada pelas estradas reais qu e ligava m aos "Currais da
Bahia" e à zona de produção dos vales dos rios São Francisco e Velh as, também justificou a
instalação do Registro, em 1762 .

Valendo- me de documentos localizados na Biblioteca Nacional (Rio de janeiro) , na Casa dos


Contos (Ouro PretO) e no Arquivo Públi co Mineiro (Belo Hori zonte), além de informa ções
pü1çadas de vasta bibliografia existente em importantes centros de cultura de Minas Gerais,
como a biblioteca da Fundação Amílcar Martins e a Biblioteca Estadua l Lu iz de Uessa, foi pos-
sível fixar o recorte temporal em que o Alferes esteve no comando do Q uartel de Sete Lagoas:
de 22 de abril de 1780 a 23 de junho de 1781.

62
N esse período, T iradentes manteve intensa troca de correspondên cia com seu comandante
n o R egimento de C avalaria, o General e também Governador da Capitania, Dom Rodrigo
J osé de Men ezes, c com o contratador de direitos régios (arrem atante dos impostOS), João
Rod ri gues de Ma cedo . Toda essa documenta ção, constituída por cerca de 50 cartas, recibos e
ordens de serviço, está enfeixada no livro, qu e tra z em en carte um mapa da região, levantado
em 1777 por J osé J oaquim da R. ocha . Quatro missões foram confiadas a Tiradentes quando
no comando do Q uartel do Sertão , sendo a primeira delas de cunho eminentem ente militar:
a segurança intern a e in colunudade das fi-onteiras da Capitania.

A segunda con sistia em dar apoio militar à cobran ça dos impostos, o que às vezes era feito de
maneira coercitiva (essa atividade da fo rça poli cial - militar só viria a ser suspensa a partir do Ilu -
minismo), e a terceira, uma ve rdadeira obsessão da M etrópole, fielm ente atendida pelos go-
ve rn adores: o sistemático combate ao co ntrabando do ouro e à evasão fiscal. A quarta missão
do Alfere s seria a abertura de uma estrada que, partindo de Sete Lagoas, li gasse a ~\rea central da
Capitania a Paracatu - um a das Vilas do O uro- " desobrigando os viandantes de um conto rn o
geográfico qu e ia qu ase às fi-onteiras de São Paulo, n o acesso aos Goiases" .

Além de sua im portância documental sobre a presença de Tiradentes em Sete Lagoas, o livro
revela t1tos curi o sos das atividades do Alferes e de seu comportam ento funci on al, tido com o
" en érgico e voluntarioso", qu e o levou, por exempl o, a m andar construir um quartel sem
autorizacão
' do Govern o . Prova desse temperamento foi a carta qu e escreveu diretamente) )

à R. ain ha Dona Maria I, quando se viu em difi culdades para co mprar milho para o trato dos
cavalos de su a gu arda . Um ponto final , ainda, na quest3o que exercitava o debate entre os his-
to ri ado res lo cais: a exata locali za ção do im óvel qu e servia ao aqu artelamento da tropa. Com
base em in forma ções de testemunhas, o artista plástico Ivânio C ristelli recomp ôs a arquitetura
do Q uartel, qu e ilustra a capa da publica ção.

O lan çam ento do li vro , de nossa auto ria , também embasao projeto de instalação, no Distrito
de Silva Xav ier (I lOm c em ho m enagem ao Alfe res), a 1R quilômetros da sede do municípi o ,
de Ulll In cnJ orial pa r~1 registra r a presen ça de Tiradentes em Sete Lagoas . O local escolhido é
a an tiga estação fcrrovi ;\ria , in augurad a em 1899 c j ;\ em processo de tom.b am ento pela Pre-
fe itura Inqu cstio navclm c ntc, o fato hi stórico in sere Sete Lagoas no cenári o da In confidên cia
M iiJ c ira ;Jtrav és da fi gura de m aio r ex pressão do m ovim ento - o Alferes de Cava laria J oaquim
J osé da S il v ~1 X avi er, Tirad en tes .

*Jornalista e advogado
Membro da Academia de Letras de Sete Lagoas

63
/ ' / ' Se t'odos '7u..rSesse~ _poóe.r.lá..rnos./ãze.róest'e
_paú uUJagrande nação

64
ABORDAGEM SOBRE O DOUTOR
TIRADENTES
Christobaldo Motta de Almeida*·

u and o ini ciei pesqui sas so bre J o aquim José da Sil va Xa vie r cTiraden tes) , parti
d a análi se d o se u no m e d e batismo c de sua alcunha. Se apelido ti vesse, aquel e
no m e ca rinh oso , n o dinLinuti vo, dado às cri anças e qu e p erdura pela vida in -
teira, certam en te seria "quinzinho" ou "quin cas", o qu e não se registrou até o
m o m ento .

O qu e exced e ao n o m e de batism o, no caso dele, é Tiradentes, alcunha q u e é um ap osto rela-


cio nad o co m a ati vidad e da p essoa com o : " Ti ão Ferreiro" ou "Antô nio Sapateiro ".

Apó s a m o rte d a sua m ãe e, e m seguida, a do seu pai , T iradentes , aos 1 ·1 anos, foi m o rar com
o cirurgião Seb as ti ão Ferreira Dantas, seu padrinho, com qu em aprendeu as primeiras no ções
práti cas, m édi cas e cirúrgicas ce xtrações d entárias) . Com o Frei V eloso, prim o e b o tâni co ,
d eve te r aprim o rad o se us co nh ecim e ntos.

A práti ca m éd ica, na épo ca, aco ntecia com o li cen ciamento d e pro fi ss ion ais para exercer a
m edi cin a, co nh ec id os po r Físico s c C irurgiões sa ngrad o res o u b arb eiros e cujas Ca rtas d e Au -
to ri za ção era111 co ncedid as pelo Físico - rn o r e pelo C irurgião - mor do R..eino no p eríodo co -
lo ni al. E xclu e m - se d esta au to ri zação os m édi co s dipl o mad os em Portu ga l. O fisico o u m édi co
p d ti co e xe rcita va a In cdi cin a pdti ca, rnini strava re m édi os, enquanto o cirurgião prati cava a
cirurgia , tinh a o direito d e san grar .

Esd registrad o qu e Tirad e n tes pratico u atos in ere ntes ;1 m edi cin a, seja mini strando re m édi o s
o u prc par;1nd o - o s cfun ção d o s fisico s o u m édi co s), o u prati cando atos cirúrg ico s com o a ex-
tração d c n t:íri :1 (fLIIl \·ão d os cirurgiõ es san grad o rcs o u b:n·bcirOS), ambas ativid;ld es da m edi cin a
pc nni ticb s él esses, na é poca .

Es ta s at ivichd es 1n édi cas COJi sistiélln no preparo c mini stração d e banh os , p edilúvi o s, limp ezas
d e fe ridas, bo c hcc hos, gargarej o s, ch;Ís, apli oçõ es d e e1npbstros c sum os d e ervas cicatri zan -
tes . /\ s at ivid ad es cir t.'trg iu s sang r:td o r:ts co it sisti:un cin ex t r;~ ç õcs d e ntárias e ações e m fe rid as
rece n tes c s:1ng re n tas, p:1r:1 JT ill o\· ~o d e co rp os estranh os, s~uja s , pun ções , san grias, té cni cas d e
cs t~ut cun e it to d e he lll OJT:lg ia s, to rniqu etes o u garro tes, :1ss in1 co nt o apli cação d e ve nto sas e
o u tro s pro ceditn e it tos.

O c 1r:ÍLe r huil l:llli t:í ri o d e Tir:1de n tcs reve h - se q tund o , co 1n o s co nh l'cinl e nto s adquirid o s,
to m o u - se sú cio d e un1:1 b m iu d e :tssistê 11 cia ;\ po breza, e m Vila l ~ i c1 , 11:1 p o n te d o l ~ os;íri o ,
o nd e e rvas di ve rsas c es pcc ífl us par:1 cad :1 tn ;ll c ralll fó m ccid:1s ;lo s n ece ssitad o s, te nd o se d e-
di cado :tss i1n :1s pr:ítiL·;ls d e pre p:1ro; po is flsicos (In édi cos) cran1 os profissio nai s aut o ri z;~d o s a
e labo rá - lo s (Jt ão h:tvi:t :lilllh :1 flg ur:1 d o !~ mn a cê u t i c o )

65
Alistou -se como soldado na tropa da Capitania de Minas Gerais em 1780, e no ano seguinte ,
pronwvido a Alferes, tornou -se o Comandante do Destacamento dos Dragões, na patrulha do
Caminho Novo, rota de escoamento da produção do minério aurífero.

Átila A. Cruz M achado, no seu livro "Fisicatura", um estudo completo abo rdando a atividade
dos profissionais da saúde no Brasil , informa que "cirurgiões e fis icos, quando no exercíc io
de suas atividades nas 'corporações' cmilitares), eram graduados como alferes, tenentes e cap i-
tães". Indago: Teria sido Tiradentes um destes?

Não deverá nunca ser mencionado como dentista, no mhimo um precursor, porque seu tra-
balho em relação aos dentes resumia-se à extração, o qu e me faz consided - lo co mo " prático
extrator dentário", e a habilidade na prática da extração dentária lhe valeu o cognom e. Entre-
tanto, Frei Raimundo de Pennaforte, seu confessor, disse qu e ele "Tirava com efeito dentes
com a mais sutil ligeireza e ornava a boca de novos dentes feitos por ele m esmo, que pareciam
naturais" . Estes dentes eram feitos de marfim ou de osso.

Insisto que se desconhece o registro de cargo, função ou profissão de dentista e farmacêutico


em documentos do período colonial, o qu e só veio a ocorrer no século X IX.

66
Tiradentes, como poli cial, tinha co nh ecim ento de procedim entos para fin s de prova, e ao
pa ssa r por u m loca l o nde oco rreu o encontro de cadáveres n ão titubeo u. Cyro Go mide Lou -
res, cirurgião dentista min eiro, fazendo p esquisas, descobriu que , por volta de 1780, o Alferes
T irad entes realizo u a ex um ação de doi s corp os, enterrad os em cova única; examinando- os,
con cluiu qu e am bos fo ram assassin ados . Al ém disso, observo u cica trizes qu e os identificavam
e co muni cou o ato às au to ridades sup eri ores; requisitou providên cias para o policiamento da
região, po is as vítirn as fo ram assa ltadas . Procedeu à inumação dos corpos, à m arge m da Estrada
R eal, no adro da Capela da Fazenda Borda do Campo, em Barbacena, conforme preco nizam
as no rm as cri stãs. Esta exum ação não foi requisitada e J oa quim J osé da Sil va Xavier realizo u
este primeiro ato m édi co-legal basea do no qu e hav ia nos livros qu e importava da Europa e
por ser um " pr~íti co extrator dentário ", denomina ção qu e julgo m ais adequada à sua ati vida-
de. Alguns hi storiado res em Minas Ge rais o consideram co m o cirurgião práti co, po rqu e as
suas funções iam além das de um "dentista " práti co. Não existia a fi gura do m édico - legista,
mas co nhecim e ntos m édi co- lega is eram prati ca dos pelos cirurgiões, o que ocorreu no exan1e
ca davé ri co do in co nfidente CL:í udio M anoel da Costa, em qu atro de julh o de 1789.

Segundo re latos hi stóri cos, quando T iradentes descobre estar sendo vigiado pelos governantes
q ue suspeitavam das suas atitudes de insurreição, pede ajuda a um a viúva cuja filha hav ia sido
curada , p o r el e, de um a chaga ca n cerosa no pé . Q u em o soco rre é o padre In ácio Nogu eira,
sobrinh o da viúva, qu e o as ila na casa do o uri ves Dom ingos Fern andes.

C h aga cancerosa signifi cava fe rida abe rta, ulcerada, com aspecto repu gnan te, apodrecida, de
dificil cicatri zação, que demandava tratamento de longa duração.

Encerram - se ass im , com a perícia m édico - lega l, atos cirúrgicos de extra ção dent<Íri a, cura,
po r lll cio de ervas m ed i c in ~li s e demais ações m éd icas, o ciclo de atividades m édi cas do douto r
T irad entes.

Fica ass i1n dc n iO nstrado, com tud o o qu e fo i ac im a descrito, ter o Alferes T iradentes execu -
tado atos da In cd icin a pdti ca, da época, em dive rsas áreas. Proponh o, soli citando o ava l do
In stitu to Histó ri co c Ccogdfico de Minas Gera is c do Centro da M em ó ri a da Facu ldade de
M ed icin a da Un ive rsidad e Federa l de Mims Ge rais, para J oaq uim J osé da Sil va Xavier, "in
lllC in ori;un ", jJOr 1n érito deste c em desagra vo ao sacrificio imposto a T iradentes, o Título
de Pri1n c iro I )outor " ll o no ri s C lU sa" da M edicina l3ras ilcira, a ser conferid o c assin ado pel o
M agnífi co l ~c i to r .

"Membro do IHGMG c da Academia Mineira de Medicina

67
I li~t.:Oft · r!c· !J/1/U

68
.......
-·- ~_.

~--
..........

RICO E REVOLTOSO
André Figueiredo Rodrigues*

Ao contJc:frio do iln:;g incizio coJTente, Tilc:; dentes ei ê7 UJJJ hon1e1n de posses e


COJJl JlJCOJJll!JJJ influêJJOd pc7ic:J l/JJJ "sinp/es c7Jfêres n

@
dia 2 ·1 d e abril m arca o fim da In co nfid ên cia M in eira ( 1788 - 1789). A Incon -
fid ê n c ia fo i um m ovim e nto pl an ej ad o p ela elite intelectu al de Min as Ge rais,
qu e bu scava a ind e pe nd ê n cia da região e m relação a Portu gal e a in staura -
ção d e um regime re pub li cano inspirado n o e ntão recente m o delo fede ralista
n o rte- am e ri ca n o.

Entre os e nvolvid os e processados, aparece o alfe res J oaq uim J osé da Sil va Xavier, co nh e-
cido co m o Tirad e ntes, qu e rece b e u a m ai o r puni çã o: a m o rte, a d eca pita ção e o esqu arte-
j am e nto. Morto e m 2 ·1 d e ab ril d e 1792, apesar d e ser o p ersona ge m com maior núme ro
d e es tudos da In co nfid ê n cia Min e ira , muito p o u co se co nh ece d e sua trajetória e so bre o
d es tino d e se u s b ens.

Em 178 1, por exe mpl o, Tiradentes co mandou a co nstru ção do Ca minho do M e n eses, na
se rra da M an tiqu e ira. Em pe tição ao co m and ante daqu e la área, info rm o u que se ac ha va
com esc ravos e qu e estava inte ressado e m min e rar n o loca l. N o despacho, com data de
22 d e setembro d e 178 1, o esc ri vão Antôn io Tavares d a Sil va co nfirmou - lh e a co n cessão
e a m e di ção d e 43 pontos d e min e ração, locali za dos no porto do M e n eses e nos có rregos
d a Varge m e do Co n ve nt o. N o di a 24 daque le m es mo m ês, o co mandante do distrito, o
te n e nte- co ro n e l Manu e l d o Vale Amad o, co nfirm ou - lh e as data s min e rais, e ntregando - lh e
a " p osse co rp o ral c atu a l e indi v idual " da s te rras .

O e xe mpl o das 43 dat;ls que T ir~1d e n tcs e xpl o rava pe rmite co nstatar que ele não e ra um h o -
m e m COJll p o u cas p osses, co lll o se afinn ;l, c qu e sua li gação co n1 o poder e ra mai or do qu e
se tc 1n dito , p o is do p o n to d e vista legal n ão se ria p oss íve l exp lo rar os pontos d e min eração
que estava 111 so b su:1 posse . Até se r preso p e la d evassa da In co nfid ê n c ia, e m 1789, Tiraden -
tes ex p lo ra va aqu e la s te rra s. r:o i possivc hn c n tc CO Jll os lu c ros o btid os n essa min e ração qu e
pôd e c in prcsLlr ao cadete J os é J> e rcir:1 d e Alm e ida l3 c ltrão 200 rnil ré is e a Luís P e re ira d e
Qu c ir(>s :1 qu :lJJ Lia d e 22 0 JJJil ré is, e n co n trad o s n o se qu es tro de s<.: us b e ns. N ão seria, por
co nseguin te, so JJJ CJJL e co n1 o so ld o d e JJJili t: Jr ( 142 Jnil c 3~ 0 ré is ;mu :1iS) qu e T irad ·ntcs se
sustc n ta r i;J. En 1 1 7~7, rece be u d e sua JJJ ãc , An tô ni :l da En carn ação X ;1vi c r , h e ran ça n o va lo r
d e CJ(J~ Jnil c 774 ré is.

A d cv:1ssa d esco briu , qt~:l s e UJil 111 ês :1pós :1 ap ree nsão de se us be m , q u e T irade ntes e ra d o n o
d e lllll sít io co 111 cas:1s de v ivc n lb , sc n z:1hs c Jll Ollj o lo , d e apro x in1 ad ;1rn c n te 50 quil ô m e tro s
qu :1drad os , co inprce JI(lid os c in o ito ses1mri :ls, n a Ro c inh :1 Negra, n o porto d o M e n eses,
o qu e co ntl nn :1 a SLJ:l li gar.·ão co Jn o p o d e r, p o is n }o se p o di :1 doar lllai s qu e ulll a sesmari a
a tJJil :l LJlli c:1 p csso ;J. !Jr;ni c:lJJJ e JJ te 11 :1d:J s:lb e Jn o s so bre csc1 prop ri e dad e , ap e na s que 11 0 dia
17 d e se te lllbro de 17HJ Tir:1demcs :1p:1rccc u lll cd in do c d c JJl ;lrca nd o essas te rra s, c qu e e la s

69
70
Ruin a~ d:1 Fazc nd:1 do i'oJnbal . R idpo lis. onck, Clll IJOWJIIbro , CO JII CJ11 or:111do o nasciln cnro do Alfcn·s Ti r:l-
dcnres. oco rrL' o :lgr:lci:IJII CJJW de· perso nalidad es com a CoJJI L' ll cl:i da Liberd ad e e C:idad:n1ia , send o, a cada :111 0 , na
scqu ência. a cidade· de S~o J o~o ck l R ei. Tiradcnres e Rir:íp olis. a anfitriã .

n ão foram se questradas p e la Devassa, porqu e o fe rreiro J oão Alves Ferreira, qu e dizia ser se u
sóc io, arranj o u co mpro vante de tê - las co mprad o antes d a prisão d o Alfe res. Na 1 -eguesia
d e N ossa Se nh o ra da G ló ria d e Sim ão Pe reira , n a região d e São Jo ão d el- Re i, Tiradentes
ta mb é n1 tin h a f:1 zc nd as c 1n três ses m aria s, q u e pa ssaram por arre mata ção ao cap itão Jerô ni -
m o da Sil va Fc rre ir;1.

O s exc Jnpl os da s I I scs1mrias c c.b s 43 datas ex plorada s por T iradentes nos permitem inseri-
- lo e n tre os g randes prop ri ct;Írios de terras da região, na segund a n1 e tadc do séc ulo XV I I I.
O 1mi or propri ct;Íri o c.h rcgi:lo da M :1ntique ira , o In co nfid e nte c co rone l J osé Aires Gomes ,
q u e tinha 1n ;1i s d e 22 f lze Jl c.h s, JJ Jo possuLl ;1 n1 cs rna quantidade de terra s co m título d e ses -
Jll aria d e Tir;Jd c n tcs . 1\ dilc rc n ç:1 Cll trc as p osses d e Aires c de Tirad e ntes cst;Í n o tamanho
da s pro pri e dad es : :1s tc rr:1s d e Tirad e n tes cr:1111 todas d e Jll c ia légu a em quadra (pou co mai s
d e I O qui ]() Jn et ros quadr:1do s), enqu an to as p c rtc n ce 11 tes a Aires Olll CS v;1riavam d e m e ia
a três ll-g u as quadrada s.

Doutor em História pela Universidade de São Paulo . Metnbro Titular


da Com issão de História do Instituto Panamericano de Geografia e
História ciPGH)

71
72
't,• -

LOGO APÓS A INCONFIDÊNCIA, A


INDEPENDÊNCIA
Jorge Lasmar*

Conjuração Min eira p recedeu a Indepe ndên cia, em 7 d e setembro de


1822, data da separação políti ca de Portugal , o casião em que Dom Pedro
assumiu o po d er, so b títul o de Imperad o r do Brasil. C uri osamente, os re-
publ ica nos d e então só co nsiderariam o 13rasil verdad eiramente ind epen -
dente com a ab di cação de Dom Pedro I, no di a 7 de abril d e 183 ·1, como " um triunfo da id éia
nacionalista " . Nesse d ia, o 13ras il tirou o tron o d e prín cipe portu guês e o devol ve u rege nerado
ao prín cipe bras il eiro. cTeó fil o Otton i, C ircul ar>

"O 7 de abri l assin ala, m ais do qu e o 7 d e setembro, a verdadeira indepe ndência política do
BrasiL " cH eitor Lyra, História de Dom P edro 11 , in "Teófilo Ottoni", Paulo Pinh eiro C h agas,
página 75).

É da Históri a o D ecreto d e 16 de setembro de 18 15 , subscrito pelo M arqu ês de Aguiar, qu e


d e terminou qu e o Estado seja eleva do ;} d ignidad e, proem in ên cia e d enomina ção de R ein o
d o Brasil , formando , poré m , um só c único R ein o d ebaixo do títu lo d e R eino Unid o de
Po rtu ga l c do Brasil c Algarvcs, cBrasil R ein o e Brasil Impé ri o, Assis C intra , página 13 , Ed.
R_e nascen ça, 1945) "O d ecreto fe z, de f:.1to, a noss:1 ind ependência . Aq ui estavam o rei, a cor-
te, os altos fun cioná ri os, o tesou ro real, e a rep rese ntação dipl o máti ca"-

O m otivo p rin cipa l fo i, sc 111 dú vicb , :1 vinda c in sta b ção da Fa 1nília ! ~cal , qu e se esforçava para
form ar da an tiga co lô ni a u111 gr:md c Impé rio , di gno d o no m e po rtu g uês. Portu gal, entre tanto,
m anobrava para qu e o Bra sil voltasse a se r a sua colô ni a, condi ção assim sempre considerada
pe los portu g ueses. Essa co ndi ção pc rdur:lv:l, mas o Brasil to rnara- se o utro BrasiL

Em 182 1, D0111 J oão V I, press io nado , reto m o u a Po rtugal. As Cortes não se rc unia1n há cem
anos, cx ig i:1- se um a CollStitui ção . O Brasi l pe rd eria sua co ndi ção d e l ~cin o e, co m o Co lô ni a,
se ri a sub ord in :1d o ;1 l)orltl g:d , as c; 1pi t:l!li as scri an1 govc m adas por militares c subm e tidas ao
gove rn o portug uês; as rc p:lrti c_·õcs c trib un :li s criados por Dom Jo ão fo ram extintos com pro -
post;l d e " rcco lo ni z: 1r" p:1ís, qu e não :1pc n:1s d eixari a d e se r o Reino Unid o, co mo também
0
o Vi cc - rciJl :ld o não se ria rcst:ILX' Icc ido . ll cg:d o Gove rn o Bra sileiro, militares e fun cio nári os
não lh e d ev i;un obcdi l:' Jl c i:L

O Tratado d e P:1z e n tre Po rtu g:d c 0 Bra sil , d e 2l) de :1gosto d e I H25, feriu a di gn id ade bra -
sile ira . lnd c n iz:un os l)ortug:d c 0 111 a sOJm d e doi s Inilh õcs d e li bras este rlinas e, no aludido
tratado , " 1) 0111 J oão rcc o nh cc i:l 0 J 1np é ri o do 13r:lsil , po ré111 e nquanto fosse vivo fi cari a co m o
títul o d e l1n pc rad or d o 13r:lsil. " (Assis C: in tr:1, p:íg in :1 -1-9 ).

O Br:1sil (ói o u não l(> i co l(>ni ;11 Ap cs: 1r d e ll!ll:l co n trové-rsi:l sc 111 signif-I cação, o Brasil fo i,
rcahn c n tc, co lô ni :l d e Ponugal. 1 ) csd c 1500 :1té a cfc ti v:l se para ção, o Brasil e ra - c fo i - co -

73
lônia de Portu gal. O M inistério das C olô-
nias, depois de Ultramar, existiu " para apa-
gar qualquer vestígio das colô nias" . H avia
o utras. O vocábulo "colônia " não era usa-
do até fin s do século XVII , outras palavras
eram empregadas, tais como povoar e po-
voadores.

Em 1713, foi publicado o primeiro Voca-


bulário Portuguez e Latino, de autoria do
Padre Raphael Bluteau, onde se encontra o
verbete colônia:

"Colônia, gente que se Jnan cÍ:? p c11a


c7lgllJJla
T en -c1novc1n1ente descoberta, ou
conquistada,
p éllê1 povOe?[ A JJ1e.51Jla ten a c1SS.Ú71
povo:;cb,
tc7111béJn se chc7lllc1 colônia ~~

Outras e categóricas referências nesse sen-


tido po dem ser encontradas em " Brasil fo i
Co lô nia de Po rtu gal" (T. O . M arcondes de
So uza, 2" .ed ., 1959, São Paulo). É o qu e se
encontra no "Ensaio sobre o com ércio de
Po rtu ga l e suas colô ni as" c.J osé J oaqu im da
C unh a Azeredo Cout inh o, ·1794) no " Li -
vro de Consul tas", (n°. 86, Arqui vo H istó -
rico do M inistéri o das Fin anças, Lisboa), na
"Junta de Administração G rão - Pará e M a-
ranh ão", de 7 de ju lh o de 1756, sobre um a
f<íbri ca de panos no Pará.

Azeredo Co utin ho, da Aca demi a de C iên -


cia de Lisboa, em o bra de va lo r edita da e1n
1794, ao se referir ;10 13ras il uso u o tenn o
di ve rsas vezes . Câ ndid o M end es de Ahn ei-
da, no Direito Ecle s i ~í st i c o Brasil eiro, regis-
tra qu e o cap itão - ge neral Fern and o An tô -
ni o de Noro nh a ao propo r a supressão do

74
e nsino do Latim no Maranhão, escreve u: "porque o abuso dos estudantes su peri ores só servia
para nutria o o rg ulho próprio dos habitantes do mio dia, e destruir os laços d e subordina ção
po líti ca e civil , qu e d e ve m os ligar o s habitantes das co lô nias à metró pol e" .

E o qu e di ze r d e certas C artas Régias, Bandos e Alvarás, cheios de desprezo, humilhação e


pre potê n cia, publ icados d esd e 1590 , proibindo plantações de vinhas; da proibi ção em 1579,
ao fe rreiro Barto lo m e u Fern and es, em São Vicente, de ensinar o oficio d e ferreiro "aos da
te rra"; o utro , d e 12 de maio 16HO , obri gando o s sapateiros a trabalhar unicamente com co uros
d e Po rtu ga l; e m d e 2(> no ve mbro d c 1ó90 , uso de sal qu e não fosse d e Portugal ; em 1720, o
e n vio d e p;1péis c letras impressas para o Urasil ; de 14 d e dezembro d e 1725 , não se introdu zir
sa bão m C:apit:1 ni a d o !t io d e jan eiro; a Ca rt;l Itégia d e 2R d e fevereiro d e 1707 , pro ibind o a
c n tracb d e cstr:lll gc iros c cx pu ls:l!ld o os ex iste n tes; e m 1727, a ab e rtura d e estrad as para Min as
G e rai s c Ma to Grosso c d e cstr:1d:1s novas para São Paul o ; mandando expu lsar os ouri ves d e
Min as Ge rais c pro ibind o Cill 30 d e junho de 17úú o o fi cio em tod o o te rritório; o Alvará de 5
d e feve reiro d e 17(>7 pro ibindo :1 r;lbri cação d e sabão !lO Urasil ; Alvará de 16 d e d eze mbro d e
1794 , ;1 rc tn css:l d e papé is c li vros para o Urasil; o Alvad d e 18 d e junho d e 1800 repree nd endo
;1 Câ tmra Mut 1i cipal d e T:unandu :Í (Minas G e rai s) por ter instituído uma Esco la primária c a
hlllnilh :Jillc Ord c tn ltégia d e ) d e junh o d e I 80 2, se is anos antes da chegada de Dom João
V I, pro ibind o qu e os govc mad o rcs rece besse m , no Ura sil , c111 audi ên cia , pessoas qu e não
cstivcssc ill vcs Lida s co tn ro upa s f:1bri c 1das co tn tec id os itnpo rtad os d e Po rtu gal. E élS f<1bri cas
qu c itll :lclas, :1s restri ções ;10 s n:1ti vo s, o o uro c os di :unantcs contari :1111 o utra histó ri a d e co mo
c r:un os co lo ni zad o res!

1: o Br:1sil , cr;1 o u 11 :io e ra C:o lt') tli a d e Po rtugal? Era!

*Advogado ,
Presidente Emérito do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais

75
/ ' / ' Nun7.a no.de, soss~óo,
1/é./hospa_p6s revo/w~

E por ver do 9'Ue /ra/ava~

L/LUpor uLU a rodos .úá.

..EraLU co/71ás eLUenúaúas

..Oe 9'uan/os versos1ne./hores

Eu coLUpus na /enra /nade

A LUeus @'versos aLUores

A9'U/U/ÓJÚs/as 9'Ue1xas

Con/ra as ven/uras /õrLUaÚ3.J;

Le1ó excessos LUa/ace/Í'O.J;

L7ocespron7ess.as '7Uebr.ao'.as / /

76
MARÍLIA DE DIRCEU
Alexandre Sanchez Ibafiez*

A Musa Revelada

elatar qualqu er que seja um. dos momentos da historiografia brasileira sem ao
m enos citar ou incluir a Inconfidência Mineira, seus fatos e personagens, é
co mo tecer uma magnífica colcha de retalhos artesanal deixando que faltem
. muitos pedaços para trás de forma desprezíveL Assim a colch a de retalhos se
tornana uma obra sem cores, sentido e beleza. Afirmo isso devido a minha jornada de oito
anos de pesquisas sobre o assunto na qual MARÍLIA DE DIRCEU me encantou . Além disso,
posso garantir qu e apesar de não ser totalmente reconhecidamente por nossa historiografia
nacional, D". Maria Dorothea Joaquina de Seixas cMarília de Dirceu) pode ser considerada,
sem sombra de dúvidas, a única musa de toda história brasileira à qual sobreviveu a todos os
momentos importantes, vindo a fà lecer aos 85 anos e meio.

P_orta nto, não pregaríamos veracidade se não relatássemos ao menos uma pequena parte da
Vlda de lY . Maria Dorothea, mulh er cuja mítica beleza inspirou o poeta Thomas Antonio
Gonzaga a escrever uma das mais importantes obras literárias em língua portuguesa, depois
de Carnões . A história ocorrida em Vil a Rica catual Ouro Preto) teve como pano de fundo a
In confidên cia Min eira. Dessa iremos a um breve relato sobre o mais belo romance colonial
brasileiro.

A provoc?dor:J hútoriogr:!li:1 .wbre M:uflú de J.Jirceu - Em 1782, Vila Rica vivia o princí-
Pio do seu d eclínio eco nôm ico c cultural, foi no final desse ano qu e chegou de Portugal o
novo O u vidor Cera! da Comarca , 0 Dr. Thomas Antonio Gonzaga . Ao chega r a Vila Rica,
Gonzaga fi co u h ospedado na c;1sa que o gove rno colonial possuía como residência oficial para
a O uvid o ria . O prédio que até hoj e ex iste, é um nobre casa rão que na época situava-se na
Ladeira da Pra ç;1, 111 ais con hecid a pelo povo co m o Ru a do Ouvidor. Sua chegada foi esperada
CO Jn an siedade pelos m embros do govern o c principalmente p elas autoridades e intel ectuais
de Vi la R.ica, os quai s já tcria 111 o u vido [;d;11· dos talentos qu e Gon zaga possuía como homem
das· lc 1· ·s c' t·,1111 !1cn1
' co lllo 111
. tc Icctua I d as Ictras.

De pronto , Co nz;1ga conqu isto u respeito c estima de todas as pessoas, pois era possuidor de
uma m an eira deli cada c co rtês, que acabava captando simpatia , principalm ente das nobres
figura s da so c iedade vilariqu e 11 se . Sua habi lid ade co m o ouvidor e as qualidades de poeta, fez
co n 1 que C lll pou co te 1n po go zasse de in vejáve l rep utação em toda a co marca . E para des-
crever o s possíveis en can tos do Dr. Go nz;1ga , atrevo - 111 c ainda a repetir as palavras do "gon-
za guca no " Almir de O li ve ira CJU C di z: " N ão creio que um desconhccedor da histó ria de
(' ,
:o nzaga lh e diga a idade exat:m 1e 11te ;1pós a leitura de suas liras. Positi va m ente aq ueles versos
nao tradu ze m , ma s esco nd em , ndi ciosalllcntc, ;1 id ade do poeta. Era um a alm a juvenil num
co rp o de h oJ ll CJll 111aduro ".

Tho 111 ;1s Anto ni o Co n z~l g; 1 residind o ;1 ;dgun s m etros abai xo da resid ên cia dos magistrad os, se

77
R cg1.stro de lhmmo
· . . -'\·· lc l)in:..: \1
de M .nl 1'1 c

encontrava a moradia do então secretário de governo , o Dr. C láudi o M an oel da Costa. Am -


bos se encontrariam com o primo de Gonzaga, o Coro n el de Cavalari a ln k io de Alva ren ga
Peixoto . O relacionamento entre essa tríade de intelectu ais em pouco temp o se tornou cJn
irmandade fraterna, os três saíram da m esm a universidade , os três eram doutores da lei, c os
três eram bons amantes da poesia árcade.

Ajoven1 M11ú Dorothec?]oc?quina de Seix?sv M71f/i:; dt:·lJirct:'ll)

Dotada de in comparável beleza, a jovem D o roth ea despertou em Gon zaga o d cslum br~\lll C n to
que lhe faltava. E aqueles qu e um dia ch ega ram a conh ecer Maria Doroth c a j:í c111 wan çada
idade, afirmam unânimes qu e ela poss uía feições de um a form osura sem par . Isso n os fú iJn a-
gin ar o quanto encantadora teria sido ela na tenra idade na q ual G o nza ga a con h ece u . Nu tn :l
das liras (parte 1 - Lira Il), Go nzaga demonstra cbranl cnte qu e num d ·te nni1L1d o t11 0 l1l enLO ,
entre olhares, uma arrebatadora paixão que cclod iu no co raçã o do maduro p oe ta . E q u e a
partir de então retirou a jovem Doro th ea do mundo real c a transporto u para o se u tnun do ,
onde pastores e musas coexistem num a p ermissividac.k poética.

Mari a Dorothea Joaquina de Seixas era filha primo gê ni ta d o C1pit~o lb lth :r;.;1r J o~o Ma yrin k
com D". M ari a Doroth ea J oaquin a de Seixas, m ãe da referid a tllu sa, c cuj o n o m e era se u
hom ô nimo. Aj ovem Dorothea, co m o era co nh ecid a por tod os na ad o lcsc ên ci:1, fi car:1 órfã
aos oito anos de idade. Nascida n o dia de São Fr:m cisco de Assis, cn1 04 de o utub ro d e 1767'
foi batizada Maria porqu e assim se chama va sua m k c sua avó patern a c também tnadrinh ;l,
D" . Maria do Rozário_ Com o m agistrado, Go nza ga passo u a rela cio nar- se int itmm em c co tn a

78
""""-'-~~------ -- - - -

elite da colônia, e algumas dessas pessoas pertc:ncian1 ao clã de Vila Rica, que por sinal também
eram pessoas da família de Maria Dorothea. Entendamos então os outros fàtos que possam ter
ajudado Gonzaga a aproximar- se da fàmília de Dorothea .

Para isso é necessário conhecermos a história que fizeram a jovem adolescente viver com os
tlOs na chamada C asa do C hafariz, ou "Casa Grande". Deveria ser muito dificil uma aborda-
gem menos despercebida sobre a jovem Dorothea, tendo em vista as várias autoridades mili-
tares , políticas e eclesiásti cas que as cercava. Imaginemos que além da constante vigilância de
seus parentes, haveriam ainda aquelas figuras ligadas aos parentes que sempre se disfarçavam
sob a m~iscara da am izade com a lín gua do fuxico.

Dessa forma, Gonzaga, o maduro e experiente poeta, deve ter vislumbrado apenas uma única
oportunidade de aproximação: a família. Sabendo disso, certamente primeiro se fez querer
através da co nquista e admiração dos familiares diretos da jovem Dorothea, para evidente-
mente numa abordagem mais direta, encantar e conquistar a donzela .

O 1dliio de un1a pairiio

É fá cil de ima gin ar qu e tão logo Gon zaga chegou a Vila Rica na pessoa de Ouvidor Geral da
C omarca, qu e criasse relações de amizades com todos pertencentes ao governo, corpo nulitar,
JUrídico e eclesiástico. Assim tornou -se amigo também de João Carlos e do Dr. Bernardo
Ferrão, tios de D oro thca c hom ens dados às letras e as ci ências da lei. Esse vínculo de amizade
acabou dando espaço para qu e Thomas Gonzaga se aproximasse de outros fàmiliares. E não
pod endo ser diferente das circunstan cias, uma das pessoas com as quais Gonzaga devotou
ITitcnsa cam aradage m fo i co m 0 T enente dos Dragões , Luiz Antonio Sayão, casado com D" .
Antonia C laudia , ti a de Doroth ea, qu e por feli z obra do destino, eram vizinhos de parede e
lll eia co m a resid ência do O uvid o r. Sendo exatam ente sob essa circunstancial vizinhança e
parti cularidad e qu e as tralllas do destino teceram seus reveses .

Po is fo i cxatanl eiJ te po r aí qu e se o rigin ou 0 lcn cl<írio idílio entre o Dr. Thomas Antonio Gon -
zaga c a ad o lesce nte Mari :J Do roth ea, ou Inclh or, entre o poeta c a musa. Normalmente, essas
tentadoras obse rvações sc inprc tend em a f::mtasiosas c avassa ladoras paixões, qu e geralmente
toin ain rui n os sc in regras o u juízos . São essas paixões desatinadas gue levam um homem a uma
VIda de tran sgressões perve rsas. T alvez, quand o Gonzaga se deu contJ dessa situação, fosse tar-
d ' l!e1n ais para perceber qu e ele tinh :1 39 anos e ch apenas dezessei s. No entanto , era comum
na epoca qu e ho 1n e 11 s mai s ve lh os pud esse m desposar mu lh eres bem m ais jovens. Por isso
deve te r- lh e surgid o nesse 111 0 111 cnto um turbilh Jo de pensam entos e possibilidades, apesar da
despro po rção et:í ri :l. Uo rothea costu lll ava p:Jssa r dias na casa da tia D" . Antonia CL,1udia, vez
0 1
~ o utr:l :lju chnd o nos :lf:lzc rcs dOin ésti cos o u aprendendo atividades da vida cotidiana fenu-
llitl a. Ccrt;Jtll e illc isso lcz co in qu e Co nzaga vivesse u1na rotin a de espreita sob o muro gu e
c.II VIsava :1s du :1s us:ls, loca l po r o mk alilll cntava sua cxtrcn1ada paixão . E ao~1clc acabou por
culnnnar IlLJill:l des:ltÍil :H.h preoc upaçJo COi ll J) o roth ca, esti vesse ela onde estivesse, beirando
J 0 1)SeSS:lO
os llllli.tes· c1;1 -

Po r flnl , :lp Ós do is :lll OS de in sistê nci:J poétic:l c chann osas tendências cdesde 1786), Gonzaga
co nsegue Ill aru r 0 no iv:Jd o ein aco rd o co Jll a f nník1 L3rand ão , c também marcar o casamento
para 3 1 de Illai o de 17WJ. Po rém se u so JJll :Jdo destin o o impediri a dessa feli cidade. Pois em

79
J • -

março desse mesmo ano Gonzaga é denunciado em carta por Joaquin< Silvério do Reis, o trai-
dor da Inconfidência. Fazendo com que Gonzaga e todos os "ditos" envolvidos fossem preso
de surpresa na madrugada de 23 de maio desse mesmo ano . Todos foram levados para o ,R 1 ~
de Janeiro na manhã seguinte, em longa viagem pra seus julgamentos, degredos e poss1Vels
execuções por traição à Coroa.

Os últ1inos .:?nos de MarÍlia

M arília, agora sozinha na casa e apenas com seus serviçais, certamente passo u a sentir falta de
uma companhia de foro mais íntimo, com quem pudesse conversar de forma mais afetuosa .
Foi por essa época que quem costumava lhe visitar em amparo e alívio da solidão, Da. Francis-
ca de Paula Manso de Seixas, a qual constantemente vinha para lhe fazer companhia e ajudar
em afazeres domésticos mais complicados. Os anos passavam de maneira discreta na clausura
da casa, entre as angustiantes recordações e rotinas, que apenas eram quebradas nos dias de
sexta-feira, domingos e dias santos . Quando todo um ritual de preparação ocorria para sair ,
assistir missas e celebrações .

Nessa época, Ouro Preto já estava em vertiginosa decadência e Marília era irm ã de João Carlos
Mayrink Ferrão, o senador imp erial de Pernambuco. Além do mais, seria ela uma das últimas
representantes, ainda em vida, de antigas fanúlias da nobreza tradicional de Vila Ri ca . Em

80
~ 83~, acontece u o utra fàta lidade na vida de Marília. Dessa vez ela p erdia a vizinha querida e
d . d e 66 anos, D". A nna Ricarda Casimira de Seixas, viúva de Valeriano Manso , que aao
Jrma b
ra
eA
ixa:a ainda mais va zia a vida da musa. Talvez esse aco ntecimento tenha despertado a cons-
Cienna d e Marília para o fato de que já estava com 69 anos e seu tempo também se aproximava
de um fina l, m esm o qu e espera nçosa m ente ainda longínquo. Por isso em dois de outubro
desse mesmo ano ela reso lveu ditar o lendári o Testamento d e M arília .

Assim, ano pós ano, um a um, Marília assistia as vidas das pessoas d e seu círculo de juventude
e maduresa se esva íre m diante d e seus o lhos. M arília já estava com seus 83 anos de idade e já
lhe cerca ra também a po breza . Andava com muita dificuldade devido à idade e vivia ampara-
da pelos braços de algu ns d e se us últimos escravos. A inda assim, nunca d eixava de seguir seus
ntos santos ou assistir ~l.s missas sempre qu e podia . E quando saia à rua, ao passar pelas gentes,
sempre era cumprim entada d e fo rm a reverencial, com o uma espécie d e tributo, de admiração
e respeito por aq u ela cm bl em ~ítica an ciã d e cabelos pratea dos que ainda possuía a elegância e
beleza , dignas de serem ap reciadas. Não é dificil d e imaginar no qu e uma vida tão cheia d e
A · e a fl.1ções fi1cana
am or '. ci rcunstannas · a p ensar num fima1 que Ja ·' se aproximava.
· E' certo que
deve n a di vagar de co m o poderia ter sido sua vida se o destino houvesse lh e reservado un1 final
alternativo , caso o s fato s da co njura tivessem tido um sucesso co ntrário dos qu e foram. Talvez
ti vesse ela casado com Go n zaga e este assumisse algum cargo d e rel evâ ncia política da " N ova
República" , sen do ela sua dama e eterna co mpanheira. Talvez tivesse filhos com ele, que na-
qu ela altura da vid a, se ri am eles também de alguma proj eção política, militar ou intelectual, à
lll oda do pai. O s n etos ce rta m e n te esta ri am a percorrer as vel has e grandes habitações da Casa
Gra nde, preen c h e ndo toda a propriedade co m gos tosos risos infàntis e gritos alegres, fàzendo -
- se cumprir m ais um teste munh o desej oso de um a d e suas liras. Ou, finalm ente, ela talvez
p ud esse ver o po e ta enve lh ecend o e1n sua co mpanhi a e que senta da ao se u lado na varanda,
esta ri a ad mirando - o a escre ve r se us últimos ve rsos e m ho m e nage m à vida e ao amor da musa.

Mas não qui s o d estin o qu e assim 0 fos se . Então , os prim eiro s lamp ejos d e lu z apareceram p o r
detds da s serras aw is d e O uro Preto iluminand o a so mbra esc ur:-1 do ltaco lom i que servi a de
pai s;tgc in para a C:1sa C rand c . Ju n to ,aos p rim e iro s raios de sol qu e surg iram para leva r a n é-
voa da no ite, t;un b é 111 ve io 0 ú lti111 0 sop ro q ue levo u essa vida altiva, repleta d e amarguras e
saud ad es. A Ciitin1: 1 bri sa e n trou sile nciosa por entre as cortinas da habitação. Doroth ea, com
0
espíri to repleto d e rcc ord:1c,-õ cs c o s o lh o s fitos 11 0 vazio , viu ;1pareccr nova m ente o elegante
vul to do :1111 :1do poct; 1 qu e :tli surg i:1 e ntre as b rum :ts da 111 anhã para levá - la del icadamente
pe la~ Il1 :\o s. M :1ríli a fin :ti 111 c 11 tc p;1rtia c 111 sua Cdti1na viage m COill Dirceu , rumo aos prados da
Arcack1.

Fi iJ da v;J o L! ltin 10 :tl voreccr da IJJ LIS:1, c r;1 quima - f(:ira , 1() de fevereiro de ·1853 . Os sin os da
Matriz N oss; 1 Se nh ora da C: o nce i<,·ão d e A 11 to ni o ])ias e da C apcb de São Francisco anun cia -
rain , CI11 Lri -.; tc badalar , ;1 Jllortc da In aio r e n tre to das as musas que este pa ís conhece u .

Expir:1va M :1ria 1 ) o rot lt c:1J o:1q uii 1a de Sc ix;1s, a M :tríli a d e ])ircc u , co m exatos 85 anos, quatro
Il1 escs c se is di ;1s d e icbd e d e ix;1ndo 0 13 r;1sil ó rGo d e lll ais uin de se us Ilu stres perso na ge ns qu e
;~ hi stúri:1 patro c i11 0 u Po,ré 111 , 0 Le in po esqu ece u - se d e cbr- llt c se u m e recido crédito co m o a
llni C'1
· c ve relacle1r;1
. Illu sa d:1 In co n Í1d ciJC I:1 M IIJ
A • . Cir:1.
.

*Esc ri to r, hi storiador e palestrante

81
Tcólilo Oco!ll: ;l o d c:YÚI;·/11,7/" o V.·1k· do Mu curi c cdilic."ll" ;1 cid/(lc l ji!C lw;!: In ; 1 .\"('!! !I O !I IL '

82
Teó/7/o /Õ./uLnpouco do desUno nanón a / / /

84
I
I:

TEÓFILO ÜTONI
José Anchieta da Silva*

!?7
eófi lo Benedito Otoni nasceu na Vila do Príncipe, o Serro do Frio, celeiro
de gigantes, conterrâneo ilustre d_o compositor e maest~·o José Joaquim Em.e-
nco Lobo de Mesquita, dos mm1stros do Supremo Tnbunal Federal: Pedro
. Lcssa, Edmundo Lin s e Sayão Lobato, além de outros vultos cujas biografias
amda estão sendo escritas. Sobre a cidade do Serro, anota Paulo Pinheiro Chagas que, desde
1714, através dos pelouros, ali se habituara a obedecer as autoridades que, de livre escolha de
seus munícipes, integravam o Senado da Câmara porque [o Serro] 'madrugava [já] na prática
da democra cia'

Nascido T eófilo Benedito Ottoni a 27 de novembro de 1807, foi, ainda jovem, para a capital
do Rio de Janeiro estudar na Escola de Oficiais da Marinha . Hospede de seu tio diplomata,
;requentou a roda lid erad a por Evaristo da Veiga, passando a fàzer parte do que chamavam
clube de amiaos
b unidos' .

D esde cedo , T eó fi.lo Oton i se fez sentinela dos valores democráticos mais caros. Empreende-
dor arroj ado, buscava com trabalho e esforço próprios, mais do que com discurso, alternativas
econôm icas para Minas Gerais e para o Brasil.

N a Escola Naval, naqu ele império nascente, Teófi lo perc ebeu que era sempre preterido em
fun ção de suas id e ia s c de suas ligações com pensadores livres. R esolveu retornar à sua terra,
em 1830, fundando o jornal "Sentinela do Serro ", do qual foi o principal redator, fàzendo -
- o p o rta - voz d e suas id eias va nguardista s. Seu jornal veio a ser fechado, segundo consta, por
o rd em do PJdrc 1:::eij ó , do is anos depo is. Ainda no Serro, funda a "Sociedade Promotora do
l3 cn 1 PC1bli co" c li dera c1833) 0 batalh ão de voluntários para lutar contra a sedição dos conser-
vado res Clll Vila l ~i ca , cap ital da Provín cia.

Na sua tr~~ctóri ;J po líti ca foi ve rea do r, deputado provin cial à Assembleia Legislativa de Minas,
nas lcgi sla tur:ls 1835 /38 c 1839/ 1842 . Ainda e111 1838 foi eleito deputado para a Assembleia
Ge ral , no Rio d e j ane iro, para a qua l fo i nova m ente el eito lou reeleito! em 1845, 1848, 1861
c I8C>4 . D efe nd e o fcdcrali snJO , a repúbli ca e lu ta pelo desenvol vimento e , principalm ente ,
por sua intcriori zaçiio. P:1ra 0 Senado do !Inpério, após ser preterido por cin co vezes p elo im-
perador, f<> i eleito c no 111 c:Jd o po r 1) 0 111 Pedro 11 c1864), vindo a fà lcccr aos 61 anos de idade,
e 111 17 de o utubro d e I HC><J , 11 0 IZ. io de jan eiro.

In trépid o , de espírito co 1nbativo , inqu ieto, culto, orador, Teófilo entra, frequentem ente, em
rota de co li siio co 111 os co nse rv:Jd ores c colll 0 poder ce ntral. Co mbateu abertamente a cha -
lll:lcb ' le i d e interpreta ç:io do :Jto ad ic io nal ' , qu e entendia com o retrocesso ante as modifi-
cações co nstituc i0 11 ;1is i1np ostas às co nqui stas liberai s de 1834. D entre tais co nquistas estava
a cna ç:io da s assc 111 b!ci :1s provin ciai s. Ao grup o de min eiros liderado po r T eó filo se referiam
os co nserva do res CO IJJ O ' os co nstituin tes do Serro', fàze ndo iro nia. Ficaram célebres os aca -
lo rados d ebates 11 a C~n J ;Jr;J e n tre H o nório H enn eto C arn eiro Leão, o Marqu ês do Paraná ,
co nse rvador, c T c ó fll o Oto ni , libc r;JI .

O s lib er:li s c I 840) ve 11 ce ranJ as c lcir; Cks defendendo, inclu sive, a antecipa ção da m aioridade de

85
. d d' 1 ~ Assembleia
Dom Pedro li. As eleições, todavia, são anuladas em 1841. O 1mpera or 1sso ve a · ~ J
10
Geral e os liberais resolvem ir às armas. Está deflagrada a R.evolu ção Liberal em Sao f au '
c 1
liderada por Ra1ae To b'Ias d e A gmar.
'E . m M.mas o movm1ento
· · · ·io em· l3 arbacena
teve 1111c <. . _
,
chefiado por Jose' Fehoano
· · ·
Pmto Coe lh o, o B arao · c T eo'c1
- d e C oca1s, 11 o bo1· dos· pnmenos a
aderir à causa.
Em. agosto de 1842, Teófilo Ottoni é derrotado em Santa Luzia pelas tropas do então Barão
de Caxias. Preso, junto com outros líderes do movim ento, são levados à Vila Rica. Seu Julga-
mento se deu, após ano e meio de prisão, na cidade de Mariana .
·- d d dA · ·1· d · 1 'O I taco1om1., , fazendo críticas
N a pnsao , a otan o pseu onnno, ut11za-se e outro JOrna , _
ao governo imperial e defendendo os revolucionários, agora chamado de os 'luzias', ~lusao
ao enfrentamento final seguido de rendição com dignidade na localidade de Santa Luzia. Os
acusados são absolvidos e posteriormente, anistiados.

O julgamento dos revoltosos não foi em vão levado para Mariana, Sé Episcopal, a R 0 ~11 a de
Minas. Pensava- se que constituir um júri na cidade Sé, religiosa e obediente às regras Impe-
riais, seria nuis estratégico à pretendida condenação dos acusados. N ão foi o qu e se deu.

Registra a história que se chegou a cogitar de um assalto à cadeia para soltar os prisioneiros.
A proposta foi recusada pelos liderados de T eófilo , qu e preferiram enfrentar o julgam ento ,
manifestando interesse em discutir no tribunal a inco nstitu cionalidad e das leis reformistas . Era
uma legítima e exemplar resistência cívica.

O julgamento se deu em 19 de setembro de 1843 . Teófilo, ao entrar na sessão daquela Casa


de Câmara e Cadeia, viu colocarem- se de pé, em sinal de respeito, os seus jurados que só se
assentaram quando o réu se dirigiu ao seu lu gar.

Teófilo fez, ele próprio, a sua defesa. Confessa-se fi el ao lema do seu antigo c proscri to j orn al
'Sentinela do Serro', afirmando que são direitos inali enáveis, imprescri tíve is c sagrados do
homem: a liberdade, a segurança , a propri edade c a resistência à opressão. I·oran1 todos absol-
vidos. O presidente do Conselho do Júri, José Mari ano Pin to Monteiro, en trego u a Tcófilo a
caneta usada para assinar a sua liberdade, exortando - o a cntrcg<í - la , co n1 o utn mim o especial,
à sua esposa Carl ota Amália de Azevedo.

Liberto , volta- se Teófilo Otoni para o cmprccnd cdorism o C\ ~43), abrind o wna casa cotn cr-
cial no Rio de J aneiro . Volta à políti ca (1845) co m o deputado geral, ass Ulnindo a vice- pre -
sidência da Câ mara dos D eputados. Funda a 'Co mpanhia de Com ércio c Na vegaçJo do lt to
Mucuri'c1847), com um arrojado programa de li gaçJ o do norte- no rd este de M in as , pelo rio
e pelo mar, à capital federal do Rio de Jan eiro.

Participa da recria ção do l3an co do l3rasil (1853/ 1857), do qu ~1l viria a se r direto r, juntanJcntc
com Mauá, e preside a Comissão da Pra ça de Co mércio, precursora da AssociaçJ o Co tn crcial
do l<...io de J aneiro. Organ iza c preside a Co1npanhia de Seguros Marítimos c T errestres .

De sua obra destaca- se a criaçã o c constru çJo de sua hbd élfi a < \ ~53), ;1 'c idad e do " 111 0 r
fraterno ' qu e viria, sete anos após sua m o rte, em sua ho m ena ge m , a receber o se u no tn c . O
nome origin al de Filadélfia se deve à influ ência das id cias \i bcr~Ji s de Th o tn :ls J dlcrson. ' Aq ui
farei minh a Fil adélfi a', é a fi-asc síntese dessa sua cria ção, ao desbra va r naqu ele sítio as !l orestas
do Mu curi, habitadas pelos nativos botocud os.

86
Para a constru ção da cidad e, desbrava ndo o Mucuri a partir de 1856, ch egam para o trabalho
de colonização imigra ntes alemães, holandeses, belgas, suíços, portugueses e espanhóis.

~a constru ção da vila e no desenvo lvimento de sua empresa de navegação, registram seus bi-
ografas que Teófilo foi di ligente na pa cificação de índios e brancos, imp edindo seus h omens
de atJrar nos silvícolas, ainda qu e para se defenderem. Traz uma centena de chineses para a
construção da primeira estrada do Império, a estrada 'Santa C lara-Filadélfia', inaugurada em
1
857~ com ap rox imadamente 180 quilômetros de extensão e mais de 50 pontes . Santa C lara é
0
antigo nome d e Nanuque ccorruptela da denominação indígena naknenuks). A obra veio a
ser ch amada de a 'Via Ápia do Mucuri' .

Repub li cano convi cto, Teófilo prega, abertamente, contra a escravidão (1835), como depu-
ta?o na Assemblcia de Minas . Luta pelo federalismo e pelo desenvolvimento. Com extraordi-
nana visão de futuro, defend e a indú stria, a agricultura diversificada, a construção de estradas
e ferrovias, a navegação fluvial. Reivindica para os líderes dos movimentos libertários, como
os m co nfidentes e os pernambucanos (lembra o sacrific io de frei Can eca) os méritos da inde-
pendência de Portu ga l (1822).

Em 1860, já doente no o utono de sua vida escreve a fàmosa 'Circular aos Eleitores Minei -
-
105
) ' ,
' co ntribuindo na reorganização do combalido Partido Liberal, responsável pela outrora
chamada década 'oto nian a' . Morreria no Rio de Janeiro c1869), aos 61 anos, vítima de uma
antJga ma leita contraída no Mucuri. Em 1870 é lançado o Manifesto de fundação do Partido
Republicano. A inspiração 'o toniana' havia dado fi·utos.

Re corramos à síntese de Tcófi lo Otoni, na percepção de seu principal biógrafo, Paulo Pi -


n h e~ro Chagas, co ntid a na pertinente ex pressão: 'Teófilo foi um pouco do destino nacional'.
Na defesa intran sigente da li berdade, da democracia e da república, Teófilo foi, de n ovo,
Tiradentes. Na co 11 stru çJo de sua Fi ladé lfia , Tcófilo Oton i foiJuscelino. Empreendendo no
R.1o de Jan e iro c 11 0 Mu curi Tcófi lo foi Mauá. Pa cifi ca ndo os Botocudos e construindo es-
tracbs, Teófi lo foi u 1n llli sto' de 1\.o ndo n c de A nchi eta, o j esuíta. Na defesa da abolição da
escravatura , sua pregaç:lo tcd in sp irado , tempos depois, a ação libertadora da princesa Isabel
que, redilllindo u 1n;1 ra ç:l, perd eu 0 tro no. Ai nda Pinh eiro C hagas, vendo na ação de Teófilo
:)torll o traba lh o de C:ltcquese pela Ji benbdc , cham::1 - o de 'o João Batista' - o precursor da
dllun cJ:Jd:J l\.epC1bli ca qu e aimb tardaria , mas viri a . Esta é a bula de Teófi lo Otom: - bandei -
ran te, po líti co, jonl:liista co m erciante C lllpres~í ri o, idea li sta, rea li za dor, humanista; o defen-
so r d· . · · . _ ' '
,\S lll StltUI ÇOes.

O s _gestos, o CO ill pro1n isso co1n :1 li b erdad e, :1s ;H;õcs de Tcófilo Otoni nos impõem refl ex~o e
~ ~ glll a pennan cnte e 111 Í;Jce do Brasil de hoj e. É preciso recon hecer e proteger o valor das ms-
ti~ tu ~r·," õ cs.
· · 1) · :1s lll
, cs tn 11r · Stltlli
· ·\'Õcs é destruir
· :1 de 1n ocra c1 · l d·,Jt-'dJ··IO pod e descer 'a ramp'l
·:1. () lll ,\l ' '·
1~ de 1n ocJ··lL1 ·
' lO. M :ls, ;JS lll
· StltU
· I(OeS,
· - -
n:\0.

~~c T eó fi lo se pod e esco lh er 0 feito c :l li ção que q ueiramos illlitar. É de se trazer texto/expres~
S,\o cunh :tcb por Pedro M :lc icl Vidi ga l p;lr:l os vultos c.b hi stória: "O na sc imento , em todos e
I gu a I S :- . . I . .- "
. ' ,\O ,\S O )l':lS que f:l Ze lll OS iJ o lll e ll S d1tcrC11 tes ·

*Advogado e membro do IHGMG

87
Toóo caLUJÚÓo dagen/e é resva/oso
Afas /aLnb~ caJrnãopr~úméa deJUaJs- a
gen/ekvan/~ agen/esob~ agen/e vo//a/ ..

O correr da wí/a eLnbru/úa rudt?, a w& é as-


sJÚl· es9'uen/a e esh~ aper/a e da/a/roux~
sossega e depoJs desJÚ9'uJé/a.

j o. io (,'!IÚII.!I:h ·,· I< ou

88
TEOFILO ÜTONI EM SANTA LUZIA
Marcos Henrique Caldeira Brant*

o reviver a história de Teófi lo B enedito Otoni, nascido no Serro, em no -


ve mbro d e 1807, é de se desta car a cidade min eira de Santa Luzia do Rio
das Velhas, que guarda , em se u passado, um ca pítulo da hi stória nacional,
por te r sid o palco da lu ta decisiva entre liberais e conservado res, que selou
o fim da !~ evolu ção Liberal d e 1842, e a pa cificação da Província de Minas
Ge rais.

A revolu ção eclodiu nas Províncias de São Paulo e Minas Gera is e foi prota go nizada pelo
Partid o Lib eral que proclam ava fid elidade ao Imperad o r Dom Pedro Il e à co nstitui ção, m as
protestava pelas llludanças no nlinisté rio co nservador e a revogação das leis reformi stas rea-
c1o n an as .

T eó fi lo Oto ni , en tão com 34 an os, tornou - se o prin cipal ch efe re volucion ~írio devido a sua
ab n egação à ca usa li beral. Co nseguiu com d estreza fu gir da ca pital do Rio d e J anei ro para a
Prov ín cia d e Min as. Participo u ativamente de toda a ca mpanha revolu cion;;1 ria , lutando , in-
tre pidam ente, com o um autê nti co soldado.

No arraial de Sa n ta Luzia, Tcó filo Otoni teve parti cipação destaca da nos preparativos da m e-
morável ba talh a fin al d o sá b;1do, dia 20 de agosto , de ·1842. Na véspera, recaiu - lh e a respon -
s;Jbilidad e d o co n1and o ge ral da revo lu ção em face da inesperad a fu ga do presidente interin o,
J osé Fc li cian o ]Jinto Coe lh o da C unha , depois l3arão d e Coca is. Com sua o rató ria , levantou
;1 In o ral da trop ;l c :1linh:1vo u o plano d efe nsivo. Os revolu cionários tinham urna privilegiada
posi ção d e fen siva c um efetivo sup e ri o r d e 3000 ho m ens, contra 2460 do Exé rcito Imperial
i>;1cifi cador, co man cbd o pelo Lhrão d e Cax ias, qu e d epo is se tornaria Duqu e d e C ax ias. Fo -
r;un d oze hor;1s d e sucess ivos co inb;ltcs em v;Írias posi ções do arraial, ve ncend o o Exé rcito
II np cri:d , co1n difi c uldade.

Tud o tc nninad o, T có fil o Oto ni c IJ Lli s se te chefes rcvolu cion ;íri os qu e corajosa m ente o p -
ta rain por n:ío fug ir, pc nnan ccc r;lJll nu111 sobr;1do junto ;\ Igreja d o R osá ri o , no an gustiante
;1g u;m.l o d e SC JT J11 presos . j;í no ite, u!lla patru lh a co mandad a por Ulll tenente in va diu o sobra-
do c d ep;m_) u CO JJJ os c hefes revo lucio n;Í ri os. O j ovem o fi ci:d dand o co nta d o gra nd e ac had o,
e 111 regoz ijo , logo imb go u qu c111 e ra "sr. Oto ni ". E, Teófi lo Oton i, em um gesto corajoso,
id e lllifi co u se : "esLÍ ;1qui se u cri;1do " .

Os c hdc's revo lu cio n;íri os fc>r; nn levados ;1 fe rro a presen ç;1 d o U:1rão d e Cax ias, n o so brado do
qu :1rte l re vo lu cio n:írio , :1go u tr;Jn sfcmmd o e111 QC cb leg;Jiidad c. O ge n e ral d e termin o u que
rctir:1sse 1n os fe rros d os pri sio n eiros , porqu e ali estwa 111 presos políticos, e a seguir, disse- lh es:
" qu e tud o cr;1 se n ~o co nscqli ê nci:1s do lll ovi!ll c n to, n1 :1s pode ri:nn co n ta r co n1 ele para o que
est ivesse ;10 se u :li c:lJJCe, e:--;ceto so lt;í - los " .

89
N aquel a noite os chefes revo lu cio nários fo ram custo di ;1dos no in terio r da ig reja da Sa11 t:l pa -
droeira, o n dc j ~í se encontrava m custod iados mais de 300 so ldados rcvo lucio11 ários. Na m a nh ~
de do min go, dia 2 1, fo ram todos co nduzidos a pé, esco lta dos, co lll destin o J ca pit~li de Ouro
Preto, di sta nte dez léguas. No Gnninh o , a popula ç~ o curi osa c partid:1ri a dos co nsc rv:H.Iorcs,
insultava e espezinh ava os chefes rcvo lucion;írios, para o dele ite cb tropa csco iLa ntc.

O Uarão de Caxias se encontrava em Sabará quando Leve co nhcc iJncmo de qu e os presos po


líticos estava m se ndo ex postos c hostiliz:1dos co lll :1 :lllll êll cia do co ron el CO Jll :lnd :l JJtc tb Lro p:1
csco lta nte. Indignado, o B:1rão despacho u Ulll ca pitão de se u l:s tado M:1i or co 111 orde ns ex
pressas pa ra cessar ta is hostilid ades; aco1npa nh ar a esco lta c, se Jl cccss:íri o, ass llln ir o co J11 :111 do
c pre nde r o coroJJ el recalca do.

Decorrid os sete dias de exa ustiva marcha, os esco ltados chcg:lLllll a ca pita l de Ouro J>rclo

90
O povo curi oso perflb va 11 as ru as par~1 ve r co m um sil encioso respeito;) passa gem dos chefes
rev o lu cio n;írios :1té :1 cad ei:1. ln staura in - se processos por crim es co ntrJ a segurJil <;a in tern J do
IIn p(·ri o. A n1 aio ri :1 dos revo lucio n:íri os foi abso lvid:1. Teófi lo Oto ni patro cin ou sua própria
dcfc .·:1 e111 un1 espeLlc ul ar jt'1ri . () decreto l111 perial de an istia em 111arço de 1H4-l- :1paziguou
o co ll vlvlo po líti co . I )o r:lv:lll te os p:1rtid:íri os lib erais ga nh :Jr:llll :1 deno min ação popular de
" lu !': i:1s".

I·: o povo cb Lri sec uLu- S:111 Ll Lu 1ia, :1rr:Ji g:1do :\s su:1s tr:1di ções hi stó ri c 1s, tributa perene ho -
Ill ell :lge lll :10 íco ne da po líti c 1 Illi il eir:l, 'l'eó fl lo Oto 11i , o "c1pit:'ío d:1 C1sac 1 bran c:1", qu e
esteve Il:lqucLl Le rr:1 delc' 11 dend o :1 lih enhd e.

~Juiz de Direito e Membro do IHGMG

91
/'/'OLnJÓeúo é hoLneLn qoe sabe ver e vêben7, eLO
rodos os sen/Joos. .Da/saber/ãzer a sekçã~ a
escoÁ?~ a rnáge/0 O e.rpÚJÍ'o L:k ms/Jú_ção exl-
g~ an/es L:k ruó~ essa a/XjÚcJá que aúavessa a
s~e/&:Jé das coJsas e vaJ'ao cern~ ao ân?ago
O.r~ o .h/ho das Akerosasnão é o .Óon?e/0 oé
s~er//éJé ou L:k aparé'ncJás. Não é o .Óon?e/0 oé
se con/en/ar co/O enhJÍ'e.J; co/O aqé/JVO.J; ou
/

co/O acessórJós. E .Óon?e..rn L:k coJsas auré'n/Jéa.J;


sóúó'a.J; pro/Ondas. O ho..rne/22 óo suúsran/Jvo
CoJsapouc~ ..mas L:k kJ'- é a regra L:k wó'apor
essespara..rnos
~~
/

A Ice 11 A 111 o roso Lli 11.1. l/o/ dc !\I!til.!,.

92
ALGUMAS PEDRAS NO
MEIO DO CAMINHO

Petrônio Souza Gonçalves*'

Local hÍstÓrÍco de MÍnas len1hra en1 nada a hÍstÓrÍa


que traz e sua representatÍvÍdade
R evolu çã o Lib eral veio ao en contro d os anseios do povo mi n eiro, um
povo qu e, por tradi ção, sempre luto u po r seus ideais. D esde a G u erra
dos Emboabas, Minas sempre defendeu seus inte resses, dando a um
povo em form ação o se ntid o e o sentim en to de N ação. Fo ram essas
convicções, esse sentime nto libertári o qu e m otivo u o po rtu gu ês o ri gi nário Fili pe dos
Santos a bradar sua indignação co ntra a m etró pole o pressora. Se em Mi na s havia o uro ,
havia tamb ém uma consci ência cívica . Po u co temp o depo is, o co rreu a C o njuração M i-
neira e seus d esdobram entos.

Se não houvessem as revoltas não have ria a co ntes tação e o se n tim en to de ind ignação se-
ria simplesm ente substituído pela resignação. É fato qu e Mi nas nun ca se prostro u , n unca
ficou de joelhos, e sempre se expôs de form a altiva, co m o são as altero sas.

Prova disso fo i a R evolu ção Liberal de 1842, qu e teve em T eó fil o Oto ni , aq u ele qu e era
nobre e nun ca quis ser amigo do rei, nes te caso d o infante Im pe rador, e deixo u as h o nra-
rias da capital federal para se juntar aos revo ltosos na parte ce ntral de M ina s G erais.

D epois de vári as batalhas e im p o rtantes vitórias, co m o a de Q u elu z, h oj e a cidade de


Conselheiro Lafai ete, os min eiros fo ram dar com os costados em Santa Luzia, o nde o
Muro de Pedras ou R eca nto d os Bravos se to rn o u palc o dessa histó ri a .

Hoj e o local lembra em nada sua h eroica hi stó ri a e importante ma rco de u m pe ríodo tão
representativo p ara a m em ó ri a de se u povo. To rn o u - se um lu ga r qua lq u e r , co m alg u ma s
pl acas comemorati vas e m arcos cons truíd os e esq uecidos ao lon go dos an os . Anualm e n te
é realizada no lendário R ecanto dos Bravo s a ce rim ô nia cívico - mi li ta r e m h o m e nage m

94
à bata lh a fin al d os revo ltosos d e 1842, quand o fo ram ve n cido s pela s tropa s do Exército
Na c ional CO Jll:lll dada s p elo Duqu e de C axia s, qu e naqu ela é po ca era apenas Barão, no dia
20 d e agosto, di :1 d o co nfro n to fina l.

Po r sua rc prcsc llta tividad c, o Muro d e Pe dra s d eve ria se r um ponto d e re fe rê ncia e vi sita -
çJo c rece b e r da s auto ridad es co mp e te ntes tratan 1c n to condi ze nte com sua hi stó ri a, como
b e m su ge riu o Direto r- Ce ra! da ltnprc nsa O fi cial, Dr. Eu gê ni o Ferra z, o rador ofi cial da
solc llid ad c d o all o d e 20 13, c n1 se u di sc urso: "O usam os su gerir qu e nossa prin cipal força
d e d e fes a , o Exé rcito Bra sil eiro, t ra ga para si a co mpl e ta res pon sabilidad e cívi ca da res-
t lllra ção, g uarda c m :mute ll Ção d este i1np o rtantc m o num e nto, poi s, infeli zmente , o qu e
vc 1n os :1qui , h oj e, n ão 11 os co ll fo rta c 111 rc Ll çJo :1 prese rvação d es te síti o hi stó ri co " .

Q u e m s:1b e ess a su gestão vc llh :l t ra ze r ll ovos ares a um rcca llto qu e res iste bravam e nte ao
cs qu cc iin Cilto, a lcni ê ll c i:l c :10 d esc aso o fi cial.

*Jornalista e escritor

95
// As palavras que nesta mensagem
dirigimos aos mineiros, queremos
que sejam serenas, sóbrias e claras.
Nelas não se encontrará nada de
insólito, nenhuma revelação / /

96
//Assim como não pretendemos conduzir,
não temos o propósito de ensinar. Mas
ensinar é uma coisa e recordar, retomar
consciência de um patrimônio moral e
espiritual, que seria perigoso considerar
uma vez por todas como definidamente
adquirido, é outra muito diferente//

98
0 MANIFESTO DOS MINEIROS

m 20 13, exa tam ente no di a 24 de outubro, os min eiros e brasileiros


com em o raram um a data marcante, pois há 70 anos um grupo de
h o m ens públicos e da mais alta estirpe intelectual e moral lançou o
"Manifesto dos Min eiros", o primeiro do cumento divul gado am-
plam ente contra a ditadura Vargas. O Manifesto receb eu , desde o prim eiro instan -
te, a adesão d e parcela representati va do uni verso político e social do Esta do gu e se
m anifestou sobre o destino do Urasil. A históri ca edicão do documento foi lancada
' '
pela Imprensa Oficia l do Estado de Minas Gerais na m esma data.

O brado cív ico: " ... Em ve rdade, Minas não seria fiel a si m esma se abandonasse sua
in stintiva inclina ção para sentir e rea li za r os in teresses fundamenta is de toda a na -
ção ... " demon stra a illlp o rtância e grandeza destas Minas, qu ase na ção, no contexto
sócio - políti co e cultural do Urasil , sempre de fo rma crescente, a partir do C iclo
do O u ro, co m a In co nfidên cia Min eira de Tiradentes , passa ndo pe la Revolu ção
Libera l de T eófi lo Oton i, c com o Manifesto , revelando - se, desde se mpre, sua im -
portânc ia co m o pó lo centrali za do r e irradi ado r de grandes f:1tos nacionais e Estado
síntese de n osso país. "Em Minas sempre haverá um pahno de chão limpo
onde o s homens de betn possam se encontrar", disse Milton Ca mp os, signa-
drio d e p ri m e ira ho ra.

Para que o s g rand es Jll OI!l eil tos vividos pela nação e pelo po vo de Minas Ge rais n ão
fiqu e111 esqu ecid os, n~:1 s sejalll e naltecid os, fo i in1prcssa ed ição co m em o rativa - d e
versão d:ltilog ra f;H.b , co ntend o os no m es de <)() dos 92 o ri ginais sig nat;Írios - do
" Man ifes to dos Mineiros", na o casião dos 70 anos desde sua prim eira publi cação.

É o m eslll o f;lc- sÍnlilc qu e preenche as pá gin as seguintes c do qua l fo ram desta cados
Lrcc hos qu e ex;ll t;l Jll o es pírito d e Minas e111 sua essên cia.

99
/ /Recorrendo por nosso turno àquele passado,
temos em vista focalizar, de preferência,
as ininterruptas reivindicações cívicas e
provinciais que deveriam manter a opinião
do país em contínua vigilância e suspender,
no impulso dos seus movimentos, entre mui-
tos outros, homens da têmpera e da voca-
ção democrática de Teófilo Ottoni, Francisco
Otaviano, Tavares Bastos, José Bonifácio,
o Moço, Aristides Lobo, Quintino Bocaiúva,
Campos Sales, Prudente de Morais, Cesário
Alvim, João Pinheiro, Rui Barbosa, Benjamim
Constant, Assis Brasil e Júlio de Castilho~/

100
o POVO MIJEIRO
~---- ~------------~~~---~

s J.e.vre.e qu nt~ t m.e~agem dirigic.to


o - q ,oej am seren eo a.s e claras .
ontraro nada de ino i to, enhllmli revelação,

-
D igimo-no , obretudo_, ao espfri~o 1' tranq 1:-
lo o os os oo-ea o o.e t a sua concJ.·Ett2-i o- uili
a e., onde s.9 :Paix6ea pe e.a • · n ndaecenci 1 o amorte -
e m e deixam 1ntegro o inalteravel senso de an 1 e o e~
n
um doc.ulllQoto subv rtivo; não -v e ee it~
ir, latli.CS oomun mineira em
o.ialJ •1 t.:. ~c a, grur.os, co _ en s od. .2.
na.o temos o
recordar.
es iritual , que
C{)mO definitiVA

rosa ,
os m os
&o r P,'"i1V·e ao
:pore \l., . do
corq ·a-
as r; cgligell

q oo bus camo aq u dar xp;:es


O· natural de o as. Uma duv!
io dos povos o .esp iri to d !de-
aten a1os a is impr·e acri
o eida J.o.

paaeado "
tora. d s a-
Minas
A. todos
cu mov i t U!!
ç.a.o a.
a i va-
do.

u oc h eco a iatÓri a. a r a · iyóe .


pode m.c ir a. ,.,xt nç~o d a violôn::::Ja fc ta a2
to por cnnn ao puls o in • o o ada. E: . · t Dt.! DO
ib ica.

B c·c o ;r (' 1do por nooo o turr..o


viot.:-: Oy·:l-:- i t
lV' c· 3 ,
2_e..t 1.
r A1v in , .J a ··9 .Pi n ht;iro , tli Bí.ii' bo s.ll , .B J UJS.mi.m Consta.nt , A!;
f3 j, >9 .nail {: .J l i o ã c: Cas i Jhoo •
...
ul ~ '- t --'~i JC o2. 1 :.-:t:)l:' ·...!' o bolll eo
v~ , .at em pl'ol
d(;m PI' -t c . . p .' c s , ~1 .id ~..~..::J.a {: •.ia··· a.:=.!.tÜ'3.ç i5 .• s qu ., c r~ coJ1 ...
t,dn~ ou t: • :.':ic~ tr-~ ·~· ;;,....;. , · o.v-erL~~~~ .]o:_, nc~ ,:_ "1.1' R. F t~dt:ração . .;:" .
-ublio , n -:f.: C0ll •~1: !.• l\ ·Ü ·s íl,.P G~ ~-l 1.~ 1 :1:i,.s d (; ··a • i tos omâat
o (.; exq l·..-::. .-1 ·:-• ,:~ . ~J.e. .3 i :ll c~.'lt' o lnl l ll1i~.rc1s rnp o~:üçõo .... d ror-
e
=
çn.s h;s ~a r·· 0 :~r= ~ ·-- cr u:.J l í1G . -.1c f-5:.z.c~ -J n r.a· Lrc m•J.S · t! . :t mnr, :p~
~t.mptor-~ f-: 1 ~a~ ~ : ~x , q tw r..Lto no.s lilt.o''l,rc 111 :a co t.:...·a. pc e; oaG
ne. ;:n nos •.mpt 1::: c;:nr.ú · t r iotuit"o (,[) .:Jç ;_ o i V· s-: · g:Jr:tc: ou ju -
· ~adora d ·• a t on, ;(: stre ou. ~!rC"giJt:, ::- ~lLtc í:S t .(: j rJll ~u nsi to .. i ru O,ll
tE: CO.r.lpondo ·O l t:F;H~ ntc: c a ~tu J o d e" n os~.;.lbo :ffi 1-iD. I. UM
~o o est e. o ·.:: 1J.!.lc d o \Ü~ Il a a c aspir :::unos no p .asndo c
n ao u . t l mt. j··:r.loc 'J?tu'ti o f' u.tur o ..

. d ~ no.~ negÓ: 1- o ~ , ~, 2xi ~c nr1. tivi Jadea PJ:'O·


Hl.. a r QLF~ z n , o em:; f .:. r te- , t~ g;c·:-'.i a a o Q j- 'í.,d de -
e 1.0":1.00 c.:; i :J .. , ~ me o .... q ·.~. ex ·...et.1 ,.. s t áo -o s otnr- am.
t_ :.:li!ir ç.r::.·:s 11 nc:J:l r c~ 1 ·il'i .Jm .J L l:! a oonccpr.;ão do
l

.
L1. ·1 ~ro: -no o- c:mos t1 r otn.r qu c, , m • ü ut •·oa p . J..a~.:s 11
~
rJ..G.BliD
omo vi ntl.:i s c.. ::n.õo to no sso 1;r op i , id~ fi ;i ,QS r CEJUl t:'lÕOS
f o ...-~. ., ~- 'li.. _ :~ u ~ os .:..tn o .1;3UCrifl c i o Jo · direi oa c vicos ~ o
q u· ~~.no n ~ <J. r. ao G •rt.JO e t i a.rc ~ as :: '~:t.u::oo n.utar i tó.r i u.a de
OV't..: r.v,
quelea crr9.s • os maia apontados en end
d.a opin1ao publica, traduzidn cu .e ufrngio o-
pr eaao de ca~~dos do sitio de d vidoea lc ·t
czo ss1va ãuraç;o, elaro é ~uo, reo ueunão ao
passado~ imposslv 1 nos scrla nctitar como
quer ordtm polit c a Da qual. pa:ra oe:vi tar a efr
s r ágio~ t ,e(.) cchae em a "lB, p r a prevcoil"
1t1o 1lcg:ll s~ f izeonc legal a su.o. p rpe t :t o
fld 1ro, pera obstar à hipertrof i r do Poder 01.1t vo ,
se ~etc tr Deformado m poder co . stitucional oalmen
co. Náo E: oootunt que f igurmn (:1!1 dip om co s 1t -
· nai fr nquios n direitos dos cidudãos. O ea oci
soj saoguro.doa e; que pos._.Olll sur cx<.·rcidos .

I.ouv!Xdo os omcna (j. 1930 • c i vfo ~ m111 tnrca, p


panb.o ósto Oa destruição d lB Ve lbnG m{ Q! infle cl itor s,
mo tadaf on o indevido o uçocs c rccurs s
ego das s~. 'o
poder pu.blj,oo • stamos $ g,uros da qut ouo ter os c
· 1r n r c y1ç. d nq ·1. _pro cc 650S, n m me o sob n q.p
oia de c s~io de cor,r-çrativiamo; q' uO ~8 e se n
d copont nr-::.i1n c b.istoric e :;)u t1·· armam um.a !!
lavar:.o. do Governos d.t. indolc fr.~.sc · ô ta.
Bel:n f i:x:ncio:\ a a marcas c ar tJ.Ct(.;r is 1 ca s ~ no ·n. :f
çno o daa o sas tend~ oi t n ·o podc~mos eug , e m
dca:f'1gm:-aç-o e amb , ao deve r de coqst. ta!' qu{• n ·o ~ su ....
· n o o. 1 b dadc u.toe do o ·.s.p irito ' t ico. c u 1 ....
r.do· o au.lic1 .mo , iiJ.ain do a vida poli 1o , anulando
cid dã.P. o im~dmào e oolri bar . no. n r~oe o c nus
ber 'çõo do s -- u (k)vnr o que se ·or·nam e n andcoom aa
ç.õcs.
A il u.eÓriu tr quilidnde ·(.J a 4Z superficial
.
1êm pel o nto 8 ativi adea ~lvi~us po c p
p1oia aos u . cios c no co .oio , no ~~no e
~
ce
p o~ri
proaperidudc, 1 e nunc b ticne ao r ·vi~ ento a
nidado do J voH .

o, r<;
S,a .. f,.l.
zedoa _.r :E tere no R_o · nde do
o d l'. .: 1~82 e JI:".:J.t o . àl! 1884 ,
Sul, - pt ~.~ c ia .J a .uai a c i · ~
~;· !:3ttmc i ns . Igual ntenç~o m -
r<8CCID us Constit u i ";:)u; d!o 189:::. fJ ri~.:' 19,:54 c a C 9utorgada
em lO de lTovt : bro do 1937, l!.:n. ccmo oo do~ cnt os bru:s i os
da nossus ~:- • es c '"'ltiP- nll B tl,.; it orai .s d·€! 1910; 191.9, 1922
1 30.
tudo B. r ~.plct e :; d a c v o luç.t,;.c) d a h'IJ.Clruliàa c p o
vns ,cl f\ à. · .._. d·e <:qui L .bri o ... oc · c 1 e nternnoior.o.l, j .g1.
o· xJ.rnt: m:pcrt ~ '1 ·c i.a o ü~J. , LJ·i c i: d c s n"..rolvimcn o d
po la o ::J d ~ ,:n.· .:~.. do A~lântic o P. '1· s lü. c orr.cndaçõo s ~1- i
r;.at·b s .P ~J.ru oliJ pro .u: l .
Ittl s d o apo~ gur::r-r;:l , du Comis s ao Jurióion.
J' - -

. .tun.t:I.' i canH •

.
i oo.
tremendos
da Tuurra .

:". .:'.JJ.Cr::.i::l •J..,.p ontUnC.:l C nã o unil


d . ~rc}:· s ito s lÚcido c: vol~
5 - DCt;TH.S t

U povo rt: z.ido .J.o si tnc i o .: Pl' iyndu d;. raculd , dt:
p . ns,..~r dr..! opL.;ü' é orp;nni!J 1tO co · oi u • · n .. ~ d r: ... s u-
rn :'iB .Ln c·m:; .'l r:; r.-.. ~p on!:l.'1b il idi'ld , s ··:;cç-r..rE:o ·a d a 1 ar ·i c.ipnç ão
r:.wr. confl i to r] 1: p opo :~0e s q ·13 '' .. •- lur ien e 1 c omo o que caa.-
bo.J. sobre · h ··a d de .
.
6a.
O Qlle JÚ io Cezar dizio. dos gaul~ es. w
rcr OUl)~df ' , po o eer atribu1do a todo2
1

com o~pcn·a~ id~de na.a t meotosa s qundras


soo ~ ocono cas.
ndo ey.rgiu; no ano ~do 1 922, na Itá.li 1 o r
'tfcr tol i tario, tod f5tl nto lb.o a.llg ou um :pr-o:x
r o •. aomcns ascidos () criad .19 d~ntro do capirito
o im.enao llO.ontcc · ~:Lt o que .foi a Revo1uç6o aoocan c ll
o mundo , os d nq uo l a gcr a.ç -o ti vr: t"am a ··~o.r di;f'io ldad
em. compreender~ osde logo. c sa abcrraç ~·o pol' J.oa, b.o
crfu ada do "' ~ sc1sm.o" o an es c a e: pr c. o o inad d o ·
mo.
.
clpi o pretender~ o~cunecrcv~-la -
'3 ro
!aieo.s e mora· dáS paizcs a.t ·l'lgidos cio mal. -v
t . . ,os .at~ que o r avo lavam f.rcun ora i ta · oa 1. ora a .. ~,
ora ~..:Bp ai " ora po til.' ue.scs , como port s , opa.nhoJ.s ,
álcmã.os o i tal in ~os t rB.lll os ho !ns q . c o . 001 ou or-
tav1l • J:"as oe t ·aç.oa osacnc i aio do dro.ma · odu.zido à -
snpo.r cilu!r.LtO d f c ~n libc:rd OCk ü tiO!; dir i tOS Q. • d fi ...
c arg. o o em {,ram oa d · Lllll f c o ~o u.ni"" r sal • r ault n do.
in til csis ênc i a tran _ o:rmaçõ _.conômioaa
w aoc is 1 r2_
c l _ d.& a p i.ndomavcilJ i.Jnpc n 1 os d juatiç , o de aol d ....
ridlad e um.::U:Hl.
Oh b~dcs in orcss a de m~a q !a o t r.ão for
poucos o.s co~ oorvndorcs q d ·r!!:'am osn n:vc n n de
J:'csmur;!).çáo ·'la Bnatilb.aa do baolu iamo o ,innnc i ar 11 na.
1ngc.;Dun s. ut;~oaiç,. o de: quo sru. vnr iam , po.r ôas modo orooi ...
co a _pri vil[;gios .
111

OçeplúV·r.' os d~~nto
quiavil cns do s e u novo i
u 'W. B o Clr't nid dos ,
concl ~ tr ~ tudo do
citJ. ..

a d moc ·o.cia produza fr


ru. e o da ela oa iriEJ- n
1 <1 bem c o ~ me
crvir . Do contrario,
tmo. oob ivn , co, o o
Unidos,, o r.. (; ru-io que
.....

21)-,; f'l,.,.

ç de que provo~riio gtlerra üm 1 gar.. . ..J.a.. Gam -


p ro q . . . o o cu paclf Sino for ;.n;.!..:'"~s for· -:€ a.-"J q'J.t:. de
lutsr . DrÓpr i $úb...,cvi"'.r~Jfl"'. ·o,. ~r.;td c n t; rrn ·1.0 G -
truoso c in\: ~ c q ::LG ua ç;;JrJ.i:) :J•J ~;:l:rwrn. 1 meoral o m.. a.'i -
q J.r :1. p l.lllir O~ BrUI•t~d h -'J!:.. os 'i:..J.C: o PI' tiq C'Jn OU
t at ic·.u:·.
Do qU L: f'ic d i tg , fÚcil t~ in.Pr. r .i:t· Uí . d
·p conu; .:lfi.tt na'? n. cs.rn"l. _ o +-r.~J .lJO do libt:.l.r bur -
• ll~_O .St,; ~L·~ ,.-~Jtuc p la :·{LJ (,l[t:l'::tÇJ0 de ind V 'lUOG dú
:taçt.to J...:::o . . •a ·.~ ,. .e · pu du ação co nv
mv\' L•.&: ntc.
L\:;..:1 ::-:
'J ê lllO<J ~r:· rd\r.,.·;n mn}~-''-'c.t i .... '-' que ~ sem ca uc.:.~
~ro ...dc Jw.:;;.!._r~_t•l·'ll• c ogite; pr1Lcipo ·r. , da. d cmoc 'a
çao d:l <...eor.omi._, •

. ~ f. N~ ., noutrç donúnio , o tc.n.po do lioor lismo pà.!91Vo


J 1 ao • - ·o de fr ·-.lQ,Ui;;.. z n r t.:c liDci ntt.: d Q to lcr·mei~
<.ti c q u o. du~.:.oc:nc: ::\ {tl'(: cümt l!..G&i m ~ c~:ütnd:J. , e- :P
r c cC;r · dif]'IY d,. plç.o. 'l , f:1.c.;:: c..s d o t-r im:u; blli::l<Jad. nn v .2.
1~ ~ i a .r!' illll · ac ú ·u l o <h. t e .. "o r c:mbce.im to i s
o l .~E, · O'laÇij.O ~a:pir.-it · o rc. ·· me de o.ru:.- ~ieo . -
-<..;..;.; tto r u· ~ r.o ·~.ç'§o I;)C('Itl Gm! C''l. to1o. a . lj(r abc o que
E~ i r;,j ~ • cn... nu~; C l\ ~P':l. no:t ~ 1 l.· s · infüi"'i o:r t ( aõo - qut... .... ao
r G·l)r o f:JeCi.Irn.C d ·'l Ol)~".JI' ; r.i0 ~L t J.c ":r :-.~:r 11 ,l or li.IIIl nwreme o
df...: l.d ~ . ~.J.srr.o - r c~=: ~ ... ~ niJ r.lum~ t1io elo -i!, (..'~'o , que , eom a.
:'l.BFJj v' ':'lrJ~o ,_ rE ·t )l1ç.;:-~o b ... ·r..:!~... r;-: 9 1~ a t:i.tu.~ 1J s9 sub-~ ti-
c r:ll" ~ · ·.uJ d ,_.íüg ,. 1, : -! ••.-::; o u· :1. ~. J.em..;::. , o q u o , sem d vi •
da., ru modc..:.oo t ú til. ... j 1 ~u:.:.l · r.:tr1 i 1j 1 o.
•uurcmon n J~utlll.
dú d!..r :.J. O dl.! Vt•\ O
fu dnm·-[, no c..e '1.r.c ,.

-
rc or;
ico .
G-

oa r Gr~io
i.d'- Jt i c oR mov
dos .
n se nb
r a1 'll"
8 - •. fl.,

o cluiooo ,. I' !it ·r umos a rt0 3C.'l ~o li díiT..!; edad. c om oa com ~


pr1 issos . ~. o Br-· si ! , '. l c. uj ...,po l i+. . c a r)t.: t;'.l!: r a - te.l. ·c ~ +;-:-.
dos oa. .. ' si t...iros i\ tgnos dcs t.: r10Jr.C. - 7-•vJ o pr ·stado (, co..:."";I
nuar mos o. p'l" os.t ar o u.osso inw it;o npuio .

'.X'ltamt n t . .:. p or 8-t:.:I'mO.e f:' iÓ i " .J.. ~ EIBt;,t:, C. o mpl OI iG SOD de


os qt.r. nos. c u..~2 · c c or; i t.or , ck:a j~· ;i o. , c om p.:~. iot · :a o c 'r ll -
é':oc1:a ,. <k ore;!:J.ni2 '1Ç ;--o :pol i t icA :J. do · p ;.: Ú :oo . p Ós g ut: ·~ t.-.t•tlo
vis r' JYr i n::::ip:J.1mt.!n tt: i ndic:J..•;é3c.S da C'lllrn do _1 ., . : · t~:. :. o .
o o ' que :'l ludc ê :::Jt~ '!ê gs.o oc. u n :cto ,. uc ori ·n '?a n O? :.·r,. !.l-
rJ·ó'.lda dus ~-'lç ·-fi;.>a Uni d.:1s • so podu s.-'r o n i.!'~e . t :.t ~ ; f.o
vot o uspo::r t; !.uF o e livre , p ia , d ou ::':':-!. 5 , b su.r.c ::~ . :.. J .. -
I$(.1I'·i e q Lw s e d ~&rtr ui... se ,. com t útJ sm :ore:ündcot di.spt n'li.·1
d 0 . ne; .. c ~ c , I ' '1. Z.:'l ~ o s ia t .-:mn L .-r..iGo . q e t l t r t: l : 'lq_
11nc e a c J.~t:.mc ·..:r.s. c p l ir.:.e s a t...:tn]Jl>..: pi ocln. a.m c m.o a _p l u-
d.id o ~· co S:'lf;r.•.r.t'.S o p-t;.log pov.os d ~ I hl ..1.:~ ç, ~L ..".. e!llanha a:;:·a
mnntô - lo sob úS.[X. C ·os JS tU.Sf'U'cns d t.:_po ls d •;-itÓri n .

pOV O$

:&: lo t . ris ont~. , 2 4- rh .: ou u bro d 1 ~; .


••

qu •.. 1~ .
Pedimos a todos os mineiros de boa
vontade, sem qualquer compromisso
de solidariedade partidária, que me-
ditem sobre a organização política
e administrativa que, à luz da expe-
riência dos melhores homens e de
sua atilada prudência, possam evitar
os males do passado e os equívocos
do presente e assegurar a ordem e a

//
prosperidade do país

11 o
Ba noite da quarta-feira, seis de novembro de 2013, foram encerradaS as pro-
gramações oficiais em homenagem aos 70 anos do Manifesto dos Mineiros, com
homenagens aos descendentes dos signatários do l\IIatl'lfesto e o lançamento,
pelos Correios, de selo e carimbo comemorativos e -~4 -'~·
Uzado na sede da Imprensa Oflcial, em o~OODl
Ministério PúbUoo de lllinas Gerais, no ~·dê Belo Ba.-~nt,e,
bém foi aberta a exposição contendo ~~ma.têrlall:.WalliiJ!CUD
sobre o Manifesto. As comemorações dói 701Dlos do JII&mijfeS!IIO
1nlclaram no dia 24 de outubro, na Assemblêlà Legislativa dlf.IIJtgs G81~
sesslo especiaL mo dia 25 de outubro foi lanqada a ~IDéWOMi;lita
·súnile, na Cidade Adminiltrativa. No dia 26 de OUtu.l:trG.~O "'lEOStotlCO~<tiii~1Íi!lt
e Geográfico de Minas Gerais, em OOJ1111lllto
Minas Gerais e a OAB/MG, sediou o laJ1Cim.t11
alva ao Manifesto. :I. exposiçlo,
llineiros, passa a ...,u.~~~.~u.-
--

112
114
30 ANOS DAS DIRETAS JÁ!
á se vão 30 anos. Ini ciado em 1983 e consolidado em 1984, ano anterior ao da
eleição presid encial, o Diretas J1 foi um movim ento civil de reivindicação por
vo tação direta do povo, o u seja, o povo el egendo seu presidente, que naqu ele
m o m ento final do Regim e Militar, implantado em 1964, tinha a indi cação de seu
presidente pelo governo vige nte, sem a participação do povo brasileiro na eleição .

A possibilidade de eleições diretas para a Presidência da R epúbli ca no Brasil se concretizou com


a votação da Proposta de E m enda Constitu cio nal Dante de O li veira, pelo C ongresso . Entretan -
to, a Proposta de Emenda Constitu cio nal fo i rejeitada, retirando o direito de voto da sociedade
brasileira. Ainda assim , os adeptos do mo vimento conquistaram uma vitória parcial em j aneiro
do ano seguinte, qu ando , em eleição indireta, o candidato contrári o ao regime militar, Tancre-
do Neves, foi eleito presidente, pelo Colégio Eleitoral.

A prim eira m anifestação pública a fà.v o r de eleições diretas ocorreu n o município de Abreu e
Lima , n o estado de Pernambu co, no dia 3 1 de março de 1983, ani versário do golpe militar de
1964, qu e ago ni zava . A manifestação foi noticiada pelos j ornais do Estado, com o fo rma de pro-
testo contra o gove rno de então . O utras gan haram o Brasil sendo realizadas m anifestações em
Go iânia, Uelo Horizo nte, São Paul o e C uritiba. A cada m anifestação, o número se multiplicava,
co m o crescim ento do m ovim ento qu e coin cidiu com o agravamento da crise econô m.i ca que o
país passava . H o uve um a mobili zação nacional de entidades de classe e de sindicatos . O movi-
m ento conto u co m representantes de di versas correntes políticas e de pensam ento , unid os pelo
desejo de eleições d iretas para presidente da 11...epública .

A repressão aum enta va, mas o m ovim ento pela liberdade não retro cedeu e os dem ocratas in -
tensifi caram as manifesta ções por eleições diretas. Na televisão, o gen eral Fig ueiredo classifi cava
co m o 'sub versivos' os protestos qu e ga nh ava m as ruas do Brasil.

No ano seguinte, o m o vim ento ganh o u rn assa crítica e reuniu co ndi ções para se mobili za r ab er-
t;Jm cntc . D epo is de grande m ani fc st:H;:ío de rua em Belo H orizonte , co m cerca de 400 mil pes-
soas, São Pau lo ganhou fo rça c a in vestida de m ocrata se supero u , com eve nto realizado no Vale
do Allh <m gaba ú , !l O ce ntro da cap ital. M:1is de 1,5 milh ão de pessoas se reuniram para declarar
ap o io ao Mo vim e n to da s Diret;Js j i

() m o vim e JJ to co ll ta va com ;1 li derall ça dos m aio res po líticos da época , com o U lysses G uima-
r:les, Leo nel Bri zo h , T :n1 credo N eves , Fran co Montoro , O restes Q u ércia, Fern ando H enriqu e
C ard oso , M :íri o Cov:1s, Lui z ln :ício Lula da Sil va , Pedro Sim o n, Dante d e O li veira, Gérso n
C un :Jt:J, C arlos Band eire nsc M ir:l!ld ópoli s, Ed uard o Supli cy, R oberto Freire, Luís C arl os Pres-
tes, Va ll dcr R ~nn os, Marcos h eire, 1-:ernand o Lyra , J arbas Vasco ncelos além de muitos artistas,
in tclcctu:Ji s c es po rt istas e ngaj "dos pela causa, com o Sócra tes , C hri stiane To rl o ni , M ~íri o Lago,
C ian fi·:Jn cesco C u:1rni cri , r::1fí de Belém , C hi co 13uarqu e , Martinh o da Vila, Osmar Santos , Ju ca
J<.fóuri , en tre JJJui tos o utros. A u nç:lo d os lllin eiros Milto n Nascim ento e Wagner Tiso , C o ra-
ç ~ o de Estuclllltc, f(>i a trilh :1 so ll o ra do lll OV illl ell tO.

O lll OV Íill CJJto pelas I ) iretas J :í se fu ndiu co m a c:lll d ida tura do gove rnad o r de Min as Tan cre-
do Neves :1 p rcsid ê nci:J cb R cp t1bli u , qu e f(J i ele ito 11 0 d ia 15 de jan eiro d e 1CJHS , em eleição
indireta rcccb em lo 72 4%, dos vo tos no C o ne:rcsso Na cio nal , ve ncendo assim o cand icb to do
J ) L I

I cgin H.' M ili t:1r, l>:w lo Ma lu f

115
116
DIRETAS JÁ
Bruno Terra D ias*

m evento se faz com as bi ogra fi as de todos os seus pa rti cipantes, além da pre-
pa ração dos seus o rga ni za do res, d os sentim entos daqu eles cuj as vidas fo ram
em pe nh adas para q u e a vo n tade pop ul ar em ergisse, e de ta ntas ideias arti cu -
ladas por fil ósofos, políti cos, sociólogos, histo ri ado res, advogados e pessoas
in te ressadas em in stituições, prin cípi os, valo res e progresso social. A m em ó ri a dos povos está
im p regnada de aco n tec im e ntos q u e, aparente m en te, fo ram fi-u to da espo nta n eidade dos seus
partícipes, não se expli cando, à lu z im edi ata, as razões pelas qu ais tantas pessoas tive ram ânimo
e d isp osição pa ra se reunir, em determin ado h o rári o e local, para expressar as m esm as em oções
fun dame n ta is.

Em u m certo m o m e n to, cada p ovo m anifesto u , o u m anifesta rá, su a vo ntade p olítica m ais
profun da . Não se trata de co in cidê ncia, mistéri os ta um atúrgicos, obra do in esperado, m as
de reuni ão das co n d ições n ecess ~í ri as a q u e o espírito cidadão se m anifeste . O Brasil n ão é
d ife ren te, sua traj etóri a registra aco n tec im en tos vá ri os, qu e rnoldaram o c ar~í te r da Nação e
co nstituíram - se em ele m en tos de li gação de m úl tiplas ge rações . Desde a Colô ni a, passa ndo

117
pe lo Império e pe la RcpCibli ca, um povo , dentre O'i 1nui tos q ue l(mn :IJII :1 N1 ( 'ío, LO Jn o u :1 si o
encargo de co nsc iência no processo civili z:1tó ri o. U 111 po vo cuj :1 hi sL<'>ri :l vi:1hilií'ou a ( :o J(JJ ii:l,
csp iritu :1l , ccon ô mi c 1 c dcnJOgrafica Jll CJlte; crio u :1 p:ÍLria c :ICC lld c u, l' lll Cl11 1pm c citLld c->.
pelo id ea l de sua ba ndeira, a vo nt:1de de sober:llli:l, qu e irro 1n pcu 11;1 lllll epci ld L·nci; J; co 1n b:1
teu pri vil égios c pu gno u pela igLddad e, CJI CO JJ Lro u JJ OS se us v:J! ore-> o :lp:IJLÍ gio tLl :IU CL' Jl[] CI
cidada ni a, projetada 11 0 equi líbrio e ntre rn:lo , cor:1ge J11 c prud L· nci:l, liil g ur:IJld o JLI I cpt'Jhli o
c CJJJ todos os nwJn cntos cru ci:1is da hi stóri:1 Jl :lcio JJ ;li .

Sa lvar a p:Ítri:l mãe dos dcsciJlliJJI JOs eJI Co lll ell tbdos pelos iJJI (>rLt'Jni os do p:l\S:Jdo . qu .1J1do :1
po lítica trilh o u se ndas de desagreg:1ção, cisJo, preLeJJ S<)es :1bso lut i Ll s, d cJI Ll gog i:J L' li·ou .\: idã o
ad miJli strati v:l, tudo dcsc Jnb oc:I Jldo Clll :luLo ri LarisJno de c:1rií' verd e o liv:1, I(Ji 111i s -ão JLllLILli
desse po vo de tr::Jdi çJo lih ert:íri :l. ()espíri to im i()I]JiLO , f()l:j ;Jdo 11 :1s d il iculd :Jdcs do L's Ld)L' k ci
Jll eJJ to da cida c.b ni a, CJll tod:1s as épo cas, nJo l:il L:Iri:l :10 dev er cí vico L' Jll il ll' Jll L'.

Liberd ade, qu e a arte poétiuj:í descreve u co Jn o ''p:JI :1vr:1 qu e o so 1Jh o huJll.IJIO .lliJll l' Jl l:l , 11.'ío
h:í ning uém qu e expli que c ni11g uéJn qu e 11 :1'o CJlle Ji ch ", (. .· \C Jlli Jll CJlt o qu e doJJi i11:1, Í!llcgr:l .1
;dm a c se f:1z presente 11 0s v;Jlores profiJndos d:1s Jnilla 'i, v: J! c, Cllllp m c SLTLi'ic d.1 p.1i .1gc 1n .

118
UnJa VO JI LJd c :Ji l o rad :1, qu e, L' lll I W~-1. prcc is:Jv:J ape 11:1S de quern a flzessc ve rdad e. Para co n -
L:Jgi :Jr Lod:1. · :1s pr:J<,..l~. Leve ..; u:l reve Ll -:'i o e111 M in :1s Ger:Jis, 11 0 co início que reuniu, e111 24 de
fl· ve re i ro d e J<JX -1, -l!H J Inil Jl L'Wl:l s m l)r:1<;·:1 IZ. io l3ranco , Ave nida Afo 11 So Pcn :t c :ldj :Kê n ci as,
p :lr:J :1 d c ill Oll \ Lr:t<; :"ío qu e k v ou o p:1Í\ inLeiro :1 dizer 11 ~0 aos ;lii OS d e ditadur:l.
() In ov iin emo p eh s I )irL'l.ls _);í. e111 \ U:l con11gur:l\·~o d el1n i ti v:l , co inplc to u 30 :m os, cuja cc -
lchr:l \'~0 [: d ever d e wdm qu .JlllO\ i1nhuído" de :luLêmico ci vis ill O. A prcserva<;·}o da vo ntad e
c ri :Jdor:l , lJLI L' ill OV: l , qu.J!lll o II L'ceo;~.í ri o , c sL' :lprese ll t l co lllo rese r v:1 éti ca, a to d os en co raj :nl -
do qu :l ll do Lllll II O\'O ill.Jrco do prmL''>"O ci , ·i li i:Jcio ii:ll se i1npõe, {: dever de todos, par:1 que :1

po i ÍLiC:l II OV:l lll l' llll' ll:lO \l' Oh\ CLII'l' \':1 .

Sc in prL' qu e o Ur.l \ il 1\ l'Cl'\\ ÍL:lr, lJLI L' \ ll .l v crd :l Lk espiritual co iJ ci:llll:lr, Mi11 :1s Ger:1is co in pa -
rcccr:í .. co in o é· de\L' ll co qJroilli '>'> O, ,\\'- ll'ltido desde :1 Co !ÔIJi :l, r cv:1lidado II OS Ill OJll en tos
11
C:ljlll:II S, d e g u:Jrdi.l d .l CO II \ CÍl' ll Ci:l , prin cÍpio -; L' \dores esse li CÍ:JÍ S, iii SLTitos , CO !ll O segund o

IlOlli C, Clll ll.l h.llllkiJ.l : Jj!J nd.llk .

Juiz , ex - presidente da Amagis c membro do IHGMG

119
/'/' "'
//boas /""'. "'
L.Te.r3./s e"'L"'L "' "'
/./ue.r/3na. ~J.J
T."'L
LJue.ru3ue "'.J
3./DL/a f_?Ue /3.ru~ ~J
e./s o CO./D3Ddo da sua roz:

.A/u.//os sepe~un/3.r3/n e 3/ÓÓâ .Óo/Í? nospe~r/D/3/U·


f_?U3/é o segredo c.Ó3/U3do /Jbó3s?

Sepo.rkUios @Zê-.k és~red7 óa s/Ó/ese nacJÓna/ g

/(cnnl /(tnn.ni:t F" '1'/ÚÍ ·nrc dt/1 ! !1!/(;

120
'-''

~~AUS./ODO.DJ./3
c , , J.. ~ SãO .DJU.//'â,f
AI.' ,
ue ./d./DâS L.Te13./S - ,
1
?"""'..
30/'as
pamázá7Úas f?Ue o gên./Ó óefoão Cu./marãesRosa
30/'eWÚ CO.DJO UD./Uaóe /ff./é~ ÚU.DJ3D~ SOC./Ó/~./~
c~ ./ÚLÚws/vef ./Ú/'ocávefporf?ueper/'ence aopa-
/'nmÔn./Ó óa .Hisróná

122
25 ANOS DA CONSTITUIÇÃO
MINEIRA
Discw :ro d e promu/g;1ç'ito cÍ1 Constituiç-:io Est:;dm!, proft'!7do no dú 21 de setembro de
i 989 e publiodo no di:; 23 de setembro de 1989 no Múu'i GeD?is; dentro do Diéíno do
L egisbtivo. De ;wtorú do dtput:Jdo est;Jdu:!l e presidente d1 A ssemblei<J L tgisl:Jtiv:l de Min:Js
Ger.ú s :i época, fienJJ! S/ud Kum;u]~7, o di'icursD :Jborci:J todo o processo de promu~!J<IÇ"cio ci?
Constituiçrio Mú1eJi::J t' c!J.5'COJTé' sobre su;; ebbor;Jr.:lo, :!lém dé· destac.:1r que MJiu'i Ge1~1Ú é o
pnúJeiÚJ E çt:;do bJ~7sJ!eiiD ;J encen~1r <1 t:;re.& constituÚ7te.

REUNIÃO SOLENE DA 3" SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA


11" LEGISLATURA

EM 21 /9/1 989

Palavras do Deputado K emil Kumaira

O Sr . Presidente- Minas G erais tem nova lei.

É o prim eiro Estado brasil eiro a en cerrar a tarefa constituinte, mostrando ao País um rosto
pró pri o n o co njunto da Federa ção.

As fi sio nomias de Minas G erai s sã o muitas. Tantas patriazinhas que o gê nio de João Guimarães
l~ os a anteviu como unidade fisica, humana, so cio lógi ca, indivisível, into cável, porqu e
p erten ce ao patrim ô nio da Hi stória.

A Co nstitui ção do Estado respe ita esta di ve rsidad e co nstituinte d e Minas.

Difere nças de cultura s. M o dos cara cterísti cos de ser . O urbano e o rural se alternam. As
Gc r:1is e1n ergc Jn no J equitinh o nha da n ossa afli ção social. As Minas ainda escond em recursos
g uardados n o subsolo de ferro, o uro, diamante , pedras prec iosas, terras raras . O min eiro é
va qu eiro nos se rtões do N o rte em transfo rma ção . Os tro peiros ainda abrem pi cada s na planura
dos ce rrados . Mina s é faze nd eira do le ite c do café. E o min eiro é o operári o do aço e da
m etalurgia. É o garimp eiro do Mu curi , o barranqu eiro do São Fran cisco, o b o iadeiro do l~i o
G rand e. É o p osse iro da te rra di vid ida.

Min :1s Ge rai s é libcrtári a. Lib erdad e ;1inda qu e tard e , eis o comand o da sua voz .

Mui tos se perg untaram c ainda hoj e nos perguntam: qual é o segredo cham ado Min as?

Se po dem os di zê - lo, é segredo da síntese na cional.

So n1 os pauli st;Js, fo lll os " lu zias". So m os flumin enses, fo lll os "clllbo aba s" . N os ca minh os do
o uro, 11 0 colll é rcio do ga do, so Jn os b;Jian os c pcnW11bu can os . C h ega mos a G oi ~í s pela pi cacb
do P;Jracatu . Os ri os, qu e fo nn :nn a ca ixa d ':íg ua c a usiJJa de fo rça do Brasil , fo ra m estradas de

123
penetração. Somos nordestinos e sulistas, Minas Gerais é o centro, é o írnã que atrai e irmana
brasileiros. Quem o disse não era mineiro, mas Alceu de Am oroso Lima.

Não sendo fro nteira nacional do interior, não sendo litoral aberto ao exterior, Min as Gera is
f01jou, n o seu cadinho humano rodeado de m o ntanhas, o ser mineiro . D iferente e tão igual ao
brasileiro, exatam.ente porque a Nação, desde Vila I~ica, aqui fez sede do seu en co ntro com a
Histó ri a e sonho u projetos de futuros.

Portuguesa em suas raízes, acolheu, pelo Brasil, itali anos, espan hóis, fi·an ceses, alemães,
árabes, j apo neses, desde o final do século X IX e acentuadamente n este sécul o XX das gra ndes
migrações hum an as.

E a província se abriu à universalidade .

Minas Gerais, retrato do Brasil, vive hoj e as agudas contradições de uma sociedade que busca
a modernidade. Presa, ainda, às m azelas que habitam os cenários em desenvol vimento .

Senho ras,

Senho res,

"A Co nstitui ção de Minas Ge rais enxerga esse desa fio de mudan ças. M udan ças q ue ch egam
à esq uin a do século XXI exigindo e clamando urgê ncia. O povo não espera m ais, porqu e
simplesmente não pode esperar. A fom e, a miséria, a m arginalidade social não são fata lidades
como "pragas do Egito". São denúncias do desenvolvim ento con centrad o, da renda fe chada,
da opulência alienada ."

A Co nstituição não derrub a, por si só, realidades tão perve rsas.

A Ca rta Magna de o utubro de 88 dá partida a um grand e processo de retomada da co nsciência


social, de o rga ni zação da cidadania. Nossa gera ção apena s com eça um <l empreitada que
desafia rá as próxim as ge rações, leva r a demo cracia do d isc urso para a pr:ítica, co ndu zir o
horn em brasil eiro da ali enação para o "status" de cidadão.

"A Ca rta Min eira, aberta à parti cipa ção popular desde suas ~1 ses prcliinin ares d e e hb o r:l ~- ~o,
ava nça nesse ca minho. O ca minh o é de m ocratiza r o Estado, retirando - lh e a estrutu ra autoritíri:l
para legitimá- lo co mo in stâ ncia coo rdenado ra, c não m ai s in te rve nto ra da vida soc ial. "

O Co nstituinte- R. . elator, Bonifá cio Mourão, e o Co nstitu in te- Presiden te da Co 1ni ss~o
Co nstitu cio nal, Ca milo Ma chado, tra çaram, em grand es linh :1s, os :1V an ços co ntidos nesta
C :nta. Vi ve ram no ite c dia esse processo hi stórico . Ao lado dos COII stitui ntcs- coo rdcnadores,
viaj aram o Estado, ouv ind o as representa ções da socieda de. Aud iências rcgio n:1is, aud iê ncias
pt'1blicas, marca ram todo esse processo qu e envolve u , um a urn , sc in cxccç~o, os Co nstituin tes
que assin am essa Ca rta, co m o suj eitos de uma llli ssão delegada , pri1n c iro pcb soc iedad e c,
depo is, co inpartilh ada po r associações, co llli tês, sindi catos, cntid:1d cs de todos os scg!ll cntos
da sociedade civil. Agradece m os à parti cipa ção de todos, co nstituin tes c so ciedad e.

As li deranças partidárias cnsin ar;nn , na Co nstituin te, que a d ive rgê ncia c o i1n passc, se nd o
in erentes à formula ção política, pod em c devem tra nsita r pela n cgoc i :1 ç~o, pch so lu ~· ão de

124
com p rornisso . Q uantos exemp los significativos deram as lideranças desta Casa d urante a
elab o ração da nossa Constitui ção! Reco nhecê- lo é im perati vo nesta h o ra.

A impre nsa fo i can al aberto à info rm ação e à participação da sociedad e na Constituinte. Desde
a crítica à análi se, os j o rn alistas fo ram corretos e co m peten tes n o exercício do seu papel social.
E m todos os veícul os d e comuni cação recon h ecem os u m a con tribui ção exem plar para a
discussão, de bate e esclarecim en to dos tem as co nstitucio n ais.

Um a li ção d e efi ciência e dedi cação tamb ém atribuím os aos servido res d esta Casa, refo rça dos,
em suas atividad es esse nciais, p ela info rmatização dos serviços d e apo io à Constituinte . Ab raço
a todos, nas pessoas de D almir de J esus, D ireto r- Ge ral, e Ma ri a Coeli Simões Pires, Secretári a-
Geral da Mesa . Ao m ais humild e func i o n ~íri o, m ani festo o n osso agradecim ento pela vigíli a
em sessões qu e alca n çaram m adru gad as e recom eçaram n as prim eiras h o ras d a m anh ã.

Recorda m os R u bens Ga rcia, o d ileto co m panh eiro q u e a fata lidad e n os ro ub o u. No m eam os


aqu eles que, req uisitados para o utras atividad es, estive ram co n osco n a h o ra primeira . Sa udam os
os ex- Constituin tes, das ge rações co nsti tu cio nais passadas, qu e n os fi ze ram chegar a palav ra
d e in cen tivo o u o co nselh o da experi ên cia, lembrand o, em no m e de to dos eles, a fi gura
sempre atu an te de um Alberto Teixeira. Admiram os, to d os n ós constituintes, o cidadão -
engenh eiro Luís Fern andes d e Souza, m ereced o r d o título d e constituinte-h o n orá ri o pela
p resença e partió pação em to das as reuni ões qu e rea liza m os em to do o pe ríodo d e elabo ração
consti tucio nal, suge rind o, o pinan do, qu estio nando ite ns e ite ns do An teproj eto ao Proj eto de
Co nsti tui ção. Ele simbo li za a participação pop ul ar .

Aos fa m ili ares, pri vados de nosso con vívio em h oras diflce is, n ossa palav ra é de gratidão, n o
afeto fe ito de estímul o c de co lll p ree nsão.

Re nova m os hoj e, pe la fo rça co nstitu cio nal desta Carta, n ossos m and atos de deputados .
l ~esta ura m os p rerrogativas esse nciais deste Pode r no âm b ito estadu al, j á co nsagradas em 5 de
o u tu b ro pela Co nstitui ção da l ~c públi ca . É h o ra de essa Presid ên cia e a M esa reassumirem,
pe ran te n ossos no bres pares, o co m p ro mi sso de rcsg;1ta r a grandeza da Institui ção ferida de
1n o rtc pelo ;1rbítri o, desprezada c u ltraj acb pelo auto ri ta rism o .

T rin c he ira da rcs istê nci;l, o Poder Legisla tivo h01 n cnagc ia, co m esta co n q uista da p rim ave ra,
os q ue lu tar;11n pe las libc rcb dcs dc lll ocdtios neste Estado.

A partir de hoj e, o m andato parla m e n ta r c n1 M in as Ge rais rec u pera sua destinação de legiti m a
rcp rcsc n tac,:ão po pu lar . Jurar cstl Co nstitui ção é j urar u n1 a n ova Po lítica. A Po lítica q u e, em
se u sig ni ficado 111 aio r , é ;1 co nstrutora da lli stória dos povos. Po rq u e el a é ação da cidada ni a
q u e cfctiv;lln cntc f 1z o se u gover no, dctcn ni na a sua vontade c fo 1ja o seu destino.

Co 111 o tcstc Jnunh o cb vicb deste ParLnn c n to, co 1n a clll oção de um a m em ó ria de lu t 1s, ao
ace no deste ;Ji vo rcccr, podc lll os dec larar: A no ite dos te m pos não assass in a a H istória . Ex ilada,
ela reto n 1;1 c ;lll W lh ccc Agred ida , resiste c li bcrt;1. Am o rdaçada, cc lodc c aco n tece. Co lll
ho Jll CJl S Livres , a l li stó ri ;J VC ll CCLÍ!

125
r;-==-=-
-- ~
- - -~---===-=
- ==----=-=-=~~=""'"-==-
-- ~--
-~
-- - ~=--------~---- -...
-~

/\SS t: ri H!. f: r· 1\ CONSTITUINTE DO CS'f/\1)0 DE 11lN/\S C t: H/\l S

Ot·:Pll'f/\OOS
CONSTI'flJIÇ/\0
C:ONSTIT~~INTl::S DO
À 01\Tf\
EST/\00 DI
ri/
M
p 0/\ .IV

I
I

G e r a J <1 o C o m e :; nc z c n cl e , .z o . -

li1 E .lmo 13-r.az soar.t.::s, lo. Sec:re tárj _o


•.

."Ja.i. m "' elo Espir.ito S<:lnt o , 1 0 . S u I' 1 • · n t ·~ \j


~'\..-\

r: <l u ," \'c <1 o n n e d .i t o Ot t 0 n .i. • 7. o . sup 1 ~ n t. v L'

An d cr son J\ d au t o P c r •~ i r a , :~ <> . s u p l (.

J\dcl.ino P c rl.~..i.Té'\ O.i<~ =" , •to . Suplcntt

c
..1 os t~ no n 1 :f ê1 c i o Mo u :r. ;) o . H• 1 <. t or

Agostinho Cés <a:r. Valent e

~yostinho P<atrús

Ailton To~res Heve~

Amilc~T campos Padovani


25 ANOS DA CONSTITUIÇÃO MINEIRA
Bruno Terra Dias*'

/
da históri a republica na c federativa brasi leira o. reconhecim ento f01:mal da autonomia
estadu al. Mas 1sso pouco s1gmfi ca, se não houver uma est1rpe poht1ca d1gna das res-
po nsabilidades e do signifi cado , implicado na co nvivência das múltiplas entidades no
corp o da federa ção. A inclinação latin o-a m eri cana por govern os de força, de escassa
licença às liberdades civis, co m práticas de sufocação das iniciati vas próprias da vocação de cada uni -
dade federada, teve sua influ ência na vida institu cional do Brasil , não raras vezes.

As altern âncias de regim e, contadas a partir do 15 de nov embro de 1889, sacrificaram estados-mem-
bros e municípios por qu ase 100 anos, sendo a Co nstitui ção Federal d e 1988 a primeira de inspiração
e práti ca verdadeiramente d emo cráti ca . A República de 189 1 e os períodos de 1934 a 1937 e de
1945 a 1964, não podem ser co nsiderados autenti ca m en te voltados ao interesse de povo . Eleições
fi-aud adas, co m participação de m enos de 5lJ() da po pulação; oligarquias encasteladas; engodo com
flertes ao integralismo c ao socialismo ; ta xas de analf<1betismo acima de 70%; proscri ção de partidos
po líti cos; mar de larn a qu e leva o ch efe do Executi vo ao suicídio; ameaças à posse de um presidente
legitimamente eleito; ânsia d e autogolpe e autoridad e fi-aquejante na presidência da R epública são
receitas antidemo cráti cas , em desservi ço ao verdadei ro titular do poder . Outros períodos, anteriores
a 1988, foram d e autoritarismo, voltados à eternização de pessoas o u grupos no poder, acenando
com be nesses em f:wor de po ucos, implantando rcst1ições em detrim ento da maioria. N esses tem -
pos, nad a houve qu e pudesse a cidadani a festejar, embora Minas Gerais sempre tenha comparecido ,
quando a arti cula ção permjtia reali zações em prol da no rmali zação da vida politi co - institu cional.

A primeira ex peri ência efetivamen te demo cr;Ítica bra ileira coincide com um a Co nstituição Federal
centríp eta, qu e lega parcos espaços à auto no mi a estadual , premjda entre comp etências residuais e es-
cassos recursos tribut;íri os. Em tal co ntex to , co nsidera ções mais m odernas apontam para Minas Ge-
rais, no processo qu e resulto u na Co nstitui ção Esta dual de 1989 . Colocando- se como instrum ento
para gove rno c cicb chnia , se m di stin ção d e ideologias, fi xa objetivos priorit<Írios: largo esforço por
um a democra cia parti cip;ltiva ; asscgur;un e nto d e gove rn o efi ciente, tran sparente c h o nesto ; desen -
vo lvim e nto da cidada ni a; reco nh ecim ento da au to no mia muni cipal.

O espectro instrum e n ta l di sponibili zado desp erta atenção, posto qu e as Co nstituições Estadu ais de
I <Jú7, I <J47, 1045, 1935 c 189 1 preocuparam - se co m a o rgani zação, co mp etên cia e divisão dos
poderes, sc1n fi xa r obj etivos pri orit íri os , a partir dos quais se extra iam uma étic l de governo c princí-
pi os d e parti cipação c fl scali z;1ção popuhr, no pressup osto d e gove m ança ho nesta, eficiente e trans -
pare n te . Pela pri1n cir;1 vez, c co m o m odelo para co nstitui ções de di versos estados da fed eração, o
co nstitu cio nali smo estadua l brasil eiro abra ço u a id cia d e uma fed era ção para ;1 demo cra cia .

A arte gove ma tiva , C lll Minas Cera is, c no s estados qu e adotaram se u m o d elo co nstitu cio nal , a partir
de cmão , to m o u- se m ais ex ige nte. O chamad o à parti cipação po pular não permite o uso da força
púb li ca co1no esc ud o p;1r;1 o govc rname. A idc n tiflcac,-ão c a reali zação do be m co mum co n vergiram
c1n l~1 vor do povo .

A Co nstitui \-ão Min eir;1 de I<)K9 deve se r co nl cln or;lLb , po r ser a m elhor que j ;í tive m os c por ser
exe1nplo par;l o Brasil.

"'J uiz , ex- presidente da Amagis e membro do IHGMG

127
128
MEDALHA DA INCONFIDÊNCIA

129
óRGÃO OF ICIAl DOS PODERES DO E=TADO

:j í i•

I ·.1 '\, "'>l . I H·;~· ; 11!; ] 1.1 ! , \ 1() 1 \: 1 "'· f:Wl, ))]' ·~.~ IH : 1lT.ll0 l.i,l tt· t· o ~tt l l', ,,,m '"til l'H n in~·· , ' ' ·'\'·", •!.1 ~-;: , ;·~111\Í rl, ,. fl d• ll'\ ."t u
DE u:,:! J)i·, ~tt:. :.: l t.,~i tl ('lll' htl t\a h.. •:nh d.•.•lt·: .d l.rn"\' ;Hito n d it " Iin dr OlJ:~· I' '''"' r~ l •: " '' " I ,,. l '
.J 0 :.• :.. . fl ~~~I'' ,t
,.,,,, , ,,i.~
I H!.- !'-!1 .. d:.l
r 11 , •,
tlo
1 , . . '1,·11·1• ;,
\'J ;t l;::u . ' 1.1.1
r.:.,,~~~~!~ .:,~r;~\.::: · ~~;;,_,\::~~.~~~-~-' ~~~~ ~ ~~)~iK~~~~~· ~~~:::.;~~·~oj.;,~ '.~r;;,~;~ \ ,I

~ z.• - f'<: tlt: ,J,,,,t:,i,


~~n~o . . , r.•Jn~
n.. w 1' ,1 ...-b t!<: JIJn.rs c;, .. r i m· h h·rfl l"iJil h~u.
,..
: ; } '~,., ,, 1\<) •,i•.h.: rn ·.. ~ ' :<~lln!n .• li:mt·a ("lc.••.tk :-r
tq .n1 :·i t-io d1· Dc., p:,d c('. n, 11 • •···"' t 1 .d ' I o I.', • ~

,, 1' ~ ·· ·-· f \.) L ~ LIII ~· ~h· \l i:r. l ) t , ~;.


t tt ,
J. f·l' 'i' ll , 1 1 '1 • 1"-l:~ '." HI !.H!, · , , j , •
~ ~~: j,,,'.,t~·:·' ~~~:·· :~~~r~:'/ r·,~~:~~~~~ .'~~~; r~~~ ..,~.~ :l.'hf:;~,i ;~~:·· cl'~~~: •I;:· ,;;,·,·:; ''1 ~~;:~: d ,L! ;\(' t\1 !JtH: O Jn , JitlÍto nt-il!i-
'!l!C O !~11t.1 1''1!1 i llh' H' !'tt: t d f)~. ]•01' \.on : ·
·~ t!. •

t .:d•.l U I' • 11 , 1'1 11 ,,,\ •l • •' •l t.·, \ ' 1' 11.;'.... no· n · t',Z.: 11 !lt!~ l t·l ; ftl~.1 l)(ht ~.. .. ~ .~t !P . ~ , J ,·<'l <\fU~ tiu d t1 tUt Í<l 1IC' t'~Tl n ( otl o li t.: io, v.d .·•1 tl n '·' '" 1 , ,
'"' ol 't .,{u tJLL Jt i .
.\ t ! . J.• .. 1 i r; ,l l) l:r. \'(.rJHI dv :m·.' iPl11 tl ç IJU I: M· t\lo t'i)(,,, ~uh JH.:~ ~'01110 tml t flc ·:·l'." •l'·· tt JJUhl i '..'ui,· .",•J 1 •·: .. '. " ' ·I ( q · .••
t . J:,Ilu d 1, r.lm:l.'l c; ,·t·;.i. mHo r i7n · nu tl e ~·'f t lnt;r' " 1l 11 !"i.m·: n, .1 n :Í •J •lc1 dt.'!ii ~ ···:: l"' n1• "~li n :t. " <.v1·. Lo''
.\c·L 1. · 1-':!".1 ,, r; I• V~ItJt\ .l o •h ,\ t t)Ut" l".k t· I'{ 11' ;~ 1 1 d t1 ill l !\Í\ '1· n\UÜ•I1' fl d l'!'! (i ll t t rJ\..o pTI~t l if• !1,1',)1 1· ~ :3." . 1'111 .: ll t; t•((' i!l):: d\·~h·
J• ~ l.ith · l ~tl lo riLJ do ) :1 d•" ti.l l' il ~{t,. j("
1-.l hlt' i l'lt :k 'iw~· .i·.• w1 tt:rrt'Z'Q · (~u~·
! t, tl'i: !tl llt 'ill li ~'UI> '" lnlCl' · \' hl ·~" rltJ, tj ll l! iJ X•'l \" ir. J(Ie d ~.; 11 '" /d J n .lt li j.ll t, !\•"'lS •'!lao-t tl..\ !'1 Ir lt·:l : "'.1" •.> ,, ,, ·: ··'
m. ht ~lit u t n :\• 11' 1•~ !lll l1('lr~ rt e d \1, <t ~·Je. u " I!Ot lm:.~ ill.t . " j,(, tlt •• r. t a •rlt!u t'i1l l 1h· • '1tnJ·t)·
fi ~l \ 'l llll lll .\1\·••r•J ~ ~ ~ S1hr. ir o. · ~l u ~ I riu, · t• ar"l '-'"()r~. J.t ri :\ . tOI'l S('ll l" ,'\ ri. 1.• -- S!'r!1 iu.s 111 u nliv, , Ít.!lllt: f•: u ·tiri;-tlH' l vKO :JU l n~tl ill;~
11it ;, .i •.; tlt: n)rJI l h· ~ 1 J m· h~l. f ' <)tn •·•
n .r ,.i,bll c d·: M.ml r"' C lrnoo;, 1\.1· th.: d t·•H'MtC Íhl tl l:l fi:.n çn 11 . 11 1.~ ;·· 1 ·"· l o 1l ch·m i..)'l:"l . •, lhPC'm•. r••. lit •t•n· I' ~ ~ : •' .,, " - r " •l' • ,,1 • '' 1 Jo . d o
llf\,' ' "' :.!:'1:!.:!:·•) 1!\ :! , ··.1 ; t ~l'i ll h·J • ;;'o o d ·• 11111 !l• t'IC tW, ~ i · , •·,:r•i du fvnci-ot~ lu .i t) ··m CO •! \L•tni·ll · •;:1, oH l' t·.. x .t~O:tt ), por qu:t l ·jm·• \, !! 1···'1" " ' , ,. ; •. I
l'u t·\t.'{ r,l l'n t i! Jit·tt A i<~ · ": · J , , . , 111 11 11 nt. 11 1id •t t. i:iJ .It·, I'Uill :r m•: :r n n. tle 1H4l(' f"~iA.l :lr h .•i tli.'J i r.tlil'H 11Hllh' (J, d u pa:: tml Cll l't []c \('11: •· • 1s •• • ~ .t , ,
1[ t;, rl.l rem a:~o :-•.1; 11 1u k , 1 \ l t' l~ ..,~. 1\ c ,.: ,h~~~ mil f;,,I)JO ) 1U t:ho~ q tw- o u Cl'imitt(l), HV'II 1 1J ~ • · 7.
.. C,>mct;:t uu <.:b-. 11 ti ;~ ) ÍiliHI · t ~ ltt· (tr · :tdo~. U.Hi l iH ('('I\tJ i tl t l t•Jl11'o .!1 .\r·t. !•." - . :iv )IUdt! o Tn .,tilu lu t: .-\ P{'j 1: 1,{) rn
~lv, nn-1 •· ,~.., t ,\ \\';'\ c .. :-.t t • H,:. 1·rr·." nt;)'l ,lnii•l Pi n h rir·o, Tlt,vten t c.~ . !dt .t11Ç!tr o N lti~\IC't' llll:ln•t n S(llil :l · /JI) ,,nf]HIIll' •'l/0 tfo fllu 1w.:r := ·•'":J" '"···
~~ ~~ l · : ~ ~~:ot"m, tH) ltm 1!t.1;.Ho c~;· . .T :w~t:'• l ·ia (' 'l'ra\' l'.i-'~'~ Sth' t. ~mt.cr- dn fi l'("!ltJC'l: lh·n iJU I) ItrhrH ia 1111:n- Ati . !l ,t' . O l o~.:u d or tl:u ·:'t :n·i. 1' ••1. !"''' lo •• t• ~. I ) • no i i •l u o• 1 :.• lt·l cL•
l:lH' po r· t'·h• n l ~ · d x o ttlC :1 , u, f't• H· h•. rlt·:-:m:utH :1 c•·•'~ l~lll;.v) de ,1) 1'('. sul t:m-n f•~ th'~c;ontO!' 1~11.'11 'Hl i :'t }it 'SO 1) .r ·· ~ t : rílo :.o l Jt ~ tllt i lt), nu ,:n J 11< I" l~" ' t :• .ou·lr •1 ' I. ·""1• ··111·, ; .. :
0 1Jê111 Ju t:Hm " rio l ~rm .brd: (IH t t! ir, tmdo: (urw innrr t·u--u _ r .. nt t111l t.• n:.is lt:- nfl•,, ,, l1ll :tl u:;o t•xc~dtl n t e uu t' r f'l" . ll tr.· fl o P :l R.Jmr:ll l O ti o I •:'< 1 • \·J! ·~· · ,:<1 ltI I ; li" I .I ! I • 1 ;t io :.~
f.:! t ~ 11 t111h:u, Jll'l:l nH • t ';::U ~ll <.:.~qur·r · N 1J I'l ~ ).ti tJl:im rlt: J::d u(':u;-:.io. ~ ri h((~;Jc nl n )H)t ('onlo (.;)O"J') tlr)S m (!3 em n l n um, ti CII{l'o th~ Hl tli:r s , ;!ll" lllt~ ) ,Jol • ,1 I •; c .o. tt : 1 tt ~ r l t" l • i ; J :, ol l
r' n i"\16 ct~ l' twl r ~•r o "\'\'1 !() QU:' tlr·· Pu r;uJmfó ll!dt·t• : - A J '.o t ' U Ç ~t'lrl \'C il <' lnwn!os. contlld tl)ol c.la chl :t do ve nc lmcn!l). ·1~ ,;,. J• •'l•• •·•· Jv ~/: , ., ; ... 1 I ;: I• ~

ll"ll t b i',(: H 11 du . 11 'i!1 ('Se l ~ n t o. c nue- ~ê n·rt'n : o 111'1! ~() 1." .•., c()fi· ~ 1· 1. O.• · -· .S:ttls f.e!lru: l l) tl t~'J ns llf\lr IICtul elo ri c!•t·, tle Jll cno d i- l : ·.lu l.~t!, J.• t rA ~• · ~- " ·'i' ·' ~ 1,, ,.,, , ,.,.,. , ·
dH<·rl) ll~ l't l'flot HLulxu tltt Jl l} nl l,' '.lt~ d tci ott ~·n o Ç\Hll J)I'imen t n_ dr. :.~n (' tJntH t:ÕCI lt·t:t.•i r; c: t e-r.ultuntnl ~~ réil<>, u fillrlor cxonct:Hh • tl n l f'r.· '·" ) oi lH.t r l'"'" ,lt1111, .1. T· ~ pr . , ,f,:
1 1
mu t\t- r: dn P:<:l1·;1da J)Otn '-' ".\f uj w fin tlli1h11l1'1 ch' t! IJ'(I tk i' IIH;tl (i))
, ,l ·n·•. t,f.',ti\JL' IXIr í·!\.le \"n.lo acini: l < t1li.\ ~ .
HH! . OIIIM!J IH·t( O JUii liflii O l\ fi :t n•
r:~. Cnnm fi a :lm· !'111- plt".S: tLHpi'-
',', ',~t;,,
~!. f!\~CJ 1J11C<i[<(<J<1I1", p(' (Q !tlll~Ut"r do 81111.1:t f)u I. '' P'•··~ ' ' '·
.,.,.,,. ,,·,., ,,, ''· '' '' l ·-,· i<! '
• .. •
'·l •'l '' · •lJ
.
1
:Ht· r·rm: 111 t'ont :• CVi h ·wl n tln " C.o· 1\1•1. >J.• · l h : \ ot-::nloL'i m~ flb· n.n~ do~ i1 1Ul!(III.'I'.Cfl, 111:in pQUCHclo A1·t. 1() ~ - t.:mrt ,.,,, p :mn r1oln . L• Jl . C . [•llr .• v z.... ., u ~ •· ,: ,.
lf,u i:l ''; H fd(~ J) l• l tt•J [f tH Vif'l a \' i ~' CI JH>~; I ~i>f"~ C'lll r·Qn ll 'l·li·IO, ('.\U\ lt·J fi\· ft ~ nrrtr t"tlTIH'"l p rirt ("i )U!l pttg rV.IOr ({lul<•r, fJ l l tf CJ}()<:{hHJA 1111 T i''l nll· (In•, ;o I .Y l<rnnl l' J J.>C" '""'11 · 1\1 -.,
(1 ~ilqU I'l· rin e .-.c·A•.u· 1.r l1' !'iY." tb h·,,ru ' u' vig•w ll t d:r l u tlt: tn t:t p lt -
nv('nit.!u Al'l ttt' Hf·rnnrdt.; nté t::t•.. hlica~n,..
t·un t r:,•· n l'lllt 011';-::'lri' ' M t~cicl {;
_
,\ l:n "l r:», JHu·l:mtl.. 1 H 1ôdo.o; ns !\1l·
*
t) U d t·Yedo t no lttHI"in .
~! - .Depnis dt· :l (lrc.,· nd ~ IJL~·
la. llJrehl •·•n !.l() fn .<~li lnfo n r c'l p e·
•·~ rln ú d iiJJum i•,;iio do )o C.tdl)r, :•
i m llortnn!."l!\ tl n ntu .:ut' r
o J n ~litu1o CL\\' iA J'it i •·nmpi:l!:u·
(' 1"11 mor.o,
ll.•qtJnlnv;l"l\l ,, .. , 1~:• To."J\1 .;
f" l'g ui n d 1• po r r~<~~ l ;t, :i rlirt: il.(l, " té l nrí d:Hicrt, n lfll{'lll o C!J n h c<:fmc n~ 1' li V:t ml n ntn t'nnl, Sér~ iJDJ ir (')Jf\ h·, t,:Jt:Htwi n o rd em ll:~r.t 1il;.ocernllo -· Trn t'lf>'\ ),~~··. ~~~ • ·· t:~1 1o : :·• 'l~. ''"T'"'
mwnn t1 ' nt' o Tiiht:ir.:ir1 d~ I':LSHl· In •: n,(', :u~· :i.n d J'-"I:t IC\ pe-rtentt; r. n •·arlll tl n Httn ç(l. c om t>~ 1·)n rno.: oós '' (·nd menl os (] u fu ndmt :'tri f), ·11t ~ ; I vil, J'flllthlu no·•c• •~•' 1' !11.> ·\•· ti·!·
l.J! ~~ . -· J a,l"f\.'diJ •, , ... r.:, , , _, i11f•1-
~~;1 11•1 ~~~~~!C~~~:~ ~~~~ r~~~;h;~AJ~~ ~::~. i:·~;.~lli~~Jill~~::: ,:: :~f1~ 1 1 ~~~;~~lflf.õ; ~:~~~·~~l\l'lo:ç fl(~r~ ~lHt:IH JifCCill'hi~ ~~h~~:)~C~',\I;;~~;J~r:l i:,~~~~l1g~,~~~)1Js:uu·
11 1

IHUtl'.t ~· iit l'" , eónl ~tn . ~ 2.' · - .\ r; .'\ rlit Mtht:H.1tl. llf'll) l'or/l;t t·l\fo t UI Jr.u - Pt·l:to.; ll l tnH~
Arl . 'i! -· I) jmt.ivcl, 11 t'J ut 1'1~ JJ 1td~ no Pn.llit'i ~ !1~ l .~ hf'rd fttlc. l'rcsi d(mf,, nu ~o•· um tl oN )) frcln- t b~~: n!l.<• d<'\('OOHid t"l'<~, r l'!t !lmv lt · ll l" •l' : t'~ l• aru h• ,t·t!:&du o 1•·:
~'('fl't· 1 · o ·:r.t'L r.~. ll C~tlnn r· <~Ca:'i ,lf , BPifl · llc•l' I".<''OI('. :.!!$ d ê 111ll1o de 1"t'5 , mrnc ion:trft I'<."TllJ)n;
0 prA~() rA (l l'Olelur ou fn iH'ÍOII itr io )) it· ,\:.,,ttt.. t :J l L\ ~ , ol" ,'. ru,·.>J • • , 1 :•L •• I •
J>(\li~J !.1 1\ t'!'it:u,·,,o d e .\' lv : r r1 • tb l~tí'.l ·. . tia lof'nçno, xc l tii" IJ IGr llOr t c·ut- g llfltw, C{l te hom·f"r df'lif' tr mp r i(ln ''"ll(.i) ·J~ ltU)J') ~ · ' ' · - JJ itl L • , j •. ('
Sil q::,l ' · uu lt\:·!11' !\Hn ~.h·rt t1 e V i:t- ~ I·U!C!:tti.I Nt• h.t•l11'1 .l ,\ 11'.1\ 1•'1' Ou· l''' •utldrt·ltlin d o . :\In !(, .~rJ tt , 1111 A or1k m jl~,li .Z • o{/\ lnt . " C ~t .> .d.t '' •J r,,. • t "*
4
f.'IUI . \1!11:.\ fô •·, a hlpot v~,.. n J 1knço ~ 11 f.oJU~ . Al't. 11 .. S6 d c t,~cd .~ "'' IHh'«<r "l' ' ' •j(o...ll. ,,1 ,
f,it ~:.'.i ~~~~~: ,.;,;:~;.~·:~i~ :: tll~~ t;~ l~::, :~~ ~ t,~;~t~~;~~r//h ;.~l~~::H i I/I ~\~'1 ~li I·.,; ~~~~~~r~1t't \~!~tl~~~ ;~~~~~~rt)\\~~;~ ~e r,'.'.';:,~; 1::~:~1 tt11 11~; ~~j~:~ l:1t~~~ ~~~~~·~~i~
1
1 ' (/g S f" o' T(/ /<"; t.l 1 f~ ,< 1r 11 :r .~
lJII t' lu \ ,l 111\l l h loo' f' l o;.. r• ;{,lb 1 :)..
l i' r} I ft !.:ll! ~ ilHH' I) !I rhtl dt· '•l i • )ttz·
• ·· · tl,t Jil t:Mu. Ull do !"!ll.;'n1J!1rio ria 1111. ~ l u:tl i ci:Hh: <1 r: f hl th•l", 11•r."t
hlíf",t~ lif.' . DEC IW TOK. :-1 .~~10 , 11 1 ~ :.li' lil~ R J.' - Enzhot.l n .io "fl i.n lil'l~ o runl'iuuutin 1lir~ il o de t 1.q rttt t· t· lu " l t'l • ru~\ I• H·:JI !:•
l .l l lllk lJ) l l'lt :
"'' '~ l'."t l " '~ •

1\l.nH.Iu. l•l)t1 .Htl •). :t tt'•l l •·~ ;r . ..t,l .. .1UJ.Il0 r> E l!)!;'.! lo nlr·rar i..:r.< •r :!llcln •la Ir· I, po•lt , tW\'l\ tlnnN. tHthn n d i:•most o nu
t ·>l"l •l,vlt.·'· a q uf' m ,, (";tm h r: <'i l:lt: l'- -"1.11·r.-v,, 11 n •1nll anwn lo tln fi :mru IOtlflv ltt , o 11tsl.t ln lo 1:x lstjr •r ue c• 5 1.', l rr {lt1r, t.1<1 Qtt. R.\ ftl 1prn.
, .,., ,,linr;;~, Ath . r ~ • .1 · ! ., .. L.,.• •-• ~ Nt>•
\ U , J l) tt\ l' rH ftü .. ti• l ' lll', lt;
f,,<· t.•xec u ~;ih) tlt•,.ln JIJl JJC;I k iH 't:r. tl r, l n ~!iltllu r1u Pr, ,i<J •;u cía <1 ou l<1tnd01·. no p/, 1\l\ tMtn Hu {·lll A1·t. 1! ! - QtmJulH, nn ,Jeeun•) ·r .••~·~n~ ! f,.lut t i:Ll. ,•, ,. ., ,.,.., .1 ... • r.~,_.
•Ptt · il Cll lli J•r:ml •! h ç1•111 f' U111J il·i ,., ~: ·,.i~~~~Í~~~~,l;t. ~:t;w do t1 contrn· ri'i''nro{l~ !le dtf'lnrf" cJr.n t e thHI ~~~ /,~;~j. onJi~:;;~"~~~~~~~ ~~';;:;~;; ~~·~ 1 1 t l'l rtl HJI ): • · ~:

1 1r{gr tf'nlo {'1 cottl jllJ t~u·.o,.c.f, ll(l c <il i' t1lu d··'l tr· 11
~"~' hu cirnuwn !c· <":•"1•\W m·h ftl'
\'Ht l f·m. o (;vv('rnn dor dt' l~t<1<td<' llc ~ln"'~o~ ~·rH7,..,~<:~~e 11111 1•t-~ll ltLt, 1> • I "
l ".'t .I\QI
J J,.J. I ,f,·',, ' ~' ·:~
ILfin t~-' t: c1·nls1 ' '"nn\lo de snf\~ li~' Íu:,J ,· •.. , r: f(' t::ol!!mhr·\ ímporl n rH:~.n ,fn nlnuu r: r, CfHn 11 •,('
P .ulu 110 l ~ t l liw i\ ' 1l.1 l.t h('(d~t •fl- . 1 1
)!·:k• H•.:-ir.on tc. 2G d,.. j11lho ch ~~~: 'f.:l·~ ( ~ r~c·id~. njgó: ~ ~cl'~'\t~~ 1 1
1
l5 ~ -.- A l'nl-l k ~~ni em ,J 11 n .1 d<' vron t!l f t ) H :. 71lf!ll, ft),\ ""· 11 11!) ) . ., ,. ,. ,, •._, 11 •r· .•l
rrr ,. 11 HU c ltu• !.•Ji r tl'l .'t l! • . l l "" ct~ ~ ;
!");:.:.!. •d emb•o 11 " J!Jr. I, IN••h·• ,,pro- ~:~' ~~~"l',',';:f10 ;~""
<l t ln. em 1•o- nr~~;;~~~; 0 i~;, 0 1\ftU!))IIf'll i't, A~, U ~ 1• ),,\ uhll fll l 1 \1 l •
v.1r o re!(\Jlt nH·nrn tl r1 llnnr,n ti O .6 5.• -- Po!l.:ni n /1n10n!IQ. furn - Art. :n --- /\~ on il ~'\uc;- d·'·'fh• t A I,• ~IJ , }Jit•t ft I' l \o' h ll. ) .,., ., (' J 1~·
r!l ~ti l nto t\('l' t{'\"ldflnt'l t\ d(l~ Ser· t,).i•rtJ ., er ru ·e•l!\ clu W ("~li An l c ll [lO · !"l'{C tl hllll i'Jl ln c os ( '!'I !H• t ' tl!ll l \) • 1pl tt A1 - 11J 1» l tnHli·,;. ;
Yhi'Ht'~ 4\o l·;sl t!d •l íh' Mmn~l;e. . l!fno 1ln. llttshw 1nr, 1 do r.m rc ..., n. \• <' rtc,H "' 'Lt n n~o:nlvi 1 l t'l!; tJClll Cull· 11. " " ') 1! , o.~ to ~r J )~· • .T tt~·: J I t ~ 11
l''lh 11; ;1t t t., Jt"r,l<ll do lrultt l\tlll 11 0 M tt\rJlto
({'ln t r;~ I•J~ ~~~· ;du .: nc r· "clho D ~liiH' l:ttiH) ~ ~~~ l n r~!lhll' ' •
1 t• ~Jt, t•n n i: ~ lt~ lmh n r CJUe (]o a l u~Ut'l' elo QU.tl •·c111 , 1 u t •n~
q th ' ~> lll 1 t'lt tm~ l n n co nl.ul t!l tht l>h·r·
·,,\ ~~~.'i Ü.t (H\ 0 11t·b St'n (·ti,l'lo \lns do (l!jJt' l to tf t' n~llltà •:Out l ol' l!"l, 1111 •·m Jerr\tl (1 tcGUI'"'' d•1~ ',tJ ( o• t 1l"l t ,' lt ,, ('I, 1 1 1 •t .1 ,. 1 ' "' " 1 J oi ~
01
IH ~\ :C ~~! . Pl ·. :18 "ll F, 11\ l l!;ft'L r~'~.tlll OI \'1 em 1 ·n l o~ ~'!lli('1ttlM.'\ tia lui C'rNHlt.tlo ~ ( rrM . Ht r do dec r·r t•IIH1, 11 ~ 11 ,,., , ~ h) \ •.• J . •;, , 1,. ,1 ) ; ,,, ...
I>H 1,:,:1 .liii"{O du lj• }\(• !'h~l t1n r :. ii W(lt) H ltfft fo})~f'l'l" (tfln ll tli,l>n t~to nn N 1()- 1(' \ n. l A t O, •1 r ·.:!~ dr: ll UVC I\1 • J.<, ...,. ,•,pl ll tlt :b·u.• •
inrn (;l'tni !'i . (:t.l lJc.lo ll"ri· !1.• ~n rm1. N1•: t(' f':'t~to <tfltf\ (r' lt 1) hro de 19 13). \111111. 11, "' • ~ ~ ,. J l .,~ I 1 t Jo
Cr l.l f• ttw d.,lh, du ] tH't" th l ncl.! ll'YS :!~ th: j llll iC• d e: 1!)!'•2.
1
1)111 1'<'rru L~l lf)5 n .~rHht f/ (1!/l'l\ llt"IIU Ali. 14 .. - Y;:lt ll" t·· ~ttlttrti !' Hin
t : •t ' ' .1 •

O !'(I\ H da l ·;~, l u •1 • · •lc.: Milt .l~ ( ;i'.


\ t JI \1'1 ... , .. ,,~,., , • ,, .. '; , • • ~· 1·,

.uto.r ~ J\ \.' ll l'l ~ '.:. tl t.:tt r•f: Ot.t ',1,',',• .• 111 s ,d n éOl,f t nlo em lll>dt•t 110 ttnl rQtl\ f·m \•l~úr 1Hr clu1 11 d e :t lll tl. o ' •' l\ ·t;
Tol ;,, I}Ut l'Cr \1 ~ f O i tfC'.I t · " iiJ:th~.\ 1 fll·· 11 11 110 )tU h ll t i i Çl~u . ll•·\folt• • t JJ'o ,, ., • t·e 1,, r ,. I 1 1: u
( ' f "h.H I '' 1!11 , • nt 1;('1' H •Hil •.', '11 :\\t t:i•_, .
'"~ .1 •·rJI1lH Ir- lei: CIIPITl) J.O 11 ~ N· •'I' Ia ,·i, •lux l1Jn nllçna 1lo Cs- l-9r t i J '"' ' 1. ,, 1 '"' , 1 , ~,. " .
1
UtT 1 f~t mrao r/{1 ffmrta fndfo el e MiwtN ( ;!"rnb, rm ll 1· ! •~ 1' 1 oL n . ·' ·1 · ·~.f~ In, ti • " " ' 11 '" • \ 1 ',. Jfo
,\ ,!. 1. ~ F ir; a , 1 i . ~t l.' n mc.,1, .. II·S l'll Ú-\ l·'IAN ÇA I)() .\11 · 7.' • · St1 l'rü u rl lt. jH)It ., lltl ll·wl ttJU it'". ml s :lft 1 o j11!lto •I•·
l !w t ltl ltH •) Uf!rli•Hf'\1 , lli -~.t ht tH I;t !I J l '\ 1l !·. '' HL\'I J)EN· l) l·ll fru IJUbll t ·(fl h'l tl t•. 11 fl ll ~'ll !J· I /t l!H\~),. JV t.• oml :\1 , , 1\ • •. ,. .. !.o•• 1 , , ,,
r(,•l •j trl •utt' o fl lÍ·t ' lt• r·i,·io;.. d t• ,. ; . ' !'- t' IH ' IJ)r)IH :.,' 1)0 t·.S· \'lj.(n[' r'll!fi!Hnlo 1Tt1r.\ t' I) ' "tl l'l\fl , Jlt,\11 Mro)·jll .lf l..mim l'ndr11 , • ;~u · " 1 ·.1 1,, ) • ' ' , ,, • 1t 1
d ,, rt .~t • cpt• •, d H btlun•·, 116 •lh·ll:JH' .J 1
1; l li 'H~ (,l·:nA IS A
~ 1 ht Wll twh•tl ntk rk !lleu l'Czll ot:•, f' •S J) g ,\ l.I1Gll t·:tc ~~~n~tl'~:\'l t'iifl r•or H:mthl Judt'l•r n~.;~::r 1 ::'::, .:;:,.'\'. ~~~; !:.·::,·,· 1
ç
; :!:~~,~ ~:~~~~·/t. T!tVIlll!(l', ' l' I\'Ít., l t , f l' o\ 11 ·\ ~ l W~ 1'\~'it ). . Art. 15! .. ~ fi<\n 1; ,1 rh ·,w:. "' 1,/,:'' .~:\.·:~. ;::~~1'.'. ~ ~.·: •·; : ,!::~,' ·'~:: 1 : ' 11 t~ll.ri\tar ... ' . 1 , • ,\ Tl : •, 1111

·\ •1 :?.~ () (; p,·i·rnu do E "i~ · ~~~:·itJ~I t!!\f~;;,~ll: (iC!ftt l'(.l' 11m flt) \,f. N l t('IL III !t·.l 111"' ' ';.'\':·, 1 ~ 1 "'/i> , ,/,' I .',• lo
rl • ri t•:t :t u f ~~r· l r ad o : 1 ~· x J• r•1fl ·, dt' lt· . () d4.l
1 11 11

lro •1 ':'
(ftJ ( \ r ~· t' !l t,t) (1111 '1 , o 1'('~ 11 -
f111 11 ftl .. \(Jil J\)• flli C(:ÍJ)JI~II fO lhl ftll'(• ({,f)~r-io, l "." l(l •• ~lrrl Jdol oi• • fotiHio,r I'• I• •J 't lt ·'!' •J I '· , t ••l ' ,. ' o ·!' I
h n lll 'l l 11 IJ.\ t:f ' I c ~('(' 1 \l;u u tl:l I'' f!·
!' !J II(~ftillf tlru tH,\IIÍÍ ' ltlnprn fitín dn t UI'.!{ ti o tt f.T\r f ltt 1ft , ,.lf~IJ ,,, " ·· ~· t,;,, :u , ' ' ' · 1' •, , .t , ',
l. :n l t f•·•. t\ rt . I,•
\'~df-11t'i l l •1
f) l 1• ~1ll ul t 1 tlf' ) J, fi ·
S\• r \'i{\ ore~ f !t1 I·:t. ltz
m llnt <'lrt•lfn r;l!w d JI qne Crw í1 ~, •..,
A.1 r (i )Ht,l(:lll\t')lf() tl1l \ ('IJI •j;,I I" J1\t 1J t ifl
Ht>n•foMt~l t~ " "· 1··•'1•~1 ,,. ,,· L· " ~'
\>~tJoli "liii'HI't'" llllf\ 11" f~'''"' "'ll • • ,
,I ' ! :·,' . .I '
1t j Jltwt I"
' td • " 1'
,. li\ ,• 1 'o , , , o\
,, : t . :, ,. . n ~· \' ll}:.m, .. , ,. n ~ ll i"· ~~( · dr ~tiu. ol ' t ah pn~'I: I IH' (t fh111• J•••\1)• l 'll rt t' ll ti O l~o: t ndo); • I,IJ,l li U 1 !1, ' ' " tll ol•lllll •lo) 1 '"" t rltd• · tl •l
1
.• ,, .. 1 , • ,, ' "' , ,. ! , ,:, ', 1
J !'"
ru.•: it, li•· · t l, lt !..Nlll .i t•it•, .-·nlr l'ln• I•.J p íHI~ CO fll 0" ~ I · • rt i U,D; II ('r' (]t: h) t ;! i((J I\l~·UI1l dt~,\ ltl ll!: tlt' \'f'-
1
1t) lll ... , 1 •õ.l, 1. .I \I' •\
1
., , ; o•.:l
•o;f.t ld t :Pt vi 'N ' ' , ti ~ l a {!(' H1 , " ' .~ , !h• pn t , , ,, 1 ~ 1 /'Lnd,t rlu r11n · )lf'l!) I) 111 11\•), L' filll () ll!l• lut •1 JJf• r • t !·JW 1hh1ho l '> "" • •. ,, , , t1t , , .,,. J"ro ,_ ,1,, ,. ,., • , ·.~ .. , ~ 1 , .~ I••
)' d ,} l( , \ ,) .10 , c·tt ,, t:i ri ~ · ( 1 11 111 1
t:tt\lr' '' u tw )n ltli " '+ d •· I I'Í' Jll tll c~t t• J .~t'Nil ir!th' ' I"""• Mtli.l d tt.J! •l·• '" \•"Hd.:. ''' •l i'· 11 , ... !J
;lltllft /t <t•ut.... 1' :1< 1 J"Jt~t. 1 u
1 h 1 ·~·n 1 ~~: 1):~ ;,~~~~~~~·~t! IJ
1 1 11
.,, ll ll ll•, ' " ' "' ' lllt• . u 1t~ll . ..
/! ol"l• lu oh·tt, .t ijl tl 'l ll (' l'-I.IJJ {l( f'Íifl (• n ·
:'l.l ,11 )'
tH II
r,t't • 111 \t p 11111•,::-,;dJ! :: 1·.\;, 1 ~\r 1 !·"~'. 1 1 ::;,~::~ \:~,.~: ~~·;;
1
• 1 :: •
1 / ' 111• 1,., '" .. o!J, ol 11 , 1 ' •1 1, 11/it

~ . , t: 1 -.: • rwto•J tlt ·\11\ 1(' 1 i"'' h "t tr, Pw·.u~:u r


úird1!• .i
1h i •1•... ~1;11 l._w(t dJ l u u\. l\' ii 1, ti;•: lH1 11'ahl
<.I c Jo. \Jr ll t fi•Çltt, , • •' "' "' ,\i,
1 ~ ,J,. J•fll•n r,, ·" rt !H" •'•· '"' · I• ,. .•. 1
Jl lt' 1.1 I IH :ll' l rt ltl 1,. f :IÇ1J,IH 1' 111 11]-t lt•, tt •ç., u !unt:io nC\rl O " ('nv ( C'~ t·l'l l o OtJ n!ic 1), t: t"' I [Uí'l~ ,.,..,\t, / '"-'• ttrt•t~tr•1'" tul• •"••· · !' "' '' '' J1!.t. ' '' · u tt ,·, ' '' · •
l1t•l Ílll l·i r:n)t-Uit ' "111'1 1!' ,,lll'·f , .,,. t ;Ut: ) l l'l','.o \1 l'll'lh 111.1 JUij iH flll tl''• dt):J Nt'll llf ll'J I1 I!1•. CU t'"'ciu i.f ,,H ,,
lfll {!l" I ll , , ,•r., ·, t , , ,, , ,,, 11'''
1, ,
1'•l!lH·n.1 . !•l• t f c or·~· • (pl·~~ t\, Yr\l nr, pr(·•lfu, 11\}\llfTJt dn•. IIJftt'll't ;tl /lH.tr
tHlt-(1 •, r\(' l•n r Cl~t irl lr, ~""'' ·'•·•• •, .,, · '· "1;1, ~ : ,, , t • '.," ,' ,., ,·••
1
D 111f I l <f_; f',J,; ' UI 1\ , l.tlo t'tt \ ,,,1 ~, ·"n ~l u ' I'" 11 baltltc, Jlflll t:S). ~!'tll
o1 1 c· ~ l t lft TH(I\'i•) ~H I UC•ft ll ·· nhji(IIUt fl t'l", • J) ; ol! t.l 1, dAJ. l .oiiÇ·•i'\ ~\'. ''" ''' ' ''I" ''
, • • ar • • " l t· , I ' • '· I
:r c.n~tl 11· l rl\d,l fi iJ I 'II IIH l' rll 11('1· tnf" nt o<1o l 1111tf!u l fl' 1 J,•fllo tf •rc:.- ~ ,, lt.lf' )\ UI!t .o dJll"\lllll,t .1 , '''~ • ~ "' \; , ' 11 1 • .11 ,1 , 1 t'ç "" '
H.-1..., l l(n ilOllh, :t..~ dtt J••ll ut •h·
1 lt .i'.! , l\H' 11111. tQH)II!(•), t' ) dCI:(nr o ufil;l l('OI.J I•, ou :.tU) o; tu llt ,1,. 1 •~~1•11\r'~ tia l• ,H I"hl ' lll u r , " 1'' ' 1' \ I'•' 1 1 ·" •~ 1" • 1 '
-\)\. ~ .. !)t, rn.•1ll1 ll ·qn e rr.r 'l 1 •,1 ~"~ 1 11irt, de r('t< l clir• Ht• 1)f{·11fo 1lt:· " 1u10 J1., htt'I•JII , ..,, 11u " " . .. . , \, 1111 ·r .. ra "'llltl l ~ 1 , 1.11, , . ' • 111 1.1 ·!~
,1t·•. •:t .r.t , l\ h \ 1111 1 .•.1 t1 A. ill Ít.\ ll f,( ti n dm 1t't rlo q 11 u 1 t.'t.:tbn ,li lf(llU t\ () ! li\ ''Jtr b 1! 0 finn("ll' l!llu)o ' '' "' '' ' ~ tl't l,; HV t tll " )i11 .1'1• " ' '' "" 1 ' ''" 1!1'• 1, ~ · ·' • .1:..1 •· • 1_., , , ,
\l:nn. • p\do, ('.ofT"PH (!O l :lt •
\ l' fl(• i J)t l l
O trr i• tt rl n rtç rH1fl ntlqr ;h •it lft ••fll. ~'' ' "'"'" '"' ' ''. t• Jr " ' ' '" " ; ' '' '~"• .•• - ~ ' '~~'
l,nln '' 1 ·ju qul1t• (' n tu :111 {On· ("il'OA ''t't. lcJ t.! nd ~t l , !l íl l cll·.dir !Mh• ~ ••,.,.,. .. !'\,, .,r~"' hnn, i· ~ 11· Uh r (,,.,,, . .,,, · 1 •1t•• ...... • ·' '·"
lli l. !li\'' d l • ld .. l 1W lrHi itnto. tl~ l ' tt c!(Jtttl ~ l llu: t. r 1;.. , 11 1 ,,,. , , ,,) ,., •lu n,. 1,.,,,, ,, " ' ' tr 1 •l i•• "• , '• ·,_, ! ) •• r, '' ~. ,.
J\ 11 , (i J•(' \.HIIü rtb JHi"' 10 nl rnr· ··m :~•n.o tlc 1i 1:, 11 t' •.Jo ru,h 1\ ••, ,,., 1 .. u"" l t\11 •.,,, ., ,.,~ \ fi 1 1u t • "-~ ,.,
h \ ,\{i '1. 1111,'\ ,Of'l'(l t·ntl(\t t'L'IH1<1 t• u t' III'MI'I l n un f n u l'lU )•''' I ~.r :1 l •·r ""~· ··• • til 1\tt~tJ ) l',,t .•
'11• ln ttl .. , H"'' •·., cri to, c In,. ll(Jl'C IIIA dlu or, ln t•ftndVl t ltlv l N lft O· l'l c t ~o , ,t •Tt'i • • : ~ ·I .t .\ .J: • I
, ' ! 1 1, I. ' i
ll tlii J \1J ~ot;(ll\n l {• , t tln(11llli' n l u : fita(,. '), ll(• lU Vl'ln CIIIHHI \ (t,ll. 11)• li •n ·•·" •I•• ,,,tll(•l • a .! ·\ ro ,t t l~ 1_;,.,, ,, t·o · ~~~ "'•·tJ •, 1 , ,, oll'
•t•vn, llll'tli .. ll•· t(·l·lidl\o ~n ~ 1 ,' • N l• Cll.'H t 411'1 lC'(rA "b'', r~e·~\fl l•fth.l\dt• r••~• · l' tl~,. 1'0 '.' . :" 1.•, tt•· " " 11 1·• 1'· , !•-d, "I', I• ' I 'I" "
1ur .1. '' ·· ' ttott' u ·· ~· nh 11 r~.,. flrtr ';(I ~ . t il' fll>)cHI •lir(!il ;o, ' 1:K· 1n d" )•ll•ft.o lo· I~.H, 11 ~ A ~ , .,,·,.! • • I •t r• ·•' •'l' t ! o1 , I • 'f ·""

130
f.H ;.; ,:o;f,Z, t~E :'~t 11:.·. W .i.. !JC•
DE .l. fl5~
f r/it ·Ü :E1t•rhJ: h :\ fH<' •.' •II f \l.~ ên d.1
(]ti
í J P.:.1'"' ~ l ü l ·~~tml" tl • Min ;,s L~ <'·
., ,;., , J)Ul' sn r'l t eVl' c ->v rt T;m·e .~ . ;'\t'-
· ~ r e lu n {.· 1:~1 , r o1 ~.. l':U • ~ l >i, l (! , "-:t.•. ~ .a i(· ~·
li l ~ ;I ~:~:·tJtl . lllh! IPi:
i\1 r' 1." ·-· t: ir:;1 Ll' i;J oL1 ' I ll , h 1 jo-
l '.l:.J t l:1, li lC' •)tJ f i rli·l l<~il.l. , tk: .~ in~r!;, >1
rJ:~t. . ~ !·, :.:, tt• ") · t 1H'~ t 1 lH ·~·~ '·i~~.c· L,,, l·i -
r L1r:~,·,, , <Jl H~, e n1 !IFu:l'• , se ül~ \ in~:J
I;! l..!ll fr>ri e·da ::. k rk
):.: t: se i! ~;.niot:r .•
•' 1l H lll' ft L' !'i:ltrv; n H'~ -<c r·v j o : n .~ r, c C>·
k l h ir\:1 1({'. •
,\_t-1. :_!,c O ( \ 11\'tr'l'\(i t1ir ê!- 1·~ -
Ih 1'\ 1c ~! :1!1 l1 1rlr;t. d0 :1 \' XIff <!il ' , OCH -
Ir:l dt
i;l} r ;e:-;:•e nlL! ( li:• ~. o rc.~_:n ­
tn lll P:"'tt.rr t_~.~ r:r ~! í ~ rCC'Ut;tll' t1 :) r-- ·-e~
t,,•rt k k:.·
_,\ :·t _ ~~.· -· HL"o ll~ :m ~ .. r.' :'),~ il i ~-
;tl.'~ ) :~ < • •· ., t '~'' c0nlr:'1 r i''· •: !lh-r.nd·...
.. ,~; , id E!n• •:i,!N· !I , i\:1 :1. !r :-;t_n
i• •.I L-1•..:-· •; Cm .
\~:) 1i ". k l, 1nP'l.1t n1c.• . f..t 1L~~~l: · , ~ ...; .ü ) ·
t :r !d~•~ • ..-~:.. H t tu : ~ ~~~ t' L'.uJJ ~u· r· irn t " ·
~ · • L· •:•:l',r.. ur:~.:. de~l :1 1('' ~'(' l'!r·ll{'t'l',
<li. l l' ;J I 111!1l)l'!(]I 1. h r~o.~U 1' 11 rnpr ir,
H l·1 i nlr·i 1'<\·nc· l t t ···1.'11 1<• .~)~L\ o.:•

U:·11 Jot , ,.~ 1':-u:,_,. !n tb. Lil_~ c·;· , tt •.l ro,


l d':l l'ltll'zonh., :,•,s ck j• 1lhf• •]t,
'\!()~ .

,I 1 ,~;,_:1 -, T,< . -:'I ) \. \ 111 1'1 S f ~ UI·::<. 1>1 .. i)J r


Yl>Fl.\
t;,•r,p'd(J ~lHrlin(J -~:JM'n
; •,: :•lnri. ! .1/lmú 11
'4'···,,11 Ãr) r· J' J' ( irtt d·1 ('qn~ hl
l O.,': í{. ~ l>_· t! f'S Ji <~rl't i(fl/o ' !.

: J,fiit.t.'! i1t• r}re-:n:·


'! ·i ·in Hllir ·· ! .rnld: ..(

131
~~Béa cnáda a D7ed7/ha da kconhúêna~ o'esúóada
a ga/aróear o Lné.r.r/o c/wéo do cJi/adão 9'U~ eLU
/1/j.Úa.J; se mshóga_pe/a no/onédaóe óe seu saóe_.r;
c/M'u~ e .rekran/esse.rwÇos 3 cokúWd.'?úe _/_/

jarcdliio /( ub/rsclick

132
0 PRIMEIRO CHANCELER DA
MEDALHA DA INCONFIDÊNCIA
Aristóteles Drummond*

Augusto de Li1naJúnio~ Ufl1 n1ilitante da história n1ineira

vida de um intelectu al é multifacetada. Alguns, além de escreverem ,


pesqui sarem e criarem, militam pelo in centivo à cultura, às artes, ao
patrim ôni o hi stórico , material e imaterial, os valores da história e os
grandes feitos das nações.

Assim foi a traj etóri a de m eu avô, Augusto de Lima Júnior , cuj a ênfase maior na grande
obra, qu e é referência na historiografia mineira, são trabalhos dedi cados à história de Minas
e da Inco nfidên cia. M as ele não se limitou a escrever apenas a " Pequena História da Incon -
fi dência Mineira", con1 muitas edições da Imprensa O fi cial e da E ditora Itatiaia, sob en co-
menda do governador J usceli no Kubitsch ek de O liveira. C ri ou tamb ém toda uma mística
em to rn o do primeiro e h ero ico movimento por n ossa Independên cia, desde a criação da
M edalh a da In confidên cia, da qual foi o primeiro C hanceler, à solenidade do 21 de abril em
O uro Preto, ainda n o govern o JK .

Antes, co m Getúlio Vargas, idealizo u e obteve o repa triam ento dos restos m ortais dos in-

133
confidentes mortos no degredo, em mi ssão ofi cial a qua l não tàlto u um navio da Marinha
do Brasil p ara conduzir as urnas de Lisboa para o Ri o de J aneiro . D aí, o Museu d a In co nfi -
dên cia que, em 1955, no gove rno C ló vis Sa lga do, com a prese nça do mini stro da E du cação
Cândido Mota Fi lh o, inco rporo u os restos m orta is de Marília - Mari a Do ro th ea J o aquina
de Seixas - em so lenidade que cumpriu protocolo por ele m esmo feito para a ocasião . Ainda
com Getúlio Vargas, de qu em foi amigo até 1943, n o Manifesto d os Mineiros, teve a ideia
de tornar Ouro Preto " C idade M o num ento Nacional " .

A imensa admira ção p elo pai , Augusto de Lima , estadista co mpl eto, pelos ca rgos, pela cora -
gem dedi cada à mudança da capita l min eira, poeta, j ornalista, parl amentar de o ito m anda -
tos, o fez cu ltuar os grand es nom es da vida m in eira, in clusive n o C lero, exa ltando o lega do
d os arcebispos de M ari ana: Dom Silvéri o e Dom Oscar, por exe mplo.

Seu s livros "O am or infeli z de Marília e Dirceu ", "Cláudi o Mano el da Costa" e "A Cap ita-
nia de Minas G erais" exaltam as qualidades éticas, in telectuais e mora is de se us p erso na ge ns.
Em " A Histó ri a dos D iamantes em Min as Gera is", recebeu elogio do historiador C h arl es
Boxer, como a m elh o r referê n cia da min eração do diamante em Minas. Mas fo i no fi·ont da
imprensa que esgrimiu, com vee m ên cia , p elos valores da mineiri dade.

Escreveu ern qu ase tod os os jornais mineiros, especialm ente n o "Estado de Minas", ao qu al
estava ligado p or haver fund ado sua origem n o " Di <Írio da M anh ã", depoi s ve ndido a Pedro
Aleixo, que o ve nde u a Assis C hatea ubriand e qu e se transfo rm o u no qu e é o "Esta do d e
Minas". T inha ele am izad e fratern a co m se u diretor c grand e j o rnalista min eiro Ge rald o
T eixeira da Costa. Não sossego u enquan to não deu a Ti radentes a imagem rea l do Alfe res,
barb ea do e p entea d o, e não mais aq u ela qu e o im aginário po pular criou à sem elh an ça d e
J es us C risto.

Em se us livros, co locava sempre se r m embro do In stituto Hi stóri co c Geogd fl co de Min as


Ge rais e da Aca demia Min eira de Letras, cujo Pres idente de H o ma fo ra se u pai. C abe lem -
brar qu e o embri ão da prim eira Sec retari a da C ult ura de Mina s, cria cb por Ta n crc do N eves,
foi a Assesso ria C ul t ural d o Governad o r d o Estado, criad a por Uia s Fortes c cuj o p ri1n e iro
titular fo i Lim a Júni o r, qu e tinh a com o auxili ar a d es tacacb 111in c ira Marli Pa ssos, cuj :1 Jnili -
tância na vida mineira , rarél na ép oca entre as mu lhe res, Jll CITCc Ulll traba lho;\ parte.

Toda essa dedi cação à de fesa da hi stó ri a de Min as teve prosseguim e nto d epo is co 1n a at ua -
ção vibrante d e J osé Apa rec id o d e O li ve ira, que 11 0s lego u este exe m p lo d e am or ;\s co isas
da terra qu e o vi u n asce r. Ce rta vez, m e disse Aparec id o qu e o impress io nar:! 11lui to uJn a
visita qu e Lima Júni o r fez ao ga bin ete do pre feito Ce lso de M ello Azeve d o, Clll cuj a ;lu -
sê nc ia co ub e ao então j ove m assesso r J osé Aparec ido recebê- lo, co1n imtru çõcs de ate 11dc r
o qu e fo sse so li citado po r ele . O p leito, e ntretanto, m c.b hav ia d e p esso al. Era apc m s p:1r:1
defe nd er um 11 o m c liga d o ao min e iro S;lJl tos D um o 11t par;l in co rpor;lr ao rccé 1n in aug ur;1do
Aeroporto da P;llnpulh a, c suge riu o n o m e de Bagatc llc , no m e chd o a ulll dos av iões q u e
parti cip aram do p io n eiri sm o da av iação lllulldi al, para a pr:1ça qu e m an té 1n o II Oill e ;lté h oje,
Pra ça Uagatcll e .

*Jornali sta c escritor

134
135
CRÉDITOS

F:otos da capa - Diretas Já , Carlos Alberto - Tiradentes, J(.aphael Simões - Capa da Constituição de Mi nas Gcnis, C uilh cnnc
l3ergamini; Capa do Manfesto dos Mjneiros, Victor Medina - T cófil o Owni , imagem retirada da intern et ( re pro du ç ~ o) ; p:íg. O(l
- Tiradentes retratado vestindo o uniform e de alferes, retirada da internet (di vulgação); p:íg. 19 - Vila Ri ca - J(. ugendas - l(.cpro-
dução; p:Íg. 27 - Imagern retirada da revism Memó1ia Cult, n" 03120 I 1; pág. 28 - Imagem retirada da revista Memóri a C ulr. n"
03120 I I; pág. 29 - Imagem retirada da revista Memória Cult, 11° 03120 I I; p:íg. 30 - lmagem retirada da revista Memória C ult, n"
03120 I 1; pág. 31 - Imagem retirada da revista Memó1ia Cul t, no 03120 I l; p:íg. 39 - Imagem retirada da revista Memória C u!r,
n" 0312011; pág. 4 1 - Museu da In confidência (divulgação); pág. 43 - Foros de Lui z Fontana; pág. 54 - Laureano, imagem
retirada da internet (divu lgação); p:íg. 59 - Imagem retirada da revista Memória C ult, n" 03120 I I; p:íg. úO- Eugênio Fcn az; p:íg.
ó5 - Ma1ília e Dirceu (publicado em "O amor infeliz de Marília c Dirceu); p:íg. 80 - 1. Navio Negreiro ;- I(.ugcndas - I(.cpro-
dução I 2. Casa de Negros- Rugcndas - R eprodução I 3. R.io de Janeiro - Ru gendas - R eprodução I 4. Indios em u111a t1zcnda
- Ru gendas- R eprodução; p:íg. 8 1- Detalhe do mapa "T erra 13rasilis" - Atlas Miler, 15 I9; p:íg. 89 - Image m de T eóLifo O toni ,
retirada da internet (divult,ração); p:íg. 96 e 97 - R evolução de 1842, M:uia Lucia Dornas; p:íg. 99 - Imagem retirada da revista
Memória Cult, n" 0812013; p:íg. 100 - Imagem retirada da revista Memó1ia Cult, n" 08120 13; p:íg. 1OI - Medalh:1 da Comcnd:1
de T eófilo Otoni , Eugênio Ferra z; p:íg. 103 - Capa do t1c- sílim e Manifesto dos Mineiros; p:íg. I I I - Medalha Comemora tiva
aos 70 anos do Manifesto dos Mineiros, Fabiana Tinoco; p:íg. I 17 - Diretas Jí , Eullcr C:íssia; p:íg. I 18 e 1 I9 - Diretas J;í , Carlos
Albcn o; p:íg. I29 - Cap:1 da Constimição de Minas Gerais, Guilh enne l3crgamini ; pág. 134 - Guilherm e L3ergamini ; p:íg. I3(l -
Medalhas da Inconfidência, Marco Eva ngelista ; p:íg. 137 - M edalha da Inconfidência , Marco Evangelista; p:íg. 138 c I3<J- I) i:írio
Minas Gerais, 29 de j ulho de I<)52; pág. I4 I - Insígnia da Inconfidênci:1, Eugênio Fc1Taz. As au tori zações para publicação de
artigos for:un colctadas por Perrônio Souza Gonçalves.

SOBRE O CO

Esta publicação contém I C D con1 músicas e arranjos de Marcus Vi:ma , enaltecendo Minas Gerais:

1. Fantasia sobre o Hino Nacional Brasileiro:

O compositOr Marcus Viana pretendeu, em seu arranjo, tr:msfo nn:1r o Hino Nacional c111 uma verdadeira C111( ão de amor :1 terra
brasileira. Para isso ele dcsacclcrou o ritmo de marcha do Hino transfo rmando- o em uma grande s1nfê>n1a; In tensa c ap:uxo nada;
um verd;1deiro hino :1 natureza .

Letra :Joaquim O sóri o Duque Estrada

Ml1sica: Fr:mcisco Manuel da Silva

Arr:uuo, Adapta<,:1o c Voz: Marcus Vi:ma

2. Oh , Minas Gerais:

A canção "Oh , Minas Gerais" se tornou :1o longo do tempo um vc rd:1dciro hino :1 Minas. (: 11111a :~ d a p t:1 \jo d.1 tr.1dicio n:il v.1k 1
napolitana imitulada " Viene sulmarc", in trodu z'id:J no Est:~ do por co1npan hi :1s líricas c tc:1tr:1 i ~ i t : di : l na~ 110 ~L'c ul o XIX c in ício do
século XX. Aqui , o composito r Marcus Viana a p rc~c n ta 111n arranjo in~Lnll n c n t:il da obra utili / :llldo imtnlllll'lllm de rord.1 que
cvoca111 o período barroco, c como instrum ento solista seu inco nl i.1ndívcl violi110 elétri co, li11 1d indo o n1 odcm o ao rr:1diciona l.

3. Canção do Herói :

"C:ln,·:i o elo Herói" nasceu do co nvite feito ao composito r Ma rr m Vi:111a par:1r ri ar o ll i110 da C:o nlclllla da l.ihcnbdc c ( :id:Hb
nia, cd cbr:ul(lo 11 ~0 a morte, ma' o nascimcllto de Tir:uldcntcs, o gr.111dc hcrúi do llr.Jsil. O au to r h.J\COII \C L' Jil rcxto d.1l'\cri tOJ.I
Ivanisc junqueir:1 para criar :1 ua "C:1nç:i o do Herói".

Letra, Música, Arranjo c Imcrprct:1\·ão : Marcus Vi:u1a

4. Pátria Minas:

" P:ítria Minas" , COIII O o própno nonJC di z, é um vc rd:ltkiro I li no de ÃII IO r :I \ M in:l\ c;cr, li \ . c:olll]lO\l:l illir i.llniclli L'
em fonnato instnllll CIJtal , recebeu 1n:1is t:m lc um:~ lctr:1 cvoc 111do os v:dorL'\ "' ri q11 o a · L' ,I\ hL·Io .1\ do I·:, t.H lo .
Aqui , o co mpositor cvoc:1o vcrd:l(lci ro scminl clllO de ;, p:Ítri:1" : :1 llll' lll tlri a d:1:J V<Í c \L"li j:1rdi m, o rolo d:1 nd c ..1Cl\,1p.HLTII.I L'' L' li
quimal. Um scmimcnto que puls:1no cor:1\·ão de rodo \Cr lu1 nl: 1no po r tO< b :1 vid:1 , c111 <jll:il qll cr lug.1r lJ II L' 'L' cnCLllll rc 110 11111ndo .

Letra , Música, Arranjo c lmcqJrctação: Marcus Viana

C rav:1do 110 Estúd io So nh m c Son\ - BII IMC


T odos os d i re i to~ rcsc rv:~ dos

136
.lFU r. • <'~ l "-1 I"'T-FC A
DF ~ . •.. . ,. " .., ,.,. í~ S
Doação ele : ___ /1/._,~-.b
"---
·------···-·--·--------1
IMPRENSA OFICIAL
MINAS GERAIS

\.Fa nt as ia sobr e o Hin o Na ciona l Br as ileiro


2. 011 Min as Gerais
3.Ca nçã o do Herói
4. P<í tri a Minas
IMPRENSA OFICIAL
MINAS GERAIS

ASSEMBLEIA
DE MINAS L TJMG AMPMG
Mi nistério Público
~ GOVERNO
.ta\DE MINAS
Poder e Voz do Cidadão d o Estad o de Minas Ge ra is
IMfRENSAOfiCIAL
M I N A S GI! FtA I S

Você também pode gostar