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Edições do Senado Federal Edições do Senado Federal

..............
C apítulos de história colonial. Um SENADO E nsaios e estudos . Este livro
dos nossos mais eminentes historiado- Edições do Senado Federal FEDERAL
.............. reúne artigos escritos entre 1903 e
res, Capistrano de Abreu (1853-1927) 1927, publicados em revistas, jornais ou
elabora neste Capítulos de história colo- prefácios de livros. Os ensaios, lançados
Raimundo Morais – O meu dicionário de cousas da Amazônia .............. pela primeira vez em 1932, reúnem
nial análise sobre alguns fatos, circuns-
tâncias e momentos históricos do Bra- – vol. 175 SENADO diversos temas: o Duque de Caxias
FEDERAL
sil em seus primórdios, como o estudo
acerca dos nossos descobridores e dos
Vítor Godinho e Adolfo Lindenberg – Norte do Brasil: .... .............. (“primoroso estudo sobre Caxias, cuja
bibliografia era então muito limitada”,
nossos antecedentes indígenas. através do Amazonas, do Pará e do Maranhão – vol. 159 observa José Honório Rodrigues);
Apresenta os primeiros confli- Frei Vicente de Salvador; Claude
tos da nova terra descoberta e relata,
A. Gonçalves Dias – Viagem pelo rio Amazonas – Cartas do . . . . . . . . . d’Abbeville; Antônio José, o Judeu, e,

gramática, textos e vocabulário caxinauás


“Mundus Alter”– vol. 151 entre outros temas, os atos do Santo
com finura e elegância de sua prosa,
Ofício no Brasil. Com estilo leve, mas
o processo de formação e o funciona-
L. F. R. Clerot – Glossário etimológico dos termos geográ- documentado e com rigor de exegese,
mento das capitanias hereditárias e as Capistrano de Abreu analisa de maneira

rã-txa hu-ni-ku-i
capitanias da Coroa. Inclui também es- ficos, geológicos, botânicos, zoológicos, históricos e folclóricos brilhante nosso passado e revisita temas
tudos sobre o sertão, esse grande espaço de origem tupi/guarani – vol. 143 fundamentais da nossa formação e
mítico brasileiro, e a formação dos li- nacionalidade.

rã-txa ~
mites que dá hoje nosso desenho como Jarbas Passarinho – Amazônia, Patrimônio Universal? –
nação. No capítulo final, escreve sobre vol. 135 VOLUME 9

hu-ni-ku-i
o Brasil depois de três séculos de civi-
lização (1500-1800), dando-nos visão Leandro Tocantins – Formação histórica do Acre – vol. 109
panorâmica do seu entendimento sobre – 2 vols., nos 109-A, 109-B
a formação da nossa nacionalidade.
gramática, textos

~
Genesco de Castro – O Estado Independente do Acre

e vocabulário
e J. Plácido de Castro – vol. 56
VOLUME 65

caxinauás

J. Capistrano
de Abreu
J. Capistrano
de Abreu

Edições do Edições do
Senado Federal Senado Federal
9 788 570 18 542 6

Volume 200 Volume 200


Edições do Senado Federal Edições do Senado Federal
..............
C apítulos de história colonial. Um SENADO E nsaios e estudos . Este livro
dos nossos mais eminentes historiado- Edições do Senado Federal FEDERAL
.............. reúne artigos escritos entre 1903 e
res, Capistrano de Abreu (1853-1927) 1927, publicados em revistas, jornais ou
elabora neste Capítulos de história colo- prefácios de livros. Os ensaios, lançados
Raimundo Morais – O meu dicionário de cousas da Amazônia .............. pela primeira vez em 1932, reúnem
nial análise sobre alguns fatos, circuns-
tâncias e momentos históricos do Bra- – vol. 175 SENADO diversos temas: o Duque de Caxias
FEDERAL
sil em seus primórdios, como o estudo
acerca dos nossos descobridores e dos
Vítor Godinho e Adolfo Lindenberg – Norte do Brasil: .... .............. (“primoroso estudo sobre Caxias, cuja
bibliografia era então muito limitada”,
nossos antecedentes indígenas. através do Amazonas, do Pará e do Maranhão – vol. 159 observa José Honório Rodrigues);
Apresenta os primeiros confli- Frei Vicente de Salvador; Claude
tos da nova terra descoberta e relata,
A. Gonçalves Dias – Viagem pelo rio Amazonas – Cartas do . . . . . . . . . d’Abbeville; Antônio José, o Judeu, e,

gramática, textos e vocabulário caxinauás


“Mundus Alter”– vol. 151 entre outros temas, os atos do Santo
com finura e elegância de sua prosa,
Ofício no Brasil. Com estilo leve, mas
o processo de formação e o funciona-
L. F. R. Clerot – Glossário etimológico dos termos geográ- documentado e com rigor de exegese,
mento das capitanias hereditárias e as Capistrano de Abreu analisa de maneira

rã-txa hu-ni-ku-i
capitanias da Coroa. Inclui também es- ficos, geológicos, botânicos, zoológicos, históricos e folclóricos brilhante nosso passado e revisita temas
tudos sobre o sertão, esse grande espaço de origem tupi/guarani – vol. 143 fundamentais da nossa formação e
mítico brasileiro, e a formação dos li- nacionalidade.

rã-txa ~
mites que dá hoje nosso desenho como Jarbas Passarinho – Amazônia, Patrimônio Universal? –
nação. No capítulo final, escreve sobre vol. 135 VOLUME 9

hu-ni-ku-i
o Brasil depois de três séculos de civi-
lização (1500-1800), dando-nos visão Leandro Tocantins – Formação histórica do Acre – vol. 109
panorâmica do seu entendimento sobre – 2 vols., nos 109-A, 109-B
a formação da nossa nacionalidade.
Genesco de Castro – O Estado Independente do Acre
gramática, textos

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e J. Plácido de Castro – vol. 56
VOLUME 65 e vocabulário
caxinauás

J. Capistrano
de Abreu
J. Capistrano
de Abreu

Edições do Edições do
Senado Federal Senado Federal
9 788 570 18 542 6

Volume 200 Volume 200


Edições do Senado Federal Edições do Senado Federal
..............
C apítulos de história colonial. Um SENADO E nsaios e estudos . Este livro
dos nossos mais eminentes historiado- Edições do Senado Federal FEDERAL
.............. reúne artigos escritos entre 1903 e
res, Capistrano de Abreu (1853-1927) 1927, publicados em revistas, jornais ou
elabora neste Capítulos de história colo- prefácios de livros. Os ensaios, lançados
Raimundo Morais – O meu dicionário de cousas da Amazônia .............. pela primeira vez em 1932, reúnem
nial análise sobre alguns fatos, circuns-
tâncias e momentos históricos do Bra- – vol. 175 SENADO diversos temas: o Duque de Caxias
FEDERAL
sil em seus primórdios, como o estudo
acerca dos nossos descobridores e dos
Vítor Godinho e Adolfo Lindenberg – Norte do Brasil: .... .............. (“primoroso estudo sobre Caxias, cuja
bibliografia era então muito limitada”,
nossos antecedentes indígenas. através do Amazonas, do Pará e do Maranhão – vol. 159 observa José Honório Rodrigues);
Apresenta os primeiros confli- Frei Vicente de Salvador; Claude
tos da nova terra descoberta e relata,
A. Gonçalves Dias – Viagem pelo rio Amazonas – Cartas do . . . . . . . . . d’Abbeville; Antônio José, o Judeu, e,

gramática, textos e vocabulário caxinauás


“Mundus Alter”– vol. 151 entre outros temas, os atos do Santo
com finura e elegância de sua prosa,
Ofício no Brasil. Com estilo leve, mas
o processo de formação e o funciona-
L. F. R. Clerot – Glossário etimológico dos termos geográ- documentado e com rigor de exegese,
mento das capitanias hereditárias e as Capistrano de Abreu analisa de maneira

rã-txa hu-ni-ku-i
capitanias da Coroa. Inclui também es- ficos, geológicos, botânicos, zoológicos, históricos e folclóricos brilhante nosso passado e revisita temas
tudos sobre o sertão, esse grande espaço de origem tupi/guarani – vol. 143 fundamentais da nossa formação e
mítico brasileiro, e a formação dos li- nacionalidade.

rã-txa ~
mites que dá hoje nosso desenho como Jarbas Passarinho – Amazônia, Patrimônio Universal? –
nação. No capítulo final, escreve sobre vol. 135 VOLUME 9

hu-ni-ku-i
o Brasil depois de três séculos de civi-
lização (1500-1800), dando-nos visão Leandro Tocantins – Formação histórica do Acre – vol. 109
panorâmica do seu entendimento sobre – 2 vols., nos 109-A, 109-B
a formação da nossa nacionalidade.
Genesco de Castro – O Estado Independente do Acre
gramática, textos

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e J. Plácido de Castro – vol. 56
VOLUME 65 e vocabulário
caxinauás

J. Capistrano
de Abreu
J. Capistrano
de Abreu

Edições do Edições do
Senado Federal Senado Federal
9 788 570 18 542 6

Volume 200 Volume 200


Reprodução da capa da segunda edição, de 1941,
da Sociedade Capistrano de Abreu
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

~
RÃ-TXA HU-NI-KU-I
..............
SENADO
FEDERAL
..............

Mesa Diretora
Biênio 2015/2016
Senador Renan Calheiros
Presidente

Senador Jorge Viana Senador Romero Jucá


1º Vice-Presidente 2º Vice-Presidente

Senador Vicentinho Alves Senador Zeze Perrella


1º Secretário 2º Secretário

Senador Gladson Cameli Senadora Angela Portela


3º Secretário 4a Secretária

Suplentes de Secretário

Senador Sérgio Petecão Senador João Alberto Souza


Senador Elmano Férrer Senador Douglas Cintra

Conselho Editorial

Senador Edison Lobão Joaquim Campelo Marques


Presidente Vice-Presidente

Conselheiros

Carlos Henrique Cardim Carlyle Coutinho Madruga

Raimundo Pontes Cunha Neto


. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Edições do Senado Federal – Vol. 200

~
RÃ-TXA HU-NI-KU-I
Gramática, textos e vocabulário caxinauás

A Língua dos Caxinauás,


do rio Ibuaçu, afluente do Muru
(Prefeitura de Tarauaçá)

(fac-similiar da 2ª edição)
com as emendas do autor e um estudo
crítico do Prof. Theodoro Koch-Grünberg

J. Capistrano de Abreu

..............
SENADO
FEDERAL
..............

Brasília – 2015
EDIÇÕES DO
SENADO FEDERAL
Vol. 200
O Conselho Editorial do Senado Federal, criado pela Mesa Diretora em
31 de janeiro de 1997, buscará editar, sempre, obras de valor histórico
e cultural e de importância relevante para a compreensão da história política,
econômica e social do Brasil e reflexão sobre os destinos do país.

Projeto gráfico: Achilles Milan Neto


© Senado Federal, 2015
Congresso Nacional
Praça dos Três Poderes s/nº – CEP 70165-900 Brasília – DF
CEDIT@senado.leg.br
Http://www.senado.gov.br/publicacoes/conselho
Todos os direitos reservados
ISBN: 978-85-7018-542-6
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Abreu, capistrano de, 1853-1927.
Rã-txa  hu-ni-ku-i~ : gramática, textos e vocabulário caxinauás
: a língua dos Caxinauás, rio Ibuaçu, afluente do Muru (Prefei-
tura de Tarauaçá) / J. Capistrano de Abreu. – fac-similiar da 2a
edição com as emendas do autor e um estudo crítico do prof.
Theodoro Koch-Grünberg – Brasília : Senado Federal, Conselho
Editorial, 2015.
XIV + 638 p. : il. – (Edições do Senado ; v. 200)
Bibliografia
1. Línguas indígenas, Acre. I. Título. II Série.
CDD 498
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Sumário

APRESENTAÇÃO
Senador Jorge Viana
pág. IX

~
RÃ-TXA HU-NI-KU-I
Gramática, textos e vocabulário caxinauás
pág. 1
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Apresentação

Jorge Viana
Senador

A
UM LIVRO E A HISTÓRIA DE UM POVO

HISTÓRIA SE CONSTRÓI pela sucessão de fatos. É


como um novelo onde a ponta de cordão acaba por levar à outra,
que puxa mais uma e outra, outra, outra... Assim, vai-se fazendo o
infinito da experiência humana.
Os caxinauás – povo do morcego, como os brancos os chama-
vam – ou huni kuin, gente verdadeira, como todos os outros habi-
tantes da floresta, é parte desta imensa tecelagem. Os índios cres-
ceram acreditando que os bichos descendem dos homens, e que os
peixes sobem os rios na piracema para buscarem adornos.
Eles plantavam, caçavam, pescavam e se reproduziam em
suas aldeias. Cada oca representava quase um território livre, com
um chefe que obedecia a um chefe maior. Os homens podiam se
casar apenas com as mulheres de outra oca, seguindo um ciclo de
parentesco capaz de preservar os sentimentos de uma ética fundada
no senso ancestral.
X  J. Capistrano de Abreu

Um dia, os brancos chegaram às margens dos rios, bati-


zando-os: Muru, Jordão, Juruá, Tarauacá. Os novos nomes dese-
nhavam uma nova geografia que crescia com a ambição pela borra-
cha, o ouro negro defumado nos confins da mata.
Os caxinauás não puderam assistir, pacificados, à vida se
reinventando. Foram caçados em correrias e tiveram suas terras in-
vadidas. Era o final do século XIX, seringueiros e seringalistas do
Brasil lutavam contra os caucheiros peruanos. E todos se voltavam
contra os índios.
No início do século XX, Felizardo Cerqueira, um dos mais
cruéis e prósperos seringalistas do Acre, marcava os caxinauás com
as iniciais de seu nome. Era o senhor de tudo. Assim era a vida,
rude, naqueles tempos primordiais. O ciclo econômico engolia mais
e mais a mão de obra que já não chegava com a fartura necessária
do Nordeste, sobretudo do Ceará. Por isso, houve quem se lançasse
na floresta em busca de uma mão de obra barata: os índios. Era o
princípio do “tempo do cativeiro dos patrões”.
Mas, em meio ao terror, às vezes, há espaço para a deli-
cadeza.
Em 1909, vindo do Acre para o Ceará, o capitão Luís
Sombra trouxe consigo um índio caxinauá. Era um rapaz de 20
anos de idade. Sua aldeia ficava às margens do rio Ibuaçu, afluente
do Muru. Havia três anos que ele trabalhava como seringueiro.
Chamava-se Borô, mas adotara o nome cristão de Vicente Pena
Sombra, em homenagem ao seu protetor e ao presidente da Repúbli-
ca da época, Afonso Pena, que o batizara em Manaus.
O capitão Sombra ficou pouco no Ceará. Partiu para o
Rio de Janeiro, levando Vicente e outro caxinauá, um menino de
13 anos, que se mudara quatro anos antes para Manaus e, logo em
seguida, para Maranguape, no Ceará. O garoto já não lembrava a
~
RÃ-TXA HU-NI-KU-I XI

língua de sua gente, mas falava um “cearense perfeito”. Chamava-se


Tuxinin. Na convivência com Vicente e a mata, acabou relembran-
do sua ancestralidade.
Foram esses dois jovens caxinauás que, em longas conversas
com o historiador cearense J. Capistrano de Abreu, deram as in-
~
formações para o livro Rã-Txa  Hu-ni-ku-i: Gramática, textos e
vocabulário caxinauás – A Língua dos Caxinauás do rio Ibuaçu
– afluente do Muru.
Durante meses, os jovens informantes falaram da língua,
da forma de vida na aldeia, das lendas e dos costumes de sua gente.
Capistrano tomava notas e escrevia em seu novo livro as mudanças
de sítios promovidas pela busca de lugares com melhores condições
para o plantio de roças. Sim, os kaxinawá cultivavam mandioca,
legumes, milho. E tinham algum sentido de poupança, pois acumu-
lavam alimentos para os períodos de entressafra. Também contaram
histórias carregadas de mitos e, talvez, invenções. Falavam da luta
pela borracha em que os peruanos, os caucheiros, eram maus e os
brasileiros, os seringueiros, bons.
Foi certamente o que sobreviveu como narrativa oral para
os informantes de Capistrano. É o que ele conseguiu apurar daquele
dialeto, que não segue uma lógica semântica linear – ao contrário,
é entrecortado por expressões que se repetem, mas fecha-se coerente-
mente. Em outras palavras, mesmo que muitas expressões aqui regis-
tradas tenham caído em desuso, a importância do livro se mede pelo
rigoroso registro que faz das lendas, das expressões e dos costumes dos
caxinauás no início do século XX.
O rã-txa hu-ni-ku-i,~ o “falar de gente verdadeira, de
gente fina”, está salvo para a posteridade.
Um exemplo? Um dia, vasculhando um sebo, a escritora
cearense Ana Miranda – que como todo cearense carrega algo de
XII  J. Capistrano de Abreu

acreano no sangue – encontrou o livro de Capistrano. Maravilhada


com a beleza da obra, sentou-se para contar a vida imaginária de
uma caxinauá que vence os medos e os desafios para se inserir no
novo mundo que se forma à margem de sua existência. O romance
Yuxin (Alma) é também um belo grito em favor do poder da resis-
tência humana.
A trajetória do povo caxinauá seguiu depois de Capistrano
e foi tocada por outra delicadeza quando o caxinauá Sueiro Sales
Cerqueira herdou da madrinha, esposa do falecido Felizardo Cer-
queira, o seringal Fortaleza, nas margens do rio Jordão, com cinco
colocações e 27 estradas. Com o fim da 1a Guerra Mundial e o
florescimento dos seringais da Malásia, a crise paralisou a economia
da Amazônia brasileira. Marcados pela fome e as doenças de bran-
co, como a gripe, os índios se voltaram às próprias tradições para
reconstruir suas aldeias pelas cabeceiras mais remotas dos afluentes
dos rios do alto Juruá e alto Purus.
O mundo entrou em uma nova guerra e um novo ciclo
da borracha floresceu na Amazônia. Os caxinauás voltaram então
à extração do látex no seringal Fortaleza. Com o fim da 2a Guerra
Mundial, houve nova crise. Outra vez, o mundo determinou o des-
tino daquele povo ribeirinho, que buscou novos rumos.
Hoje, os índios caxinauás são o povo mais fecundo do Acre.
Quatro mil habitantes vivem em dez porções de terras reconhecidas
pelo governo a partir do final dos anos 1970. Seus conhecimentos
ancestrais moldaram uma bonita volta à vida em harmonia com
os recursos da natureza. Experientes, não se abateram com a crise
política e econômica da sociedade acreana dos anos 1970. Revigo-
raram suas aldeias e formaram cooperativas para a comercialização
da borracha e de outros produtos extrativistas.
~
RÃ-TXA HU-NI-KU-I XIII

A sobrevivência do grupo ainda depende, em parte, da


aposentadoria dos mais idosos como trabalhadores rurais e “soldados
da borracha”. Mesmo assim, os caxinauás não temem enfrentar o
desafio de, enfim, criar uma cultura de manejo sustentável. É que,
tal qual Capistrano de Abreu, acreditam na perenidade de seu povo.
A leitura deste Rã-Txa Hu-ni-ku-i~ faz parte do projeto
de sobrevivência de um povo.

Agosto de 2013
~
RÃ-TXA HU-NI-KU-I
Gramática, textos e vocabulário caxinauás

A Língua dos caxinauás


do rio Ibuaçu, afluente do Muru
(Prefeitura de Tarauaçá)

A Guilherme Guinle
homenagem da
Sociedade Capistrano de Abreu
Edição patrocinada pelo consórcio Guilherme Guinle e
publicada de acordo com as emendas e acréscimos fei-
tos pelo autor em dois exemplares da 1ª edição, um dos
quais pertencente à Biblioteca da Sociedade Capistrano
de Abreu.

Tiragem de mil exemplares, inclusive duzentos não nu-


merados autenticados pela Secretaria e destinados aos
membros da Sociedade.
Astronômica

548/621

Estatutos da Sociedade Capistrano de Abreu . . . . . . . 637/638


~
RÃ-TXA  HU-NI-KU-I, Gramática, textos e vocabulário caxinauás (fac-similar)
de J. Capistrano de Abreu, foi composto em Garamond,
corpo 12/14, e impresso em papel vergê areia 85 g/m2, nas oficinas da
Secretaria de Editoração e Publicações do Senado Federal – SEGRAF,
em Brasília. Acabou-se de imprimir em abril de 2015, de
acordo com o programa editorial e projeto gráfico do
Conselho Editorial do Senado Federal.
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dos nossos mais eminentes historiado- Edições do Senado Federal FEDERAL
.............. reúne artigos escritos entre 1903 e
res, Capistrano de Abreu (1853-1927) 1927, publicados em revistas, jornais ou
elabora neste Capítulos de história colo- prefácios de livros. Os ensaios, lançados
Raimundo Morais – O meu dicionário de cousas da Amazônia .............. pela primeira vez em 1932, reúnem
nial análise sobre alguns fatos, circuns-
tâncias e momentos históricos do Bra- – vol. 175 SENADO diversos temas: o Duque de Caxias
FEDERAL
sil em seus primórdios, como o estudo
acerca dos nossos descobridores e dos
Vítor Godinho e Adolfo Lindenberg – Norte do Brasil: .... .............. (“primoroso estudo sobre Caxias, cuja
bibliografia era então muito limitada”,
nossos antecedentes indígenas. através do Amazonas, do Pará e do Maranhão – vol. 159 observa José Honório Rodrigues);
Apresenta os primeiros confli- Frei Vicente de Salvador; Claude
tos da nova terra descoberta e relata,
A. Gonçalves Dias – Viagem pelo rio Amazonas – Cartas do . . . . . . . . . d’Abbeville; Antônio José, o Judeu, e,

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“Mundus Alter”– vol. 151 entre outros temas, os atos do Santo
com finura e elegância de sua prosa,
Ofício no Brasil. Com estilo leve, mas
o processo de formação e o funciona-
L. F. R. Clerot – Glossário etimológico dos termos geográ- documentado e com rigor de exegese,
mento das capitanias hereditárias e as Capistrano de Abreu analisa de maneira

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capitanias da Coroa. Inclui também es- ficos, geológicos, botânicos, zoológicos, históricos e folclóricos brilhante nosso passado e revisita temas
tudos sobre o sertão, esse grande espaço de origem tupi/guarani – vol. 143 fundamentais da nossa formação e
mítico brasileiro, e a formação dos li- nacionalidade.

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o Brasil depois de três séculos de civi-
lização (1500-1800), dando-nos visão Leandro Tocantins – Formação histórica do Acre – vol. 109
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a formação da nossa nacionalidade.
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