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Tipologias Textuais e Práticas de Escrita – 52044

Ano letivo 2022/2023


Docente: Professora Doutora Isabel Seabra
Géneros fragmentários na era digital

Discentes:
Albertino Santos – nº
Ana Jesus- nº
Daniela Oliveira- nº
Gisele Tiago- nº
Elaine Reis- nº
Maria Silva- nº 1005692

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Índice:
Introdução
1-fragmentação das estruturas textuais na era digital
1.1-Das narrativas diarísticas à tipologia de escrita em blogues
2. O género fragmentário dos chats de conversação
2.1- Facebook, Messenger, Skype, WhatsApp, Instagram, Twitter, Yahoo! Messenger,
WeChat, etc.
3. O género epistolar nos tempos da internet
3.1- E-mails, mensagens, Tweets, partilhas, etc.
4- Das autobiografias visuais, dos álbuns de fotografia de família às postagens no
Instagram
5- Conclusão
Introdução
por Albertino Santos - Segunda, 30 Janeiro 2023, 23:53
Desde os tempos remotos, que o homem teve a necessidade de comunicar, inclusive
no período histórico antes da invenção da escrita; todavia, com o seu advento, veio
permitir a verbalização de muitos saberes, conhecimentos e enunciados que até então
mergulhavam no mediatismo da oralidade. Esses pressupostos ganharam, entretanto,
outro impulso mais dinâmico e abrangente com a introdução massiva da imprensa
escrita que, progressivamente, foi catapultando a expressão textual para outros voos,
nomeadamente pela categorização histórica dos géneros textuais que se tornaram
referências incontornáveis na literatura tradicional, como os romances, os contos e as
novelas. Ora essa conjuntura, digamos que canonizada, na atualidade foi como que
violenta e abruptamente transfigurada com a fragmentação contemporânea dos
géneros até aqui vulgarmente conhecidos. Após os anos 90, com a revolução dos
meios de informação, as novas formas de comunicação popularizaram-se,
diversificaram-se e fragmentaram-se em  diversas e múltiplas tipologias textuais, com
o surgimento e coabitação de modalidades díspares e variadas como é o caso dos web
blogues, os emails, as cartas e muitos outros modelos, que se inspiraram na
volatilidade, expressividade, luminosidade e intimidade da mundo moderno, produto
da versatilidade e da interatividade da era digital, facto assaz corroborado pelo autor
Barbosa no seu interessante ensaio, aludindo algures, por outro lado, à formação
histórica dos géneros discursivos secundários que alegadamente se constroem com os
subsídios do género discursivo primário, sendo que este aparentemente reproduzindo
uma configuração enunciativa simplista, adquiriu entretanto evolução e consistência o
bastante para imperar como forma discursiva atuante expressiva e autónoma geradora
de sentidos nunca antes ponderados e que refletem o poder extralinguístico
formidável que, a seu tempo, é evidenciado por Seara nos estudos atinentes à
confidencialidade, manifestos em moldes multiformes, nos géneros discursivos
mormente presentes nos blogues e demais plataformas digitais, transpirando um
fulgor intimista personalizado que, ao cabo, reflete a busca instintiva do sujeito por
exemplo da crónica ou outra publicação digital pela saciedade ou superação que, de
outra forma, seria quase inatingível, não obstante este desejo contrastar com a
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exposição ao coletivo tipificada pela confluência e partilha das informações ou
confissões aludidas ditas «intimistas», que no fundo são, sem querer, a referência
óbvia e aceite dos referidos atores e protagonistas.
Perante este facto e realidade, digamos que controversos, considero que, como
referem os autores supracitados, é apanágio de um género discursivo, a teatralização
vital e existencial do que o ser humano pode potenciar em termos de convivência e
exteriorização de sentimentos, atitudes e emoções, e devo adiantar que se trata,
digamos, de uma atitude terapêutica de catarsias , sobretudo, visando uma superação
que indicia o espraiar de um rio de sensações nos mais  diferentes e indizíveis sentidos,
traduzido na construção e desconstrução dos diferentes géneros, na era atual
globalizada. uma verbalização social e psicológica que tende a valorizar a expressão
humana nas suas diferentes vertentes, e urge, naturalmente que seja promovida e
acarinhada, e obviamente condenada e filtrada quando ostente conteúdos
contraproducentes atentatórios contra a decência, a honestidade e a moralidade.
1-fragmentação das estruturas textuais na era digital
 Gisele Tiago - Terça, 31 Janeiro 2023, 01:03
Devido à ampliação e popularização do acesso à internet em aparelhos móveis na
última década, os usuários ficam mais tempo on line e, consequentemente, interagem
cada vez mais nesses espaços de rede social. Essa interação é marcada por um
ambiente de interação instantânea, o que não ocorre com os Blogs.
Por ser a microficção “uma narrativa que cabe no espaço de uma página” (Zavalla) e
de leitura fácil, é comum encontrar a sua réplica com mais frequência nas redes
sociais, e isso pode ser encarado como um reflexo das novas formas de publicação e
interação da literatura neste mundo contemporâneo. A microficção está presente em
diferentes redes sociais e se adapta a cada uma delas conforme as suas regras e limites
de formato.
Para Rui Castro, um dos autores de Primeira antologia de micro-ficção portuguesa:, “A
micro-ficção não é um género literário, é a riqueza da impossibilidade de o ser.
Confunde os géneros e deixa-nos (bem) perdidos no caminho para qualquer definição.”
1.1- Das narrativas diarísticas à tipologia de escrita em blogues
por Maria Silva - Sábado, 28 Janeiro 2023, 17:23
A partir dos anos 80, a produção textual ao nível das narrativas autobiográficas, e
biográficas, revelou uma crescente expansão, de acordo com Ventura (2008: 31-40),
existindo atualmente inúmeros estudos e pesquisas sobre os géneros narrativos
diarísticos, epistolares e autobiográficos.  Gostaria de focar especificamente a escrita
diarística e autobiográfica da poetisa Florbela Espanca, embora este género, tenha sido
secundarizado em prol da sua obra poética, conquanto a sua produção autobiográfica
possua traços de ficcionalidade e poeticidade, que permite uma leitura do ponto de
vista literário e não apenas biográfico.   A prática de escrever diários, esteve sempre
ligada à prática de registar acontecimentos pessoais, que eventualmente se poderiam
esquecer, ou pelo   desejo egocêntrico de relatar a subjetividade, de expressar
sentimentos e confessar segredos íntimos. Na escrita de alguns poetas, esta prática
textual é desenvolvida com marcas de literariedade, como na escrita da poetisa
Florbela Espanca, onde se encontram expressões do seu conflito interno, e da sua
conturbada vida pessoal, familiar e amorosa, dando  lugar ao exercício catártico, onde
se exprimem sentimentos, e se constroem  reflexões interiores sobre a própria
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identidade feminina, numa tentativa de encontrar  respostas para os seus conflitos,
que resultam no autoconhecimento de um ser fragmentado, como a sua própria
escrita diarística,  revela  no  Diário do último ano,  (1894-1930),  denotando-se uma
real fragmentação do “eu” feminino, expresso na sua vida pessoal onde se sentia livre
das convenções sociais, sublimadas nas  diversas máscaras que a poetisa usou na sua
poesia, para se representar enquanto mulher sofredora e incompreendida pela
sociedade.
Ao longo da história universal, a produção escrita no feminino foi secundarizada,
desvalorizada, e negado o seu reconhecimento e publicação, como aconteceu
inicialmente na vida da Florbela Espanca, sendo-lhe atribuídos trabalhos de menor
valor literário, mas comummente aceites pela sociedade, como próprios para as
preocupações de uma senhora, como as crónicas “Modas & Bordados” publicado no
suplemento do jornal o Século de Lisboa.  Caso similar aconteceu com a autora
inglesa, Jane Austen, que publica os seus primeiros livros, sem assinar as suas obras,
devido ao preconceito e aos valores da sociedade vitoriana do séc. XIX, onde
predominava o autoritarismo masculino.  
Nas narrativas de Florbela Espanca, a preocupação principal da autora, é a sua vida
pessoal, sentimental e amorosa, não se evidenciando interesse pela crítica social ou
política da altura, a não ser excecionalmente, quando fala da sua terra, Vila Viçosa e do
seu Alentejo,  encontrando-se registos textuais marcadamente egocêntricos, típicos do
género diarístico, como a insistência no uso de palavras identificadores do culto do
“EU”, como encontramos atualmente nos géneros de escrita dos “blogs”: Alma. Amor,
saudade, beijos, etc., vulgarmente  encontrados na escrita de diários, e de cartas, onde
prevalece a preocupação pelos sentimentos, pelo bem-estar, e pelas atividades
quotidianas, analogamente presentes em muitos dos conteúdos atuais da escrita de
Blogues, interpretando-se como um género hereditário da escrita diarística,
apresentando-se atualmente fragmentado em subgéneros ou  fragmentado em
subcategorias, apresentando traços de hibridismo textual ou caracterísiticas de
aproximação da fala à escrita, relembrado a escrita epistolar.  Segundo Marcuschi, a
escrita e a fala não se devem considerar como planos opostos, mas sim
complementares, sendo os conteúdos da escrita em espaço virtual, uma manifestação
disso mesmo.
Como várias outras mulheres, Florbela usava a escrita como forma de evasão,
especialmente no seu diário, utilizando a palavra, como forma de libertação, e de
expressão do seu “Eu” fragmentado em múltiplas vozes, espelhado no Diário de
Florbela, e também na sua obra epistolar, com uma carta de 27/7/1930, em que a
escritora diz: “Sou uma cética que crê em tudo, uma desiludida cheia de ilusões, uma
revoltada que aceita sorridente, todo o mal da vida, uma indiferente a transbordar de
ternura. Grave e metódica até a mania, atenta a todas as subtilezas dum raciocínio
claro e lúcido, não deixo, no entanto, de ser uma espécie de Dom Quixote fêmea a
combater moinhos de vento, quimérica e fantástica, sempre enganada e sempre a
pedir novas mentiras à vida.”
Ana Jesus - Domingo, 29 Janeiro 2023, 20:13
o género diarista, mas na era digital, como os blogues, vejo como principal vantagem
deste género tão atual, a proteção de quem escreve pois pode fazê-lo sob anonimato
ou sob outro nome, sem receio de se expor, sem temer as consequências das suas
opiniões ou dos seus desabafos. Em tempos anteriores, como no caso de Florbela
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Espanca, o autor exponha-se em demasia ao escrever sobre si, tendo de lidar com as
opiniões e os julgamentos de quem lia a sua escrita.
Sendo um blogue caraterístico da era digital, o seu conteúdo chega a um maior
número de pessoas. Quantas vezes vemos pessoas em viagens de metro, de autocarro
ou de comboio que ocupam o tempo da viagem a ler este tipo de género
fragmentário? A primeira repercussão que estas leituras têm é a influência na opinião
dos leitores. Assim, se muitos são fãs e acompanham diariamente, ou com frequência,
o blogue, gostam e se identificam com aquele tipo de escrita, outros serão aqueles que
criticam, nem sempre de forma correta, o que leem. É neste contexto que é preciso
aprender a lidar com as criticas, nem sempre construtivas. Desta forma, o blogue
protege quem escreve das referidas criticas, embora o autor tenha de lidar sempre
com elas.
Se os autores de diários, em tempos recuados, escreviam para deixar a sua marca, o
seu testemunho sobre a sua passagem pela vida, atualmente, os autores de blogues
escrevem para captar a atenção do maior número possível de pessoas, de forma a
terem o retorno económico da sua escrita. Contudo, o sentimentalismo mantém-se,
sendo mesmo uma caraterística destes géneros, diário ou blogue.
Elaine Reis - Segunda, 30 Janeiro 2023, 18:20
No gênero diário on-line. O blog configura um espaço em que se pode expressar
diferentes conteúdos, utilizando-se, para isso, múltiplos recursos (escrita, imagens,
sons, etc.). A popularização dessa ferramenta fez com que ela passasse a ser usada
muito frequentemente não só por diferentes pessoas como também por empresas de
diversas áreas. Acredito que o exercício de criar não só esse gênero (o diário on-line)
como também outros produzidos na internet, tem aumentado as práticas da leitura e
da escrita entre os alunos, pois, em tempos de cultura digital, eles trocam muitas
mensagens nas redes sociais (Facebook, Instagram e Twitter) interagindo com várias
pessoas por meio da escrita.
2. O género fragmentário dos chats de conversação:
 Daniela Oliveira - Segunda, 30 Janeiro 2023, 19:15
Os chats surgiram por volta da década 1988 com o objetivo de partilhar noticias. Em
pouco tempo o chat ganhou força e se espalhava por todo o mundo e entrava na
internet, pois em 1989 já existia 40 servidores em conexão pelo mundo.
Posteriormente, em 1991, vários documentos circulavam pela internet sobre o tema
“guerra”, tanto que vários canais de chats nesse período, tinha testemunhos de russos
que combatiam na guerra, imortalizando a sua história. Para além de imortalizarem
histórias, tornaram-se uma importante ferramenta de comunicação.
Com o tempo foram surgindo diferentes versões dos chats, tornando-se um meio de
comunicação de excelência.
Ana Jesus - Segunda, 30 Janeiro 2023, 22:30
os chats têm uma forma de comunicação muito própria. Esta é composta por inúmeras
abreviaturas, incompreensíveis para quem não utiliza este género de comunicação tão
comum na era digital, ocorrem de forma síncrona, com respostas rápidas e por norma,
curtas. Também permitem manter uma conversa com vários utilizadores, ou apenas
um. Contudo, tendem a substituir as conversas face-a-face, fazendo com que muitos
jovens deixem de conviver presencialmente para se ligarem aos computadores assim
que chegam a casa, iniciando assim conversas com amigos ou colegas. Porém, esta é
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também uma forma de combater a solidão, sobretudo para quem mora sozinho. Os
confinamentos provocados pelo vírus da Covid 19 vieram confirmar esta mesma ideia
pois a única forma de comunicação era através de meios digitais.
A conversa nos chats, tão usados por jovens, não se espera que seja interrompida por
silêncios que podem funcionar como "mecanismos perturbadores da comunicação".
Desta forma, é aceite afirmar que nos chats há "a necessidade de um fluxo
comunicativo contínuo".
2.1- Facebook, Messenger, Skype, WhatsApp, Instagram, Twitter, Yahoo!
Messenger, WeChat, etc.

3. O género epistolar nos tempos da internet


por Maria Silva - Sábado, 28 Janeiro 2023, 17:23
Da evolução das narrativas epistolares, e diarísticas, com maiores ou menores marcas
textuais de literariedade, incontestavelmente reconhecidas nos clássicos da literatura,
da obra epistolar de Eça de queirós, às cartas e aos diários de Florbela Espanca; torna-
se imperioso refletir sobre, se as novas formas de prática textual disseminadas pelos
diversos suportes da  internet, especificamente as publicações em blogues, são uma
evolução desse mesmo género, tendo como resultado o género fragmentário digital,
vulgarizado e a popularizado por diversas formas de escrita digital, que  após os anos
90, tão democraticamente se expandiram a todas as camadas da sociedade, importa
refletir  sobre a manutenção dessas marcas de literariedade nos géneros fragmentários
da atualidade, e encontrar marcas textuais, que comprovem a continuidade do género
diarístico nos conteúdos dos Blogues, ou seja, questionar se as práticas textuais dos
blogues, serão ou não uma evolução/fragmentação do género diarístico?  
Para comprovar esta premissa, terão de ser analisados as tipologias textuais e as
práticas de escrita, e encontrar verosimilhanças no tipo de discurso que o comprovem.
Utilizando o exemplo em epígrafe, se compararmos as escritas diarísticas e   epistolar
de Florbela Espanca, poder-se-á encontrar diversas marcas textuais semelhantes, quer
ao nível do conteúdo lexical, motivacional e pessoal. Outra semelhança, prende-se
com o facto de se registar a data de entrada nos blogues, assim como num diário, ou
numa carta. No entanto, urge sublinhar, que as características fragmentárias não se
devem interpretar, como uma evolução de outros géneros, mas sim como uma espécie
de multiplicidade de géneros textuais, divergentes de um outro género; nem como
uma prática textual da atualidade. Por exemplo, a dimensão coloquial de uma crónica,
é visto como fragmentos de um diálogo, estabelecido entre o autor (jornalista ou não),
e os seus leitores, representado por diversos fragmentos textuais.  Este tipo de
fragmentação da estrutura do texto, encontra-se também presente nas práticas de
escrita epistolar, dado que reporta para escrita ente amigos, ou entre familiares.    Este
fragmento discursivo, encontra-se também presente nos diversos conteúdos de escrita
de blogues, demonstrado na subjetividade de quem “partilha” os seus “devaneios
pessoais”, “inspirações poéticas”, e “escrita criativa” de vários géneros.   Para a
realização de um estudo mais extensivo de identificação de marcas de fragmentação
dentro de um mesmo género, deverá ser realizada uma análise diacrónica entre
géneros, para identificação de linhas de força presentes entre os fragmentos de um
género.

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3.1- E-mails, mensagens, Tweets, partilhas, etc.
Gisele Tiago - Quinta, 2 Fevereiro 2023, 01:39

1. Gêneros emergentes

Segundo Barbosa (2012), “Os novos gêneros textuais emergentes surgiram face a
novas práticas sociais e apresentam semelhanças à gêneros textuais já conhecidos
e ensinados na escola, como o bilhete, a carta, a notícia etc, tanto em sua forma
de interação comunicativa quanto na prática da linguagem escrita da sociedade.”
A autora aponta que os gêneros concretizam-se na dimensão social da linguagem
através do modo de se comunicar e da forma como selecionamos o discurso
apropriado no momento adequado.(Barbosa, 2012)

O acesso à internet e ao mundo virtual é cada vez mais fácil para quem tem um
aparelho móvel, e isso faz com que as pessoas estejam conectadas por mais
tempo e, consequentemente, utilizem com mais frequência as novas tecnologias
de informação como meio de comunicação. Essa interação é marcada por um
ambiente de comunicação instantânea e de fácil acesso e ocorre por meio de
weblogs, e-mail, chats, Messenger, Telegram, WhatsApp, Skype, Twiter etc.
Juntamente com este novo meio de comunicação, surge também uma nova
modalidade de língua, que Barbosa (2012) define como linguagem eletrônica, ou
seja, uma escrita com características próprias e bem próxima da oralidade.
Devido a essa nova forma de se comunicar na internet, a autora cita que a escrita
apresenta-se permeada de variantes pertinentes a este meio, numa forma mais
econômica de se utilizar a língua devido à fluidez do meio . A escrita utilizada
nessa comunicação do meo virtual apresenta-se de forma mais informal e
dinâmica, sem tanta cobrança e pouca monitorização.

Para Marcuschi (2004), no contexto virtual, os gêneros emergentes nos permitem


trabalhar a oralidade e a escrita, bem como os gêneros textuais tradicionais
utilizados na escola, visto que os mesmos se apresentam como uma evolução dos
gêneros digitais. Para o autor, os gêneros emergentes textuais na era digital
decorrem de uma variação de gêneros antigos, tais como: o e-mail que veio da
carta, o weblog que tem origem do diário, e o chat que nada mais é do que a
conversa informal.

2. Análise de gêneros digitais emergentes

2.1- O E-mail (em construção)

O e-mail (correio eletrónico ) ainda é um dos meios de comunicação mais


utilizados na internet e pode ser considerado uma das ferramentas de
comunicação mais utilizadas em empresas e por pessoas do mundo todo.
Surgiu em 1971, com o americano Ray Tomlinson, que criou um programa que
possibilitava a troca de mensagens internamente de um computador para outro
entre pessoas da mesma empresa (ARPANet).
Para identificar a localização do endereço eletrônico de cada pessoa da empresa,
Tomlinsom também escolheu o símbolo arroba (@)

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O E-mail tornou-se popular com a chegada da internet, na década de 90, que
possibilitou um usuário com rede enviar ou receber mensagens instantâneas, em
qualquer lugar do mundo.
O e-mail é uma evolução da carta e seus utilizadores podem enviar mensagens e
anexar fotos, vídeos, documentos e músicas de forma rápida e barata, pois os
provedores oferecem o serviço de forma gratuita.
...

4- Das autobiografias visuais, dos álbuns de fotografia de família às postagens no


Instagram

5- Conclusão
Daniela Oliveira - Segunda, 30 Janeiro 2023, 18:42
Santaella (2003) refere que a grande mudança nos Mídias está relacionada com a
passagem do oral para o escrito, ou seja, anteriormente era necessário a memória
humana para que a informação passasse por todos, posteriormente passou-se para a
escrita. Com esta mudança surge uma nova prática comunicativa sendo possível
aceder em qualquer distância e de forma universal.
É neste contexto que os blogs, os fóruns, as mensagens instantâneas, as redes sociais e
os livros em formato digital ganharam um grande espaço na nossa vida.

Fragmentação da Comunicação na era digital- A sobrevalorização da imagem e do


discurso não verbal.
Maria Silva - Quarta, 18 Janeiro 2023, 19:51
Em jeito de conclusão, poder-se-ia refletir sobre o excessivo consumo dos conteúdos
digitais, pela população jovem e as repercussões negativas no aproveitamento escolar
dos alunos.  O tempo dedicado ao consumo de conteúdos visuais, e a importância
dada pelos jovens à comunicação não verbal, especificamente a sobrevalorização da
imagem e do visual, e as suas consequências nefastas ao nível do bem-estar físico,
psicológico, social, motor e cognitivo. Diversos neuropsiquiatras alertam para o uso
inadequado e exagerado de diversos conteúdos digitais, onde se observam já
comportamentos característicos de dependência, que podem gerar problemas do
fórum mental.  Os analistas do ciberespaço, apelidaram de geração "Z", os jovens
nascidos entre 1997 e 2015, que adoram e consomem compulsivamente vídeos do tik
tok. Não sendo este o tema principal na epígrafe do nosso debate, serve apenas de
introdução para o que importa debater – O poder da imagem e a desvalorização da
importância da escrita e da comunicação verbal. Afinal, o que tem de especial e
atrativo, a plataforma “Tik Tok” criada pela China, há cerca de 4 anos? E qual a
diferença entre os vídeos do Youtube e os Tik Tok? Segundo a análise da
psicóloga Valeria Sabater, “a sua principal atração é ser dinâmica, vertiginosa e
criativa, em função de um chamado “tempo líquido”, em que tudo passa rápido,
adaptando-se a um tipo de consumismo baseado na imagem e no imediatismo, numa
comunicação cada vez mais instrumentalizada, fragmentada e até cristalizada.  Nos
vídeos proliferam essencialmente; exercícios, piadas, danças, pessoas a cantar,
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pessoas a dançar, etc. Quem publica, aspira à exposição pública, através do número de
visualizações. Este culto pelo efémero, pelo “simplista”, e pelo facilitismo na produção
de um alegado “produto”, que reproduz a futilidade e a inutilidade do que está
reproduzido, é o cerne da fragmentação da verdadeira comunicação. Nos anos 90,
falava-se da literacia digital, hoje haverá mais literacia comunicacional. Poucos
comunicam por escrito, poucos comunicam verbalmente, e muitos, ou quase todos
comunicam por imagens, enviam-se emojis, smiles a sorrir, smiles a chorar, etc.  
Importa também analisar e refletir sobre a forma como os nossos jovens comunicam,
na recepção, reação e publicação dos tik tok’s : “não quero problemas💀”; “que top 😳
parabéns”, “genteeeee que arrasou 👏; lindoooooo👏👏👏👏”; “vc ta certa amiga
🥰;”foi bom a parte  fuca doida gritando neymar ;" amo vcs demaiss❤😂”.
Quanto ao uso dos símbolos, como facilitadores do discurso, discordo desta premissa,
defendida por alguns cibernautas. No meu entender, contribui para o declínio das
aprendizagens e do empobrecimento da comunicação escrita, contribuindo para o
insucesso e para o aumento da literacia linguística textual dos mais jovens.  Embora,
segundo as palavras de Marcuschi (2002, p. 20): “Os gêneros discursivos (…), surgem
emparelhados em necessidades e atividades socioculturais, bem como na relação com
inovações tecnológicas, o que é facilmente perceptível ao se considerar a quantidade
de gêneros textuais hoje existentes em relação a sociedades anteriores à comunicação
escrita. (…), surgem, situam-se e integram-se funcionalmente nas culturas em que se
desenvolvem”. De acordo com Marcuschi, esta nova cultura, será a geração “Z”
apelidada pelos cibernautas. No entanto, é imperioso refletir, até que ponto esta nova
forma de comunicação, é uma fragmentação do género discurso,  à qual as gerações
mais velhas terão de se acostumar, sem estereotipar, assim com esta nova geração “Z”
tão facilmente estereotipa como “difícil” e “secante” os géneros discursivos, em que se
prioriza e valoriza a linguagem escrita dos discursos narrativos líricos, e não líricos.  
Bibliografia:
ALMEIDA, D.D.; MAGALHÃES, M.G.; NEVES, M.P.S.; TORRES, M.G.; GERICÓ, C.S.;(2019).
O uso excessivo da internet por jovens e seus danos biopsicossociais: Revisão da
literatura. Revista Saúde. V. 3. P.62-69
 BARBOSA, M.F.M. (2012). A emergência de novos géneros textuais na era digital. In: E-
Escrita, Revista do Curso de Letras da UNIABEU Nilópolis, v.3, Número 1 B.
BARBOSA, Maria Fernanda M. A emergência de novos gêneros textuais na era digital.
Revista do Curso de Letras da UNIABEU Nilópolis, v.3, Número 1 B , Jan. -Abr. 2012
Dal Farra, Maria Lúcia. Apresentação. Afinado Desconcerto (contos, cartas, diário).
Florbela Espanca. Apres. Maria Lúcia Dal Farra. São Paulo: Iluminuras, 2002: 245-255.
Espanca, Florbela. Diário do último ano e epistolografia. Afinado desconcerto (contos,
cartas e diário). Organização de Maria Lúcia Dal Farra. São Paulo: Iluminuras, 2002.
Lejeune, Philippe. Definir autobiografia, Autobiografia. Autorrepresentação.
Organização de Paula Morão. Lisboa: Colibri, 2003: 37-54.
Lyons, Martin e Cyana Leahy. A palavra impressa: histórias da leitura no século XIX, Rio
de Janeiro: Casa da Palavra, 1999.
Marcuschi, Luíz António e Dionísio, Ângela Paiva. Fala e escrita. U. F. P. 2005  

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A. P. et al.(org.). Gêneros textuais e ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002.
MAINGUENEAU, D. Novas tendências em análise do discurso. 3ª ed. Trad. Freda
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MARCUSCHI, L. A. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: DIONISIO, A. P etal..


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Ventura, António. Literatura autobiográfica em Portugal: algumas reflexões a partir da


História. ACT 16: Escrever a vida: verdade e ficção. Orgs. Paula Mourão e Carina
Infante. Porto: Campos das Letras, 2008: 31-40.
Webgrafia:
www.steptohealth.com/author/valeria-sabater-  Consultado no dia 18/01/2023. pelas
18h15.

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