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Discentes:
Albertino Santos – nº
Ana Jesus- nº
Daniela Oliveira- nº
Gisele Tiago- nº
Elaine Reis- nº
Maria Silva- nº 1005692
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Índice:
Introdução
1-fragmentação das estruturas textuais na era digital
1.1-Das narrativas diarísticas à tipologia de escrita em blogues
2. O género fragmentário dos chats de conversação
2.1- Facebook, Messenger, Skype, WhatsApp, Instagram, Twitter, Yahoo! Messenger,
WeChat, etc.
3. O género epistolar nos tempos da internet
3.1- E-mails, mensagens, Tweets, partilhas, etc.
4- Das autobiografias visuais, dos álbuns de fotografia de família às postagens no
Instagram
5- Conclusão
Introdução
por Albertino Santos - Segunda, 30 Janeiro 2023, 23:53
Desde os tempos remotos, que o homem teve a necessidade de comunicar, inclusive
no período histórico antes da invenção da escrita; todavia, com o seu advento, veio
permitir a verbalização de muitos saberes, conhecimentos e enunciados que até então
mergulhavam no mediatismo da oralidade. Esses pressupostos ganharam, entretanto,
outro impulso mais dinâmico e abrangente com a introdução massiva da imprensa
escrita que, progressivamente, foi catapultando a expressão textual para outros voos,
nomeadamente pela categorização histórica dos géneros textuais que se tornaram
referências incontornáveis na literatura tradicional, como os romances, os contos e as
novelas. Ora essa conjuntura, digamos que canonizada, na atualidade foi como que
violenta e abruptamente transfigurada com a fragmentação contemporânea dos
géneros até aqui vulgarmente conhecidos. Após os anos 90, com a revolução dos
meios de informação, as novas formas de comunicação popularizaram-se,
diversificaram-se e fragmentaram-se em diversas e múltiplas tipologias textuais, com
o surgimento e coabitação de modalidades díspares e variadas como é o caso dos web
blogues, os emails, as cartas e muitos outros modelos, que se inspiraram na
volatilidade, expressividade, luminosidade e intimidade da mundo moderno, produto
da versatilidade e da interatividade da era digital, facto assaz corroborado pelo autor
Barbosa no seu interessante ensaio, aludindo algures, por outro lado, à formação
histórica dos géneros discursivos secundários que alegadamente se constroem com os
subsídios do género discursivo primário, sendo que este aparentemente reproduzindo
uma configuração enunciativa simplista, adquiriu entretanto evolução e consistência o
bastante para imperar como forma discursiva atuante expressiva e autónoma geradora
de sentidos nunca antes ponderados e que refletem o poder extralinguístico
formidável que, a seu tempo, é evidenciado por Seara nos estudos atinentes à
confidencialidade, manifestos em moldes multiformes, nos géneros discursivos
mormente presentes nos blogues e demais plataformas digitais, transpirando um
fulgor intimista personalizado que, ao cabo, reflete a busca instintiva do sujeito por
exemplo da crónica ou outra publicação digital pela saciedade ou superação que, de
outra forma, seria quase inatingível, não obstante este desejo contrastar com a
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exposição ao coletivo tipificada pela confluência e partilha das informações ou
confissões aludidas ditas «intimistas», que no fundo são, sem querer, a referência
óbvia e aceite dos referidos atores e protagonistas.
Perante este facto e realidade, digamos que controversos, considero que, como
referem os autores supracitados, é apanágio de um género discursivo, a teatralização
vital e existencial do que o ser humano pode potenciar em termos de convivência e
exteriorização de sentimentos, atitudes e emoções, e devo adiantar que se trata,
digamos, de uma atitude terapêutica de catarsias , sobretudo, visando uma superação
que indicia o espraiar de um rio de sensações nos mais diferentes e indizíveis sentidos,
traduzido na construção e desconstrução dos diferentes géneros, na era atual
globalizada. uma verbalização social e psicológica que tende a valorizar a expressão
humana nas suas diferentes vertentes, e urge, naturalmente que seja promovida e
acarinhada, e obviamente condenada e filtrada quando ostente conteúdos
contraproducentes atentatórios contra a decência, a honestidade e a moralidade.
1-fragmentação das estruturas textuais na era digital
Gisele Tiago - Terça, 31 Janeiro 2023, 01:03
Devido à ampliação e popularização do acesso à internet em aparelhos móveis na
última década, os usuários ficam mais tempo on line e, consequentemente, interagem
cada vez mais nesses espaços de rede social. Essa interação é marcada por um
ambiente de interação instantânea, o que não ocorre com os Blogs.
Por ser a microficção “uma narrativa que cabe no espaço de uma página” (Zavalla) e
de leitura fácil, é comum encontrar a sua réplica com mais frequência nas redes
sociais, e isso pode ser encarado como um reflexo das novas formas de publicação e
interação da literatura neste mundo contemporâneo. A microficção está presente em
diferentes redes sociais e se adapta a cada uma delas conforme as suas regras e limites
de formato.
Para Rui Castro, um dos autores de Primeira antologia de micro-ficção portuguesa:, “A
micro-ficção não é um género literário, é a riqueza da impossibilidade de o ser.
Confunde os géneros e deixa-nos (bem) perdidos no caminho para qualquer definição.”
1.1- Das narrativas diarísticas à tipologia de escrita em blogues
por Maria Silva - Sábado, 28 Janeiro 2023, 17:23
A partir dos anos 80, a produção textual ao nível das narrativas autobiográficas, e
biográficas, revelou uma crescente expansão, de acordo com Ventura (2008: 31-40),
existindo atualmente inúmeros estudos e pesquisas sobre os géneros narrativos
diarísticos, epistolares e autobiográficos. Gostaria de focar especificamente a escrita
diarística e autobiográfica da poetisa Florbela Espanca, embora este género, tenha sido
secundarizado em prol da sua obra poética, conquanto a sua produção autobiográfica
possua traços de ficcionalidade e poeticidade, que permite uma leitura do ponto de
vista literário e não apenas biográfico. A prática de escrever diários, esteve sempre
ligada à prática de registar acontecimentos pessoais, que eventualmente se poderiam
esquecer, ou pelo desejo egocêntrico de relatar a subjetividade, de expressar
sentimentos e confessar segredos íntimos. Na escrita de alguns poetas, esta prática
textual é desenvolvida com marcas de literariedade, como na escrita da poetisa
Florbela Espanca, onde se encontram expressões do seu conflito interno, e da sua
conturbada vida pessoal, familiar e amorosa, dando lugar ao exercício catártico, onde
se exprimem sentimentos, e se constroem reflexões interiores sobre a própria
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identidade feminina, numa tentativa de encontrar respostas para os seus conflitos,
que resultam no autoconhecimento de um ser fragmentado, como a sua própria
escrita diarística, revela no Diário do último ano, (1894-1930), denotando-se uma
real fragmentação do “eu” feminino, expresso na sua vida pessoal onde se sentia livre
das convenções sociais, sublimadas nas diversas máscaras que a poetisa usou na sua
poesia, para se representar enquanto mulher sofredora e incompreendida pela
sociedade.
Ao longo da história universal, a produção escrita no feminino foi secundarizada,
desvalorizada, e negado o seu reconhecimento e publicação, como aconteceu
inicialmente na vida da Florbela Espanca, sendo-lhe atribuídos trabalhos de menor
valor literário, mas comummente aceites pela sociedade, como próprios para as
preocupações de uma senhora, como as crónicas “Modas & Bordados” publicado no
suplemento do jornal o Século de Lisboa. Caso similar aconteceu com a autora
inglesa, Jane Austen, que publica os seus primeiros livros, sem assinar as suas obras,
devido ao preconceito e aos valores da sociedade vitoriana do séc. XIX, onde
predominava o autoritarismo masculino.
Nas narrativas de Florbela Espanca, a preocupação principal da autora, é a sua vida
pessoal, sentimental e amorosa, não se evidenciando interesse pela crítica social ou
política da altura, a não ser excecionalmente, quando fala da sua terra, Vila Viçosa e do
seu Alentejo, encontrando-se registos textuais marcadamente egocêntricos, típicos do
género diarístico, como a insistência no uso de palavras identificadores do culto do
“EU”, como encontramos atualmente nos géneros de escrita dos “blogs”: Alma. Amor,
saudade, beijos, etc., vulgarmente encontrados na escrita de diários, e de cartas, onde
prevalece a preocupação pelos sentimentos, pelo bem-estar, e pelas atividades
quotidianas, analogamente presentes em muitos dos conteúdos atuais da escrita de
Blogues, interpretando-se como um género hereditário da escrita diarística,
apresentando-se atualmente fragmentado em subgéneros ou fragmentado em
subcategorias, apresentando traços de hibridismo textual ou caracterísiticas de
aproximação da fala à escrita, relembrado a escrita epistolar. Segundo Marcuschi, a
escrita e a fala não se devem considerar como planos opostos, mas sim
complementares, sendo os conteúdos da escrita em espaço virtual, uma manifestação
disso mesmo.
Como várias outras mulheres, Florbela usava a escrita como forma de evasão,
especialmente no seu diário, utilizando a palavra, como forma de libertação, e de
expressão do seu “Eu” fragmentado em múltiplas vozes, espelhado no Diário de
Florbela, e também na sua obra epistolar, com uma carta de 27/7/1930, em que a
escritora diz: “Sou uma cética que crê em tudo, uma desiludida cheia de ilusões, uma
revoltada que aceita sorridente, todo o mal da vida, uma indiferente a transbordar de
ternura. Grave e metódica até a mania, atenta a todas as subtilezas dum raciocínio
claro e lúcido, não deixo, no entanto, de ser uma espécie de Dom Quixote fêmea a
combater moinhos de vento, quimérica e fantástica, sempre enganada e sempre a
pedir novas mentiras à vida.”
Ana Jesus - Domingo, 29 Janeiro 2023, 20:13
o género diarista, mas na era digital, como os blogues, vejo como principal vantagem
deste género tão atual, a proteção de quem escreve pois pode fazê-lo sob anonimato
ou sob outro nome, sem receio de se expor, sem temer as consequências das suas
opiniões ou dos seus desabafos. Em tempos anteriores, como no caso de Florbela
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Espanca, o autor exponha-se em demasia ao escrever sobre si, tendo de lidar com as
opiniões e os julgamentos de quem lia a sua escrita.
Sendo um blogue caraterístico da era digital, o seu conteúdo chega a um maior
número de pessoas. Quantas vezes vemos pessoas em viagens de metro, de autocarro
ou de comboio que ocupam o tempo da viagem a ler este tipo de género
fragmentário? A primeira repercussão que estas leituras têm é a influência na opinião
dos leitores. Assim, se muitos são fãs e acompanham diariamente, ou com frequência,
o blogue, gostam e se identificam com aquele tipo de escrita, outros serão aqueles que
criticam, nem sempre de forma correta, o que leem. É neste contexto que é preciso
aprender a lidar com as criticas, nem sempre construtivas. Desta forma, o blogue
protege quem escreve das referidas criticas, embora o autor tenha de lidar sempre
com elas.
Se os autores de diários, em tempos recuados, escreviam para deixar a sua marca, o
seu testemunho sobre a sua passagem pela vida, atualmente, os autores de blogues
escrevem para captar a atenção do maior número possível de pessoas, de forma a
terem o retorno económico da sua escrita. Contudo, o sentimentalismo mantém-se,
sendo mesmo uma caraterística destes géneros, diário ou blogue.
Elaine Reis - Segunda, 30 Janeiro 2023, 18:20
No gênero diário on-line. O blog configura um espaço em que se pode expressar
diferentes conteúdos, utilizando-se, para isso, múltiplos recursos (escrita, imagens,
sons, etc.). A popularização dessa ferramenta fez com que ela passasse a ser usada
muito frequentemente não só por diferentes pessoas como também por empresas de
diversas áreas. Acredito que o exercício de criar não só esse gênero (o diário on-line)
como também outros produzidos na internet, tem aumentado as práticas da leitura e
da escrita entre os alunos, pois, em tempos de cultura digital, eles trocam muitas
mensagens nas redes sociais (Facebook, Instagram e Twitter) interagindo com várias
pessoas por meio da escrita.
2. O género fragmentário dos chats de conversação:
Daniela Oliveira - Segunda, 30 Janeiro 2023, 19:15
Os chats surgiram por volta da década 1988 com o objetivo de partilhar noticias. Em
pouco tempo o chat ganhou força e se espalhava por todo o mundo e entrava na
internet, pois em 1989 já existia 40 servidores em conexão pelo mundo.
Posteriormente, em 1991, vários documentos circulavam pela internet sobre o tema
“guerra”, tanto que vários canais de chats nesse período, tinha testemunhos de russos
que combatiam na guerra, imortalizando a sua história. Para além de imortalizarem
histórias, tornaram-se uma importante ferramenta de comunicação.
Com o tempo foram surgindo diferentes versões dos chats, tornando-se um meio de
comunicação de excelência.
Ana Jesus - Segunda, 30 Janeiro 2023, 22:30
os chats têm uma forma de comunicação muito própria. Esta é composta por inúmeras
abreviaturas, incompreensíveis para quem não utiliza este género de comunicação tão
comum na era digital, ocorrem de forma síncrona, com respostas rápidas e por norma,
curtas. Também permitem manter uma conversa com vários utilizadores, ou apenas
um. Contudo, tendem a substituir as conversas face-a-face, fazendo com que muitos
jovens deixem de conviver presencialmente para se ligarem aos computadores assim
que chegam a casa, iniciando assim conversas com amigos ou colegas. Porém, esta é
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também uma forma de combater a solidão, sobretudo para quem mora sozinho. Os
confinamentos provocados pelo vírus da Covid 19 vieram confirmar esta mesma ideia
pois a única forma de comunicação era através de meios digitais.
A conversa nos chats, tão usados por jovens, não se espera que seja interrompida por
silêncios que podem funcionar como "mecanismos perturbadores da comunicação".
Desta forma, é aceite afirmar que nos chats há "a necessidade de um fluxo
comunicativo contínuo".
2.1- Facebook, Messenger, Skype, WhatsApp, Instagram, Twitter, Yahoo!
Messenger, WeChat, etc.
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3.1- E-mails, mensagens, Tweets, partilhas, etc.
Gisele Tiago - Quinta, 2 Fevereiro 2023, 01:39
1. Gêneros emergentes
Segundo Barbosa (2012), “Os novos gêneros textuais emergentes surgiram face a
novas práticas sociais e apresentam semelhanças à gêneros textuais já conhecidos
e ensinados na escola, como o bilhete, a carta, a notícia etc, tanto em sua forma
de interação comunicativa quanto na prática da linguagem escrita da sociedade.”
A autora aponta que os gêneros concretizam-se na dimensão social da linguagem
através do modo de se comunicar e da forma como selecionamos o discurso
apropriado no momento adequado.(Barbosa, 2012)
O acesso à internet e ao mundo virtual é cada vez mais fácil para quem tem um
aparelho móvel, e isso faz com que as pessoas estejam conectadas por mais
tempo e, consequentemente, utilizem com mais frequência as novas tecnologias
de informação como meio de comunicação. Essa interação é marcada por um
ambiente de comunicação instantânea e de fácil acesso e ocorre por meio de
weblogs, e-mail, chats, Messenger, Telegram, WhatsApp, Skype, Twiter etc.
Juntamente com este novo meio de comunicação, surge também uma nova
modalidade de língua, que Barbosa (2012) define como linguagem eletrônica, ou
seja, uma escrita com características próprias e bem próxima da oralidade.
Devido a essa nova forma de se comunicar na internet, a autora cita que a escrita
apresenta-se permeada de variantes pertinentes a este meio, numa forma mais
econômica de se utilizar a língua devido à fluidez do meio . A escrita utilizada
nessa comunicação do meo virtual apresenta-se de forma mais informal e
dinâmica, sem tanta cobrança e pouca monitorização.
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O E-mail tornou-se popular com a chegada da internet, na década de 90, que
possibilitou um usuário com rede enviar ou receber mensagens instantâneas, em
qualquer lugar do mundo.
O e-mail é uma evolução da carta e seus utilizadores podem enviar mensagens e
anexar fotos, vídeos, documentos e músicas de forma rápida e barata, pois os
provedores oferecem o serviço de forma gratuita.
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5- Conclusão
Daniela Oliveira - Segunda, 30 Janeiro 2023, 18:42
Santaella (2003) refere que a grande mudança nos Mídias está relacionada com a
passagem do oral para o escrito, ou seja, anteriormente era necessário a memória
humana para que a informação passasse por todos, posteriormente passou-se para a
escrita. Com esta mudança surge uma nova prática comunicativa sendo possível
aceder em qualquer distância e de forma universal.
É neste contexto que os blogs, os fóruns, as mensagens instantâneas, as redes sociais e
os livros em formato digital ganharam um grande espaço na nossa vida.
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MARCUSCHI, L. A. (2002). Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: DIONISIO,
A. P. et al.(org.). Gêneros textuais e ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002.
MAINGUENEAU, D. Novas tendências em análise do discurso. 3ª ed. Trad. Freda
Indursky.
São Paulo: Pontes. 1987.
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